XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO “Eficiência Nas Cadeias Produtivas E O Abastecimento Global”

XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO “Eficiência Nas Cadeias Produtivas E O Abastecimento Global”

XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO “Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global” Cultivo do Milho Segunda Safra e Sorgo no Estado do Tocantins: Situação Atual e Demandas de Pesquisa (1) Emerson Borghi (2); Leandro Bortolon (2); Elisandra Solange Oliveira Bortolon (2); Junior Cesar Avanzi (2); Leonardo José Motta Campos (3); Luiza Vasconcelos Tavares Corrêa (4) . (1) Projeto financiado pela Fundação Agrisus (859/2011); (2) Pesquisador, Embrapa Pesca e Aquicultura, Palmas/TO; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; [email protected] ; (3) Pesquisador, Embrapa Soja, Londrina/PR [email protected] ; (4) Pesquisadora, Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas/MG [email protected] . RESUMO: O cultivo de milho no Estado do graníferas, os números oficiais demonstram um a Tocantins vem crescendo significativamente. expectativa de crescimento de quase 35% na produção Somente na última safra, o aumento da área em relação à safra anterior (Conab, 2014). Grande cultivada foi superior a 100% quando comparado ao parte deste aumento foi impulsionada pelas culturas da ano anterior. Já o cultivo do sorgo é pouco soja e do milho. Segundo a última projeção da Conab significativo. Grande parte deste impulso foi (maio/2014), a produção de soja e de milho segunda decorrente da utilização pelos produtores de safra aumentaram em 2.224,3 mil toneladas e 453,7 cultivares de soja de ciclo precoce, diminuindo os mil toneladas, respectivamente. A produção total de riscos para o milho cultivado na sequência. Mesmo grãos é de 3.529 mil toneladas. com o aumento da área cultivada, a produtividade Neste cenário o cultivo de milho vem ganhando de milho ainda é relativamente baixa quando destaque. O cultivo de primeira safra é realizado nas comparada a outras regiões já tradicionais no cultivo regiões de fronteira com os Estados do Maranhão e do milho segunda safra. Para entender o sistema de Bahia. Nas demais regiões produtoras, o cultivo cultivo de milho e sorgo adotado e levantar as predominante é o de segunda safra. O último demandas de pesquisas e transferência de levantamento de área plantada e de produtividade tecnologia no Tocantins, uma equipe de aponta que no Estado do Tocantins a área de milho pesquisadores da Embrapa percorreu propriedades segunda safra atingiu 96.500 hectares, com aumento em diferentes localidades do Estado, a fim de de 135% em relação à safra 2012/13. levantar informações e conhecer as técnicas Grande parte deste avanço no cultivo se deve ao adotadas pelos produtores. Por meio de melhoramento genético de cultivares de soja. O Estado questionários foram levantadas informações quanto do Tocantins apresenta algumas peculiaridades em ao histórico de cultivo de milho e sorgo, os tratos relação às demais regiões do Bioma Cerrado. Além culturais adotados e as demandas a serem das altas temperaturas ao longo do ano, a distribuição atendidas pela Embrapa para impulsionar o cultivo do volume de chuvas é concentrada, aumentando o destas culturas. Embora estejam muito bem risco da semeadura de cultivos em safrinha. Porém, consolidadas no Bioma Cerrado, quando desde a safra 2010/11, a possibilidade da semeadura implementadas no Tocantins, as altas temperaturas, de cultivares de ciclo precoce de soja baixa altitude e chuvas irregulares no verão são (aproximadamente 100 a 105 dias) permitiu que o fatores preponderantes para que os produtores avanço no cultivo de milho de segunda safra pudesse ainda tenham incertezas quanto ao cultivo, pois a ser alavancado no Estado, permitindo ao agricultor a janela entre a colheita da soja e a semeadura do inserção de mais um cultivo no sistema de produção, milho ou sorgo é menor quando comparada às possibilitando maior uso do solo, gerando mais renda e outras regiões. Além disso, pesquisas básicas permitindo a sucessão de culturas e de manutenção de envolvendo o cultivo do milho em rotação ainda são cobertura do solo, viabilizando a adoção de sistemas escassas e precisam ser intensificadas nesta conservacionistas como o plantio direto, antes apenas região. realizando no sistema de sucessão soja/milheto. Porém, este aumento na área plantada ainda não Termos de indexação: levantamento; safrinha; possibilita produtividades significativas. Segundo o sistemas de produção. levantamento sistemático da produção agrícola (Conab, 2014), a produtividade de grãos esperada para a safra 2013/14 é de 4.710 kg ha -1, muito baixo perante INTRODUÇÃO as principais regiões produtoras do Brasil. Para buscar compreender o avanço do cultivo de O Estado do Tocantins vem se tornando um milho de segunda safra e os fatores limitantes ao importante pólo de produção de grãos na região cultivo e a produtividade de grãos no Estado, a equipe Norte do Brasil. Considerando todas as culturas de pesquisadores da Embrapa sediados em XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO “Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global” Palmas/TO desenvolveu este trabalho com o objetivo implementada após soja. Fato