Vadios, Heréticos E Bruxas. Os Degredados Portugueses No Brasil

Vadios, Heréticos E Bruxas. Os Degredados Portugueses No Brasil

W9TSADO fM CIENCIAS fOCTAfl Universidade Federal da Bahia Mestrado em Ciências Sociais Area de concentração em História Social :éticos 0 Bruxas *ז Vadios, He os degredados portugueses no Brasil-Colônia «MiTBRSlPAM DA • A l l á { Geraldo Pieroni FAeULtADl Dl PXLOMflA ־■ A h r i 1 91 9 1 ■ IILIO-^CA«A («». ém Te«*»_Q5_63_ Universidade Federal da Bahia - UFBA Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Esta obra foi digitalizada no Centro de Digitalização (CEDIG) do Programa de Pós-Graduação em História da UFBA Coordenação Geral: Carlos Eugênio Líbano Coordenação Técnica: Luis Borges 2009 Contatos: [email protected] / [email protected] Vadios, Heréticos e Bruxas: os degredados portuquêses no Bi'asil-Colonia Geraldo Picroni VNTVBRSIDADE FBDIRAL DA FACULDADE DE PtLM ^FlA BipLlOJfiCA ־ RflGlSTRO DMTAl Para Wa1 ta Pieroni, Mar i a Pi eron i , Rosa, Karco e José Luiz Abrev i a tu ra s : Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa ־ ANTT Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa ־ AHU Biblioteca da Ajuda, Lisboa ־ l?A Biblioteca Nacional de l. is boa ־ BNL AGRADECIMENTOS Durante estes anos de pesquisas, conheci muitas pessoas; inúmeros foram os conselhos, sugestões, indicações de leituras, criticas e muito estimulo que recebi,desde as animadas conversas nos charmosos cafés do "Quartier tin" que circundam a Universidade de Paris IV; passando pelas tabernas e "tascas" lisboetas e os restaurantes universitários em Belo Horizonte, onde tenho muitos am2 gos. Agradeço aos professores doutores, Kãtia de QueJ^ r05 Mattoso (Universidade de Sorbonne), Laura de Mello e Souza (Universidade de São Paulo), Marli Geralda Te^ xeira (Universidade Federal da Bahia), Caio Boschi, Car la Anastasia e Eliane Dutra (Universidade Federal de Mi nas'Gerais) , Janice Theodoro (Universidade de São Paulo), Alcir Lenharo (Universidade dc Campinas), limar Rohloff (Universidade Fluminense), Inaiã Maria Moreira de Car valho, Consuelo Novais de Sampaio c Fernando Peres (Un^ versidade Federal da Bahia), Karia vlosi da Silva Leal (Arquivo Nacional da Torre do Tomho), Maria Luiza Abran tes (Arquivo Histórico Ultramarino). Agradeço ainda os estudantes lúiio Ira l, léda e Ana Pa tricia; as bibliotecárias Dona IÚ1 ia e Maria Clara ( Unj versidade Federal da Bahia) e Maria do lãlima (Univors2 dade Católica do Salvador); aos diqitadores Aurélio Fa ias e Tarciro Lcitc, os quais partilhai'am comigo os vã'ז rios serviços d ati1ográficos. Sou grato ao CNPq por me ter concedido a bolsa de Mestra do. entre 1988 e 1990. sumario Introdução 007/018 - ו Parte 1 019 ־2 0 Degredo 019 2.1 A Antiga Prática da Exclusão Social 019/027 C01ônia: Terra de Coutos Para ־Brasil 0 2.2 Os Criminosos do Reino 028/043 2.3 0 Degredo no Primeiro Século da Coloni^ zação 044/061 2.4 0 Direito Criminal e a Pena de Degredo 062 2.4.1 As Ordenações do Reino 062 2.4.1.1 As Ordenações Afonsinas 062/064 ?.4.1.2 As Ordenações Manuelinas 064/066 2.4.1.3 As Leis Extravagantes de Duarte Nunes do Leão 067/072 2.4.1.4 As Ordenações filipinas 072/077 2.4.2 0 Degredo no Direito Criminal e Proccssual 078/084 2 . 