Apontamentos: Escudo

Volume 2: (1931-1986)

Nuno Couto Apontamentos: Escudo

Para a Renata

1 Apontamentos: Escudo

2 Apontamentos: Escudo

100 escudos Ch. 5 João Pinto Ribeiro

Inocêncio Camacho Rodrigues

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

Fernando Emygdio da Silva

João da Motta Gomes Júnior Henrique Missa

António José Pereira Júnior Francisco Camilo Meira

Fernando Emygdio da Silva José Emaúz Leite Ribeiro

José Caeiro da Matta Fernando Ennes Ulrich

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho José Emílio Raposo de Magalhães

Domingos Holstein Beck

Em reunião da Comissão de Notas, de 15 de Julho de 1932, foi discutida a aplicação em novas notas dos retratos dos Governadores do Banco já falecidos, ficando resolvido, em princípio, que na primeira nota a encomendar (100 escudos Chapa 5) fosse gravado o retrato do segundo Governador do Banco, Conselheiro Pedro Augusto de Carvalho. O chefe técnico da estamparia, Armando Pedroso, chegou a dar parecer sobre os desenhos apresentados para uma nota com o retrato daquele Governador, mas a ideia original não teve sequência. Aliás acabou-se por se orientar o projeto para uma figura marcante nas lutas da Restauração da Independência de Portugal em 1640, pendendo a escolha para João Pinto Ribeiro, um dos principais instigadores da conjuração. Como modelo, foi selecionado um retrato existente na sala da Restauração, do Museu de Artilharia (hoje Museu Militar). Deliberou-se, também, que no verso da nota deveria figurar “O Génio da Independência”, estátua de bronze que integra o Monumento aos Restauradores.

Todo o trabalho de gravação das chapas e estampagem das notas foi feito pela casa inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, New Malden, Surrey. Na frente, usaram-se duas estampagens calcográficas: uma a castanho, com o retrato, e outra a verde-negro, composta por trabalho de guilhoché em linha branca, uma faixa na parte inferior com gravação elaborada na máquina de

3 Apontamentos: Escudo

raiar e linhas finas paralelas de proteção ao fundo. Este era impresso tipograficamente em íris e com aplicação de duplex. A gravura principal do verso foi estampada por técnica calcográfica, em tom arroxeado, com trabalho de torno geométrico em linha cheia e com linhas oblíquas paralelas de proteção, sobre fundo multicolor em íris, de procedimento tipográfico, com aplicação de duplex. O texto complementar (chapa, data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi produzido na inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, Whitchurch, Hants, de Inglaterra. A marca de água surgia à direita, num espaço não impresso, a cabeça da Vitória que ornamenta o Monumento da Restauração, e, na parte inferior, a todo o comprimento da nota, a legenda “Banco de Portugal”, em caracteres escuros mas pouco visíveis devido à estampagem naquela zona.

4 Apontamentos: Escudo

João Pinto Ribeiro

Célebre conjurado da revolução de 1 de Dezembro de 1640. Formou-se na Universidade de Coimbra (1607-1617) com o grau de bacharel em Direito canónico. Foi Juiz de fora das Vilas de Pinhel e Ponte de Lima; Administrador dos negócios da Casa de Bragança em Lisboa; agente da aclamação de D. João IV; Cavaleiro da Ordem de Cristo; Guarda-Mor da Torre do Tombo e Desembargador do Paço. Desconhece-se a sua data nascimento, provavelmente no último quartel do século XVI em Lisboa. Era filho de Manuel Pinto Ribeiro, natural de Amarante, que ainda jovem partiu para Lisboa e de Helena Gomes da Silva. Foi casado com Maria da Fonseca ou de Almeida, "que se achava no estado de viuvez e com filhos do seu primeiro marido". Foi um importante pilar da conspiração dos Conjurados, pelas ligações que tinha com a casa de Bragança e pela sua iniciativa e empenho na Revolução. Terá mesmo sido ele que, perante as hesitações do Duque de Bragança, D. João, incentivou a que se prosseguisse com a conspiração. Veio a falecer em Lisboa a 11 de Agosto de 1649, com um vasto número de obras publicadas. Monumento aos Restauradores da Independência Na praça dos Restauradores que deve o seu nome e é dedicada aos homens que em 1640, restauraram a independência portuguesa, pondo termo ao domínio Filipino em Portugal. Este monumento consagra a Revolução de 1640, é da autoria de António Tomás da Fonseca, na escultura e de Sérgio Augusto de Barros, pelo grupo arquitetónico e foi inaugurado a 28 de Abril de 1886. Obelisco com cerca de 30 metros de altura, que tem na sua base, duas estátuas em bronze, a simular movimento: o génio da independência (do escultor

5 Apontamentos: Escudo

Alberto Nunes) e, na face norte, o génio da Vitória (da autoria de Simões de Almeida). Nas faces do pedestal estão gravados os nomes e datas das principais batalhas da Restauração: Linhas de Elvas (1659), Ameixial (1663), Castelo Rodrigo (1664) e Montes Claros (1665).

Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 5 Frente: Retrato de João Pinto Ribeiro Verso: Gravura de pormenor do Monumento aos Restauradores (“Génio da Vitória”) Marca de água: Cabeça de Vitória do Monumento aos Restauradores Medidas: 170x97 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson & Co, Ltd Primeira emissão: 16-03-1937 Última emissão: 03-06-1948 Retirada de circulação: 31-12-1958 Data Emissão Combinações de Assinaturas 21-02-1935 10 940 000 43 13-03-1941 18 875 000 22

50 escudos Ch. 6 Ramalho Ortigão

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior Domingos Holstein Beck

António José Pereira Júnior Henrique Missa

Fernando Emygdio da Silva Francisco Camilo Meira

José Caeiro da Matta José Emaúz Leite Ribeiro

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho Fernando Ennes Ulrich

Em comunicado do Serviço de Notas à Administração, informava-se da pouca quantidade de notas de 50 escudos que havia para emitir e propunha-se que se iniciassem as necessárias diligências para o fabrico de uma nova chapa daquela denominação. O Conselho de Administração, em 6 de Julho de 1937, aprovou essa proposta e em sessão posterior, 23 de Julho de 1937, decidiu que a nova nota deveria ser de dimensão inferior à da chapa 5. Finalmente, em sessão de 3 Março 1938, o Conselho Geral do Banco resolveu a criação e

6 Apontamentos: Escudo emissão deste tipo de notas, com a efígie de um notável homem da língua portuguesa, o escritor Ramalho Ortigão. O trabalho foi novamente entregue à inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd que gravou todas as chapas para o fabrico destas notas, tendo também procedido à respetiva estampagem. Na frente, foram usadas duas estampagens calcográficas: uma, a verde-escuro, com a efígie, e outra, em tom avermelhado, apresentava trabalho de guilhoché em linha branca em parte da cercadura, uma banda de linha contínua, em baixo, com os dizeres “50 Escudos”, repetidos, elaborada na máquina de raiar e linhas paralelas de proteção à efígie e ao duplex do ornato central impresso tipograficamente. No verso, estampado por calcografia diretamente no papel, observava-se um aspeto do Mosteiro de Leça do Balio e uma cabeça numismática representando uma minhota. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela inglesa Portals Limited. A marca de água feita em filigrana especial, no lado esquerdo, uma cabeça de minhota de perfil para o centro, e, inferiormente, a legenda “Banco de Portugal”, em toda a extensão da nota. Foi a empregada do Banco Laurinda Machado Vieira que serviu de modelo para a fotografia base da marca de água.

7 Apontamentos: Escudo

Ramalho Ortigão

José Duarte Ramalho Ortigão mais conhecido por Ramalho Ortigão nasceu no em 24 de Outubro de 1836, filho de Joaquim da Costa Ramalho Ortigão e de sua mulher D. Antónia Alves Duarte Silva Ramalho Ortigão; era o mais velho de uma prole de nove irmãos. Foi escritor de nomeada, jornalista, bibliotecário da Biblioteca da Ajuda, oficial da secretaria da Academia Real das Ciências.

Ramalho Ortigão viveu a infância com a avó materna, numa quinta do Porto, tendo a sua educação ficado a cargo de seu tio- avô e padrinho Frei José do Sacramento. Prosseguiu estudos em Coimbra onde frequentou o curso de Direito. Iniciou a vida profissional, como professor de francês no colégio da Lapa, na cidade do Porto, propriedade de seu pai. É por esta altura que se inicia na vida jornalística, colaborando no Jornal do Porto. No ano de 1859 casou com D. Emília Isaura Vilaça de Araújo Vieira. No ano de 1866, adere, ou melhor envolve-se na “Questão Coimbrã” (o primeiro sinal de renovação ideológica do século XIX, entre elementos defensores do “status quo”, estado desatualizado das coisas em relação à cultura europeia, e um grupo de jovens estudantes e escritores de Coimbra, com novas ideias, de visões e horizontes mais latos). Escreve o folheto “Literatura hoje”, que lhe veio a causar bastantes transtornos, tendo defrontado Antero de Quental num duelo de espadas, por ter insultado um outro escritor de nomeada, António Feliciano de Castilho. Desta contenda saiu ferido Ramalho Ortigão. No ano de 1867 visita a Exposição Universal de Paris, resultando desta viagem o livro “Em Paris”. Seria o inicio de uma série de livros de viagens. Devido à sua insatisfação do modo de vida que levava na cidade do Porto, muda-se para Lisboa, onde reencontra o seu ex-aluno Eça de Queirós. No ano de 1870 escreve o livro “Mistérios da estrada de Sintra”, e “Histórias cor-de-rosa”. Entre os anos de 1870-71 publica “Correio de Hoje”. Em 1871 e conjuntamente com Eça de Queirós surgem os primeiros folhetos de “As Farpas”. No ano seguinte, e pelo cargo assumido por Eça de Queirós em Havana, continua a redigir sozinho As Farpas. Ramalho Ortigão torna-se numa das figuras

8 Apontamentos: Escudo de charneira da “Geração 70”. Acontece que, pretendendo aproximar Portugal das sociedades modernas europeias, numa primeira fase sem o conseguirem, voltam à estaca inicial; é nesta segunda fase que se constitui o grupo “Os Vencidos da Vida”, da qual faziam parte, além de Ramalho, o Conde de Ficalho, Carlos Lobo de Ávila, Carlos de Lima Mayer, António Cândido, Antero de Quental, Conde de Arnoso, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro e Marquês de Soveral. Em 1908, e após o regicídio, escreve “D. Carlos Martirizado”. Em 1910 e após a implantação da República, movimento a que não adere, solicita a Teófilo Braga, então responsável pelo primeiro Governo Provisório, a sua demissão do cargo de bibliotecário da Real Biblioteca da Ajuda. Entre 1911-14, Ramalho exila-se voluntariamente em Paris, onde inicia a escrita das “Últimas Farpas”, direcionadas ao regime Republicano e de uma profunda acutilância. Títulos e cargos: Foi Comendador da Ordem de Cristo e Comendador da Ordem da Rosa, no Brasil. Além de bibliotecário na Real Biblioteca da Ajuda, foi Secretário e Oficial da Academia Nacional de Ciências, Vogal do Conselho dos Monumentos Nacionais, Membro da Sociedade Portuguesa de Geografia, da Academia das Belas-Artes de Lisboa, do Grémio Literário, do Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro e da Sociedade de Concertos Clássicos do Rio de Janeiro. Em Espanha, foi Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica, membro da Academia de História de Madrid, da Sociedade Geográfica de Madrid, da Real Academia de Bellas Artes de San Fernando, da Unión Iberoamericana e da Real Academia Sevillana de Buenas Letras. Ramalho Ortigão faleceu vítima de um cancro na cidade de Lisboa, no dia 27 de Setembro de 1915.

Mosteiro de Leça do Balio

O Mosteiro de Leça do Balio, onde se inscreve a Igreja de Santa Maria de Leça do Balio, localiza-se na povoação e freguesia de mesmo nome, no concelho de Matosinhos. Vizinho à foz do rio Leça, cerca de uma légua ao Norte do centro histórico do Porto, trata-se de um original exemplar de arquitetura religiosa fortificada. Presume-se que no local exato onde hoje se situa o mosteiro terá existido um templo romano dedicado a Júpiter (do século I), e uma vila romana (Villa Decia) junto ao local. Uma das mais significativas descobertas arqueológicas a atestar esse facto foi uma inscrição romana dedicada ao deus Júpiter. Mas de acordo com a tradição, a primitiva edificação do local remonta a um pequeno mosteiro com uma igreja, sob a invocação do Salvador, erguidos no século X através do patrocínio de um senhor daqueles domínios, no contexto da cristã da península Ibérica, à época dos primeiros monarcas asturo-leoneses. Nenhum elemento dessas estruturas pré-românicas chegou até aos nossos dias. Ao longo de todo o século XI o primitivo mosteiro é referido em diversos documentos coevos: um documento de 1003 descreve a doação do mosteiro a D. Tructesindo Osores e sua mulher D. Unisco Mendes, padroeira do mosteiro. No ano de 1021, o mosteiro foi deixado aos filhos do casal, mas em 1094, o padroado foi transmitido à Sé de Coimbra, por doação de Raimundo de Borgonha, conde da Galiza, e sua mulher Urraca I de Leão e Castela. Crê-se que D. Guntino (prior do mosteiro no século XI), tenha feito obras no mosteiro e renovado a igreja. Em data incerta, na segunda década do século XII, D. Afonso Henriques doou o couto de Leça à Ordem dos Hospitalários, a primeira das Ordens Militares documentada em

9 Apontamentos: Escudo

território português. No primitivo mosteiro estabeleceu-se a Casa Capitular da Ordem, que passou, posteriormente, a sede de um de diversos bailiatos, de onde adveio o topónimo à povoação: Leça do Bailio. Na posse dos Hospitalários, o primitivo mosteiro recebeu mais ampliações e reformas que lhe deram feições de natureza militar em estilo românico, cujo elemento mais marcante foi a construção de uma sólida torre ameada. A época em que os hospitalários tomaram posse do couto terá sido riquíssima para o mosteiro, uma vez que a ele pertenciam inúmeras igrejas do atual concelho de Matosinhos. O mosteiro foi reedificado por D. Gualdim Paes de Marecos, em 1180 e dedicado a Santa Maria. O atual templo, síntese do estilo românico e gótico, remonta a uma grande campanha construtiva iniciada pelo prior da Ordem, D. Frei Estevão Vasques Pimentel, entre 1330 e 1336, quando foram renovados ainda os edifícios monacais e o claustro, dos quais vários elementos chegaram até aos nossos dias. Aqui foi celebrado o matrimónio do rei D. Fernando com D. Leonor Teles. Posteriormente, no contexto da Crise de 1383-85, ali esteve o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, em 1385, no início da jornada que lhe deu a posse do Castelo de Neiva e de outras localidades na região. Na sequência do triunfo liberal no país, o mosteiro de Leça do Balio assistiu à extinção das ordens religiosas (1834), perdendo os seus privilégios e direitos que a ordem ainda possuía sobre a freguesia, sendo integrada no concelho de Bouças (atual Matosinhos), em 1835. Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.

Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 6 Frente: Retrato de Ramalho Ortigão Verso: Gravura do Mosteiro de Leça de Bailio Marca de água: Cabeça de Minhota Medidas: 142x83 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson & Co, Ltd Primeira emissão: 29-08-1938 Última emissão: 16-10-1942 Retirada de circulação: 31-12-1963 Data Emissão Combinações de Assinaturas 03-03-1938 8 415 000 22

500 escudos Ch. 6 Infante D. Henrique

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza Fernando Emygdio da Silva

João da Motta Gomes Júnior José Caeiro da Matta

António José Pereira Júnior Manuel Casal Ribeiro de Carvalho

10 Apontamentos: Escudo

Domingos Holstein Beck José Emaúz Leite Ribeiro

Henrique Missa Fernando Ennes Ulrich

Francisco Camilo Meira

A 26 de Abril de 1938 foi aprovada nova chapa de 500 escudos, sendo selecionado para homenagear uma das figuras mais queridas da história portuguesa e na doutrina salazarista, o Infante D. Henrique. O seu retrato foi baseado em imagem presente em painel de Nuno Gonçalves presente no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.

A elaboração das chapas para estas notas e a respetiva estampagem estiveram a cargo da firma inglesa Waterlow & Sons, Ltd, que assim voltada a fornecer o Banco de Portugal após o caso de “Angola e Metrópole”. Nestas notas, e também na Chapa 6 de 1.000$00, começou a utilizar-se um novo sistema de numeração, diferente do até aí seguido. Em vez da aposição da mesma série e número em ambos os lados da frente da nota, adotou-se um sistema constituído por dois grupos de letras e números, diferentes entre si, que funcionavam como chave. A frente tinha duas estampagens calcográficas (talhe-doce): uma, a preto, com o retrato do Infante, e outra, em tom avermelhado, com as ornamentações trabalhadas a guilhoché em linha branca e linha cheia. O fundo, de desenho uniforme, foi impresso tipograficamente, em íris, com trabalho em duplex. O verso, com uma estampagem calcográfica a verde-escuro, com a gravura do túmulo do Infante no Mosteiro da Batalha e a ornamentação que serve de moldura à área ocupada pela marca de água. O fundo, diferente no desenho, foi de impressão semelhante ao da frente: duplex em íris. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela inglesa Portals Limited, Laverstoke Mills, de Whitchuch, Hampshire. Pela primeira vez, foi aplicado no papel destinado às notas do Banco de Portugal um processo (patente britânica, n.º 417488, propriedade de Waterlow & Sons, Ltd) de dispersão de fios de seda fluorescentes por toda a superfície e só visíveis com a incidência de determinado tipo de luz. Como outro sistema de segurança a tradicional marca de água que apresentava uma cabeça da época dos Descobrimentos, colocada à esquerda, de perfil para o centro, e, na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”.

11 Apontamentos: Escudo

12 Apontamentos: Escudo

Infante D. Henrique

O Infante D. Henrique nasceu na cidade do Porto a 4 de Março de 1394, recebendo o nome do seu tio-avô Henrique de Lencastre, que viria a ser o futuro rei Henrique IV de Inglaterra. Era o quinto filho de D. João I e de Dona Filipa de Lencastre, recebendo destes conjuntamente com os seus irmãos uma esmerada educação, a qual ficou conhecida como a “Ínclita Geração dos Altos Infantes”. No ano de 1414 com apenas vinte anos, convenceu o pai a levar a efeito uma campanha para a conquista de Ceuta. Em 1415 participou na conquista da cidade de Ceuta, assegurando logo de início ao reino de Portugal o controlo das rotas marítimas do comércio entre o Atlântico e o Levante. Neste mesmo ano foi armado cavaleiro, recebendo os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã. No ano de 1416 ficou encarregado do governo da cidade de Ceuta. No ano de 1418 a cidade de Ceuta sofreu o primeiro cerco, imposto pelo conjunto das forças dos reis de Fez e Granada. D. João, um dos irmãos mais novos do infante e o próprio D. Henrique vão em socorro da cidade o que lhes granjeou uma vitória, pondo de imediato termo ao cerco. Tentou atacar Gibraltar, mas as condições atmosféricas não o permitiram, impedindo-o de desembarcar. Regressou a Ceuta onde recebeu ordens de D. João I para abandonar esse empreendimento, pelo que tornou a Portugal no ano de 1419. Neste mesmo ano montou uma armada de corso que atuava estrategicamente no estreito de Gibraltar partindo da cidade de Ceuta. Com estas ações permitiu que muitos dos seus homens obtivessem larga experiência náutica e de habituação à vida marítima, servindo-se deles para mais tarde os levar para outras viagens com destinos desconhecidos. Entre os anos 1419 e 1420, alguns dos seus escudeiros, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, desembarcaram nas ilhas do arquipélago da Madeira, já conhecidas dos portugueses desde do século anterior. Aqui iniciaram o desenvolvimento do arquipélago com a cultura de cereais que vieram minimizar a escassez deste produto que afligia Portugal. No ano de 1420 D. Henrique foi nomeado dirigente da Ordem de Cristo, sucedânea da Ordem dos Templários, cargo que exerceu durante o resto da sua vida. Pelo ano de 1427 alguns dos seus navegadores (Gonçalo Velho), chegaram até aquele que é hoje o arquipélago dos Açores, procedendo de imediato à sua colonização. No ano de 1433 o arquipélago da Madeira é doado ao infante D. Henrique, pelo seu irmão D. Duarte, que entretanto subira ao trono por morte do pai. No ano de 1434 Gil Eanes é o primeiro europeu a dobrar o Cabo Bojador, eliminando de vez os mitos, os medos e as lendas que se contavam acerca do mesmo. No ano de 1437 é o principal dinamizador e organizador da conquista de Fez, a qual se saldou num enorme fracasso militar, já que o seu irmão mais novo D. Fernando, mais tarde cognominado “O Infante Santo”, foi feito prisioneiro durante 11 anos, até aí falecer. Por morte do seu irmão D. Duarte, auxilia o seu irmão D. Pedro na regência, durante a menoridade do sobrinho D. Afonso V. No ano de 1441 Nuno Tristão e Antão Gonçalves atingiram o Cabo Branco, em 1443 chegam à Baía de Arguim, e aqui procederam à construção de um forte que ficou concluído no ano de 1448. O navegador Dinis Dias chegou ao rio Senegal no ano de 1444, entrando em território guineense; assim os limites sul do grande deserto do Sara são ultrapassados, o que permite ao

13 Apontamentos: Escudo

Infante D. Henrique cumprir um dos seus objetivos; desviar as rotas do comércio do deserto e aceder às riquezas na África Meridional. No ano de 1446 cerca de quatro dezenas de embarcações levantaram âncora de Lagos com destino à costa meridional africana. Em 1450 descobriu-se o arquipélago de Cabo Verde. Foi por esta época encomendada a Fra Mauro, um monge veneziano a elaboração de um mapa-mundo do velho continente e onde refletisse a costa meridional africana. No ano de 1452 chegou o primeiro ouro da costa africana em quantidade tal, que permitiu a cunhagem dos primeiros cruzados nesse metal. Pelo ano de 1460 e com a continuidade de forte implementação e entusiasmo incutido pelo Infante, Pêro de Sintra chegou à Serra Leoa. D. Henrique ficou conhecido para a história como o Infante de Sagres ou o Navegador, sendo-lhe atribuída a responsabilidade de ter sido o obreiro e iniciador das descobertas. D. Henrique faleceu no ano de 1460, estando sepultado no Mosteiro da Batalha junto aos seus pais e irmãos.

Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 6 Frente: Retrato do Infante D. Henrique Verso: Gravura do túmulo do Infante no Mosteiro da Batalha Marca de água: Cabeça da época dos Descobrimentos Medidas: 156x97 mm Impressão: Waterlow & Sons, Ltd Primeira emissão: 06-09-1939 Última emissão: 07-09-1943 Retirada de circulação: 31-12-1958 Data Emissão Combinações de Assinaturas 26-04-1938 2 228 000 22

1000 escudos Ch. 6 Mestre de Avis

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza Manuel Casal Ribeiro de Carvalho

João da Motta Gomes Júnior Domingos Holstein Beck

António José Pereira Júnior Henrique Missa

Fernando Emygdio da Silva Francisco Camilo Meira

José Caeiro da Matta José Emaúz Leite Ribeiro

14 Apontamentos: Escudo

Fernando Ennes Ulrich

Aprovada em sessão do Concelho Geral de 17 de Junho de 1938 a nova chapa para 1000 escudos. Indo ao encontro da última nota aprovada a figura selecionada foi outra das grandes figuras do século XIV, no caso a figura de D. João I representado como Mestre de Avis de acordo com quadro presente no Museu de Viena de Áustria, o qual veio a ser comprado em 1952 pelo Museu Nacional de Arte Antiga.

Tal como a recente chapa de 500 escudos, também esta ficou a cargo da Waterlow & Sons, Ltd. Na frente, e sobre um fundo tipográfico de impressão duplex em íris, podiam-se observar duas estampagens calcográficas: uma, a preto, contém o retrato, e outra, a verde-escuro, os ornamentos, as legendas, o escudo de armas de D. João I e finas linhas ondulantes paralelas, na vertical, que protegem a zona do retrato. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, apresentando uma vista do Mosteiro da Batalha, reprodução de uma gravura antiga, e ornamentos elaborados no torno geométrico em linha branca. O fundo, também tipográfico, como o da frente, era composto por impressões duplex e moiré, dispostas em íris. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice- Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi também fabricado pela Portals Limited, de Inglaterra. A marca de água surgia no lado esquerdo da nota, apresentando uma cabeça de frade, de perfil para o centro e, na parte inferior também deslocada para a esquerda, numa linha, a legenda “Banco de Portugal”.

15 Apontamentos: Escudo

D. João I

O Mestre de Avis, mais tarde rei de Portugal com o nome de D. João I, nasceu em Lisboa em Abril de 1358, filho ilegítimo do rei D. Pedro I e de D. Teresa Lourenço, aia de Dona Inês de Castro, foi Mestre da Ordem de Avis e primeiro rei da dinastia com o mesmo nome, cognominado de O de Boa Memória. Aquando da morte de D. Fernando I, Portugal entrou

16 Apontamentos: Escudo numa crise para a sua sucessão, apresentando-se como candidatos ao trono; Dona Leonor de Teles de Meneses, viúva do mesmo, impopular e olhada por todos com desconfiança, pois não era bem vista pela sociedade de então a sua ligação amorosa com o conde de Andeiro; Dona Beatriz filha única de D. Fernando I e de Dona Leonor de Teles, casada com o rei João I de Castela; D. João, príncipe de Portugal, filho de D. Pedro I e de Dona Inês de Castro, era visto por muitos como o legítimo herdeiro, mas dúvidas surgiram com o casamento dos pais; e D. João, filho de D. Pedro I e de Teresa Lourenço aia de Dona Inês de Castro. Na turbulência dos acontecimentos, um grupo de nobres e burgueses, entre eles, Álvaro Pais e Nuno Álvares Pereira, levando em conta o descontentamento generalizado, incitam o Mestre de Avis a assassinar o conde de Andeiro, o que veio a acontecer em Dezembro de 1383. D. João I de Castela, fez-se aclamar em Toledo “Rei de Castela e Portugal”, também no mesmo ano, incorretamente, tanto mais que a sua proclamação em relação a Portugal ia de encontro ao tratado antinupcial, que só conferia a Dona Beatriz o direito de herança de D. Fernando I, mantendo-se os reinos de Castela e Portugal separados, o que o monarca de Castela não pretendia. Invadiu Portugal entrando pela Guarda em Dezembro do mesmo ano. Esta invasão provocou um vazio na governação de Portugal, seguindo-se a crise de 1383-85, ou “Interregno”, um período marcado pela anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas portuguesas iam tomando o partido ora de Dona Leonor de Teles, ora de Dona Beatriz e de seu marido ou por fim o partido do Mestre de Avis. Durante estes dois anos um estratega militar se evidenciou, revelando-se um general de grande valor, foi ele D. Nuno Álvares Pereira, que com as suas tácitas de luta militar inovadoras, obteve muitas vitórias e foi personagem fundamental na derrota dos castelhanos em terras portuguesas. Em Abril de 1385 as Cortes reuniram em Coimbra aclamando o Mestre de Avis, como rei de Portugal, dando inicio à dinastia também conhecida por “Aviz”. Mais uma vez D. João de Castela invade Portugal com um enorme exército, que integrava um grande contingente de cavalaria francesa. Foi feita a preparação com Nuno Álvares Pereira, das tácitas a adotar para a receção deste exército, montando uma enorme armadilha às forças de Castela, que foram de derrota em derrota, rechaçados até às suas fronteiras. No ano de 1387 D. João I casou com Dona Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, duque de Lencastre, dando-se inicio ao Tratado de Aliança Luso-Britânico. Deste casamento adveio uma geração de nove filhos, alguns dos quais se evidenciaram superiormente na política, na expansão territorial e na cultura. Após a morte de D. João I de Castela no ano de 1390 e sem herdeiros de Dona Beatriz a ameaça castelhana dissipou-se, o que permitiu ao nosso D. João I dedicar-se ao desenvolvimento económico e social do país. Iniciou a era das conquistas do norte de África com a de Ceuta no ano de 1415, praça de importância estratégica para o controle da navegação da costa de África, armando cavaleiros os seus filhos D. Duarte, que seria o futuro “Rei de Portugal, poeta e escritor”; D. Pedro conhecido pelo “das Sete Partidas do mundo”; e D. Henrique conhecido pelo “Navegador”. Foi um rei astuto e cioso, tendo passado para seus filhos todos as suas ideias e conhecimentos. Luís de Camões nos Lusíadas apelidou-os da “Ínclita Geração”. No ano de 1418 são descobertas oficialmente as ilhas do Porto Santo, e no ano seguinte a ilha da Madeira. Em 1427 são descobertas oficialmente algumas ilhas do arquipélago dos Açores, além de uma expedição às ilhas do arquipélago das Canárias. Neste mesmo ano iniciou-se a colonização das

17 Apontamentos: Escudo

ilhas da Madeira e dos Açores. D. João I, morreu em Agosto de 1433, e o seu corpo jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 6 Frente: Retrato do Mestre de Avis Verso: Gravura do Mosteiro da Batalha Marca de água: Cabeça de frade de perfil Medidas: 163x104 mm Impressão: Waterlow & Sons, Ltd Primeira emissão: 06-09-1939 Última emissão: 14-08-1944 Retirada de circulação: 30-06-1966 Data Emissão Combinações de Assinaturas 17-06-1938 4 058 700 20

20 escudos Ch. 6 D. António Luís de Menezes

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior Francisco Camilo Meira

António José Pereira Júnior José Emaúz Leite Ribeiro

Fernando Emygdio da Silva Fernando Ennes Ulrich

José Caeiro da Matta José Raposo de Magalhães

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho João Baptista de Araújo

Domingos Holstein Beck António Osório de Castro

Henrique Missa Domingos Pereira Coutinho

18 Apontamentos: Escudo

Nota de 20 escudos aprovada em sessão do Conselho de Administração do Banco de Portugal de 28 de Janeiro de 1941, veio a ser introduzida em circulação em 19 de Dezembro de 1941, mantendo-se em circulação até 30 de Junho de 1978. Tão longo período em circulação faz desta nota a mais duradoura em circulação da história do escudo. Para homenagear foi selecionado uma das figuras da Restauração da Independência, D. António de Menezes, Conde de Cantanhede e Marquês de Marialva um dos conjurados de 1640 e general da Guerra da Restauração. Outra das novidades que esta nota trouxe foi o filete de segurança metalizado introduzido na própria pasta do papel. A elaboração de todas as chapas necessárias ao fabrico destas notas foi consignada à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co Ltd, de New Malden, no Surrey, que também se encarregou da respetiva estampagem. A frente tinha duas estampagens calcográficas (talhe-doce): uma, a roxo, que englobava o retrato e a legenda “Banco de Portugal”, outra, a verde, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia; cabeça de numismática simbolizando a República; um conjunto de números “20”, em algarismos pequenos, na zona central; parte do texto (chapa e as palavras “Vinte Escudos” e “Ouro” e um fundo de proteção do retrato constituído por linhas verticais paralelas. O fundo, que se alargava até às margens, era de técnica “offset”, em íris, com aplicações de impressão em duplex. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a verde-escuro, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia. O fundo, multicolor irisado, impresso em “offset”, tinha um ornato central, onde se observava uma impressão de técnica duplex, envolvendo o emblema do Banco. O restante texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na já habitual Portals Limited e tinha como característica especial o já referido filete de segurança metalizado contínuo, disposto na vertical. Posteriormente, e devido aos custos, o filete de segurança passou a ser feito numa matéria não metalizada. A marca de água surgia no lado esquerdo apresentando uma cabeça de homem, de perfil para o centro, e, na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”, numa só linha.

19 Apontamentos: Escudo

D. António Luís de Meneses

D. António Luís de Meneses, o 1º Marquês de Marialva e 3º Conde de Cantanhede nasceu em 13 de Dezembro de 1596 e faleceu em Agosto de 1675; foi um fidalgo de alta linhagem, General do exército, Conselheiro de Estado e de guerra, Vedor da fazenda Real, Ministro do Despacho, Governador das Armas de Lisboa, Setúbal, Cascais e Estremadura, e Capitão General da província do Alentejo. Foi considerado o general que mais se distinguiu na Guerra da Restauração (1640).

Era filho do 2º Conde de Cantanhede, de quem herdou o título, D. Pedro de Meneses e de sua mulher D. Constança de Gusmão. Casou em 1635 com D. Catarina Coutinho, filha e herdeira de D. Manuel Coutinho, senhor da Torre do Bispo. Após a Revolução de 1 de Dezembro de 1640, diversas lutas se travaram, provocadas pelos exércitos castelhanos, que à viva força pretendiam passar as fronteiras; o conde de Cantanhede aí se distinguiu, tomando parte ativa nas lutas, com grande arrojo e valentia. Foi nomeado coronel, quando se realizou a aclamação de D. João IV como rei de Portugal. No ano de 1641, quando o coronel Conde de Marialva, regressa a Cascais, o rei quis compensá- lo pelos nobres serviços prestados à Pátria, dando-lhe um lugar de maior relevo e confiança na Corte, o qual rejeitou de imediato, invocando que a sua carreira era iminentemente a das armas. Quando necessário o reforço e guarnição das fronteiras, recorria-se sempre ao valioso e prestigioso auxílio de D. António Luís de Meneses. No ano de 1656 faleceu o rei D. João IV sem que o D. António tivesse tomado algum lugar de destaque na Corte, pelas razões atrás invocadas. No ano de 1658, o Governador da praça de Elvas, D. Sancho Manuel, vê-se cercado por uma força de 3 000 homens comandados pelo general castelhano D. Luís Mendes de Haro. A rainha D. Luísa de Gusmão, regente do reino por menoridade de D. Afonso VI, escreveu uma carta ao Conde solicitando os seus préstimos para auxiliar aquela praça sitiada. D. Luís de Meneses, acudiu ao chamamento da rainha e de imediato reuniu todas as tropas possíveis deslocando-se de imediato para Estremoz, local do quartel-general. No início do ano de 1659,

20 Apontamentos: Escudo após uma marcha de dois dias, colocou-se à frente das linhas de Elvas, vindo depois de uma grande e memorável batalha, no dia 14, a sair vitorioso. No ano de 1661 após a receção de muitas mercês, foi também agraciado com o título de Marquês de Marialva. Neste ano de 1661, a cidade de Évora foi tomada por D. João de Áustria, pelo que houve necessidade urgente de se proceder a reforços, recaindo mais uma vez na figura do Marquês de Marialva, que conjuntamente com as forças de D. Sancho Manuel, governador de Évora, retomaram de imediato a cidade. Também neste ano tomou Valência de Alcântara, uma das principais praças-fortes da Estremadura espanhola. No ano de 1665, estando em Estremoz, foi tomar Vila Viçosa que entretanto tinha sido sitiada pelos espanhóis; após esta vitória é surpreendido pelo general Carracena em Montes Claros, travando-se aí renhido combate, da qual resultou mais uma vitória para o Marquês, a última coroa dos seus triunfos militares. Perante a derrota dos espanhóis estes solicitam a paz, a qual é assinada pelo tratado datado de Fevereiro de 1668, sendo o Marquês um dos plenipotenciários. No ano de 1669 foi nomeado procurador das Cortes de Lisboa. Após a sua morte foi sepultado na vila de Cantanhede.

