Diferenciação Polínica De Butia, Euterpe, Geonoma, Syagrus E Thritrinax E Implicações Paleoecológicas De Arecaceae Para O Rio Grande Do Sul

Diferenciação Polínica De Butia, Euterpe, Geonoma, Syagrus E Thritrinax E Implicações Paleoecológicas De Arecaceae Para O Rio Grande Do Sul

Diferenciação polínica de Butia, Euterpe, Genoma, Syagrus e Thritrinax ... 35 Diferenciação polínica de Butia, Euterpe, Geonoma, Syagrus e Thritrinax e implicações paleoecológicas de Arecaceae para o Rio Grande do Sul. Soraia Girardi Bauermann, Andréia Cardoso Pacheco Evaldt, Janaína Rosana Zanchin & Sergio Augusto de Loreto Bordignon Universidade Luterana do Brasil – Laboratório de Palinologia, Av. Farroupilha, 8001. Caixa Postal, 124, CEP. 92425-900, Canoas, RS, Brasil. [email protected] Recebido em 08.VI.2009. Aceito em 03.V.2010 RESUMO – As Arecaceae ou “palmeiras”, como são popularmente conhecidas, compreendem 207 gêneros e 2.675 espécies. Pouco é conhecido sobre sua história paleoecológica no extremo sul do Brasil, principalmente devido à difi culdade de separação das espécies no registro polínico. Para o Estado, é citada a ocorrência de 11 espécies, sendo que 9 são apresentadas neste trabalho contribuindo assim com dados inéditos desta família para o Rio Grande do Sul. A preparação dos grãos de pólen para posterior análise foi realizada através de acetólise. Fez-se descrição polínica dos grãos de pólen de Arecaceae baseado em seus atributos quanti e qualitativos. A análise morfológica das espécies mostrou grãos de pólen estenopolínicos, porém apresentando diferenças em relação ao tamanho e ornamentação, possibilitando o estabelecimento de quatro tipos polínicos. Através dos dados de distribuição e hábitat das espécies foi possível estabelecer correlação entre os tipos polínicos e o ambiente onde as plantas se desenvolvem. Palavras-chave: grãos de pólen, Palmae, morfologia polínica, Arecales. ABSTRACT – Pollen Difference in Butia, Euterpe, Geonoma, Syagrus and Thritrinax and paleoecological implications of Arecaceae for Rio Grande do Sul. The Arecaceae or “palm”, as they are popularly known, comprises 207 genera and 2675 species. Little is known about their paleoecological history in southern Brazil, mainly due to the diffi culty of separating species in the pollen record. Eleven species are cited for the State, of which nine are presented in this study, contributing with unpublished data of this family for Rio Grande do Sul. The preparation of pollen grains for subsequent analysis was performed by acetolysis. Pollinic descriptions of pollen grains of Arecaceae were based on their quantitative and qualitative attributes. The analysis of pollen grains of species showed similar stenopalynous but differences in the ornamentation and size, allowing the establishment of four pollen types. Using data from distribution and habitat, it was possible to make a correlation between pollen type and the environment where the plants grow. Key words: pollen grains, Palm, pollen morphology, Arecales INTRODUÇÃO São citadas onze espécies de palmeiras nativas no Rio Grande do Sul (Reitz, 1974; Sobral et al., 2006), A família Arecaceae está constituída por 207 distribuídas em várias formações vegetacionais do gêneros e 2.675 espécies (Muñoz & Moreira, 2000) Estado. Algumas espécies têm um importante papel distribuídas por todo o mundo, predominando em nas fl orestas tropicais da América do Sul devido a áreas úmidas das regiões tropicais e subtropicais sua abundância, diversidade, ampla dispersão e uso em ambos os trópicos. Devido ao conjunto de suas regional das espécies (Roncal et al., 2005). características botânicas, constituem grupo vegetal Em nível microscópico, esta diversidade é muito peculiar, além de possuírem grande valor encontrada também na morfologia polínica por vários ornamental, econômico e nutricional. autores como, Sowunmi (1968, 1972), Thanikaimoni IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 65, n. 1, p. 35-46, junho 2010 36 BAUERMANN, S. G.; EVALDT. A. C. P.; ZANCHIN, J. R.; BORDIGNON, S. A. DE (1970), Dransfi eld, Ferguson & Uhl (1990), Ferguson ou triporados, ornamentação perfurada, escabrada, & Harley (1993), Harley (1990, 1999a, 1999b), equinada, verrucada, pilada, baculada ou fi namente Harley & Baker (2001), Harley & Dransfi eld (2003) reticulada. e Rodriguez (2003). Para o Brasil, estudos de grãos Registros polínicos da família Arecaceae são de pólen da família Arecaceae estão relacionados, freqüentes no Quaternário do Estado (Fig. 1), sobretudo, a melissopalinologia, alergologia e mais entretanto todas as espécies estão vinculadas a um raramente a palinotaxonomia (Barth & Barbosa, único tipo polínico nominado de tipo Palmae ou 1971; Salgado-Labouriau, 1973; Barth, 1989; Barth mais recentemente Arecaceae. Trata-se de uma et al., 1976, 1999; Moretti et al., 2000; Aires & família com estratégia de polinização entomófi la e Freitas, 2001; Chaves, 2006, Ramalho et al., 2007). tem sua área de dispersão em 20-40 m de distância Os estudos polínicos realizados por esses autores (Bush & Rivera 1998). Seu registro polínico nos revelaram o caráter euripolínico da família com sedimentos varia de 0.6-2% no Pleistoceno a 2-20% grãos de pólen variando de monossulcados, em sua no Holoceno e sua presença indica início e/ou maioria, a tricotomossulcados, porados, diporados instalação de formação fl