Imaging Evaluation of Vocal Cord Paralysis

Imaging Evaluation of Vocal Cord Paralysis

Artigo de Revisão • Review Article Avaliação por imagem da paralisia de pregas vocais Avaliação por imagem da paralisia de pregas vocais* Imaging evaluation of vocal cord paralysis Marcelo de Mattos Garcia1, Fabiana Pizanni Magalhães2, Gabriela Bijos Dadalto1, Marina Vimieiro Timponi de Moura3 Resumo Paralisia das pregas vocais é causa frequente de rouquidão, podendo ser secundária a várias lesões ao longo do trajeto do X par craniano e seus ramos, particularmente os nervos laríngeos recorrentes. Apesar de grande parte dos casos ser idiopática, os métodos de imagem são muito importantes na pesquisa de fatores etioló- gicos, tais como lesões neoplásicas da tireoide e esôfago com invasão secundária dos nervos laríngeos re- correntes. Além destas, outras anormalidades como aneurismas do arco aórtico e da artéria subclávia direita podem ser encontradas. É fundamental que o radiologista conheça a anatomia pertinente a esta região e as principais afecções que podem ocorrer, para que o estudo seja corretamente planejado, auxiliando o diag- nóstico e o planejamento terapêutico. Além disso, como até 35% dos casos de paralisia da prega vocal são assintomáticos, o conhecimento dos sinais radiológicos que indicam esta condição é indispensável, cabendo ao radiologista alertar o médico assistente sobre os achados do exame. Neste trabalho realizamos uma revi- são da anatomia e das principais doenças responsáveis pela paralisia de cordas vocais, demonstrando-as por meio de estudos de tomografia computadorizada e ressonância magnética de casos típicos. Mostramos, tam- bém, as alterações radiológicas próprias da laringe que indicam a presença de paralisia das pregas vocais. Unitermos: Cordas vocais; Paralisia; Imagem. Abstract Vocal cord paralysis is a common cause of hoarseness. It may be secondary to many types of lesions along the cranial nerve X pathway and its branches, particularly the laryngeal recurrent nerves. Despite the idiopathic nature of a great number of cases, imaging methods play a very significant role in the investigation of etiologic factors, such as thyroid and esophagus neoplasias with secondary invasion of the laryngeal recurrent nerves. Other conditions such as aortic and right subclavian artery aneurysms also may be found. The knowledge of local anatomy and related diseases is of great importance for the radiologist, so that he can tailor the examination properly to allow an appropriate diagnosis and therapy planning. Additionally, considering that up to 35% of patients with vocal cord paralysis are asymptomatic, the recognition of radiological findings indicative of this condition is essential for the radiologist who must warn the referring physician on the imaging findings. In the present study, the authors review the anatomy and main diseases related to vocal cord paralysis, demonstrating them through typical cases evaluated by computed tomography and magnetic resonance imaging, besides describing radiological findings of laryngeal abnormalities indicative of this condition. Keywords: Vocal cord; Paralysis; Imaging. Garcia MM, Magalhães FP, Dadalto GB, Moura MVT. Avaliação por imagem da paralisia de pregas vocais. Radiol Bras. 2009; 42(5):321–326. INTRODUÇÃO nervo vago (X par craniano) e de seus ra- das principais causas, ilustrando-as com mos. O reconhecimento das alterações ra- casos típicos. A paralisia das pregas vocais é causa diológicas específicas e o conhecimento da frequente de rouquidão, podendo ser se- anatomia e das doenças que podem acome- ANATOMIA cundária a diversas afecções ao longo do ter o X par craniano são de importância fundamental para a escolha e programação O nervo vago é o nervo craniano com o * Trabalho realizado na Axial Centro de Imagem, Belo Hori- do melhor método de imagem a ser utili- trajeto mais longo, estendendo-se do tronco zonte, MG, Brasil. zado e sua interpretação adequada. cerebral ao abdome(1). Origina-se de qua- 1. Membros Titulares do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Médicos Radiologistas da Axial Neste trabalho procuramos demonstrar tro núcleos no bulbo, sendo que três deles Centro de Imagem, Belo Horizonte, MG, Brasil. os achados radiológicos indicativos de pa- convergem na cisterna basal para formar 2. Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diag- nóstico por Imagem (CBR), Médica Radiologista da Axial Centro ralisia de prega vocal. Além disso, enfoca- um único nervo, que emerge do crânio pelo de Imagem e do Hospital de Pronto Socorro João XXIII, Belo Horizonte, MG, Brasil. mos as estratégias da avaliação por ima- forame jugular, percorre o pescoço e o tó- 3. Médica Radiologista da Axial Centro de Imagem e do Bio- gens de tomografia computadorizada (TC) rax, terminando no abdome. Neste longo tra- cor Instituto, Residente em Radiologia na Axial Centro de Ima- jeto, o nervo vago dá origem a numerosos gem, Belo Horizonte, MG, Brasil. e ressonância magnética (RM) na pesquisa Endereço para correspondência: Dr. Marcelo de Mattos Gar- ramos que inervam a laringe e a faringe. Na cia. Avenida Bernardo Monteiro, 