Banco de Portugal

O Banco de Portugal é o banco central da República Portuguesa. Foi fundado em 19 de Novembro de 1846, em Lisboa, onde é a sua sede. Surgiu da fusão do Banco de Lisboa e da Companhia Confiança Nacional. Fundado com o estatuto de sociedade anónima, até à sua nacionalização, em 1974 era maioritariamente privado. Foi o banco emissor de notas denominadas na moeda nacional - o Real até 1911, o Escudo de 1911-1998. Integra o Sistema Europeu de Bancos Centrais que foi fundado em Junho de 1998. De acordo com a sua Lei Orgânica, o Banco de Portugal prossegue os objetivos e participa no desempenho das atribuições cometidas ao SEBC. Compete ao Banco a supervisão prudencial das instituições de crédito e das sociedades financeiras. O Banco emite notas de euro (nos valores de 5, 10, 20, 50 e 100 euros) e põe em circulação as moedas metálicas, embora o BCE detenha o direito exclusivo de autorizar a sua emissão. Compete-lhe ainda regular, fiscalizar e promover o bom funcionamento dos sistemas de pagamentos, gerir as disponibilidades externas do País e agir como intermediário das relações monetárias internacionais do Estado, bem como aconselhar o Governo nos domínios económico e financeiro. Cabe ao Banco a recolha e elaboração das estatísticas monetárias, financeiras, cambiais e da balança de pagamentos.

21 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 20$00 Chapa: 6 Frente: Retrato de D. António Luís de Meneses Verso: Emblema do Banco de Portugal Marca de água: Cabeça de homem de perfil para o centro. Mecanismos de segurança: Presença de filete metálico Medidas: 135x76 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson & Co, Ltd Primeira emissão: 19-12-1941 Última emissão: 02-01-1962 Retirada de circulação: 30-06-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-01-1941 38 000 000 20 29-08-1944 16 000 000 12 13-08-1946 15 100 000 12 27-07-1948 16 500 000 12 28-06-1949 15 160 000 10 26-06-1951 31 460 000 12 25-05-1954 30 440 000 12 27-01-1959 21 706 000 6

50 escudos Ch. 6A Ramalho Ortigão

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior Domingos Holstein Beck

António José Pereira Júnior Henrique Missa

Fernando Emygdio da Silva Francisco Camilo Meira

José Caeiro da Matta José Emaúz Leite Ribeiro

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho Fernando Ennes Ulrich

O Serviço de Notas, em comunicação datada de 12 de Setembro de 1939, deu conhecimento à Administração da falta de notas de 50 escudos, Chapa 6, prontas a emitir e propôs a imediata encomenda de novo fornecimento à firma Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. Na mesma comunicação sugeriu que ao verso da nota fosse acrescido um fundo de impressão, pois “como foi considerado por alguns Administradores o verso de 50$00, Chapa 6, tal como está, apresenta uma grande superfície de papel em branco, o que faz com que as notas se sujem com mais facilidade na circulação e deixe de ser aproveitada a boa resistência do papel”. Estas

22 Apontamentos: Escudo sugestões foram aceites na sessão do Conselho de Administração do mesmo dia, tendo posteriormente deliberado que esta nova chapa, considerando as alterações, fosse designada por Chapa 6A. As estampagens calcográficas da frente e do verso e o fundo tipográfico da frente mantiveram-se iguais aos da nota antecedente (mantendo-se a gravura com a representação de Ramalho Ortigão e o Mosteiro de Leça do Balio) as , alterando apenas o número da chapa para 6A. No verso adotou-se um fundo irisado, impresso tipograficamente em “moiré”. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel tal como na chapa 6 foi produzida na Portals Limited, tendo já inserida a novidade de presença de filete metalizado vertical. A marca de água foi igual à chapa 6 (cabeça de mulher minhota).

23 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 6A Frente: Retrato de Ramalho Ortigão Verso: Gravura do Mosteiro de Leça do Balio Marca de água: Cabeça de mulher minhota de perfil Mecanismos de segurança: Presença de filete metálico Medidas: 142x83 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson & Co, Ltd Primeira emissão: 26-10-1942 Última emissão: 04-02-1954 Retirada de circulação: 31-12-1963 Data Emissão Combinações de Assinaturas 25-11-1941 16 000 000 20 31-10-1944 8 180 000 12 11-03-1947 11 820 000 12 28-06-1949 11 480 000 10

Renovação das moedas de 10 e 20 centavos

Marcelino Norte Almeida

Escultor e gravador, nasceu em Lisboa (freguesia de Monte Pedral) no dia 25 de Setembro de 1906. Formado na Escola de Belas Artes de Lisboa onde terminou o curso em 1923. Admitido em 1933 na Casa da Moeda inicialmente a título experimental, para nunca mais sair. Ao serviço da Casa da Moeda trabalhou em inumemos cunhos de medalhas e moedas. Destacando-se como autor de Os subscritores do documento (decreto 32 648 de 29 de Janeiro de 1943) que parte substancial das moedas da 2ª aprovou as novas moedas de $10 e $20. Ainda se mantinha na presidência o República e de todos os modelos para Marechal Óscar Carmona, sendo chefe de governo Oliveira Salazar. Entre as figuras as moedas do Ultramar desde 1938. que compunham o governo destacam-se entre outras: Duarte Pacheco, Francisco Esteve ainda na génese de diversas Machado, João Leite, Mário Figueiredo, Mário Sousa e Rafael Duque. moedas comemorativas, destacando- se a série henriquina. Os efeitos da elevação dos limites de emissão realizada em 1931 para as moedas de $10 e $20 criadas em 1924 já não respondia às Prolífico medalhista, ao nível da escultura encontram-se obras suas no necessidades existentes em 1943. Tal devia-se em parte de acordo Museu Malhoa em Caldas da Rainha, com o decreto 32 648 de 29 de Janeiro desse ano ao seu desvio e sendo a estátua de Bocage uma das suas mais reconhecidas. consequente destruição para fins industriais. Nesse contexto, foram criadas as novas moedas de bronze desses valores. Para além de Embora muitos dos seus trabalhos marcar o retorno à liga de bronze com estanho (Cu 950, Zn 30 Sn 20). tenham seguido um padrão estilístico típico do (e muito Outra das grandes diferenças prendia-se com as dimensões em aproveitado pela propaganda fascista) termos de peso em relação às antecessoras, que no caso das moedas o seu trabalho prosseguiu após a Revolução de Abril, sendo hoje um dos de 10 centavos representava uma redução de 50% (de quatro para escultores cuja memória é duas gramas), enquanto nas de 20 centavos embora menor era erradamente esquecida.

24 Apontamentos: Escudo também significativa (cinco para três gramas). Tal poderia eventualmente reduzir a fuga de moeda para outros fins e consequentemente reduzir o prejuízo do estado. Embora decretadas em 1943 as primeiras moedas têm era de cunhagem de 1942. A sua produção terminou em 1969, mas mantiveram-se em circulação até 1982 (retiradas por decreto-lei 267/81 de 15 de Setembro). As necessidades de circulação conduziram a aumentos dos limites de emissão em 1958, 1960, 1961, 1962 e 1963 (dez centavos), 1959, 1961, 1963 (vinte centavos).

Estas moedas marcaram ainda a estreia do mestre Marcelino Norte de Almeida na produção de numismas para a República. O desenho simples e sóbrio mostra no anverso uma referência à paz e à produtividade com a presença do ramo de oliveira.

Ramos de Oliveira

A simbologia do ramo de oliveira é muito querida na tradição judaico-cristã. Aparece a referência no Antigo Testamento ainda no livro de Génesis, surgindo no bico de uma pomba lançada por Noé como sinal de existência de terra firme e portanto do cumprimento da promessa do Senhor. Cristo deu novo significado a este símbolo com a sua entrada triunfal em Jerusalém, que atualmente é recordada no Domingo de Ramos (costume instituído no século IV). Na Bíblia a chegada de Jesus a Jerusalém é contada nos quatro Evangelhos (São Mateus 21, 1-11; São Marcos 11, 1-11; São Lucas 19, 28-44 e São João 12, 12-19).

É atualmente ainda com a pomba um dos símbolos universais da paz. Isolado simboliza ainda o trabalho e o fruto da terra.

25 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 2 g Diâmetro: 17,5 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Bronze Composição: Cu 950, Zn 30 Sn 20 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 32 648 de 29/01/1943 Ano e taxa de recolha: 1982 (0,09%) Ano Cunhagem Código 1942 1 035 000 025.01 1943 18 765 000 025.02 1944 5 090 000 025.03 1945 6 090 000 025.04 1946 7 740 000 025.05 1947 9 282 600 025.06 1948 5 900 000 025.07 1949 15 240 000 025.08 1950 8 860 000 025.09 1951 5 040 000 025.10 1952 4 960 000 025.11 1953 7 547 800 025.12 1954 2 452 000 025.13 1955 10 000 000 025.14 1956 8 336 000 025.15 1957 6 654 400 025.16 1958 7 320 000 025.17 1959 7 140 000 025.18 1960 15 055 000 025.19 1961 5 020 000 025.20 1962 14 980 000 025.21 1963 5 393 000 025.22 1964 10 257 000 025.23 1965 15 550 000 025.24 1966 10 200 000 025.25 1967 18 592 000 025.26 1968 21 515 000 025.27 1969 3 871 320 025.28

26 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 3 g Diâmetro: 20,5 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Bronze Composição: Cu 950, Zn 30 Sn 20 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 32 648 de 29/01/1943 Ano e taxa de recolha: 1982 (0,52%) Ano Cunhagem Código 1942 4 500 000 026.01 1943 5 570 000 026.02 1944 7 290 000 026.03 1945 7 552 000 026.04 1948 2 750 000 026.05 1949 12 250 000 026.06 1951 3 185 000 026.07 1952 1 815 000 026.08 1953 9 426 200 026.09 1955 5 573 800 026.10 1956 5 000 000 026.11 1958 7 470 000 026.12 1959 4 780 000 026.13 1960 4 790 000 026.14 1961 5 180 000 026.15 1962 2 500 000 026.16 1963 7 990 000 026.17 1964 7 010 000 026.18 1965 7 365 000 026.19 1966 9 075 000 026.20 1967 10 362 000 026.21 1968 10 362 000 026.22 1969 8 657 000 026.23

500 escudos Ch. 7 Damião de Góis

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior Henrique Missa

António José Pereira Júnior Francisco Camilo Meira

Fernando Emygdio da Silva José Emaúz Leite Ribeiro

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho Fernando Ennes Ulrich

Domingos Holstein Beck

27 Apontamentos: Escudo

Em sessão do Concelho de Administração do Banco de Portugal de 29 de Setembro de 1942 foi criada a aprovada a nova chapa de 500 escudos (chapa 7). Esta chapa entrou em circulação em 7 de Setembro de 1943 sendo recolhida em 31 de Maio de 1973 partilhando circulação com as chapas 2 a 10 de 500 escudos. Esta nova nota prestou homenagem ao cronista quinhentista Damião de Góis, tendo ainda elementos decorativos existentes no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra. Todo o trabalho de produção esteve a cargo dos ingleses da Waterlow & Sons, Ltd.

À semelhança da Chapa anterior, fabricada pela mesma firma, nestas notas também foram aplicados idênticos processos: duas estampagens calcográficas na frente sobre fundo duplex em íris e uma estampagem calcográfica no verso, também sobre fundo duplex em íris. Ainda na frente, podiam observar-se dois grupos de linhas ondulantes paralelas, gravadas na chapa de aço, de proteção à efígie e à vinheta central. A ilustração da frente da nota era composta por elementos extraídos da Igreja de Santa Cruz de Coimbra, com destaque para a figura de Damião de Góis. No verso da nota estava representado o púlpito da Igreja de Santa Cruz de Coimbra e uma cabeça copiada de um medalhão manuelino existente nas colunas do túmulo de D. Afonso Henriques que foi utilizado na marca de água. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi produzido como habitualmente na Portals Limited. Ao contrário da anterior chapa e por comunicação de 9 de Outubro de 1942, dirigida ao Administrador do Pelouro, o chefe do Serviço de Notas deu parecer de que “os fios fluorescentes aplicados no papel da chapa anterior têm tão pouco valor contra as contra as falsificações como as imperfeições secretas da técnica da gravura, pois são elementos desconhecidos do público”. Pedia, pois, que se fizesse a estampagem com o papel já entregue à casa estampadora sem os mencionados fios. A marca de água aparecia no lado esquerdo, a cabeça atrás referida, de perfil para o centro, e, na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”, em caracteres sombreados.

Damião de Góis

Historiador, humanista e cronista português, foi uma das pessoas mais relevantes do Renascimento em Portugal. Natural de Alenquer (2 de Fevereiro de 1502). De forte personalidade, foi um dos espíritos mais críticos da sua época. Oriundo de famílias nobres, era filho de Rui Dias de Góis, almoxarife, valido do duque de Aveiro e de sua quarta mulher Isabel Gomes de Limi. A partir de 1512 e por morte do seu pai, Damião de Góis passou 10 anos da sua infância na corte de D. Manuel I como moço de câmara. No ano de 1523, foi colocado em Antuérpia como secretário da feitoria portuguesa por incumbência do rei D. João III. Entre os anos de 1528-31, efetuou diversas missões diplomáticas e comerciais pelas principais cidades europeias. No ano de 1533, abandonou os serviços do reino, dedicando-se exclusivamente aos propósitos humanísticos. Em 1534, conheceu e tornou-se íntimo do grande humanista holandês Desiderius Eramus, com quem adquiriu enorme experiência e o acompanhou nos seus estudos e escritos. Estudou em Pádua até ao ano de 1538 onde foi contemporâneo de humanistas italianos, como Pietro Bembo e Lazzaro Buonamico. Fixou-se na cidade de Lovaina, até ao ano de 1544. Damião de Góis foi feito prisioneiro aquando da invasão francesa da Flandres, sendo mais tarde libertado

28 Apontamentos: Escudo por incumbência do rei D. João III. No ano de 1548 foi nomeado guarda-mor dos Arquivos Reais da Torre do Tombo. Em 1558, foi o cronista escolhido pelo cardeal D. Henrique para escrever a crónica oficial de D. Manuel I. No ano de 1567, completou esta obra sendo alvo de acérrimos ataques de algumas famílias nobres, as quais ficaram desagradadas com alguns relatos e conteúdos. Em virtude destes ataques no ano de 1571, Damião de Góis, caiu nas malhas do Santo Ofício (Inquisição), por interferência destas ditas famílias. Foi preso, sujeito ao processo inquisitorial, com a aplicação das sevícias em que o Santo Ofício, para obter a confissão de crimes. No ano de 1572 foi deportado para o Mosteiro da Batalha. Em 1574 abandonado pela família, foi encontrado morto na sua casa em Alenquer, presume-se que assassinado. As suas obras em latim e português são históricas: A Crónica do Felicíssimo Rei Dom Emanuel (1566- 1567) e a Crónica do Príncipe Dom João (1567). Ao contrário de outros cronistas, e em especial de João de Barros, seu contemporâneo, manteve uma posição neutral nos seus escritos em especial nas crónicas de D. Manuel I e de D. João III. Faleceu a 30 de Janeiro em Alenquer sendo sepultado na igreja de Santa Maria da Várzea, da mesma vila.

Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

O Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra foi fundado em 1131. A qualidade das intervenções artísticas no mosteiro, particularmente na época manuelina, faz deste um dos principais monumentos históricos e artísticos do país. Tem o estatuto de Panteão Nacional desde 2003 por aí estarem sepultados os primeiros reis de Portugal.

O mosteiro de Santa Cruz de Coimbra foi fundado em 1131 por D. Telo (São Teotónio) e onze outros religiosos, que adotaram a regra dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. A instituição recebeu muitos privilégios papais e doações dos primeiros reis de Portugal, (nomeadamente D. Afonso Henriques e D. Sancho I) tornando-se a mais importante casa monástica do reino.

29 Apontamentos: Escudo

O primitivo edifício do mosteiro e igreja de Santa Cruz foi erguido entre 1132-1223, com projeto de mestre Roberto, conceituado artista do estilo românico. A sua escola foi uma das melhores instituições de ensino do Portugal medieval, notabilizando-se por sua vasta biblioteca (hoje na Biblioteca Pública Municipal do Porto) e seu ativo "scriptorium". À época de D. Afonso Henriques, esse "scriptorium" foi utilizado como instrumento de consolidação do poder real. Ainda na Idade Média, o mais famoso estudante de Santa Cruz foi Fernando Martins de Bulhões, o futuro Santo António de Lisboa. Em 1220, o religioso aí assistiu à chegada dos restos mortais de cinco frades franciscanos martirizados em Marrocos, tendo então decidido fazer-se missionário e partir de Portugal. A partir de 1507, o rei D. Manuel I ordenou uma extensa reforma, reconstruindo e redecorando o mosteiro e a sua igreja. Nessa época foram transladados os restos mortais de D. Afonso Henriques e de D. Sancho I dos seus primitivos sarcófagos para novos túmulos decorados em estilo manuelino. Entre 1530 e 1577 funcionou uma oficina de tipografia no claustro. É possível que o poeta Luís de Camões tenha estudado em Santa Cruz, uma vez que um parente seu, D. Bento de Camões, foi prior do mosteiro à época, e que há evidências, em sua poesia, de uma estadia em Coimbra. Data do século XIX o arco triunfal. Embora, quase nada reste da fase românica do conjunto, a fachada da igreja era semelhante à da Sé Velha de Coimbra, com uma torre central avançada, dotada de um portal encimado por um janelão. Esses aspetos são percetíveis ainda hoje, por trás da decoração posterior. Com a campanha de D. Manuel I, entre 1507-13 a fachada ganhou duas torres laterais com pináculos e uma platibanda decorativa. Mais tarde, entre 1522-26, foi erguido o portal cenográfico manuelino, hoje infelizmente muito erodido, obra de Diogo de Castilho e do francês Nicolau de Chanterenne. No interior do templo, a nave única e a capela-mor foram recobertas por uma abóbada manuelina de grande qualidade, em obras dirigidas por Diogo Boitaca e o coimbrão Marcos Pires. Cerca de 1530 foi adicionado junto à entrada um coro-alto por Diogo de Castilho, no qual instalou-se um magnífico cadeiral de madeira esculpida e dourada obra do flamengo Machim, que o havia esculpido para a capela-mor cerca de 1512. A nave contém ainda um belo púlpito renascentista, obra de Nicolau de Chanterenne, datado de 1521. No século XVIII instalou-se um novo órgão, em estilo barroco, obra do espanhol Gómez Herrera, e as paredes da nave receberam um grupo de azulejos brancos-azuis lisboetas que narram passagens bíblicas. Na capela-mor encontram-se os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal. Os túmulos originais encontravam-se junto à torre central da fachada românica, mas D. Manuel I não achou condignas as antigas arcas tumulares e ordenou a realização de novas. Estas, concluídas por volta de 1520, são das mais belas realizações da arte tumular portuguesa. Chanterene realizou as esculturas jacentes representando os reis, enquanto outras esculturas e elementos decorativos se devem a vários outros ajudantes (Diogo Francisco, Pêro Anes, Diogo Fernandes, João Fernandes e outros). Ambos os túmulos estão decorados com muitas estátuas e elementos gótico-renascentistas, além dos símbolos de D. Manuel I, a esfera armilar e a cruz da Ordem de Cristo.

30 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 7 Frente: Retrato de Damião de Góis Verso: Gravura de Púlpito renascentista do Mosteiro de Santa Cruz Marca de água: Cabeça masculina presente em medalhão do túmulo de D. Afonso Henriques Medidas: 156x97 mm Impressão: Waterlow &Sons, Ltd Primeira emissão: 07-09-1943 Última emissão: 26-01-1955 Retirada de circulação: 31-05-1973 Data Emissão Combinações de Assinaturas 20-09-1942 7 960 000 18

1000 escudos Ch. 7 D. Afonso Henriques

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior Fernando Emygdio da Silva

António José Pereira Júnior Manuel Casal Ribeiro de Carvalho

31 Apontamentos: Escudo

Domingos Holstein Beck José Emaúz Leite Ribeiro

Henrique Missa Fernando Ennes Ulrich

Francisco Camilo Meira

O Conselho de Administração, em sessão de 2 de Maio de 1941, resolveu que a nova chapa de 1000 escudos tivesse a efígie do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Não existindo qualquer documento coevo que pudesse ser usado para a criação da efígie deste Rei, tornou- se necessário fazer um arranjo que se aproximasse o mais possível da verdade histórica. Assim, os serviços técnicos do Banco decidiram-se pelo retrato do rei existente na Sala dos Capelos da Universidade de Coimbra, com a introdução das seguintes alterações: inversão da posição da figura por forma a que, colocada à direita da nota, ficasse voltada para dentro, e substituição da armadura do século XV, apresentada anacronicamente no retrato, pelo lorigão usado em Portugal no princípio da monarquia (segundo o catálogo do Museu Militar). Esta nota viria a ser emitida para circulação em Agosto de 1944, sendo retirada em 30 de Junho de 1978, embora a sua emissão tenha terminado em Janeiro de 1959.

O trabalho de gravação das chapas e estampagem das notas ficou a cargo da firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. As três estampagens calcográficas (duas na frente e uma no verso) utilizadas nesta chapa assentam sobre fundos especiais em duplex, impressos em íris, consistindo em telhas mouriscas, linhas ornamentais brancas e cheias, e desenho em relevo que se estende pelas margens. As duas estampagens calcográficas da frente apresentam-se a azul e a verde-escuro. A primeira contém o retrato, o escudo nacional, e diversas legendas, e a segunda uma vinheta representando a submissão dos mouros a D. Afonso Henriques e a cercadura em trabalho de torno geométrico em linha branca. Na estampagem calcográfica do verso observa-se uma vinheta com o túmulo de D. Afonso Henriques, no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, a cercadura e uma cabeça de mouro elaborada na máquina numismática. O espaço reservado à marca de água era protegido por impressões tipográficas (duas na frente e duas no verso). A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi produzido pela inglesa Portals Limited. A marca de água ficou no lado esquerdo da nota e apresentava a cabeça de D. Afonso Henriques com capelo de nasal coroado sobre coifa de malha, de perfil para o centro e, na parte inferior central, numa linha, a legenda “Banco de Portugal”.

32 Apontamentos: Escudo

D. Afonso Henriques

D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, cognominado de “O Conquistador”, “O Fundador” ou ”O Grande”; desconhece-se com certeza o seu local de nascimento, sendo dados como hipóteses Guimarães e Viseu, no ano de 1109. Filho do conde D. Henrique de Borgonha e de sua mulher D. Teresa de Leão, condes de Portucale. Depois da morte do conde D. Henrique,

33 Apontamentos: Escudo

D. Afonso tomou posições políticas contrárias às da mãe que entretanto se tinha aliado ao fidalgo galego Fernão Peres de Trava. Para assegurar o domínio do condado derrotou a mãe e seu aliado Fernão de Trava na batalha de S. Mamede no ano de 1128, fazendo-se armar cavaleiro na catedral de Zamora, concentrando todos os esforços para obtenção do reconhecimento como reino. No ano seguinte D. Afonso através de uma carta proclamou-se soberano das cidades portuguesas. Em 1135 Afonso VII, seu primo, filho de D. Urraca, foi coroado “Imperador”, na catedral de Leão, recusando D. Afonso Henriques prestar-lhe vassalagem. Esta atitude por parte de D. Afonso Henriques, levou o seu primo a atacá-lo no Alto Minho, pelo que o obrigou a prestar fidelidade, segurança e auxílio contra os inimigos, neste caso os mouros, através do Tratado de Tui. D. Afonso Henriques quando andava a guerrear o primo a norte e a este do seu condado, era atacado pelos mouros a sul, e vice-versa, obrigando-o a tomar atitudes bastante controvérsias em relação às políticas encetadas com o primo, ora anuindo aos tratados de paz ora rompendo com eles, criando a ideia de uma personalidade muito volúvel e incaracterística que em nada o abonava. No ano de 1139 derrotou os mouros na célebre batalha de Ourique, onde a lenda nos diz que venceu cinco reis mouros. Um ano após, proclamou-se rei de Portugal com o apoio das suas tropas. No ano de 1143 foi assinado o Tratado de Zamora que pôs fim aos conflitos entre ele e o primo estabelecendo a paz e dando- se um passo vital para a independência de Portugal, o que veio a acontecer meses depois. Com a pacificação interna, prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando-os de vez para sul, desde Leiria até ao Alentejo, duplicando em área o território que herdara, sendo apelidado pelos mouros de “Ibn-Arrik” (filho de Henrique). Conquistou Leiria no ano de 1145, Santarém no ano de 1147 (aqui utilizando a técnica de assalto). Tomou Óbidos no ano de 1148. Consolidadas estas cidades marchou sobre Lisboa, utilizando o cerco como tática de guerra, com a ajuda dos cruzados, que entretanto se dirigiam para a Terra Santa. Tomou Almada e Palmela, mais tarde, no ano de 1160 Alcácer do Sal. De 1166 a 1168 D. Afonso Henriques apoderou-se de várias praças pertencentes à coroa leonesa. D. Fernando II de Leão, derrotou as forças de D. Afonso Henriques em Ciudad Rodrigo pois este, entendeu que o seu genro estava a fortificar a cidade com a intenção de o atacar, o que não correspondia à verdade pois estava a repovoá-la. Como resposta D. Afonso entrou na Galiza, tomou Tui e outras praças, atacando também Cáceres. Cercou Badajoz com o fim de a conquistar para a Portugal que se encontrava na posse dos mouros, mas que era pertença do reino de Leão, segundo o Tratado de Sahagún, sem respeitar estas convenções nem os laços de parentesco que o uniam a D. Fernando. Quando D. Afonso atacou Badajoz, Fernão de Leão apresentou-se de imediato e atacou o seu genro, derrotando-o; este tentou fugir a cavalo mas sofre um percalço ferindo-se numa das portas da cidade, ficando refém, recebeu contudo um tratamento nobre e generoso, de parte do genro, que pôs à sua disposição os melhores médicos. Esta campanha foi desastrosa para Portugal, como resultado foi assinado um tratado de paz entre os reinos em Pontevedra nos termos do qual D. Afonso Henriques seria libertado com a condição de devolver ao genro as cidades estremenhas de Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz e Montánchez, fixando-se assim as fronteiras de Portugal com os reinos de Leão e da Galiza. No ano de 1179 a igreja reconheceu finalmente a independência de Portugal. Após estes factos procurou fixar as populações, promoveu o municipalismo e concedeu forais. Teve um apoio muito importante dos monges de Cister que o auxiliaram a implementar estas medidas, que se refletiram no

34 Apontamentos: Escudo desenvolvimento da economia em especial da agricultura. O seu legado resume-se nos seguintes pontos: fundação da nação portuguesa, reconhecida pelo papa e pelos outros reinos europeus; pacificação interna do reino, alargando o território através de conquistas aos mouros; fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Casado com Mafalda de Sabóia sucedeu-lhe D. Sancho I, vindo a falecer em Coimbra em 1185. Está sepultado no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 7 Frente: Retrato de D. Afonso Henriques e Gravura de Rendição dos Mouros a D. Afonso Henriques Verso: Gravura do túmulo de D. Afonso Henriques no Mosteiro de Santa Cruz e de Cabeça de Mouro Marca de água: Cabeça de D. Afonso Henriques com capelo nasal coroado em perfil Medidas: 163x104 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 22-08-1944 Última emissão: 29-01-1959 Retirada de circulação: 30-06-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 29-09-1942 6 660 000 18

500 escudos Ch. 8 D. João IV

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior José Emaúz Leite Ribeiro

Fernando Emygdio da Silva Fernando Ennes Ulrich

José Caeiro da Matta João Raposo de Magalhães

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho João Baptista de Araújo

Henrique Missa Em 28 de Novembro de 1944 aquando da decisão de criar nova chapa de 500 escudos, foi novamente decidida prestar homenagem a um antigo rei de Portugal, desta vez, D. João IV aclamado rei após a Restauração da Independência, em 1640, sendo a sua aclamação o motivo escolhido para preencher o verso da nota.

35 Apontamentos: Escudo

A gravação das chapas e a estampagem das notas foram confiadas à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. A frente apresentava duas estampagens calcográficas: uma, a preto- esverdeado, com a efígie e os dizeres “Quinhentos Escudos”, “Ouro” e Ch. 8”, e outra, a vermelho-escuro, com a cercadura trabalhada a guilhoché e linhas finas paralelas de proteção à efígie e ao duplex. O fundo, impresso em íris com trabalho em duplex, continha um desenho em relevo que se estendia pelas margens. Os espaços destinados à marca de água, na frente e o verso, foram protegidos por impressões tipográficas. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a vermelho-escuro, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia, sendo o respetivo fundo de composição idêntica ao da frente. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela inglesa Portals Limited. A marca de água ficou no lado esquerdo, com uma cabeça alegórica de perfil para o centro, e, na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”.

