UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA MESTRADO EM PSICOLOGIA LUCIANA CÉLIA DA SILVA COSTA “A gente chega e invade as quebradas”: Identidade Social de mulheres MC’s Belo Horizonte 2016 ii LUCIANA CÉLIA DA SILVA COSTA “A gente chega e invade as quebradas”: Identidade Social de mulheres MC’s Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Psicologia. Área de concentração: Psicologia Social. Linha de Pesquisa: Cultura, Modernidade e Processos de Subjetivação. Orientador: Prof. Dr. Adriano Roberto Afonso do Nascimento. Belo Horizonte 2016 iii À minha mãe, Celinha, e meu pai, Raimundo, pelo apoio e incentivo a todas as minhas escolhas. Meus grandes exemplos de vida! Às minhas tias, Eliana e Dinha, por não pouparem esforços em me ver feliz e pela caminhada juntas. Aos meus avôs pretos Raimundo Costa e José Ventura, e às minhas avós guerreiras, Maria Izidora e Maria Ferreira. iv AGRADECIMENTOS Escrever uma dissertação não é um trabalho fácil. Na trilha desse caminho e para conseguir finalizar contei com o carinho, amizade e amor de várias pessoas. Primeiramente agradeço a todas as MC‟s que se dispuseram a participar dessa pesquisa. Todas se dedicaram aos nossos encontros, contando suas histórias inspiradoras. Ao meu orientador, Prof. Dr. Adriano Roberto Afonso do Nascimento, por ter me ajudado a conduzir o mestrado de forma leve, profunda e cheia de aprendizados. Com ele aprendi sobre pesquisa, escrita, docência, e, também, sobre como tratar alunos e alunas e como ser ético dentro da academia. À Prof. Dra. Ingrid Faria Gianordoli-Nascimento por todo o aprendizado e carinho desde a graduação. Uma profissional que levarei de exemplo para a vida. À Prof. Dra. Jaileila Araújo Menezes por aceitar o convite em fazer parte da banca. Espero que ainda tenhamos muitos encontros nessa nossa caminhada. À Prof. Dra Márcia Stengel por aceitar o convite em fazer parte da banca e pela leitura cuidadosa. À Alice, minha amada amiga, por toda a parceria ao longo do mestrado. Foram e são muitas conversas e aprendizado. Nosso encontro foi um presente do universo e não há distância a nos separar. À Suely, minha irmã e amada companheira. Passamos por vários momentos durante esses dois anos e meio, alguns sofridos, outros alegres, e todos com muito amor. À minha querida turma de Mestrado da Psicologia Social, em especial à Adriana, Carla, Onair, Alice, Suely, Cristina, Cristiane e Janaína. E ao Santhiago pelas boas risadas. Aos amigos e amigas de Núcleo de Pesquisa Memórias e Representações Sociais, especialmente à Luanda, Gregório e Sara que foram os grandes incentivadores para que eu fizesse o mestrado. E à Jaíza, pela ajuda de sempre. v À prima, irmã e companheira Gizelle. Seus doces, desde sempre, são uma forma de compartilharmos a vida. Fico muito feliz em vê-la crescendo com eles e, principalmente, em ser a degustadora oficial. Não abro mão desse cargo. À amiga/irmã Rosiane que tanto contribui com minhas reflexões. Obrigada por compartilhar comigo o Reinaldo e meus amados sobrinhos Pedro e Victoria. Estamos sempre juntas. À Dandara, Hanna, Thais e Nilton, amigas e amigo que tanto admiro e que sempre me estimulam a refletir sobre a vida. À minha afilhada Samantha e amiga Carla, pela nossa longa amizade, apesar de tanta distância física. A toda minha família: aos meus irmãos mais velhos Paulinho e Rodrigo, que de alguma forma foram e são meus exemplos. Às minhas cunhadas cancerianas Joicy e Claudia e aos sobrinhos amados João Paulo e Luna. Às minhas tias, mulheres que são meus grandes exemplos de vida, juntamente com minha mãe. À Dinha, Bel, Tita, Tia Eliana, Tia Heloísa, Tia Ione, Tia Rosangela e Virgínia. Aos tios, primos e primas. Em especial às minhas primas/irmãs: Nath, Itara Kenia (minha afilhada Mariana e Henrique), Bela (Malu), Naura e Ellen. Aos meus amigos e amigas do Cantinho, em especial, à Marília Oliveira, pela alegria de viver, e por sempre ter uma palavra de conforto. À Carol Jaued pelos grafites e por toda a força desde o primeiro pedido de ajuda. Às comunidades quilombolas às quais tive a oportunidade de ter o contato através do Projeto Formulação de uma Linguagem Pública Sobre Comunidades Quilombolas. Como uma boa canceriana, me considero uma pessoa de sorte por ter tantas pessoas queridas ao meu lado. vi Antiga Poesia A planta é feminina, a luta é feminina La mar, la sangre, em mi América latina Meu desejo é que seu desejo não me defina Minha história é outra, tô rebobinando a fita Salve! Negras dos sertões, negras da Bahia Salve! Clementina, Leci, Jovelina Salve! Nortistas, caribenhas, clandestinas Salve! Negras da América Latina Salve! Eu sei não é fácil chegar Salve! A gente sabe levantar Salve! Aonde eu for é o seu lugar Salve! Permanecemos vivas É por nós, por