Dissertação- O Grotesco Na Montanha.Pdf

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Letras e Artes PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E DIVERSIDADE CULTURAL FLORIANO ESTEVES DA SILVA NETO O GROTESCO NA MONTANHA EM CONTOS DE MIGUEL TORGA Feira de Santana, BA 2014 FLORIANO ESTEVES DA SILVA NETO O GROTESCO NA MONTANHA EM CONTOS DE MIGUEL TORGA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Literatura e Diversidade Cultural, da Universidade Estadual de Feira de Santana, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Literatura e Diversidade Cultural. Orientador: Prof. Dr. Francisco Ferreira de Lima Feira de Santana, BA 2014 FLORIANO ESTEVES DA SILVA NETO O GROTESCO NA MONTANHA EM CONTOS DE MIGUEL TORGA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Literatura e Diversidade Cultural – PPGLDC da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, como requisito para obtenção do título de Mestre em Literatura. Aprovada em 09 de maio de 2014. _____________________________________________________ Prof. Doutor Francisco Ferreira de Lima Orientador – UEFS _______________________________________________ Prof. Drª. Alana Freitas El Fahl UEFS _____________________________________________________ Prof. Doutor José Manuel Teixeira Castrillon UNEB Ao meu filho Matheus Pietro, AGRADECIMENTOS A Deus, fonte inesgotável na qual renovo as minhas energias para o enfrentamento de mim mesmo e dos desafios da vida. Em especial ao meu filho Mathues Pietro, a quem dedico este trabalho. Nele, encontrei forças necessárias para enfrentar provações jamais imaginadas por mim. Os seus abraços, seu sorriso, a naturalidade e espontaneidade do “pai eu te amo”, desanuviavam os horizontes angustiantes, fazendo surgir sempre a renovada esperança em dias melhores. Aos meus pais, Luiz Esteves e Judite Esteves, pessoas sempre presentes em torno da minha trajetória de vida. Aos meus irmãos pela relação fraterna e pelo auxílio incondicional em qualquer circunstância da minha vida. Aos meus primos Nilton Ferreira e Célia Ferreira, pela acolhida, pelo carinho do lar, pelas conversas agradáveis durantes as noites que passei em Feira de Santana. A Zélia Moreira, por sua sempre generosidade para comigo, por suas palavras de incentivo que guardo incondicionalmente em meu coração. A Sílvia Regina e Thadeu Andrade, pelo enlace familiar que construímos ao longo dos anos de convivência, pelas palavras ditas em momentos de difícil enfrentamento. Ao Prof. Francisco Lima, pela orientação competente, com os devidos rigores científicos, mas sem perder a relação humana e fraterna que tornou menos angustiantes os desafios postos frente a este trabalho acadêmico. Às professoras Alana Freitas e Flávia Aninger pela valiosa contribuição durante exame de qualificação deste trabalho. À Secretaria Estadual de Educação, que prontamente concedeu minha licença para cursar o mestrado. À Secretaria de Educação do Município de Queimadas, que também me concedeu licença para realização deste estudo. A todos os professores e funcionários do PPGLDC, pelas contribuições que foram de suma importância no prosseguimento desta pesquisa. Aos colegas da turma de mestrado, em especial, Maria Angélica, Meg Heloíse, Paula Rubia, Mary Barbosa, Edelvito Nascimento. Encontrei neles, corações generosos, dispostos a compartilhar as angústias e felicidades dos estudos acadêmicos. À galera da “tiuria de quinta”, Aquilino, Ana, Bárbara, David, Eduardo, Fernanda, Vanessa e demais colegas que participavam das acaloradas discussões após as aulas do mestrado. Aos meus amigos, colegas de trabalho que torceram e oraram pelo êxito deste percurso. Ao grande amigo Ulysses Macêdo, pessoa especial que me incentivou e ajudou desde estudos iniciais para seleção do mestrado. Enfim, a todos que direta e indiretamente fizeram parte desta caminhada, contribuindo de alguma forma para a realização deste trabalho. “Torga, o arbusto duro e torcido que regista na matriz o marginal e insubordinado autor [...], que nenhuma glória literária hipotecou, que nenhuma sedução política corrompeu. Foi-lhe dado escolher, escrever e viver, ao longo de um dos mais ásperos e cerrados períodos da implantação do medo em Portugal. Nem por isso ele deixou de ser o indivíduo de lei, talhado na pedra de um só filão, o carácter inteiro que nenhum equívoco social repartiu ou dissolveu, sempre mais próximo da renúncia que da conveniência” António Arnaut, Estudos Torguianos. RESUMO O presente trabalho se propõe apontar e discutir a expressão e o sentido do grotesco nos contos campesinos de Miguel Torga (1907-1995), tendo como corpus os livros Bichos, Contos da montanha e Novos contos da montanha. A investigação do tema é feita com base no método dedutivo, na pesquisa bibliográfica e na análise literária. Para desenvolver a leitura dos contos sob o