José Carlos Marques ORGANIZADOR A COPA DAS COPAS? REFLEXÕES SOBRE O MUNDIAL DE FUTEBOL DE 2014 NO BrASIL José Carlos Marques ORGANIZADOR A COPA DAS COPAS? REFLEXÕES SOBRE O MUNDIAL DE FUTEBOL DE 2014 NO BrASIL AUTORES Luiz Henrique de Toledo ❙ Flavio de Campos ❙ Rafael Fortes ❙ Bernardo Buarque de Hollanda & Jimmy Medeiros & Luigi Bisso ❙ Pablo Alabarces ❙ Elcio Loureiro Cornelsen ❙ Ary José Rocco Júnior ❙ Ronaldo Helal & Fábio Aguiar Lisboa & Filipe Fernandes Ribeiro Mostaro ❙ Marcos Américo ❙ Anderson Gurgel Campos ❙ Heloisa Helena Baldy dos Reis & Mariana Zuaneti Martins & Felipe Tavares Paes Lopes ❙ Carlo José Napolitano & Bárbara Bressan Belan ❙ Édison Gastaldo ❙ Márcio Guerra ❙ José Carlos Marques ❙ Cláudio Bertolli Filho & Ana Carolina B. Talamoni São Paulo – 2015 Edições Ludens Conselho Editorial Coordenação Flavio de Campos (USP) José Geraldo Vinci de Moraes (USP) Membros Fábio Franzini (UNIFESP) Luiz Henrique de Toledo (UFSCar) José Carlos Marques (UNESP) José Paulo Florenzano (PUC-SP) Marco Antonio Bettine de Almeida (RACH-USP) Mauricio Murad (UERJ) Sérgio Settani Giglio (UNICMP) Equipe Editorial Organização: José Carlos Marques Apresentação: Ary José Rocco Júnior Edição: José Carlos Marques e Sergio Rizek Coordenação Editorial: Sergio Rizek Produção Edições Ludens / Attar Editorial Capa, Projeto Gráfico e Diagramação Erika Woelke • Canal 6 Editora A Copa das Copas? Reflexões sobre o Mundial de Futebol de 2014 no Brasil. / organização José Carlos Marques. E-book. São Paulo: Edições Ludens, 2015. 333 p. ; 23 cm. ISBN: 978-85-68146-01-9 1. Futebol. 2. Copa do Mundo 2014. 3. Brasil. I. Marques, José Carlos. II. Título Realização Gecef Apoio SUMÁRIO 7 PREFÁCIO: “AS MINHAS COpaS” José CARlos MARQues 11 APRESENTAÇÃO ARY José Rocco JÚNIOR 15 PODE Uma RELAÇÃO IDENTITÁRIA ENCOLHER? FUTEBOL E CULTURA EM TEmpOS DE OLImpÍADAS LUIZ HENRIQue DE ToleDO 31 A COpa DA POLÍTICA EM UM PAÍS DO FUTEBOL FLAVIO DE CAmpos 39 O MUNDIAL DE 2014 NO ImaGINÁRIO POPULAR BRASILEIRO RAFAel FORtes 57 HOSPITALIDADE À BRASILEIRA? A COBERTURA MIDIÁTICA DOS JOGOS DA COpa DE 2014 NO MARACANÃ BERNARDO BUARQue DE HollANDA; JImmY MEDEIRos; LUIGI BIsso 95 FÚTBOL, MÚSICA, NaRCISISMO Y ESTADO En “BRASIL, DECIME QUÉ SE SIENTE” PAblo ALABARces 121 Um “CONTO DE FaDAS DE VERÃO” – A COpa DE 2014 VISTA A PARTIR DA MÍDIA ALEMÃ ElcIO LouREIRO CORNelseN 149 BRASIL 1 X 7 ALEmaNHA: O DIA EM QUE A COMUNICAÇÃO A FavOR DO ESPORTE GOLEOU O ESPORTE A FavOR DA COMUNICAÇÃO ARY José Rocco JÚNIOR 175 COpa DE 2014 E IDOLATRIA: NaRRATIvaS SOBRE O JOGADOR NEYmaR ANTES DO MUNDIAL RoNALDO HelAL; FÁBIO AGUIAR LIsboA; FILIpe FERNANDes RIbeIRO MostARO 191 A COpa DO MUNDO DA FIFA BRASIL 2014 E A EvOLUÇÃO DAS TRANSMISSÕES ESPORTIvaS MARcos AméRICO 209 OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS E OS MECANISMOS ECONÔMICOS DE GESTÃO ImaGÉTICA: CORPOS E ImaGENS NA COpa DO MUNDO FIFA DE 2014 ANDERsoN GuRGel CAmpos 227 MERCANTILIZAÇÃO E MILITARIZAÇÃO DOS EvENTOS DE FUTEBOL: REFLEXÕES SOBRE O CÓDIGO DE CONDUTA NO ESTÁDIO PARA A COpa DO MUNDO FIFA BRASIL 2014 HeloISA HeleNA BALDY Dos ReIS; MARIANA ZuANetI MARTINS; FelIpe TAVARes PAes Lopes 249 A LEI GERAL DA COpa E SEUS DESDOBRamENTOS JURÍDICOS CARlo José NApolITANO; BÁRBARA BRessAN BelAN 267 A COpa DE 2014, ENTRE O FaSCÍNIO DAS RUAS E O FaSCISMO DOS