O Movimento Associativo Africano Em Moçambique

O Movimento Associativo Africano Em Moçambique

O MOVIMENTO ASSOCIATIVO AFRICANO EM MOÇAMBIQUE TRADIÇÃO E LUTA (1926-1962) OLGA MARIA LOPES SERRÃO IGLÉSIAS NEVES DISSERTAÇÃO DE DOUTORAMENTO EM HISTÓRIA Sob a Orientação Científica de Fernando Rosas e Jill R. Dias Lisboa, Julho de 2008 Em memória de Jill R. Dias Capa elaborada por António Iglésias 3 DECLARAÇÕES Declaro que esta dissertação de doutoramento é o resultado da minha investigação pessoal e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia. O candidato, ____________________ Lisboa, .... de ............... de ............... Declaro que esta Dissertação de doutoramento se encontra em condições de ser apresentada a provas públicas. O orientador ____________________ Lisboa, .... de ............... de .............. 4 Resumo O movimento associativo africano na Colónia de Moçambique desempenhou um papel significante e activo na transformação de um proto-nacionalismo numa consciência nacionalista interventiva. Pela sua importância, eis o título da presente tese: “O movimento associativo africano em Moçambique”. As fontes orais, escritas e iconográficas recolhidas, interpretadas e analisadas criticamente permitem-nos demonstrar a tese da existência de uma ponte entre as primeiras iniciativas da sociedade civil, no dealbar do século XX e os movimentos independentistas, no início da década de sessenta, pelo que foram definidas como balizas cronológicas, 1926 a 1962, espaço temporal em que a causa africana se transformou em causa nacional. Em primeiro lugar, contextualizou-se a Colónia de Moçambique no quadro do império colonial português, analisando a estrutura económica, social e política para numa segunda parte, se caracterizar as associações africanas, pela sua actuação, a sua voz reprimida e silenciada na imprensa e na sociedade e se verificar que cresceram, como uma onda de contestação que se agigantou até atingirem o ponto mais alto, com a unidade de acção contra o regime colonial. O subtítulo da tese: “Tradição e luta” implicou conhecer as Mulheres e os Homens, os actores sociais que animaram esse movimento, demonstrando a sua pertença à elite defensora da “causa africana”, motivação que ainda hoje inspira cientistas, escritores e estudiosos dos Povos que constroem Moçambique e aspiram a um mundo melhor. Como palavras-chave, indica-se fundamentalmente três: Colonialismo português – Causa Africana – Associativismo. 5 Abstract The African associative movement in the former Mozambique Portuguese colony played a significant and active role in the transformation of a proto-nationalism on a more interventive national conscience. Its importance justifies the title of the present thesis: “The African associative movement in Mozambique”. The collection, interpretation and analysis of the verbal, written and iconographic sources, allow us to demonstrate the existence of a bridge between the first initiatives of the civil society in the beginning of the 20th century and the emergence of the independent movements in the earlier sixties. In conclusion, 1926 and 1962 can be defined as milestones, the chronological time which separates the African cause from a truly national conscience. On a first approach, Mozambique Colony is placed in the greater picture of the Portuguese overseas territories, analyzing its economic, social and political structure. Secondly, this thesis produce a characterization of the African associations, remarking its actions, press censorship and social constraints, and, finally, putting in evidence the real growth of the movement, as a wave of plea that got bigger and bigger until reaching its highest point with the unified action against the colonial regime. The sub-heading of the thesis: “Tradition and fight”, concerns to the Women and Men who livened up that movement, at the core of the “African cause” elite, with such a motivation that, till today, inspires scientists, writers and scholars who embrace the study of all the groups who build Mozambique as a sole nation and believe in a better world. As key-words, three are indicated: Portuguese Colonialism – African Cause – Associativism. 6 ÍNDICE ÍNDICE DAS GRAVURAS ............................................................................................... 10 ÍNDICE DOS QUADROS ................................................................................................. 11 Abreviaturas utilizadas ............................................................................................... 12 Agradecimentos ............................................................................................................ 13 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 15 1. OBJECTO DA PESQUISA ............................................................................................ 16 2. BALIZAS CRONOLÓGICAS ........................................................................................ 18 3. METODOLOGIA ........................................................................................................ 19 4. ESTADO DA QUESTÃO .............................................................................................. 21 5. PLANO DO TRABALHO ............................................................................................. 28 CAPÍTULO I – MOÇAMBIQUE NO QUADRO DO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS ...... 33 1. CARACTERIZAÇÃO DA COLÓNIA DO PONTO DE VISTA DA GEOGRAFIA FÍSICA .......... 33 2. A CONJUNTURA ECONÓMICO-SOCIAL. UMA VISÃO GERAL ....................................... 36 2.1. Primeiro Período (de 1926 a 1945). Fase de “estabilidade” ............................... 38 2.2. Segundo Período (de 1945 a 1962). Fase de “apogeu” ....................................... 41 3. A TEXTURA ECONÓMICA ........................................................................................ 43 3.1. A produção agrícola .............................................................................................. 43 3. 2. A industrialização ................................................................................................ 53 3. 3. Os “Planos de Fomento” ..................................................................................... 57 3. 4. O Movimento Comercial ..................................................................................... 60 CAPÍTULO II – A SOCIEDADE AO LONGO DA COLONIZAÇÃO PORTUGUESA (SÉCULO XX) ........................................................................................................................................................... 67 1. O QUADRO HUMANO E SOCIAL ................................................................................ 67 2. EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA ...................................................................................... 69 3. A SOCIEDADE COLONIAL, UMA VISÃO GLOBAL ........................................................ 74 3.1. Os colonos europeus .............................................................................................. 76 3.2. Os filhos-da-terra .................................................................................................. 77 3.3. Os indígenas ........................................................................................................... 79 4. A VIDA QUOTIDIANA ............................................................................................... 80 4.1. O espaço rural ....................................................................................................... 80 4.2. O espaço urbano .................................................................................................... 84 CAPÍTULO III – PARTIDOS POLÍTICOS E GRUPOS DE PRESSÃO EM LOURENÇO MARQUES .............................................................................................................................................. 98 1. CARACTERIZAÇÃO GLOBAL DA ACÇÃO DOS PRINCIPAIS ACTORES SOCIAIS .............. 98 2. A RESISTÊNCIA REPUBLICANA ............................................................................... 103 3. O PAPEL DA MAÇONARIA ...................................................................................... 107 3.1. A Sociedade de Instrução e Beneficência 1º. de Janeiro.................................. 107 7 3.2. Associação dos Velhos Colonos da Província de Moçambique ....................... 108 3.3. Sociedade Humanitária Portuguesa Cruz do Oriente ..................................... 111 4. O MOVIMENTO SINDICAL ....................................................................................... 114 4.1. Associação dos Funcionários do Comércio e Indústria ................................... 114 4.2. Associação do Pessoal do Porto e Caminhos-de-Ferro de Lourenço Marques ..................................................................................................................................... 116 4.3. Associação das Artes Gráficas de Lourenço Marques .................................... 118 5. O MOVIMENTO DE UNIDADE DEMOCRÁTICA EM MOÇAMBIQUE (M.U.D.) ........... 121 CAPÍTULO IV – AS ASSOCIAÇÕES AFRICANAS ....................................................................... 127 1. TIPOLOGIA ............................................................................................................ 128 2. O TEMPO E O ESPAÇO ............................................................................................. 130 3. O MODO DE CONTESTAÇÃO AO REGIME COLONIAL ...............................................

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