1 SIMONE CARNEIRO DA SILVA DE LAGOA DAS CONCHAS À SANTA RITA DO TRIVELATO: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT MAIO/2020 SIMONE CARNEIRO DA SILVA DE LAGOA DAS CONCHAS À SANTA RITA DO TRIVELATO: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História - ProfHistória, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário Jane Vanini Cáceres, como requisito parcial para obtenção do título de Mestra em Ensino de História. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Mariotto Cerezer CÁCERES-MT 2020 © by Simone Carneiro da Silva, 2020. Walter Clayton de Oliveira CRB 1/2049 SILVA, Simone Carneiro da. S586d De Lagoa das Conchas à Santa Rita do Trivelato: Memórias, Narrativas e Ensino de História Local / Simone Carneiro da Silva – Cáceres, 2020. 111f.; 30 cm (ilustrações) II. Color. (sim) Trabalho de Conclusão de Curso (Dissertação/Mestrado) – Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu (Mestrado Profissional) Profhistória, Faculdade de Ciências Humanas, Câmpus de Cáceres, Universdade do Estado de Mato Grosso, 2020. Orientador: Osvaldo Mariotto Cerezer 1. Profhistória. 2. Ensino de História. 3. Memória. I. Simone Carneiro da Silva. II. De Lagoa das Conchas à Santa Rita do Trivelato: Memórias, Narrativas e Ensino de História Local. CDU 371.3 SIMONE CARNEIRO DA SILVA DE LAGOA DAS CONCHAS À SANTA RITA DO TRIVELATO: MEMÓRIAS, NARRATIVAS E ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História - ProfHistória, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário Jane Vanini Cáceres, como requisito parcial para obtenção do título de Mestra em Ensino de História. COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Osvaldo Mariotto Cerezer (UNEMAT) Orientador ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Renilson Rosa Ribeiro (UFMT) Avaliador Externo ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Marion Machado Cunha (UNEMAT) Avaliador Interno Agradecimentos Agradeço a Deus, pela coragem e persistência, e, principalmente pela oportunidade de realizar um sonho que se tornou um projeto de vida. O mestrado foi por muito tempo apenas um sonho, e esse sonho parecia estar cada vez mais distante da minha realidade profissional. Agradeço aos meus pais Hormízio da Silva e Natalina Carneiro da Silva, e ao meu irmão Francisco José Carneiro da Silva, que mesmo não aceitando a minha ausência, compreenderam que era necessária para a conclusão do meu trabalho. E, ao meu companheiro e amigo de caminhada Gilberto Rossi, que ao longo dos 17 anos de casados sempre me incentivou a continuar estudando, e investir em minha formação profissional e pessoal. A minha prima, Jéssica Aparecida de Melo, e ao seu esposo Manoel da Silva, anjos que Deus colocou em minha vida, obrigada pela acolhida, carinho e zelo, o apoio e cuidado de vocês foi fundamental nesse período. Meu sincero agradecimento aos professores do Departamento de História e do curso de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História – ProfHistória, Núcleo Unemat Cáceres. Agradeço os professores Carlos Edinei de Oliveira, Marion Machado Cunha por suas contribuições, na avaliação do projeto de pesquisa apresentado no primeiro semestre de 2019, e na avaliação da banca de qualificação da dissertação, apresentada em outubro de 2019. As contribuições me fizeram refletir sobre algumas questões metodológicas e teóricas, e, sobretudo pelo incentivo de vocês. Em especial, agradeço o meu orientador, professor Osvaldo Mariotto Cerezer, pelo cuidado, carinho e incentivo a mim dispensado, mesmo distante, não me sentia sozinha, em cada e-mail recebido, não vinham apenas cobranças ou correções, vinham também palavras afetuosas de encorajamento. Obrigada professor, por ter me apontado o “caminho das pedras” e as possibilidades da pesquisa no trabalho sobre a temática escolhida, bem como pelo envio de materiais. Gratidão, admiração e respeito definem o que sinto por você. Agradeço aos entrevistados, que gentilmente aceitaram compartilhar suas vivências e memórias afetivas. A senhora Jaqueline Batistela Dürks, tabeliã do Cartório de Registro Notarial de Santa Rita do Trivelato, por colaborar com a pesquisa, disponibilizando alguns documentos pessoais sobre o loteamento de Santa Rita do Trivelato. Ao senhor Cleiton Martinelli Taborda, neto de um dos “pioneiros” da cidade senhor Segundo Martinelli, que atuou em prol do desenvolvimento da Gleba Trivelato, atual Santa Rita do Trivelato. Graças a sua solidariedade, e respeito à pesquisa, tive acesso ao livro Ata (da família Martinelli), onde constam os registros mais significativos para o Senhor Segundo Martinelli, datado a partir de 1979. Nesse livro constam atas de criação da