prisma do grotesco foram utilizados os estudos teóricos de Victor Hugo (2007) e Wolfgang Kayser (2009), além das contribuições de Anatol Rosenfeeld (1996) e Philip Thomson (1972). A análise das curtas narrativas desse autor evidencia o complexo das relações sociais, revelando o universo grotesco que delas emerge. Palavras-chave: Grotesco. Sublime. Miguel Torga. Conto. Humano. ABSTRACT The present work proposes point and discuss the expression and the sense of the grotesque country tales by Miguel Torga (1907-1995). The books analyzed were Bichos, Contos da montanha e Novos contos da montanha. The research of the theme is made on the basis of the deductive method, in the bibliographical research and literary analysis. To develop the reading of the tales under grotesque prism were used theoretical studies by Victor Hugo (2007) and Wolfgang Kayser (2009), in addition to the contributions of Anatol Rosenfeeld (1996) and Philip Thomson (1972). The analysis of short narratives by Miguel Torga evidences the complex social relations, revealing the grotesque universe that emerges from them. Key words: Grotesque. Sublime. Miguel Torga. Tale. Human. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.......................................................................................................................11 CAPÍTULO 1: TEXTO E CONTEXTO: O SENTIDO DO GROTESCO EM MIGUEL TORGA.........15 1.1 TORGA E SEU CONTEXTO............................................................................................16 1.2 O HUMANISMO TORGUIANO.......................................................................................31 1.3 NAS TEIAS DA CONTÍSTICA TORGUIANA................................................................46 CAPÍTULO 2: UM PROFÍCUO FENÔMENO DE LITERATURA: O GROTESCO EM ANÁLISE....60 2.1 AS FACES DO GROTESCO..........................................................................................61 2.2 VICTOR HUGO: UM OLHAR PELO PRISMA DO GROTESCO...............................65 2.3 KAYSER E A FACE ESTRANHADA DO GROTESCO..............................................72 CAPÍTULO 3: CONFIGURAÇÕES DO GROTESCO EM MIGUEL TORGA........................................76 3.1 A PERTINÊNCIA ANIMALESCA EM “RAMIRO”......................................................77 3.2 A FACE INUMANA EM “MADALENA”.......................................................................81 3.3 O GROTESCO EM CONTRAPOSIÇÃO AO SUBLIME EM “A RESSURREIÇÃO”.86 3.4 A PRESENÇA DO GROTESCO EM “O LEPROSO”...................................................91 3.5 MANIFESTAÇÃO DO GROTESCO EM “REPOUSO” ...............................................97 3.6 TRAVESSIA DO GROTESCO EM “O MILAGRE”....................................................101 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................107 REFERÊNCIAS...................................................................................................................111 Ao meu filho Matheus Pietro, 11 INTRODUÇÃO É por isso que a grande literatura não é nunca uma forma de esquecer a vida, mas um meio privilegiado de a entender e de a viver. Não se vive apenas vivendo, também se vive imaginando vidas possíveis. António Manuel Ferreira, Um conto de Miguel Torga. Na vasta obra de Miguel Torga, ganham destaque os livros de contos ambientados no universo rural, escritos entre 1940 e 1944: Bichos (1940), Contos da montanha (1941), Novos contos da montanha (1944). Neles é possível perceber a opção literária do escritor nascido em São Martinho de Anta, região norte de Portugal, de representar o espaço e as gentes de um mundo rural transmontano, por ele conhecido durante a infância vivida longe das novidades citadinas. No prefácio que escreve à segunda edição de Novos contos da montanha, Torga, consciente da precária condição social daqueles que serviram de “barro e modelo” ao seu constructo ficcional, se apresenta como cronista literário, porta-voz destes seus rudes irmãos serranos, de uma gente que nem o podia ler. Dessa forma, elegendo o campo como lócus privilegiado de problematização, Torga traz à tona, através de um amplo painel de figuras humanas, conflitos existenciais que transbordam qualquer limite espacial. Como bem lembra Fioravanti (2008), a simplicidade dos contos campesinos de Torga não impede que as grandes temáticas existenciais sejam referenciadas, ou seja, apesar destas narrativas serem concebidas em um ambiente rural, elas condensam uma amplitude universal. De tal maneira, reportando-se por meio da sociedade transmontana, o escritor lusitano desnuda as angústias, alegrias, esperanças, dores, fantasias e utopias de uma gente simples e rude, homens e mulheres flagrados em sua luta por existir. Se nesta dramaturgia da vida rural existe a vida simples,

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