UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA Quando Vargas caiu no samba: um estudo sobre os significados do carnaval e as relações sociais estabelecidas entre os poderes públicos, a imprensa e os grupos de foliões em Porto Alegre durante as décadas de 1930 e 1940 Marcus Vinícius de Freitas Rosa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Benito Bisso Schmidt Porto Alegre Maio de 2008 II Quando Vargas caiu no samba: um estudo sobre os significados do carnaval e as relações sociais estabelecidas entre os poderes públicos, a imprensa e os grupos de foliões em Porto Alegre durante as décadas de 1930 e 1940 Marcus Vinícius de Freitas Rosa Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em História. Banca Examinadora: ______________________________________________ Orientador: Prof. Dr. Benito Bisso Schmidt ______________________________________________ Prof ª. Drª. Maria Clementina Pereira Cunha (História/Unicamp) ______________________________________________ Prof. Dr. Ruben George Oliven (Antropologia/UFRGS) ______________________________________________ Profª. Drª. Regina Célia Lima Xavier (História/UFRGS) Porto Alegre Maio de 2008 III Para Vera e Serafim, meus pais; Para Dieguito, meu irmão; Para Cassinha, minha irmã; E para Bianca, que, em outros carnavais, fez a diferença ao meu lado. IV “Quem foi que inventou o Brasil? Foi seu Cabral, foi seu Cabral. No dia 21 de abril, dois meses depois do carnaval ”. Lamartine Babo. “E uma vez estabelecido o estereótipo, é demasiado fácil interpretar a evidência por meio do clichê ”. E. P. Thompson, Costumes em Comum. V Sumário Resumo ............................................................................................................................... VI Abstract ............................................................................................................................... VII Agradecimentos .................................................................................................................. VIII Introdução ........................................................................................................................... 01 Capítulo I – O que é bom não se mistura: dos clubes do Centro aos foliões de rua........... 21 1.1 – Somente para munidos de ingressos especiais: os carnavais das elites ..................... 21 1.2 – Risos, críticas e malícias: os blocos humorísticos ..................................................... 34 1.3 – Estudantinas, fantasias e músicas próprias: blocos, ranchos e cordões ..................... 50 Capítulo II – Entre carros e caminhões: os corsos carnavalescos ...................................... 68 2.1 – Diante dos olhos atônitos do poviléo metropolitano: os corsos das elites ................ 68 2.2 – Os meninos bonitos atrevidos: as desarmonias festivas ............................................ 78 2.3 – Carros e caminhões em determinadas zonas: os corsos populares ............................ 83 2.4 – Um fiasco tremendo: o “fim” dos corsos .................................................................. 95 Capítulo III – Cidade Baixa, Colônia Africana e Quarto Distrito: a fragmentação urbana da festa .................................................................................................................................... 99 3.1 – A Cidade Baixa: João Alfredo, Areal da Baronesa e Ilhota ...................................... 104 3.1.1 – Uma comissão a cada trezentos metros: a Rua João Alfredo ................................. 105 3.1.2 – Carnaval na areia: o Areal da Baronesa ................................................................. 111 3.1.3 – Uma anomalia em vias de desaparecer: a Ilhota .................................................... 120 3.2 – Um domínio indiscutido da alta malandragem: a Colônia Africana ......................... 126 3.3 – A cidade dentro da cidade: o Quarto Distrito............................................................ 135 Capítulo IV – Quando Vargas caiu no samba: poder público, imprensa e carnaval .......... 147 4.1 – Os jornalistas tomam a si o carnaval (mas com o auxílio dos poderes públicos) ..... 147 4.2 – Os poderes públicos tomam a si o carnaval (mas com o auxílio dos jornalistas) ..... 165 4.3 – O Estado Novo e o surgimento das escolas de samba em Porto Alegre ................... 184 4.4 – A variedade de repertórios culturais e a preferência pelo carnaval carioca .............. 195 Considerações finais ........................................................................................................... 213 Lista das fontes ................................................................................................................... 