Ponto Urbe Revista do núcleo de antropologia urbana da USP 8 | 2011 Ponto Urbe 8 Edição electrónica URL: http://journals.openedition.org/pontourbe/81 DOI: 10.4000/pontourbe.81 ISSN: 1981-3341 Editora Núcleo de Antropologia Urbana da Universidade de São Paulo Refêrencia eletrónica Ponto Urbe, 8 | 2011, « Ponto Urbe 8 » [Online], posto online no dia 01 julho 2011, consultado o 23 setembro 2020. URL : http://journals.openedition.org/pontourbe/81 ; DOI : https://doi.org/10.4000/ pontourbe.81 Este documento foi criado de forma automática no dia 23 setembro 2020. This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License. 1 SUMÁRIO Editorial Artigos A “Maioral”: uma etnografia da Torcida Jovem do Botafogo Futebol Clube da Paraíba Hércules Vicente do Nascimento e Maria Patrícia Lopes Goldfarb Campininha das Flores: narrativas de um drama social Arthur Pires Amaral O Médico Legista e o Etnógrafo: Uma análise comparativa de duas obras de Nina Rodrigues Rachel Rua Baptista Bakke O Terena na cidade Um estudo sobre liminaridade entre Antropologia Urbana e Etnologia Indígena Michely Aline Jorge Espíndola Reflexões a partir da mobilidade: O consumo de alimentos e a formação de mercados brasileiros em Boston Viviane Kraieski de Assunção “Pra ele se sentir bem...”: notas etnográficas sobre os jovens e o prazer Ane Talita da Silva Rocha Cir-Kula Decrecimiento del pueblo corporativo Atenquique y su declinación económica y ambiental José G. Vargas Hernández Criminalidade Organizada: antigos padrões, novos agentes e tecnologias Danilo Fontenele Sampaio Cunha Narrativas, conversações e alguns ritornelos em meio à feira livre Maicon Barbosa El antes y el después de la ciudad neoliberal La problematización de las políticas sociales y la reconfiguración de la periferia montevideana desde la experiencia de sus habitantes Eduardo Álvarez Pedrosian Entrevista Entrevista com Guita Grin Debert Lilian de Lucca Torres e Guita Grin Debert Ponto Urbe, 8 | 2011 2 Tradução A pessoa fractal WAGNER, Roy. “The Fractal Person”. In: Marilyn Strathern e Maurice Godelier (org.). Big Men and Great Men: Personifications of Power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press, 1991 Roy Wagner Cortando a Rede Marilyn Strathern Etnográfica Relato de uma etno-expedição em Belém do Pará: entre os pontos de vista nativos e não- nativos Antonio Maurício Costa, Luciana Wilm e Gizelli Vasconcelos Comemorações do Dia do Índio na cidade de Manaus/AM, 18 de abril de 2011 Ana Sertã NAU Migração: Pesquisa encomendada sobre a região do Museu da Imigração – uma possibilidade de compreensão da metrópole Alvaro Katsuaki Kanasiro, Ana Luísa Nakamoto, Gustavo Taniguti, Karina Satomi, Samara Konno e Thiago Santos Haruo Etnografia coletiva da X Reatech: Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade Andrea Cavalheiro, César Assis Silva, Cibele Assênsio, Lucas Zavarize e Tarsila Mendonça Antropologia em diálogo: a I Semana de Humanidades em Mossoró Eduardo Dimitrov, Íris Morais Araújo, Luis Felipe Kojima Hirano, Maíra Muhringer Volpe, Natacha Simei Leal e Samantha Gaspar Turismo e Desenvolvimento em Guayaramerín: etnografia de um seminário Renata Albuquerque de Moraes Marcha para Jesus - Rio de Janeiro Edlaine de Campos Gomes e Hugo Didier Cooperativismo Social: notas etnográficas sobre a invenção e regulação de políticas públicas Lecy Sartori Resenhas O acarajé que todo mundo gosta: quem “quer saber o trabalho que dá”? Edlaine de Campos Gomes Performance, Arte e Antropologia Bianca Tomassi Ponto Urbe, 8 | 2011 3 Editorial 1 Nesta oitava edição, a revista eletrônica do NAU, Ponto Urbe, apresenta na seção Artigos seis textos: o de Hércules Vicente do Nascimento, sobre uma torcida organizada na Paraíba; de Arthur Pires Amaral, narrativas de um drama social; o de Rachel Rua Baptista Bakke, com uma análise comparativa de duas obras de Nina Rodrigues; de Michely Aline Jorge Espíndola, sobre a presença dos índios Terena no contexto urbano; o de Viviane Kraieski de Assunção, sobre consumo de alimentos e a formação de mercados brasileiros em Boston e o de Ane Talita da Silva Rocha sobre jovens e o prazer. 2 A seção Cir-kula, destinada a divulgar textos de outras áreas, mas em diálogo com a Antropologia, traz a contribuição de Eduardo Álvarez Pedrosian, de Montevidéu: “El antes y el después de la ciudad neoliberal”; de Maicon Barbosa: “Narrativas, conversações e ritornelos em meio à feira livre”; de Danilo Fontenele Sampaio Cunha: “Criminalidade organizada: antigos padrões, novos agentes e tecnologias”; e a de José Vargas Hernandez, da Universidade de Guadalajara: “Decrecimiento del pueblo corporativo Atenquique y su declinación económica y ambiental”. 3 A seção Entrevista traz o depoimento da pesquisadora e professora da UNICAMP, Guita Grin Debert, compilado por Lilian de Lucca Torres. 