Considerações Sobre Migrações No Município De Pirapora - Norte De Minas - Minas Gerais, Censo 20101

Considerações Sobre Migrações No Município De Pirapora - Norte De Minas - Minas Gerais, Censo 20101

CONSIDERAÇÕES SOBRE MIGRAÇÕES NO MUNICÍPIO DE PIRAPORA - NORTE DE MINAS - MINAS GERAIS, CENSO 20101 JÉSSICA CAROLINE PORTO TAVARES UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS (UNIMONTES) [email protected] GILDETTE SOARES FONSECA UNIMONTES - [email protected] RESUMO As migrações se configuram em processo social com grandes implicações cultural, social, política, entre outras. No Brasil, a mobilidade da população é acentuada em função das disparidades socioeconômicas existentes entre municípios, microrregiões, mesorregiões e Unidades da Federação. Não importa a escala de análise sempre pode identificar fatores de atração e perda populacional. Neste contexto, este trabalho tem por objetivo apresentar o destino dos emigrantes e a origem dos imigrantes de Pirapora - município da Mesorregião Norte de Minas - Minas Gerais. Para tanto, utilizou-se dados do Censo Demográfico de 2010. A abordagem metodológica consistiu em pesquisa bibliográfica, tratamentos dos dados e elaboração de tabelas e mapas. Os resultados obtidos indicam que o número de emigrantes supera o de imigrantes. Quanto ao destino dos emigrantes e a origem dos imigrantes predomina maior volume de fluxo intraestadual. Palavras - Chave: Pirapora. Norte de Minas. Emigração. Imigração. Censo 2010. INTRODUÇÃO O estudo das migrações interna ou internacional, torna-se cada vez mais relevante, uma vez que envolvem aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, entre outros. Por ser um processo social, as pesquisas podem refletir a organização e a des(re)organização das sociedades e retratar desigualdades. A migração se configura em mobilidade geográfica ou espacial "[...] um país para outro ou, dentro do mesmo país, de uma região para outra, envolvendo, em geral, a transferência de residência do lugar de origem ou local de partida para o lugar de destino ou lugar de chegada" (IBGE, 1969, p.62). As migrações se distinguem entre espontâneas quando se migra por vontade própria, ou forçada, quando o sujeito é obrigado a se deslocar por motivo de guerra, perseguições de Estado ou política e até mesmo desastres naturais. Muitos indivíduos migram 1 Trabalho de Conclusão de Curso. temporariamente ou definitivo, podendo ocorrer por etapas. “Muitos imigrantes não sabem se vão ou não abandonar por completo a terra natal; levados pela necessidade partem por um período de tempo [...]” (BEAUJEU - GARNIER,1980, p. 203). Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo apresentar o destino dos emigrantes e a origem dos imigrantes de Pirapora - Mesorregião Norte de Minas. A abordagem metodológica baseou-se em pesquisa bibliográfica, tratamento de dados no software Statistical Package for Social Sciences (SPSS), elaboração de tabelas e mapas. A base de dados utilizada foi do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. Em termos operacionais considerou-se o quesito: Município de Residência em 31 de julho de 2005 (data fixa). Conforme Rigotti (1999, p. 16-17), o quesito data fixa do “[...] ponto de vista analítico, este é um dado de fácil interpretação. O migrante será conceituado como aquele que residia em lugares diferentes nas duas datas, enquanto o não-migrante residia no mesmo local”. No quesito data fixa, referente ao Censo de 2010, foi identificado a residência do indivíduo em 2005 em relação a 2000, portanto os dados apontam a emigração e imigração em um período de cinco anos (2000 a 2005). Após a compilação dos dados identificou-se mais emigrantes do que imigrantes. O maior volume de emigrantes teve como destino municípios de Minas Gerais, portanto emigração intraestadual, com destaque para municípios da Mesorregião Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba; quanto a emigração interestadual, identificou-se para outras Unidades da Federação, principalmente São Paulo e Goiás. Em relação à origem dos imigrantes, também predomina imigrantes intraestaduais. 1 CONSIDERAÇÕES SOBRE MIGRAÇÕES NO BRASIL É difícil conceituar migração, pois “[...] inexiste unanimidade no entendimento do que seja migração, migrante ou, simplesmente, mobilidade [...]” (SALIM, 1992, p. 119). No entanto, é válido refletir e entender que se trata de um processo social que envolve vários aspectos: socioeconômico, desequilíbrio financeiro, motivos políticos, guerras, antagonismos, catástrofes naturais, entre outros. Pode-se distinguir as migrações internas em: intrarregional na mesma região; interregional entre regiões diferentes; intraestadual no contexto do mesmo Estado; interestadual entre dois ou mais Estados; intramunicipal no mesmo município; intermunicipal entre municípios distintos; além das migrações rural e urbana. Deve-se diferenciar também emigração e imigração. Para o IBGE (1969, p. 