Gimnospermas Permineralizadas Do Permiano Da Bacia Do Paranaíba (Formação Motuca), Nordeste Do Brasil

Gimnospermas Permineralizadas Do Permiano Da Bacia Do Paranaíba (Formação Motuca), Nordeste Do Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS GIMNOSPERMAS PERMINERALIZADAS DO PERMIANO DA BACIA DO PARANAÍBA (FORMAÇÃO MOTUCA), NORDESTE DO BRASIL FRANCINE KURZAWE ORIENTADOR – Prof. Dr. Roberto Iannuzzi CO-ORIENTADORA – Profa. Dra. Sheila Merlotti Volume I Porto Alegre – 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOCIÊNCIAS GIMNOSPERMAS PERMINERALIZADAS DO PERMIANO DA BACIA DO PARANAÍBA (FORMAÇÃO MOTUCA), NORDESTE DO BRASIL FRANCINE KURZAWE ORIENTADOR – Prof. Dr. Roberto Iannuzzi CO-ORIENTADORA – Profa. Dra. Sheila Merlotti BANCA EXAMINADORA Profa. Dra. Alexandra Crisafulli - Facultad de Ciencias Exactas y Naturales y Agrimensura UNNE y Centro de Ecologia Aplicada del Litoral CONICET, Argentina Profa. Dra. Rosemarie Rohn – Instituto de Geociências, Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro Profa. Dra. Tânia Lindner Dutra – Centro de Ciências Tecnológicas, Departamento de Geologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos Tese de doutorado apresentada como requisito parcial para a obtenção do Título de Doutor em Ciências Porto Alegre - 2012 Dedico esta tese aos meus pais, Rose e Herbert, que sempre me apoiaram em meus estudos, desde antes do tempo da graduação. Agradecimentos Ao meu orientador Roberto Iannuzzi que possibilitou os recursos necessários para a realização desta tese, tanto os físicos, como o microscópio, como os conhecimentos passados. À minha querida co-orientadora e amiga, Dra. Sheila Merlotti, que foi quem me iniciou nos caminhos da paleobotânica e sempre esteve do meu lado. À Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, que proporcionou o espaço físico utilizado e também o corpo docente qualificado, extremamente necessário para a busca de conhecimentos. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que permitiu a realização deste trabalho através de bolsa de doutorado. À Profa. Dra. Rosemarie Rohn, da Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro, que gentilmente convidou-nos para estudar os fósseis de gimnospermas provenientes do Tocantins, além de fornecer grande parte deles na forma de empréstimo, para confecção de lâminas petrográficas e estudo. Ao Dr. Ronny Röβler, diretor do Museum für Naturkunde Chemnitz, que me recebeu e permitiu que eu laminasse e estudasse os lenhos presentes na coleção deste museu. À Profa. Dra. Valesca Brasil Lemos e à Dra. Luciane Moutinho, do Laboratório de Conodontes da UFRGS, pelo empréstimo e auxílio com o equipamento para tirar as fotos microscópicas. Aos colegas do laboratório de paleobotânica, especialmente Esther Pinheiro e Daiana Boardman pelos conselhos recebidos e pelas horas divididas entre aflições e alegrias. Aos colegas Rodrigo Neregato e Tatiane Tavares, da UNESP, que trabalhando na mesma unidade geológica permitiram a troca de conhecimentos. Aos colegas alemães Ralph Kretzschmar, Melaine Kutloch, Thorid Zierold, Ramona Schwab, e ao colega chinês Zhuo Feng, por terem me recebido e apoiado durante o meu tempo de permanência na Alemanha. Aos laminadores Lauro da Rosa, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, e Mathias Merbitz, do Museum für Naturkunde Chemnitz, pelo excelente serviço prestado. Ao fotógrafo do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da UFRGS, Luíz Flávio Lopes, pelas fotos macroscópicas maravilhosas dos fósseis. 1 PARTE I Capítulo Introdutório e Análise Integrativa dos Resultados 2 Resumo A flora permiana permineralizada da Bacia do Parnaíba vem sendo estudada desde 1872, quando Brongniart descreveu Psaronius brasiliensis. Durante todo este tempo diversas pteridófitas foram descritas, mas, infelizmente, as gimnospermas ainda são precariamente conhecidas. Os fósseis gimnospermóides analisados neste trabalho provêm de depósitos da Formação Motuca, coletados em áreas dos estados de Tocantins, Piauí e Maranhão. Para a análise microscópica foram confeccionadas lâminas petrográficas. Ao todo foram laminadas 36 gimnospermas permineralizadas. Destas, apenas dez tinham preservação suficiente para o estudo taxonômico e sua afiliação a gêneros e espécies. Três amostras apresentaram um conjunto excepcional de características, permitindo a criação de três novos gêneros: Ductoabietoxylon, Parnaiboxylon e Scleroabietoxylon. Ductoabietoxylon solis apresenta medula heterocelular, com dutos e células secretoras, xilema primário endárqueo, pontoações radiais araucarióides e raios lenhosos abietóides. Parnaiboxylon rohnae possui medula homocelular, com canais, xilema primário endárqueo a mesárqueo e pontoações radiais araucarióides. Scleroabietoxylon chordas tem como principais características medula heterocelular, com esclereídeos, xilema primário