4 A seção Tradução, que vem despertando interesse por disponibilizar textos atuais de bastante procura por alunos e professores, neste número traz duas contribuições: A pessoa fractal. , WAGNER, Roy. “The Fractal Person”. In: Marilyn Strathern e Maurice Godelier (org.). Big Men and Great Men: Personifications of Power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press, 1991, por Christiano Key Tambascia e Iracema Dulley; e Cortando a Rede. Strathern, Marilyn. “Cutting the Network”. In: The Journal of the Royal Anthropological Institute. Vol 2. No. 3 (set. 1996), por Ana Letícia de Fiori. 5 A seção Etnográfica, aberta a curtos relatos de campo, apresenta uma boa variedade: o primeiro é sobre uma etno-expedição em Belém do Pará; depois, sobre as comemorações do Dia do Índio em Manaus/AM; em seguida, a pesquisa no entorno da região do Museu da Imigração, Mooca, São Paulo; a etnografia coletiva da Xª Reatech, uma feira internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade; o relato de um seminário, em Mossoró/RN; e outro seminário de turismo e Ponto Urbe, 8 | 2011 4 desenvolvimento na Bolivia; a “Marcha para Jesus”, no Rio de Janeiro; por fim, um evento de Cooperativismo Social em Campinas/SP. 6 E, por último, a seção Resenhas: Performance, Arte e Antropologia (orgs.) Francirosy Ferreira e Regina Müller, por Bianca Tomassi; e Baianas de acarajé: comida e patrimônio no Rio de Janeiro. Nina Pinheiro Bitar, por Edlaine Gomes. 7 Prof. Dr. José Guilherme Cantor Magnani 8 Editor Ponto Urbe, 8 | 2011 5 Artigos Ponto Urbe, 8 | 2011 6 A “Maioral”: uma etnografia da Torcida Jovem do Botafogo Futebol Clube da Paraíba Hércules Vicente do Nascimento e Maria Patrícia Lopes Goldfarb 1. Apresentação 1 As Torcidas Organizadas (T.O) surgiram entre as décadas de 60 e 70 e são oriundas das Torcidas Uniformizadas (T.U), que passaram a existir na década de 40. As T.O implementam no Brasil uma nova forma de torcer, quando passam a acompanhar o time de futebol, bem como uma nova dinâmica de relações interpessoais envolvendo seus integrantes; de certa forma alterando o campo simbólico existente dentro da dinâmica do futebol, anteriormente configurado num âmbito amador, onde seus torcedores eram identificados com o clube sobretudo através de afetividade. 2 Estas configurações modificaram-se devido a diversos fatores sociais, políticos e econômicos, ocorridos principalmente nas décadas de 60 e 70 - no Brasil e em outros países - e passam reconfigurar as relações sociais, principalmente em centros urbanos, onde sobretudo os jovens buscam novos tipos de interação e sociabilidades, criando novas identidades sociais, fronteiras e limites dentro das cidades, dos bairros e até mesmo de uma rua. 3 O futebol, com a sua configuração competitiva e ao mesmo tempo lúdica e agregadora, possibilita o surgimento de novos segmentos sociais urbanos, formando pares de iguais ou antagônicos dentro das cidades. Tais grupos criam novas práticas de convivência, identificando-se com um determinado time de futebol, apreciando e exaltando seus símbolos, cores e atributos conquistados. 4 Neste sentido, o objetivo deste trabalho se justifica pelo enorme significado simbólico que o futebol representa, principalmente no cotidiano da sociedade brasileira, pensado como fenômeno sociocultural, destacando a sua importância como atividade socializante, principalmente para jovens moradores de grandes centros urbanos. Ponto Urbe, 8 | 2011 7 5 Trata-se de um estudo etnográfico realizado na cidade de João Pessoa-PB, que resultou num trabalho monográfico1 durante a graduação no curso de Ciências Sociais, UFPB, onde analisamos uma Torcida Organizada - a Torcida Jovem do Botafogo ou TJB2: a “ Maioral”. 1.1. A metodologia 6 É necessário destacar que por etnografia entendemos a realização de um trabalho de campo, que se relaciona com o apreender de “dentro” as categorias nativas através das quais as pessoas articulam relações sociais e experiências de vida, ordenando suas práticas coletivas (Geertz, 1989). 7 A pesquisa etnográfica permite a inserção do pesquisador no cotidiano do grupo estudado, realizando uma experiência direta, enquanto compartilha a dos informantes. Assim: 8 Sua integração, sua participação nas atividades varia certamente em função do meio abordado e de seu status nesse meio. Essa participação ocupa, todavia, uma parte importante de seu tempo e de seus esforços, parte que ele disputa com a busca de informações tornando mais rica esta última (Laville & Dionne, 2000, p. 154). 9 Se a observação participante representa uma observação do real, atentamos para os comportamentos e o teor das conversas dos membros da TJB, dentro e fora do estádio, observando especialmente os momentos de concentrações
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