preocupante é que, de levantar, por meio de questionários e visitas a das propriedades visitadas e dos questionários propriedades rurais em diferentes localidades do respondidos nas reuniões técnicas de Palmas e Estado do Tocantins, informações referentes ao Guaraí, 10% dos produtores mencionaram que sistema de cultivo adotado para o milho de segunda deixam a área em pousio após o cultivo da soja, safra. A partir destas constatações, propostas de demonstrando que, muito embora o plantio direto pesquisa para esta região foram levantadas junto seja uma prática difundida na região do Cerrado, aos produtores que visam propiciar incrementos na ainda é comum encontrar áreas em pousio após o produtividade, diversificação de atividades e cultivo de verão. otimização dos insumos, principalmente com os conhecimentos advindos de outras regiões. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado durante o ano agrícola 2011/12. O trabalho teve início a partir da coleta de informações dos principais municípios produtores de grãos e de atividade pecuária no Estado, utilizando a base de dados do IBGE e da Secretaria da Agricultura do Estado do Tocantins (SEAGRO), identificando-se as principais regiões produtoras de milho. As visitas iniciaram em janeiro de 2012, encerrando-se no mês de julho/2012. Os municípios Figura 1: Sistema de produção utilizado pelos visitados foram: Campos Lindos, Guaraí, Palmas, produtores no Tocantins, identificados a partir Aparecida do Rio Negro, Brejinho de Nazaré, dos questionários aplicados nas visitas às Tupirama, Tupiratins, Itapiratins, Porto Nacional, propriedades e nas reuniões técnicas. Pedro Afonso, Figueirópolis e Cariri do Tocantins. Palmas/TO, safra 2011/12. Barras verticais Foram realizadas visitas em propriedades e representam o número de respostas obtidas em reuniões com produtores. Nestas ocasiões, foram cada alternativa. aplicados questionários para padronização das informações e posterior análise e discussão. As Embora a variação na produtividade informações levantadas foram: histórico de cultivo, acompanhe a média brasileira, a produtividade por adubação e produtividade média obtida nas últimas área no Tocantins ainda é bem inferior à média safras. Todos os resultados a serem apresentados a nacional. Vários são os motivos apontados pelos seguir referem-se ao número total de respostas produtores, também constatados pela equipe de obtidas nos questionamentos, de acordo com pesquisadores durante as visitas realizadas nos metodologia proposta por Pessôa (2012). Assim, meses de março e abril, em lavoura de milho nas barras verticais dos gráficos estão safrinha. demonstradas a quantidade de respostas O primeiro ponto a ser ressaltado refere-se assinaladas, em cada uma das alternativas às adubações no milho. A análise dos resultados sugeridas nas questões. levantados nos questionários demonstra que as adubações são muito variáveis (Figura 2). Os RESULTADOS E DISCUSSÃO produtores optam por adubações “receita de bolo”, buscando relação 1:1 de P 2O5 e K 2O e, além disso, A área de milho cultivado no período das o uso de micronutrientes e de enxofre é águas é praticamente incipiente no Tocantins, em praticamente inexistente. virtude da melhor comercialização e rendimento da A adubação nitrogenada, considerando as soja. Os produtores têm destinado áreas não doses de semeadura e cobertura, encontra-se em superiores a 300 hectares para o cultivo de milho. 100 kg ha -1 de N (Figura 2). A forma predominante As maiores áreas encontradas nas visitas foram de de fertilizante para cobertura é a ureia. Mesmo milho verão nas regiões de Campos Lindos e sabendo dos problemas de volatilização, a falta de Brejinho de Nazaré. outras fontes no mercado no Estado, aliado ao Este avanço no aumento de área e de custo por ponto de N, fazem com que os produtores produtividade vem sendo alterado nas principais aceitem esta perda, mas não buscam minizá-las, regiões produtoras do Estado. pois encarece o custo de produção. Em regiões Com o uso mais frequente de cultivares de como Campos Lindos, o cultivo do milho segunda soja com ciclo precoce, 18% dos produtores safra é efetuado apenas sobre o residual da responderam que, além do milheto, também utilizam adubação da soja. Outras regiões como Pedro a cultura do milho em safrinha (Figura 1) . Em 14% Afonso, Guaraí e Porto Nacional, a adubação segue os produtores responderam que o sorgo é a cultura XXX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO “Eficiência nas cadeias produtivas e o abastecimento global” a mesma relação P 2O5 : K2O que os produtores -1 utilizam para a soja. Relações 60 kg ha de P 2O5 : K2O foram as mais encontradas. Somente nas propriedades que semearam milho no verão as doses de N, P 2O5 e K 2O seguiram uma recomendação para altas produtividades. Figura 3. Quantidades de N, P 2O5, K 2O, micronutrientes e enxofre utilizadas pelos produtores na cultura do sorgo no Tocantins, identificadas a partir dos questionários aplicados nas visitas às propriedades e nas reuniões técnicas. Palmas/TO, safra 2011/12. Barras Figura 2. Quantidades de N, P 2O5, K 2O, verticais representam o número de respostas micronutrientes e enxofre utilizadas pelos obtidas em cada alternativa.

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