
ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE A RESPONSABILIDADE DO ESTADO SOB A CONVENÇÃO CONTRA O GENOCÍDIO: EM DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA IBDH - IIDH Haia/Fortaleza 2015 ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE Juiz da Corte Internacional de Justiça; ex-Presidente da Corte Inter- Americana de Direitos Humanos; Professor Emérito de Direito Internacional da Universidade de Brasília; Professor Honorário da Universidade de Utrecht, e Honorary Fellow da Universidade de Cambridge; Membro do Curatorium da Academia de Direito Internacional da Haia, do Institut de Droit International, e da Academia Brasileira de Letras Jurídicas; Presidente da Sociedade Latino-Americana de Direito Internacional A RESPONSABILIDADE DO ESTADO SOB A CONVENÇÃO CONTRA O GENOCÍDIO: EM DEFESA DA DIGNIDADE HUMANA ÍNDICE PARTE I: Estudo de Caso - Nota Introdutória: O Caso da Aplicação da Convenção contra o Genocídio (Croácia versus Sérvia, 2015) e Voto Dissidente do Autor Antônio Augusto Cançado Trindade .....9 I. Introdução .................................................................................................9 II. A Sentença da Corte .............................................................................10 III. A Dissidência do Autor ......................................................................13 IV. Considerações Finais ................................................................................23 PARTE II: Anexo Documental - Corte Internacional de Justiça, Caso da Aplicação da Convenção contra o Genocídio (Croácia versus Sérvia, Sentença de 03.02.2015): Voto Dissidente do Juiz Antônio Augusto Cançado Trindade / Dissenting Opinion of Judge Antônio Augusto Cançado Trindade .....................................................................................27 I. Prolegomena ............................................................................................. 33 II. The Regrettable Delays in the Adjudication of the Present Case ..34 III. Jurisdiction: Automatic Succession to the Genocide Convention as a Human Rights Treaty ................................................................. 40 IV. The Essence of the Present Case ....................................................... 53 V. Automatic Succession to the Convention against Genocide, and Continuity of Its Obligations, as an Imperative of Humaneness ... 55 VI. The Convention against Genocide and State Responsibility ........67 VII. Standard of Proof in the Case-Law of International Human Rights Tribunals ................................................................................. 72 VIII. Standard of Proof in the Case-Law of International Criminal Tribunals ............................................................................................ 81 IX. Widespread and Systematic Pattern of Destruction: Fact-Finding and Case-Law............................................................... 91 5 X. Widespread and Systematic Pattern of Destruction: Massive Killings, Torture and Beatings, Systematic Expulsion from Homes and Mass Exodus, and Destruction of Group Culture ................................................................................109 XI. Widespread and Systematic Pattern of Destruction: Rape and Other Sexual Violence Crimes Committed in Distinct Municipalities ...................................................................................127 XII. Systematic Pattern of Disappeared or Missing Persons .............141 XIII. Onslaught, Not Exactly War, in a Widespread and Systematic Pattern of Destruction .................................................................... 156 XIV. Actus Reus of Genocide: Widespread and Systematic Pattern of Conduct of Destruction: Extreme Violence and Atrocities in Some Municipalities ..................................................................197 XV. Mens Rea of Genocide: Proof of Genocidal Intent by Inference ...210 XVI. The Need of Reparations: Some Refl ections .............................. 214 XVII. The Diffi cult Path to Reconciliation ........................................... 219 XVIII. Concluding Observations: The Need of a Comprehensive Approach to Genocide under the 1948 Convention ................. 221 XIX. Epilogue: A Recapitulation ........................................................... 231 PARTE III: Addendum - Atos de Genocídio e Crimes contra a Humanidade: Refl exões sobre a Complementaridade da Responsabilidade Internacional do Indivíduo e do Estado .............................................. 237 I. Expansão da Responsabilidade Internacional ................................237 II. Responsabilidades do Indivíduo e do Estado: Construção Jurisprudencial .................................................................................. 