CRaqUES ÉDIsoN GAstALDO 273 “O BRASIL NÃO É PARA PRINCIPIANTES”: O PAÍS ENTRA NO CENÁRIO DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS, maS MOSTRA ATRASO DA COBERTURA MÁRCIO GueRRA 285 FOMOS GOLEADOS TamBÉM FORA DE Campo – A COpa DO MUNDO FIFA-2014 E A COBERTURA DA TV BRASILEIRA José CARlos MARQues 311 O ‘SACANA COÇA-SACO TROPICAL’ E O HOMO BRASILIS: O DISCURSO FUNDADOR DO BRASIL SEGUNDO UM ‘PROFESSOR’ ALEMÃO EM BONITAS E GOstOSAS CLAUDIO BERtollI FIlho; ANA CARolINA BIscALQUINI TALAmoNI PREFÁCIO: “AS MINHAS COPas” No dia 27 de maio de 1998, a poucos dias do início da Copa do Mundo da França, o escritor Luis Fernando Verissimo publicava no 7 Jornal do Brasil e em O Estado de S. Paulo a crônica intitulada “A do Pelé”. Ao longo do texto, o cronista gaúcho comentava as contradições que envolveram o Mundial do México de 1970 e o período no qual o Brasil assistia à Ditadura Militar instituída em nosso país em 1964. Tratava-se de um momento em que, segundo o mesmo Verissimo, vi- víamos “numa espécie de clandestinidade clandestina”, pois aquela competição fora disputada num clima de ambiguidades entre o apoiar e o não apoiar a Seleção Brasileira. Ainda nas palavras dele, “Nunca foi tão difícil e nunca foi tão fácil torcer pelo Brasil. Difícil porque torcer era uma forma de colaboracionismo, fácil porque o time era de entu- siasmar qualquer um.”. O que me chama a atenção nessa crônica, entretanto, é seu primei- ro parágrafo, no qual o autor subordina temporalmente nossa vida em torno do ciclo quadrienal cumprido pelas Copas do Mundo: Como o personagem do poema de T.S. Eliot que podia me- dir sua vida em colherinhas de café, podemos medir nossos últimos 28 anos em Copas do Mundo. Foram sete, cada uma correspondendo a uma etapa do nosso relacionamento com o futebol, ou com a Seleção, que é o futebol depurado das suas circunstâncias menores, e portanto com o país. No meu caso particular, posso afirmar que este ciclo teve início em julho de 1966, quando eu ouvia, de dentro da barriga de minha mãe, as comemorações de meu pai, de meus tios e de meu avô ao ouvirem, pelo rádio, as façanhas que a Seleção Portuguesa realizava na Copa da Inglaterra por meio do virtuosismo de craques como Torres, Colu- na, Eusébio & Cia. Fui nascer apenas em outubro daquele ano, já em meio à ressaca do terceiro lugar conquistado por Portugal em campos ingleses, mas quatro anos depois eu já era submetido a novo batismo de fogo, agora acompanhado de um irmão de apenas seis meses, com quem eu julgo ter assistido aos festejos do tricampeonato brasileiro, na tal “Copa do Pelé”. Digo isto porque, à semelhança do Verissimo e à semelhança do personagem do T.S. Eliot, tenho a impressão de que também posso medir minha vida em Copas do Mundo. Contando com a de 1966, que 8 certamente incubou o futebol no líquido amniótico que me alimentava até então, já posso contabilizar 13 Copas, incluída a de 2014, realizada no Brasil (e, para quem gosta de números, o título deste livro também tem 13 letras!). Lembro e relembro de fases da minha existência (como a infância, os tempos de colégio, a chegada à universidade, o casamen- to, o início do Mestrado e do Doutorado etc.) fazendo correlações com o que acontecia no mundo a partir das realizações dos mundiais de futebol. É como se o sentido