![De Olho No Big Brother Brasil: a Performance Mediada Pela Tv](https://data.docslib.org/img/3a60ab92a6e30910dab9bd827208bcff-1.webp)
Joana de Almeida Meniconi DE OLHO NO BIG BROTHER BRASIL: A PERFORMANCE MEDIADA PELA TV Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFMG, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Comunicação Social Área de concentração: Comunicação e Sociabilidade Contemporânea Linha de Pesquisa: Comunicação e Práticas Sociais Orientadora: Profa. Dra. Vera Regina Veiga França Belo Horizonte Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG Junho, 2005 AGRADECIMENTOS: Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais que, além de todo o apoio emocional e financeiro, ensinaram-me a assistir à televisão. Aos meus irmãos, pela boa companhia que me fazem – Tadeu, que por diversas vezes serviu como “ponte” entre mim e minha orientadora, e Pedro, por ser tão apaixonado por televisão quanto eu, acompanhando-me em boa parte da tarefa de decupagem das fitas. À minha madrinha, vó Léa, que, mesmo sem saber direito em que me formei e o que exatamente estudava, sempre pediu a bênção divina para que meus objetivos se realizassem. Ao Guilherme, por ter começado a fazer parte de minha vida no meio desta empreitada; obrigado pelo amor, carinho e companheirismo, e, sobretudo, pela ajuda na revisão gramatical deste trabalho. Aos queridos colegas de mestrado, companheiros desse período de vida, por vezes difícil; obrigado pelas terapias grupais, pelas leituras críticas e sugestões, pelas conversas esclarecedoras e pelas festas. Em especial, agradeço àqueles que conviveram de modo mais próximo com o desenvolvimento deste projeto. Nelma e Renata, pelo empréstimo de livros que fazem parte desta bibliografia. Rachel, pela amizade sempre presente e pelo bate-papo descompromissado. E Frederico, por haver sabido nos representar tão bem no momento em que foi preciso. Aos meus amigos, que compreenderam a minha ausência no período final de escritura desta dissertação. À velha amiga Letícia, que foi incansável na tentativa de conseguir a autorização de cópia de alguns dos programas de meu corpus inicial junto à Rede Globo, emissora que, mesmo diante de nossos inúmeros pedidos e justificativas, não nos concedeu tal permissão. Ao amigo Ricardo, que na hora da correria final da diagramação deste trabalho, responsabilizou-se pela criação e produção de sua capa. Às amigas da “Nata”, pela presença sempre constante na minha vida e pelo apoio e confiança que sempre depositaram em mim. Agradeço aos ex-colegas da graduação e adjacentes pelos questionamentos instigantes a respeito de meu projeto de pesquisa. À equipe do multimídia, que teve paciência de esperar o término deste projeto. Galera do Promove, obrigado pelos encontros cada vez mais esparsos, mas nem por isso menos prazerosos. A todos os amigos fortuitos da noite belorizontina, que, sem perceberem, me ajudavam a desopilar a mente com adoráveis conversas nonsense . Por fim, mas não menos, agradeço aos professores do curso de mestrado oferecido pelo programa de pós-graduação em Comunicação Social da UFMG que, nestes últimos dois anos, fizeram-me compreender melhor o campo comunicacional e sua abordagem, transformando-me em uma profissional mais madura. Em especial à Vera, sem a qual a realização desta pesquisa não seria possível. Vera, você foi mais do que uma boa orientadora, portando-se, muitas vezes, como uma mãe: compreensiva e acolhedora na maior parte do tempo, porém exigente quando necessário. Ao CNPq, por financiar parte deste trabalho, concedendo-me uma bolsa de apoio a estudantes de mestrado por quase um ano, o que me possibilitou dedicar-me somente à minha pesquisa em sua etapa final. RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo principal observar o modo pelo qual os participantes de um programa de reality show constroem e performam personagens de si mesmos, guiando suas ações para as câmeras televisivas e, conseqüentemente, para um público com o qual não estabelecem um contato direto. Para tentarmos responder ao problema proposto, foi preciso, inicialmente, discutir alguns conceitos e noções que despontaram como fundamentais para a construção de nossa análise empírica, como televisão, mediação e representações sociais. Olhamos para a televisão como o espaço privilegiado para se observar a dinâmica das representações sociais. É justamente a recorrência de algumas representações nos programas televisivos que nos permite classifica-los em determinados gêneros e formatos. Neste contexto, tomamos o reality show como um gênero televisivo próprio e Big Brother Brasil , o exemplo por nós escolhido, como um de seus formatos. Talvez tal programa seja o que melhor evidencie o problema das performances encenadas para as câmeras. Os participantes de