endárqueo, pontoações radiais araucarióides e raios lenhosos abietóides. Além destes, cinco novas espécies foram criadas para gêneros já existentes. Damudoxylon buritaranaensis que possui medula heterocelular, com células secretoras, xilema primário endárqueo e pontoações radiais araucarióides. Damudoxylon humile e D. rosslerii apresentam medula homocelular, xilema primário endárqueo e pontoações radiais araucarióides, sendo que se diferenciam pela seriação das pontoações radiais, altura dos raios lenhosos e tipo de campos de cruzamento. Kaokoxylon punctatum mostra medula heterocelular com esclereídeos, xilema primário endárqueo e pontoações radiais araucarióides enquanto que Taeniopitys tocantinensis tem medula homocelular, com dutos, xilema primário endárqueo a mesárqueo e pontoações radiais araucarióides. Por último, duas formas foram relacionadas aos gêneros Parnaiboxylon e Taeniopitys. Nestas a preservação não permitiu sua classificação em nível específico. Como se pode perceber, as formas descritas apresentaram uma enorme variabilidade anatômica, porém todas mostraram uma característica em comum: a exclusividade de 3 pontoações araucarióides nas paredes radiais dos traqueídeos. Durante o Permiano, o tipo misto de pontoação era o mais comum no Gondwana, enquanto o tipo araucarióide era mais comum na Euro-américa. Esta característica mostra que há uma maior afinidade desta flora com as do cinturão tropical da Euro-américa, situação já corroborada pelo encontro de pteridófitas de afinidade euro-americana no mesmo depósito. 4 Abstract The Permian permineralized flora of the Parnaíba Basin has been studied since 1872, when Brongniart described Psaronius brasiliensis. Since then, many fossil pteridophyte fossils have been collected and studied; however, the gymnosperms are still little known. The gymnosperm fossils studied in this contribution come from the Motuca Formation, and have been collected in Tocantins, Piauí and Maranhão states. Thin slides were made to the microscopic analyses. 36 permineralized gymnosperm woods were laminated, but only ten of them showed enough preservation to be useful for the taxonomic studies, and consequently, establish their affiliations to genera and species. Three samples presented an exceptional set of morphological features, allowing the creation of three new genera: Ductoabietoxylon, Parnaiboxylon and Scleroabietoxylon. Ductoabietoxylon solis has heterocelular pith, with ducts and secretory cells, primary xylem endarch, araucarioid pitting and abietoid xylem rays. Parnaiboxylon rohnae has homocelular pith, with canals, primary xylem endarch to mesarch and araucarioid pitting. Scleroabietoxylon chordas has as main diagnostic characteristics homocelular pith, with sclereids, primary xylem endarch, araucarioid pitting and abietoid xylem rays. Apart from these, five new species were created, being inserted into already existing genera. Damudoxylon buritaranaensis which has heterocelular pith, with secretory cells, primary xylem endarch and araucarioid pitting. Damudoxylon humile and D. rosslerii have homocelular pith, primary xylem endarch and araucarioid pitting, but are different each other in the seriation of the pitting on radial walls of tracheids, height of the xylem rays and cross-field pits. Kaokoxylon punctatum has heterocelular pith with sclereids, primary xylem endarch and araucarioid pitting, while Taeniopitys tocantinensis has homocelular pith, with ducts, primary xylem endarch to mesarch and araucarioid pitting. At last, two samples were related to the genera Parnaiboxylon and Taeniopitys. In these, the preservation did not allow their classification in specific level. As can be seen, the described samples presented a great anatomical variability, but all of them had on common characteristic: the exclusivity of the araucarioid pitting on the radial walls of tracheids. During the Permian, the mixed type of pitting was the most common in the woods from Gondwana realm, while the araucarioid type was more common in the ones from Euro-american realm. This fact indicates that this flora shows a greatest affinity 5 with the floras found in the tropical belt of Euro-american terrains, situation already supported by the previous finding of pteridophyte plants with euro-american affinity in the same deposits. 6 LISTA DAS FIGURAS Figura 1 – Localização do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins – área amarelada. ........................................................................................................................................... 11 Figura 2 – Ampliação da área amarela da fig. 1, mostrando os limites do MNAFTO e as principais fazendas onde são encontrados os fósseis ................................................................. 12 Figura 3 – Mapa com as principais

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