Pontifícia Universidade Católica Do Rio Grande Do Sul – Pucrs Faculdade De Comunicação Social – Famecos Programa De Pós-Graduação Em Comunicação Social – Ppgcom

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL – PUCRS FACULDADE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – FAMECOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – PPGCOM Lucas Osório Rizzatti POR QUE BARBOSA? O papel das tecnologias do imaginário sobre o vilão da Copa de 1950 no Jornal dos Sports Porto Alegre 2017 Lucas Osório Rizzatti POR QUE BARBOSA? O papel das tecnologias do imaginário sobre o vilão da Copa de 1950 no Jornal dos Sports Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como parte dos requisitos para obtenção do título de mestre no Curso de Mestrado em Comunicação Social. Orientadora: Profª Dra. Juliana Tonin Porto Alegre 2017 POR QUE BARBOSA? O papel das tecnologias do imaginário sobre o vilão da Copa de 1950 no Jornal dos Sports Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de mestre no Curso de Mestrado em Comunicação Social. Prof. Dr. Álvaro Nunes Larangeira – UTP Prof. Dr. Juremir Machado da Silva – PUCRS Orientadora: Profª Dra. Juliana Tonin Porto Alegre 2017 RESUMO Este trabalho procura uma reflexão do papel das tecnologias do imaginário sobre a figura do vilão da Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil. Tomamos como ponto de partida que o goleiro Barbosa centraliza o imaginário do vilão e, a partir daí, busca-se compreender como se chegou a tal cenário e o quanto as tecnologias disponíveis agiram nesse sentido tendo como foco de pesquisa as edições do Jornal dos Sports de 1950, desde que o Brasil perdera para o Uruguai por 2 a 1 na partida decisiva. O trabalho se apoia nas noções de sociologia compreensiva e tecnologias do imaginário, além de aspectos voltados ao jornalismo esportivo, sobretudo brasileiro. Palavras-chave: Comunicação – Tecnologias do Imaginário – Jornalismo Esportivo – Copas do Mundo ABSTRACT This research seeks understanding the role played by the imaginary technologies over the figure of the 1950 World Cup major villain. The starting point is the goalkeeper Barbosa who centralizes the imaginary of the villain. The analysis developed presents how such technologies acted in order to establish this scenario, focusing on the published editions of "Jornal dos Sports" since the decisive match involving Brazil and Uruguay. The study is based on the intepretative sociology and the imaginary technologies, including aspects towards the sports journalism, mainly the brazilian one. Keywords: Communication – Imaginary Technologies – Sports Journalism – World Cup SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7 2 SOCIOLOGIA COMPREENSIVA COMO METODOLOGIA ................................... 12 2.1 NOÇÕES DE SOCIOLOGIA COMPREENSIVA. .......................................................... 12 2.2 MODERNO, PÓS-MODERNO E TECNOLOGIAS. ..................................................... 20 3. IMAGINÁRIO, TECNOLOGIAS E JORNALISMO ................................................... 25 3.1 IMAGINÁRIO A PARTIR DE DURAND ....................................................................... 25 3.2 TECNOLOGIAS DO IMAGINÁRIO E JORNALISMO................................................. 32 4. OLHARES SOBRE O JORNALISMO ESPORTIVO BRASILEIRO. ....................... 42 4.1 O CRESCIMENTO DA CRÔNICA ESPORTIVA. .......................................................... 42 4.2 A “INVENÇÃO” DO FUTEBOL BRASILEIRO. ........................................................... 48 4.3 PONDERAÇÕES SOBRE NOVAS ROTINAS. .............................................................. 61 5. A IMPRENSA BRASILEIRA E AS COPAS DO MUNDO ........................................... 66 5.1 MARACANAZO: TRAGÉDIA QUE ERGUEU UMA TRADIÇÃO ............................. 66 5.2 TRATAMENTO DADO AO VILÃO APÓS 1950. .......................................................... 76 5.3 A COPA DO MUNDO DE 2014. ...................................................................................... 83 6. ANÁLISE DO VILÃO BARBOSA NA IMPRENSA EM 1950 ..................................... 92 6.1 APRESENTAÇÃO DO CORPUS DA ANÁLISE. ...........................................................92 6.2 DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS ....................................................................... 93 6.3 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ............................................................................... 115 6.4 AS TECNOLOGIAS E A CONSTRUÇÃO DE BARBOSA. ........................................ 