Avaliação Do Iqa Na Bacia Do Rio Caratinga – Mg

Avaliação Do Iqa Na Bacia Do Rio Caratinga – Mg

AVALIAÇÃO DO IQA NA BACIA DO RIO CARATINGA – MG Deyse Almeida dos REIS1, Isabela Cristina de SOUSA¹, Mário QUINTAES1 1Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Morro do Cruzeiro, Ouro Preto- MG, Brasil e-mail: [email protected] Resumo A área objeto de estudo desse trabalho é a bacia do rio Caratinga, pertencente a Unidade de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos do Caratinga – UPGRH DO5. Totalmente inserida no estado de Minas Gerais, a unidade possui uma área de 6.677,62 km² e abrange total ou parcialmente 29 municípios. A UPGRH DO5 abriga municíp ios que constituem a região metropolitana do maior parque siderúrgico da América Latina, região conhecida como Vale do Aço. Tal fato, associado à intensa atividade agrícola e pecuária que ocorre nas zonas rurais da bacia, e ao lançamento de efluentes domésticos não tratados, tem contribuído para degradação dos recursos hídricos na região. Diante do exposto, o objetivo desse estudo foi calcular o Índice de Qualidade das Águas (IQA) para os anos de 2014, 2015 e 2016 da bacia do rio Caratinga, conhecer as metas estabelecidas para a realidade desejada da bacia e identificar a conformidade dos parâmetros que compõem o IQA frente as metas definidas para a bacia e aos critérios definidos pela CONAMA 357/2005, para corpos d’água classe 2. Como resultados, os piores IQA’s observados no estudo foram os referentes à estação RD056, localizada à jusante do Municíp io de Caratinga, a estação obteve nível de qualidade classificado como “Ruim” nos 3 anos avaliados, tal resultado reflete fortemente o lançamento de esgotos domésticos in natura. Para as estações RD053, RD057 e RD058, observou-se uma piora na qualidade das águas no ano de 2016, associou-se esse resultado ao rompimento da Barragem de Fundão ocorrido no município de Mariana em novembro de 2015. Os valores de IQA obtidos nesse estudo justificam o desejo de melhoria da bacia do Caratinga no que tange aos serviços de saneamento básico, e ainda, revelam a importância desse índice como ferramenta de auxílio à definição de metas e tomada de decisões. Palavras-chave: IQA, Bacia do Rio Doce, Rio Caratinga. 1. INTRODUÇÃO O presente estudo concentra-se no cálculo e avaliação do Índice de Qualidade das Águas (IQA) da Bacia do Caratinga obtido a partir de dados monitoradas trimestralmente pelo IGAM, no período de 2014 a 2016, em estações distribuídas ao longo da bacia. A Unidade de Planejamento e Gestão dos Recursos hídricos do Rio Caratinga - UPGRH DO5 apresenta-se fortemente deteriorada em seu meio urbano e rural, dada as contribuições do lançamento de efluentes domésticos sem tratamento e atividades agropecuárias. A UPGRH DO5, Figura 1, pertence à bacia hidrográfica do Rio Doce, encontra- se completamente inserida no estado de Minas Gerais e possui uma área de 6.677,62 km², abrangendo total ou parcialmente 29 municípios: Alpercata, Alvarenga, Bom Jesus do Galho, Bugre, Capitão Andrade, Caratinga, Conselheiro Pena, Dom Cavati, Engenheiro Caldas, Entre Folhas, Fernandes Tourinho, Governador Valadares, Iapu, Imbé de Minas, Inhapim, Ipaba, Itanhomi, Piedade de Caratinga, Resplendor, Santa Bárbara do Leste, Santa Rita de Minas, São Domingos das Dores, São João do Oriente, São Sebastião do Anta, Sobrália, Tarumirim, Tumiritinga, Ubaporanga e Vargem Alegre (CBH – CARATINGA, 2016). O rio principal da UPGRH DO5 é o Rio Caratinga, afluente localizado à margem direita do Rio Doce. Formado pela confluência entre o Rio Preto e o córrego Caratinga, o Rio Caratinga tem suas nascentes no município de Santa Bárbara do Leste e se entende por 222 quilômetros até desaguar no Rio Doce, na divisa entre o município de Conselheiro Pena e Tumiritinga. Os principais afluentes do Rio Caratinga são o Rio Preto e os ribeirões Alegre e Queiroga. Já a bacia incremental do Rio Caratinga é composta pelo Ribeirão do Boi, Brejão, Córrego BeijaFlor, Rio Branco, Ribeirão do Bugre, Ribeirão Santo Estevão, Ribeirão do Café, Córregos Perdidinha, Perdida e Traíra e outros menos expressivos (ECOPLAN-LUME, 2010). Figura 1: Mapa da UPGRH DO5. Fonte: O autor com base em IGA M . A UPGRH DO5 possui população de aproximadamente 283.000 habitantes, em 2010 foi a unidade que apresentou o segundo maior índice de crescimento dentre todas as unidades do Rio Doce. Caratinga é o municíp io mais representativo em termos populacionais, com população de 85.239 habitantes, outro municíp io com mancha urbana considerável nesta bacia é Governador Valadares, mas apenas cerca de 8% da população está inserida na DO5, pois esse município é seccionado pelo Rio Doce, que divide sua população entre as unidades DO4 e DO5, respectivamente, bacia do Suaçuí e Caratinga. A principal atividade econômica na bacia do Caratinga é a cultura do café, e em menor escala, destaca-se na pecuária a criação de bufalinos. No âmbito dos problemas ambientais, destacam-se na área rural a degradação das terras, escassez e poluição das águas, realização de queimadas, desmatamentos de morros