programas como BBB, para serem bem sucedidos em suas auto-encenações, têm que trabalhar, concomitantemente, com pelo menos três tipos de enquadramentos interacionais: as interações com os demais participantes, marcadas pelo confinamento e pelo jogo proposto pelo formato; as interações com os produtores e o apresentador; e, as interações com público, mediadas pelas câmeras. Depois de mapearmos esses enquadramentos, pudemos configurar nosso corpus analítico: foram selecionados treze episódios da terceira versão de BBB, em que observamos com maior atenção o desempenho da performance de seis participantes específicos. Palavras-chaves: reality show , performance, mediação, interação. ABSTRACT: The present work has, as its main objective, the observation of the way through which the participants of a reality show create characters for themselves and perform them to the cameras, thus reaching a wider audience with whom they do not establish direct contact. In order to draw reasonable conclusions from the proposed object, we discussed some concepts and notions that turned out to be fundamental to the empiric analysis undertaken, such as television , mediation and social representations . We tried to understand television as a privileged arena to observe the dynamics of social representations and came to the conclusion that the genres and formats of television shows can be classified through the reoccurance of certain representational patterns. Therefore, we used the notion of reality show as a television genre in itself and Big Brother Brasil as the format chosen, since the show seemed to be the one that best portrayed, at the time, the performances directed to the cameras. The participants of television shows like BBB , in order to succeed in their auto-performances, have to work with at least three types of interaction: those with the other participants, strongly influenced by the confinement and by the game proposed; those with the producers and the show host and, finally; those with the audience, mediated by the cameras. Once we put these three types of interactions in a proper scheme, we could establish our analytic corpus: thirteen episodes from the third season of BBB in which we watched more closely the participants, their performances and the effectiveness of the performances of six specific participants. Keywords: reality show, social representation, mediation, interaction. SUMÁRIO: INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 08 1. HISTÓRICO DO REALITY SHOW .................................................................... 11 2. TV: INDÚSTRIA, PODER E LINGUAGEM .................................................... 19 2.1. Os meios de comunicação de massa e as práticas de poder ............................ 19 2.2. A linguagem da TV e a especificidade do meio técnico ................................... 28 3. RELAÇÕES, REPRESENTAÇÕES E MEDIAÇÕES TELEVISIVAS ........... 35 4. O MODELO DO REALITY SHOW : A PRIMAZIA DA PERFORMANCE ... 46 4.1. Gêneros e formatos televisivos ........................................................................... 46 4.2. Erving Goffman e o estudo sistemático das interações cotidianas ................. 54 4.2.1. Frame Analysis : o re-enquadramento das interações ......................................... 62 5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................ 70 6. BIG-BROTHERS EM CENA ................................................................................ 78 6.1. Samantha, “a carioca de pavio curto” .............................................................. 78 6.2. Paulo, “o sedutor de meia-idade” ...................................................................... 85 6.3. Jean, “o estrategista” .......................................................................................... 91 6.4. Viviane, “a perua” ............................................................................................... 103 6.5. Elane, “a professorinha do interior” ................................................................. 115 6.6. Dhomini, “o rei do ao vivo” ................................................................................ 130 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 154 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 160 8 INTRODUÇÃO: As primeiras inquietações que motivaram o presente trabalho surgiram quando o cenário da produção televisiva nacional começou a veicular, em horário nobre, programas que, por apresentar alguns recursos técnicos que conferiam a situações reais traços ficcionais, eram chamados de reality show . A televisão brasileira não era a responsável por essa inovação na linguagem televisiva; ela apenas incorporava uma tendência que podia ser observada
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