Tese 43 Tudo Isso É

Tese 43 Tudo Isso É

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO TIAGO JOSÉ LEMOS MONTEIRO TUDO ISTO É POP Portugalidades musicais contemporâneas entre a ‘tradição’ e a ‘modernidade’ Niterói – RJ 2012 TIAGO JOSÉ LEMOS MONTEIRO TUDO ISTO É POP Portugalidades musicais contemporâneas entre a „tradição‟ e a „modernidade‟ Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Doutor. Orientadora: Profª. Dra. Simone Pereira de Sá Niterói – RJ 2012 TIAGO JOSÉ LEMOS MONTEIRO TUDO ISTO É POP Portugalidades musicais contemporâneas entre a „tradição‟ e a „modernidade‟ Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Doutor. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Prof. Dra. Simone Maria Andrade Pereira de Sá – Orientadora Universidade Federal Fluminense ____________________________________________________________________ Prof. Dra. Eneida Leal Cunha Pontifícia Universidade Católica - RJ ____________________________________________________________________ Prof. Dra. Liv Rebecca Sovik Universidade Federal do Rio de Janeiro ____________________________________________________________________ Prof. Dra. Ana Lucia Silva Enne Universidade Federal Fluminense ___________________________________________________________________ Prof. Dr. Marildo José Nercolini Universidade Federal Fluminense Niterói – RJ 2012 À memória de José, Bernardino, Arminda e Augusto. Aos que vieram, aos que (se) foram, aos que ainda estão para chegar e àqueles que, um dia, também farão o caminho de volta. À Flávia, meu pilar. AGRADECIMENTOS À Mãe, pelos discos do Carlos do Carmo que primeiro reneguei e depois surrupiei. À Simone, pela generosidade. À Prof. Isabel Ferin Cunha, pela acolhida (aqui e Além-Mar). À Claudia Góes, pelo teto (e por aquela cachupa clandestina em Santos). À Alexandra, a melhor senhoria do planeta, pela cozinha com vista para o Tejo. Ao Henrique Amaro, ao Pedro Moreira Dias e à Vera Marmelo, pelo tempo dispendido às minhas questões sobre música portuguesa (e pelo imenso amor que devotam a ela). À Família Flor Caveira, especialmente ao Paulo Ribeiro e ao Samuel Úria, por enriquecerem a minha discoteca. Aos Amigos que suportaram as distâncias ou que entraram na minha vida justamente em virtude delas. Aos encontros, sempre. EPÍGRAFE Por sal nas minhas feridas E acordes nos meus brados Derramar mel nas saudades Verter choros sincopados Panos quentes nos meus verbos Não se esfrie a Fé que tenho Se isto fosse fácil eu não o fazia Se fosse difícil eu nem lhe tocava Ser bom na perspectiva Ter um disco falhado Fazer contas à vida Prestar contas ao fado Estar devido à deriva Estar beirão no Chiado Dar graças por dormir tão pouco E tão descansado Vira o disco e é sempre em frente Segue o disco, é sempre em frente (“Nem lhe tocava”, Samuel Úria) RESUMO Esta tese tem por objetivo geral efetuar uma análise do panorama pop português contemporâneo a partir das articulações entre formas tradicionais e quadros de modernidade na conformação de múltiplas portugalidades musicais em tempos de globalização, mediante uma investigação multiperspectivística das matrizes culturais e identitárias que atravessam a produção musical lusa do último decênio. Um primeiro objetivo específico é o de cartografar quais mapas de significância estão norteando o universo pop/rock luso contemporâneo, levando-se em consideração o caráter recente de determinados processos vivenciados pela sociedade portuguesa, como a entrada na União Europeia, a adoção do euro, a intensificação dos fluxos migratórios (muitos deles, decorrentes da dissolução do aparato colonial) e o reordenamento das relações e trocas simbólicas que Portugal mantém com diversos contextos nacionais. Um segundo objetivo específico consiste em verificar em que medida tais processos afetam os modos pelos quais a própria idéia de música portuguesa, aqui percebida como uma narrativa instável e em constante reescritura, passa a incorporar um sentido de portugalidade múltiplo, que passa, por um lado, pela apropriação de matrizes a priori externas àquele contexto, e por outro pelo reprocessamento de formatos constituintes daquilo que nomeio como patrimônio midiático luso, relação esta que o distanciamento em relação a circunstâncias históricas como as quase cinco décadas de salazarismo e os anos posteriores à Revolução em alguma medida vêm tensionando. Por último, interessa-me explorar o lugar que as relações simbólicas e as trocas culturais entre Portugal e Brasil ocupam nesta nova dinâmica, a partir de uma perspectiva que questiona o discurso senso comum da inversão dos fluxos ou da substituição de hegemonias. Proponho, como hipótese de pesquisa, que certas características do momento