Amor Como Comunicação Uma Aproximação Fenomenológica Ao Fenómeno Amor

Amor Como Comunicação Uma Aproximação Fenomenológica Ao Fenómeno Amor

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Amor como Comunicação Uma aproximação fenomenológica ao fenómeno amor Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Comunicação, especialização em Media e Jornalismo Por Maria Filipa Moreira de Vasconcelos Faculdade de Ciências Humanas Setembro de 2011 UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Amor como Comunicação Uma aproximação fenomenológica ao fenómeno amor Dissertação apresentada à Universidade Católica Portuguesa para obtenção do grau de Mestre em Ciências da Comunicação, especialização em Media e Jornalismo Por Maria Filipa Moreira de Vasconcelos Sob a orientação de: Prof. Doutor Fernando Ilharco Faculdade de Ciências Humanas Setembro de 2011 1 Resumo Nesta dissertação apresentamos uma aproximação fenomenológica ao fenómeno amor. Aplicámos o método fenomenológico desenvolvido por Edmund Husserl, estendido por Martin Heidegger e sintetizado por Herbert Spiegelberg, numa proposta de Introna, Ilharco e Faÿ (2008), ao fenómeno amor de forma a compreendermos a essência deste, aquilo que está na nossa consciência e que nos permite identificar este fenómeno, isto é, a amorzisse do amor. Procurámos com esta investigação responder à pergunta ‘O que é o amor?’, partindo da ideia que amor é comunicação, ou seja, falar de amor é falar de comunicação, de interacção, pois quando pensamos, escrevemos ou falamos de amor estamos inevitavelmente e por vezes inconscientemente a referirmo-nos a actos comunicacionais. Desta forma, chegámos à compreensão deste acto comunicacional que é o amor de uma forma tão essencial quanto nos foi possível. Porém, o nosso objectivo não foi explicar este fenómeno nem chegar a um seu entendimento final e estanque, mas sim explorar contornos da identidade do amor e chegar a um significado primeiro e profundo. Concluímos assim que o amor é uma relação de grande envolvimento entre duas pessoas que nutrem uma pela outra um sentimento positivo e forte, de natureza incondicional, cuja dimensão nos é desconhecida na sua transcendência e que se baseia na capacidade que as duas pessoas têm de o sentir. Além disso, temos que o significado oculto do amor é a sua natureza transcendente em relação ao ser humano. Palavras-chave: amor, amorzisse, essência, relação, transcendência, fenomenologia, método fenomenológico, Heidegger, Husserl. 2 Abstract In this dissertation we present a phenomenological approach to the phenomenon love. We applied the phenomenological method developed by Edmund Husserl, extended by Martin Heidegger and synthesized by Herbert Spiegelberg in an Introna, Ilharco and Faÿ’s proposal (2008) to the phenomenon love in order to the understand its essence, what is in our consciousness that allows us to identify this phenomenon, that is, the loveness of love. In this investigation we sought to answer the question ‘What is love?’, based on the idea that love is communication, that is, to talk about love is to talk about communication, interaction, because when we think, write or talk about love we are inevitably, and sometimes unconsciously, referring to communicative acts. As much as possible we comprehended the essential of the communicative act which love is. However, our objective was not to explain this phenomenon nor to achieve one final and sealed understanding of it, but to explore the contours of the identity of love and to achieve the first and deepest meaning of love. We concluded that love is a relationship of deep involvement between two human beings, each one feeling by the other a positive, strong and an unconditional sentiment, with a dimension we do not know in its transcendence and that is based on the capacity that both have to feel it. Furthermore, we believe that the hidden meaning of love lies in its transcendence nature in relation to the human being. Key-words: love, loveness, essence, relationship, transcendence, phenomenology, phenomenological method, Heidegger, Husserl. 3 Agradecimentos Em primeiro lugar quero agradecer ao Professor Fernando Ilharco pela disponibilidade que demonstrou para me introduzir no estudo de um método de investigação que eu desconhecia por completo e por todo o apoio e dedicação que me prestou ao longo do período de trabalho intensivo durante o qual desenvolvi esta dissertação. Quero igualmente agradecer ao Professor José Manuel Seruya pelo auxílio prestado na escolha do tema ‘Amor e Comunicação’ e pelo incentivo que me deu para não desistir de estudar este tema, o qual me fascinava mas em relação ao qual não conseguia perceber a perspectiva de abordagem que mais me interessava. Agradeço muitíssimo aos meus pais pelo apoio que me concederam aos níveis psicológico e emocional e pela confiança que depositaram em mim. Agradeço igualmente à minha tia ‘Anita’ pela dedicação que mostrou na revisão cuidadosa e detalhada desta dissertação. Por último, agradeço a todas as pessoas que já passaram pela minha vida e que me permitiram descrever o fenómeno amor. 4 Índice Introdução ………………………………………………………………………………... 