UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO RAFAEL MORAES PABLLO VITTAR VEIO À TONA, FOI K.O.: A CULTURA DRAG NA MÍDIA E NO MERCADO MUSICAL BRASILEIRO Niterói 2019 1 RAFAEL MORAES PABLLO VITTAR VEIO À TONA, FOI K.O.: A CULTURA DRAG NA MÍDIA E NO MERCADO MUSICAL BRASILEIRO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Comunicação. Área de Concentração: Mídia, Cultura e Produção de Sentido. Orientadora: Profª. Drª. Mayka Castellano Niterói 2019 2 3 RAFAEL MORAES PABLLO VITTAR VEIO À TONA, FOI K.O.: A CULTURA DRAG NA MÍDIA E NO MERCADO MUSICAL BRASILEIRO Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Comunicação. Área de Concentração: Mídia, Cultura e Produção de Sentido. Aprovada em agosto de 2019 BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Profª. Drª. Mayka Castellano (Orientadora - UFF) ______________________________________________________ Profª. Drª. Beatriz Polivanov (Universidade Federal Fluminense - UFF) ______________________________________________________ Profº. Drº. Leonardo De Marchi (Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ) Niterói 2019 4 Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Elas são coadjuvantes, não, melhor, figurantes, que nem devia 'tá aqui Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Tanta dor rouba nossa voz, sabe o que resta de nóiz? Alvos passeando por aí Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência É roubar o pouco de bom que vivi Por fim, permita que eu fale, não as minhas cicatrizes Achar que essas mazelas me definem, é o pior dos crimes É dar o troféu pro nosso algoz e fazer nóiz sumir (Pabllo Vittar em AmarELO) 5 RESUMO A pesquisa busca refletir sobre a representação da cultura drag atualmente na mídia brasileira beaseado nos conceitos de queer e cultura pop. Objetiva-se analisar a figura da drag queen sob a ótica do surgimento de uma nova geração de brasileiras na mídia, com ênfase no campo da cultura pop e do mercado musical. Nesse sentido, a cantora e drag queen Pabllo Vittar se configura como objeto dessa pesquisa por sua forte inserção no mainstream. Pretende-se empregar uma observação do ponto de vista da construção de seu trabalho musical, a partir de uma análise de gênero musical, bem como de sua figura midiática, seus ativismos e controvérsias. Palavras-Chave: Pabllo Vittar; Cultura Drag; Mídia; Cultura Pop; Música 6 ABSTRACT The research seeks to reflect the representation of drag culture currently in the Brazilian media based on the concepts of queer and pop culture and the construction of the figure of the drag queens from the emergence of a new generation of drag queens in the media. Focusing on the field of music and the historic relationship with the queer and its adoration for divas within pop culture consumption. In this sense, the singer and drag queen Pabllo Vittar is configured as the object of this research for its strong insertion in the mainstream, its particularities and controversies deriving from its visuality. Keywords: Pabllo Vittar; Queer; Drag Culture; Media; Pop Culture 7 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 01: Rupaul em apresentação com os The Wee Wee Pole. Figura 02: Rupaul na campanha para a marca de cosméticos MAC. Figura 03: Isabelita dos Patins com Fernando Henrique Cardoso. Figura 04: Sarita em Explode Coração. Figura 05: Cartaz da primeira temporada de Rupaul’s Drag Race Figura 06: Divisões por gênero em loja de discos Figura 07: Gêneros Spotify Brasil Figura 08: Gêneros Spotify Colômbia Figura 09: Playlists disponíveis no Brasil no mês do orgulho LGBT Figura 10: Gráfico de playlists e alcance de Sua Cara no Spotify Figura 11: Capa do álbum Vai Passar Mal Figura 12: Frame do videoclipe de Lean On Figura 13: Frame do videoclipe de Open Bar Figura 14: Frame do videoclipe de Open Bar Figura 15: Capas de álbuns femininos lançados no Oriente Médio Figura 16: Capturas do videoclipe de Nêga Figura 17: Capturas do videoclipe de Todo Dia Figura 18: Capturas do videoclipe de Todo Dia Figura 19: Capturas do videoclipe de Pretty Hurts Figura 20: Capturas do videoclipe de K.O. Figura 21: Capturas do videoclipe de Side To Side Figura 22: Capturas do videoclipe de K.O. Figura 23: Capturas do videoclipe de Corpo Sensual Figura 24: Capturas do videoclipe de Corpo Sensual Figura 25: Capturas do videoclipe de Corpo Sensual Figura 26: Capturas do videoclipe de Corpo Sensual Figura 27: Capturas do videoclipe de Então Vai Figura 28: Capturas do videoclipe de Então Vai Figura 29: Capturas do videoclipe de Indestrutível Figura 30: Capturas do videoclipe de Indestrutível Figura 31: Placa Comemorativa de Pabllo Vittar Figura 32: Participação de Pabllo na novela “Força de um Querer” Figura 33: Participação de Pabllo na novela “O Outro Lado do Paraíso” Figura 34: Tweet de José Ilan. Figura 35: Latas violadas na lanchonete Bomburguer. Figura 36: Divulgação de mutirões de votação de fãs clubes Figura 37: Divulgação de mutirões de votação de fãs clubes Figura 38: Divulgação de mutirões de votação de fãs clubes 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO....................................................................................................................10 1. STRIKE A POSE: OS TRÂNSITOS DA CULTURA DRAG......................................18 1.1. GÊNERO, QUEER E CULTURA DRAG....................................................................19 1.2. O POP E A CULTURA DE MASSA............................................................................25 1.1.1. A CULTURA NA SOCIEDADE DE MASSA E O POP...............................25 1.1.2. O QUEER NO MAINSTREAM.....................................................................30 2. A FIGURA DA DRAG QUEEN NA MÍDIA................................................................31 2.1. RUPAUL ANDRE CHARLES E O NEW WAVE.........................................................35 2.1.1. CULTURA DRAG E BALLROOMS NOS ANOS 90.....................................38 2.2. DRAG NO BRASIL.......................................................................................................41 2.3. RUPAUL’S DRAG RACE..............................................................................................46 2.2.1. CONSUMO DA CULTURA DRAG NA CULTURA DIGITAL.......................50 3. O POP PERIFÉRICO E A DRAG QUEEN NA MÚSICA .......................................59 3.1. MÚSICA E MERCADO NA ERA DO STREAMING................................................59 3.2. A REDE POP PERIFÉRICA NO YOUTUBE.............................................................64 3.2. VAI PASSAR MAL E A MÚSICA DE PABLLO NA MÍDIA...................................70 4. POP-LÍTICAS NA CORPORALIDADE E MÚSICA DE PABLLO VITTAR ......84 4.1 ANÁLISE DA VISUALIDADE DOS VIDEOCLIPES DA ERA E DESEMPENHO NAS PLATAFORMAS DE STREAMING...................................84 4.1.1. NÊGA.............................................................................................................85 4.1.2. TODO DIA....................................................................................................86 4.1.3. K.O................................................................................................................88 4.1.4. CORPO SENSUAL.......................................................................................89 4.1.5. ENTÃO VAI..................................................................................................91 4.1.6. INDESTRUTÍVEL........................................................................................93 4.2. O DESEMPENHO DO ÁLBUM.................................................................................95 4.3. CONTROVÉRSIAS, RESISTÊNCIAS E ATIVISMOS A PARTIR DA MASSIFICAÇÃO DE PABLLO VITTAR ..........................................................100 4.3.1. CONTROVÉRIAS NA CAMPANHA #FANFEAT COCA-COLA ............105 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................113 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................120 9 INTRODUÇÃO O ambiente midiático tem como uma de suas características um constante movimento de transformação em seus meios de propagação. Pensando na materialidade da mídia, percorremos um longo caminho. Dos periódicos até a televisão, nas últimas décadas, as mídias digitais ganharam espaço e cada vez mais importância para a circulação da cultura de massa. Caracterizada pelo seu baixo custo em comparação com as mídias tradicionais, as mídias digitais passaram a ser um importante veículo de circulação e promoção de conteúdo, possibilitando o surgindo e expansão de nichos de mercado muitas vezes desvalorizados ou que não encontravam espaço nas mídias tradicionais. Através de estratégias de promoção em sites de redes sociais, e-mail marketing, plataformas de streaming, por exemplo, é possível se introduzir um produto para consumo massivo com tanta eficácia quanto em rádios ou televisão, sendo assim um ambiente potente para a circulação de informação massiva. Em meio a esse contexto, vêm se observando cada vez mais o aparecimento de figuras oriundas do ambiente digital indo ao encontro do grande público. É nesse contexto que surge a figura que ilustra e motiva essa pesquisa. No ano de 2017, a cantora
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