Universidade Federal Fluminense Instituto De Artes E Comunicação Social Programa De Pós-Graduação Em Comunicação

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SÉRGIO FRANKLIN DE ASSIS A "INDÚSTRIA DO AUTOR" NO CINEMA NOVO (1963 / 1969) NITERÓI 2017 SÉRGIO FRANKLIN DE ASSIS A "INDÚSTRIA DO AUTOR" NO CINEMA NOVO ENTRE OS ANOS DE 1963 A 1969 Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Estudos do Cinema e do Audiovisual Orientador: Profº Drº RAFAEL DE LUNA FREIRE Niterói 2017 A848 Assis, Sérgio Franklin de. A “indústria do autor” no cinema novo (1963 / 1969) / Sérgio Franklin de Assis. – 2017. 122 f. Orientador: Rafael de Luna Freire. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade Federal Fluminense. Departamento de Cinema e Vídeo, 2017. Bibliografia: f. 117-120. 1. Indústria cinematográfica. 2. Cinema brasileiro. 3. Autoria. 4. Difilm (Distribuidora de filmes Ltda). I. Freire, Rafael de Luna. II. Universidade Federal Fluminense. Departamento de Cinema e Vídeo. III. Título. 1 Ao movimento de resistência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a mais ousada! 2 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, professor Rafael de Luna Freire, que, com sabedoria, leveza e suavidade, me conduziu, em meio à tempestade, ao impensável porto alegre desse trabalho. Ao professor Fabián Núñez, constante referência na construção desse texto, que muito me alegrou por ter aceito os convites para a banca de qualificação e para o exame final. Ao professor Luís Alberto Rocha Melo, outra referência constante na construção desse texto, que também me enche de alegria por ter aceito o convite para a banca. Ao meu irmão, que me provou a existência da telepatia À presença toda sã de minha irmã, que ao casar me presentou com outro irmão, Elcio. Aos meus sobrinhos, que também são filhos, Vitor, Francisco e Lucas. À memória da minha mãe, a mais doce lembrança; ao meu pai, que me dá coragem, à minha irmãzinha Carol e, a Fátima, minha irmãzona. Ao João Cândido, por ter me dado quase a metade de tudo que li, e quebrado todos os galhos, por ser o amor de toda a vida. Ao José Luis, a Zequinha, pelo incomensurável da existência, o amor. Ao grande acontecimento Auterives, principal responsável por realizar esse trabalho. A Denize Amaral e a Leila Braile, pela carinhosa torcida, mesmo que a distância. Ao professor Fernando Morais pela inestimável contribuição no exame de qualificação; à professora Mariana Baltar, pelas descobertas afetivas; ao professor Fernando Resende, pelo desafio constante; ao meu amigo e professor Kleber Mendonça, a quem muito devo e me comprometo a pagar; ao professor César Miglorin, pelas horas intensas; ao professor Maurício Bragança, pela carinhosa acolhida e ao professor Tunico Amâncio, por simbolizar muito do que mais admiro no corpo docente da UFF. Aos meus colegas do curso de Mestrado, que sinto não ter podido estar mais próximo, em especial ao Érico, que será a minha primeira leitura ao término desse percurso. Ao coordenador de Pesquisa e Documentação da Cinemateca do MAM, Fábio Vellozo, que foi, para mim, a personificação da nobreza desse espaço. Aos alunos da Disciplina Estudos de Cinematografia Brasileira III, que me proporcionaram uma das melhores experiências destes últimos dois anos. Aos compas da Asduerj, que seguraram as pontas nesses dois anos de falhas e ausências. 3 RESUMO O trabalho parte da suposição da operatividade da ideia síntese “indústria do autor” para o estabelecimento do que ficou conhecido como “Cinema Novo”, no início dos anos 1960. Com o golpe de 1964, o movimento cria novas táticas com vistas à manutenção de seus membros na atividade cinematográfica. Entre elas, está a criação da distribuidora Difilm, em 1965, responsável por divulgar e colocar os filmes do Cinema Novo no mercado exibidor. A nova atividade acarretará reformulações nessa ideia de indústria. A pesquisa acompanha essa reformulação a partir de variadas fontes discursivas, como entrevistas, cartas, biografias, ensaios e filmes além de material promocional divulgado pela distribuidora em jornais e revistas da época. Tais discursos colocam em questão as transformações em conceitos como público, povo, arte, mercado e indústria de cinema, ao longo de quase uma década do movimento Cinema Novo. A pesquisa conclui haver desde início uma diversidade de concepções para as ideias de indústria e autor entre os participantes do movimento e que estas se modificaram a partir de sua atuação direta no mercado cinematográfico, ao longo do período enfocado por esse estudo, entre os anos de 1963 e 1969. Palavras-chave: indústria; autor; cinema; distribuição; Difilm; público 4 ABSTRACT The work starts from the assumption of the operability of the synthesis idea "industry of the auteur" for the establishment of what became known as "Cinema Novo" in the early 1960s. With the coup of 1964, the movement creates new tactics for the maintenance of its members in the cinematographic activity. Among them, is the creation of