7 Capítulo 1 – Aproximação à fenomenologia e ao método fenomenológico ……………. 11 1.1. A fenomenologia e a sua evolução ………………………………………………….. 12 1.2. O método fenomenológico ………………………………………………………….. 26 Capítulo 2 – Descrição do fenómeno amor ……………………………………………... 31 2.1. Uma descrição fenomenológica do amor …………………………………………… 32 Capítulo 3 – Apreciação fenomenológica da etimologia de amor ……………………… 40 3.1. O que as palavras dizem sobre o amor e os contextos em que são utilizadas ………. 41 3.2. Etimologia …………………………………………………………………………... 41 3.2.1. Amor e amar ………………………………………………………………. 41 3.2.2. Love e to love ……………………………………………………………… 42 3.3. Utilização das palavras nas várias culturas ao longo do tempo …………………….. 43 3.3.1. Amor e amar ………………………………………………………………. 43 3.3.2. Love e to love ……………………………………………………………… 46 3.4. Utilização dos termos em produtos culturais ……………………………………….. 48 3.4.1. Amor e amar ………………………………………………………………. 48 3.4.2. Love e to love ……………………………………………………………… 51 3.5. Conclusão …………………………………………………………………………… 52 Capítulo 4 – Análise e interpretação das fases descritiva e etimológica ………………... 53 4.1. Os dois pilares de um estudo fenomenológico ……………………………………… 54 4.2. Análise da descrição fenomenológica do amor ……………………………………... 54 4.2.1. Passagens relevantes ………………………………………………………. 54 4.2.2. Temas fundamentais da descrição ………………………………………… 57 4.3. Análise da apreciação fenomenológica da etimologia do amor …………………….. 59 4.4. Integração dos resultados das fases descritiva e etimológica ……………………….. 61 Capítulo 5 – Consolidação dos resultados das fases descritiva e etimológica e investigação da essência do amor ……………………………………………………………………… 63 5.1. Redução fenomenológica …………………………………………………………… 64 5.2. Alcance da essência …………………………………………………………………. 66 5 5.2.1. Generalização ……………………………………………………………... 67 5.2.2. Methodical variation ou free imaginative variation ……………………… 68 5.3. Descrição essencial do fenómeno amor …………………………………………….. 71 Capítulo 6 – Significado da descrição essencial do amor à luz da teoria de Heidegger sobre o ser humano ………………………………………………………………………. 72 6.1. Aproximação fenomenológica de Heidegger ao ser humano ……………………….. 73 6.2. Revisão da primeira parte de Being and Time ………………………………………. 74 6.3. Características essenciais do Dasein ………………………………………………... 88 6.4. Significados ocultos da descrição essencial do amor ……………………………….. 92 6.5. Conclusão …………………………………………………………………………… 94 Capítulo 7 – Teorizações sobre o amor e a sua comparação com a nossa aproximação fenomenológica ………………………………………………………………………….. 95 7.1. Os autores estudados ………………………………………………………………... 96 7.2. Teorizações sobre o amor …………………………………………………………… 96 7.2.1. Lucrécio …………………………………………………………………… 96 7.2.2. Hannah Arendt …………………………………………………………… 100 7.2.3. Papa Bento XVI ………………………………………………………….. 104 7.3. Resumo das principais ideias de cada um dos três autores e comparação de cada uma delas com a nossa aproximação fenomenológica ………………………………………. 109 7.3.1. A nossa aproximação fenomenológica do amor …………………………. 109 7.3.2. Ideias de Lucrécio e comparação destas com a nossa aproximação fenomenológica ………………………………………………………………………… 110 7.3.3 Considerações de Hannah Arendt e comparação destas com a nossa aproximação fenomenológica …………………………………………………………... 113 7.3.4. Reflexão do Papa Bento XVI e comparação com a nossa aproximação fenomenológica ………………………………………………………………………… 117 7.4. Conclusão …………………………………………………………………..……… 122 Conclusão …………………………………………………………………………….... 123 Bibliografia de referência …………………………………………………………….. 125 Páginas da internet consultadas ……………………………………………………… 132 6 Introdução Esta dissertação apresenta uma investigação sobre o fenómeno amor, desenvolvida através do método fenomenológico no âmbito das ciências da comunicação. Nesta secção indicamos, com elementos de natureza pessoal para reflexão científica, o caminho percorrido até à escolha do tema em questão, tal como a pertinência e importância da utilização do método supracitado. A necessidade de uma explicação detalhada das escolhas feitas proveio do facto destas não terem sido lineares e óbvias, mas pelo contrário exigirem flexibilidade e persistência, na medida em que vários foram os caminhos que percorremos e tivemos de abandonar até chegar àquele que nos levou a concretizar esta investigação. Primeiramente percebemos que nos interessava algo que se baseasse na comunicação interpessoal. Deste universo sobressaiu o interesse em entender a comunicação em que se baseiam as relações de proximidade; tendo-se chegado à conclusão

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