62): As palavras imigração e emigração se referem ao movimento para dentro e para fora, respectivamente, de certo território. A migração processada de um mesmo país e que consiste no deslocamento entre diferentes partes dêsse (sic) território constitui a migração interna. Assim, pode-se apontar que o indivíduo é emigrante ao sair do local de origem e torna- se imigrante ao chegar ao local de destino. Em relação ao saldo migratório, se configura na diferença entre o número de imigrantes (I) e o número de emigrantes (E). No Brasil, para Théry; Mello (2005), a primeira grande mobilidade interna ocorreu de 1877 a 1880, em função da seca que assolou a Região Nordeste. A população afetada pelos efeitos da seca migrou para a Região Norte, acreditava que o fato de ser local com muita água teria uma vida mais digna. “Mais de um milhão de nordestinos vieram, assim, instalar-se na Amazônia, e muitos ficaram após o desmoronamento do sistema da borracha” (THÉRY; MELLO, 2005, p. 40). Muitos migrantes tiveram o próprio governo como incentivador, alguns retornaram, outros morreram de malária e outras doenças, poucos resistiram e adaptaram a Região Norte. A história migratória se perpetua no Brasil, ligada intrinsecamente aos aspectos econômicos característica que ocasiona novas emigrações ou imigrações de retorno, pressupondo que: “[...] quando a sobrevivência dos habitantes de uma região é ameaçada, a tendência é procurarem outras regiões, principalmente, aquelas onde há promessa de vida melhor” (MARTINS; VANALLI, 1997, p. 43). Para Théry; Mello (2005), a migração interna tem momentos históricos e destacam: final do século XIX, migração do Nordeste para o Norte (em função do longo período de seca); no século XX, migração do Nordeste para o Norte,do Sul para o Centro-Oeste e Sul para Norte (fronteiras agrícolas), do Sul para o Sudeste e do Nordeste para o Sudeste (industrialização). A partir de 1950, houve no Brasil crescimento da população na Região Sudeste, devido a industrialização, principalmente nas Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Neste contexto, surgiram graves problemas sociais, aumento da violência, exclusão social, expansão urbana desordenada, entre outros, em consequência aumenta "[...] o fenômeno da chamada "urbanização por expansão de periferias", forçando ainda mais a pressão por infraestrutura urbana, transporte coletivo, etc" (SCHMIDT; FARRET, 1986, p.9). Além da migração rural / urbana, ocorreu migração intraestadual e interestadual, mas os grandes centros não tinham infraestrutura para absorver toda a mão de obra. Além do que aumentou a demanda por serviços básicos, desemprego, desigualdade social, hostilidade e grandes aglomerações subnormais. As aglomerações subnormais representam, para o IBGE (2013, p. 2): O conjunto constituído por 51 ou mais unidades habitacionais caracterizadas por ausência de título de propriedade e pelo menos uma das características abaixo:- irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos lotes e/ou - carência de serviços públicos essenciais (como coleta de lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e iluminação pública). Apesar dos problemas no processo de urbanização seja pela chegada ou não de emigrantes, a mão de obra dos migrantes foi e continua sendo de suma importância para a economia do Brasil. Brito; Marques (2005, p.14) relatam: “[...] o Brasil de hoje fez da migração interna uma atividade risco. Antes era uma alternativa para a mobilidade social, agora é uma mera alternativa para a sobrevivência, e, mesmo assim indispensável.” A emigração ou imigração interna no Brasil é e continuará sendo um processo social com implicações territoriais, culturais e econômicas. O país tem grande potencial, apesar da crise política e econômica que acabou com vários postos de trabalho, arranjos produtivos, mas assim que ocorrer retomada do crescimento novos fluxos migratórios surgirão. 2 CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PIRAPORA - NORTE DE MINAS - MINAS GERAIS E RESULTADOS DA PESQUISA O Estado de Minas Gerais foi regionalizado pelo IBGE (1990), em 12 mesorregiões e 66 microrregiões. Dentre as mesorregiões, tem-se a Mesorregião Norte de Minas que abrange 89 municípios distribuídos em sete microrregiões: Bocaiúva, Grão Mogol, Janaúba, Januária, Montes Claros, Salinas e Pirapora. No Norte de Minas, as Microrregiões de Bocaiúva e Grão Mogol compreendem menos municípios, sendo respectivamente cinco e seis; as Microrregiões de Pirapora (10), Janaúba (13), Januária (16), Salinas (17) e a Microrregião de Montes Claros possui 22 municípios (IBGE, 2010). O município de Pirapora, área deste estudo, integra a Microrregião de Pirapora, juntamente com os municípios de Buritizeiro, Ibiaí, Jequitaí, Lagoa dos Patos, Lassance, Riachinho, Santa Fé de Minas, São Romão e Várzea da Palma. Geograficamente Pirapora limita-se com os municípios

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