36 Apontamentos: Escudo

D. João IV

D. João IV nasceu em Vila Viçosa a 19 de Março de 1604, sendo o vigésimo primeiro rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia, também conhecida pela dinastia de Bragança. Filho de D. Teodósio, 7º. Duque de Bragança e da duquesa D. Ana de Velasco y Girón. D. João herdou o senhorio da casa ducal no ano de 1630; foi o 8º. Duque de Bragança; 5º. Duque de Guimarães; 3º Duque de Barcelos; 7º. Marquês de Vila Viçosa; e ainda Conde de Arraiolos, Ourém, Neiva, Guimarães e Barcelos. Por via paterna era trineto de D. Manuel I, através da duquesa D. Catarina, infanta de Portugal, e sua avó paterna. Foi-lhe dado o cognome do “Restaurador”, por ter sido restaurada a independência nacional, anteriormente dominada pela Casa de Habsburgo. Segundo alguns historiadores, como Joaquim Veríssimo Serrão, D. João IV recebeu uma esmerada educação e o gosto pela montaria, pela mão do seu aio D. Diogo de Melo; Jerónimo Soares indica-nos que o rei recebeu uma profunda preparação para as letras clássicas e em teologia, estudando ao mesmo tempo música, recebendo lições do inglês Robert Tornar, que tinha sido contratado para mestre da capela de Vila Viçosa. D. João IV casou com Dona Luísa de Gusmão, mulher oriunda da Casa de Medina Sidónia, em 13 de Outubro de 1633. No ano de 1638 foi pai daquela que foi rainha de Inglaterra, Catarina de Bragança (1638-1705), por casamento com o rei Carlos II de Inglaterra. Em 1640 quando a burguesia e aristocracia portuguesas, cansadas e descontentes com o já longo domínio castelhano (60 anos), sobre Portugal, foi D. João o escolhido para encabeçar o movimento, o qual a muito custo e por influência de sua mulher D. Luísa de Gusmão e em especial do secretário João Pinto Ribeiro, aceitou. Após a concretização do golpe palaciano e com a morte do representante castelhano em Portugal, o detestado Miguel de Vasconcelos, D. João foi aclamado rei de Portugal, no dia 15 de Dezembro. A aclamação do rei em todo o território foi feita pacífica e alegremente,

37 Apontamentos: Escudo

desde Bragança ao Algarve, passando pela totalidade das colónias espalhadas por todo o mundo, através de mensageiros encarregues de entregar documentação (cartas) para as autoridades de cada terra a dar a boa nova e seguir os preceitos nelas indicados; por todo o lado houve manifestações de imensa alegria e felicidade. Após estes acontecimentos realizaram-se festejos e procissões por toda a parte. Após a oração de praxe da aclamação, documento político enunciando os direitos da casa de Bragança ao trono português, coube a um notável jurista, Francisco de Almeida Leitão, em uníssono com todos os presentes em alta voz, o triplo brado tradicional “Real, Real, por El-Rei Dom João de Portugal”. A notícia correu célere e rapidamente chegou ao conhecimento do destronado D. Filipe III, o qual de certo modo demorou a enviar tropas castelhanas em socorro da situação entretanto vivida em Portugal devido a estar demasiado ocupado e dispersas nos teatros da Guerra dos Trinta Anos, e com a revolta da Catalunha, o que permitiu aos portugueses reorganizar os exércitos e organizar a defesa. No ato de coroação de D. João IV, este, coroou rainha de Portugal a Nossa Senhora da Conceição, colocando-lhe a seus pés a respetiva coroa, ficando estabelecido que de aí em diante seria a padroeira de Portugal. Foi difícil e dificultada por parte de alguma nobreza e de alguns prelados a rebelião que deu origem à restauração da Independência de Portugal, sendo por estes considerado uma traição, versão espalhada por todas as capitais europeias a partir de Madrid. Uma outra nobreza que se encontrava em Madrid, recusou a oferta de regresso e do perdão do monarca português, o que veio criar uma grave cisão no corpo da nobreza. Neste mesmo ano cria o Conselho de Guerra. No ano de 1641 sobrevive a tentativa de assassínio no Rossio em Lisboa, tendo sido atribuída ao marquês de Vila Real, duque de Caminha, conde de Armamar, o clérigo D. Agostinho Manuel, o guarda-mor da Torre do Tombo, Pedro de Beça e muitos mais notáveis. A guerra com Espanha não se fez esperar, estendendo-se esta até às colónias, onde Portugal obteve apoio de Inglaterra, França e Suécia, adversários dos espanhóis na Guerra dos Trinta Anos. D. João IV aproveitou esta situação para enviar diplomatas por toda a Europa com o objetivo de reconhecerem a independência e obter apoios financeiros e militares. Com esta tomada de situação D. João teve de criar novos impostos, desvalorizar a moeda e recrutar voluntários para fazer face ao confronto militar que se adivinhava muito próximo. Em 1641 verificaram-se as primeiras escaramuças, no Alentejo, sendo a parte mais vulnerável do reino e principal domínio da Casa de Bragança. O conde de Vimioso concentrou as suas forças na praça de Elvas, mas o conde de Monterrey, que se tinha fortalecido em Badajoz, atacou Campo Maior e Olivença. No ano de 1642, um outro ataque surgiu no sotavento algarvio, mais concretamente em Alcoutim e Castro Marim, tendo os espanhóis sido rechaçados. No ano de 1643 nasceu o filho Afonso, o qual viria a ser o futuro rei de Portugal D. Afonso VI. Criou a Junta dos Três Estados e do Conselho Ultramarino. A Beira Alta e a província do Minho foram alvo de várias escaramuças as quais não sortiram o efeito desejado no ano de 1644. Também neste ano de 1644 os espanhóis concentram os seus exércitos em Badajoz, mas são derrotados pelas tropas portuguesas na Batalha do Montijo, naquela que foi considerada a mais brilhante vitória da Restauração da Independência de Portugal, sobre o comando de Matias de Albuquerque, recebendo por este ato o título de conde de Alegrete. No ano de 1646 nasceu o seu último filho, que viria a ser o rei D. Pedro II. Os anos de 1648-49, foram anos de

38 Apontamentos: Escudo potencial risco para D. João IV, pois as nossas colónias estavam a ser absorvidas em especial por holandeses e espanhóis, reconquistando a colónia de Angola e São Tomé e Príncipe, por intermédio de Salvador Correia de Sá. Aos holandeses foi reconhecida pelos espanhóis a posse das capitanias do Brasil, mas foi desta imensa colónia que veio a solução militar, que iria pôr cobro ao domínio flamengo; acontecendo com a vitória dos Guararapas sobre estes, o que provocou a expulsão dos mesmos. Criou a Companhia da Junta do Comércio. Foi um reformador em toda a extensão, promulgando muita legislação, para a satisfação das carências dos governos da Metrópole e nas Colónias. Era um rei artista e letrado, exímio amador da música, compondo diversas peças, que no seu tempo, estiveram à altura dos maiores de Portugal. Foi com ele que se iniciou a 4ª e última dinastia, a qual durou 270 anos, sendo cognominada a dinastia de Bragança. D. João IV veio a falecer em 6 de Novembro de 1656, no Paço da Ribeira em Lisboa, estando sepultado no Panteão da Casa de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 8 Frente: Retrato de D. João IV Verso: Gravura da Aclamação do Rei D. João IV Marca de água: Cabeça alegórica Medidas: 156x97 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 16-02-1955 Última emissão: 19-12-1961 Retirada de circulação: 30-06-1979 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-11-1944 300 000 14 11-03-1952 6 270 000 12

100 escudos Ch. 6 Pedro Nunes

Rafael Neves Duque

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

João da Motta Gomes Júnior José Caeiro da Matta

Fernando Emygdio da Silva Manuel Casal Ribeiro de Carvalho

39 Apontamentos: Escudo

Henrique Missa João Raposo de Magalhães

José Emaúz Leite Ribeiro João Baptista de Araújo

Fernando Ennes Ulrich

Aprovada em definitivo em 28 de Outubro de 1947, a nova chapa de 100 escudos, começou a ser preparada muito antes. De facto todos os passos da sua elaboração estão bem descritos na obra do Banco de Portugal que narra a evolução do papel-moeda em Portugal. Assim, em Abril de 1943, a Administração do Banco deu conhecimento ao estampador inglês Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, que tencionava emitir uma nova nota de 100$00, com a efígie de Pedro Nunes, matemático e astrónomo português e um dos maiores geómetras do século XVI. Para o efeito, informou também das vinhetas e mais pormenores que deveriam figurar na mencionada nota. Apenas em 3 de Agosto de 1945 foi assinado com a empresa estampadora o primeiro contracto para a produção da dita chapa.

Tecnicamente a chapa é descrita como contendo duas estampagens calcográficas usadas na frente da nota: uma, a verde-escuro, que englobava a cercadura com trabalho de guilhoché em linha branca e linha escura e linhas finas que protegiam o retrato, e outra, a roxo, que apresentava o retrato, as palavras “Ch.6”, “Cem Escudos” e “Ouro”, e linhas paralelas que servem de proteção ao ornato central em duplex tipográfico. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, que incluía um trecho do claustro real do Mosteiro da Batalha com a sua fonte e uma cabeça numismática. Os espaços da marca de água, na frente e no verso, eram protegidos por impressões tipográficas. Os fundos da frente e do verso foram impressos em íris, com aplicações de desenho a relevo elaborado na máquina de raiar, que se estendiam pelas margens. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi produzido como era habitual neste período na Portals Limited de Inglaterra. A marca de água foi colocada no lado esquerdo, sob a forma de uma cabeça representando Pedro Nunes, de perfil para dentro e na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”, em caracteres escuros, pouco visível devido à sobreposição da estampagem naquela zona.

Pedro Nunes

Pedro Nunes, foi uma personalidade ímpar do século XVI. Natural de Alcácer do Sal (1502), oriundo segundo consta de famílias judias. Foi um dos maiores vultos científicos do seu tempo, contribuindo com os seus estudos de matemática e cartografia para o desenvolvimento dos descobrimentos portugueses. De entre as várias invenções, a que maior repercussão teve foi o aparelho de medida conhecido por nónio. Este é uma pequena régua que aplicada num

40 Apontamentos: Escudo instrumento se adapta à escala graduada, junto à qual desliza, permitindo avaliar frações das divisões marcadas na escala (graus, minutos e segundos) o que possibilita as medidas com elevado rigor, permitindo planear a navegação com um mínimo de margem de erro. É usado atualmente em parquímetros e micrómetros. No ano de 1522, iniciou os seus estudos, frequentando a Universidade de Salamanca, de onde saiu pelo ano de 1525, com a formação em Artes. Em 1523, casou com D. Guiomar Aires. No ano de 1525 cursou na Universidade de Lisboa os cursos de Filosofia e Matemática. Em 1529 foi nomeado “Cosmógrafo Real”. D. João III no ano de 1531, encarregou-o da educação dos seus irmãos mais novos. No ano de 1537, fez a tradução e comentou o Tratado sobre a Esfera, acerca da teoria do Sol e da Lua. Em 1537 fez um trabalho com o nome de “Tratado em defesa da carta de marear” e o “Tratado sobre certas dúvidas da navegação”. No ano de 1542 publicou “De Crepusculis”, a obra cientifica que mais reputação lhe granjeou. Em 1544 foi encarregado de organizar e leccionar a cadeira de Matemática e de Astronomia na Universidade de Coimbra, programadas para a instrução de navegar. É nomeado “Cosmógrafo - mor”, no ano de 1547, cargo que exerceu até à sua morte. No ano de 1548 é feito cavaleiro da Ordem de Cristo e em 1568, por incumbência de D. Sebastião, procedeu à reforma dos Pesos e Medidas do Reino.

No ano de 1577, devido aos seus conhecimentos de matemática, astrologia, e em especial à sua projeção na Europa como inventor, tradutor, comentador e professor de nomeada, foi convidado pelo papa Gregório XIII para se pronunciar sobre o projeto do calendário anual e proceder às retificações ao calendário juliano uma vez que no decurso de séculos, a diferença entre o ano solar e o calendário juliano, foi aumentando, ao ponto de a diferença por essa altura se cifrar em 10 dias sendo urgente corrigi-las. Este novo calendário ficou conhecido como o “Calendário Gregoriano”. Faleceu em Coimbra a 11 de Agosto de 1578.

41 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 6 Frente: Retrato de Pedro Nunes Verso: Gravura da fonte do Claustro Real do Mosteiro da Batalha Marca de água: Cabeça de Pedro Nunes Medidas: 149x90 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 14-06-1948 Última emissão: 26-04-1963 Retirada de circulação: 31-12-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-10-1947 12 840 000 12 24-10-1950 13 440 000 8 22-06-1954 13 000 000 12 25-06-1957 21 040 000 6

42 Apontamentos: Escudo

Renovação Financeira

Os subscritores do documento (decreto-lei 39 508 de 2 de Janeiro de 1954) que aprovou a emissão da moeda comemorativa de 20 escudos referente à Renovação Financeira protagonizada por Oliveira Salazar 25 anos antes. Entre as figuras de estado dessa altura constava Francisco Craveiro Lopes (Presidente da República), sendo chefe de governo Oliveira Salazar. Entre as figuras que compunham o governo destacam-se entre outras: João Leite, Fernando Costa, Manuel Ferreira, Artur Oliveira, Adolfo Pinto, Américo Thomaz, Paulo Cunha, José Ulrich, Manuel Rodrigues, Fernando Pires de Lima, Manuel Araújo, José da Fonseca.

A resolução da crise financeira que assolava o país desde o Ultimato Inglês no início da década de 1930 foi de tal forma marcante para o Estado Novo, que a sua primeira moeda comemorativa recorda 25 anos depois esse acontecimento histórico. Para tal foi cunhada em prata (toque 800/1000) a primeira moeda republicana de 20$00. A moeda constitui um belo trabalho de João da Silva, tendo José Rosas sido o gravador. Na verdade, foi ainda em 1947 aquando da aprovação em Assembleia da República do documento “O problema monetário português nos seus aspetos interno e externo” foi votada a emissão de coleção comemorativa em ouro com as efígies do chefe do Estado Marechal Óscar Carmona e do presidente do Conselho de Ministros o Dr. Oliveira Salazar em dupla comemoração da Reconstrução Financeira do Estado e do 8.º Centenário da Conquista aos Mouros (1147-1947).

Desconhecem-se as razões por que tal amoedação nunca se efetivou; contudo, ao completarem-se 25 anos da entrada de Salazar para o Governo, foi finalmente autorizada a cunhagem de moedas comemorativas da Renovação Financeira e do consequente "Ressurgimento" nacional, iniciados em 1928. Tal como as moedas antecedentes, também esta merece uma análise atenta sob o ponto de vista artístico, não só por ser obra de outro grande medalhista e estatuário português, João da Silva como também por ser o único exemplo da sua espécie numismática portuguesa: uma moeda gravada de acordo com os mais tradicionais conceitos de arte da medalha, sóbria, clássica e austera nos seus traços, como austera era a figura do estadista que se pretendeu homenagear.

De referir que, os primeiros desenhos e modelos para esta terceira moeda comemorativa republicana, foram da autoria do escultor residente da Casa da Moeda, Marcelino Norte de Almeida. No entanto, viria a ser aprovada a moeda de João da Silva, após grande polémica entre os dois escultores. O seu anverso seria depois utilizado nas moedas de prata correntes de 10$00 do novo tipo de liga adotada em 1954, após consulta do seu autor.

Os ensaios desta moeda existentes no Museu Numismático Português são a prova visível da polémica que então houve entre os dois artistas: a figura simbólica do Estado, de Norte de Almeida, é bem diferente da que seria adotada nas moedas de 20$00 de 1953, cunhadas em

43 Apontamentos: Escudo

1954. Como apontamento importante para a história desta moeda comemorativa, deve-se referir o facto a nova composição do anverso, que também serviu para os 10$00 (escudo das Armas Nacionais parcialmente sobreposto sobre a esfera armilar, ladeado pelo valor) ter recebido fortes críticas por parte do Instituto Português de Heráldica, não só pela inestética posição do escudo, mas também porque na sua bordadura figuravam torres e não castelos, um erro comum nas moedas modeladas por João da Silva, e que ainda hoje é frequente observar em inúmeras bandeiras nacionais de fabrico particular. Neste caso, contudo, a observação ainda foi a tempo de o escultor corrigir os gessos das moedas, cujo lançamento em circulação teve lugar a 26 de Abril, véspera do aniversário da entrada de Oliveira Salazar para o Governo. O modelo final caracteriza-se por apresentar bela composição simbólica numa das faces com figura feminina sentada a folhear um livro (símbolo do estudo). A moeda cunhada em 1954 foi datada de 1953 para ser mais fiel à efeméride.

Foram cunhados três exemplares em ouro, oferecidos ao Presidente da República e ao Presidente do Conselho de Ministros, sendo o terceiro depositado no Museu Numismático.

Na mesma lei foi ainda aprovada a substituição das moedas de 10$00 em circulação. A medida decorreu pela necessidade de normalizar o toque de prata destas moedas em relação às de 2$50 e de 5$00. Assim, as novas moedas passaram a ter toque de 680 por 1000. O autor foi também João da Silva, apresentando o anverso o desenho aplicado na moeda de 20$00 e no reverso o desenho das Caravelas aplicado na anterior série de prata. A anterior moeda foi imediatamente retirada de circulação. A nova moeda manteve-se em circulação até 1966 altura em que este valor numismático foi retirado de circulação, voltando apenas em 1971 com as moedas de cuproníquel.

Renovação Financeira

O Prof. Oliveira Salazar foi convidado após a instauração da Ditadura para ministro das Finanças. Este convite surgiu pelos trabalhos académicos do professor nomeadamente no campo da Economia, disciplina de que era professor na Universidade de Coimbra. De facto Portugal viva em crise económico-financeira desde o Ultimato Inglês. Por causa dessa crise e da incapacidade para a Monarquia a resolver viria a ser instaurada a República após revolução em 1910. Sem capacidade de resposta devido ao complexo funcionamento democrata da 1.ª República ou a constantes revoltas e contrarrevoltas com quedas de governo frequentes, agravado ainda pela participação na Primeira Grande Guerra, a verdade é que o país viu as suas condições agravarem-se com o novo sistema político. São exemplos práticos desse agravamento as más condições de vida da população, o agravamento da sua situação sanitária (agravada também pela febre espanhola). Ao nível financeiro foram constantes a falta de dinheiro circulante, com recorrência quase sempre à emissão de papel-moeda de pouco valor o que teve repercussões ao nível de uma elevada taxa de inflação. Salazar beneficiou da estabilidade governamental associada a uma política fiscal firme e a uma cuidada gestão dos dinheiros públicos. O período a nível mundial foi também abonatório. O fraco consumo interno provocado por anos de crise e necessidade de poupar por parte da população associado inicialmente à crise mundial pós crash bolsista e depois à incapacidade da grande maioria dos países de produzirem bens essenciais (e não só) devido à sua participação na guerra mundial, beneficiou Portugal o qual como país neutro pode ver a sua indústria (estimulada pelo poder

44 Apontamentos: Escudo político) a crescer a um ritmo nunca antes visto, desencadeando uma balança comercial com saldo francamente positivo. Tal associado às novas regras do sistema bancário com consequente redução do papel-moeda, controlo da inflação, reforço e valorização do Escudo, reforço das reservas em Ouro do Banco de Portugal redundou na resolução da dívida externa tornando-se Portugal credor em ver de devedor. Em 1950 vivia-se a explosão de otimismo desencadeada pelo final da guerra, associado a todas as condições para um crescimento nacional nunca antes visto. Tal viria a acontecer na década de 60, mas foi posteriormente assombrada pela Guerra Colonial e os seus gastos conduzindo novamente à estagnação económica e posteriormente ao seu estrangulamento. No final do regime do Estado Novo e após a Revolução de Abril, a década de oitenta iniciou-se novamente com Portugal como grande devedor.

Ficha Técnica

Peso: 21 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 800 Autor: João da Silva Decreto: 39 508 de 02/01/1954 Ano Cunhagem Código 1953 1 000 000 027.01

Ficha Técnica

Peso: 12,5 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 680 Autor: João da Silva Decreto: 39 508 de 02/01/1954 Ano e taxa de recolha: 1966; 64,3% Ano Cunhagem Código 1954 5 764 350 028.01 1955 4 055 650 028.02

45 Apontamentos: Escudo

50 escudos Ch. 7

Carlos Soares Branco

Álvaro Pedro de Souza

Fernando Emygdio da Silva Henrique Missa

José Caeiro da Matta João Raposo de Magalhães

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho João Baptista de Araújo Em 28 de Abril de 1953 foi aprovada a nova chapa para os 50 escudos. Para homenagear foi selecionada uma figura importante da política do século XIX, Fontes Pereira de Melo. De referir, que após a implantação do Estado Novo, esta foi a primeira figura do liberalismo selecionada para figurar em notas. No verso representação da estátua “O Pensador” do mester Leopoldo de Almeida. A nota viria a ser emitida para circulação em 10 de Fevereiro de 1954 sendo suspensa a sua produção em 3 de Maio de 1961 e retirada em 31 de Dezembro de 1978. A sua suspensão e substituição pela chapa com pequenas alterações classificada de 7A deveu- se ao aparecimento em circulação de notas falsificadas e necessidade de reforçar as características de segurança destas notas.

O trabalho técnico ficou novamente a cargo de uma firma inglesa, desta vez a Thomas De La Rue & Co. Ltd. A nota tinha duas estampagens calcográficas da frente, a preto, com o retrato e as palavras “Cinquenta Escudos”, “Ouro” e “Ch. 7” e a azul-escuro com a moldura de guilhoché, finos traços paralelos que protegem a efígie e gravura numismática na parte inferior, assentavam sobre fundo em “offset”, impresso em cinco faixas pelo sistema íris das margens. Na parte central observava-se um ornato, em duplex, onde foram utilizadas as mesmas cores do íris das margens. Do fundo do verso, também em “offset” irisado, disposto em três faixas paralelas ao lado menor da nota, projetava-se uma estampagem calcográfica dos desenhos a verde-escuro. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e o “Administrador” e chancelas), a preto, foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi produzido na francesa Office Français dês Papiers Fiduciaires et Surfins sediada em Paris. A marca de água apresentava como filigrana especial, no lado esquerdo, a cabeça de Fontes Pereira de Melo, diferente da estampada na frente da nota, de perfil para o centro, e, na parte inferior, a meio, a legenda “Banco de Portugal” numa só linha.

46 Apontamentos: Escudo

Fontes Pereira de Melo

António Maria de Fontes Pereira de Melo foi um dos principais políticos da segunda metade do século XIX. Nasceu em Lisboa em 8 de Setembro de 1819 filho de João de Fontes Pereira de Melo. No ano de 1834, com apenas 15 anos assentou praça na Armada onde fez os seus primeiros estudos, transitando para a arma de Engenharia do Exército. Com o posto de cadete participou nas lutas liberais. Em 1847 já oficial, prestou serviço sobre as ordens do Duque de Saldanha durante a revolta da Maria da Fonte. No ano de 1848 abraça a vida política, tendo sido eleito deputado por Cabo Verde. Em 1851 após a Regeneração ascendeu a funções governativas; de início foi Ministro da Marinha e do Ultramar, acumulando pouco depois a pasta da Fazenda. De 1852 a 1856, torna-se Ministro da Obras Públicas,

47 Apontamentos: Escudo

Comércio e Indústria. Em 1856 circula o primeiro comboio entre Lisboa e o Carregado. Em virtude da queda do governo de Saldanha devido à crise económica e financeira, passa para a oposição, onde se manteve por 3 anos. No ano de 1858 foi Ministro da Guerra no governo de Joaquim António de Aguiar, e conselheiro de Estado Em 1872 constrói-se o caminho de ferro do Barreiro a Vendas Novas; no ano seguinte constrói-se o caminho-de-ferro do Porto à Galiza; em 1876 faz aprovar contratos de navegação para o Algarve e para as Ilhas; também neste ano se constrói um cais, docas e o caminho-de-ferro na marginal do rio Tejo. Foi 1º Ministro por três vezes; a primeira vez de 1871-1877; da 2ª.vez é nomeado 1º. Ministro de 1878 a 1879; e a 3ª e última vez de 1881 a 1886. Surge no ano de 1880 um meio de comunicação que veio revolucionar o relacionamento entre as pessoas: o telefone.

Pelas funções que ocupou, pela dinâmica empregue na vertente económica e financeira, pelo cunho empregue nos melhoramentos materiais, é-lhe atribuído o papel de líder e impulsionador da transformação do país, dotando-o de meios de comunicação mais capazes, como estradas, pontes, caminhos-de-ferro, navegação, serviços postais e as redes telefónicas, etc. Também na área financeira, tomou medidas inovadores e sensatas, que se revelaram fundamentais para a economia e desenvolvimento do país: o empréstimo nacional para a consolidação da dívida pública; o aumento das receitas ordinárias, introduzindo uma reforma fiscal. A promoção destas obras públicas ficou conhecida como o “Fontismo”.

Além da belíssima folha de serviços como político e governante, também foi general do exército, governador da Companhia de Crédito Predial Português e por último Presidente do Supremo Tribunal Administrativo. Fontes Pereira de Melo, faleceu em Lisboa a 22 de Janeiro de 1887, pobre e na solidão, porque enquanto ministeriável destacou-se com uma postura honesta, adjacente aos seus princípios, o que não lhe permitia enriquecimentos ilícitos.

O Pensador

Estátua de autoria do escultor Leopoldo de Almeida, um dos mais proeminentes artistas portugueses do século XX. Atualmente encontra-se em exposição no Museu José Malhoa de Caldas da Rainha. Estátua em bronze que representa um jovem sentado em posição de reflexão. Ao contrário de outras estátuas com a mesma temática, nesta a figura olha o horizonte como procurando algo ou em atitude esperançosa.

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Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 7 Frente: Retrato de Fontes Pereira de Melo Verso: Gravura da Estátua “O Pensador” de Leopoldo de Almeida Marca de água: Cabeça de Fontes Pereira de Melo Medidas: 142x83 mm Impressão: Thomas de La Rue &Co., Ltd Primeira emissão: 10-02-1954 Última emissão: 03-05-1961 Retirada de circulação: 31-12-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-04-1953 12 180 000 12 24-06-1955 16 129 800 12

1000 escudos Ch. 8 D. Filipa de Lencastre

Álvaro Pedro de Souza

Fernando Emygdio da Silva Henrique Missa

José Caeiro da Matta João Raposo de Magalhães

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho João Baptista de Araújo Aprovada em 31 de Janeiro de 1956 a nova chapa de 1000 escudos volta à temática referente a figuras da realeza portuguesa, neste caso a esposa de D. João I e mãe da chamada Ínclita Geração: D. Filipa de Lencastre. No verso surge grupo escultórico presente no Padrão dos Descobrimentos onde se observa o Infante Santo, D. Filipa de Lencastre e Fernão Mendes Pinto.

Todo o trabalho necessário para o fabrico destas notas foi confiado à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd A composição técnica desta chapa é muito semelhante à anterior (D. Afonso Henriques): duas estampagens calcográficas na frente e uma no verso, sobre fundos especiais em duplex, impressos em íris, com linhas ornamentais brancas e cheias, e um desenho em relevo que se estende pelas margens. Também como na chapa anterior, o espaço reservado à marca de água era protegido por impressões tipográficas (duas na frente e duas no verso). As estampagens calcográficas da frente apresentavam, a preto-acinzentado, a moldura retangular de guilhoché em linha branca, uma vista do Mosteiro da Batalha gravada a ácido, e linhas verticais paralelas de proteção à área do retrato e a roxo, a efígie de D. Filipa de Lencastre, o escudo nacional, os dísticos “Ch.8”, “Mil Escudos” e “Ouro”, e linhas ondulantes paralelas sobre o duplex central. A única estampagem calcográfica do verso continha, a preto-

49 Apontamentos: Escudo

esverdeado, o grupo escultórico, a cercadura e o medalhão em gravura numismática com a cabeça coroada da Rainha voltada para fora. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na Inglaterra pela Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado esquerdo da nota e apresentava um busto de homem, de perfil para o centro, no qual definem a cabeleira, a barba, o bigode e as vestes em volta do pescoço e, na parte inferior, numa linha, a legenda “Banco de Portugal”.

D. Filipa de Lencastre

Filipa de Lencastre nasceu no ano de 1359 em Leicester na Inglaterra, filha de João de Gant, 1º duque de Lencastre e de sua mulher, Branca de Lencastre, sendo este, filho do rei Eduardo III e de sua mulher Filipa Haissault. Casou com D. João I na cidade do Porto no ano de 1387, casamento este que decorre do acordo no âmbito da Aliança Luso- Inglesa, contra o chamado eixo Fraco–Castela, que perdurou por séculos. Por este casamento, foi-lhe atribuída a distinção inglesa da “Ordem da Jarreteira” ordem criada por Eduardo III de Inglaterra com o espírito medievo de então baseada nos ideais da demanda ao Santo Graal e da Corte do Rei Artur. É a mais importante comenda honorífica inglesa. Recebeu como dote os bens, por doação das rendas da alfândega de Lisboa, assim como os das vilas de Alenquer, Óbidos, Sintra, Alvaiázere, Torres Novas e Torres Vedras. Foi uma mãe extremosa educando os seus filhos com base nos princípios ingleses de elevado rigor, apelidados por Luís de Camões n’Os Lusíadas, como a “Ínclita

50 Apontamentos: Escudo

Geração” referindo-se ao nível cultural dos seus filhos, sendo respeitados e admirados por toda a Europa. Foi uma rainha muito generosa e querida do povo, pela maneira como com eles convivia. Do seu casamento adveio uma ampla geração de príncipes que se notabilizaram em diversos aspetos e foram os impulsionadores do desenvolvimento das ações que dariam origem ao desbravar de mares e terras tanto do ocidente como do oriente: em 1388 foi mãe de Branca de Portugal, a qual faleceu muito jovem; 1390 nasce o infante Afonso de Portugal; 1391 nasceu o seu terceiro filho a quem foi dado o nome de Duarte futuro rei e também poeta e escritor; o quarto filho nascido em 1392, o infante D. Pedro, futuro duque de Coimbra, desempenhando a regência do reino por menoridade do seu sobrinho Afonso, foi dos príncipes mais eruditos do seu tempo, ficando conhecido pelo, “O príncipe das sete partidas do Mundo”; o quinto filho, o Infante D. Henrique, nascido em 1394, futuro duque de Viseu, debruçando-se sobre a navegação, náutica e cartografia, considerado o precursor dos descobrimentos portugueses; o sexto filho de sexo feminino a infanta Isabel que nasceu no ano de 1397, e que casou com Filipe III, duque da Borgonha; em 1400 nasce o sétimo filho a infante D. João; e por último em 1402 nasceu o oitavo e último filho o infante D. Fernando, ficando conhecido na história pelo “Infante Santo”, por ter falecido no seu cativeiro em Fez, após o desastre de Tânger. D. Filipa faleceu no ano de 1415 de peste negra na cidade de Lisboa, dias antes da partida da expedição para Ceuta. O seu corpo está sepultado na Capela do Fundador do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.

Padrão dos Descobrimentos

O Monumento aos Descobrimentos, popularmente conhecido como Padrão dos Descobrimentos, localiza-se em Belém, na cidade de Lisboa. Em posição destacada na margem direita do rio Tejo, o monumento foi erguido para homenagear os elementos envolvidos no processo dos Descobrimentos portugueses. O monumento original foi encomendado pelo regime de António de Oliveira Salazar ao arquiteto Cottinelli Telmo (1897-1948) e ao escultor

51 Apontamentos: Escudo

Leopoldo de Almeida (1898-1975), para a Exposição do Mundo Português (1940), e desmontado em 1958. O atual, uma réplica do anterior, foi erguido em betão com esculturas em pedra de lioz, erguendo-se a 50 metros de altura. Foi inaugurado em 1960, no contexto das comemorações dos quinhentos anos da morte do Infante D. Henrique, o Navegador. O monumento tem a forma de uma caravela estilizada, com o escudo de Portugal nos lados e a espada da Casa Real de Avis sobre a entrada. D. Henrique, o Navegador, ergue- se à proa, com uma caravela nas mãos. Em duas filas descendentes, de cada lado do monumento, estão as estátuas de heróis portugueses ligados aos Descobrimentos. Eis a lista completa das 33 personalidades representadas no monumento: Infante D. Fernando, Filipa de Lencastre, Fernão Mendes Pinto (escritor), Frei Gonçalo de Carvalho, Frei Henrique Carvalho, Luís de Camões, Nuno Gonçalves (pintor), Gomes Eanes de Zurara (cronista), Pêro da Covilhã, Jácome de Maiorca (cosmógrafo), Pêro Escobar (navegador), Pedro Nunes (cosmógrafo) Pêro de Alenquer (navegador), Gil Eanes (navegador), João Gonçalves Zarco (navegador), Infante D. Pedro, Infante Dom Henrique, o Navegador, D. Afonso V, Vasco da Gama, Afonso Gonçalves Baldaia (navegador), Pedro Álvares Cabral, Fernão de Magalhães, Nicolau Coelho (navegador), Gaspar Corte-Real (navegador), Martim Afonso de Sousa (navegador), João de Barros (cronista), Estêvão da Gama (capitão marítimo), Bartolomeu Dias, Diogo Cão, António Abreu (navegador), Afonso de Albuquerque, São Francisco Xavier, Cristóvão da Gama (militar). A norte do monumento uma rosa-dos-ventos de 50 metros de diâmetro, desenhada no chão, foi uma oferta da África do Sul em 1960. O mapa central, pontilhado de galeões e sereias, mostra as rotas dos descobridores nos séculos XV e XVI. No interior do monumento existe um elevador que vai até ao sexto andar, e uma escada que vai até ao topo de onde se descortina um belo panorama de Belém e do rio Tejo. A cave é usada para exposições temporárias.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 8 Frente: Retrato de D. Filipa de Lencastre Verso: Gravura de pormenor do Padrão dos Descobrimentos Marca de água: Cabeça de Homem dos Descobrimentos Medidas: 163x104 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 30-01-1959 Última emissão: 23-05-1962 Retirada de circulação: 30-06-1979 Data Emissão Combinações de Assinaturas 31-01-1956 4 095 000 6

52 Apontamentos: Escudo

500 escudos Ch. 9 D. Francisco de Almeida

Rafael Neves Duque

Fernando Emygdio da Silva João Raposo de Magalhães

José Caeiro da Matta João Baptista de Araújo

Manuel Casal Ribeiro de Carvalho António Osório de Castro

Henrique Missa Domingos Pereira Coutinho

Estas notas, de apurada qualidade técnica, tiveram existência relativamente curta, em consequência do assalto à Agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, perpetrado em 17 de Maio de 1967. Neste assalto foram roubadas 12 000 notas desta chapa de 500 escudos (OB11001 a 14000, RS07001 a 10000, VD01001 a 02000 e VD15001 a 20000), o que deu origem à retirada antecipada de circulação de toda a emissão. No aviso público de retirada da circulação de 30 de Junho de 1967, o Banco informava que “… as notas roubadas não foram postas em circulação pelo que não possuem curso legal e poder liberatório, nem são suscetíveis, a qualquer tempo, de reembolso ou troca …”.

A gravação das chapas originais e a estampagem das notas foram confiadas à firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. A frente apresentava duas estampagens calcográficas: uma, a castanho-escuro, com a efígie de D. Francisco de Almeida, primeiro vice-rei da Índia, e outra, a castanho-esverdeado, constituída pela cercadura com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia e por finas linhas paralelas a proteger a efígie. O fundo da frente era impresso em máquina “offset” de duas impressões simultâneas, com distribuição de cores pelo sistema íris, em faixas à menos dimensão da nota. Nas margens utilizaram-se desenhos especiais, do tipo gravura numismática, apresentando as faixas em íris aspeto visual avermelhado nos extremos e acinzentado na parte central. A única estampagem calcográfica do verso, a castanho-escuro, continha uma vinheta representando D. Francisco de Almeida a receber a embaixada do rei de Narsinga, e assentava sobre um fundo com características semelhantes ao da frente. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na inglesa Portals Limited. A marca de água aparecia no lado esquerdo com o retrato de D. Francisco de Almeida, reprodução ampliada da efígie estampada na frente da nota, e, na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”.

