Projecto Ilhas da Albufeira de Alqueva Biodiversidade numa paisagem em profunda transformação Relatório final Cofinanciado pelo FEDER Projecto Ilhas da Albufeira de Alqueva Ordenamento e Gestão das Áreas Emersas do Futuro Regolfo de Alqueva Equipa Técnica: Coordenação: Manuela Pires da Fonseca, Diogo Figueiredo, Jorge Araújo SIG e modelação: Pedro Segurado Dados Biológicos - responsável científico e assistente de campo: Vegetação - Paulo Pereira (Raquel Barata) Carabídeos - Diogo Figueiredo (Amália Espiridão) Aracnídeos - Carola Meierrose (Ricardo Castro) Répteis e anfíbios - Pedro Segurado (Maria Peixe Dias) Macroinvertebrados - António Mira (Nuno Faria) Aves - João Rabaça (Susana Rosa, Teresa Catry, Inês Catry) 31 de Agosto de 2001 Laboratório de Cartografia Biológica do Centro de Ecologia Aplicada da Universidade de Évora (http://www.cea.uevora.pt/lcb) SUMÁRIO A barragem de Alqueva irá em breve inundar 25.000 ha de terrenos numa extensão de cerca de 35 quilómetros. Esta inundação não alcançará as áreas de maior altitude, as quais se converterão em ilhas. Estaremos perante um fenómeno raro: uma fragmentação de habitat observável em tempo real. Alqueva será um caso único em termos de investigação, dado que foi precavida a possibilidade de monitorizar esta fragmentação desde o momento zero, isto é, antes mesmo desta fragmentação ocorrer. O trabalho desenvolvido no âmbito do Projecto Ilhas de Alqueva iniciou-se com a modelação de variáveis manipuladas sobre características físicas reais: por exemplo, o impacto da variação do plano de água na forma e área das futuras ilhas. Foram efectuadas inventariações de campo de vegetação, macroinvertebrados, répteis, anfíbios, mamíferos e aves, recorrendo a uma metodologia que prevê a sua repetição no tempo e no espaço, isto é, a monitorização dos grupos inventariados no pós-enchimento. Esta inventariação foi ainda efectuada de modo a permitir relacionar os vários grupos inventariadas entre si, permitindo estimar diferenças de biodiversidade relativa entre as futuras ilhas. Entre os vários grupos de variáveis ambientais consideradas (espaço, usos do solo, estrutura da paisagem e geomorfologia) o uso do solo foi o que mais claramente explicou a componente biológica. A área que irá ser inundada pelo futuro regolfo de Alqueva tem há muito sido sujeita a uso agrícola, predominando o pastoreio por gado bovino: a maioria destas futuras ilhas encontra-se bastante degradada, e o isolamento irá com certeza induzir grandes alterações na composição das respectivas comunidades vivas. Este Relatório inclui diversas análises de dados que pretendem caracterizar a diversidade biológica da área em estudo sob diferentes perspectivas. Entre as análises efectuadas sobressai uma nova metodologia que pretende produzir uma estratificação (dinâmica) das ilhas associada a aspectos de sucessão ecológica. O modelo produzido permite a actualização da informação sobre as ilhas, constituindo-se numa ferramenta ideal para o ordenamento e gestão. As ilhas permitirão testar hipóteses várias sobre a biologia da conservação e o impacto das alterações globais sobre a Biodiversidade, nomeadamente ao nível das alterações de uso do solo. O Arquipélago de Alqueva é um laboratório vivo que deverá ser incluido na categoria de Espaço de Investigação e Conservação Ecológica, devendo ficar sujeito a uma monitorização contínua. No Relatório são ainda sugeridos exemplos das muitas questões fundamentais da ecologia que poderão ser abordadas neste laboratório: a fragmentação e colonização de habitats; fenómenos de extinção e dispersão de espécies; a determinação de áreas vitais mínimas; sucessão ecológica comparada (estudo de pares de ilhas com diferente grau de degradação ecológica, por exemplo); evolução das comunidades biológicas na ausência de intervenção humana; fenómenos de ignição e efeitos do fogo (controlado) sobre os habitats e as espécies; estudos de dinâmica de populações; os ciclos de nutrientes (fenómenos de decomposição, de produção e consumo de CO2 em comunidades biológicas controladas); ensaios de recuperação e melhoramento de habitats de modo a assegurar atributos de conservação (por exemplo, criação de charcas temporárias para conservação de anfíbios; e outros). Refere-se ainda o interesse em promover a investigação e a conservação com uma ligação à educação ambiental. ABSTRACT The Alqueva dam will give way to the flooding of 25.000 ha of agricultural and semi-natural areas. This major change in land use raises many theoretical and applied questions in ecology, namely its impact on the local animal and plant species. In addition, there is also a new set of habitats being created as a result of the flooding: some hundred isles will emerge within the Alqueva reservoir. What would they look like? What sort of wildlife assemblages will they be able to support? The Alqueva reservoir represents a unique opportunity to investigate many ecological phenomena such as the effects of fragmentation on populations and the emergence and colonization of new habitats. However, all of these questions need sound data to be dealt with. The Alqueva Islands Project was set to investigate these future islands before the dam starts operating. Through the use of GIS it was possible to model the flooding and predict the areas that will emerge at different water levels. Choosing a water level oscillation of 5 m, we came up to a total of 93 permanently isolated islands. Among these, a sample of 30 islands-to-be was intensively investigated. Several environmental variables were extracted (area, shape, altitude, cover type, isolation probability, distance to the mainland) and related to the biological data collected. Field inventories included plant species, macroinvertebrates, snails, amphibian, reptiles, birds, and mammals. Land use was the variable that most explained variation in Biodiversity among the areas that will become islands. Assuming that land use will change considerably during and after the flooding, this is a unique opportunity to investigate one of the most important drivers of Global Change. ÍNDICE GERAL SUMÁRIO ÍNDICE GERAL .............................................................................................................................. 1 ÍNDICE DE FIGURAS, TABELAS E ANEXOS.......................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 6 2. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 9 2.1. ÁREA DE ESTUDO..................................................................................................... 9 2.2. VARIÁVEIS AMBIENTAIS..................................................................................... 13 Uso do solo ...................................................................................................................... 13 Estrutura da paisagem...................................................................................................... 13 Geomorfologia................................................................................................................. 14 2.3. VARIÁVEIS BIOLÓGICAS..................................................................................... 14 Vegetação ........................................................................................................................ 15 Macroinvertebrados......................................................................................................... 16 Herpetofauna ................................................................................................................... 16 Aves................................................................................................................................. 17 Mamíferos........................................................................................................................ 18 2.4. ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 19 2.4.1 Análise da composição e estrutura de abundâncias das comunidades ................... 20 (1) Índices de originalidade das ilhas .......................................................................... 20 (2) Relações inter- grupos biológicos.......................................................................... 20 (3) Relação flora - grupos faunísticos.......................................................................... 21 (4) Análises separadas por grupo versus Análise de Compromisso........................... 21 (5) Relação grupos biológicos - variáveis ambientais................................................. 22 (6) Efeito da intensidade de pastoreio ......................................................................... 22 2.4.2 Análise da diversidade............................................................................................ 23 (1) Índices deDiversidade............................................................................................ 23 (2) Eficiência de amostragem...................................................................................... 24 (3) Relações inter-grupos ............................................................................................ 24 (4) Relação grupos biológicos - variáveis físicas ........................................................ 24 (5) Efeito da intensidade de pastoreio ........................................................................
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