Eder Aparecido Ferreira Sedano.Pdf

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1 Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC/SP Eder Aparecido Ferreira Sedano BEZERRA DA SILVA: MÚSICA, MALANDRAGEM, COTIDIANO E RESISTÊNCIA (MORROS E SUBÚRBIOS CARIOCAS - 1980-1990) Mestrado em História Social São Paulo 2017 2 Eder Aparecido Ferreira Sedano BEZERRA DA SILVA: MÚSICA, MALANDRAGEM, COTIDIANO E RESISTÊNCIA (MORROS E SUBÚRBIOS CARIOCAS - 1980-1990) Mestrado em História Social Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em História Social, sob orientação da Professora Doutora Maria Izilda Santos de Matos. São Paulo 2017 3 BANCA EXAMINADORA 4 Para Paolo, meu amor maior e razão de viver. Para Kelly, Silvanda, Santo, William e Dra. Valéria (querida família), meu alicerce, meu abrigo, fonte inesgotável de amor e carinho. 5 Sinceros agradecimentos à CAPES e ao CNPq, pela concessão das bolsas. O apoio das duas instituições foi fundamental para a realização deste trabalho. 6 AGRADECIMENTOS Não tenho como expressar a grande alegria de concluir este trabalho. Estou realizando um sonho surgido durante a graduação, que foi momentaneamente colocado de lado devido às necessidades da vida. Apesar dos percalços, jamais desisti do sonho de retomar a vida acadêmica. Quero agradecer primeiramente a Deus por me abençoar com coragem e saúde para concluir essa etapa, por oportunizar que as portas do Programa de Pós-Graduação em História da PUC-SP me fossem abertas e por colocar em meu caminho pessoas que contribuíram no desenvolvimento deste trabalho e no incentivo de continuá-lo. Quero agradecer à minha querida orientadora, Professora Doutora Maria Izilda Santos de Matos. Sempre admirei seu trabalho, suas obras publicadas e foi um grande sonho realizado tê-la como Professora no curso de lato sensu ―História, Sociedade e Cultura‖, como orientadora do TCC e da dissertação. Além de orientar o trabalho de forma exímia, com grande zelo, competência e paciência, foi a Professora Maria Izilda quem me encorajou a apresentar o projeto e participar do processo seletivo do mestrado. Ela acreditou mais em mim do que eu próprio acreditava. Mais uma vez quero agradecer à CAPES e ao CNPq pela cessão das bolsas (não foram cedidas ao mesmo tempo, mas uma substituiu a outra), que foram fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho. Sem o apoio dessas instituições eu não conseguiria desenvolvê-lo. Também agradeço à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e seus funcionários por disponibilizar suas instalações (salas de aula, biblioteca, laboratórios, departamentos), fornecer seus serviços e apoio. Agradeço ao Programa de Estudos Pós-Graduados em História da PUC-SP, seus funcionários (ao amigo William Fernando) e aos queridos professores, por todo o aprendizado em disciplinas e seminários: Prof.ª Dra. Maria do Rosário Cunha Peixoto, Prof.ª Dra. Yvone Dias Avelino, Prof.ª Dra. Olga Brites, Prof.ª Dra. Estefânia Knotz Canguçu Fraga, Prof. Dr. Luiz Antonio Dias, Prof. Dr. Antonio Rago Filho e Prof.ª Dra. Carla Reis Longhi. Também agradeço à Prof.ª Dra. Yone Carvalho, pelo auxílio na definição do tema durante as aulas de metodologia no curso de lato sensu ―História, Sociedade e Cultura‖. Meus sinceros agradecimentos aos queridos professores que participaram da banca de qualificação e auxiliaram nas correções e reformulações do trabalho, Professor Dr. Amailton Magno Azevedo e Prof.ª Dra. Jurema Mascarenhas, e aos professores da graduação, que, além do ensinamento, intensificaram meu amor pela História e fizeram com que acreditasse em meu potencial, em especial o Prof. Dr. Fábio Franzini, Prof.ª Dra. Elaine 7 Lourenço, Prof. Dr. Éber Ferreira Silveira Lima, Prof. José Lúcio Menezes, Prof. Geraldo José Alves e Prof.ª Katia Cristina Kenez. À minha amada esposa, Kelly Cristine, por todo o apoio, carinho e compreensão durante os momentos de estudo, pesquisa e ausências. Aos meus familiares: (pais) Santo e Silvanda, (irmão) William, (sogros) Nelson e Wilma, (cunhados) Nelson, Cristiane e Glauce; muito obrigado a todos pelo apoio incondicional e pela compreensão do afastamento social visando concluir este estudo. Um agradecimento especial à minha grande amiga, incentivadora e conselheira, que me ajudou a me descobrir como sujeito e acreditar no meu potencial, Dra. Valeria Teresa de Oliveira Pereira. Também agradeço aos colegas e amigos de Pós-Graduação da PUC-SP, com quem partilhei experiências, conhecimentos e companheirismo, em especial Lucas, Bárbara (Babi), Breno, Elton, Wagner, Cristina e Adriana, entre tantos outros que ficarão em meu coração e nas minhas lembranças. Agradeço aos funcionários do Arquivo do Estado de São Paulo, da Discoteca Oneyda Alvarenga (dentro do Centro Cultural São Paulo) e da Biblioteca Nacional, pela atenção disponibilizada quando precisei consultar o acervo. Também quero agradecer ao filho de Bezerra da Silva, o sambista Ytallo Bezerra, e ao compositor Roxinho, pelo auxílio e amizade nesses dois anos. Agradeço à Prof.