53 Apontamentos: Escudo

54 Apontamentos: Escudo

D. Francisco de Almeida

Natural de Lisboa onde nasce em 1450. Foi um brilhante militar português dotado de notável visão estratégica que lhe permitiram importantes vitórias no Extremo Oriente. Era filho de D. Lopo de Almeida, 1º. Conde de Abrantes e de sua mulher Dª. Beatriz da Silva, dama da corte de D. Duarte e camareira-mor de Dona Isabel, esposa de D. Afonso V. Recebeu esmerada educação na corte de D. Afonso V, onde se depreende desde jovem um elevado espírito militar; ao serviço do mesmo monarca demonstrou os seus dotes militares na Batalha de Toro (1476). Já no reinado de D. João II, notabilizou-se ao serviço dos reis católicos na conquista de Granada. D. João II como agradecimento pelos seus serviços, distinguiu-o com a sua confiança, atribuindo-lhe o desempenho de tarefas importantes. Nomeou-o capitão-mor de uma armada, que tinha como função reivindicar a pertença dos territórios americanos descobertos por Cristóvão Colombo, para Portugal. Com o Tratado de Tordesilhas (1494), delimitando a área de influência dos dois países ibéricos; o problema foi resolvido pela via diplomática e a armada não chegou a partir. No ano de 1505 D. Manuel I, manda-o chamar para desempenhar funções de vice-rei das Índias com todos os plenos poderes para proceder e impor de imediato o domínio português no Índico. Em Março do mesmo ano, partiu para o Índico uma armada composta por 1 500 soldados, distribuídos por 16 naus e 6 caravelas, tendo como capitães, homens de linhagem e de vasta experiência de navegação. Nos diversos regimentos que se teriam de cumprir, o primeiro que se dava a conhecer, consistia na construção de fortalezas tanto na costa ocidental como oriental de África, assim como estreitar laços de amizade com chefes tribais, xeques e reis, mas em especial guerrear o rei de Calecut. Partindo de Belém em Março, aportou em Julho ao porto de Dale, na costa da Guiné, chegando a Quíloa, coroando Mohamed Anconij rei de Quíloa, fazendo-o jurar lealdade a Portugal entregando-lhe o reino. Seguindo o seu trajeto foi conquistando praças e erguendo fortalezas que asseguravam a presença e o domínio português. Após tomar Quíloa, incendiou Mombaça, na costa oriental de África. Construiu fortalezas em Cananor e Cochim, favorecendo, auxiliando e criando amizades com estes soberanos. Em Agosto de 1508 sofreu um rude golpe, num ataque dos mouros a Chaul, onde é morto o seu filho D. Loureço de Almeida conjuntamente com mais 80 homens, que foram entretanto incumbidos pelo vice-rei de se deslocarem à ilha das Maldivas, que distava 50 léguas de Cochim, percorrendo a costa de Malabar. Com a morte do filho o seu carácter moldou-o como um homem muito cruel e vingativo. Em Dezembro de 1508 partiu de Cananor para Diu em busca de Mir Hocém, capitão do sultão da Babilónia, com uma armada composta por 19 velas, guerreando contra ele e a armada de Calecut e de Miliquias, senhor de Diu, onde os venceu e os desbaratou, fazendo entretanto as tréguas com Miliquias, regressando a

55 Apontamentos: Escudo

Cochim, vingando assim a morte do seu filho. Segundo os cronistas D. Francisco de Almeida recebeu cartas de el-rei mandando entregar a governação da Índia a Afonso de Albuquerque, o que lhe custou imenso esta atitude; em Novembro do mesmo ano partiu de Cochim para Cananor, navegando para sul, até que no primeiro dia de Dezembro aportou à aguada de Saldanha junto ao Cabo da Boa Esperança. Foi morto pelos indígenas, a quem apelidavam de cafres, com um zaguncho ou zagaia de ferro na garganta que lha atravessou de lés a lés. Como herança deixou o domínio do mar do oriente em mãos portuguesas. No seu túmulo, em Abrantes, está escrito: “Aqui jaz D. Francisco de Almeida, primeiro Vice-rei da Índia, que nunca mentiu nem fugiu”.

Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 9 Frente: Retrato de D. Francisco de Almeida Verso: Gravura de Embaixada do rei de Narsinga a ser recebida por D. Francisco de Almeida Marca de água: D. Francisco de Almeida Medidas: 156x97 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 22-12-1961 Última emissão: 30-09-1966 Retirada de circulação: 31-08-1967 Data Emissão Combinações de Assinaturas 27-05-1958 8 452 000 8

Série Comemorativa Henriquina

Os subscritores do documento (decreto-lei 42 357 de 3 de Julho de 1959) que aprovou a emissão da série comemorativa do quinto centenário da morte do Infante D. Henrique. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Oliveira Salazar. Entre as figuras que compunham o governo destacam-se entre outras: Pedro Pereira, Júlio Moniz, Arnaldo Shulz, João Varela, António Barbosa, Afonso Fernandes, Fernando Dias, Marcello Mathias, Eduardo Arantes e Oliveira, Francisco Pinto, José Dias Júnior, Henrique Macedo, Henrique Carvalho.

Poucas figuras de Portugal terão sido tão estudadas, analisadas e divulgadas internacionalmente, como a do Infante D. Henrique (Porto, 1394; Sagres, 1460), quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, duque de Viseu e 8.º mestre da Ordem de Cristo (desde 1471). A história está feita e dela veio o cognome que o consagrou como "O Navegador"; hoje

56 Apontamentos: Escudo diríamos que foi, sobretudo, um "gestor de navegadores", cuja empresa, financiada pelos bens e o poderio da Ordem de Cristo, revolucionou os conhecimentos da época e abriu uma nova Era na História da humanidade.

Por ocasião das celebrações nacionais do 5.º Centenário da sua morte, não podia Portugal deixar de homenagear este "Português de Ouro", o Homem e a sua Obra, e de facto fê-lo de maneira assaz completa e digna: foi instituída a Ordem do Infante D. Henrique, como galardão de elevada importância do Estado; foram criadas moedas comemorativas de prata da sua pessoa, como documentos perenes de homenagem nacional.

E são, de facto, monumentos dignos da figura homenageada: três moedas de prata, de excecional qualidade de gravação, constituindo uma das séries monetárias mais apreciadas pelos colecionadores. No anverso, o busto do infante, a três quartos à esquerda, aparece retratado com mestria pela mão do escultor Marcelino Norte de Almeida, com base no retrato que existe do Infante no célebre manuscrito original da "Crónica da Guiné", de Gomes Eannes de Azurara, guardado na Biblioteca de Paris. No reverso, as armas de Portugal renderam homenagem às armas do Infante, ladeadas pela sua divisa e tendo, a ladear o valor facial, duas folhas de carvalho com frutos, que a completavam. "

Planeadas inicialmente para os valores de 2$50, 5$00 e 10$00 (Decreto-Lei n.º 42.138, de 5 de Fevereiro de 1959), seriam depois alteradas para 5$00, 10$00 e 20$00 (com as mesmas características das moedas de prata circulantes e comemorativa de 1953), por se ter verificado que o pequeno diâmetro da moeda de 2$50 não oferecia condições para uma perfeita cunhagem desse modelo (Decreto-Lei n.º 42.357, de 3 de Julho de 1959). Desta coleção aproveitou o Governo para fazer muitas ofertas, designadamente às entidades estrangeiras que estiveram em Lisboa por ocasião da Parada naval, tendo a Casa da Moeda sido encarregada de patinar 200 coleções.

Outras 50 coleções foram igualmente patinadas e oferecidas pela Casa da Moeda a suas congéneres estrangeiras, com natural orgulho pela excecional qualidade numismática das moedas e pela grandeza histórica do vulto homenageado.

57 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 42 357 de 03/07/1959 Ano Cunhagem Código 1960 800 000 029.01

Ficha Técnica

Peso: 12,5 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 680 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 42 357 de 03/07/1959 Ano Cunhagem Código 1960 200 000 030.01

Ficha Técnica

Peso: 21 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 800 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 42 357 de 03/07/1959 Ano Cunhagem Código 1960 200 000 031.01

58 Apontamentos: Escudo

20 escudos Ch. 6A D. António Luiz de Menezes

Rafael Neves Duque

Fernando Emygdio da Silva António Osório de Castro

José Caeiro da Matta Domingos Pereira Coutinho

João Raposo de Magalhães António Alves Salgado Júnior

João Baptista de Araújo António Luís Gomes

Em 15 de Novembro de 1957, decidiu-se proceder à atualização do fabrico da nota de 20 escudos, Chapa 6, que foi modificada e melhorada com a introdução dos mais modernos fatores de segurança. A firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd New Malden, Surrey, foi novamente encarregada do fabrico das chapas e da estampagem das notas.

A frente tinha duas estampagens em calcografia: uma, a verde-escuro, englobava a moldura retangular com trabalho de torno geométrico em linha branca e linha preta; a Chapa, e as palavras “Vinte Escudos” e “Ouro”, em letras estriadas, e a outra, a violeta, continha um retrato de D. António Luís de Meneses, arabescos e o dístico “Banco de Portugal”, também em letras estriadas. O fundo, em “offset”, era constituído por um desenho numismático, impresso em faixas íris, que ocupava as margens da nota, e um trabalho de duplex policromo na zona central. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a violeta, de composição semelhante à da Chapa 6: duas janelas unidas por barras, com trabalho de guilhoché em linha branca. O emblema do Banco, na janela esquerda, estava rodeado por uma gravura numismática, em que se lia duas vezes o dístico “Banco de Portugal” e o número “20”. No fundo do verso, impresso em “offset”, o desenho numismático que se estendia pelas margens, o duplex da zona central e os arabescos que o envolviam são rigorosamente iguais aos da frente da nota e nas mesmas cores. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador” e “O Administrador” e chancelas) de impressão tipográfica, a preto, foi aposto nas oficinas do Banco. O papel foi também fabricado tal como na chapa prévia na inglesa Portals Limited. A marca de água apresentava o retrato de D. António de Menezes, igual ao estampado na nota, e inferiormente, a legenda “Banco de Portugal”. Incorporado na pasta do papel existia um filete em traço interrompido.

59 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 20$00 Chapa: 6A Frente: Retrato de D. António Luís de Menezes Verso: Emblema do Banco de Portugal Marca de água: D. António Luís de Menezes Mecanismo de segurança: filete em traço interrompido Medidas: 135x76 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 26-01-1962 Última emissão: 11-01-1965 Retirada de circulação: 30-06-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 26-07-1960 21 518 000 8

60 Apontamentos: Escudo

50 escudos Ch. 7A Fontes Pereira de Melo

Rafael Neves Duque

Fernando Emygdio da Silva António Osório de Castro

José Caeiro da Matta Domingos Pereira Coutinho

João Raposo de Magalhães António Alves Salgado Júnior

João Baptista de Araújo António Luís Gomes

O aparecimento, em finais de 1958, de uma falsificação da Chapa 7 de 50 escudos inviabilizou a ideia de nova edição desta chapa. A necessidade urgente de fabricar notas com este valor levou a considerar o aproveitamento do que de bom tinha a Chapa 7, introduzindo-lhe as modificações que os técnicos acharam mais aconselháveis. A alternativa da criação de uma chapa inteiramente nova não foi adotada, pois implicava um longo período de demora e maiores custos.

A firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd., de Londres, foi encarregada de proceder ao fabrico das chapas e à estampagem das despectivas notas. A estampagem a talhe-doce da frente, a azul-escuro, foi praticamente igual à da Chapa 7, excerto nos dísticos centrais e no escudo nacional, que na 7A aparece em tamanho reduzido e dentro da moldura. É, porém, na impressão em “offset” dos fundos que se observam as modificações mais evidentes. As margens estavam preenchidas por um desenho numismático disposto em cinco faixas em íris, de grande contraste de cores, paralelas ao lado menor da nota, sendo a faixa central em tom azulado, as duas intermédias a violeta e as laterais em tom esverdeado. A parte central da nota era ocupada por uma zona em duplex, na qual prevaleciam os tons azul e amarelo. Esta zona era envolvida por arabescos nas mesmas cores das faixas em íris do desenho numismático. Na estampagem calcográfica do verso, a verde-escuro, a reprodução da estátua “O Pensador”, de Leopoldo de Almeida, foi desviada para o lado esquerdo, ficando o espaço central ocupado por um desenho em duplex igual ao da frente. A composição das margens era também idêntica à da frente, tanto na técnica aplicada, “offset”, como nos desenhos e distribuição de cores. Foi a única nota das emitidas pelo Banco de Portugal que tinha expresso na frente e no verso o número de ordem da chapa. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador” e o “Administrador” e chancelas), a preto, foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela francesa Office Français des Papiers Fiduciaires et Surfins sediada em Paris. Neste papel foi incorporado um

61 Apontamentos: Escudo

filete de segurança, de traço contínuo, na metade direita, paralelo ao lado menor da nota. A marca de água apresentava como filigrana especial, no lado esquerdo, a cabeça de Fontes Pereira de Melo, diferente da estampada na frente da nota, de perfil para o centro e na parte inferior, a meio, a legenda “Banco de Portugal” numa só linha.

62 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 7A Frente: Retrato de Fontes Pereira de Melo Verso: Gravura da estátua “O Pensador” de Leopoldo de Almeida Marca de água: Fontes Pereira de Melo Mecanismo de segurança: filete contínuo Medidas: 142x83 mm Impressão: Thomas De La Rue &Co., Ltd Primeira emissão: 05-05-1961 Última emissão: 15-06-1965 Retirada de circulação: 31-12-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 24-06-1960 19 220 000 8

100 escudos Ch. 6A Pedro Nunes

Rafael Neves Duque

Fernando Emygdio da Silva Domingos Pereira Coutinho

José Caeiro da Matta António Alves Salgado Júnior

João Baptista de Araújo António Luís Gomes

António Osório de Castro

O Conselho de Administração, em reunião de 27 de Setembro de 1960, decidiu fazer nova encomenda da Chapa 6 de 100 escudos em virtude da escassez de notas deste valor em circulação. O estampador inglês Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd propôs, em alternativa, estampar a Chapa 6 melhorada, aplicando nos fundos métodos modernos em “offset”, sem agravamento nos custos e nos prazos de entrega em relação à chapa anterior. Sendo a nota de 100$00 a única que não beneficiara ainda dos processos modernos de proteção já adotados pelo Banco, o Conselho de Administração em 17 de Janeiro de 1961 resolveu, além do emprego do moderno método de “offset”, que fosse incorporado na massa do papel um filete de segurança em linha interrompida.

Os motivos principais da nota são os mesmos da Chapa 6 (o retrato de Pedro Nunes, na frente, e um aspeto do claustro do Mosteiro da Batalha, no verso), mas os restantes elementos, incluindo as cores, foram modificados. Na frente, as estampagens em talhe-doce executaram-

63 Apontamentos: Escudo

se a partir de duas chapas de aço. A primeira, a cinzento-escuro, apresentava o retrato de Pedro Nunes e finos arabescos junto à cercadura, do lado direito. Os mesmos arabescos, agora a sépia-esverdeado, repetiam-se junto à cercadura, do lado esquerdo. A segunda chapa, a roxo-escuro, incluía a cercadura com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia, as legendas “Ch. 6A”, “Cem Escudos”, “Ouro”, e um finíssimo traçado de linhas paralelas, verticais e oblíquas, destinado à proteção da efígie. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a roxo-escuro, com trabalho de torno geométrico em linha branca e linha cheia. Os fundos da frente e do verso foram impressos em “offset”, sendo as cores distribuídas, pelo sistema íris, em quatro faixas paralelas, que se distinguiam perfeitamente nas margens superior e inferior da nota. Na zona central, os desenhos dos fundos eram constituídos por ornatos de traço grosso, duplex e arabescos policromos. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi produzido na habitual Portals Limited. A marca de água encontrava-se no lado esquerdo, com uma cabeça representando Pedro Nunes, de perfil para dentro (igual ao estampado na frente da nota, mas ampliado), e, na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”. Como características especiais, o papel tinha um filete de matéria plástica, em traço interrompido, disposto paralelamente ao lado menor da nota.

64 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 6A Frente: Retrato de Pedro Nunes Verso: Gravura da fonte do claustro real do Mosteiro da Batalha Marca de água: Pedro Nunes Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 149x90 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 29-05-1963 Última emissão: 15-04-1968 Retirada de circulação: 31-12-1978 Data Emissão Combinações de Assinaturas 19-12-1961 31 270 000 7

1000 escudos Ch. 8A D. Filipa de Lencastre

Rafael Neves Duque José Caeiro da Matta

Fernando Emygdio da Silva João Emílio Raposo de Magalhães

65 Apontamentos: Escudo

João Baptista de Araújo António Alves Salgado Júnior

António Osório de Castro António Luís Gomes

Domingos Pereira Coutinho

O Serviço de Notas, em comunicação enviada em 4 de Setembro de 1959 à Administração, informou da conveniência de se constituir uma nota de reserva de 1000 escudos, e que, devido ao desenho harmonioso da chapa em circulação (Ch 8), se devia optar pelo critério já seguido para os tipos de 20$00 e de 50$00, ou seja, o de uma chapa melhorada, solução mais rápida e mais económica do que a criação de uma chapa inteiramente nova. Estas propostas foram aprovadas pelo Conselho de Administração na sua reunião daquele mesmo dia. Tal como na chapa anterior, o fabrico deste tipo de notas foi da responsabilidade da firma Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. Os temas principais da nota mantiveram-se (D. Filipa de Lencastre e pormenor do Padrão dos Descobrimentos) pelo que a nova chapa conservou globalmente um aspeto muito semelhante à anterior, sendo de natureza técnica as modificações mais notórias e importantes.

O novo retrato de D. Filipa de Lencastre, em que o rosto aparece ampliado, permitiu modelação mais pormenorizada que, em gravura, representa elemento importante de segurança, e com a supressão dos fundos coloridos onde assentam as figuras deu-se a estas um maior realce e nitidez.

As estampagens calcográficas da frente, de gravação profunda, foram feitas, como habitualmente, por duas chapas de aço, mas nesta nota uma das chapas já estampava duas cores pelo sistema íris, obtendo-se assim uma face com três cores em talhe-doce (roxo, verde e azul-escuro). A estampagem calcográfica do verso, a azul-escuro, apresentava uma alteração mais evidente; a mudança da posição da cabeça numismática da rainha coroada, agora de perfil para o centro. É no entanto nos novos fundos a offset que se observa o enorme avanço do aperfeiçoamento técnico. Nesta impressão, as cores são distribuídas, pelo sistema íris, em faixas paralelas ao lado menor da nota, com desenhos especiais do tipo gravura numismática, que se estendiam pelas margens. Os desenhos em duplex, na parte central inferior da frente e em volta dos espaços ocupados pela marca de água, e os arabescos com linhas que mudavam de cor no seu trajeto foram impressos com extraordinária precisão, resultando num trabalho de grande nitidez e rigor técnico. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado esquerdo da nota, apresentando a cabeça de D. Filipa de Lencastre, reprodução da efígie estampada na frente e, na parte inferior, sobre a direita, a legenda “Banco de Portugal”. Como novidade em notas deste valor, apresentava incorporado na pasta, um filete de matéria plástica, em traço interrompido.

66 Apontamentos: Escudo

67 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 8A Frente: Retrato de D. Filipa de Lencastre Verso: Gravura de pormenor do Padrão dos Descobrimentos Marca de água: D. Filipa de Lencastre Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 163x140 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 23-05-1962 Última emissão: 30-06-1965 Retirada de circulação: 30-06-1979 Data Emissão Combinações de Assinaturas 30-05-1961 5 166 000 8

As novas moedas de cuproníquel

Os subscritores do documento (decreto-lei 45 129 de 12 de Julho de 1963) que aprovou reforma das moedas de 2$50 e de 5$00 substituindo as moedas de prata desse valor por moedas de cuproníquel. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Oliveira Salazar. Entre as figuras que compunham o governo destacam-se entre outras: Manuel Araújo, João Varela, António Barbosa, Joaquim Cunha, Fernando Dias, Alberto Nogueira, Eduardo Arantes e Oliveira, Inocência Galvão Teles, Pedro Martinez.

A longa circulação das moedas de 2$50 e de 5$00 de prata com o seu consequente desgaste associado à desvalorização do Escudo em relação ao preço da prata praticado trinta anos antes, conduziu à necessidade de substituir estes dois numismas. A escolha recaiu em duas novas moedas cunhadas em cuproníquel, liga mais pobre mas igualmente resistente, já utilizada previamente em moedas e quatro, dez e vinte centavos. A autoria foi do escultor residente na Casa da Moeda, o mestre Marcelino Norte Almeida que compôs uma moeda sóbria e elegante. Como motivos principais foram mantidos a Caravela desta vez representada com duas velas latinas e o escudo nacional

68 Apontamentos: Escudo desenhado de forma mais sóbria e envolvido a cada lado por duas estrelas. Estas moedas mantiveram-se em produção até à introdução do último sistema monetário do Escudo em 1986. Seriam retiradas oficialmente de circulação em 1989 (cinco escudos) e 1998 (dois escudos e cinquenta centavos).

Este grupo de moedas caracterizou-se por apresentar cunhagens anuais de vários milhões de moedas. Tal volume de produção associado a mecanismos de controlo de qualidade ainda pouco condizentes com as necessidades de emissão dessa altura, conduziram à ocorrência em vários anos de erros ao nível dos eixos, os quais são de grande interesse para alguns numismatas.

Ficha Técnica

Peso: 3,5 g Diâmetro: 20 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 45 129 de 12/07/1963 Ano e taxa de recolha: 1998 (36,5%) Ano Cunhagem Código 1963 12 711 000 032.01 1964 17 948 000 032.02 1965 19 512 000 032.03 1966 3 828 000 032.04 1967 5 545 490 032.05 1968 6 087 000 032.06 1969 9 968 978 032.07 1970 2 400 000 032.08 1971 5 130 811 032.09 1972 6 713 244 032.10 1973 9 103 381 032.11 1974 22 743 840 032.12 1975 16 623 904 032.13 1976 21 515 866 032.14 1977 45 726 270 032.15 1978 27 375 024 032.16 1979 44 804 419 032.17 1980 22 318 993 032.18 1981 25 420 000 032.19 1982 45 910 000 032.20 1983 62 946 000 032.21 1984 58 210 000 032.22 1985 60 142 000 032.23

69 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 24,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 45 129 de 12/07/1963 Ano e taxa de recolha: 1989 (58,2%) Ano Cunhagem Código 1963 2 200 000 033.01 1964 4 268 000 033.02 1965 7 294 000 033.03 1966 8 120 000 033.04 1967 8 120 000 033.05 1968 5 022 600 033.06 1969 4 977 400 033.07 1970 1 200 000 033.08 1971 2 270 815 033.09 1972 1 879 600 033.10 1973 3 162 645 033.11 1974 3 983 536 033.12 1975 7 495 624 033.13 1976 11 378 395 033.14 1977 29 058 164 033.15 1978 671 962 033.16 1979 19 545 513 033.17 1980 46 244 027 033.18 1981 15 266 596 033.19 1982 31 318 000 033.20 1983 51 056 000 033.21 1984 46 794 000 033.22 1985 45 441 000 033.23 1986 18 753 000 033.24 1985 60 142 000 032.23

20 escudos Ch. 7 Santo António

Jacinto Nunes

Fernando Emygdio da Silva António Alves Salgado Júnior

João Baptista de Araújo António Luís Gomes

António Osório de Castro António José Brandão

Domingos Pereira Coutinho O famoso teólogo e pregador Santo António de Lisboa foi evocado na chapa 7 de 20 escudos. A efígie deste popular santo português teve por modelo um pormenor de um quadro de Frei Carlos, existente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa. Todo o trabalho técnico ficou a cargo da empresa inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, segundo o desenho de maquetas

70 Apontamentos: Escudo realizadas pelo arquiteto João de Sousa Araújo. Marcou-se assim, uma nova era na produção das notas, em que apenas o trabalho técnico pertencia à empresa tipográfica, o qual era baseado em maquetas produzidas por artistas portugueses.

As duas estampagens calcográficas da frente mostravam: a verde-musgo, o retrato de Santo António, dísticos e um ornato central que simbolizava o célebre Sermão dos Peixes; e a castanho-escuro, na faixa superior, um trabalho de guilhoché em linha branca, e nas partes laterais, prospectivamente à esquerda e à direita, uma faixa de desenhos ondulados cruzados e um ornato com palmas. Os fundos da frente e do verso, impressos em “offset”, eram de composição idêntica: uma faixa de trabalho duplex a verde e laranja, desenhos numismáticos configurando peixes, que se estendiam pelas margens dispostos em faixas irisadas, e na parte central superior, um fino arabesco com linhas que mudavam de cor no seu trajeto. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a verde-musgo, com uma vinheta representando a Igreja de Santo António de Lisboa, envolvida por ornatos com palmas. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “Ouro”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) de impressão tipográfica, a preto, foi aposto nas oficinas do Banco. O papel foi produzido na britânica Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado esquerdo e apresenta o retrato de Santo António idêntico ao estampado na nota, e, inferiormente, a legenda “Banco de Portugal”. Na metade direita da frente da nota podia observar-se um filete de traço descontínuo.

71 Apontamentos: Escudo

Santo António Notas Castanhas e Notas Verdes Santo António, nasceu na cidade de Lisboa, pensa-se que no ano de O modelo aprovado inicialmente foi o 1195 e faleceu na cidade de Pádua (Itália) em Junho de 1231; de seu das notas castanhas. No entanto, os mais de 229 milhões de notas emitidas nome de batismo Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo, não foram impressas todas ao mesmo filho de Martim de Bulhões e de Maria Teresa Taveira Azevedo; tempo. As primeiras notas entraram ficou também conhecido por Santo António de Pádua porque aí em circulação em 19 de Janeiro de 1965 enquanto as últimas apenas em viveu e faleceu. Santo António fez os primeiros estudos na Igreja de 31 de Outubro de 1977. Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), ingressando na Ordem dos

O primeiro, ou os primeiros, contratos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente contemplaram notas castanhas e de Fora, como noviço no ano de 1211. Por este convento assim, as notas com a série composta permaneceu cerca de três anos, tendo ingressado com a idade de 18 por uma ou duas letras são todas castanhas. ou 19 anos no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde estudou Direito Canónico, Filosofia e Teologia. Em 1220 troca a Regra de A partir de determinada ocasião (possivelmente chegou-se à conclusão Santo Agostinho pela Ordem de São Francisco recolhendo-se nos que a nota ficava um pouco escura Olivais em Coimbra e mudando também o nome para António. No devido à circulação) terá sido acertado ano de 1221 embarca para Marrocos em Acão de evangelização, entre o BP e a firma estampadora uma versão mais clara do aspeto da nota, mas foi acometido de grave doença, sendo repatriado para retirando alguma tonalidade castanha Portugal. No regresso uma tempestade assolou a embarcação e (as chamadas notas verdes). esta arrastou o barco para as costas da Sicília. Aqui, em Itália os Aparentemente as notas mais verdes apareceram com a série constituída seus discursos notabilizaram-no como um exímio teólogo e por três letras. belíssimo pregador. No ano de 1222, dissertando para religiosos Franciscanos e Dominicanos de forma admirável, o Provincial da Ordem de imediato o destinou à evangelização. Neste mesmo ano conheceu Francisco de Assis, sendo nomeado pregador da Ordem. Em 1225 segue para França, estalando-se em Toulouse como pregador, desenvolvendo as suas aptidões de orador a tal ponto que lhe é confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e a guarda da província de Limoges. Pouco depois instala-se em Marselha mas por pouco tempo, pois foi escolhido para Provincial da Romanha. Em 1226 morreu S. Francisco de Assis e Santo António volta a Itália. No ano de 1228, assistiu à canonização de São Francisco. Na Basílica de São João de Latrão, em

72 Apontamentos: Escudo

Roma, pregou diante do Papa Gregório IX. Nestes mesmo ano desloca-se a Ferrara, Bolonha e Florença, continuando com as suas pregações. No ano de 1229 divide-se entre Varese, Bréscia, Milão, Verona e Mântua pregando com tal intensidade e cativando cada vez mais crentes, de tal modo que se dedicou exclusivamente à pregação. No ano de 1231 conclui a redação dos “Sermões Festivos”. Neste mesmo ano após contactos com o papa Gregório IX, regressou a Pádua. Bastante doente faleceu a 13 de Junho de 1231 no Oratório de Arcela, com idade entre 36 e 40 anos. Os seus restos mortais repousam na Basílica de Pádua, construída em sua memória. O papa Gregório IX canonizou-o na catedral de Espoleto no ano de 1232. Foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII, no ano de 1946. São suas atribuições – o livro, o pão, o Menino Jesus e lírio. É o padroeiro da cidade de Lisboa e da cidade de Pádua, dos pobres, das mulheres grávidas, dos casais, das pessoas que desejam encontrar objetos perdidos, dos oprimidos, etc.. Foram erigidas Igrejas com o seu nome em Pádua, Roma e Lisboa. O dia 13 de Junho, data do seu falecimento, é a data da festa litúrgica.

Igreja de Santo António de Lisboa

A popular Igreja de Santo António, encontra-se alegadamente no local da casa onde Santo António nasceu, junto à antiga "Porta do Mar" que existia na muralha que dava acesso ao interior de Lisboa medieval, e assume-se como seu santuário. Ao lado encontra-se um pequeno museu a ele dedicado. A cripta com entrada pela sacristia é tudo o que resta da igreja original que foi destruída pelo terramoto de 1755. A nova igreja foi iniciada em 1757 sob a direção de Mateus Vicente, arquiteto da Basílica da Estrela. A Igreja foi parcialmente paga pelas crianças que pediam "um tostãozinho para o Santo António” e como podemos ver hoje o chão da capela está coberto de moedas, e as paredes exibem mensagens de devotos. A fachada mistura o estilo manuelino com as colunas jónicas neoclássicas de cada lado da entrada principal. No interior, na descida para a cripta, um painel de azulejos modernos celebra a visita do Papa João Paulo II em 1982. Em 1995, a igreja foi renovada para o 8º centenário do Santo.

73 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 20$00 Chapa: 7 Frente: Retrato de Santo António Verso: Gravura da Igreja de Santo António de Lisboa Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Santo António Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 136x60 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson &Co., Ltd Primeira emissão: 19-01-1965 Última emissão: 31-10-1977 Retirada de circulação: 30-05-1986 Data Emissão Combinações de Assinaturas 26-05-1964 229 100 000 7

50 escudos Ch. 8 Rainha Santa Isabel

José da Silva Lopes

Jacinto Nunes

Emílio Rui Peixoto Vilar

Artur Santos Silva

Fernando Emygdio da Silva António José Brandão

João Baptista de Araújo Walter Waldermar Pego Marques

António Osório de Castro Joaquim Cavaqueiro Mestre

Domingos Pereira Coutinho António José Nuno Loureiro Borges

António Alves Salgado Júnior Abel António Pinto dos Reis

António Luís Gomes Luís Carlos Braz Teixeira

74 Apontamentos: Escudo

A chapa 8 de 50 escudos prestou homenagem à Rainha Santa Isabel uma das figuras da sociedade portuguesa do século XIV, associando-se motivos relativos ao milagre das rosas e a uma panorâmica da cidade de Coimbra de acordo com gravura antiga. O retrato da rainha foi baseado em pintura do primeiro quartel do século XVI atribuída a um discípulo de Quintino Metsys e que faz parte do acervo do Stadt Kunstmuseum de Dusserldorf na Alemanha. As maquetas foram novamente de autoria do arquiteto João de Sousa Araújo. Esta foi também a primeira nota fabricada na firma holandesa Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. sediada em Haarlem.

A estampagem a talhe-doce da frente apresentava-se em tons de castanho-avermelhado e englobava a efígie da Rainha Santa, dísticos, o escudo nacional e ornatos envolventes do número “50”. No fundo, em “offset”, observavam-se: uma rosácea central, de guilhoché em linha escura, impressa em tons esverdeados e castanhos; outra rosácea, sob o retrato da Rainha, impressa em linhas alaranjadas e castanhas na metade esquerda e tijolo e cinzento- esverdeado na metade direita; no lado esquerdo, em cima e em baixo, dois ornatos de técnica duplex; ainda no lado esquerdo, um ornato castanho-esverdeado com rosas; e finalmente, a cobrir as margens, pequenos retângulos, de tom esverdeado nas faixas laterais e acastanhado na faixa central, dentro dos quais se encontravam, em letras microscópicas, os dísticos “Banco de Portugal”. A estampagem a talhe-doce do verso, com tonalidade acastanhada, mostrava um grande ornato com trabalho de guilhoché em linha branca e linha escura, ornatos envolventes do número “50”, duas pequenas figuras e os dísticos inferiores. O fundo, em “offset”, era constituído pela vista da cidade de Coimbra, um ornato com rosas em verde e um desenho numismático que se estendia pelas margens, com rosas heráldicas, impresso a castanho- avermelhado nas faixas laterais e amarelado na faixa central. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador”, “O Vice- Governador” e o “Administrador” e chancelas), a preto, foi feita nas oficinas do Banco. O papel voltou a ser fabricado na França, na Societé Arjomari de Paris. Como mecanismo de segurança extra apresentava um filete de segurança, em traço descontínuo, descentrado para a direita da nota. A marca de água apresentava como filigrana especial, no lado direito, a cabeça da Rainha Santa Isabel, idêntica ao retrato estampado na frente da nota, e inferiormente a legenda “Banco de Portugal”.

