1 CIDADE DE DEUS E CIDADE DOS HOMENS Pós-Modernidade

1 CIDADE DE DEUS E CIDADE DOS HOMENS Pós-Modernidade

CIDADE DE DEUS E CIDADE DOS HOMENS pós-modernidade, exclusão social e novas tecnologias na produção audiovisual brasileira Por Luiza Cristina Lusvarghi Tese apresentada à Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Ciências da Comunicação, na Área de Estudos dos Meios e da Produção Mediática. Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Santoro São Paulo 2007 1 LUIZA CRISTINA LUSVARGHI CIDADE DE DEUS E CIDADE DOS HOMENS pós-modernidade , exclusão social e novas tecnologias, na produção audiovisual brasileira Tese apresentada à Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, para obtenção da qualificação de doutorado em Ciências da Comunicação Área de Concentração: Estudo dos Meios e da Produção Mediática Linha de Pesquisa: Comunicação Impressa e Audiovisual Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Santoro São Paulo, fevereiro/2007 2 Termos de Aprovação Nome da Autora: Luiza Cristina Lusvarghi Título: CIDADE DE DEUS E CIDADE DOS HOMENS pós-modernidade, exclusão social e novas tecnologias, na produção audiovisual brasileira Tese de Doutorado. Presidente da Banca: prof. Dr. Luiz Fernando Santoro Banca Examinadora: ________________________________ Prof. Dr. Marcos César de Paula Soares FFCLH USP ________________________________ Profª Dra. Maria Dora Genis Mourão ECA USP _________________________________ Dr. João Batista de Andrade Especialista _________________________________ Profª Dra. Anita Simis UNESP Aprovada em : _______/______/________ 3 AUTORIZAÇÃO Autorizo a divulgação do texto completo em bases de dados especializadas, bem como a reprodução total ou parcial, por processos fotocopiadores, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos. Assinatura: ___________________________ Luiza Cristina Lusvarghi São Paulo, 6 de fevereiro de 2007. 4 AUTORIZAÇÃO Eu, Luiza Cristina Lusvarghi, nacionalidade brasileira, jornalista, residente e domiciliada em São Paulo, Estado de São Paulo, na Rua Cristiiano Viana, 455, apto 93, portadora do documento de identidade 7.772.245-0. da SSP SP, inscrito no Caddastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda sob o nº 945.685.378- 00, na qualidade de titular dos direitos morais e patrimoniais de autor que recaem sobre minha tese, intitulada “Cidade dos Deus e Cidade dos Homens, pós- modernidade, exclusão social e novas tecnologias na produção audiovisual brasileira”, com fundamento nas disposições da Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, autorizo a Universidade de São Paulo a: a) Por meios eletrônicos, reproduzi-la, em particular mediante cópia digital, apenas para armazená-la permanentemente na biblioteca digital de teses e dissertações da Universidade de São Paulo. b) Colocá-la ao alcance do público por meios eletrônicos, em particular mediante acesso online pela web; c) Permitir a quem a ela tiver acesso, por meios eletrônicos, em particular pela Internet, que a reproduza, dela extraindo cópia, gratuita ou onerosamente, a critério da Universidade de São Paulo, a receita líquida, ou seja, o resultado da subtração em que minuendo é a quantia a ser paga. Se onerosamente, repartir-se-á, meio por meio, entre mim e a Universidade de São Paulo, a receita líquida, ou seja, o resultado da subtração em que minuendo é a quantia paga por quem extrair a cópia, e subtraendo são as despesas de manutenção da biblioteca digital, na proporção da parte representada pela minha obra, São Paulo, 6 de fevereiro de 2007. _____________________________ Luiza Cristina Lusvarghi [email protected] ECA USP Cidade Universitária Campus Armando de Salles Oliveira 5 Epígrafe “O que vale é liberdade pra poder consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia.” (Dido, o sequestrador interpretado por Lázaro Ramos em “Quanto vale ou é por quilo”) 6 Dedicatória À Irmã Ruth, que me deu o primeiro cinema, in memorian. Ao meu fillho Iuri e a todos que vieram ao mundo na década de 90. 7 Agradecimentos Aline Arruda, Ângelo Masson, Antonio Leal, Assunção Hernandez, César Garcia Lima, Edson Cavalcante, Eduardo Benaim, Fátima Taranto, Flávia Arruda Miranda, Gisele Sayeg, Luciana Rangel, Luciano Maluly, Marçal Aquino, Marcus Vinícius das Neves, Maria do Rosário Caetano, Paulo César Bontempi, Talvani Lange, Terezinha de Jesus Vicente Ferreira, Valéria Guimarães. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1. O ator Phellipe Haagensen, no papel de Benê, em “Cidade de Deus”. Imagem: César Charlone. Capa. 2. O ator Lázaro Ramos como Dido em “Quanto Vale ou é por quilo?”, imagem: Divulgação. Disponível em www.quantovaleoueporquilo.com.br Epígrafe. 3. Cena de Dadinho (Douglas Silva) e Benê (Michel de Souza) em “Cidade de Deus”. Imagens: César Charlone. ”, pág.7. 4. Cena de Seu Jorge, em “Cidade de Deus”, como Mane Galinha, à esquerda (César Charlone), e à direita, Fernanda Montenegro como Dora, em “Central do Brasil”. Imagens: Divulgação. Pág. 8 5. Imagem: Ralph Fiennes e Rachel Weisz, Oscar 2006 de Melhor Atriz Coadjuvante em “O Jardineiro Fiel”. Fonte: Divulgação. Pág. 27 6. Acima: O ator Douglas Silva, o Dadinho, em “Cidade de Deus”. Imagem: César Charlone. Abaixo, Cena de “Rio 40 Graus”, Imagem: Divulgação. Pág.49. 