240 1. Ocorrências no Continente Europeu ...........................................240 2. Ocorrências no Continente Africano ...........................................243 3. Ocorrências no Continente Americano....................................... 250 4. Ocorrências no Continente Asiático ............................................255 III. Complementaridade da Responsabilidade Internacional do Indivíduo e do Estado ................................................................ 258 IV. Considerações Finais ........................................................................ 263 6 ANEXO BIBLIOGRÁFICO Livros e Monografi as do Mesmo Autor ...............................................267 I. Livros .....................................................................................................266 II. Monografi as ........................................................................................ 272 7 PARTE I ESTUDO DE CASO - NOTA INTRODUTÓRIA: O CASO DA APLICAÇÃO DA CONVENÇÃO CONTRA O GENOCÍDIO (Croácia versus Sérvia, 2015) E VOTO DISSIDENTE DO AUTOR, ANTÔNIO AUGUSTO CANÇADO TRINDADE I. INTRODUÇÃO Aos 03 de fevereiro de 2015, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu sua Sentença no caso atinente à Aplicação da Convenção contra o Genocídio (de 1948), opondo a Croácia à Sérvia, depois de um tempo sem precedentes de 16 anos de trâmite do mesmo, a partir da interposição da demanda croata aos 02 de julho de 1999. Com esta última decisão, a CIJ concluiu o trabalho de adjudicação internacional das questões levadas a seu conhecimento atinentes às guerras nos Bálcãs ao longo da década de noventa. Tal adjudicação abarcou outra Sentença (de 2007), no caso referente à Aplicação da Convenção contra o Genocídio, opondo a Bósnia-Herzegovina à Sérvia, assim como um Parecer Consultivo (de 2010), sobre a Declaração de Independência do Kossovo1. As questões tratadas nestas duas Sentenças e neste Parecer Consultivo da CIJ, trazem à tona o princípio básico do respeito à dignidade da pessoa humana. Pelas razões expressadas em seguida, vi-me na obrigação de deixar registro de minha posição dissidente quanto ao decidido pela maioria da Corte na recente Sentença de 03.02.2015. Neste estudo de caso, procederei a um breve resumo da referida Sentença da CIJ no caso da Aplicação da Convenção contra o Genocídio (Croácia versus Sérvia), seguido de um resumo de minha Dissidência no mesmo, e de minhas considerações derradeiras a respeito. No Anexo seguinte consta, na íntegra, meu Voto Dissidente na Sentença da CIJ de 03.02.2015. 1. Para uma avaliação deste Parecer Consultivo (de 22.07.2010), cf. A.A. Cançado Trindade, El Derecho de Acceso a la Justicia en Su Amplia Dimensión, 2ª. ed. rev., Santiago de Chile, Librotecnia, 2012, pp. 397-399; A.A. Cançado Trindade, Los Tribunales In- ternacionales Contemporáneos y la Humanización del Derecho Internacional, Buenos Aires, Ed. Ad-Hoc, 2013, pp. 179-180; A.A. Cançado Trindade, El Principio Básico de Igualdad y No-Discriminación: Construcción Jurisprudencial, Santiago de Chile, Librotecnia, 2013, pp. 354-485. 9 Antônio Augusto Cançado Trindade II. A SENTENÇA DA CORTE Na recente Sentença de 03.02.2015, a CIJ começa por abordar a questão da jurisdição, assinalando que, em seu entender, esta se limita unicamente à Convenção contra o Genocídio, não podendo tomar em conta outras supostas violações graves sob o direito internacional, mesmo que sejam obrigações de normas peremptórias (jus cogens), mesmo que protejam valores essencialmente humanitários, e que gerem obrigações erga omnes. Em sua ótica, sua jurisdição é, pois, extremamente limitada, e não se estende tampouco a supostas violações do direito internacional consuetudinário atinente ao genocídio; limita- se tão somente às supostas violações das obrigações convencionais (pars. 84-89 e 102-105). Por sua vez, a determinação da responsabilidade do Estado sob a Convenção contra o Genocídio (Artigo IX, base da jurisdição da CIJ) se dá com base em regras do direito internacional geral (pars. 124-131). Aos 27 de abril de 1992, a República Federal da Iugoslávia afi rmou (em Nota enviada às Nações Unidas) sua continuidade - e das obrigações convencionais - em relação à predecessora República Socialista Federal da Iugoslávia. Em sua recente Sentença, a CIJ decidiu que mesmo atos ocorridos antes de 27.04.1992 recaem sob sua jurisdição para que possa avaliar e pronunciar-se sobre a demanda croata como um todo (paras. 106-119). A CIJ acrescentou que também a demanda reconvencional sérvia recaía sob sua jurisdição. As ocorrências constantes da demanda croata se referiam aos ataques sérvios, particularmente em 1991-1992, e os da demanda reconvencional sérvia se referiam em especial à chamada “Operação Tempestade” croata em 1995. A CIJ passou então ao direito aplicável, a Convenção sobre a Prevenção
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages274 Page
-
File Size-