75 Apontamentos: Escudo

Rainha Santa Isabel

Isabel de Aragão, mais conhecida pela Rainha Santa Isabel nasceu no palácio de Aljaferia na cidade de Saragoça, no ano de 1271. Era filha de Pedro III de Aragão Koninklijke Joh. Enschedé e de sua mulher Constança de Navarra. Foi a filha mais velha de uma A atual Royal Joh. Enschedé é uma prole de cinco irmãos, dos quais se destacaram os reis aragoneses empresa dedicada à produção de Afonso III e Jaime II, e ainda Frederico II rei da Sicília. Teve uma documentos de identificação, selos e educação palaciana e desde tenra idade mostrava gosto pela notas bancárias cuja sede se localiza meditação, rezas, jejuns, em contra ciclo com as jovens de então. em Haarlem nos Países Baixos. A companhia é ainda dona do Museu Dona Isabel era de uma formosura e de grandes virtudes, que lhe Enschedé e tem sucursais em granjearam a cobiça da sua mão por parte de diversos príncipes. No Amsterdão e Bruxelas. ano de 1288 e com 17 anos de idade, Isabel casou-se por procuração com D. Dinis, na cidade de Barcelona. Em Junho desse ano, a boda foi A companhia foi fundada em 1703, quando Izaak Enschedé se registou na celebrada na vila de Trancoso, acrescentando-se essa vila ao dote Guilda dos Tipógrafos em Haarlem. A que habitualmente era entregue às rainhas, a chamada Casa das Joh. Enschedé está desde longa data Senhoras Rainhas. Recebeu como dote, além de Trancoso, as vilas de associada à produção de notas bancárias, tendo sido a responsável Alenquer, Óbidos, Abrantes e Porto de Mós; mais tarde foi detentora pela produção da “Robin”, a primeira dos castelos de Portel, Montalegre, Monforte, Chaves, Gaia, Ourém, nota holandesa em 1841. Desde então foi a empresa responsável pela Sintra, Vila Viçosa, para além de rendas em numerário das vilas de impressão e produção das notas Leiria e Arruda, nos anos de 1300, Torres Novas em 1304 e Atouguia referentes ao estado Holandês. Em da Baleia no ano de 1307. Do seu casamento com D. Dinis advieram 1866 iniciou a sua catividade de produtor de selos. dois filhos; primeiro Dona Constança que nasceu em 1290 e casou mais tarde com Fernando IV de Castela; e depois D. Afonso IV que Durante as comemorações do 3º centenário da companhia em 2003 nasceu no ano de 1291 e que mais tarde herdaria a coroa de recebeu a designação de Real dada Portugal por sucessão a seu pai. Nos primeiros anos de casada pela Rainha Beatriz. acompanhava o marido por todo o país, dando dotes a raparigas Atualmente a Joh. Enschedé é pobres e educando os filhos de cavaleiros sem posses. Devido à sua especialista na produção de documentos de segurança e impressão bondade e saber foi cativando a simpatia do povo. Segundo constam especializada (notas, selos, etc.), as crónicas da época, o seu marido humilhava-a profundamente com tipografia (relatórios anuais, catálogos) as conquistas extraconjugais. Foi uma apaziguadora de ânimos e publicação de documentos na internet. A companhia está certificada exaltados entre o marido e o filho, futuro rei D. Afonso IV, que se como produtora de notas de Euro, guerrearam por este considerar que o pai demonstrava imenso afeto sendo aí produzidas as notas de cinco países do Euro. Produz selos para mais pelo filho bastardo Afonso Sanches. Durante a sua vida e enquanto o de sessenta países. marido foi vivo, esforçou-se por manter uma postura digna de rainha de alta linhagem e esmerada educação. Segundo a história, D. Dinis das diversas vezes que se deslocava para visitar as suas damas e a rainha sendo sabedora dessas atitudes, respondia-lhe com esta evasiva ”Ide vê-las, Senhor”. D. Dinis faleceu no ano de 1325, tendo a rainha D. Isabel recolhido ao Convento de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, onde veste o hábito da Ordem das Clarissas. Após o ingresso, entregou-se inteiramente às obras de assistência que durante a vida de seu marido tinha fundado; mais tarde, não podendo vestir o hábito das clarissas e professar os votos no mosteiro que tinha fundado, fez-se terciária franciscana, depondo a coroa real no Santuário de Santiago de Compostela e ofertou os seus bens aos mais necessitados. Foi viver para Coimbra, onde fixou residência junto ao convento de Santa Clara, mandando edificar os hospitais de Coimbra, Santarém e de Leiria para recolher os enjeitados e abandonados. Somente uma vez saiu do Convento, em 1336, quando seu filho D. Afonso IV declarou guerra ao seu sobrinho, Afonso XI de Castela, neto da Rainha D. Isabel, porque segundo consta, esta guerra seria devido aos maus tratos que este infligiu à sua mulher D. Maria filha do rei português. Mais uma vez a Rainha Santa Isabel usou da sua inteligência, saber e bondade, evitando a guerra entre os dois exércitos, colocando-se entre eles, proporcionando a paz. A história mais popular da Rainha Santa Isabel é sem sombra de dúvida o “Milagre das Rosas”. Segundo a lenda portuguesa, a rainha saiu do castelo de Sabugal para fazer a caridade aos mais desprotegidos da sociedade, numa manhã invernosa, levando no seu

76 Apontamentos: Escudo regaço pedaços de pão e outros víveres, sendo interpelada de imediato pelo rei seu marido, que a questionou; ”que levais no regaço?” De imediato respondeu: “São rosas, Senhor”!: desconfiado D. Dinis de novo inquiriu-a “Rosas de Inverno?” a rainha mostrou então o conteúdo do regaço do seu vestido e nele só haviam rosas, ao contrário do pães que aí colocara. O primeiro registo escrito do milagre das rosas encontra-se na Crónica dos Frades Menores; no entanto, com o passar dos tempos a tradição popular, introduziu variantes, como moedas de ouro que se transformaram em rosas e vice-versa. O povo criou à sua volta uma lenda de santidade, atribuindo-lhe diversos milagres. A sua imagem é venerada pela Igreja Católica. Foi beatificada no ano de 1516 pelo Papa Leão X e canonizada em 1625 pelo papa Urbano VIII. O principal templo de veneração é a Igreja do Convento de Santa Clara-a-Nova em Coimbra e a capela do Castelo de Estremoz; a festa litúrgica realiza-se a 4 de Julho, sendo as suas atribuições – representada como rainha de Portugal, com rosas no regaço do vestido. Faleceu no dia 4 de Julho de 1336, deixando no seu testamento grandes legados a hospitais e conventos, visando sempre o amparo dos mais desprotegidos. Coimbra Cidade de ruas estreitas, pátios, escadinhas e arcos medievais, Coimbra foi o berço de nascimento de seis reis de Portugal, da Primeira Dinastia, assim como da primeira Universidade do País e uma das mais antigas da Europa. Os Romanos chamaram à cidade, que se erguia pela colina sobre o Rio Mondego, Aeminium. Mais tarde, com o aumento da sua importância passou a ser sede de Diocese, substituindo a vizinha Conímbriga, donde derivou o seu novo nome. Em 711 os mouros chegaram à Península Ibérica e a cidade passa a chamar-se Kulūmriyya, tornando-se num importante entreposto comercial entre o norte cristão e o sul árabe, com uma forte comunidade moçárabe. Em 871 torna-se Condado de Coimbra mas apenas em 1064 a cidade é definitivamente reconquistada por Fernando Magno de Leão. Coimbra renasce e torna-se a cidade mais importante abaixo do rio Douro, capital de um vasto condado governado pelo moçárabe Sesnando. D. Afonso Henriques, fez dela a capital do condado, substituindo Guimarães em 1129 (é aliás esta mudança da capital para os campos do Mondego que se virá a revelar vital para viabilizar a independência do novo país, a todos os níveis: económico, político e social). Qualidade que Coimbra conservará até 1255, quando a capital passa a ser Lisboa. No século XII, Coimbra apresentava já uma estrutura urbana, dividida entre a cidade alta, designada por Alta ou Almedina, onde viviam os aristocratas, os clérigos e, mais tarde, os estudantes, e a Baixa, do comércio, do artesanato e dos bairros ribeirinhos populares. Desde meados do século XVI que a história da cidade passa a girar em torno à história da Universidade de Coimbra, sendo apenas já no século XIX que a cidade se começa a expandir para além do seu casco muralhado, que chega mesmo a desaparecer com as reformas levadas a cabo pelo Marquês de Pombal. A primeira metade do século XIX traz tempos difíceis para Coimbra, com a ocupação da cidade pelas tropas de Junot e Massena durante as invasões francesas e, posteriormente, a extinção das ordens religiosas. No entanto, na segunda metade de oitocentos, a cidade viria a recuperar o esplendor perdido – em 1856 surge o primeiro telégrafo elétrico na cidade e a iluminação a gás, em 1864 é inaugurado o caminho-de-ferro e 11 anos depois nasce a ponte férrea sobre as águas do rio Mondego.Com a Universidade como

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referência inultrapassável, desta surgem movimentos estudantis, de cariz quer político, quer cultural, quer social. Muitos desses movimentos e entidades não resistiram ao passar dos anos, mas outros ainda hoje resistem com vigor ao passar dos anos. Da Universidade surgiram e resistem ainda hoje em plena atividade primeiro o Orfeon Académico de Coimbra, em 1880, o mais antigo coro do país, a própria Associação Académica de Coimbra, em 1887, e a Tuna Académica da Universidade de Coimbra, em 1888. Com o passar dos anos, inúmeros outros organismos foram surgindo. Com presença em três séculos e um peso social e cultural imenso.

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Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 8 Frente: Retrato da Rainha Santa Isabel Verso: Gravura de Coimbra medieval Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Rainha Santa Isabel Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 142x70 mm Impressão: Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. Primeira emissão: 21-06-1965 Última emissão: 11-05-1979 Retirada de circulação: 30-06-1987 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-02-1964 130 383 000 14

100 escudos Ch. 7 Camilo Castelo Branco

José da Silva Lopes

Jacinto Nunes

Victor Constâncio

Artur Santos Silva

Rui Vilar

Fernando Emygdio da Silva António José Brandão

João Baptista de Araújo Walter Waldermar Pego Marques

António Osório de Castro Joaquim Cavaqueiro Mestre

Domingos Pereira Coutinho António José Nuno Loureiro Borges

António Alves Salgado Júnior Abel António Pinto dos Reis

António Luís Gomes Luís Carlos Braz Teixeira

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A sétima chapa de 100 escudos voltou a prestar homenagem a uma figura importante das letras portuguesas, neste caso o romancista do século XIX Camilo Castelo Branco, cuja imagem foi retirada de litografia publicada no n.º 47 do semanário “Luís de Camões” (Porto, 1864), na frente, e no verso optou-se novamente por imagem representativa de uma cidade portuguesa, neste caso o Porto, aqui representado de acordo com (litografia de L. Haghe com desenho de G. Vivian) que apresentam uma vista da cidade em período contemporâneo a Castelo Branco. As maquetas iniciais foram mais uma vez da autoria do arquiteto João de Sousa Araújo.

A gravação das matrizes e a estampagem das notas foram consignadas à firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd. As duas estampagens calcográficas da frente, a azul e a castanho, apresentavam o retrato de Camilo Castelo Branco, o escudo nacional, dísticos e ornamentos de torno geométrico em linha branca e linha cheia. O fundo tinha impressões “offset” em íris, trabalho em duplex e aplicação de desenho numismático que ocupava toda a área das margens. O verso tinha só uma estampagem em talhe-doce, a azul, com a vista da cidade do Porto e ornamentos de guilhoché que sobressaiam de um fundo de duas impressões “offset” com características idênticas ao da frente. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na já conhecida Portals Limited. A marca de água apresentava no lado esquerdo, a efígie de Camilo Castelo Branco, em redução do retrato estampado na frente da nota, e, inferiormente, a legenda “Banco de Portugal”, numa só linha. Incorporado no papel existia um filete de segurança de traço descontínuo, paralelo ao lado menor da nota.

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Camilo Castelo Branco

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, mais conhecido por Camilo Castelo Branco, além de romancista de exceção, foi também cronista, crítico, historiador, tradutor, dramaturgo e poeta. Nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, oriundo de uma família aristocrática provinciana. Era filho de Manuel Joaquim de Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira, com quem nunca casou registando-o como filho de mãe incógnita. Ficou órfão de mãe com um ano de idade e de pai aos dez anos, o que de certo modo lhe moldou um carácter de constante insatisfação; foi acolhido por uma tia que vivia em Vila Real e mais tarde foi viver com a irmã mais velha para Vilarinho de Samardã (1839), recebendo uma educação um tanto irregular através de dois padres provincianos. Camilo casou no ano de 1841 com Joaquina Pereira de França com apenas 16 anos de idade, indo viver para Friúme (Ribeira de Pena) não passando de uma paixão juvenil, pois o casamento depressa se desfez. No ano de 1842 preparou-se para ingressar na Universidade, tendo como professor e orientador o padre Manuel da Lixa. Camilo devido à sua personalidade extremamente instável e turbulenta, teve várias experiências amorosas buliçosas, uma das quais com Patrícia Emília, a freira Isabel Cândida. Publicou em 1848, No Nacional, correspondências em que proferia ataques a personalidades de então, o que lhe valeu por parte dos visados ser espancado por diversas vezes como correção aos irreverentes artigos jornalísticos. Neste mesmo ano abandonou Patrícia e refugiou-se em casa da irmã em Covas do Douro. Tentou cursar medicina no Porto, não concluindo o curso, voltou-se para o curso de Direito onde obteve o mesmo resultado. É por esta altura que na cidade do Porto leva uma vida de boémio, frequentando cafés, salões burgueses, tudo repleto de paixões refulgentes, dedicando-se ao jornalismo. Conheceu e de imediato se apaixonou por Ana Plácido no ano de 1850; esta entretanto casou no ano de 1852 com um negociante brasileiro de nome Pinheiro Alves; esta personagem inspira-o em várias novelas, a maior da parte delas com carácter depreciativo. Estes contactos de Camilo e a visita a casa de Ana Plácido, seduzem-no de tal maneira que a rapta, andando a monte, sendo pouco depois capturados e julgados. Foi considerado um escândalo pela sociedade de então, o qual não deixou de emocionar a opinião pública, pelo conteúdo romântico de amor contrariado. Presos em celas diferentes na cadeia da Relação do Porto, escreveu “Memórias do Cárcere”; aqui conheceu o famoso Zé do Telhado. No ano de 1863, indo de recurso em recurso e após a absolvição do crime de adultério, Ana Plácido e Camilo passam

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a viver juntos. É a partir deste ano que Camilo se debruça essencialmente na escrita, escrevendo ininterruptamente, mais de 260 obras, a um ritmo alucinante superior a 6 obras por ano. O ex-marido de Ana Plácido morreu no ano de 1863; o casal foi viver para São Miguel de Seide, com os filhos. Por motivos de saúde, no ano de 1871, Camilo transferiu-se para Vila do Conde, onde escreveu a peça de teatro “A Filha do Arcediago”. Desloca-se com imensa frequência entre os anos de 1873 a 1890 à Povoa do Varzim; é aqui que escreve grande parte da sua obra, recolhido no hotel Luso-Brasileiro. Na Póvoa contacta com personalidades intelectuais e sociais, como o pai de Eça, que era Par do Reino, Almeida Garrett, António Feliciano de Castilho, Alexandre Herculano, Francisco Gomes de Amorim entre outros. No ano de 1877, sofreu um enorme desgosto com o falecimento do seu filho Manuel Plácido, com apenas 19 anos de idade. No ano de 1885 é-lhe concedido o título de Visconde de Correia Botelho. Casou-se com Ana Plácido, seu grande amor em Março de 1888. Os seus últimos anos de vida são passados na companhia de Ana, não encontrando estabilidade emocional, por dificuldades de ordem financeira e de preocupações vividas com os filhos, um por irresponsabilidade, e o outro por uma doença mental. A sua doença, (sífilis) ia-o debilitando gradualmente, cegando-o, e impedindo-o de ler e trabalhar, o que o levou a desenvolver depressão grave. Após uma consulta e conhecedor do seu estado de saúde extremamente debilitada pela cegueira que avançava vertiginosamente, e num momento de desespero suicidou-se no dia 1 de Junho de 1890. Foi o primeiro escritor a viver exclusivamente dos seus escritos, sujeitando-se às críticas, impondo um cunho muito pessoal nos seus romances, o que veio conotá-lo como, um dos mais românticos escritores portugueses de sempre. Durante os mais de 40 anos em que se dedicou à escrita, deixou um legado enorme de textos inéditos; comédias, folhetins, ensaios, tradução de cartas e poesias, subscrevendo-os ou com a sua assinatura ou com os pseudónimos: Manoel Coco; Saragoçano; A.E.I.O.U.Y; Anastácio das Lombrigas e Arqui-Zero. Porto Com origem num povoado pré-romano. Na época romana designava-se Cale ou Portus Cale, estando na origem do nome de Portugal. No ano de 868, Vímara Peres, fundador da terra portucalense, teve uma importante contribuição na conquista do território aos Mouros, restaurando assim a cidade de Portucale. Em 1111, D. Teresa, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Foi dentro dos seus muros que se efetuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador. Devido aos sacrifícios que fizeram para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as tripas para a alimentação, e com elas confecionado um prato saboroso que hoje é menu obrigatório em qualquer restaurante. Os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto", existindo uma confraria especialmente dedicada a este prato típico. Desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo nas batalhas do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832- 34 e os feitos valorosos cometidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-

82 Apontamentos: Escudo lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente no listel das suas armas), donde o epíteto com que é frequentemente mencionada por antonomásia - a «Invicta». Alberga numa das suas muitas igrejas - a da Lapa - o coração de D. Pedro IV, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.

Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 7 Frente: Retrato de Camilo Castelo Branco Verso: Gravura do Porto no século XIX Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Camilo Castelo Branco Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 149x74 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co.Ltd Primeira emissão: 29-04-1968 Última emissão: 18-02-1981 Retirada de circulação: 31-03-1987 Data Emissão Combinações de Assinaturas 30-11-1965 168 192 000 22 20-09-1978 41 732 000 6

1000 escudos Ch. 9 D. Diniz

Jacinto Nunes

Fernando Emygdio da Silva António Alves Salgado Júnior

João Baptista de Araújo António Luís Gomes

António Osório de Castro António José Brandão

Domingos Pereira Coutinho

Tal como aconteceu com as notas de 500$00, Chapa 9, também esta chapa de 1000 escudos esteve envolvido no caso do assalto à Agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz, em 17 de Maio de 1967, o que deu origem à retirada antecipada da circulação e consequente encurtamento da sua existência. No entanto, tratou-se de uma das belas chapas da República.

As 18 500 notas roubadas tinham a seguinte numeração: DS 14501 a 20000; F 11001 a 14000 e HB 00001 a 10000. No aviso público da retirada da circulação, de 30 de Junho de 1967, o Banco informava que: “… as notas roubadas não foram postas em circulação, pelo que não possuem curso legal e poder liberatório, nem são suscetíveis, a qualquer tempo, de reembolso ou troca …”. As maquetas iniciais foram elaboradas pelo arquiteto João de Sousa Araújo. A

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preparação das chapas e a estampagem das notas estiveram a cargo da firma holandesa Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V..

Esta nota vinha incorporada de uma técnica de estampagem em talhe-doce a três cores simultâneas, tanto na frente como no verso, constituindo uma inovação nas notas emitidas pelo Banco de Portugal. Fugindo um pouco ao aspeto convencional até aí utilizado, reunia grande equilíbrio estético e qualidade técnica. A estampagem calcográfica da frente continha o busto do Rei Lavrador, D. Dinis de acordo com pormenor de uma estátua da autoria de Francisco Franco, presente em Coimbra junto à Universidade, legendas, uma coluna ornamental e diversas faixas de guilhoché em linha branca e linha cheia. O fundo, em offset, continha aplicações de duplex e três bandas de cores em íris de desenho numismático com a cruz de Cristo, que ocupava a parte central da nota e se estendia pelas margens. O verso tinha igualmente uma estampagem tricromática, com características semelhantes à da frente. Nela estavam patentes os painéis da autoria do pintor Manuel Lapa, que representam a fundação dos Estudos Gerais precursores da Universidade portuguesa inicialmente em Lisboa e depois em Coimbra em 1290, sob proteção de D. Dinis, representado ao lado esquerdo, de coroa e cetro reais. No fundo do verso, também em offset, tinha um desenho numismático diferente do da frente, um homem lavrando a terra com o arado e os animais. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na inglesa Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado esquerdo da nota e apresentava a cabeça de D. Dinis, em redução do retrato estampado na frente da nota e, na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”. Na metade esquerda, incorporado no papel, situava-se um filete de segurança de traço descontínuo.

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D. Dinis

D. Dinis, cognominado de “O Lavrador”, “O Rei Agricultor” ou “O Rei Trovador”, nasceu no ano de 1261, filho de D. Afonso III e de sua mulher Dona Beatriz de Castela. Recebeu uma educação muito seletiva, por parte dos seus progenitores, que o rodearam dos grandes mestres de então, oriundos da corte do seu avô Afonso X. Passou temporadas na corte onde recebeu contacto com grandes trovadores e poetas que o encaminharam na aprendizagem de línguas e na arte trovadoresca. A corte do avô era frequentada naquela época pelos expoentes máximos da cultura não só de Castela e Leão como também de alguns condados europeus, o que de certo modo o influenciou no desenvolvimento e na apetência pelas letras e literatura. D. Dinis desde muito cedo foi-se envolvendo na governação. Subiu ao trono no ano de 1279, altura em que o país se encontrava em litígio com a Igreja. Procurando normalizar a situação, assinou um tratado com o papa Nicolau III, onde foi feito juramento para a proteção dos bens de Roma salvando a Ordem dos Templários através da criação da Ordem de Cristo que veio a herdar bens dos Templários em Portugal depois da sua extinção, apoiando também os cavaleiros da Ordem de Santiago. No ano de 1295 envolveu-se em guerra com Castela, acabando por desistir da sua continuação em troca das vilas de Serpa e Moura. Foi assinado o Tratado de Alcanizes no ano de 1297, onde ficaram definidas as atuais fronteiras dos dois países. Sendo um rei administrador, a sua prioridade governativa centrou-se essencialmente na organização do reino, dando continuidade à vertente legisladora de seu pai. A profusa legislação está contida no “Livro das Leis e Posturas” e nas “Ordenações Afonsinas”. Das muitas ações que produziram um desenvolvimento económico e financeiro no seu reinado destaca-se o relacionado com a agricultura, nomeadamente, a plantação do pinhal de Leiria,

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que assim protegia as terras de cultivo da invasão das areias transportadas pelos ventos; a secagem dos pântanos de Salvaterra de Magos e da Várzea de Leiria, que se alongava até aos terrenos de Monte Real; a correção das margens de rios, etc. D. Dinis ordenou a exploração do subsolo com a exploração de minas de cobre, prata, ferro e estanho. Foi um dinamizador na troca de produtos com outros reinos, assinando o primeiro tratado comercial no ano de 1308 com a Inglaterra. Criou o almirantado, atribuído como privilégio ao genovês Manuel Pessanha, dando origem às bases de uma verdadeira marinha portuguesa. D. Dinis, além de proteger e promover a agricultura fundou várias comunidades rurais, mercados, feiras francas e concedeu privilégios e isenções a diversas povoações. A cultura estava no seu cerne, pois desde jovem tinha adquirido uma apetência pela literatura, tornando-se num dos poetas mais profícuos e um fecundo trovador do seu tempo. Escreveu 137 cantigas distribuídas do seguinte modo: 73 cantigas de amor, 51 cantigas de amigo e 10 cantigas de escárnio e maldizer. A cidade de Lisboa durante o seu reinado foi um dos centros europeus da cultura. Fundou através do seu documento “A Magna Carta Priveligionum” a Universidade de Coimbra, onde se lecionava o Direito Civil, o Direito Canónico, as Artes e a Medicina. Mandou traduzir importantes obras clássicas, algumas das quais foram implementadas no ensino. Os últimos anos do seu reinado foram marcados por conflitos internos, relacionados com uma relação tempestuosa com o seu filho e futuro rei D. Afonso IV, que pensava que o pai estava a favorecer um seu filho bastardo, D. Afonso Sanches que o espoliava do trono. Teve uma larga geração (nove filhos) não só de sua mulher como fruto de diversas relações, devido ao seu carácter impulsivo e amoroso, que não ocultava. D. Dinis faleceu na cidade de Santarém no ano de 1325, sendo sepultado no Mosteiro de São Dinis em Odivelas. Estudos Gerais e Universidade de Lisboa

A primeira universidade portuguesa foi de facto fundada em Lisboa, em 1290 por diploma de D. Dinis, de 1 de Março, sob autorização do papa Nicolau IV, e transferida em 1308 para Coimbra. Aparentemente, as fundações do primeiro edifício desta universidade encontram-se num local denominado Pátio dos Quintalinhos - a entrada é no n.º 3 das Escolas Gerais. A Universidade de Lisboa foi fundada e extinta (ou transferida para Coimbra) por diversas vezes. Para além disso, algumas das suas instituições já existiam antes de 1911 tendo sido posteriormente agregadas na universidade, num processo contínuo que parece ainda não ter terminado. Assim, em 1308 é transferida para Coimbra, em 1328 volta para Lisboa, sendo novamente transferida para Coimbra em 1354. Em 1357 regressa a Lisboa sendo ainda neste ano que, por bula do papa Gregório IX, a universidade passa a conferir os graus de bacharel, licenciado e doutor. Finalmente, em 1537, regressa definitivamente a Coimbra, onde fica como instituição única de ensino superior em Portugal. Só no século XIX foram fundadas em Lisboa a Régia Escola de Cirurgia, que deu origem à Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa e finalmente à atual Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Academia de Belas Artes, instalada no Convento de S. Francisco, que deu origem à Faculdade de Belas-Artes e a Escola Politécnica, agora Faculdade de Ciências. No entanto, durante os 160 anos em que a Universidade se manteve em Lisboa (por decisão de D. João I), entre os séculos XIV e XVI, no período dos Descobrimentos, distinguiram-se alguns dos seus alunos e professores, entre outros, Gil Eanes, Pedro Nunes e Garcia de Orta. Em 1907 os alunos da Universidade de Coimbra exigem durante a Greve Académica de 1907 a criação da Universidade de Lisboa com o intuito de se lecionar o curso de Direito, acabando desta maneira o monopólio da Universidade de Coimbra na lecionação deste curso.

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A atual Universidade de Lisboa foi criada em 22 de Março de 1911 por decreto do Governo Provisório da República Portuguesa, em simultâneo com a Universidade do Porto, tendo em vista colocar as duas maiores cidades do país em idêntica situação com Coimbra. Para tal, fundaram-se novas academias e congregaram-se as escolas e cursos superiores existentes na capital nas diversas faculdades do organismo. Assim, por meio daquele decreto, foram instituídas as novas faculdades de Medicina e de Farmácia, em substituição da Escola Médico-Cirúrgica. A Faculdade de Ciências ampliou e substituiu a Escola Politécnica de Lisboa preexistente. O Curso Superior de Letras (fundado pelo rei D. Pedro V em 8 de Junho de 1859) deu lugar à Faculdade de Letras. Foi também criada a Faculdade de Ciências Económicas e Políticas de Lisboa (que em 1913 seria transformada em Faculdade de Estudos Sociais e de Direito e, finalmente em 1918, convertida na atual Faculdade de Direito, cujo primeiro diretor primeiro diretor foi Afonso Costa, proeminente figura da Primeira República, cuja posição na Universidade de Lisboa veio contrabalançar o facto de, até então, a esmagadora maioria dos governantes do país serem provenientes da Faculdade de Direito de Coimbra. A estas faculdades se viriam a juntar, já no final do século, nas décadas de 80 e 90, a Faculdades de Psicologia e Ciências da Educação (que foi parte da Faculdade de Letras até 1981), a Medicina Dentária (com a integração em 1991 da Escola Superior de Medicina Dentária de Lisboa, criada em 1975) e a Belas-Artes (última a ser integrada, em 1991). Numa tentativa de reorganização para melhor adaptação aos desafios futuros, a universidade de Lisboa passou, no final do ano de 2009, a organizar-se em cinco diferentes áreas estratégicas de coordenação da investigação e ensino: Artes e Humanidades (Faculdade de Belas-Artes, Faculdade de Letras e unidades de investigação associados), Ciências da Saúde (Faculdade de Farmácia, Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina Dentária, Instituto de Medicina Molecular e unidades de investigação associadas), Ciências e Tecnologia (Faculdade de Ciências, Instituto Geofísico do Infante D. Luís, Observatório Astronómico de Lisboa e unidades de investigação associadas), Ciências Jurídicas e Económicas (Faculdade de Direito e unidades de investigação associadas) e Ciências Sociais (Instituto de Ciências Sociais, Faculdade de Psicologia, Instituto de Educação, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território, Instituto de Orientação Profissional, Centro de Estudos Geográficos). Esta nova estrutura procura, através de uma estreita cooperação entre os diferentes organismos que constituem a universidade, responder à necessidade de uma melhor gestão e mobilização de recursos.

87 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 9 Frente: Retrato de D. Dinis Verso: Painel de Manuel Lapa representando a fundação dos Estudos Gerais Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: D. Dinis Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 163x82 mm Impressão: Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. Primeira emissão: 14-12-1965 Última emissão: 22-05-1967 Retirada de circulação: 31-08-1967 Data Emissão Combinações de Assinaturas 02-04-1965 3 180 000 7

Ponte Salazar

Os subscritores do documento (decreto-lei 47 111 de 23 de Julho de 1966) que aprovou a emissão de moeda comemorativa de 20 escudos relativa à nova ponte sobre o Tejo. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Oliveira Salazar. Entre as figuras que compunham o governo destacam-se entre outras: Manuel Araújo, João Varela, Ulisses Cortês, Joaquim Cunha, Fernando Dias, Alberto Nogueira, Eduardo Arantes e Oliveira, Inocência Galvão Teles.

De acordo com a introdução do decreto que autorizou a emissão comemorativa do valor de 20$00 relativa à nova ponte sobre o Tejo: “(…) a construção da ponte sobre o Tejo, encontra- se praticamente concluída. A concretização de tão significativo empreendimento corresponde, por um lado, a antiga aspiração da capital (justificada, aliás, pelas necessidades impostas pelo seu mais rápido e amplo desenvolvimento) e simboliza, por outro, o surto de progresso económico que se estende por todo o território nacional e que só foi possível alcançar mercê da estabilidade e normalidade da vida do País durante os últimos 40 anos. Assim, em face do significado especial do acontecimento, decidiu o Governo assinalar a inauguração da nova ponte com a cunhagem de uma moeda de prata.”

88 Apontamentos: Escudo

A subida do preço da prata que se verificada já desde 1964 inviabilizou no entanto, a manutenção das características físicas das moedas comemorativas de Jaime Martins Barata 20$00 cunhadas em 1953, bem como levou ao estudo de uma nova Pintor português, nascido a 7 de moeda corrente do mesmo valor, com peso e diâmetro mais reduzidos Março de 1899, em Póvoa e Meadas (prata de toque 650 por 1000, peso de 10 g e diâmetro de 30 mm). no Alentejo, e falecido em Lisboa em Depois de uma mal sucedida tentativa de se cunhar em 1965 uma 1970. Órfão de pai aos cinco anos, apesar das dificuldades financeiras, a moeda comemorativa do 5.º aniversário da morte de Gil Vicente e de mãe, professora primária, conseguiu outra proposta semelhante em 1966, para se assinalar o centenário da que os filhos chegassem ao ensino abolição da pena de morte em Portugal, que não teve seguimento no superior. Jaime Martins Barata começou por estudar Matemática, Ministério das Finanças, foi autorizada nesse ano uma moeda para ser professor, na Escola Superior comemorativa alusiva à inauguração da Ponte Salazar sobre o Tejo, em Normal. Experimentou por período estudar Economia sem êxito. Assim, Lisboa. Para a nova moeda, a Casa da Moeda sugeriu, em Março de em 1922, começou a dar aulas de 1966, que tivesse o valor facial de 50$00, diferenciando-se, assim, da Matemática e de Artes, tendo passado então projetada moeda corrente de 20$00. Muito à semelhança do por diversas escolas de Lisboa, até 1947. Entretanto, já desde a juventude ocorrido em 1953, com a moeda comemorativa da Renovação dedicou-se paralelamente à pintura, Financeira, a solução adotada foi de compromisso: enquanto não fosse mas apenas como passatempo. Para autorizada a nova moeda corrente, seria cunhada uma versão melhorar a sua técnica, começou a frequentar a Sociedade Nacional de comemorativa do mesmo valor. Belas-Artes. O seu grupo de amigos artistas, que incluía a sua futura Os desenhos para esta moeda, da autoria do arquiteto Martins Barata, mulher, começou por dar-se a foram enviados à casa da Moeda pelo Gabinete da Ponte, tendo sido conhecer através de algumas publicações (ABC, ABCzinho e a modelados em gesso e gravados no metal pelo mestre Marcelino Norte Notícias Ilustrado). Em 1940, e sob a de Almeida. direção de Cottinelli Telmo, Jaime Martins Barata pintou uma série de Além dos 2 milhões de exemplares emitidos, foram também cunhados grandes painéis com cenas da História de Portugal destinados a ser exibidos quatro exemplares de ouro, um dos quais destinado ao Museu na Exposição do Mundo Português. Numismático Português. Tratou-se do primeiro de uma série de trabalhos em grande escala, Pese a beleza do desenho selecionado, esta não foi uma moeda bem inicialmente pintados a óleo e, mais tarde, segundo a técnica de fresco. Os recebida pelo público, a quem não agradaram o seu pequeno diâmetro primeiros frescos foram os da Basílica e peso, dando uma imagem de degradação do valor monetário dos 20 de Santo Eugénio, em Roma. Ainda relativamente à Exposição de 1940, escudos, comparada com as belas moedas de 1953-1960. Mas serviu desenhou o selo comemorativo do de exemplo à Casa da Moeda, que de então em diante optou pelo evento para os correios de Portugal. A sistema de manter as dimensões e o peso tradicionalmente bem partir de 1947, passou a ser consultor artístico dos correios. Precisamente a aceites pelo público nas amoedações comemorativas, elevando o valor partir de 1947, devido à grande facial. quantidade de trabalho artístico que tinha, abandonou o ensino, numa Ponte Salazar altura em que já pouco tempo dedicava às aguarelas. A aposta foram os trabalhos em grande escala, a maior A primeira ideia sobre a construção de uma ponte que ligasse a cidade parte encomendas do Estado. Assim, a de Lisboa a Almada, situada na margem esquerda do Tejo, remonta ao sua obra ficou patente em edifícios ano de 1876. Naquela altura, o engenheiro Miguel Pais sugeriu que a públicos como tribunais e ministérios. Trabalhava num estúdio com altura de sua construção fosse feita entre Lisboa e o Montijo. Mais tarde, em um prédio de três pisos, inventou e 1888, um engenheiro norte-americano de nome Lye, propôs que a melhorou diversos mecanismos de pintura, de modo a facilitar a execução ponte fosse construída entre a zona do Chiado, no centro de Lisboa, e de obras em grande escala. Almada. No ano seguinte (1889), dois engenheiros franceses, de nome Bartissol e Seyrig, sugeriram a ligação rodoviária e ferroviária a partir

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da zona da Rocha Conde de Óbidos, do lado de Lisboa, a Almada. Um ano depois (1890), surgiu uma nova proposta, feita por uma empresa alemã, que propunha a ligação entre a zona do Beato, do lado de Lisboa, e o Montijo. Esta última ideia teve bastante aceitação por parte da opinião pública à época. Já no século XX em 1913, o governo português recebeu uma sugestão para a construção de uma ponte, retomando a ligação entre a zona da Rocha Conde de Óbidos e Almada. Esta proposta foi reatada, em 1921, pelo engenheiro espanhol Alfonso Peña Boeuf, chegando o seu projeto a ser discutido no Parlamento português. Decorria o ano de 1929, quando o engenheiro português António Belo solicitou a concessão de uma via-férrea a estabelecer sobre o rio Tejo, a partir da zona do Beato, em Lisboa, e o Montijo. Perante esta iniciativa, o então ministro das Obras Públicas, Duarte Pacheco, acabou por nomear, no ano de 1933, uma Comissão com o fim de analisar a proposta em causa, tendo ele próprio, apresentado, em 1934, uma proposta ao Governo, de que fazia parte, para a construção de uma ponte rodoferroviária sobre o Tejo. Contudo, todas estas propostas acabaram por ser preteridas em favor das obras da Ponte Marechal Carmona, em Vila Franca de Xira, aberta em 1951. Apenas no ano de 1953 é que o Governo português criou uma comissão com o objetivo de estudar e apresentar soluções sobre a questão do tráfego ferroviário e rodoviário entre Lisboa e a margem sul do Tejo. Finalmente, em 1958, os governantes portugueses decidiram oficialmente a construção de uma ponte.

