Vida Do Beato Henrique Suso

Vida Do Beato Henrique Suso

^r- V I D A DO BEATO HEKRIQUE SUSO, DA ORDEÍJ DOST.PÉGADORES, Traduzida de Latim em Poituguez: CONSIDERAÇÕES DAS LAGRIJÍAS DE N. SENHORA, E uua* cbras era prosa, e em verso , (jue andava» diiipersas. CO -M POSTAS POR Rcrgioso da dlla Oi;":.:in. < que $t ojiint9tt o. Fida do mesmo Aulor , « o juízo sobre os seus Escritos, m r^.nh? 1 V*-. COIMBRA: 91 lilPhliiNSA OAUNlVERSiDADlj — *«« \}^ I6^<^ V VIDA DO Padbe Fr. LUIZ DE SOUSA , E JUÍZO SOB^^V'. 05 SEUS ESCRITOS, i>0 Aviso, qiic pnzémos ao^principío ria Vida do Venerável Arcebispo D. Fr. I^arrho- saio lomeu dos Martyres , que impressa em Jíiiie^lro deste ftnno (r jí)/-), dissemos que logo depois deterniinavanios p!d)Hair a Vida do Beato Henrique Soso , e njuiitnr-lhc ns devo- rissinias Considerações das Lagrimas de Nossa ol)ras aii» Seuliora , c algniras Latinas , que davão soltas j Uido producrão bem dii;na do insigne Autor da Vida do mesmo Vene- rável Arcebispo : c que a!ii lhe ajur.iariamos tarnbum uma breve noticia da \ ida da , inesnio Aulor , e dos st ns FsrritdS e o jnl/o Si^bie elles. Aguia van:os í>iilisra:er esia piomcssa. 4 Vida do Padrk Fr. Luiz de Soiis.i, que no século se cKa- mou3Ianoel tle Sousa Couiinhojji), foi quinto filho de Lopo cie Sousi Coutinho , FiJilgo ilhistrissimo do tempo do Senhor Kei D. João Iir , e que pelas suas virtudes , talento , e erudição mereceo, lugares mui distinctos na vida militar , e conciliou universal respeito da Corte : e dvi D. Maria de Noronha , fdha de D. Fernando de Noronha , Capitfio de Azamor, Lo.^o nos primeiros annos moslroa Manoel de Sousa grande viveza , e génio sin- gular para os esíutíos, e muiio cm particular ])ara as Bellas Letras, que cultivou maravi~ íhosamente , e com láo prodigioso fVucto , como o fazem ver os seus Escritos. Passou a estudar Direito á Universidade de Coimbra , como o tinlião feito lodoò seus irmãos, não dispensando seu pai nesta parte nem ainda o primogénito. E perguntando-se-lhc a ra- zão de o querer assim ? respondeo discreta- mente : Qu3 mal lhe tinhafeito aq lulie filha y para o deíjcir iqnorante P Não pro:egnio os estudos na Universida- de; antes deixaudo-os logo, entrou na Reli- gião de Malta. E fazeuílo viagem para esta. íllia , ao sair da de Sardenha , aonde ohri- I.n-t ( 1 ) rV. António lia Kncariiar.So iiiN ida í\r Fr. fli- Sonsa , c^ut TQM ftopiiiicipiu do iíj^uuJo i'gmo J« CluQU^M. Fn. Lui2 Dl! Sousa.' 5 ^do de um grave temporal , e qnnsi derro- tado de todo tinha ido arribado, foi cativo de um Corsário de Mouros, e juntamente seu irmaó André de Sousa Coutinho, Cavai- leiro também da mesma KeligiSo. Levado a Argel , alli acliou entre os cativos o ilhis- tre , e engenhosissiuio Miguel de Cervan- tes , com quem logo coníiahio estreita ami- zade. Em teálemuriiio delia ointroduzio Cer- vantes em hum Episodio da suacelebie No- vella dos Trabalhos de Persiles , e Se^ismiiU' do. Ajustando-se MatiOel de Sousa CoiuitiUo com O Conjmandantc do Corsário em que, ficando seu irmão André de Suusa retido no cativeiro , viesse elle d pátria negocearo res- gate de um, e outro, passou para Valença em Hespanha no anno de julgando 15^5 , que este lugar era commodopara (hdli eííel- toar o a ({ue viera. Aqoi teve a triste noti- cia da infebz morte pai de seu , que havia succedido em Janeiro deste anno. É succeNs^j admirável , mas verdadeiro Indo a desmon- tar-se d'uiu cavallo (na Vi lia de Povos) desenibainhon-se-liic a espada : com o mo- vimento (jue íez ao cair firtui qeie , de sorte , forcejando ou p:ira a desviar , ou para a ter mão ; ella o ferio tão graveuKMíte, que alli falleceo logo eui 28 do diio tncz. Jaz iia Ca- pella mói- da igreja Paruc^iilai do Salvador 6 Vida. do Padab da Villa de Santarém, de que er.i P.idro^ir.^, e juntamente sua mullier D. x^aria de Noro- nha. Estabelecido Manoel de Sonsa em Valen- ça logo celclire , procurou o Jaime Falcão, Cujos estudos erão de giandefama er.i toda a Hespnnlia, e cujo meiccimento Manoel de Sousa aftirma achara ainda maior do ([ue a mesma fama. Dois annos, que alii se deteve, tratou sempre com grande amizade aquelie sábio homem ; venerando-o como pai , e hon- rando-o como mestre. Ellc llie explicou para sua melhor inslrucção a Arte Poética d Ho- rácio; o que Manoel de Sousa confessa lhe servira de estimulo para tornar ao estudo da Poesia, que havia deixado. Ksta explicarão se acha no fim das obras dome^mo Jai?neFal- cão, e neila se mostra clare7.a , e bom conhe- cimento do verdadeiro sentido do Poeía. Negoceado em fim o seu resgate, e o de 5eu irmão, voltou para o Reino , e para a Corte, sem que tivesse professado na lleli- ^iáo , que dissemos. Diz-se que tivera razies forçosas para assim o fazer. Então casou com D. r>lagdnlena de Vilhena , fdha de Francisco de Sousa Tavares fora mu- , Senhora , que lher de D. Jofío de Portugal, filhexleO. Fran- cisco de Portugid, 'primeiro Conde deVimioso, o ^ual havia ^cagl^ oa infeliz batalha de AU Fr. Lciz de Soisi, j 9fiCièr. Assistia na Viila Je Almatla , vivendo eoniohoni Cidadão, e cultivando oS estudos das Bellas Leiras com seus amigos, que tinhao o mesmo gosto, instituindo, para o tazer me- lhor, uma Socied:ide Lite.-aria : e era Coro- nel fie 700 iníanles , e quasi 100 Cavallos na- quelie districto. Por causa do mal da peste , com que Deos ferio Lisboa no asiiio de passarão o?; 1677 , Governadores , que então erão do Ileino , ;i residir em Almada, por ser terreno mais des- afogado, elinipn de toda a corrupção, Eião elles I D. Miguel de Castro, Arcebispo tio ( ) Lis])oa : D. João da Silva, quarto Contle do Portalegre, Mordomo Múr : D. FrancisiM Mascaranhas Conde de Santa Cruz: D. Duar- te de Castello-Branco , primeiro Conde do SaiíUíjnl , I\L'irinho Mór do liciívo : jMi.