ARQUIVOS PESSOAIS FRONTEIRAS JOSÉ FRANCISCO GUELFI CAMPOS (ORGANIZADOR) ARQUIVOS PESSOAIS FRONTEIRAS Eventus, 6 ARQUIVOS PESSOAIS FRONTEIRAS JOSÉ FRANCISCO GUELFI CAMPOS (ORGANIZADOR) Associação de Arquivistas de São Paulo 2020 ASSOCIAÇÃO DE ARQUIVISTAS DE SÃO PAULO Av. Prof. Lineu Prestes, 338, Sala N. Cidade Universitária, São Paulo (SP) 05508-000 (11) 3091-3795 www.arqsp.org.br Presidente Ana Célia Navarro de Andrade Vice-presidente Clarissa Moreira dos Santos Schmidt Secretária Camilla Campoi de Sobral Tesoureira Raquel Oliveira Melo Comissão editorial Ana Maria de Almeida Camargo (coordenadora), Heloísa Liberalli Bellotto, Johanna Wilhelmina Smit Copyright (C) 2020, dos autores Permitida a reprodução, desde que citada a fonte A revisão é de responsabilidade dos autores SUMÁRIO Apresentação 12 Arquivos entre fronteiras 14 José Francisco Guelfi Campos I - Reflexões A propósito do respeito aos fundos 25 Vitor Serejo Ferreira Batista O caso do arquivo pessoal de Júlia Lopes de Almeida: uma reflexão sobre a aplicação do princípio de respeito aos fundos 49 Lorena dos Santos Silva e Clarissa Moreira dos Santos Schmidt A análise da aplicação do princípio da ordem original em arquivos de pessoas de escritoras 72 Bárbara Moreira da Silva Arquivo Rodrigo Octavio da Academia Brasileira de Letras: as fronteiras do público e do privado em um arquivo pessoal 94 Gabriel Andrade Magalhães do Vabo Contexto arquivístico na aquisição de arquivos pessoais: a doação do acervo do Visconde de Cairu ao Archivo Público do Império 109 Cleice de Souza Menezes e Georgete Medleg Rodrigues Arquivos pessoais de interesse público e social: as articulações entre arquivo e biblioteca 134 Renato de Mattos e Renata Geraissati Castro de Almeida II - Experiências Descarte de documentos em arquivos pessoais: um estudo de caso a partir do fundo Camargo Guarnieri 154 Adriano de Castro Meyer e Elisabete Marin Ribas Revisitando a experiência de organização dos documentos de Erthos Albino de Souza 177 Pedro José de Carvalho Neto Os arquivos pessoais no contexto das artes cênicas: notas para um debate sobre abordagens e métodos de organização 194 Caroline Cantanhede Lopes A memória dos imortais: a organização dos arquivos dos membros da Academia Brasileira de Letras 221 Juliana Amorim de Souza João Antônio de Souza Mascarenhas (1927-1988), líder ativista do movimento homossexual no Brasil: tratamento arquivístico de seu acervo 244 Silvia Rosana Modena Martini e Danielle Dantas de Souza Arquivos pessoais de cientistas: a organização arquivística do fundo pessoal de Lauro Travassos Filho 267 Juliana Cabral da Silva e Suzana Cesar Gouveia Fernandes Bibliotecas pessoais: proposta para uma exposição 292 Dina Elisabete Uliana e Elly Rozo Ferrari III - Perspectivas A aquisição de arquivos pessoais por instituições de ensino superior: uma reflexão necessária 313 Alice Veridiana de Sousa Arquivos pessoais sob a ótica dos processos de institucionalização 335 Bruna Pimentel Lopes e Georgete Medleg Rodrigues Os arquivos pessoais do Arquivo Nacional: uma análise de seus produtores 355 Kalila de Oliveira Bassanetti e Patricia Ladeira Penna Macêdo A presença - ou a ausência - feminina nos arquivos pessoais e coleções da Seção de Manuscritos da Fundação Biblioteca Nacional 375 Luciane Simões Medeiros Arquivos de família e teatro 396 Elizabeth R. Azevedo O teatro, os arquivos pessoais e os registros dos processos de criação 421 Fabiana Siqueira Fontana e Clarissa Moreira dos Santos Schmidt Cartas de intelectuais: o arquivo pessoal de Plínio Barreto 446 Ana Luíza Mello Santiago Andrade Os documentos de d. Luís de Almeida, 2o. Marquês do Lavradio (século XVIII): um arquivo pessoal entre fronteiras arquivísticas 469 Adriana Angelita da Conceição Arquivos pessoais de um ex-combatente da Guerra Civil Espanhola (1936-39): registros de uma trajetória de sobrevivência e resistência 492 Geny Brillas Tomanik Entre caminhos e desvios: a experiência e o relato de uma (possível) experiência de trabalho com o arquivo de um historiador catarinense 517 Karla Simone Willemann Schütz A pesquisa em arquivos como fonte de originalidade 535 Marcel Villemor Jofily de Lima Francisco Pompêo do Amaral: como tornou-se um acadêmico 545 Maria Lucia Mendes de Carvalho Arquivologia e seu caleidoscópio de atuação: o arquivista proativo frente aos novos desafios contemporâneos 571 Rafaella de Souza Serafim e Patricia Ladeira Penna Macêdo Tipologia documental em arquivos pessoais: o acervo Joaquim Ignacio Baptista Cardoso 587 Renato de Mattos Sobre o organizador 608 Sobre os autores 609 APRESENTAÇÃO ANA CÉLIA NAVARRO DE ANADRADE Presidente da Associação de Arquivistas de São Paulo Criada em 1998, a Associação de Arquivistas de São Paulo tem por objetivos contribuir para o desenvolvimento técnico e científico da Arquivologia, congregar