No ano seguinte, foi aberto um concurso público internacional, para que fossem apresentadas propostas para a construção. Após a apresentação de quatro propostas, o que aconteceu em 1960, a obra foi adjudicada à empresa norte-americana United States Steel Export Company, que já em 1935, tinha apresentado um projeto para a sua construção. A 5 de Novembro de 1962 iniciaram-se os trabalhos de construção. Menos de quatro anos após o início destes, ou seja, passados 45 meses, a ponte sobre o Tejo foi inaugurada (seis meses antes do prazo previsto), cerimónia que decorreu no dia 6 de Agosto de 1966, do lado de Almada, na presença das mais altas individualidades portuguesas, entre as quais se destacou o Presidente da República, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomás, o Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar e o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, passando a ser chamada Ponte Salazar (ainda que a sua designação legal se mantivesse como sendo Ponte Sobre o Tejo). O seu custo rondou, ao preço à época da sua construção, o valor de dois milhões e duzentos mil contos, o que corresponde, sem ajustes à inflação, a perto de 11 milhões de euros. Logo a seguir à Revolução de 25 de Abril de 1974, o seu nome foi mudado para Ponte 25 de Abril. Ainda que projetada para suportar, em simultâneo, tráfego ferroviário e rodoviário, nesta fase só ficou preparada para a passagem de veículos rodoviários. Apenas em 1990, é que o Governo português procedeu à elaboração de um projeto para a instalação do tráfego ferroviário, através da montagem de um novo tabuleiro, alguns metros abaixo do tabuleiro do trânsito rodoviário, já em funcionamento. A 30 de Julho de 1999 foi inaugurada este novo tipo de travessia

90 Apontamentos: Escudo

As consequências resultantes desta travessia não se fizeram esperar, desde a sua entrada em funcionamento, designadamente na explosão urbanística que surgiu na margem esquerda do Rio Tejo, de Almada a Setúbal, estimulando, igualmente, o crescimento económico e turístico do sul de Portugal, destacando-se, neste caso, a região do Algarve. A grandeza e a imponência da Ponte 25 de Abril está bem expressa no facto de, à data da sua inauguração, ser a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos Estados Unidos da América. Passados quarenta anos, após a sua inauguração, ocupa, agora, o 20º lugar, a nível mundial.

Ficha Técnica

Peso: 10 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Jaime Martins Barata Gravador: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 47 111 de 23/07/1966 Ano Cunhagem Código 1966 2 000 000 034.01

500 escudos Ch. 10 D. João II

José da Silva Lopes

Jacinto Nunes

Victor Constâncio

Rui Vilar

Alberto Oliveira Pinto

António Osório de Castro

Fernando Emygdio da Silva Domingos Pereira Coutinho

João Baptista de Araújo António Alves Salgado Júnior

91 Apontamentos: Escudo

António Luís Gomes António José Nuno Loureiro Borges

António José Brandão Abel António Pinto dos Reis

Walter Waldermar Pego Marques Luís Carlos Braz Teixeira

Joaquim Cavaqueiro Mestre Maria Manuela Morgado Baptista

A chapa 10 de 500 escudos caracteriza-se por apresentar elevada qualidade técnica, tendo como motivos salientes a efígie de D. João II, o Príncipe Perfeito e um pormenor dos grupos escultóricos que decoram o Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, de autoria do mestre Leopoldo de Almeida. O retrato patente nas notas foi uma cópia de uma pintura existente no Kunsthistorisches Museum, de Viena, da coleção do Arquiduque Fernando do Tirol e identificado como sendo do décimo terceiro rei de Portugal. Na altura do aparecimento desta nota gerou-se certa controvérsia na atribuição dada, sustentando alguns entendidos que o referido retrato, devido a determinados elementos iconográficos (chapéu, camisa, barba e corte de cabelo), era mais suscetível de representar D. João III ou até D. Manuel I. Estas opiniões, também refutáveis, motivaram novas contestações, não se chegando, porém, a uma conclusão definitiva de consenso geral. As maquetas iniciais foram novamente da autoria do arquiteto João de Sousa Araújo. Todo o trabalho referente ao fabrico destas notas, desde a gravação das chapas até à estampagem, foi executado pela casa holandesa Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V..

A estampagem calcográfica, tanto da frente como do verso, foi realizada pelo processo “Giori”, que consiste numa estampagem direta a três cores através de uma chapa de aço gravada em talhe- doce. O fundo da frente, em “offset”, era constituído por três chapas com registos especiais, imprimindo uma delas com as tintas em íris. O fundo do verso era idêntico ao da frente, não tendo, porém, a impressão irisada. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na francesa Societé Arjomari e apresentava, como características especiais, coloração amarelada em vez do convencional branco e um filete transversal intermitente. A marca de água surgia no lado esquerdo, com um retrato igual ao estampado na nota, e, na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”.

92 Apontamentos: Escudo

D. João II

João II nasceu em Lisboa, no Paço das Alcáçovas no castelo de S. Jorge a 3 de Maio de 1455, filho de D. Afonso V e de sua mulher D. Isabel de Coimbra, cognominado de “O Príncipe Perfeito”. Foi o 13º monarca português. Educado pelo seu pai acompanhando-o nas campanhas do norte de África, foi armado cavaleiro após a tomada de Arzila em Agosto de 1471. No ano de 1473 casou em Setúbal com a sua prima direita D. Leonor de Viseu. Em 1474 recebeu do pai a regência e a direção política da expansão do reino, enquanto este travava guerra pelo trono castelhano. No ano seguinte assumiu a regência do Reino, que entretanto entregou a Dona Leonor, para acudir ao pai em Castela. Participou na batalha de Toro, onde se distinguiu pela sua bravura, obtendo uma difícil vitória sobre Fernando, o Católico. Foi aclamado rei em Santarém por D. Afonso V, por este ter decidido abdicar recolhendo-se num convento, mas só viria a suceder-lhe após a sua morte em 1481. Desde jovem que D. João não era visto com simpatia junto dos pares do reino, em virtude da sua imunidade a influências externas e ao desprezo à intriga palaciana, recaindo nos nobres muitas reservas à sua governação. Demonstrou à nobreza que tinha razões de sobra, pois viviam-se momentos de intrigas e conspirações para retirar poder à aristocracia e concentrá-lo todo em si. No ano de 1482 mandou construir a fortaleza de São João da Mina, na África Ocidental. Começaram a surgir as conspirações com correspondência trocada entre o duque de Bragança e os reis Católicos solicitando a intervenção destes que foi intercetada pelos espiões do rei, no ano de 1483. Em consequência, o duque é executado em Évora e a casa de Bragança foi extinta, sendo o seu fabuloso património absorvido pela Coroa. Em 1484 D. Diogo, duque de Viseu e irmão da rainha, foi chamado ao Paço e aí apunhalado pelo cunhado D. João II, por ser suspeito de estar a dirigir uma nova conspiração. Muitas mais pessoas foram executadas, assassinadas ou exiladas para Castela, incluindo o bispo de Évora D. Garcia de Meneses, envenenado na prisão, por sobre ele recair desconfianças em relação ao poder exercido pelo monarca. Diz a tradição que D. João II comentou em relação a esta “limpeza no país”: “eu sou o senhor dos senhores, não o servo dos servos”. D. João II tornava-se rei absoluto. Neste mesmo ano Diogo Cão descobriu a Foz do Rio Zaire. Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã iniciaram a viagem que os levou aos reinos do Egipto e da Etiópia. Em 1488 Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança, navegando em pleno oceano Índico. A disputa dos mares entre Portugal e Espanha toma uma dimensão tal, que conduziu à assinatura de Tratados para demarcar o domínio dos mares que competiam a cada um. O príncipe herdeiro D. Afonso casou no ano de 1490 com a princesa Isabel, filha dos reis católicos de Espanha, vindo a falecer após queda de cavalo no ano seguinte. Em 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, que conferira uma zona exclusiva à Coroa portuguesa, e que consistia no traçado de uma linha imaginária a 360 milhas a ocidente do arquipélago de Cabo Verde. Estabelecida esta figura jurídica que ficou conhecida como “mare clausum”, o direito das duas potências da época condicionarem o direito à navegação a outras potências, nomeadamente aos ingleses. Tratou-se de uma conquista nunca dantes alcançada por qualquer outra potência, ficando com o caminho livre para as futuras explorações oceânicas, que se vieram a concretizar; “O Caminho Marítimo para a Índia” e a “Descoberta do Brasil”. Só à astúcia e à visão de D. João II

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se deve este documento que veio alterar a configuração política do mundo de então. Foi o monarca com o qual Portugal deu passos decisivos na preparação e realização da expansão, erguendo-se ao patamar de potência mundial de primeiro plano. Não deixou sucessão direta, apesar dos esforços encetados para legitimar em Roma um filho bastardo, D. Jorge, pela oposição da rainha e as influências dos seus inimigos. Antes de falecer escolheu Manuel de Viseu, duque de Beja, seu primo direito e cunhado para sucessor. A rainha Isabel a Católica, de Castela, por ocasião da sua morte, terá afirmado “Murió el Hombre!”. Faleceu num fim de tarde no dia 25 de Outubro de 1495, no Alvor, Algarve. O seu corpo encontra-se no Mosteiro de Santa Maria da Vitória da Batalha.

94 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 10 Frente: Retrato de D. João II Verso: Pormenor do Padrão dos Descobrimentos Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: D. João II Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido; papel amarelo Medidas: 156x78 mm Impressão: Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. Primeira emissão: 17-10-1966 Última emissão: 06-04-1982 Retirada de circulação: 29-01-1988 Data Emissão Combinações de Assinaturas 25-01-1966 82 840 000 7 06-09-1979 28 233 000 7

1000 escudos Ch. 10 D. Maria II

António Manuel Pinto Barbosa

José da Silva Lopes

Rui Vilar

António Costa Leal

Fernando Emygdio da Silva António José Brandão

João Baptista de Araújo Walter Waldermar Pego Marques

António Osório de Castro Joaquim Cavaqueiro Mestre

Domingos Pereira Coutinho António José Nuno Loureiro Borges

António Alves Salgado Júnior Alberto José dos Santos Ramalheira

António Luís Gomes

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A Rainha D. Maria II foi a personagem escolhida para figurar na chapa 10 de 1000 escudos. A efígie apresentada é cópia de um quadro de Thomas Lawrence existente no Museu Nacional de Arte Antiga, de Lisboa. Já em 1953 este quadro tinha servido de modelo para uma série de selos comemorativos do 1º centenário do selo postal em Portugal. A composição com a efígie da Rainha, no verso, foi inspirada numa moeda portuguesa de ouro (a Peça “Degolada” de 7500 réis, de 1833), tendo sido alterada a data de emissão para 1846, ano da fundação do Banco de Portugal. As maquetas iniciais foram elaboradas pelo arquiteto João de Sousa Araújo. A preparação das chapas e a estampagem das notas estiveram a cargo da firma holandesa Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V..

A estampagem a talhe-doce da frente, feita por processo especial, diretamente a três cores (castanho, azul e verde), englobava o retrato da Rainha, o escudo nacional, diversos dísticos e os números “1000”. O fundo, em offset, era constituído por um grupo de flores a lilás e verde, uma rosácea a castanho-claro por detrás da cabeça da Rainha e um desenho numismático de tonalidade azul com faixa em íris a castanho-claro na metade esquerda da nota e ornatos de técnica duplex. A estampagem a talhe-doce do verso, com cores idênticas às da frente, reunia a efígie da Rainha, uma reprodução da antiga Praça do Pelourinho, com o edifício do Banco de Portugal (depois Paços do Concelho de Lisboa), dísticos e ornamentos geométricos em linha branca e linha cheia. No fundo do verso, o grupo de flores era em tudo igual ao da frente e o desenho numismático, com um tipo de flor diferente, tinha a faixa castanho-clara, em íris, na parte central. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco e na casa estampadora holandesa, observando-se, assim, diferença nos tipos de letras e números. O papel foi fabricado na inglesa Portals Limited. A marca de água foi colocada no centro da nota e apresentava um retrato de D. Maria II em ampliação do estampado na frente da nota e, na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”. Na metade esquerda, incorporado no papel, situava-se um filete de segurança de traço descontínuo.

Apontamentos: Escudo

D. Maria II

D. Maria II nasceu no Rio de Janeiro a 4 de Abril de 1819, filha de D. Pedro IV e de sua mulher Leopoldina de Habsburgo foi batizada com o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Luísa Gonzaga de Bragança e Áustria. Contava apenas 7 anos de idade quando o seu pai D. Pedro IV abdicou do trono em seu favor em Abril de 1826; deveria casar com o seu tio D. Miguel logo que tivesse idade, sendo de imediato nomeado regente, em Julho de 1826, após ter jurado fidelidade à rainha e à Carta Constitucional. D. Maria de menoridade foi viver para Inglaterra e depois França. Ao atingir os 15 anos de idade em 24 de Setembro de 1834, volta a Portugal para assumir o governo de Portugal. Casou em primeiras núpcias no ano de 1835, com Augusto de Leuchtenberg, mas este faleceu logo no mês de Março do mesmo ano. Nesse ano de 1835, empreendeu diversas reformas, uma das quais, consistiu na venda de todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das Corporações religiosas já extintas e das Capelas reais. Casou em segundas núpcias em 9 de Abril de 1836 com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, com o qual teve onze filhos. Foi um dos períodos da nossa história mais conturbados os que se viveram neste reinado, ficando registados entre outros; a guerra civil, entre liberais e absolutistas, e daí todas as rivalidades e perseguições que se seguiram na sociedade; a revolução de Setembro; a revolta dos Marechais; a Convenção de Chaves; a Revolta da Maria da Fonte; a Belenzada; a Patuleia, etc. A carta Constitucional foi alterada com a votação de um ato adicional, que consistiu na abolição da pena de morte em Portugal: algumas reformas, como melhoramentos de monta respeitantes à instrução pública foram entretanto aplicadas com a criação de Liceus e Escolas Primárias; a Fundação das Escolas Médicas de Lisboa e do Porto; a Escola Politécnica de Lisboa; a Academia Politécnica do Porto; o Instituto Agrícola; o Conservatório de Música. Nas Obras Públicas, foi notória a sua Acão no crescimento económico, centrado na construção de infraestruturas de transportes e comunicações, na tentativa de aproximar as várias regiões do país, em especial as do interior, e do apoio ao desenvolvimento comercial e industrial. Foi cognominada de “ A Educadora”, pela Acão e determinação que implementou com a instrução pública. No ano de 1852, D. Maria faz publicar um decreto que adota o sistema decimal; este

97 Apontamentos: Escudo

sistema revelou-se de grande utilidade pelo facto de se tornarem mais céleres as pesagens, reformulando o sistema monetário, que se encontrava muito diversificado quanto ao valor e nome das moedas então a circular. Foi no ano de 1853 que se introduziu o primeiro selo postal, em Portugal contemplando a figura da monarca, nos selos de 5, 25, 50 e 100 réis, da autoria de Francisco de Borja Freire, correspondendo a cada importância a cor prospectivamente castanho avermelhado, azul, verde e lilás no seu valor crescente. Faleceu na cidade de Lisboa a 15 de Novembro de 1853, após o parto do seu 11º filho. O seu corpo está depositado no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora. Peça “Degolada”

A “Degolada” é uma das moedas mais cobiçadas pelos colecionadores portugueses. Valia 7500 réis. Cunhada em ouro (toque 916,6%) com um diâmetro de 31,5 mm e 14,34 gramas de peso. Foram cunhadas apenas 1 265 peças, pois a rainha não gostou da representação em cabeça, preferindo o tradicional busto. A característica representação de cabeça valeu a alcunha a esta moeda de Degolada.

A moeda apresentava no anverso a efígie da rainha a olhar para a esquerda com a característica representação de cabeça, envolvendo a legenda latina: MARIA•II•D•G•PORTUG•ET•ALGARB•REGINA (Maria II, dei gratia Portugaliæ et Algarbiorum Regina – Maria II Rainha pela Graça de Deus de Portugal e Algarve). No reverso as armas do reino entre um ramo de louro e um de carvalho.

Praça do Pelourinho de Lisboa

A antiga Praça do Pelourinho correspondente hoje à Praça do Município, era o local onde se encontrava a antiga sede do Banco de Portugal em local onde hoje encontramos a Câmara Municipal. O Banco de Portugal foi criado por decreto régio em 19 de Novembro de 1846, tendo a função de banco comercial e de banco emissor. Surgiu da fusão do Banco de Lisboa e da Companhia Confiança Nacional, uma sociedade de investimento especializada no financiamento da dívida pública. Este banco recém-criado não era mais que uma sociedade de investimentos, especializado no financiamento da dívida pública, que começou por ser apenas mais um banco, sem o monopólio da emissão de notas, continuando apenas as emissões do Banco de Lisboa, impressas a uma só cor sobre fundo branco. Para aproveitar o papel existente em armazém no

98 Apontamentos: Escudo

Banco de Lisboa, o Banco de Portugal imprimiu até 1875, durante mais de 28 anos, as suas notas com a marca de água do extinto Banco de Lisboa.

O Banco de Portugal funcionou no edifício do antigo Banco de Lisboa, na Praça do Pelourinho (Praça do Município desde 1886), que devido a um incêndio ocorrido em 19 de Novembro de 1863 (já como Paços do Concelho), foi destruído e no seu lugar foi construído o atual edifício da Câmara Municipal de Lisboa.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 10 Frente: Retrato de D. Maria II Verso: Gravura da Praça do Pelourinho em Lisboa (séc. XIX) e da Peça “Degolada” Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: D. Maria II Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 163x82 mm Impressão: Joh, Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. Primeira emissão: 31-05-1967 Última emissão: 12-11-1979 Retirada de circulação: 30-01-1987 Data Emissão Combinações de Assinaturas 19-05-1967 146 851 000 19

Cabralinas I: Pedro Álvares Cabral

Os subscritores do documento (decreto-lei 49 001 de 30 de Abril de 1969) que aprovou a emissão de moeda comemorativa de 50 escudos relativa ao 5.º Centenário do nascimento de Pedro Álvares Cabral. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Marcello Caetano. João Dias Rosas era o responsável pela área económica.

Não deixa de ser interessante registar ter sido da iniciativa de um grande colecionador e numismata que primeiro chegou ao Ministério das Finanças a sugestão da emissão de uma moeda alusiva ao Centenário de Pedro Álvares Cabral, com o valor facial de 50$00. De facto, data de 17 de Novembro de 1968 a carta enviada pelo saudoso numismata José Oliveira de Sousa Nunes ao Ministro das Finanças, Dr. João Dias Rosas, contendo aquela sugestão. Contudo e curiosamente, não seria essa a causa imediata da autorização ministerial dessa emissão, cujo despacho, de 4 de Dezembro aparece exarado sobre um ofício de 20 de Novembro, enviado pelo diretor da Casa da Moeda, Eng. Abel Tavares Fernandes e contendo idêntica sugestão. Coincidência ou convergência de iniciativas, quem sabe, estiveram assim na origem da criação da primeira moeda da série "Cabralina", que tão grande

99 Apontamentos: Escudo

influência viria a ter no incremento e na popularidade do colecionismo numismático em Portugal.

Obtida a aprovação governamental, foi ainda por sugestão da Casa da Moeda que seria reproduzida a efígie de Pedro Álvares Cabral representada num medalhão dos Jerónimos, curiosamente o único voltado para Ocidente, enquanto os restantes (entre os quais o de Vasco da Gama) estão voltados para Oriente. Desconhecendo-se ao certo a identidade das figuras representadas nos medalhões aceita-se que o voltado a Ocidente seja uma das raras iconografias conhecidas de Pedro Álvares Cabral. Apesar das poucas representações do navegador quinhentista (possivelmente por ter deixado de fazer parte dos protegidos do rei após o seu regresso) esta é uma das figuras mais recordadas da numismática e da notafilia portuguesa, tendo-se estreado nestas andanças na chapa 1 de 100 escudos.

Apesar de estar cunhada com ano de 1968, a verdade é que foi cunhada e emitida em 1969 (o ano corresponde ao 5.º Centenário em comemoração, mas a lei de aprovação só foi emitida em 30 de Abril de 1969). A moeda foi cunhada em prata (toque de 650 milésimas) e inaugurou um novo valor em moeda, os cinquenta escudos, os quais seriam repetidas noutras moedas que completaram a série “Cabralina” assim, denominada em honra à primeira delas. Estas moedas tinham todas 18 g de peso e 34 mm de diâmetro. A primeira teve autoria do mestre Marcelino Norte Almeida, que representou o navegador com desenho baseado em busto presente em medalhão do Mosteiro dos Jerónimos (reverso), e no anverso um escudo da República coroado em estilo manuelino.

Ficha Técnica

Peso: 18 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 49 001 de 30/04/1969 Ano Cunhagem Código 1968 1 000 000 035.01

50 escudos Ch. 9 Infanta D. Maria

António Manuel Pinto Barbosa

100 Apontamentos: Escudo

Manuel Jacinto Nunes

Rui Vilar

Alberto Alves Oliveira Pinto

Fernando Emygdio da Silva Walter Waldermar Pego Marques

João Baptista de Araújo Joaquim Cavaqueiro Mestre

António Osório de Castro António José Nuno Loureiro Borges

Domingos Pereira Coutinho Alberto José dos Santos Ramalheira

António Alves Salgado Júnior Abel António Pinto dos Reis

António Luís Gomes Luís Carlos Braz Teixeira

António José Brandão Maria Manuela Morgado Baptista

A última chapa de 50 escudos (chapa 9) prestou homenagem a uma das mulheres mais interessantes do período quinhentista da história de Portugal, a filha de D. Manuel I, a Infanta D. Maria. A imagem iconográfica selecionada baseou-se em pintura atribuída a Gregório Lopes atualmente existente no Museu Condé em Chatilly na França. O verso recordou a vila de Sintra contemporânea à infanta de acordo com gravura de Duarte d’Armas. A gravação das chapas e a estampagem foram realizadas na inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd de acordo com maqueta do arquiteto João de Sousa Araújo.

A estampagem calcográfica da frente surge em tom acastanhado-escuro e mostrava a efígie da Infanta, ornatos trabalhados a torno geométrico em linha branca e linha escura, o escudo nacional, dísticos e os números “50”. O fundo, impresso em “offset” em tons de amarelo- torrado evoluindo para tons castanhos por processo íris, apresentava diversos ornamentos de técnica duplexes que envolviam a gravura. O florão apresentado à esquerda, em amarelo com tonalidades de castanho e verde, tinha uma zona raiada de azul-claro. As margens eram ocupadas por um desenho numismático exposto em faixas paralelas aos lados menores da nota por processo íris. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a castanho-escuro, que mostrava a reprodução do desenho de Duarte d’Armas (1507) “Cintra tirado natural da parte de Oeste”, ornatos de guilhoché, os números “50” e a legenda “Banco de Portugal”. O fundo,

101 Apontamentos: Escudo

também de técnica “offset”, em íris, tinha uma zona central em amarelo-torrado e as extremidades em tons acastanhados. Tanto o florão, em amarelo-ocre, como o desenho numismático que se estendia pelas margens eram de composição idêntica aos da frente. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice- Governador”, “O Vice-Governador” e o “Administrador” e chancelas), a preto, foram feitas nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na inglesa Portals Limited, apresentava na metade esquerda da nota um filete de segurança a traço descontínuo. A marca de água foi colocada centralmente e apresentava o retrato da Infanta D. Maria, com efígie reduzida em relação à estampada na frente, e na parte inferior a legenda “Banco de Portugal”.

Infanta D. Maria

A Infanta D. Maria era filha de D. Manuel I e da sua terceira mulher Dona Leonor, irmã de Carlos V. Nasceu no Paço da Ribeira, a 8 de Junho de 1521 em Lisboa. Ficou órfã de pai com poucos meses de idade, sendo educada pela camareira-mor da rainha D. Leonor, D. Elvira de Mendonça, sendo posteriormente entregue aos cuidados de sua tia Dona Catarina, irmã de sua mãe, que veio para Portugal para casar com D. João III no ano de 1524. Dona Maria era uma pessoa dotada de uma inteligência fora do comum e com uma excelente memória. Na sua

102 Apontamentos: Escudo aprendizagem esteve rodeada de professores distintos, entre os quais se evidenciaram Luís Sigeia, que lhe ensinou as letras e latim; a sua irmã ensinou-a a tocar alguns instrumentos, com especial destaque para aqueles mais usados no culto, como a harpa e o órgão. Quando atingiu a idade de dezasseis anos (1537), o seu irmão ofertou-lhe uma casa fora do Paço com damas e fidalgos sendo tratada com toda a estima como as rainhas. A Infanta foi uma das mais ricas da Europa, devido aos bens herdados de seu pai e de sua mãe. Foi senhora de cidades, vilas e outras terras, possuindo jurisdições em França, Espanha e Portugal, riquíssimas joias, baixelas e tapeçarias herdadas de sua mãe. No seu Paço criou uma verdadeira escola de nobres hábitos, onde senhoras ilustres da nobreza, aí se ilustravam e desenvolviam todo o género de conhecimento de ciências e das artes de que foi especial protetora e dinamizadora. A fama da Infanta de ter grande instrução, ilustração e imensas virtudes correu pela Europa, onde alguns dos mais nobres príncipes a pretendiam desposar, o que nunca veio a suceder pelo falecimento destes, antes de se realizar o casamento; ou por motivos de índole pessoal de D. João III, (esvaziamento dos cofres), sendo difícil satisfazer à Infanta o muito da sua herança, que teria de levar como dote; manteve-se solteira, consagrando a sua vida ao serviço de Deus; edificou a despensas suas, a Igreja e a Capela-Mor do Convento de Nossa Senhora da Luz, da Ordem de Cristo, o Convento de Santa Helena do Calvário em Évora, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos, junto a Torres Vedras, o Convento de S. Bruno e o Convento de Santo Cristo dos Milagres em Santarém; deixando em testamento que se edificasse um Mosteiro para as comendadeiras da ordem de São Bento de Avis, que se construiu na cidade de Lisboa; fundou a Igreja Paroquial de Santa Engrácia em Lisboa. No seu testamento determinava muitas obras de caridade por todo o reino, grandes socorros para os pobres, viúvas donzelas e órfãos, enfermos, muitas casas para abrigo dos peregrinos, dotes para casamento de órfãos, etc. Faleceu em Outubro de 1577, sendo sepultada no mosteiro da Madre de Deus, celebrando-se exéquias com grande pompa, a que assistiram o seu sobrinho D. Sebastião, o cardeal D. Henrique e toda a corte.

Sintra

Podemos encontrar em Sintra testemunhos de praticamente todas as épocas da história portuguesa. Na candidatura de Sintra a Património Mundial/Paisagem Cultural junto da UNESCO, tratou-se de classificar toda uma área que se assumiu como um contexto cultural e ambiental de características específicas: uma unidade cultural que tem permanecido intacta numa plêiade de palácios e parques; de casas senhoriais e respectivos hortos e bosques; de palacetes e vivendas inseridos no meio de uma exuberante vegetação; de extensos troços amuralhados que coroam os mais altos cumes da Serra. Também de uma plêiade de conventos de meditação entre penhascos, bosques e fontes: de igrejas, capelas e ermidas, polos seculares de fé e de arte; enfim, uma unidade cultural intacta numa plêiade de vestígios arqueológicos que apontam para ocupações várias vezes milenárias.

103 Apontamentos: Escudo

Os mais antigos testemunhos de ocupação humana localizam-se num cume da vertente norte da Serra de Sintra. Trata-se da ocupação epipaleolítica da Penha Verde, comprovada por abundantes utensílios de tipo microlaminar. Testemunho de uma ocupação do Neolítico é o sítio de São Pedro de Canaferrim, junto à Capela do Castelo dos Mouros. Ocupação testemunhada pela presença de cerâmicas decoradas associadas a uma indústria lítica talhada em sílex, datada de inícios do V milénio a.C. Vestígios da Idade do Bronze (segunda metade do II milénio a.C. - inícios do I), surgem em diversos locais da Serra de Sintra, quer a nível de habitats (Parque das Merendas, junto à Vila), quer em contextos votivos (Monte do Sereno). Do Bronze Final, séculos IX-VI a. C., existe um importante e vasto povoado localizado sob o Castelo dos Mouros. No período do Império Romano toda a região de Sintra se inscreveu no vasto territorium da Civitas Olisiponense, à qual César cerca de 49 a.C. ou, mais provavelmente, Octaviano cerca de 30 a.C., concedeu o invejável estatuto de Municipium Civium Romanorum. Os vários habitantes da região inscrevem-se na tribo Galeria, adotando nomes romanos e apresentam-se plenamente imbuídos de romanidade. Uma via ligaria este aglomerado à zona rural a sudeste da Serra onde entroncaria na estrada para Olisipo. O troço seguiria grosso modo a Rua da Ferraria, a Calçada dos Clérigos e a Calçada da Trindade. Conforme o habitual uso que os Romanos tinham em colocar os seus túmulos ao longo das vias e à saída dos habitats, também aqui se detetaram vestígios de lápides pertencentes a monumentos funerários do século II d.C.. Durante o domínio muçulmano surgem os primeiros textos que referem explicitamente a Vila de Sintra (Xintara ou Shantara em árabe). Sintra é apresentada no século X pelo geógrafo Al- Bacr, como “uma das vilas que dependem de Lisboa no Andaluz, nas proximidades do mar”. Outros textos assinalam-na como o centro urbano mais importante logo a seguir a Lisboa, neste território. Principal núcleo urbano e económico logo a seguir a Lisboa, a Vila de Sintra e o seu Castelo foram durante a Reconquista, no século XI, várias vezes assolados pelos exércitos cristãos. O rei Afonso VI de Leão na sequência da queda do califado de Córdova numa conjuntura de instabilidade entre as diversas Taifas muçulmanas da Península e da decisão do rei de Badajoz Al Mutawakkil, de se colocar sob sua proteção face à ameaça almorávida, após um período de hesitação entre 1090 e 1091, recebeu deste na Primavera de 1093 as cidades de Santarém, de Lisboa e o Castelo de Sintra. Afonso VI tomou posse das ditas cidades e do castelo de Sintra entre 30 de Abril e 8 de Maio de 1093.

Lisboa foi pouco depois da entrega a Afonso VI conquistada pelos almorávidas, assim como Sintra, só resistindo Santarém devido aos esforços de D. Henrique de Borgonha, nomeado conde de Portucale em 1096, em substituição de Raimundo de Borgonha. É neste contexto de manutenção da fronteira do Tejo que, em Julho de 1109, o conde D. Henrique reconquista o Castelo de Sintra. Esta fortificação foi ainda alvo de surtidas esporádicas, caso do assalto comandado pelo príncipe Sigurd, filho do rei Magnus da Noruega que, de passagem em cruzada à Terra Santa desembarcou na foz do Rio de Colares. Só após a conquista de Lisboa por D. Afonso Henriques em 1147, Sintra (cuja guarnição do castelo se entrega ao rei em Novembro) é definitivamente integrada no espaço cristão. Logo após a tomada de posse do Castelo, D. Afonso Henriques aí funda a igreja de São Pedro de Canaferrim. Em 9 de Janeiro de 1154 D. Afonso Henriques outorga Carta de Foral à Vila de Sintra com as respetivas regalias. A Carta de Foral estabelece o Concelho de Sintra, cujo termo passa a abranger um vasto território. Nestes primórdios, existia na Vila de Sintra uma significativa comunidade de sefarditas, que dispunha de sinagoga e de bairro próprio. Referem, os documentos, também a existência de mouros, cuja subsistência ainda é referida no reinado de D. Dinis.

104 Apontamentos: Escudo

Ao longo dos séculos XII e XIII, fazendo jus à fertilidade das terras de Sintra, vários conventos e mosteiros, assim como ordens militares, aqui possuem casais, herdades, azenhas, vinhas. As doações régias ocorridas no século XII e XIII a conventos, mosteiros e ordens militares - assim como os próprios privilégios outorgados pelo foral de D. Afonso Henriques e confirmados em 1189 pelo seu filho D. Sancho I correspondem a uma estratégia de organização estrutural do território. É assim que, logo a partir de 1261, Sintra possui uma administração local constituída por um alcaide que representa a Coroa e por dois "alvazis" ou juízes eleitos pelo povo.