^uel de Moura, Escrivão da Puridaíle. Repartiiãt» si entie as casas da Villa , que lhe parecerão mais commodas para caíla um : e não ob- ser' ir stante terem outras , que lhes podião igualmente bem , ordenarão a Manoel de Sousa Couiiiiho despejasse as suas. Assetiiou elie que a ordem era injusta ; aures nascitiu. de anlig») ódio quci ião satJi>lrí- , que agor» xer , abusando da autoiida<.l«j pública, para ( 1 ) lli;jlur. Gcueai, \yjiii, (j, i'^^. J Jtf, 8 ViDJL DO Pa.I>R1! vin^^ar.oa particular. Foi extraordinarin a pai* (iu xáo , que Manoel Sousa conccbeo rew.lo um tal proítí llmento ; e deixanJo-stí levar delli , roiii|»eo na arrojada tietermiii,i':ão íle lançar fogo áscasas: elle íiiesmo o diz assim ( I ): Cu^n vekenienter animo camino tus afcn, itji'a , et ifiaitdita mttamorphosi indis^nantes parlei is injwiiic subtluxi ; ia f.irnuni , e! ciie» res abiere. raríio logo pftra Madrid a infor- mar o Piinclpe do procedimento, de qiic* se usara para com elle , e do modo porque ellc mesmo perdendo a paciência, se havia des- , aggravado, Conhecendo-se a semrazío de quem o havia provocado, foi attLMidido. No tempo , em que se deteve em Madrid, tonjo verdadeiro amigo, cuidou em ajuntar «soljras de Jair.íC Falcão, que scisannos an- tes havia fallccido nesta Corte , aonde viera chamado de Valença; e as que pôde alcançar, iis fez imprimir no anno òc looo em um voliiiJíeem oitavo. DanJo ocrusião o seu ines- perado desterro, como elle Itiecliama, a iiâo íicarempeipetiio esquecimento a menuírladc pois não se um homem tão estimável ; pôde duvidar que Jaime Falcão tinha grande en- gcnlio , e feliz imaginação; e se tivesse a fortunn de estudos mais bem dirigidos , seria hum escritor eouqdeto. ( i ) JVaeíat. Opti". Xacub. I''aIc. de t£uib. iufra. Fr. Lriz DE SotrsA. 9 Bestitnido á Pátria, continuou INÍanocl de Sousa a mesma vida retirada, e estudiosa, que linha ante?. Persuadido então por seu qutívivia irmão Jcfto Rodrignes Cuutinho , em Panamá, na America iSleridional, a que se ])assas5e iquelle pai?, com a es| csarra ilecon- «eguir copiosos iurros pelo connncrcio, fa- rciido-o assim te^e a noticia, de qnc lhe ti- nha failecido hnma fdha única que havia , sido ínulo do sen maiilmonio. Devia esit? muito mais golpe scr-lhe niuilo sensível , , vendo ellc a serie ccntinuada de desgosto?^, e iníehcidades que a vida in(fulcn , e tumul- , havia entregue tuosa do século , a f|ue se , lhe tinha causado sempre. Meditava nisto lar- am(M!íe, e cada vez se desenganava mais d* nu e não era arruelle o estado, cíu que Deos o (fueria. O succisso seguinte creio foi qucjn acidíou de o tlesenc^anar. Tinha Manoel de Sousa estreita , e íicl amizade com o Cíinde de Vimioso D. Luiz de Portuj^al. Alluniiado esto por uma luz os eífeilos iheiíin ver , que que era (h) Ceo , ahraçou juntanM-nte com sua mulher a vida religiosa. O Conde lio re- formado Convénio th» Beniíiía , .1 ('ondessa 1). .loanra de Mendonça no do Sacramento da Còrie. Fez este cxenjj)Io »raude impressão ni) anim.i de Manoel de Sonsa. Assentou que Deos ilití mandava que seguisse o amigo. Por to Vida. do pADni niutuo consentimento seu, e de sua esposa se recolhço elle tr.nibeni ao Convento de Beniíica , e ella ao do Sacramento, tomando elle o nome de Luiz , e ellu o de Soror Mag- dalena disCIíasías. Em quanto viverão não se virao mais, rcm amua se tratarão por escrito.

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