O Imaginário Social <Mulher Brasileira> Em Portugal

O Imaginário Social <Mulher Brasileira> Em Portugal

Escola de Sociologia e Políticas Públicas O imaginário social <Mulher Brasileira> em Portugal: uma análise da construção de saberes, das relações de poder e dos modos de subjetivação Mariana Selister Gomes Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em Sociologia Orientadora: Doutora Beatriz Padilla, Investigadora Sénior, CIES, ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa Co-orientadora: Doutora Susana Gastal, Professora Adjunta, Universidade de Caxias do Sul (Brasil) Março, 2013 Escola de Sociologia e Políticas Públicas O imaginário social <Mulher Brasileira> em Portugal: uma análise da construção de saberes, das relações de poder e dos modos de subjetivação Mariana Selister Gomes Tese especialmente elaborada para obtenção do grau de Doutor em Sociologia Júri: Doutora Carmen Gregorio Gil, Professora Titular da Universidade de Granada Doutor João Alfredo dos Reis Peixoto, Professor Associado (com Agregação) do ISEG - Universidade Técnica de Lisboa Doutora Maria das Dores Horta Guerreiro, Professora Auxiliar do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa Doutora Elsa Beatriz Padilla, Investigadora do CIES – ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa Doutora Susana de Araújo Gastal, Professora Adjunta da Universidade de Caxias do Sul, Brasil Março, 2013 Financiamento Gomes (2013): O Imaginário Social <Mulher Brasileira> em Portugal Resumo Esta Tese analisa o imaginário social <Mulher Brasileira> em Portugal, buscando perceber: os elementos que o compõe; as relações de poder imbricadas e como se constituem em racismo e sexismo; o seu impacto nas experiências de brasileiras imigrantes; e, os modos de subjetivação destas mulheres em Portugal. Empreende-se uma investigação teórica e empírica, organizada a partir do tripé analítico de inspiração foucaultiana: saber – poder –subjetivação. No primeiro capítulo desenvolve-se a perspectiva teórica e metodológica, a qual relaciona as perspectivas foucaultiana, feminista, descolonial e interseccionada; e, reflete sobre migrações, turismo, imaginários e a produção da diferença. Nos capítulos segundo e terceiro – através de entrevistas, análise documental e observação participante – analisa-se a construção da ordem discursiva de saber-poder <Mulher Brasileira> em Portugal. Mapeiam-se os discursos turísticos e culturais (no terceiro capítulo) e os discursos do universo migratório (no segundo capítulo). No quarto capítulo investiga-se – através de entrevistas, observação participante e auto-etnografia – o modo como esta ordem discursiva afeta a experiência migratória de brasileiras, bem como, as diferentes formas de resistência a este discurso hegemônico, através das narrativas dos sujeitos. As conclusões apontam que as mulheres brasileiras são vistas como “corpo colonial” em Portugal, na medida em que são definidas, essencializadas e estigmatizadas através de características atribuídas desde o colonialismo histórico, relacionadas com a hipersexualidade. Referente aos modos de subjetivação identifica-se três formas pelas quais estas mulheres resistem e reexistem ao discurso hegemônico construído sobre elas: resistência passiva, afirmativa e combativa. O argumento central consiste em afirmar que: não sendo substantivo, nem essencial, <Mulher Brasileira> é antes de tudo uma construção social, discursiva e performática, imersa em relações de poder históricas e em modos de subjetivação sempre reconstruídos. Palavras-chave: Imigração; Turismo; Saber-Poder; Mulheres Brasileiras. i Gomes (2013): O Imaginário Social <Mulher Brasileira> em Portugal Abstract This thesis analyses the social imaginary <Brazilian Women> in Portugal, to explain: its constituing elements, the power relations involved and how they turn into forms of racism and sexism, its impact on the experiences of Brazilian female immigrants, and the modes subjectivity of these women in Portugal. It was carried out through a theoretical and empirical research, based on a analytical tripod of Fouculdnian inspiration: knowledge - power- subjectivity. The first chapter developed the theoretical and methodological perspective, relating the Foucauldian, feminist, decolonial and intersectionality perspectives, reflecting on migration, tourism, imaginaries and the production of difference. The second and third chapters - using interviews, documental analysis and participant observation - analyzed the construction of the discursive order of knowledge-power <Brazilian Women> in Portugal. It mapped the tourist and cultural discourses (chapter 3) and the discourses about migration (chapter 2). The fourth chapter investigated – using interviews, participant observation and auto-ethnography - how the discursive order, affects the migratory experience of Brazilian Women, as well as the