Durante o reinado de D. Fernando I aparece ligada ao controverso casamento do monarca com D. Leonor Teles. Em 1372, o rei doa Sintra a D. Leonor Teles, com quem acabara de casar, publicamente, no norte do país. Durante a crise dinástica de 1383-85, Sintra tomou o partido de D. Leonor Teles, que pelo reino ordenou a proclamação da filha D. Beatriz, casada com João I de Castela, como rainha de Portugal e de Castela. Depois da derrota do exército castelhano em Aljubarrota Sintra logo se entregou sem luta a D. João I. D. João I quebrou a tradição de doar Sintra à Casa das Rainhas. Ao período dos descobrimentos marítimos ficaram ligados os nomes de alguns naturais de Sintra, como Gonçalo de Sintra, que explorou a angra a que ficou ligado o seu nome, perto do Rio do Ouro, onde morreu em 1444. A Pedro de Sintra e a Soeiro da Costa se deve o limite máximo de descobrimento da costa atlântica de África na data que mediou entre a morte do infante D. Henrique em 1460 e o arrendamento desta exploração costeira a Fernão Gomes por D. Afonso V. Pedro de Sintra e Soeiro da Costa chegaram à mata de Santa Maria, para além da já reconhecida Serra Leoa e do Cabo do Monte a uma latitude de 6,5° N. A importância da Vila de Sintra nos itinerários régios proporcionou, no final do século XV, por iniciativa da rainha D. Leonor, mulher de D. João I, o melhoramento da sua principal instituição de assistência e caridade, o Hospital e Gafaria do Espírito Santo, de que hoje resta a capela de São Lázaro. Na transição do século XV para o século XVI, D. Manuel I transforma e enriquece a Vila, com uma nova e vasta campanha de obras no Paço da Vila, ocorridas depois da viagem a Castela e Aragão para ser jurado herdeiro daqueles reinos em 1498, que refletem a impressão que o mudejarismo espanhol deixou no monarca; da reconstrução da velha igreja gótica de São Martinho; da construção do Mosteiro de Nossa Senhora da Pena (1511), no pico mais alto da serra, entregue à Ordem de São Jerónimo. Na segunda metade do século XVI, Sintra foi «um centro cortesão por excelência. Nesta ruralidade propícia ao gosto humanista encontrou o Vice-Rei da Índia D. João de Castro, a partir de 1542, o descanso dos últimos anos da sua vida, na Quinta da Penha Verde, onde fomentou um cenáculo de arte e de erudição frequentado por alguns dos mais destacados vultos da cultura portuguesa do seu tempo, entre os quais o célebre Francisco de Holanda. Durante o domínio filipino Sintra perdeu a sua preponderância. O terramoto de 1755, causou avultados estragos e numerosos mortos. É nesta segunda metade do século XVIII que decorrem, no Paço da Vila, obras de restauro. Há que registar, ainda no século XVIIl, a fundação da primeira unidade industrial do concelho, a Fábrica de Estamparia de Rio de Mouro (1778), e a visita da rainha D. Maria I (1787), para cuja ocasião foram redecoradas algumas salas e câmaras do Paço. E até que o rei-consorte D. Fernando II compre o Mosteiro da Pena e uma vasta área adjacente, em 1838, há apenas que assinalar o arco da autoria do arquiteto Costa e Silva, construído no Palácio de Seteais pertença do Marquês de Marialva, para comemorar em 1802 a visita dos Príncipes do Brasil, D. João e D. Carlota Joaquina e a visita do rei absolutista D. Miguel em 1830. No terceiro quartel do século XVIII e praticamente todo o século XIX o espírito romântico dos viajantes estrangeiros e da aristocracia portuguesa redescobrem a magia de Sintra e dos seus lugares, mas sobretudo o exotismo da sua paisagem e do seu clima. Figuras como William Beckford, Gerard Devisme, Francis Cook deixaram a sua marca na vila.

105 Apontamentos: Escudo

O grande empreendimento artístico deste século em Sintra é sem dúvida o Palácio da Pena, obra marcante do romantismo português, iniciativa do rei-consorte D. Fernando II, marido da rainha D. Maria II. O Palácio, construído sobre o que restava do velho mosteiro Jerónimo do século XVI é de uma arquitetura eclética única que não teve continuidade na arte portuguesa. Em 1854 é celebrado o primeiro contrato para a construção de um caminho de ferro entre a Vila e Lisboa. Após várias tentativas sem êxito, a linha foi finalmente inaugurada a 2 de Abril de 1887. No princípio do século XX, Sintra foi reconhecida como lugar de veraneio e residência de aristocratas e de milionários. De entre estes, Carvalho Monteiro. Entre a segunda metade do século XIX e os primeiros decénios do século XX, Sintra tornou-se um lugar privilegiado para artistas (Viana da Mota, Alfredo Keil, João Cristino da Silva, Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão).

Ficha Técnica

Valor: 50$00 Chapa: 9 Frente: Retrato da infanta D. Maria Verso: Gravura da Sintra quinhentista Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Infanta D. Maria Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 142x70 mm Impressão: Thomas de La Rue & Co. Ltd Primeira emissão: 16-03-1979 Última emissão: 16-07-1984 Retirada de circulação: 30-07-1987 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-05-1968 29 677 000 7 01-02-1980 49 934 000 9

1000 escudos Ch. 11 D. Pedro V

António Manuel Pinto Barbosa

José da Silva Lopes

Manuel Jacinto Nunes

António Costa Leal

Rui Vilar

106 Apontamentos: Escudo

António Loureiro Borges

Victor Constâncio

Alexandre Vaz Pinto

Fernando Emygdio da Silva António José Nuno Loureiro Borges

João Baptista de Araújo Alberto José dos Santos Ramalheira

António Osório de Castro Abel António Pinto dos Reis

Domingos Pereira Coutinho Luís Carlos Braz Teixeira

António Alves Salgado Júnior Maria Manuela Morgado Baptista

António Luís Gomes José de Matos Torres

António José Brandão Rui Machete

Walter Waldermar Pego Marques José Luís Nogueira de Brito

Joaquim Cavaqueiro Mestre

Embora aprovada em 1968, a chapa 11 de 1000 escudos, só viria a ser lançada para circulação apenas em 1979. Foi evocada a figura do trigésimo Rei de Portugal, D. Pedro V. A efígie apresentada na frente foi reproduzida de um quadro de Constantino Fernandes, património da Fundação da Casa de Bragança, existente no Paço de Vila Viçosa. As efígies conjugadas de D. Pedro V e de sua mulher, a Rainha D. Estefânia, que se observam no verso e, em tamanho reduzido, no interior dos zeros da frente, foram inspiradas numa medalha comemorativa do casamento real e esculpida em Bruxelas por Leopold Wiener. A vinheta, no verso, representando a inauguração, em Lisboa, do caminho de ferro do Leste (28 de Outubro de 1856), teve por modelo uma medalha gravada pelo primeiro diretor técnico da Estamparia do Banco de Portugal, Augusto Fernando Gérard, gravador de algumas notas do Banco de Lisboa, para onde entrou por contrato em 1 de Julho de 1843.

As maquetas iniciais foram da autoria do arquiteto João de Sousa Araújo. Todo o trabalho de elaboração das chapas e estampagem das notas foi executado pelos estampadores ingleses Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd.

107 Apontamentos: Escudo

A estampagem a talhe-doce da frente, em tons de azul e castanho-escuro, mostrava a efígie do Rei, ornatos de guilhoché em linha branca e linha cheia, o escudo nacional, dísticos e os números “1000”. O fundo, em offset, era constituído por um ornato em duplex e um desenho numismático de grinaldas retilíneas e paralelas, excerto na zona interior do ornato da metade direita, a castanho-claro, onde se observava uma composição diferente. As cores do desenho numismático, que se estendia pelas margens, eram: azul-claro nas extremidades e uma faixa de tonalidades verde-claro e castanho-claro, em íris, na zona central. A estampagem calcográfica do verso, a azul-claro, englobava as efígies do casal real em desenho numismático, ornatos de guilhoché, a legenda “Banco de Portugal”, o número “1000” e a vinheta da inauguração do caminho-de-ferro. No fundo do verso, também de técnica offset, observavam- se ornatos em duplex e um desenho numismático nas margens, idêntico ao da frente. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco, na Imprensa Nacional Casa da Moeda e no estampador inglês, podendo-se verificar que os tipos de letras e números utilizados por cada uma destas oficinas eram diferentes. O papel foi fabricado pela inglesa Portals Limited. A marca de água foi colocada na metade esquerda e apresentava um retrato de D. Pedro V, em redução do estampado na frente da nota e, na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”. Na metade direita, incorporado no papel, situa- se um filete de segurança de traço descontínuo.

108 Apontamentos: Escudo

D. Pedro V

Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier João António Leopoldo Victor Francisco de Assis Júlio Amélio de Saxe Coburgo e Bragança, mais conhecido por D. Pedro V, nasceu a 16 de Setembro de 1837 na cidade de Lisboa, cognominado de “O Esperançoso”, “O Bem – Amado” ou “O Muito Amado”, era filho de D. Maria II e do rei consorte D. Fernando II. D. Pedro com apenas dezasseis anos de idade foi acompanhado por seu pai, durante os dois anos que faltavam para subir ao trono, aconselhando-o e orientando-o no que dizia respeito às grandes obras. Teve um papel fulcral na reconciliação do povo com a casa real fruto da guerra civil anteriormente vivida no reinado de sua mãe. No ano de 1855 completa dezoito anos de idade sendo aclamado rei; neste mesmo ano preside à inauguração do primeiro telégrafo no País. No ano seguinte inaugura o caminho de ferro de Lisboa ao Carregado. Iniciam-se as viagens regulares de navio entre Portugal e Angola. No ano de 1859 criou o Curso Superior de Letras; no mesmo ano e seguindo um pouco as medidas anteriormente tomadas pela mãe introduziu o sistema métrico em Portugal. D. Pedro V dedicou- se a fundo com a governação do País estudando minuciosamente todas as deliberações e aplicações governamentais. Portugal foi atingido no seu reinado por duas grandes epidemias: a primeira, a cólera nos anos de 1853 a 1856, e a segunda, a febre-amarela entre os anos de 1856 a 1857, o que provocou uma grande mortandade entre todas as classes, mas refletindo-se em maior escala no povo. O monarca durante esses anos percorria os hospitais solidarizando-se com os doentes com quem contactava pessoalmente, o que lhe granjeou enorme popularidade. Casou no ano de 1858 com a princesa D. Estefânia de Hohenzollern Sigmaringen. D. Pedro viu na saúde pública uma das suas preocupações, conjuntamente com a sua mulher, iniciaram a fundação hospitais públicos e instituições de caridade. Foi o fundador do Hospital de D. Estefânia, em Lisboa ainda hoje em funcionamento. A sua mulher Dona Estefânia faleceu no ano seguinte vítima de difteria. D. Pedro teve uma educação excecional, desatacando-se a sua preparação moral. Estudou filosofia e ciências naturais, dominava várias línguas, incluindo as clássicas, iniciando estudos da língua inglesa. O seu espírito foi de certo modo influenciado por aquele que foi seu mestre e educador, Alexandre Herculano. Faleceu com apenas 24 anos de idade, no dia 11 de Novembro de 1861, de febre tifoide, provocando uma enorme tristeza em toda a sociedade. O seu corpo jaz no

109 Apontamentos: Escudo

Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa. Não deixou descendência, sendo sucedido pelo seu irmão o infante D. Luís. Linha Caminho de Ferro de Leste A Linha do Leste é uma ligação ferroviária entre a Estação de Abrantes e a fronteira com Espanha, junto a Elvas, apresentando um comprimento de 140 692 quilómetros.

Em 19 de Abril de 1845, o governo português assinou um contrato com a Companhia das Obras Públicas, para a construção e aperfeiçoamento de várias infraestruturas de comunicação no interior do país; uma das cláusulas referia-se, especificamente, à implementação de uma ligação ferroviária entre Lisboa e a fronteira com Espanha. O concurso para este projeto foi organizado em 1852 pelo então ministro da Fazenda, Fontes Pereira de Melo, tendo a obra sido entregue à Companhia Central e Peninsular dos Caminhos de Ferro em Portugal. As obras iniciaram-se em 17 de Setembro de 1853 e o primeiro troço, entre o Carregado e Lisboa, foi inaugurado em 28 de Outubro de 1856 pelo rei D. Pedro V.

Esta via era de extrema importância para o País, pois possibilitava uma ligação a Espanha e daqui a outros países da Europa. Depois de tempos difíceis, em 14 de Setembro de 1859, o construtor espanhol D. José de Salamanca propõe-se, perante o Governo, continuar a construção desta linha até à fronteira e alterar a bitola do troço existente de Lisboa ao Carregado, que até aí era europeia, passando-a a ibérica, igual à que se construía em Espanha. Este construtor criou o Entroncamento como local de separação das Linhas do Leste e do Norte. A alteração da bitola foi terminada em 1861. O rei D. Pedro V, que detinha uma certa animosidade em relação ao facto de D. José de Salamanca se encontrar à frente dos principais projetos ferroviários portugueses, interveio diretamente no planeamento desta ligação, tendo escrito sobre o seu traçado na Revista Militar. A linha chegou a Santarém em 1 de Julho de 1861, a Abrantes em 7 de Novembro do ano seguinte, ao Crato no dia 6 de Março de 1863, a Elvas em 4 de Julho do mesmo ano, e até à fronteira em 24 de Setembro. A plataforma de via foi, desde logo, preparada para a duplicação. O Plano da Rede ao Sul do Tejo, documento datado de 15 de Maio de 1899, elaborado por uma de duas comissões técnicas para orientar as futuras construções de ligações ferroviárias em Portugal, segundo um decreto de 6 de Outubro de 1898, ordenou que fosse continuada a Linha de Évora, de Estremoz a Elvas, passando por Vila Viçosa, e a Linha de Ponte de Sor, entre as Estações de Évora e Ponte de Sor, na Linha do Leste. O tráfego fronteiriço, de carga e passageiros, por esta linha, aumentou de 1901, tendo os principais movimentos de mercadorias sido a exportação, para Espanha, de madeiras, no regime de pequena velocidade, e a importação de lãs, cereais e metais. Em 1927, a gestão desta Linha passou para a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses. Em 2009, a Rede Ferroviária Nacional preparou um programa de investimentos, no valor de 48 milhões de Euros, para a modernização desta linha, e adaptação da via a bitola dupla; no entanto, este empreendimento foi interrompido em 2011, ficando vários troços ainda por intervencionar. Em Outubro do mesmo ano, o Governo anunciou que esta seria uma das linhas nas quais os serviços de passageiros iriam terminar, uma vez que a procura apresentava-se mais adequada ao transporte rodoviário; com efeito, a operadora Comboios de Portugal calculou que esta

110 Apontamentos: Escudo linha dava cerca de 1,2 milhões de Euros de prejuízo, tendo, em 2010, transportado 28 164 passageiros, o que corresponde a uma média de 19 viajantes por composição.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 11 Frente: Retrato de D. Pedro V Verso: Gravuras de medalha comemorativa do casamento real entre D. Pedro V e D. Estefânia e de Inauguração da Linha de Leste Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: D. Pedro V Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 163x82 mm Impressão: Bradbur, Wilkinson & Co. Ltd Primeira emissão: 12-10-1979 Última emissão: 27-07-1988 Retirada de circulação: 31-10-1991 Data Emissão Combinações de Assinaturas 28-05-1968 77 046 000 19 16-09-1980 99 895 000 8 03-12-1981 49 900 000 7 21-09-1982 9 993 000 8 26-10-1982 52 534 000 8

Novo sistema de moeda metálica

Os subscritores do documento (decreto-lei 49 167 de 4 de Agosto de 1969) que reformulou o sistema monetário em vigor, com a criação das novas moedas de bronze de 20 e 50 centavos e de 1 escudo, bem como da de 10 centavos de alumínio e de 10 escudos cuproníquel (posteriormente sujeitas a reformulação das suas características). Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Marcello Caetano. João Dias Rosas era o responsável pela área económica.

Atribuindo às flutuações do valor dos metais a nível mundial a que o governo seria alheio, foi verificada a necessidade de reformular as moedas de mais baixo valor em circulação. Como exemplos do passado dessas situações (exemplos extremos) contava-se o desaparecimento do valor de 50 réis (equivalente a 0,5 centavos) em 1918, ou a completa ausência de moeda metálica circulante no pós primeira grande guerra mundial. O diploma prossegue depois explicando de forma sucinta a evolução do sistema monetário português com descrição da numária de bronze criada em 1924 (5, 10 e 20 centavos) substituída por moedas de peso inferior em 1943 (com supressão das de 5 centavos). As moedas de alpaca criadas em 1927 (para substituir as de bronze-alumínio) elogiadas por terem sobrevivido às flutuações de preço da Segunda Grande Guerra e claro a série de prata criada em 1931 (2$50, 5$00 e 10$00) cuja vida terminou em 1963 fruto do progressivo aumento do preço da prata.

Nesta evolução verificava-se que o custo de produção e o metal empregue nas moedas de 10 e 20 centavos eram demasiado caros para o seu valor (primeira situação) e conduzia a uma

111 Apontamentos: Escudo

constante utilização destas moedas para fins industriais sendo cerceados da circulação (segunda situação), o que implicava a criação de moedas mais adequadas para circulação com estes valores. No caso, das moedas de alpaca verificava-se que as primeiras moedas desta liga apresentavam já um grande desgaste demonstrando já a necessidade da sua substituição.

Neste contexto e procurando uniformizar o melhor possível o sistema monetário em circulação era criada uma nova moeda de $10 em alumínio (cuja aprovação final ocorreria em decreto lei 525/70), $20, $50 e 1$00 em bronze, as quais foram todas desenhadas pelo mestre Marcelino Norte de Almeida. Mantinham-se em circulação as cuproníquel de 2$50, 5$00 e eram criadas as novas moedas de 10$00 (cuja autorização definitiva seria realizada no decreto-lei 525/70), prevendo-se ainda as moedas de 20$00 (só criadas na reforma de 1986). Assim, o sistema monetário era constituído por moedas de baixo valor escuras (em bronze) com os $10 a serem a exceção que confirmava a regra, e os valores mais elevados em moedas brancas (em cuproníquel).

A nova moeda de $20 era em tudo semelhante à sua antecessora, sendo de referir apenas a modificação do número (anteriormente romano agora em árabe) e do aspeto das cinco quinas, mantendo o tema do ramo de oliveira. A moeda era também significativamente mais pequena. As moedas de $50 e 1$00 eram semelhantes em termos de escultura, surgindo no anverso referência ao trigo símbolo de fertilidade. Marcelino Norte de Almeida criava novamente moedas de desenho sóbrio, simples mas extremamente bem distribuído que cativam pela beleza da sua simplicidade.

Trigo

O trigo (Triticum spp.) é uma gramínea que é cultivada em todo mundo. Globalmente, é a segunda maior cultura de cereal, a seguir ao milho. O grão de trigo é um alimento básico usado para fazer farinha e com esta, o pão; na alimentação dos animais domésticos e como um ingrediente na fabricação de cerveja. O trigo é plantado também estritamente como uma forragem para animais domésticos como feno.

O trigo foi primeiramente cultivado no Crescente Fértil, no Médio Oriente. Os arqueólogos demonstraram que o cultivo do trigo é originário dos atuais Síria, Jordânia, Turquia e Iraque. Há cerca de 8 000 anos, uma mutação ou hibridização ocorreu, resultando em uma planta com sementes grandes, porém que não podiam espalhar-se pelo vento. Esta planta não poderia vingar como silvestre, porém, poderia produzir mais comida para os humanos e, de facto, ela teve maior sucesso que outras plantas com sementes menores e tornou-se o ancestral do trigo moderno.

112 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 1,8 g Diâmetro: 16 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Bronze Composição: Cu 950, Zn 30, Sn 20 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 49 167 de 03/08/1969 Ano e taxa de recolha: 1982 (1%) Ano Cunhagem Código 1969 10 890 000 036.01 1970 16 120 027 036.02 1971 1 932 919 036.03 1972 16 354 092 036.04 1973 4 900 026 036.05 1974 29 975 456 036.06

Ficha Técnica

Peso: 4,5 g Diâmetro: 22,5 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Bronze Composição: Cu 950, Zn 30, Sn 20 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 49 167 de 03/08/1969 Ano e taxa de recolha: 1998 (0,7%) Ano Cunhagem Código 1969 3 481 421 037.01 1970 17 280 000 037.02 1971 9 138 902 037.03 1972 24 729 052 037.04 1973 35 887 978 037.05 1974 29 719 157 037.06 1975 17 792 924 037.07 1976 23 734 348 037.08 1977 16.340 438 037.09 1078 48 398 241 037.10 1979 61 651 759 037.11

113 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 8 g Diâmetro: 26 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Bronze Composição: Cu 950, Zn 30, Sn 20 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 49 167 de 03/08/1969 Ano e taxa de recolha: 1987 (7,8%) Ano Cunhagem Código 1969 3 020 000 038.01 1970 6 008 873 038.02 1971 7 860 027 038.03 1972 3 815 007 038.04 1973 20 466 980 038.05 1974 11 444 022 038.06 1975 8 473 299 038.07 1976 7 352 604 038.08 1977 6.218 099 038.09 1078 7 061 340 038.10 1979 14 241 325 038.11

Cabralinas II: Vasco da Gama

Os subscritores do documento (decreto-lei 399/70 de 12 de Agosto de 1970) que autorizou a moeda comemorativa do 5.º Centenário do nascimento de Vasco da Gama ocorrido em 1969. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Marcello Caetano. João Dias Rosas era o responsável pela área económica.

Prosseguindo a emissão de moedas comemorativas correspondentes a centenários de nascimento iniciada com a de Pedro Álvares Cabral, foi autorizada em 1970 a emissão de moeda comemorativa de 50$00 em prata associada ao quinto centenário do nascimento de Vasco da Gama. A moeda integrada na série Cabralina, mantinha as mesmas características técnicas da sua antecessora. Para a escultura foi selecionado novamente busto presente em medalhão do Mosteiro dos Jerónimos. O autor foi desta vez Álvaro Lucas. Emitidas apenas em Outubro de 1970 (após lei que a autorizava em Agosto) apresentavam como ano de cunhagem 1969 (correspondente ao ano comemorativo). O bordo apresentou pela primeira vez uma legenda: “V Centenário de Vasco da Gama”. O escudo apresentava as características do de D. Manuel I e assentava sobre a Cruz da Ordem de Cristo.

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De acordo com Trigueiros, refira-se que, em Abril de 1969, quando se estudavam as características a atribuir às novas moedas de prata de 50$00, a Casa da Moeda chegou também a considerar a emissão simultânea de um valor facial de 100$00, contendo, precisamente, o dobro do valor intrínseco da moeda de 50$00: módulo de 37 mm; peso 26 g; toque 900 milésimas de prata. Essa emissão seria de grande lucro para o estado dada, a diferença entre a prata utilizada e o seu preço e o valor da moeda (nessa altura a grama de prata estava cotada em cerca de 2 escudos, o que possibilitava um lucro de quase 50% por moeda).

Álvaro Lucas

Gravador da Casa da Moeda, cuja catividade se iniciou no final da década de 60. Destacou-se ao nível da numismática pela gravação da moeda comemorativa do 5.º Centenário do Nascimento do Vasco da Gama. Foi ainda o autor de vários selos, inclusive da série comemorativa de Egas Moniz. As suas qualidades técnicas levaram a Casa da Moeda brasileira a contratá-lo para fazer formação do seu pessoal ao nível das técnicas de estampagem modernas.

Ficha Técnica

Peso: 18 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Legendado (V CENTENÁRIO VASCO DA GAMA) Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Álvaro Lucas Decreto: 399/70 de 21/08/1970 Ano Cunhagem Código 1969 1 000 000 038.01

Cabralinas III: Marechal Carmona

Os subscritores do documento (decreto-lei 311/71 de 8 de Julho de 1971) que autorizou a moeda comemorativa do 1.º Centenário do nascimento do Marechal Óscar Carmona ocorrido em 1969. Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Marcello Caetano. João Dias Rosas era o responsável pela área económica.

Sucediam-se as celebrações de efemérides centenárias no final dos anos sessenta. Em Janeiro de 1970, a Comissão Executiva das Comemorações do Centenário do nascimento do marechal

115 Apontamentos: Escudo

António Óscar de Fragoso Carmona apresentou ao Governo uma memória descritiva sobre a emissão de uma moeda e de uma medalha comemorativas, tendo como objetivo não só a própria comemoração, mas também obter lucros que compensassem o Estado quanto às despesas associadas à comemoração.

Aprovada pelo Governo em Agosto de 1970, a cunhagem desta terceira moeda de prata de 50$00 da série Cabralina só viria, contudo, a ser autorizada pelo Decreto-Lei n.º 311/71, de 17 de Julho, sendo emitida ainda nesse ano, embora datada de 1969 (ano do centenário em comemoração). Na borda a inscrição originalmente planeada: “Por Portugal Uno Indivisível”, acabaria por ser substituída por outra, de grandes tradições históricas: POR PORTUGAL D'AQUÉM E D'ALÉM MAR. A moeda foi de autoria de Marcelino Norte de Almeida.

Marechal Óscar Carmona

Marechal militar oriundo da arma de Cavalaria António Óscar Fragoso Carmona nasceu em família de tradições militares, em 24 de Novembro de 1869, em Lisboa e faleceu a 18 de Abril de 1951, na mesma cidade. Nos primeiros tempos do regime republicano, participou nos trabalhos de reestruturação das instituições militares, após o que continuou uma carreira relativamente apagada até que, em 1925, uma intentona falhada contra o regime terminou em julgamento em tribunal militar. Assumiu aí as funções de acusador, o que lhe deu a oportunidade de apresentar um juízo pessimista sobre a situação política: asseverando que "a pátria está doente", colocou-se inesperadamente ao lado dos conspiradores acusados contra o sistema, atitude que revelou as suas tendências políticas mais íntimas e lhe conferiu pública notoriedade.

No ano seguinte, seria uma das figuras de proa da conspiração política e militar que desembocou no golpe de 28 de Maio. Começou aqui a sua verdadeira carreira política que o conduziu à oposição a Gomes da Costa num dos primeiros momentos de clivagem nas fileiras dos novos detentores do poder. Ascendeu, após a queda daquele general, à Presidência da República, na qual foi confirmado pelo processo eleitoral de 1928, em que se apresentou como candidato único. A sua eleição significou, simultaneamente, um passo em frente na consolidação e institucionalização do novo regime. Foi no decorrer do período da Ditadura Militar que o seu poder político se acentuou, na medida em que congregou à sua volta as diversas correntes de opinião no seio das forças militares apoiantes do regime e arbitrou os conflitos patentes ou latentes entre os militares e os dirigentes civis, particularmente no decorrer da ascensão de António de Oliveira Salazar (durante algum tempo, Portugal viveu mesmo sob um "presidencialismo bicéfalo", personificado por Carmona e Salazar).

A evolução dos acontecimentos, particularmente a redução do peso político das Forças Armadas e consequentemente da sua capacidade de intervenção junto dos órgãos de decisão, acarretou o declínio da autoridade do próprio Marechal Carmona, que, apesar de continuar a ocupar a Presidência até ao seu falecimento, viu diminuir drasticamente a sua autoridade e influência perante o aumento do poder efetivo do Presidente do Conselho de Ministros, com o

116 Apontamentos: Escudo qual inclusivamente teve desencontros de opinião em momentos decisivos da evolução do Estado Novo.

Ficha Técnica

Peso: 18 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Legendado (POR PORTUGAL D’AQUÉM E D’ALÉM MAR) Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 311/71 de 17/07/1971 Ano Cunhagem Código 1969 500 000 039.01

O final da Reforma monetária

Os subscritores do documento (decreto-lei 525/70 de 6 de Novembro de 1971) que reformulou as moedas de 10 centavos de alumínio e de 10 escudos cuproníquel (anteriormente previstas em decreto lei 49 167 de 4 de Agosto de 1969). Entre as figuras de estado dessa altura constava Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), sendo chefe de governo Marcello Caetano. João Dias Rosas era o responsável pela área económica.

As últimas decisões associadas à Reforma Monetária de 1969-71 surgiu em 1971 com a definição final das novas moedas de $10 e 10$00. As novas moedas de $10 foram cunhadas em alumínio, facto que constituiu uma novidade em Portugal e que resultava da necessidade de poupar em termos de custos de produção e metal, mantendo a durabilidade necessária para a circulação monetária. As novas moedas de autoria de Marcelino Norte de Almeida apresentava como diferença em termos de desenho em relação às suas antecessoras a numeração (anteriormente romana, nestas moedas em árabe) e a definição das cinco quinas. Manteve-se o tema dos ramos de oliveira. Associado a esta numária existem várias histórias interessantes. Assim, os famosos “Marcelinhos” assim, chamados pela sua capacidade de boiar em água, pelo seu pequeno valor e por ter sido oficializada no período de Marcello Caetano. Existe grande discórdia quanto às moedas/provas de 1969 e 1970. De facto, as poucas moedas que saíram para circulação com data de 1969 e 1970 são diferentes em diâmetro (16 mm contra os 15 mm da moeda aprovada em 1971) e o reverso é semelhante às moedas de 10 centavos prévias. De facto, as moedas de 1969 foram um ensaio com produção industrial, o qual acabou por ser entregue ao Banco de Portugal em 1971 por engano e posteriormente

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lançado para circulação também por erro. Os ensaios ou provas de 1970 são ainda mais raros e habitualmente com as mesmas características das de 1969.

Níquel Metal branco, brilhante, dúctil e maleável, duro, muito resistente ao agentes químicos, liga- se facilmente com outros metais e é muito empregado em galvanoplastia. Os aços com níquel são muito duros. É o único metal que é utilizado puro na produção de moedas. A primeira moeda de níquel pura foi cunhada em 1881. Empregado pela 1ª vez na cunhagem da moeda de 50 Centavos de 1922/23 em Angola. Ligado ao Cobre (cuproníquel) é largamente usado na fabricação de moedas por quase todos os países. Em 1971 existiam em circulação por todo o mundo 70 tipos de moedas de níquel puro, das quais 4 Portuguesas (200$00 de Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, 1 Pataca de Macau), e ainda 1, 2 e 5 Patacas de 1999 de Macau. Ligado ao Latão (latão-níquel) foi também usado por muitos países. As modernas moedas portuguesas de 1 Escudo, 5 Escudos e 10 escudos (1986/2001). As moedas de Níquel são Magnéticas. O uso do níquel remonta aproximadamente ao século IV a.C. geralmente junto com o cobre já que aparece com frequência no minério deste metal. Bronzes originários da atual Síria têm conteúdos de níquel superiores a 2%. Manuscritos chineses sugerem que o “cobre branco” era utilizado no Oriente desde 1400-1700 a.C., entretanto a facilidade de confundir as minas de níquel com as de prata induzem a pensar que , na realidade, o uso do níquel foi posterior, a partir do século IV a.C. O mineral que contém níquel, como a niquelina, tem sido empregue para colorir o vidro. Em 1751 Axel Fredrik Cronstedt tentando extrair o cobre da niquelina, obteve um metal branco que chamou de níquel, já que os mineiros de Hartz atribuem ao “kupfernickel, diabo do cobre, como se chamava e ainda é chamado o mineral a incapacidade de trabalhar o cobre. Metal capaz de induzir reações de hipersensibilidade. A quantidade de níquel admissível em produtos que podem entrar em contacto com a pele está regulamentada na União Europeia.

As moedas de 10$00 aforam cunhadas com núcleo de níquel 100% e capeadas em liga de cuproníquel. Em tudo semelhantes às moedas de 2$50 e 5$00, com quem partilhou o tema caravela já em circulação, apresentam bordo legendado: FRATERNIDADE CONFIANÇA ESPERANÇA. Ambas as moedas mantiveram-se em circulação até 1982.

Ficha Técnica

Peso: 0,5 g Diâmetro: 15 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Alumínio Composição: Al 975,Mg 25 Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 525/70 de 06/11/1970 Ano e taxa de recolha: 1982 (0,9%) Ano Cunhagem Código 1971 24 693 000 041.01 1972 3 227 244 041.02 1973 4 239 214 041.03 1974 19 330 000 041.04 1975 22 410 000 041.05 1976 19 906 534 041.06 1977 8 431 273 041.07 1978 2 204 823 041.08 1979 9.082 684 041.09

118 Apontamentos: Escudo

Alumínio Metal Branco prateado, leve, resistente, muito utilizado na amoedação. Em Portugal foram cunhados os 10 Centavos de 1971 a 1979 em liga associada a magnésio (Al. 975, Mg 25). Em geral destinada a moedas de baixo valor raramente foi usado puro, como tem acontecido nomeadamente na Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália. As primeiras moedas foram cunhadas em 1907-1908 na Inglaterra para o Uganda (1/2 Cent. e 1 Cent.) e depois para o Durango (México) em 1 Centavo. Geralmente é dado a Friedrich Wöhler o reconhecimento do isolamento do alumínio, facto que ocorreu em 1827, apesar de o metal ter sido obtido impuro alguns anos antes pelo físico e químico Hans Christian Ørsted. Em 1807, Humphrey Davy propôs o nome aluminum para este metal ainda não descoberto. Mais tarde resolveu-se trocar o nome para aluminium por coerência com a maioria dos outros nomes latinos dos elementos, que usam o sufixo -ium. Desta maneira ocorreu a derivação dos nomes actuais dos elementos em outros idiomas. Apesar ser um metal encontrado em abundância na crosta terrestre (8,1%) raramente é encontrado livre. Suas aplicações industriais são relativamente recentes, sendo produzido em escala industrial a partir do final do século XIX. Quando foi descoberto verificou-se que a sua separação das rochas que o continham era extremamente difícil, como consequência, durante algum tempo, foi considerado um metal precioso, mais valioso que o ouro. Com o avanço dos processos de obtenção os preços baixaram continuamente até colapsar em 1889. Atualmente, um dos fatores que estimulam o seu uso é a estabilidade do seu preço, provocada principalmente pela sua reciclagem. O alumínio é um dos poucos elementos abundantes na natureza que parecem não apresentar nenhuma função biológica significativa. Algumas pessoas manifestam alergia ao alumínio, sofrendo dermatites ao seu contacto, inclusivamente alterações gastrointestinais secundárias à ingestão de alimentos cozinhados em recipientes de alumínio. A inspiração de alumínio em pó em fábricas onde este elemento é utilizado no processo de produção pode levar sequelas pulmonares (Mal de Shaver). Composição: 1 – Al. 975 – Mg 25

Ficha Técnica

Peso: 10 g Diâmetro: 28 mm Bordo: Legendado (FRATERNIDADE CONFIANÇA ESPERANÇA) Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel (capa externa, núcleo de níquel) Composição: Cu 750,Ni 250 (capa externa); Ni 1000 (núcleo) Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 525/70 de 06/11/1970 Ano e taxa de recolha: 1982 (1,5%) Ano Cunhagem Código 1971 3 876 209 042.01 1972 2 693 638 042.02 1973 5 418 415 042.03 1974 4 042 815 042.04

119 Apontamentos: Escudo

Cabralinas IV: Banco de Portugal

Os subscritores do documento (decreto-lei 134/72 de 19 de Abril de 1972) que criou as moedas comemorativas do 125º Aniversário do Banco de Portugal. Entre as figuras de estado dessa altura constava Marcello Caetano (Presidente do Conselho de Ministros) e João Dias Rosas (responsável pela área económica).