ª Dra. Leticia Vianna pelo apoio e ideias debatidas sobre Bezerra da Silva e sua produção, e ao Prof. Dr. Daniel de Plá (in memoriam), que antes de falecer se disponibilizou a me ajudar no que precisasse e informou que havia produzido um grande acervo de entrevistas com os compositores de Bezerra e disponibilizado na internet. 8 Articular historicamente o passado não significa conhecê-lo ―como ele de fato foi‖. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo. [...] O perigo ameaça tanto a existência da tradição como os que a recebem. Para ambos, o perigo é o mesmo: entregar-se às classes dominantes, como seu instrumento. Em cada época, é preciso arrancar a tradição ao conformismo, que quer se apoderar dela. [...] O dom de despertar no passado as centelhas da esperança é privilégio exclusivo do historiador convencido de que também os mortos não estarão em segurança se o inimigo vencer. E esse inimigo não tem cessado de vencer.1 1 BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução de Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012, p.224. 9 RESUMO Esta dissertação tem como focos centrais a trajetória e a obra do artista Bezerra da Silva. A partir delas busca-se problematizar o cotidiano dos morros cariocas e da Baixada Fluminense nas décadas de 1980 e 1990. Bezerra migrou do Nordeste (Recife) para tentar a sorte na Cidade Maravilhosa, onde viveu no Morro do Cantagalo por mais de vinte anos, instituindo vínculos com os moradores. No Rio de Janeiro enfrentou um cotidiano árduo de trabalho, exercendo diferentes atividades (auxiliar de obras, pintor...). Com persistência, transpôs obstáculos para aprimorar seu dom musical, até realizar o sonho de se tornar músico, atuando em orquestras e angariando contatos que possibilitaram o desenvolvimento da sua carreira como cantor e compositor. Muito criativo, iniciou sua trajetória interpretando cocos para, posteriormente, fazer sucesso com o samba, representando o chamado samba malandro ou de partido-alto. A especificidade da sua obra é que ela possui um caráter coletivo, as canções que interpretava ou eram de sua autoria (poucas em parceria com outros compositores) ou envolviam a participação de compositores (254) que abordavam a temática do cotidiano nos morros, favelas e subúrbios. Ao encarnar a persona de ―embaixador dos morros e favelas‖, Bezerra assumiu o compromisso de ser um cronista das experiências dos seus moradores, ao abordar temáticas como violência, tortura policial, desigualdades jurídicas, drogas, crimes e criminosos. Essas questões geraram críticas e polêmicas, e sua obra foi caracterizada como ―sambandido‖, a partir da qual passou a ser visto como defensor de bandidos e até de usuários de drogas, título que ele refutou veementemente no decorrer de sua carreira. Bezerra foi incompreendido na sua originalidade, no mote central de expressar e expor as vivências dessas comunidades, de onde surgiam temáticas marcadas por indignação, críticas às carências, violências e desigualdades enfrentadas por esses moradores, bem como pelas ações de resistência emergentes nesses territórios. Palavras-chave: Bezerra da Silva, samba, cotidiano, malandragem, morros, resistência, criminalidade. 10 ABSTRACT This paper focuses on the trajectory and work of artist Bezerra da Silva. From these, it seeks to discuss the daily life of the Carioca and Baixada Fluminense hills in the 1980s and 1990s. Bezerra migrated from Brazilian Northeast (Recife) in order to try his luck in the Cidade Maravilhosa, where he lived in the Cantagalo Hill for more than twenty years, establishing bonds with the residents. In Rio de Janeiro he faced an arduous work, performing different activities (building assistant, painter...). With persistence, he crossed obstacles to improve his musical gift, until realizing the dream of becoming a musician, acting in orchestras and gathering contacts that made possible the development of his career as a singer and composer. Very creative, he began his career interpreting cocos to later succeed with samba, representing the so-called samba malandro or partido-alto. The specificity of his work is that it has a collective character, the songs that he interpreted or were his own (few in partnership with other composers) or they incorporated the participation of composers (254) who approached the daily themes of the hills, favelas and suburbs. As embodiment of the persona of "ambassador of the hills and favelas," Bezerra made a commitment

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