UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM CHARLES ALBUQUERQUE PONTE INDÚSTRIA CULTURAL, REPETIÇÃO E TOTALIZAÇÃO NA TRILOGIA PÂNICO Tese apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem, da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do Título de Doutor em Teoria e História Literária, na área de concentração de Literatura e Outras Produções Culturais. Orientador: Prof. Dr. Fabio Akcelrud Durão CAMPINAS 2011 i FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR CRISLLENE QUEIROZ CUSTODIO – CRB8/8624 - BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM - UNICAMP Ponte, Charles, 1976- P777i Indústria cultural, repetição e totalização na trilogia Pânico / Charles Albuquerque Ponte. -- Campinas, SP : [s.n.], 2011. Orientador : Fabio Akcelrud Durão. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Craven, Wes. Pânico - Crítica e interpretação. 2. Indústria cultural. 3. Repetição no cinema. 4. Filmes de horror. I. Durão, Fábio Akcelrud, 1969-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em inglês: Culture industry, repetition and totalization in the Scream trilogy. Palavras-chave em inglês: Craven, Wes. Scream - Criticism and interpretation Culture industry Repetition in motion pictures Horror films Área de concentração: Literatura e Outras Produções Culturais. Titulação: Doutor em Teoria e História Literária. Banca examinadora: Fabio Akcelrud Durão [Orientador] Lourdes Bernardes Gonçalves Marcio Renato Pinheiro da Silva Antonio Alvaro Soares Zuin Marcos César de Paula Soares Data da defesa: 27-09-2011. Programa de Pós-Graduação: Teoria e História Literária. ii 1. BANCA EXAMINADORA: Fabio Akcelrud Durão Lourdes Bernardes Gonçalves Mareio Renato Pinheiro da Silva Antonio Alvaro Soares Zuin Marcos César de Paula Soares Ravel Giordano de Lima Faria Paz ______________________________________ Marcos Antonio Siscar ______________________________________ Alvaro Luiz Hattner ______________________________________ IEL /UNICAMP 2011 iii iv AGRADECIMENTOS Primeiramente, ao Programa de Doutorado em Teoria e História Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), por ter me recebido tão bem, em especial na pessoa de meu orientador Fabio Akcelrud Durão, pela ajuda na confecção desse trabalho, sempre fazendo observações pertinentes a partir da própria dinâmica do texto; também aos professores que ministraram as disciplinas às quais assisti, Fabio Akcelrud Durão, Jeanne Marie Gagnebin de Bons, Carlos Eduardo Ornelas Berriel, João Francisco Duarte Júnior e Márcio Orlando Seligmann Silva, bem como a meus colegas de orientação, que leram meus textos com atenção e contribuíram para o aprimoramento do trabalho. Em segundo lugar, à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em geral, e ao Departamento de Letras do Campus de Pau dos Ferros, mais especificamente, pelos três anos de liberação e pela bolsa de estudos, sem os quais não poderia ter feito esse trabalho com a mesma dedicação; de forma mais direta, destacam-se Gilton, Edileuza, Lilian e Nilson, pela ajuda e presteza com a documentação necessária para minha liberação, Cida e Manoel Freire, pelas dicas da cidade de Campinas que eu ainda desconhecia, Dalvinha, Emílio e Vilian, pelas aulas cedidas para que eu pudesse terminar meus compromissos no Rio Grande do Norte a tempo, e ainda Jailson, por me substituir na semana da defesa. Além disso, a pessoas que foram importantes na minha formação. Aos professores da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde fiz minha graduação, Astrid, Pedro Henrique, Vera, Dilamar, Lúcia e Bosco. Nesse quesito, dois nomes saltam aos olhos pela longa amizade e apoio. Agradeço profusamente a Ednardo, meu primeiro professor de inglês, incentivador de muitos gostos que mantenho até hoje; além disso, a Lourdes, por estender a mão a um garoto ainda iniciante e afoito, oferecendo amizade e direcionamento. A meus pais, pelo exemplo e incentivo em todos os anos de minha formação, por me deixarem à vontade e compreenderem e apoiarem minhas decisões. Ao meu amigo Zé, o primeiro a corrigir implacavelmente meus muitos equívocos, na academia e na vida, pelos últimos dez anos. v A Bevê, pela paciência com que aguentou a distância, pelo carinho e pelas incontáveis revisões desse texto. vi RESUMO Ao longo do último século, o modus operandi da indústria cultural foi responsável por um movimento de padronização dos artefatos culturais, constituindo um eixo tensional entre repetição e inovação que abarca em todas as artes, mas especialmente no cinema, tendo este uma maior necessidade de retorno dos investimentos feitos para sua realização. Dessa forma, considerando o cinema feito nos Estados Unidos como o principal representante do entretenimento fílmico, é natural