Associação Cooperativa Mista de Trivelato (COOPEVALTI), solicitação de uma linha de ônibus para atender as demandas do povoado, a formação de um time de futebol, da construção da Escola de 1º e 2º Grau para os filhos dos colonos, bem como a elevação da Gleba de Trivelato a Distrito do município de Nobres – MT. Aos meus colegas professores da Escola Municipal “Três de Novembro”, por compreenderem as minhas necessidades de um horário diferenciado na escola. A diretora da Escola Municipal “Três de Novembro”, Graciele Borelli do Nascimento, pelo incentivo e organização dos horários para que eu pudesse conciliar o meu estudo com o meu trabalho. Aos companheiros do curso do Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA) pelos momentos de alegria, de ansiedade e incertezas. A invocação do passado constitui uma das estratégias mais comuns nas interpretações do presente. O que inspira tais apelos não é apenas a divergência quanto ao que ocorreu no passado e o que teria sido esse passado, mas também a incerteza se o passado é de fato passado, morto e enterrado, ou se persiste, mesmo que talvez sob outras formas. Edward Said RESUMO O município de Santa Rita do Trivelato teve sua origem no contexto das políticas fundiárias de ocupação do norte do Estado de Mato Grosso, na década de 1970. O lugar que anteriormente era conhecido como Lagoa das Conchas foi colonizado por pequenos camponeses vindos do sul do país, mais especificamente do Paraná. Estes camponeses foram seduzidos pela promessa de terras férteis e baratas, ao mesmo tempo em que se viam obrigados a vender suas áreas no sul do país para os grandes latifundiários que estavam promovendo a mecanização da agricultura e ampliação das áreas de cultivo. No contexto da Doutrina de Segurança Nacional, cujo lema era “Integrar para não Entregar” por meio da representação elaborada sobre a “Fronteira Agrícola” que era anunciada como “terras livres” do estado, muitos migrantes deixaram suas famílias e uma vida de incertezas para plantar nas novas terras mato-grossenses sonhos e realizações. A Vila Trivelato era apresentada como o lugar das oportunidades, onde o progresso e o desenvolvimento já estavam acontecendo. A construção da BR -163 que passaria pela vila era esperada com muita expectativa, além da rodovia, a vila ainda seria contemplada com a construção de uma usina hidrelétrica no rio Teles Pires. Essa imagem construída pela Colonizadora Trivelatto, divulgada por meio dos corretores e da propaganda nas cidades do estado do Paraná, fomentou a colonização da Vila de Trivelato. No entanto, as dificuldades encontradas pelas primeiras famílias que chegaram a Vila de Trivelato fizeram com que muitos colonos desistissem de suas áreas, iniciando a segunda fase da colonização da vila. Dessa forma, existem na cidade dois grupos que requerem para si o lugar de pioneiros, forjando uma disputa entre a memória oficial representada no discurso daqueles que foram beneficiados pelo empreendimento, e a memória daqueles que não aceitam a memória oficial, contestando e questionando os discursos elaborados pelos grupos dominantes. A memória oficial busca criar uma identidade coletiva para os moradores da cidade, as falas dessa memória reforçam a cidade como terra das oportunidades, passando uma mensagem de que todos os que trabalham e são disciplinados conseguem vencer as dificuldades, sobretudo as financeiras, saindo da condição de empobrecidos emergindo um discurso que não representa as famílias que dizem ter chegado primeiro ao lugar e não tiveram sucesso com e na colonização. Ao estudar sobre a história local de Santa Rita do Trivelato ficou evidenciada a possibilidade de trabalhar nas aulas de história da rede municipal o ensino de história voltado para as narrativas produzidas pelos moradores da cidade, compreendendo como as narrativas que foram criadas tinham como objetivos instituir verdades e compondo uma história única, sem indagações e questionamentos. E a partir do trabalho com as fontes orais, elaboraremos outras histórias, outros enredos e outros significados. Palavras-chaves: ProfHistória, ensino de história, memória. ABSTRACT The municipality of Santa Rita do Trivelato had its origin in the context of the land tenure policies of northern Mato Grosso State in the 1970s. The place formerly known as Lagoa das Conchas was colonized by small peasants from the south. of the country, more specifically Paraná. The small peasants were seduced by the promise of cheap and fertile land, while being forced to sell their areas in the south of the country to the large landowners, who were promoting the mechanization of agriculture
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