7. À esquerda, “Carandiru” o filme (Marlene Bérgamo), com Rodrigo Santoro (Lady Di) e Camilo Gero (Sem chance), e à direita, acima, cena de “Indulto de Natal”, de Carandiru Outras Estórias (Divulgação), com Aílton Graça, o Majestade. Pág. 74. 8. A atriz Leona Cavalli em “Contra Todos”. Fonte: Divulgação. Disponível em www.contratodos.com.br pág. 79. 9. Nós do Morro. Disponível em www.nosdomorro.org.br pág. 89; 10. Cena de “Ônibus 174”. Divulgação. Pág. 92 11. Imagens: Filmagens de cena inicial de “O Invasor” com o diretor Beto Brant e os atores Marco Rica e Alexandre Borges. Fonte: Divulgação/www.oinvasor.com.br Pág. 107. 12. Imagens: “Quanto vale ou é por quilo”? Fonte: Divulgação/www.quantovaleoueporquilo.com.br Pág. 122. 13. Imagens: à esquerda, Marcos Palmeira como Mandrake, e à direita, Jece Valadão, em seu último papel, o do bicheiro de “Filhos do Carnaval”. Fontes: Divulgação. Pág. 131 14. Imagem: a diretora Kátia Lund entre os atores de João e Bilu, no episódio de “Crianças Invisíveis” (2006). Fonte: Divulgação. Pág. 136. 15. Imagens: cenas do filme Antonia, com as quatro integrantes do grupo, e à direita, Negra Li com a pequena Natalie Cris no papel de Emília. Pág. 160. 9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES Ancinav – Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual Ancine – Agência Nacional de Cinema ARTV – Associação Brasileira de Roteiristas Profissionais de Tevê, cinema e outros meios de comunicação http://www.artv.art.br/ http://www.artv.art.br/ ARTV – Associação dos Roteiristas de Cinema e Televisão Autores de Cinema – Associação Brasileira de Roteiristas de Cinema. CAIC (Comissão de Auxílio à Indústria Cinematográfica), CDD – Cidade de Deus CDH - Cidade dos Homens CPC – Centros Populares de Cultura DV – Digital Vídeo Embrafilme – Empresa Brasileira de Filmes S/A Funcine – Fundo Nacional de Cinema GEIC (Grupo de Estudos da Indústria Cinematográfica GEICINE- Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica INC (Instituto Nacional de Cinema) Ministério da Educação (MEC), ONG – Organização não-governamental. PCC – Primeiro Comando da Capital SBT – Sistema Brasileiro de Televisão Stand-up - Gravação, pelo repórter, no local do acontecimento para transmitir informações do fato a que ele não teve acesso. É usado quando a notícia que o repórter tem que dar é tão importante que, mesmo sem imagem, vale a pena. UNE – União Nacional dos Estudantes. WGA – Writers Guild of América (Associação de Roteiristas Americanos) 10 RESUMO O sucesso internacional do filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, que recebeu quatro indicações ao Oscar em 2004, e a polêmica gerada por esse fato, no Brasil, sobre questões de identidade cultural, e de representação das camadas populares no cinema e na televisão, suscitou a importância de um olhar mais aprofundado sobre a retomada da produção, no Brasil, na década de 90, sob a pós-modernidade e seus desdobramentos. O projeto envolvendo “Cidade de Deus” incluiu, ainda, um seriado na televisão, “Cidade dos Homens”, levando a periferia brasileira às telas de tevê. pela mão dos cineastas, em uma parceria com o maior grupo de mídia do País, a Rede Globo, e grupos internacionais, como a Miramax (Disney), através de leis de renúncia fiscal, de uma forma que jamais havia acontecido antes. O objetivo desta análise é avaliar as conseqüências desse processo para a produção cinematográfica brasileira atual, e o seu papel na pós- modernidade. As novas tecnologias de pós-produção exercem um papel importante na colocação dessa filmografia no mercado internacional, barateando os custos de uma produção e, ao mesmo tempo, criando novos conceitos de verossimilhança. 11 ABSTRACT The international success of Fernando Meirelles’s movie Cidade de Deus (City of God), which received four nominations for the Oscar in 2004, and the polemic generated by this fact in Brazil – about matters of cultural identity and representation of the lower class on movies and television – have raised the importance of a deeper look at the restart of movie production in Brazil in the ‘90s under postmodernism and its developments. The project involving City of God has also included a television series, City of Men , taking the Brazilian lower class to television screens with the hands of filmmakers in a partnership with the country’s largest media group, Globo Network, and international groups such as Miramax (Disney) through tax waiving laws in a way never seen before. The aim of this analysis is to evaluate the consequences of this process to current Brazilian movie production and its role within postmodernism. The new postproduction technologies play an important role in placing this kind of filmography in the international market, cheapening production costs and, at the same time, creating new concepts of verisimilitude. 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO Pág. 01 2. CIDADE DE DEUS E PÓS-MODERNIDADE NO BRASIL Pág. 08 3 O POPULAR COMO FATOR DE IDENTIDADE: DE RIO 40 Pág. 49 GRAUS A CDD 4 A TECNOLOGIA DIGITAL E O REAL: A EDIÇÃO COMO Pág. 89 ARTICULADORA DO DISCURSO 5 O ESPAÇO AUTORAL NO CINEMA E NA TELEVISÃO Pág.

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