4 . 3 i)eq ruda r é Prec i s 0 085 ?.4.3.1 Os Crimes Contra a Religião 085/090 ?.4.3.2 Os Crimes Contra 0 Rei e os Direitos Régios 090/094 ?.4.3.3 Os Crimes Contra a Moralidade 094/099 2.4.3.4 Os Crimes Contra a Pessoa, sua Honra e Reputação 099/102 2.4.3.5 Os Crimes Contra o Patr2 ו/6 ו02ו moni o ווO Degredo nos Regimentos da Inquisição 7 2.5 וו7ו/E Depois de Tudo... o Degredo 23 2.5.1 ו23ו/A Comutação das Penas 25 2.5.1.1 2.5.1.2 A Confiscação dos Bens 125/130 2.5.1.3 A Inviolabilidade dos Se gredos 130/136 2.5.1.4 A Casa dos Tormentos 136/139 2.5.1.5 Os Defuntos, Loucos e Suj_ c i das . 140/144 2.5.1.6 Os Menores de Idade 144/150 2.5.2 As Penas para os Culpados 151/163 Parte 2 164 ־3 Os Degredados 164 3.1 Os Delinquentes: seus delitos... seus degredos ^ ^ 3.1.1 Os Judai zantes 167/171 3.1.2 Os Feiticeiros 171/178 3.1.3 As Beatas Visionarias 178/183 3.1.4 Os Curandeiros Supersticiosos 183/187 3.1.5 Os Profanadores das Imagens Sagradas 187/191 3.1.6 Os que Diziam Missa Sem Serem Sacerdotes 191/194 3.1.7 Os Falsos Testemunhos 194/197 3.1.8 Os Pretensos Ministros do Santo Oficio 197/200 3.1.9 Os Padres Solicitadores 200/205 3.1.10 Os BTgamos 205/208 3.1.11 Os SodomTtigos 209/218 3.2 Detestáveis na Metrópole e receados na Colônia 219 3.2.1 Os Ciganos da "Buena Dicha" 219/230 3.2.2 Os Ciganos Degredados no Brasil 231/240 3.3 No Purgatório... Mas 0 Olhar no Paraíso 241/257 3.4 Os Oltimos Degredados Portugueses no Brasil 258/268 Conclusão 269/277 ־4 Apêndice 278/299 Fontes e Bibliografia 300/330 007 INTRODUÇÃO Em 1 986 , quando cheguei a Salvador, proveni^ ente das Minas Gerais, recebi de presente uma velha edição, ״datada de 1949, da tipografia beneditina^ 0 livro 0 Povoa mento da Cidade do Salvador, escrito pelo emérito profe^ sor baiano, Thales de Azevedo. LÍ com curiosidade: sabia muito bem que conhecer a história de um povo seria a me me na sua realidade. Chamou-me ateji־lhor forma de in serir ção, sobretudo, sua narraçao detalhada dos acontecimentos colocados cronologicamente, mas que deixavam passar aqui e acolá, observações de cunho etnológico. 0 capítulo "A mar me grande־cha do povoamento", particul ármente, despertou interesse em aprofundar as razões históricas do degredo português no Brasil. Thales de Azevedo, como a quase totali_ dade dos historiadores brasileiros, referiu-se superficial mente aos degredados, embora não fosse essa sua intenção ao escrever 0 seu livro. Raríssimos são os estudos que bu^ cam compreender os mecanismos materiais, jurídicos e men tais que incidiram na vinda desses primeiros povoadores do Brasil. De toda forma, foi Thales de Azevedo quem, por pri^ meiro, chamou-me atençao para 0 problema. Comecei entao a aprofundar 0 assunto. A prt^ melra tarefa foi conhecer a historiografia brasileira C£ lonial. Durante três anos, com a ajuda de estudantes iht£ ressados, mergulhamos "de cabeça" nas bibliotecas e arqui^ tanos. Fase importantíssima, sobretudo, para וvos soteropol 008 conhecer o tratamento dado pelos historiadores a temática, a qual me propunha a aprofundar. Neste ínterim, a editora Cia. das Letras