orestal. Fig. 1. Distribuição geográfi ca dos sítios palinológicos com datação radiocarbônica e registros de grãos de pólen de Palmae/Arecaceae ao longo do Pleistoceno e/ou Holoceno no Rio Grande do Sul. AS, Aparados da Serra (Roth & Lorscheitter, 1993); TA, Terra de Areia (Neves & Lorscheitter, 1995); CP, Capão do Leão (Neves, 1998); GB, Guaíba (Neves, 1998); LP, Laguna dos Patos (Medeanic et al., 2001); SP, São Francisco de Paula (Behling et al., 2001); AC, Águas Claras (Bauermann, 2003); BC, Barrocadas (Bauermann, 2003); CS, Cambará do Sul (Behling et al., 2004); SA, São Francisco de Assis (Behling et al., 2005); PA, Passinhos (Macedo et al., 2007); MS, Morro Santana (Behling et al., 2007); SV, Serra Velha (Grala & Lorscheistter, 2001); SS, São Martinho da Serra (Bauermann et al., 2008). IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 65, n. 1, p. 35-46, junho 2010 Diferenciação polínica de Butia, Euterpe, Genoma, Syagrus e Thritrinax ... 37 Assim, embora a importância de Arecaeae, com representantes ocorrendo em várias formações vegetacionais do Rio Grande do Sul, seus registros polínicos são sempre identifi cados em nível taxonômico de família devido à similaridade dos grãos de pólen. Fez-se análises polínicas das espécies de palmeiras ocorrentes no Estado, com intuito de identifi car grãos de pólen de Arecaceae em nível de gênero e/ou espécie. Com base nos atributos Fig. 2A-B. Ilustração esquemática dos parâmetros medidos para morfométricos buscou-se relacionar os diferentes caracterização dos grãos de pólen. DP = diâmetro polar, DEM = grãos de pólen com os variados habitates tendo diâmetro equatorial maior, DEm = diâmetro equatorial menor e em vista a importância da família para estudos de a área sombreada representa a abertura do tipo sulcada. A = vista reconstituição ambiental e arqueológica. equatorial; B = vista polar. RESULTADOS MATERIAL E MÉTODOS As descrições polínicas detalhadas das espécies Para obtenção do pólen, foram coletadas amostras bem como suas caracterização botânica, distribuição das exsicatas férteis disponíveis nos herbários ICN, geográfi ca e material examinado são apresentadas HERULBRA, HAS e PACA, totalizando nove abaixo. diferentes espécies. Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. e o híbrido Butyagrus x nabonnandii Butia capitata Beccari, Agric. Colon., 10: 492, (Prosch.) Vorster não apresentaram material polínico 507. 1916. e, portanto, foram excluídas das análises. Sempre que possível foram coletadas mais (Fig. 3A) de uma amostra da mesma espécie. Para o Nomes populares: butiá-da-praia, butiá. processamento químico das amostras foi utilizado Descrição polínica: grãos de pólen de tamanho o método acetolítico conforme Erdtman (1952). As médio à grande, bilateralmente simétricos, observações polínicas foram feitas em microscópio suboblatos, âmbito piriforme, monossulcados. Exina µ óptico LEICA DMLB e as mensurações realizadas com aproximadamente 2 m, microrreticulada, no máximo uma semana após a acetólise (Salgado- sexina e nexina de mesma espessura. Labouriau, 1973). As imagens fotomicrográfi cas Descrição botânica: caule solitário, ereto ou foram realizadas em câmara digital Nikon E8400. levemente inclinado, ocasionalmente subterrâneo, As lâminas permanentes encontram-se depositadas folhas pinadas, arqueadas em número de 11 a 20 na palinoteca do Laboratório de Palinologia da (Lorenzi et. al., 2004). Ulbra. Hábitat: solos arenosos e rochosos bem como Foram medidos 25 grãos de pólen em vista nas dunas fi xas, formam muitas vezes, pequenos polar, para determinação dos diâmetros equatorial agrupamentos chamados de butiazais ou butiatubas maior (DEM) e menor (DEm). Devido à conhecida (Reitz, 1974). tendência que os grãos de pólen da família Arecaceae Distribuição geográfi ca: Uruguai e Brasil, da Bahia têm de cair em vista polar foram mensurados 10 grãos ao Rio Grande do Sul onde ocorre no Litoral, na de pólen em vista equatorial para a determinação Depressão Central e na metade sul do Estado (Sobral do diâmetro polar (DP) (Fig. 2). Fez-se descrição et. al., 2006). polínica dos grãos de pólen baseada em seus atributos Material examinado: BRASIL, Rio Grande do Sul, Osório, J. quali e quantitativos que foram descritos seguindo L. Waechter 2144 (ICN 64666). Barth & Melhem (1988) e Punt et al. (2007). As análises estatísticas e de correlação linear simples Butia eriospatha Beccari, Agric. Colon., 10: foram realizadas no programa SPSS (Statistical 492, 496. 1916. Package for the Social Sciences). (Fig. 3B) Nome popular: butiá-da-serra.

View Full Text

Details

  • File Type
    pdf
  • Upload Time
    -
  • Content Languages
    English
  • Upload User
    Anonymous/Not logged-in
  • File Pages
    12 Page
  • File Size
    -

Download

Channel Download Status
Express Download Enable

Copyright

We respect the copyrights and intellectual property rights of all users. All uploaded documents are either original works of the uploader or authorized works of the rightful owners.

  • Not to be reproduced or distributed without explicit permission.
  • Not used for commercial purposes outside of approved use cases.
  • Not used to infringe on the rights of the original creators.
  • If you believe any content infringes your copyright, please contact us immediately.

Support

For help with questions, suggestions, or problems, please contact us