que esta homogeneização lhe seja mais intensa, um aspecto convenientemente negligenciado pelas críticas especializadas, posto que estas costumam enfatizar, acertadamente, aqueles filmes de maior complexidade, terminando por iludir os leitores acerca da real porcentagem de filmes com tal qualidade. Assim, o objetivo desta tese é observar a composição de uma dessas obras costumeiramente não contempladas pela crítica, a trilogia de horror Pânico (1996; 1998; 2000), dirgida por Wes Craven, partindo da leitura cerrada de seus principais componentes estruturais – enredo, personagens, espaço e foco narrativo – e comparando-a a outros de seu subgênero, para verificar a existência de uma tensão dialética de aproximação ou distanciamento da estandardização das formas diegéticas e como esses movimentos estão relacionados com as estratégias de comercialização dos produtos. Para isso, este trabalho lança mão de um corpo de teorias de diversas áreas, desde a literatura e o cinema até o grupo de pensadores abarcado pelo epíteto Teoria, mas sempre permeado pelo conceito de indústria cultural de Adorno e Horkheimer (1985) e pelas elaborações posteriores de Adorno (2001) sobre do tema. No corpus , por um lado, a tensão entre a repetição das formas e seu rearranjo ocorre em todos os componentes selecionados, de modo que a trilogia Pânico continua a pertencer ao subgênero slasher em sua composição, ao menos na superfície, apesar de conter uma grande parcela de hibridização de outros gêneros, notadamente a estruturação das duas personagens principais, heroína e monstro, bem como de parte de sua découpage ; por outro lado, há uma parcela de inovações atribuídas à trilogia, em especial a presença de uma variada veia metaficcional, uma raridade em todo o gênero horror, mas também a diminuição das cenas violentamente explícitas. Contudo, pode-se confirmar, através da vii interpretação dos resultados, que as modificações permitidas nunca ameaçam a quebra da quarta parede, ou mesmo a expectativa da plateia em relação aos filmes, de modo que se devem considerar praticamente todas as alterações como controladas para emular uma novidade falaciosa. Palavras-chave: Indústria cultural, Adorno, repetição e inovação, trilogia Pânico , Wes Craven. viii ABSTRACT Throughout last century, the culture industry’s modus operandi was responsible for a standardizing movement in cultural artifacts, constituting a tensional axis between repetition and innovation that embraces all arts, but mainly in film, having the latter a greater need for returns in its production investments. That way, regarding the American cinema as the main representative of filmic entertainment, it is natural that its homogenization is more intense, an aspect conveniently overlooked by specialized critiques, since they tend to emphasize, correctly, those films of higher complexity, ultimately deluding readers about the actual percentage of quality works. Thus, the objective of this dissertation is to observe the composition of one of these usually non critically contemplated ones, the horror trilogy Scream (1996; 1998; 2000), directed by Wes Craven, starting by the close reading of its main structural components – plot, characters, setting and point of view – and comparing it to others pertaining to the same subgenre, in order to verify the existence of a dialectic tension of approximation or distancing to the standardized diegetic forms and how these movements are related to product selling strategies. For doing so, this work makes use of a body of theories from multiple areas, from literature and film studies to the group of thinkers encapsulated under the alias Theory, but always permeated by Adorno and Horkheimer’s concept of culture industry (1985), and by Adorno’s further elaborations on the theme (2001). In the corpus , on the one hand the tension between formal repetition and its rearrangement occurs in all selected components, so that the trilogy remains as a member of the slasher subgenre, at least in its surface, despite containing a great amount of hybridization, notably by the structuring of its main characters, heroin and monster, as well as part of its découpage ; on the other hand, there is a number of innovations attributed to the trilogy, especially the presence of a varied metafictional vein, rare in all of the horror genre, but also the lessening of violently graphic scenes. However, it can be confirmed, through the interpretation of results, that the allowed modifications never threaten the breaking of the fourth wall, or ix even the audience expectations for the films, in a way that practically all alterations should be considered as controlled to emulate a fallacious novelty.
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