lan çou no mercado a brilhante tese de doutoramento da profe^ sora Laura de Mello e Souza, 0 diabo e a terra de Santa Cruz, cujo subtítulo é "a feitiçaria e religiosidade popu lar no Brasil colonial". A leitura desta obra foi como uma luz acesa dentro do túnel, abriam-se os horizontes método- lógicos para continuar a percorrer 0 caminho iniciado. Tor nou-se este livro, uma fonte indispensável para a fundamen tação teõrica e conjectural. Profundamente alicerçado nos documentos e nos pressupostos teóricos, indispensáveis pa ra uma análise da História total, 0 diabo e a terra de San ta Cruz busca, nos aspectos cotidianos e prosaicos da pie dade popular, nos mecanismos da formação educativa e da in ־־formação, na percepção dos valores que se manifestam dife rentemente nos vários grupos sociais, os elementos nece^ sãrios para resgatar os silêncios da História. Silencios, como afirmou Le Goff, "que falam muitas vezes mais que a sr, então, a ser fun־Passou .(י' (própria palavra csc^ita1 damentalmen te importante, conhecer os trabalhos de Jacques Le Goff, f.ichel Vovelle, Carlo Ginzburg, Robert Mandrou , Georges Duby, Evclyne Patlagean, Michelle Pcrrot, Bronislaw I Geremek, Michel foucault, Philippe Aries, Mikhail Bakhtin, Lucien Febvre, Ooan-Claude Schnitt e tantos outrcs que se dedicaram ao problema das metalidadcs, dos marginais, dos excluídos da história, das relações cntrc cultura erudita e popular; enfim, aqueles que, de uma forma ou de outra. 009 privilegiaram os aspectos da vida quotidiana para a elabora ção de uma nova historia. Este estudo seguiu os traços método!5gi cos de Le Goff, na sua alternativa entre a cultura erudita e a cul^ tura popular, a dialética cultural dos homens de letras e do povo (2). De modo particular, La naissance du purgatoire (3) tornou-se obra importante para este estudo. Afirma Le Goff, que, somente a partir do século X II, os elementos da cultura erudita e das crenças populares erigiram consisten temente o Purgatorio. Esta construção se processou através do Concilio de Lião II (1274), e mais definitivamente com F lorença (1438-1439) e o Concilio־os Concilios de Ferrara de Trento (1563). A nivel dogmático, o Purgatorio não foi defj[ nido pela Igreja como um lugar preciso, mas apesar das ret^ cencías dos teÕlogos e da prudencia da instituição eclesiás^ tica, o seu bom éxito reside na sua espacial i zação e no ima ginirio que possibilitou o seu pleno desenvolvimento e o seu sucesso popular. No século X III, seu triunfo é total, é urna verdade de fé. A Igreja faz descer sua concepção teolÕ gica para a vida quotidiana do homem comum através dos ensj_ namentos e práticas pastorais. O Purgatõrio, de forma con creta ou abstrata, torna-se um lugar e, com sua instituição, passa a existir a possibilidade de um mundo intermediário entre 0 Paraíso e 0 Inferno. Mundo temporário, efêmero e p£ rificador; 0 ''terceiro lugar" segundo Lutero. Nascia assim a esperança para os pecadores. E sob esta ótica mental que a vinda dos degredados fez, da colônia brasileira, 0 local 0ו0 de purificação dos desvios e improbidades existentes no Rej^ no.

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