profissionais de arquivo e áreas afins, defendendo seus interesses, e cooperar com entidades públicas e privadas na solução de problemas relacionados aos arquivos. Para tanto, vem dividindo seus esforços entre a promoção de cursos de atualização e aprimoramento técnico dos profissionais de arquivo, a publicação de literatura de interesse da área e a organização de congressos, palestras e outros eventos. Em 2012, a ARQ-SP oficializou sua função de editora autônoma, reeditando obras já publicadas e abrindo espaço para novos trabalhos. A série Eventus, lançada em 2016, destina-se à publicação de volumes derivados dos eventos realizados pela Associação e, ocasionalmente, daqueles por ela apoiados. Realizado em dezembro de 2019, no Auditório do Centro de Capacitação do Centro Paula Souza, o III Encontro “Arquivos pessoais: experiências, reflexões, perspectivas” reuniu estudantes, profissionais e pesquisadores num espaço aberto de aprendizagem e troca de experiências. Em sua terceira edição, o Encontro 12 se consolida na agenda dos eventos da Arquivologia brasileira. A publicação deste volume atesta o sucesso do evento e dá continuidade ao projeto editorial da ARQ-SP e à sua missão de difundir o conhecimento construído na área da Arquivologia. 13 ARQUIVOS ENTRE FRONTEIRAS JOSÉ FRANCISCO GUELFI CAMPOS “Conhece alguém as fronteiras à sua alma, para que possa dizer – eu sou eu?” Fernando Pessoa Nem tudo é o que parece ser. Esta máxima, bastante conhecida, poderia bem ser transportada para o terreno dos arquivos: “um domínio contestado”, no dizer de Terry Eastwood [1], “um país estrangeiro”, como sugeriu Terry Cook [2] ao tomar de empréstimo a metáfora de Lowenthal [3]. A faceta potencialmente sedutora dos arquivos, especialmente aqueles acumulados por pessoas, tem sido bastante explorada nos últimos anos e continua instigando pesquisadores das mais diversas searas do conhecimento, dentro e fora do Brasil. Por anos ocupada dos conjuntos de documentos produzidos pela administração pública, a teoria tradicional reservou aos chamados arquivos pessoais um lugar obscuro. Não espanta, assim, que exista quem afirme que eles sejam desprovidos de organicidade [4], princípio primeiro e geral pelo qual se fundamenta o quefazer arquivístico [5] e que marca, de maneira indelével, “o ponto essencial da especificidade dos documentos de arquivo” [6]. Os contornos fluidos e a aparência fragmentária dos conjuntos de documentos acumulados por indivíduos 14 desenham os limites da primeira de suas muitas fronteiras: a delicada relação entre eles e a teoria arquivística. A presunção de que os indivíduos forjam c o n t i n u a m e n t e s e u s a r q u i v o s , p r o d u z i n d o intencionalmente certos documentos e selecionando aqueles que valem ou não a pena guardar, somada ao suposto peso das interferências perpetradas por agentes externos (que resultariam em novas e sucessivas “modelagens”), bastaria, no entendimento de alguns, para dissolver os atributos basilares – proveniência, ordem original, organicidade, unicidade, cumulatividade – que caracterizam a singularidade do objeto da Arquivologia em relação às demais ciências documentárias, como apontaram Adrian Cunningham e, mais recentemente, Jennifer Douglas [7]. Por consequência, seria o suficiente para contrariar outra noção cara à teoria arquivística, ainda que mal compreendida, qual seja, a de que os arquivos são, por natureza, imparciais em relação aos interesses dos pesquisadores. Convém não esquecer a lição de Jenkinson: com apenas alguma exceção, os interesses de pesquisa aos quais os arquivos podem servir não coincidem com as razões que presidiram sua acumulação [8]. Isso nos coloca diante de outra fronteira, a dos arquivos pessoais com o próprio conceito de arquivo. Se concordamos com a afirmação de que arquivos pessoais são arquivos, pois os documentos que os compõem não escapam à condição de subprodutos das atividades rotineiras executadas por seus titulares ao longo do tempo [9], a experiência mostra que a manutenção do estatuto arquivístico destes conjuntos documentais 15 depende, em larga medida, das circunstâncias em que foram adquiridos e das seleções arbitradas, por quem quer que seja, nesse processo. Se o tamanho do conjunto pouco importa para defini-lo como arquivo ou coleção, o comprometimento de sua representatividade no que tange ao espectro das atividades de seu titular pode, muito bem, destituí-lo de sua condição instrumental e probatória, impondo, assim, uma abordagem mais próxima daquilo que se pratica para as agregações artificiais de documentos. Talvez disso resulte a popularização do uso da palavra acervo para denominar os arquivos pessoais, conferindo novo sentido ao termo que, tradicionalmente, designa a totalidade dos fundos e/ou coleções
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