218 Referências bibliográficas .................................................................................................. 220 VI RESUMO A presente dissertação analisou os carnavais de Porto Alegre ao longo das décadas de 1930 e 1940, momento em que os folguedos “populares” foram submetidos a um intenso processo de transformação em “ícones de brasilidade”. Entretanto, ver no carnaval apenas um “símbolo de identidade nacional”, como queriam os jornalistas e os poderes públicos naquelas décadas, teria por conseqüência relegar a segundo plano as múltiplas formas de construção de identidades que se manifestavam durante os dias consagrados a Momo. Por isso, o trabalho buscou enfatizar a multiplicidade de sujeitos e modos de organização, a variedade de sentidos e a diversidade dos lugares da festa. Se os poderes constituídos e a imprensa adotaram uma postura civilizatória e nacionalizante frente ao carnaval e aos foliões, os diferentes grupos de festeiros fizeram usos próprios das festividades. Nesse sentido, a pesquisa procurou lançar luz sobre a construção de hierarquias e distinções, sobre as aproximações e distanciamentos, e sobre os conflitos e solidariedades estabelecidos entre os variados agrupamentos carnavalescos da cidade. VII ABSTRACT The present dissertation has analyzed the Carnival in Porto Alegre along the 1930’s and the 1940’s, moment in which the “popular” festivities were intensely submitted to a process of transformation into “Brazility icons”. However, to see Carnival only as a “national identity symbol”, like the journalists and public powers of the time wanted, would result in relegating to a second level of importance the multiple forms of identity construction manifested during the days dedicated to Momo. Therefore, this work sought to emphasize the multiplicity of subjects, the variety of meanings, and the diversity of places of the celebration. If the constituted powers and the men of press adopted a civilizing and nationalizing posture before the carnival and the paraders, the different groups of merrymakers would be able to make their own use of the festivities. In this sense, this dissertation sought to enlighten the construction of hierarchies and distinctions, approaches and separations, conflicts and sympathy among the diverse social groups during the Carnival days. VIII Agradecimentos Os agradecimentos costumam ser a parte mais divertida de uma dissertação. E confesso que estas linhas foram escritas muito antes da redação final deste trabalho, ou seja, estavam prontas bem antes de me sentir exaurido por ter de usar a expressão “cultura popular” sempre entre aspas (como se isso resolvesse alguma coisa...). Mas também devem ter sido exaustivas para meus familiares as minhas infindáveis recusas para os churrascos, aniversários, festas e outros comes e bebes durante os finais de semana ao longo desses dois anos. Sim, devem ter sido muito exaustivas: no final, eles já nem me convidavam. Entretanto, parece que alguns deles ainda lembram que eu sou membro da família. Assim, os primeiros agradecimentos vão para minha tia Regina e meu tio Ricardo: o meu título de mestre também é de vocês (se a banca permitir). Moisés, Raí, Lucas e Schaoana, meus primos, também merecem meus agradecimentos, embora eu esteja fazendo um esforço intelectual sobrenatural para compreender o motivo pelo qual nenhum deles quis ser historiador (parece mais fácil tentar delimitar a “cultura popular”). Para Vera e Serafim, meus pais, tenho tudo a dizer, mas o espaço só me permite agradecer pelo fato de que, sem o sacrifício de vocês dois, eu não teria chegado sequer à graduação e me formado. Sim, eu amo todos vocês. E isso não vai ser apagado pela distância: afinal, agora vem o doutorado... Para Benito Schmidt, meu orientador, agradeço por ter me dado a oportunidade de iniciar minha carreira de pesquisador, lá nos idos tempos da biografia de Gilda Marinho; e por termos escrito juntos um livro que (por minha causa) foi motivo de polêmica. Agradeço também (e principalmente) por me fazer perceber que o carnaval é um tema digno de pesquisa. Benito, obrigado pela orientação!!! Mas ao longo desses dois anos também tive momentos de descontração: minhas escapadas para os botecos da Cidade Baixa e da João Alfredo – territórios de antigos carnavais, local de boêmios e festeiros com os quais eu me identifico plenamente. Para os meus companheiros de trago, “os amigões”, só tenho uma coisa a dizer: se este trabalho demorou pra ficar pronto, a culpa é de
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages237 Page
-
File Size-