126 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 135 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 139 1. INTRODUÇÃO Um evento da importância de uma Copa do Mundo é capaz de ir muito além dos resultados de dentro de campo. No que diz respeito ao futebol, a Copa do Mundo pode ser compreendida como uma grande feira em que são expostas as novidades do planeta sobre o esporte. A partir dela, são conhecidas novas formas de se jogar futebol, surgem novos craques e se constroem tendências que se renovam, a cada quatro anos, periodicidade da Copa do Mundo desde 1930 – deixaram de ocorrer apenas duas edições devido à Segunda Guerra Mundial. Recomeçaria justamente no Brasil, em 1950. A Copa do Mundo também pode ser um divisor de águas de outras instâncias interessadas em seu sucesso. A busca por contar as histórias do campeonato que mais interessa ao universo do futebol também pode ajudar a imprensa a se aperfeiçoar – como veículo de informação em si e também como negócio da comunicação. Por meio das coberturas de Copas do Mundo, podemos compreender melhor as fases do jornalismo esportivo e, por que não, um pouco do mundo ao seu redor em cada época. A Copa do Mundo é, pois, uma grande feira de exposições também para a imprensa. Em suma, é o interesse em relacionar coberturas midiáticas a respeito do futebol que se buscará aqui o estudo de Copas do Mundo e do jornalismo esportivo brasileiro, por meio de reflexões sobre as tecnologias do imaginário na cobertura da derrota da seleção brasileira em 1950. Antes do ingresso efetivo na introdução ao objeto de estudo, vejo como necessária uma explicação anterior, da motivação pessoal que suscitou o trabalho. Para se chegar ao estudo da Copa de 1950, contou-se com o interesse particular sobre as histórias relacionadas a essa edição do Mundial e também à cobertura da última Copa do Mundo, de 2014, com sede no Brasil, assim como fora seis décadas antes. Trabalhando no evento, surgiu a oportunidade de cobrir a seleção uruguaia durante sua preparação em Montevidéu, além de acompanhá-la em todos os locais pelas quais passou no nosso país. Estar perto dos uruguaios despertou ainda mais a importância que a Copa de 1950 teve para os envolvidos. A seleção uruguaia venceu a primeira e única – até 2014 – Copa do Mundo em solo brasileiro. Foi em 1950 e com contornos épicos e dramáticos. O Brasil nunca havia conquistado um Mundial, disputara os outros três anteriores com resultados pouco expressivos a não ser o terceiro lugar de 1938. Havia uma esperança de que a falta de títulos terminasse exatamente na edição caseira. O Brasil foi eleito como a casa da Copa muito devido a uma Europa em decadência econômica após a Segunda Guerra Mundial. E tentou 7 fazer bonito, ao erguer o então maior estádio do Mundo, o Maracanã. É verdadeiro que o estádio não ficou completamente finalizado a tempo. A história, no entanto, pouco menciona a presença de andaimes e superlotações assustadoras. Até porque o mais marcante aconteceria dentro de campo. Após uma campanha quase irrepreensível, com goleadas históricas sobre seleções fortes como Suécia e Espanha, o Brasil seria campeão, na última partida, com apenas um empate diante de um Uruguai em crise, que quase não fora à Copa – os jogadores estavam descontentes com os salários em seus clubes e se consideravam “escravos”, só aceitando disputar o Mundial após um acordo com as autoridades do futebol do país. O domingo de 16 de julho de 1950 ficou gravado para sempre na memória esportiva mundial. O Brasil fez o primeiro gol da partida, mas permitiu a virada do Uruguai, que venceria por 2 a 1 e se tornaria campeão mundial pela segunda vez, a primeira fora em 1930. Sempre houve a certeza de que o ano de 1950 jamais terminara, para uruguaios e brasileiros, para vencedores e vencidos. Os uruguaios, por exemplo, batizaram a partida com aumentativo, de Maracanazo, termo até hoje usado pelos dois lados. Eles também ainda se divertem com o “Fantasma de 1950”. E não escondiam o sonho de repetir o mesmo roteiro e assombrar o Brasil mais uma vez, só que 64 anos depois, na segunda Copa do Mundo no país. A maioria dos uruguaios se apoiava nessa mística do Maracanazo para acreditar em coisas boas no Mundial no Brasil. Há algo imutável na cultura futebolística do Uruguai: vive- se o 16 de julho de 1950 todos os dias, a ponto de a multinacional Coca-Cola personalizar a propaganda sobre a Copa no Uruguai. A peça publicitária da marca de refrigerante foi até a Avenida Brasil, em Montevidéu, e colocou uma segunda placa de endereço na frente de cada domicílio. Nela, estava escrito: “1950 bis”. Impressionante que, ao abrir a porta de suas casas, os uruguaios entendiam no ato o significado da brincadeira. E se emocionavam. Antes de jogos amistosos do Uruguai em Montevidéu, visando à preparação para a Copa, multiplicavam-se

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