the distribution company, Difilm, in 1965, responsible for publicizing and placing the films of Cinema Novo in the exhibition market. The new activity will bring reformulations in this industry idea. The research follows this reformulation from various documents, such as interviews, letters, biographies, essays, films and promotional material published by Difilm in newspapers and magazines of the time. Such discourses call into question the transformations in concepts such as audience, people, art, market and film industry, during almost a decade of the Cinema Novo movement. The research concludes that from the outset there was a diversity of conceptions for the ideas of industry and author among the participants of the movement and that these have changed from their direct action in the film market, throughout the period focused by this study, between the years of 1963 and 1969. Keywords: film industry; author; movie theater; distribution; Difilm; audience. 5 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 6 1. Da antiindústria à “indústria do autor” 13 1.1 Entre desenvolvimentistas e comunistas 13 1.3. A tática “independente” 23 1.4. A antiindústria como política 27 1.5. Linha de produção 33 1.6. A indústria do autor 34 1.7. A História e a Historiografia 35 2. Autores de indústria 40 2.1. O conto de fadas do mercado europeu 40 2.2. Há de fato uma guinada de pensamento no Cinema Novo? 48 2. 3. O gosto do público 54 2.4. Política de cinema 57 2. 5. Os onze da Difilm 64 2.6. A fera da Penha 67 2.7. O beijo no engenho 71 3. Crônicas de uma dissolução: entre a comunicação e a criação 74 3.1. Da tragédia ao ritmo de aventura: um traumático percurso 76 3.2. Autores e indústrias 83 3.3 Um “mito besta”: o povo 88 3.4. As três fases 108 Conclusão 111 Bibliografia 117 6 INTRODUÇÃO Este trabalho tem como tema um dos problemas mais constantes no ambiente cinematográfico brasileiro desde, pelo menos, o início da década de 60: a conciliação dos discursos em prol da criação de um mercado para o cinema nacional com os que defendem uma independência autoral dos filmes1. O que a princípio se apresenta como uma contradição será formulada por Glauber Rocha no livro Revisão crítica do cinema brasileiro, na forma sintética “indústria do autor”. Parte-se aqui da suposição de certa operatividade da ideia “indústria do autor” para o estabelecimento do que ficou conhecido como “Cinema Novo”, no início dos anos 1960. Entendemos, no entanto, que tal operacionalidade, se de fato houve, foi breve e limitada. Da forma como inicialmente proposto2, o Cinema Novo parecia 1 O debate provocado pelas circunstâncias do lançamento do filme O som ao redor (Kleber Mendonça Filho, 2012) trouxeram de volta às páginas dos jornais e revistas do país algumas das polêmicas mais constantes do cinema nacional. Lançado em um número menor de salas do que De pernas pro ar 2 (Roberto Santucci, 2012), o filme de Mendonça teria tido proporcionalmente mais público que a continuação do megasucesso protagonizado por Ingrid Guimarães. A constatação desengavetou argumentos antigos de que o “cinema de autor” (alguns jornais usaram esse termo) é injustamente preterido por distribuidores e exibidores. Nos debates que se seguiram por semanas nos periódicos, outros chavões dos anos 1960 se fizeram presentes como a crítica à “comédia carioca”, considerada de baixa qualidade e vinculada a uma empresa que lhe garante distribuição em todo o território (a Globo Filmes) tirando a oportunidade do público de ter contato com outras formas cinematográficas. 2 Admitimos aqui, de certa forma, um caráter programático do movimento constante no Revisão crítica do cinema brasileiro. Embora muitas vezes esta função seja atribuída ao manifesto Estética da fome (1964) também escrito por Glauber Rocha, o livro tinha como público-alvo os membros do ambiente cinematográfico local, enquanto o manifesto foi escrito para um seminário realizado na cidade de Gênova. 7 inviabilizado após o golpe de 1964, tanto por sua frágil sustentação econômica quanto por sua proximidade política ao ideário do governo deposto. No entanto, táticas para a permanência do grupo na atividade cinematográfica foram postas em prática por seus membros, procurando superar esses entraves a partir de ações coletivas. A principal delas foi muito provavelmente a criação da Difilm, em 1965, por onze produtores e realizadores ligados ao movimento. Ao procurar criar um mercado para os seus filmes, a empresa ficou conhecida como a distribuidora do Cinema Novo. Entre as motivações para a sua criação, parece estar a desilusão com a conquista do mercado europeu, uma das apostas iniciais para a viabilização econômica do que seria essa “indústria do autor”. Dessa forma, voltava-se então para a realidade do mercado interno e para a necessidade de criar uma via de interação com ele. Uma mudança que acarretará sem dúvida reformulações nessa ideia de indústria, tal como se apresenta de início.

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