amor Por nós amor Por nós por amor Ellen Oléria vii RESUMO Costa, L.C.S. (2016). “A gente chega e invade as quebradas”: Identidade Social de mulheres Mc‟s. Dissertação de Mestrado. Departamento de Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. O presente trabalho busca compreender a Identidade Social de mulheres MC‟s da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As MC‟s são compositoras do rap e estão inseridas no hip hop, que é composto por cinco elementos: MC, DJ, grafite, break e conhecimento. Através de todas as suas manifestações artísticas, políticas e sociais as juventudes inseridas no hip hop denunciam a violência e a exclusão social vivenciadas nas periferias brasileiras. O movimento é um espaço, também, de valorização das juventudes negras, por meio da denúncia e recusa de estigmas de criminalidade e marginalidade associadas a esses grupos. As mulheres são uma minoria numérica no hip hop e sofrem com os preconceitos presentes no movimento, o que dificulta a suas inserções e permanências. Para compreender a Identidade Social das mulheres compositoras do rap, com base na Teoria de Identidade Social, a presente pesquisa pretende responder algumas perguntas, como: o que é ser compositora para as MC‟s? Como ser uma MC influencia nas dinâmicas das relações com as pessoas dentro e fora do hip hop? Quais são as implicações em suas vidas e carreiras, do fato de elas serem mulheres compositoras? Para tanto, realizamos sete entrevistas semiestruturadas com mulheres MC‟s da Região Metropolitana de Belo Horizonte. As entrevistas foram gravadas e transcritas pela própria pesquisadora. Para a análise do material, foi utilizada a técnica da Análise de Conteúdo, com o auxílio do software Nvivo, onde foi possível fazer uma grade com os temas mais relevantes trazidos por elas. Essa grade foi o guia para a construção das narrativas que são apresentadas nos resultados. Dessa maneira, foi possível apresentar algumas experiências compartilhadas pelas entrevistadas, contando a trajetória de cada uma. Para as entrevistadas, ser uma compositora não é algo determinado e fixo, pois é possível ver que elas estão em constante mudança. Ser uma MC influencia nas suas relações, tanto dentro quanto fora do hip hop, e nem sempre elas encontram o apoio necessário. O contexto do hip hop em que as mulheres compositoras do rap estão inseridas ainda é muito machista, dificultando, assim, a participação e a continuidade das suas carreiras. As mulheres MC‟s que estão na cena estão persistindo contra várias situações que dizem, nas entrelinhas, que aquele ali não é um lugar onde elas deveriam estar. Entretanto, todas as vezes em que as MC‟s sobem no palco para cantar as suas músicas ou batalhar, elas estão reafirmando que ali também é um lugar que pertence a elas. Palavras-chave: Identidade Social; hip hop; rap; compositoras; MC‟s. viii ABSTRACT Costa, L.C.S. (2016). "We go there and take over the hood”: Social Identity of Women MC‟s. Master‟s Thesis. Department of Psychology. Faculty of Philosophy and Human Sciences. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. This study aims to understand the Social Identity of women MC‟s from the greater Belo Horizonte. MC‟s are RAP songwriters and they are part of the hip-hop movement, which is composed of five elements: the MC, the DJ, graffiti, breakdance and knowledge. Youths in the hip hop movement denounce violence and social exclusion experienced in Brazilian peripheries through artistic, political and social manifestations. This movement is also a space for recovery of black youths, through denunciation and refusal of crime and marginality stigmas associated with these groups. Women represent a numerical minority in the hip-hop and they suffer prejudice against in such context, which makes it difficult for them to be part of it. In order to understand the Social Identities of the women composers in the RAP context, this research aims to answer the following questions based on the Theory of Social Identity: what is it to be an MC composer? How does the fact of being an MC influence the relationship with people in and out of hip-hop? What are the implications in their lives and careers brought up by the fact that they are women songwriters? Therefore, we conducted semi structured interviews with seven women MC‟s in the greater Belo Horizonte. The interviews were recorded and transcribed by the researcher. Moreover, we used the technique called Content Analysis and the NVivo software to examine the data collection, which made it possible to create a grid with the most relevant issues they brought up. This grid worked as a guide for the construction of narratives presented in the outcomes.
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