contemporâneo (como, por exemplo, a intensa circulação tanto de pessoas, na condição de migrantes ou turistas, quanto de informações pelas redes digitais) favorecem a adoção, pelo universo musical massivo e midiático luso, de uma postura reflexiva em relação à sua própria genealogia e aos principais nomes, gêneros, formatos e discursos que o constituíram ao longo dos últimos cinqüenta anos. Questiono, ainda, se a própria concepção de música portuguesa que fundamenta esta tese não seria, por si só, bastante problemática, a partir do momento em que se intensificam as articulações entre matrizes “nacionais” e outras matrizes da ordem do pop global. Palavras-chave: música portuguesa; relações Brasil-Portugal; identidades culturais; tradição e modernidade; música e mídia. ABSTRACT This thesis aims to analyze the contemporary portuguese popular music scene from the perspective of the links between traditional forms and modernity frames. It‟ll be achieved through an investigation of the cultural and identity matrices that cross the last decade of portuguese musical production and constitute multiple musical portugalities in the context of the globalization process. My first specific goal is to identify which mattering maps guide the making of the contemporary portuguese pop/rock scene, taking into account some recent processes by which Portugal has been passing through, such as its admission in the European Union, the growing of diasporic flows (many of them as a consequence of the dissolution of the colonial structure) and the reordering of symbolical relations and exchanges that Portugal establishes with several national contexts. My second specific goal is to verify if these circumstances affect the very idea of portuguese music, an unstable and constantly rewrittten discourse in itself: first of all, due to the fact that these portugalities become multiple by the assimilation of musical matrices not usually conceived as a synonymous of portuguese music, and then by the ressignification, especially after the April 25th Revolution, of forms and genres that constitute some kind of a portuguese mediatic heritage and whose relevance has been overlooked due to the uses that the Salazarist dictatorial governmet made of these items. Finally, I‟m interested in exploring the place occupied by the symbolic and cultural exchanges between Portugal and Brazil in this new scenary, far beyond the common sense point of view which presumes that has occurred a simple inversion of cultural power. As a research hypothesis, I propose that the increasing circulation of people in a global scale (whether migrants or tourists) and of information through digital networks makes possible the adoption of a self-reflexive perspective in relation to five decades of portuguese popular music, its history, forms, genres and most expressive names. Therefore, I question if still makes sense to talk about “portuguese music” as a uniform category, due to the articulation of these national and global musical matrices. Keywords: portuguese music; Brazil-Portugal relations; cultural identities; tradition and modernity; music and media. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Fig. 1 Capa do LP A volta do Fabuloso Francisco José (Philips, 1968), coleção particular, f. 60 Fig. 2 Exemplo de coletânea nacional-cançonetista: O melhor do fado (Cid, s/a), coleção particular, f. 64 Fig. 3 Capa e contracapa do LP Portugal com amor: 40 sucessos inesquecíveis (Som Livre, 1978), coleção particular, f. 65 Fig. 4 Contracapa do LP Roberto Leal Especial – gravado ao vivo no Casino Estoril (RGE, 1984), coleção particular, f. 66 Fig. 5 Contracapa do encarte do álbum Canção ao lado, do Deolinda (Iplay, 2008), disponível em http://www.amalia.fm/2011/01/21/deolinda-lideram-top-de-vendas-em- 2010/, f. 112 Fig. 6 Capa do EP Dona Ligeirinha (FlorCaveira, 2009), coleção particular, f. 124 Fig. 7 Capa do CD Virou! (FlorCaveira, 2009), coleção particular, f. 125 Fig. 8 Capa do EP Tears are coming, dos Sheiks (Parlophone/VC, 1966), disponível em: <http://guedelhudos.blogspot.com/2007/11/conhecem.html>, acesso em: 11 nov. 2011, f. 138 Fig. 9 Capa do CD Twist do contrabando, dos Tornados (Arthouse/VC, 2009), coleção particular, f. 139 Figs. 10, 11 e 12 Três encarnações musicais de José Cid: épico com o Quarteto 1111 (EP de A lenda de El-rei D. Sebastião, Columbia/EMI, 1967); “festivaleiro” com o Green Windows (EP de Twenty years, Decca/VC, 1973); e progressivo em carreira solo (LP 10000 anos depois entre Vénus e Marte, Orfeu/Arnaldo Trindade, 1978). Disponível em: < http://www.josecid.com/>. Acesso em: 11 nov. 2011, f. 140 Figs. 13 e 14 Capa

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