1472, Funcionários. Belo Ho- região cervical, encontra-se entre a artéria rizonte, MG, Brasil, 30150-280. E-mail: marcelomgarcia@ Recebido para publicação em 18/11/2008. Aceito, após re- superig.com.br / [email protected] visão, em 28/7/2009. carótida (medialmente) e a veia jugular Radiol Bras. 2009 Set/Out;42(5):321–326 321 0100-3984 © Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Garcia MM et al. interna (lateralmente). Há três ramos maio- ele segue superiormente no sulco traqueo- tamente do vago à laringe, sem contornar res do nervo vago nesta região: os nervos esofágico em direção à laringe. O NLR es- a respectiva artéria. Essa variação está in- faríngeo, laríngeo superior e laríngeo recor- querdo emerge do nervo vago no medias- timamente relacionada a lesões cirúrgicas rente. tino, após seu cruzamento ântero-lateral ao e é conhecida como nervo laríngeo inferior O ramo faríngeo se origina do gânglio arco aórtico. Faz, então, uma alça sob o “não recorrente”. inferior do nervo vago e faz parte do plexo arco, seguindo trajeto entre a aorta e a ar- O NLR localiza-se no sulco traqueoeso- faríngeo, responsável pela inervação mo- téria pulmonar esquerda, estendendo-se fágico, um importante marco anatômico, tora dos músculos da faringe e músculos posteriormente até o sulco traqueoesofá- em 65% dos casos à direita e em 77% das elevadores do véu palatino. gico, onde segue até alcançar a laringe. Em vezes à esquerda. O nervo é encontrado à O nervo laríngeo superior também se razão do seu trajeto mais longo e parcial- direita da traqueia em 33% dos casos e à origina do gânglio inferior do nervo vago, mente intratorácico, o NLR esquerdo pode esquerda em 22%. Raramente ele ascende caudalmente ao ramo faríngeo, e divide-se ser afetado por doenças mediastinais(1). anterolateralmente à traqueia, e neste caso em nervos laríngeo externo (motor) e in- Ambos os nervos entram na laringe na re- apresenta maior suscetibilidade a injúria terno (sensitivo). É o responsável pela iner- gião da articulação cricotireoidea por inter- cirúrgica. vação do músculo cricotireoideo. médio das fibras dos músculos constrito- Os nervos laríngeos recorrentes (NLRs) res inferiores da faringe. ASPECTOS CLÍNICOS (Figura 1) são responsáveis pela inervação Na subida do NLR do tórax à laringe, dos demais músculos intrínsecos da larin- numerosas variações anatômicas podem ser Os pacientes com paralisia das pregas ge(2). Estes carregam fibras motoras, sen- encontradas. Rustad(4), em estudos de au- vocais geralmente apresentam queixa de sitivas e parassimpáticas, dividindo-se em tópsia, observou que 43% dos NLRs se di- rouquidão. Outros sintomas mais graves ramo interno, responsável pela função sen- vidiam em um ou mais ramos em ambos os incluem aspiração e pneumonias frequen- sitiva das cordas vocais e região subglótica, lados. Os achados da divisão do nervo an- tes(6). No entanto, até 35% dos pacientes e ramo externo, que comporta a função tes de atingir a laringe foram também con- podem ser assintomáticos(5). Nesses casos, motora de quatro músculos intrínsecos da firmados cirurgicamente em 40% dos ca- a identificação da paralisia ao exame de laringe: tireoaritenoide, cricoaritenoides sos por Nemiroff e Katz(5). O trajeto dos imagem será incidental e tal achado deve anterior e posterior e aritenoides transverso NLRs pode sofrer variações em decorrên- alertar o médico assistente sobre a neces- e oblíquo(3). À direita, o NLR emerge do cia de anormalidades congênitas vascula- sidade de avaliação adicional. A avaliação nervo vago no ponto em que este cruza a res ou distorções anatômicas pela presença prévia e direta por laringoscopia deve ser artéria subclávia direita anteriormente, fa- de bócio, neoplasias ou processos inflama- inicialmente realizada para descarte de le- zendo uma alça por baixo da artéria e al- tórios. Nos casos de artéria subclávia di- sões mucosas e submucosas, como as cau- cançando sua superfície posterior. Então, reita aberrante, o NLR direito passa dire- sadas pelo carcinoma de células escamo- Figura 1. Desenhos esquemáticos da anatomia dos nervos laríngeos recorrentes. 322 Radiol Bras. 2009 Set/Out;42(5):321–326 Avaliação por imagem da paralisia de pregas vocais sas, para que se justifique estudo subse- Tabela 1 Parâmetros técnicos utilizados nos exames de tomografia computadorizada e ressonância quente por imagem. magnética. A paralisia pode ocorrer de forma aguda Tomografia computadorizada (tomógrafo multislice de 64 canais) ou crônica, podendo ser uni ou bilateral. A Colimação mAs kV Tempo prega vocal esquerda é mais acometida, uma vez que o NLR deste lado tem trajeto mais Pré-contraste 1,5 mm 150 140 8 s longo, com cerca de 12 cm de extensão da Pós-contraste 0,75 mm 150 140 15 s aorta até a junção cricotireoidea. Ao exame Ressonância magnética (aparelho 1,5 T, bobina de oito canais) clínico, o diagnóstico do lado afetado é re- lativamente simples: a prega vocal verda- TR TE TI Espessura Intervalo Tempo deira comprometida estará com a mobili- Coronal STIR 5.275 ms 45 ms 150 ms 5,0 mm 0,5 mm 3,45 s dade reduzida, total ou parcialmente.

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