evolutivo da vida fosse dado em anos pa- res, sempre de quatro em quatro anos, com um jogo que opunha 11 indivíduos de lado a lado brigando pela posse de uma bola. O que os artigos aqui reunidos querem fazer é algo bastante si- milar, ou seja, interpretar os fatos e circunstâncias que envolveram a Copa do Mundo de 2014 e perceber de que forma um acontecimento esportivo consegue dotar-se de tanta significação em meio à sociedade brasileira, influenciando e marcando a cena cotidiana por inúmeras semanas, antes e depois de o evento ter ocorrido. Quais imbricações culturais, políticas, sociais, econômicas, entre outras, são e foram ope- radas com a realização deste megaevento na Terra Brasilis? Tanto ou mais importante do que a academia discutir e debater a organização da Copa-2014 antes de ela começar era a academia voltar-se a este evento após a sua realização e procurar dar sentido a ele. Daí o significado desta iniciativa. Para tanto, foram convidados alguns pesquisadores que, nos úl- timos anos, vêm sendo responsáveis por incluir e manter o esporte, de forma geral, e o futebol, em particular, na agenda da pesquisa e da discussão acadêmica no Brasil. Nenhum dos autores aqui presente caiu de paraquedas na obra, e muitos já solidificaram suas carreiras por meio das investigações e da dedicação que destinam a este tema em suas universidades. O leitor pode estar certo de que tem em mãos um retrato abrangente dos principais grupos e pesquisadores contemporâ- neos que tratam do futebol na universidade brasileira, nem que, para isso, tivéssemos que recorrer a um estrangeiro, mas que mantém pre- sença constante nos eventos e congressos acadêmicos em nosso país. A lamentar temos apenas a ausência de alguns poucos atletas, que não puderam atender ao chamado, ora porque estavam sobremaneira ata- refados, ora porque entregues “ao departamento médico” durante os meses em que este livro foi composto. 9 Ainda que estejamos não muito distantes dos acontecimentos da Copa de 2014, penso que a massa crítica aqui presente cumpre positi- vamente o princípio basilar da pesquisa acadêmica: reunir ou inves- tigar informações sobre um determinado assunto com a intenção de compreendê-lo melhor a partir de variados aspectos. Esta obra rea- liza tal tarefa por meio de leituras diferentes, por vezes contrastantes e opostas, mas sempre com a riqueza do olhar e com a graça da po- lifonia. E não seria demais afirmar que, se estivessem em campo, os artigos cá reunidos jamais perderiam por 7 x 1, qualquer que fosse o adversário! Por último, cabem alguns agradecimentos: aos autores, inicial- mente, pela gentileza em aceitar a convocação e por retribuírem a ela com sua contumaz habilidade crítica; ao GECEF (Grupo de Pesquisa e Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol), por meio do qual a obra pôde ser pautada e organizada; ao Departamento de Ciências Hu- manas da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP/ Campus de Bauru, pelo auxílio e financiamento de sua publicação; ao Grupo de Pesquisa em Comunicação e Esporte da Intercom, pela parceria no agendamento das discussões que culminaram com o lan- çamento deste projeto; e às Edições Ludens, pela colaboração na reta final com a edição dos materiais.
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