different forms of resistance to this hegemonic discourse, through the narratives of the involved subjects. The findings indicate that Brazilian women are seen as "colonial body" in Portugal. They are defined, essentialized and stigmatized through characteristics attributed by colonial history, related to hypersexuality. Regarding the modes of subjectivity, three types were identified illustrating the ways these women resist and re- exist the hegemonic discourse: passive, affirmative and combative resistance. The central argument is that: not being substantive nor essential <Brazilian Women> is above all a social construction, discursive and performative, embedded in historical power relations and reconstructed modes of subjectivity. Keywords: Immigration; Tourism; Brazilian Women; Knowledge-power. ii Gomes (2013): O Imaginário Social <Mulher Brasileira> em Portugal Agradecimentos Agradeço, primeiramente, à CAPES / Ministério da Educação do Brasil pela Bolsa de Doutorado Pleno no Exterior, a mim concedida, pelo período de quatro anos, sem a qual esta Tese não seria possível. Em sentido semelhante, agradeço ao Instituto Universitário de Lisboa, especialmente seu Centro de Investigação e Estudos de Sociologia e seu Programa de Doutoramento em Sociologia, pela acolhida. Nomeadamente, gostaria de agradecer ao Professor Doutor Fernando Luís Machado (Diretor do CIES e Coordenador de Doutoramento em Sociologia), pela atenção dispensada a mim e às minhas necessidades burocráticas específicas (por ser imigrante e por articular instituições de diferentes países). Sou imensamente grata a minha orientadora Professora Doutora Beatriz Padilla, por ela ter aceitado, antes mesmo da minha chegada a Portugal, orientar uma Tese que se pretende desafiadora. Seu apoio foi indispensável, tanto a nível acadêmico, quanto emocional. Gratidão dedico, também, a minha co-orientadora, e tutora no Brasil diante da CAPES, Professora Doutora Susana Gastal, a qual tem sido incansável no acompanhamento não só desta Tese, mas de meus trabalhos acadêmicos deste a Graduação em Turismo (2002-2005). Sua co- orientação, mesmo a distância, foi fundamental para o desenvolvimento desta Tese; e os momentos presenciais em Porto Alegre e em Lisboa foram inesquecíveis. Agradeço, também, ao Professor Doutor José Carlos dos Anjos, meu orientador de Mestrado, o qual me auxiliou em momentos fundamentais desta Tese, com suas reflexões sempre provocadoras, profundas, engajadas, foucaultianas e descoloniais. Sou grata a todos os Professores e Professoras do Doutoramento em Sociologia do ISCTE-IUL. Agradeço, ainda, aos Professores e às Professoras que irão compor o Júri desta Tese de Doutoramento, suas avaliações e sugestões serão fundamentais para o aprimoramento deste trabalho. Agradeço profundamente a todas as pessoas que concederam entrevistas para esta Tese, sem as quais o trabalho não seria possível: líderes de associações de imigrantes, diretores de escolas de samba, produtores culturais, gestores de políticas de marketing turístico, jornalistas da imprensa de viagens. Em especial, agradeço as mulheres que, não só concederam entrevistas, mas abriram suas dores e suas reflexões sobre o preconceito que sofremos neste país. Gostaria de agradecer aos amigos que fiz em Portugal, os brasileiros (que chegaram e partiram), os portugueses e os de diferentes nacionalidades. Agradeço, também, aos colegas de Doutoramento que apoiaram meu tema de pesquisa, apesar do desconforto que poderia iii Gomes (2013): O Imaginário Social <Mulher Brasileira> em Portugal causar. Especialmente, sou grata à colega que se tornou amiga, Professora (em breve) Doutora Paula Lopes, grande incentivadora desta Tese e pessoa especial que me ensinou muito sobre a academia portuguesa, ajudou- me na inserção em Portugal e conseguiu-me o contato de vários entrevistados. Impossível esquecer as amigas e familiares que lá do outro lado do Atlântico enviaram-me mensagens de apoio e sempre torceram por mim: obrigada! Gostaria de registrar minha gratidão às grandes guerreiras que me socorreram e ajudaram-me a compreender esta forma de racismo e sexismo com a qual me deparei em Portugal: Luanda Sito, Laura López, Kelly Moraes, Tatiana Rodrigues, Junara Ferreira, Ana Paula Mentz. Agradeço as minhas irmãs (a que os meus pais me deram e as que a vida me trouxe): Roberta Selister, Mariana Leão e Giovana Cóssio por serem grandes incentivadoras e sempre valorizarem a minha sensibilidade, sem a qual esta Tese não existiria. Em especial, não posso esquecer-me de agradecer a Mariana Leão por ter perdido um dia de suas tão sonhadas férias na Europa para me acompanhar (e ajudar) na pesquisa de campo no Carnaval de Sesimbra. Por fim, agradeço as pessoas mais importantes da minha vida, sem as quais nada seria possível. O meu pai, Osvaldo Gomes, e minha mãe,

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