e destruição das nascentes para aumento da área de plantio. Na área urbana, é emergente a necessidade de melhoria no sistema de saneamento básico, destinação de lixo, esgoto, bem como o trato mais sistêmico do uso e ocupação do solo. Da diversidade de usos aos quais a água é submetida, juntamente com os aspectos físicos locais, decorre a qualidade dos recursos hídricos de uma região. Por essa questão, a bacia hidrográfica é tradicionalmente considerada como a unidade fisiográfica mais conveniente para o planejamento dos recursos hídricos (VIANNA; ROCHA, 2008). Para Tucci (1997) e Barella (2001), bacia hidrográfica pode ser compreendida como uma área de captação natural de águas de precipitação, delimitada por divisores de água, essas águas se infiltram, ou se encontram formando rios e riachos por um sistema de drenagem que deságuam num único ponto. Para Porto e Porto (2008) dada a concentração de atividades humanas na bacia hidrográfica, pode-se dizer que, no exutório de uma bacia estarão representados todos os processos que fazem parte do seu sistema, de maneira que o que ocorre no exutório é consequência das formas de ocupação do território e da utilização das águas que para ali convergem. No contexto da degradação da qualidade a qual a bacia é submetida, Rocha e Viana (2008) ressaltam que planejar o uso e ocupação de uma bacia hidrográfica é uma necessidade, haja vista uma sociedade com usos crescentes da água e ocupação desordenada. A Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, incorpora princíp ios e normas para a gestão de recursos hídricos, adotando a definição de bacias hidrográficas como unidade de estudo e gestão. Dada a importância dos recursos hídricos para a manutenção da vida e desenvolvimento econômico das regiões, o controle de sua qualidade e o acompanhamento sistemático de suas condições é necessário, visto que os mesmos podem gerar informações importantes para tomada de ações mais assertivas para a gestão. Nesse campo, o monitoramento de qualidade de águas tem se apresentado como um forte aliado para a gestão dos recursos hídricos. Contudo, a implantação de programas de monitoramento da qualidade da água é um desafio e há muito vem sido discutido o tema. Behmel (2016) considera como um dos principais desafios, a implantação de um programa de monitoramento da qualidade da água capaz gerar dados confiáveis que permitam às equipes gestora de bacias hidrográficas pleno entendimento das informações obtidas, afim de que se apoiem nessas informações para a tomada de decisões mais assertivas para gestão da bacia. Ainda nesse sentido, o autor reforça a necessidade dos programas de monitoramento locais evoluírem ao longo do tempo, bem como, para a necessidade de uma gestão cada vez mais participativa, no sentido de realizar uma abordagem mais holística e integrada. No estado de Minas Gerais, desde 1997 o Instituto Mineiro de Gestão das Águas desenvolve o Projeto Águas de Minas, por meio do qual realiza o monitoramento da qualidade das águas superficiais e subterrâneas do estado. Desde o início de sua execução, o programa disponibiliza uma série histórica da qualidade das águas no estado (IGAM, 2017). Atualmente o instituto monitora 588 estações distribuídas ao longo das bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais. Na UPGRH DO5 concentram-se 8 estações de monitoramento do IGAM, monitoradas semestral e trimestralmente. Para a Agência Nacional de Água (ANA), uma das formas de classificar um corpo hídrico baseado em sua qualidade é através IQA, o índice vem sendo utilizado largamente em programas de monitoramento por transmitirem de forma concisa e objetiva para autoridades e o público a influência que as atividades humanas provocam sobre a qualidade dos ecossistemas aquáticos (IGAM, 2016). No Brasil, o Índice de Qualidade das Águas (IQA) foi criado a partir de uma adaptação feita pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) de um estudo realizado em 1970 nos Estados Unidos pela National Sanitation Foundation. O Índice foi utilizando pioneiramente em 1975 pela CETESB, sendo adotado pelos demais estados brasileiros nas décadas seguintes tornando-se o principal índice de qualidade de águas utilizado no país atualmente, que por faixas de valores classifica a qualidade do corpo hídrico segundo a 9 (nove) parâmetros – oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de Oxigênio (DBO), nitrato, fósforo total, sólidos totais, turbidez, temperatura, potencial hidrogeniônico (pH) e coliformes termotolerantes/ E coli. A qualidade da água superficial pode ser alterada tanto por questões de ordem natural, quanto por de ordem antrópica. Ao longo do tempo, a incorporação de diferentes substâncias pelo sistema aquático, mesmo que de forma natural, pode afetar a qualidade da água e assim sua finalidade de uso. Enquanto no âmbito das contribuições humanas, a alteração da qualidade se dá principalmente através do lançamento de substâncias nos corpos hídricos, comprometendo seriamente a qualidade do mesmo (PIMENTA et al.,2009).

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