Por proposta do Conselho Geral do Banco de Portugal, foi submetido ao Governo um projeto de emissão de uma moeda comemorativa de 125º aniversário da fundação daquela instituição (1846/1971), sugestão aprovada por despacho do Ministério das Finanças, em 3 de Abril de 1971, vindo só a concretizar-se em meados de 1972.

Os desenhos da nova moeda foram da autoria do arquiteto João Abel Manta, que apresentou o seu projeto com uma interessante memória descritiva: "Com o intuito de um certo retorno a uma tradição seiscentista, pretende-se uma moeda com bastante densidade escultória, sobretudo na zona caligráfica. Numa face a legenda "República Portuguesa 50$00", envolvendo uma interpretação sem grande fuga histórica das cinco quinas, sobre uma esfera armilar. Na outra face a legenda "Banco de Portugal" 1846-1971 envolvendo uma estilização de uma árvore sobre a qual a legenda Banco de Portugal funciona como uma sugestão de folhagem. O símbolo de uma árvore de certo porte em crescimento pareceu adequado para um Banco de importantes tradições históricas, mas atualizado".

A moeda apresentou as características comuns a outras da série Cabralina, nomeadamente o metal (prata 650/1000) e o valor (50$00).

Ficha Técnica

Peso: 18 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Legendado (CXXV ANIVERSÁRIO DO BANCO DE PORTUGAL) Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: João Abel Manta Decreto: 134/72 de 28/04/1972 Ano Cunhagem Código 1971 500 000 043.01

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João Abel Manta Nasceu em 1928 em Lisboa. Filho dos pintores Abel Manta e Maria Clementina Carneiro de Moura Manta. Formou-se em Arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1951), tendo-se dedicado como artista plástico, à pintura, cerâmica, tapeçaria, mosaico, ilustração, artes gráficas e cartoon. Ganhou o Prémio Municipal de Arquitetura (1957) pelo projeto dos blocos habitacionais da Avenida Infante Santo. Foi ainda premiado com o Prémio Nacional da Sociedade Nacional de Belas Artes (1949), o Prémio da Fundação Calouste Gunbenkian (1961) e a Medalha de Prata na Exposição Internacional de Artes Gráficas, em Leipzig (1965). A sua pintura, numa primeira fase neofigurativa e eivada de ironia surrealista, tomou depois uma feição abstrata. Foi o autor das tapeçarias do Salão Nobre da sede da Fundação Calouste Gunbenkian. No cartoon, utilizando-o como forma privilegiada de retrato da sociedade, evidenciou-se de forma ímpar, sendo os anos de 1974 e 1975, dos mais fecundos da sua produção. Publicou o álbum Caricaturas Portuguesas dos Anos de Salazar (1978), síntese de vincada e sofisticada ironia onde o lápis do artista traça um quadro negro, mas preciso, daquele período da nossa história. No contexto da arte pública interveio nos pavimentos de mosaico para arruamentos na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e na Figueira da Foz. No campo da azulejaria concebeu em Lisboa os painéis: do restaurante do Hotel da Avenida Infante Santo (1952), da Escola Primária do Alto dos Moinhos (1955) e do revestimento do monumental mural da Avenida Calouste Gulbenkian, aplicado em 1982 (concebido em 1970). Foi ainda autor da série de painéis cerâmicos para o Teatro Gil Vicente, em Coimbra (1955), dos azulejos para os edifícios da Associação Académica de Coimbra (1959), bem como de uma composição geométrica para a Caixa Geral de Depósitos, em Mafra (1972). Foi o autor da moeda comemorativa do 125º aniversário do Banco de Portugal.

20 Escudos Ch. 8 Garcia da Orta

José da Silva Lopes

Victor Constâncio

Artur dos Santos Silva

Walter Waldermar Pego Marques Abel António Pinto dos Reis

Joaquim Cavaqueiro Mestre Luís Carlos Braz Teixeira

António José Nuno Loureiro Borges

Para a chapa 8 de 20 escudos o Banco de Portugal decidiu prestar homenagem a uma das maiores figuras da ciência em Portugal e do Mundo do século XVI. Garcia de Orta foi um

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eminente médico e naturalista. Um pormenor do monumento existente no Instituto de Medicina Tropical, de Lisboa, da autoria de Martins Correia, serviu para a efígie apresentada. As maquetas foram novamente de autoria do arquiteto João de Sousa Araújo. Todo o trabalho de gravação e estampagem ficou a cargo da inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd.

A estampagem calcográfica da frente, em cores com base no verde, incluía a efígie de Garcia de Orta, o escudo nacional, os dísticos em letras estriadas “Ch.8”, “Banco de Portugal”, “Vinte Escudos”, “Ouro”, e os números “20”, com envolventes elaborados a torno geométrico com trabalho a linha branca e linha cheia. O fundo, em “offset”, apresentava uma composição de plantas entrelaçadas alusiva aos estudos de Garcia de Orta e desenho numismático que se estendia por parte das margens maiores. O verso tinha a estampagem calcográfica, a verde, de uma gravura que representava o mercado de Goa no século XVI, com várias figuras vestindo indumentária da época, ornatos de guilhoché e o dístico “Banco de Portugal”, em letras estriadas. O fundo apresentava uma composição semelhante à da frente e na parte inferior, zonas de trabalho em duplex. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) de impressão tipográfica, a preto, foi aposto nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pelos ingleses da Portals Limited. A marca de água foi alocada no lado esquerdo apresentando a cabeça de Garcia de Orta (redução do retrato estampado na frente da nota) e na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”. O filete de segurança, incorporado no papel, era formado por um traço descontínuo e podia ver-se na metade esquerda, paralelo ao lado menor da nota.

122 Apontamentos: Escudo

Garcia da Orta

Garcia da Orta era um judeu português natural de Castelo de Vide, onde nasceu em 1501. Era filho do mercador Fernando Isaac da Orta e de sua mulher Leonor Gomes judeus espanhóis que foram expulsos do país pelos Reis Católicos no ano de1492 e refugiaram-se em Castelo de Vide. Estudou nas Universidades de Salamanca, e Alcalá de Henares (ambas em Espanha), licenciando-se em Artes, Filosofia Natural e Medicina pelo ano de 1532. Nesse mesmo ano foi dado como apto para praticar medicina, regressando a Castelo de Vide. No ano de 1526 muda-se para Lisboa, tornando-se médico de D. João III tendo aí conhecido o matemático português Pedro Nunes. No ano de 1533 foi eleito pelo conselho da Universidade de Lisboa para professor da cadeira de Filosofia Natural. A 12 de Março de 1534 embarca para a Índia, como médico pessoal de Martim Afonso de Sousa que foi para o Oriente como capitão - mor entre os anos de 1534-38 e governador de 1542-45. Após os quatro anos que acompanhou Martim de Sousa, estabeleceu-se em Goa como médico onde adquiriu enorme prestígio e reputação. Foi em Goa e por esta altura que conheceu Luís de Camões com quem granjeou uma grande amizade. Devido aos altos serviços prestados, à amizade com o Vice-Rei, foi-lhe doado o foro de Bombaim. No ano de 1541 casa com Brianda de Solis. Radica-se de vez na Índia, onde exerce medicina, sendo considerado um médico muito bem conceituado em Goa, praticando-a no hospital e na prisão de Goa. Foi médico de personagens ilustres do meio social onde estava inserido, como o sultão de Ahmadnagar; a par desta catividade exerce o comércio e outras catividades lucrativas. No ano de 1563 edita em Goa o livro “Colóquio dos simples e drogas e coisas medicinais da Índia”. Este livro composto de 57 capítulos estuda as drogas orientais, principalmente de origem vegetal, como o aloé, o benjoim, a cânfora, a canafístula, o ópio, o ruibarbo, os tamarindos e muitas outras mais; nestes capítulos Garcia da Orta faz a descrição rigorosa das características botânicas (tamanho e forma da planta), as origens e propriedades terapêuticas, que apesar de algumas já conhecidas na Europa, o eram de uma maneira errada ou muito incompleta. Faleceu em Goa no ano de 1568, sem nunca ter sido incomodado pela Inquisição, apesar desta, ter estabelecido um tribunal no ano de 1565. Após a sua morte, a

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Inquisição iniciou um feroz ataque à sua família. A sua irmã Catarina foi condenado por judaísmo e queimada viva num Auto-de-Fé em Goa no ano de 1569. No ano de 1580 os restos mortais de Garcia da Orta e da mulher foram exumados da Sé de Goa.

Goa

Goa é um dos estados da Índia. Situa-se entre Maharashtra a norte e Karnataka a leste e sul, na costa do Mar da Arábia, a cerca de 400 km a sul de Bombaim. É o menor dos estados indianos em território e quarto menor em população mas o mais rico em PIB per capita da Índia. A sua língua oficial é o concani, mas ainda existem pessoas neste estado que falam português, resquícios do domínio de Portugal na região por mais de 400 anos. As suas principais cidades são Vasco da Gama, Panaji (ou Pangim, antigo nome português), Margão (Madgaon, pronúncia aproximada em concanim) e Mapusa. Goa, a partir de 1510, foi a capital do Estado Português da Índia, tendo sido integrada pela força na União Indiana em 1961. As suas igrejas e conventos encontram-se classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO. A primeira referência a Goa data de cerca de 2200 a.C., em escrita cuneiforme da Suméria, onde é chamada Gubio. Formada por povos de diferentes etnias da Índia, a influência dos sumérios aparece no primeiro sistema de medidas da região. Por volta de 1775 a.C. os fenícios estabeleceram-se em Goa. No período védico tardio (1000-500 a.C.) é chamada, em sânscrito, Gomantak, que significa "terra semelhante ao paraíso, fértil e com águas boas". O Mahabharata conta que os primeiros arianos que chegaram a Goa eram fugitivos da extinção, pela seca, do rio Saraswati, noventa e seis famílias que chegaram por volta de 1000 a.C. A eles se uniram os Kundbis vindos do sul para, durante 250 anos, resgatar solo do mar, aumentando o espaço fértil entre este e as montanhas. Cerca de 200 a.C. Goa tornou-se a fronteira sul do império de Ashoka: os dravidianos tinham sido empurrados para o sul pelos arianos, como refere a Geografia de Estrabão. Por volta de 530-550, Goa é citada como um dos melhores portos do Industão, sendo chamada de Sindabur, Chandrapur ou Buvah-Sindabur pelos árabes e turcos. Depois do império Maurya (321-185 a.C.) Goa foi disputada por vários impérios em batalhas sangrentas. Por volta do século X Goa, então concentrada em torno do rio Zuari, prosperou pelo comércio com os árabes. Em 1347 caiu sob domínio islâmico e muitos templos a deuses hindus foram destruídos. A primeira investida portuguesa deu-se em 1510, de 4 de Março a 20 de Maio. Nesse mesmo ano, em uma segunda expedição, a 25 de Novembro, Afonso de Albuquerque, auxiliado pelo corsário hindu Timoja, tomou Goa aos árabes, que se renderam sem combate, por o sultão se achar em guerra com o Decão. Com a derrota dos muçulmanos da região, em 1553 um quinto dela estava sob domínio português, recebendo o nome de “Velhas Conquistas”. Os governadores portugueses da cidade pretendiam que fosse uma extensão de Lisboa no Oriente e para tal criaram algumas instituições e construíram-se várias Igrejas para expandir o cristianismo e fortificações para a defender de ataques externos.

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A partir de meados do século XVIII verifica-se um alargamento dos territórios de Goa, que passam a integrar as “Novas Conquistas”. Apesar de com a chegada da Inquisição (1560), muitos dos residentes locais terem sido convertidos violentamente ao Cristianismo ameaçados com castigos ou confisco de terra, títulos ou propriedades, a maior parte das conversões foram voluntárias tendo muitos dos missionários que aí pregaram alcançado fama. Entre estes conta-se S. Francisco Xavier, que ficou conhecido como o "Apóstolo das Índias" por ter exercido a sua missionação não só em Goa, mas também noutros pontos da Índia, como Uvari que não se encontravam sob domínio Português. A decadência do porto no século XVII foi consequência das derrotas militares dos portugueses para a Companhia Holandesa das Índias Orientais dos Países Baixos no Oriente, tornando o Brasil e, mais tarde, no século XIX, as colónias africanas, o centro económico de Portugal. Houve dois curtos períodos de dominação britânica (1797- 1798 e 1802-1813) e poucas outras ameaças externas após este período. Durante o domínio britânico na Índia, muitos habitantes de Goa emigraram para Mumbai, Calcutá, Puna, Karachi e outras cidades. O isolamento de Goa diminuiu com a construção das vias-férreas a partir de 1881, mas a emigração em busca de melhores oportunidades económicas aumentou. Em 1842 foi fundada a Escola Médico-Cirúrgica de Goa que formou médicos que viriam a exercer em todo o Império Português. Em 1900 Goa teve seu primeiro jornal bilingue gujarati-português. No contexto da descolonização, após os Ingleses terem deixado a Índia (1947) e os Franceses Pondicherry (1954), o governo português, liderado por António de Olivei ra Salazar, recusou-se a negociar com a Índia. Por essa razão, de 18 para 19 de Dezembro de 1961 uma força indiana de 40 000 soldados conquistou Goa, encontrando pouca resistência. À época, o Conselho de Segurança da ONU considerou uma resolução que condenava a invasão, o que foi vetado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A maioria das nações reconheceram a Acão da Índia, mas Portugal apenas a reconheceu após a Revolução do 25 de Abril de 1974. A parte urbana de Goa denomina-se atualmente Pangim (também Panjim ou Panaji). Apenas a parte histórica da cidade, hoje pouco habitada, conserva o nome antigo.

Ficha Técnica

Valor: 20$00 Chapa: 8 Frente: Retrato de Garcia da Orta Verso: Gravuras do mercado de Goa (século XVI) Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Garcia da Orta Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 135x66 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co. Ltd Primeira emissão: 31-11-1977 Última emissão: 20-12-1978 Retirada de circulação: 30-05-1986 Data Emissão Combinações de Assinaturas 27-07-1971 45 547 000 15

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Cabralinas V: Os Lusíadas

Os subscritores do documento (decreto-lei 399/72 de 24 de Outubro de 1972) que criou as moedas comemorativas do 4º Centenário da Publicação d’Os Lusíadas. Entre as figuras de estado dessa altura constava o Presidente Américo Deus Rodrigues Tomás e Marcello Caetano (Presidente do Conselho de Ministros) e Manuel Cotta Agostinho Dias (responsável pela área económica).

A emissão desta moeda foi aprovada em Novembro de 1971, sob proposta da Comissão Executiva das comemorações do 4.º Centenário da publicação d’"Os Lusíadas" (1572-1972), vindo a ser emitida só nos finais de 1972. Com esculturas de mestre Marcelino Norte de Almeida, chefe da secção de gravura numismática da Casa da Moeda, constitui um caso muito especial na numismática mundial pois foi a primeira moeda conhecida que homenageou uma obra literária. E de tal forma o faz, que "Os Lusíadas" aparecem retratados sobrepondo-se a quatro quinas com as pontas viradas para dentro, como que representando a confluência da lusa alma nacional ma imortal obra do Épico. Esta foi ainda a última moeda de prata de 50$00 da série Cabralina.

Os Lusíadas

Obra poética do escritor Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556 foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente. A obra é composta de dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas decassílabas, sujeitas ao esquema rítmico fixo AB AB AB CC (oitava rima camoniana). A Acão central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da história de Portugal, glorificando o povo português. Como característica típica de Epopeia a viagem de Vasco da Gama é ainda marcada pela Acão dos deuses clássicos cujos jogos vão colocando dificuldades (no caso de Baco) ou facilitando a viagem (Vénus), no final da viagem os navegadores são premiados com a visita da Ilha dos Amores.

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Ficha Técnica

Peso: 18 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 399/72 de 24/10/1972 Ano Cunhagem Código 1972 1 000 000 044.01

Moeda de 25 escudos

Os subscritores do documento (decreto-lei 847/76 de 15 de Dezembro de 1976) que criou as moedas de 25 escudos. Entre as figuras de estado dessa altura constava o Presidente Ramalho Eanes e Mário Soares (Primeiro Ministro), sendo algumas das figuras do Henrique Barros, Jorge Campinos e Henrique Carreira.

O elevado número de notas de 20 escudos que era necessário manter em circulação, bem como o seu elevado custo (atribuído à necessária produção no estrangeiro, pouco tempo de vida do papel-moeda com consequente necessidade de substituição frequente) levou à criação do novo valor monetário (25$00). A opção por este novo valor em detrimento do mais lógico 20 escudos, prendia-se com estudos que revelavam dado o evoluir dos preços sem mais lógico os 25 escudos. A nova moeda foi cunhada em cuproníquel e acabou por ter autoria de Marcelino Norte de Almeida. O mestre escultor voltou a colocar em linha de destaque a efígie da República, figura que já não surgia na numária nacional desde os tempos da Primeira República. Em contradição com as suas antecessoras a efígie era masculina. A moeda foi a primeira a ser criada no pós 25 de Abril e fazia menção das novas políticas com a legenda: “Liberdade – Democracia”. A moeda apresentava um desenho no entanto simples, e o valor acabou por não vingar ao contrário do previsto do decreto de lei que o formou (acabou substituída por moeda semelhante noutro modulo em 1980 e saiu de circulação em definitivo em 1983), já as notas de 20 escudos ainda sobreviveram…

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Ficha Técnica

Peso: 9,5 g Diâmetro: 26 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Vertical Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750,Ni Autor: Marcelino Norte Almeida Decreto: 874/76 de 15/12/1976 Ano e taxa de recolha: 1983 (44,5%) Ano Cunhagem Código 1977 7 656 811 045.01 1978 12 277 394 045.02

Série 25 de Abril

Os subscritores do documento (decreto-lei 381/76 de 20 de Maio de 1976) que criou as primeiras moedas comemorativas do pós-25 de Abril. Entre as figuras de estado deste governo ainda de transição constava o Presidente Costa Gomes e José Baptista Azevedo (Primeiro Ministro), sendo Vítor Constâncio o responsável pela área económica.

Ainda a viver os efeitos da Revolução, um dos governos provisórios aprovou em Maio de 1976 a criação de uma série comemorativa dedicada inteiramente ao momento criador do novo sistema político. Como era indicado no decreto de lei que autorizou essa Armando Matos Simões Nasceu em 1933. Escultor que se emissão, a Revolução de 25 de Abril era algo que dizia muito a todos os dedicou de forma importante à medalhística. Vencedor do concurso portugueses, sendo um momento histórico condizente com a libertação para a primeira moeda comemorativa de quase meio século de ditadura. do 25 de Abril, com esquema geométrico. Seria ainda o criador da moeda comemorativa da Adesão da Do concurso público aberto em Novembro desse ano resultou a CEE em 1986 também com esquema constatação de que o nosso meio artístico, havia tanto tempo arredado geométrico. Voltaria a ser selecionado para a série comemorativa do Ano da prática da escultura numismática, carecia de experiência para uma Internacional do Deficiente onde se destacaram as figuras estilizadas de boa execução técnica de uma moeda, cuja arte de modelação nada tem a Castilho e Jacob Pereira. ver com a arte da medalha, mais conhecida e estudada. Por duas vezes anulado o concurso, só à terceira tentativa foi possível ver aprovado, a 15 de Julho de 1976, um projeto que o júri considerasse minimamente válido e tecnicamente exequível, da autoria do escultor Armando Matos Simões, para moedas comemorativas de prata de 100$00 (toque de prata de 650 º/oo, peso 15 g, diâmetro 32 mm) e de 250$00 (680 º/oo, peso 25 g, diâmetro 37 mm), cuja cunhagem só teria lugar na segunda metade de 1976, sendo emitidas em 1977.

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Como pormenor revelador da especialidade do desenho numismático e do cuidado a ter na representação dos símbolos heráldicos nacionais, cuja liberdade de criação artística tem os seus limites, refira-se que a INCM se viu obrigada a retificar o anverso comum proposto para estas moedas, onde os escudetes das quinas nacionais apareciam sob a forma de quadrados, numa composição muito estilizada que mais se assemelhava a cinco "dados de jogo". Consultada a Academia Portuguesa de História, e não concordando o autor em alterar o seu modelo, as bases dos escudetes foram então retificadas nas gravuras das matrizes, dando-se- lhes o formato em bico, de acordo com uma das figurações heráldicas admitidas.

Revolução de 25 de Abril de 1974

Revolução dos Cravos é o nome dado ao golpe de Estado militar que derrubou, sem derramamento de sangue e sem grande resistência das forças leais ao governo, o regime ditatorial herdado de Oliveira Salazar e aos acontecimentos históricos, políticos e sociais que se lhe seguiram, até à aprovação da Constituição Portuguesa, em Abril de 1976.

O regime que vigorava em Portugal desde 1933 cedia, de um dia para o outro, à revolta das forças armadas, lideradas por jovens oficiais. O levantamento, foi conduzido por oficiais intermédios da hierarquia militar (o MFA), na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial. Os oficiais de baixa patente, os oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários, vendo suas carreiras interrompidas, cedo aderiam. É consensual ter trazido essa revolução, conduzida por esses jovens, a liberdade ao povo português, oprimido durante décadas. Denomina-se "Dia da Liberdade" o feriado nacional instituído em Portugal para comemorar a revolução iniciada no dia 25 de Abril de 1974.

Em Fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António de Spínola e os seus apoiantes. Tentava este, com ideias algo federalistas, modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa. Conhecidas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA decide levar adiante um golpe de estado. O movimento nasce secretamente em 1973. Nele estão envolvidos certos oficiais do exército que já conspiravam, descontentes por motivos de carreira militar.

A primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: Os Militares, as Forças Armadas e a Nação. Este documento é posto a circular clandestinamente.

No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice- Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente, por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto de o primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, “Portugal e o Futuro”, no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a

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necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar. No dia 24 de Março a última reunião clandestina decide o derrube do regime pela força.

No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa. Às 22h 55m é transmitida a canção "E depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas, que desencadeou a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção "Grândola, Vila Morena", de José Afonso, pelo programa “Limite”, da Rádio Renascença, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. O golpe militar do dia 25 de Abril teve a colaboração de vários regimentos militares que desenvolveram uma Acão concertada. Assim, no Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos de Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto, forças que são reforçadas por apoios vindos de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reagiu, e o ministro da Defesa ordenou a forças sediadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não foi obedecido, já que estas já tinham aderido ao golpe.

À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcelo Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.

A revolução resultou na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política (PIDE) dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa. O cravo vermelho tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974. Logo ao amanhecer o povo começou a juntar-se nas ruas, juntamente com os soldados revoltosos. Entretanto, uma florista, que levava cravos para um hotel, terá dado um cravo a um soldado, que o colocou no cano da espingarda. Os outros soldados vendo a rua cheia de floristas o imitaram, enfiando cravos vermelhos nos canos das suas armas.

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Ficha Técnica

Peso: 15 g Diâmetro: 32 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 650 Autor: Armando Matos Simões Decreto: 381/76 de 20/05/1976 Ano Cunhagem Código ND 940 000 046.01

Ficha Técnica

Peso: 25 g Diâmetro: 37 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 680 Autor: Armando Matos Simões Decreto: 381/76 de 20/05/1976 Ano Cunhagem Código ND 950 000 047.01

Série Alexandre Herculano

Os subscritores do documento (decreto-lei 46/78 de 16 de Março de 1978) que autorizou a série comemorativa referente ao centenário de morte de Alexandre Herculano. Entre as figuras de estado constava o Presidente Ramalho Eanes e Mário Soares (Primeiro Ministro), sendo Vítor Constâncio o responsável pela área económica.

Não tendo tido seguimento em 1910 a projetada amoedação comemorativa do centenário do nascimento de Alexandre Herculano, apesar de decretada em 29 de Julho desse ano, foi sugerido por António Trigueiros ao secretário de Estado do Tesouro, Palmeiro Ribeiro, a "correção desse pequeno equívoco histórico" que negara a Herculano tão precioso homenagem, pela cunhagem de uma moeda comemorativa do centenário da sua morte. Não

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sendo possível preparar em tempo útil para as comemorações nacionais de 1977 uma moeda de prata, a Casa da Moeda propôs que a participação do Ministério das Finanças nestas celebrações tivesse um cunho inovador, pela emissão de uma coleção de três moedas comemorativas de cuproníquel com valores faciais do sistema divisionário em circulação (2$50 e 5$00) ou em fase de lançamento (25$00), cujo montante para cada uma seria de 3 milhões de unidades, incluindo um número limitado de coleções com acabamento "proof" destinadas a comercialização, situação em que a INCM se estreava. Submetida à apreciação do Banco de Portugal, a proposta recebeu imediata concordância, tendo o banco sugerido o alargamento do montante da emissão para 6 milhões, a fim de atenuar os efeitos de entesouramento de que habitualmente são objeto as moedas destas características e de, simultaneamente, prover às necessidades do mercado monetário.

Aprovada a estrutura desta singular amoedação comemorativa, por despacho de 27 de Maio de 1977 do subsecretário de Estado do Tesouro, Consiglieri Pedroso, a sua cunhagem e emissão foram autorizadas pelo Decreto-Lei n.º 46/78, de 16 de Março, sendo Ministro das Finanças Vítor Constâncio.

Para as gravuras destas moedas, mestre Marcelino Norte de Almeida modelou um expressivo busto do homenageado, tendo aproveitado para o anverso o modelo já anteriormente utilizado na moeda comemorativa do Marechal Carmona de 1971, cuja elegante composição heráldica do escudo nacional seria também selecionada para ornamentar várias emissões comemorativas até 1986.

Ficha Técnica

Peso: 3,5 g Diâmetro: 20 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 46/78 de 16/03/1978 Ano Cunhagem Código 1977 6 000 000 048.01

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Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 24,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 46/78 de 16/03/1978 Ano Cunhagem Código 1977 5 990 000 049.01

Ficha Técnica

Peso: 9,5 g Diâmetro: 26 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 46/78 de 16/03/1978 Ano Cunhagem Código 1977 5 990 000 050.01

20 Escudos Ch. 9 Gago Coutinho

Victor Constâncio

Rui Vilar

Walter Waldermar Pego Marques Abel António Pinto dos Reis

Joaquim Cavaqueiro Mestre Luís Carlos Braz Teixeira

António José Nuno Loureiro Borges

Para a última chapa de 20 escudos foi evocada a figura do cientista, historiador, matemático e geógrafo o Almirante Gago Coutinho. Para além do retrato, completam a ornamentação

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motivos alusivos às catividades científicas do ilustre Almirante, tais como o sextante inventado para navegação aérea, mapa relativo à viagem aérea entre Lisboa e Rio de Janeiro, bem como imagem do início dessa viagem em Belém.

Os gravadores e estampadores ingleses Thomas de La Rue & Co. Ltd, procederam ao fabrico das chapas e estampagens das notas, cabendo ao arquiteto João de Sousa Araújo a realização das maquetas iniciais. A estampagem calcográfica da frente é feita em diversos tons de verde e contém a efígie de Gago Coutinho, a rosa-dos-ventos, o escudo nacional, dísticos e diversos ornamentos geométricos com trabalho em linha branca e linha cheia. O fundo, em “offset”, apresentava um desenho numismático configurando ondas, que se estendiam pelas margens numa exposição de três faixas em íris. Na parte central via-se um astrolábio e o sextante de navegação aérea inventado por Gago Coutinho. No verso, a estampagem calcográfica, também de tons esverdeados, mostrava um conjunto simbolizando o início da navegação aérea astronómica e, ainda, a representação esquemática dos continentes sul-americano, africano e europeu com indicação da rota, sobre o Atlântico, seguida pelo Almirante Gago Coutinho, em 1922, na sua viagem Lisboa-Rio de Janeiro. O fundo do verso, de técnica “offset”, apresentava composição semelhante ao da frente, embora com tonalidades diferentes nos seus componentes. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Vice- Governador” e “O Administrador” e chancelas) de impressão tipográfica, a preto, foi aposto nas oficinas do Banco e no estampador inglês. O papel foi fabricado pelos papeleiros ingleses Portals Limited. A marca de água foi colocada na metade esquerda da nota, com o retrato de Gago Coutinho em redução da efígie estampada e, inferiormente, a legenda “Banco de Portugal”. Ligeiramente descentrado sobre a esquerda, observava-se o filete de segurança, incorporado no papel, formado por um traço descontínuo, paralelo ao lado menor da nota.

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Gago Coutinho

Carlos Viegas Gago Coutinho mais conhecido pelo nome de Gago Coutinho nasceu em Lisboa em Fevereiro de 1869, filho de José Viegas Gago Coutinho, marinheiro e de sua mulher Fortunata Maria Coutinho. Em virtude das poucas posses monetárias do pai, não pode satisfazer as suas ambições, que consistiam na frequência de um curso de Engenharia na Alemanha. Inicia a sua carreira como marinheiro. Após terminado o Liceu, ingressa na Escola Politécnica e no ano de 1886 alista-se como aspirante na Marinha, terminando o curso na Escola Naval no ano de 1888. No ano seguinte inicia o trabalho de cartógrafo, com missões em Timor, Moçambique, Angola, Índia e S. Tomé e Príncipe. No ano de 1890 e notando-se nele qualidades ímpares, tem uma rápida e brilhante ascensão na carreira, sendo promovido a guarda–marinha. No ano seguinte é promovido ao posto de segundo–tenente. No ano de 1893 faz sua primeira grande viagem; embarca no navio Mindelo, cujo comandante era o almirante Augusto de Castilho, entre Luanda e o Rio de Janeiro. No ano de 1895 é promovido a primeiro– tenente. A segunda grande viagem é levada a cabo no navio Pêro de Alenquer, de Lisboa a Lourenço Marques, seguindo a histórica rota de Vasco da Gama. Esta viagem deu-lhe grandes ensinamentos para o estudo sobre “Náutica dos Descobrimentos”. No ano de 1900 é nomeado o representante português para a delimitação da fronteira luso-britânica nos territórios do Niassa. No ano de 1901 como comissário de Portugal fez parte de uma comissão de delimitação da fronteira luso belga de Noqui ao Congo. No ano de 1904, na colónia de Moçambique delimitava as fronteiras ao norte e sul da província de Tete. Em 1906 chefia a missão geodésica à África Oriental, fazendo o levantamento geodésico com a África do Sul. No ano de 1907 é promovido a capitão-tenente. Em 1913-14, comandou a missão de delimitação das fronteiras de Angola com a Rodésia, surgindo como colaborador o segundo-tenente Artur Sacadura Cabral. No ano de 1915 obtêm o seu brevete, ou a “Carta de piloto do ar”, em França. O batismo de voo realizou-se em Portugal, na Escola de Aviação Militar em Vila Nova da Rainha, acompanhado pelo piloto-aviador Sacadura Cabral, no ano de 1917. É promovido a capitão de mar e guerra no ano de 1918. É promovido por distinção ao posto de contra- almirante, no ano de 1922. Ainda neste ano realizou a primeira Travessia Aérea do Atlântico

135 Apontamentos: Escudo

Sul. Esta viagem seria dividida em quatro etapas. Acompanharam esta travessia os navios de guerra “República”, “Cinco de Outubro” e “Bengo”, que iriam prestar a assistência de voo. Acompanhou o Almirante Gago Coutinho o piloto aviador Sacadura Cabral. A primeira etapa da viagem correu sem problemas de maior de Lisboa a até Las Palmas (Canárias), durando 8 horas e 17 minutos. A segunda etapa levou-os da ilha de Gando, até S. Vicente no arquipélago de Cabo Verde, demorando 10 horas e 43 minutos. A terceira etapa da viagem, efetuou-se sobre o auspício da falta de combustível e do forte vento que se fazia sentir em sentido contrário, não auxiliando em nada a progressão mais rápida do avião. Após a elaboração de cálculos procedeu-se a uma descida forçada junto aos penedos com escassos litros de gasolina no tanque, sobre um mar cavado que arrancou um dos flutuadores, o que levou à inclinação do hidroavião, metendo água na proa. Durante o espaço de tempo que mediou entre a amaragem e o envio por parte do Governo de novo hidroavião os dois heróis permaneceram na ilha Fernando de Noronha. Entre a terceira e quarta etapa problemas estiveram sempre presentes, ao ponto de quando iriam iniciar a última etapa com o novo hidroavião, após a passagem pelos penedos em direção ao Brasil, de súbito o motor parou obrigando a uma amaragem de emergência, mas desta feita com mar calmo. O tempo de espera por auxílio teve como consequência uma situação imprevista, na qual os flutuadores metiam água, afundando o hidroavião lentamente, sendo resgatados pelo navio britânico Paris-City. Voltaram à ilha Fernando de Noronha e novamente solicitaram ao Governo o envio de um outro, o qual foi atendido de imediato. A quarta e última etapa fez-se em pequenos lances até alcançarem a cidade do Rio de Janeiro, passando pelo Recife, Baía, Porto Seguro e Vitória. O hidroavião amarou na baía de Guanabara no Rio de Janeiro no dia 17 de Junho. Foram percorridas 4 527 milhas náuticas e gastas 62 horas e 26 minutos, a uma velocidade média de 72,5 milhas por hora. Esta proeza foi realçada em toda a imprensa mundial, pois as condições em que foi efetuada, a qualidade do material empregue na construção dos hidroaviões, a pouca experiência dos heróis, só foi possível pelo crer, a dinâmica a persistência e grande força de vontade de vencer de Gago Coutinho e Sacadura Cabral. A sua competência como geógrafo granjeou-lhe a nomeação pelo Ministério da Guerra, no ano de 1928, a Presidência da Comissão, para a reorganização dos serviços geográficos, cadastrais e cartográficos, tanto em Portugal como nos Açores e restantes colónias, para estudar o estabelecimento de um aeroporto nos Açores, e a navegação aérea nas colónias. Neste mesmo ano, foi encarregado pelo Ministério das Colónias para proceder a estudos cartográficos em França, Itália e Brasil. Desempenhou funções de Presidente da Comissão da Cartografia; destaca-se a sua participação como associado do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, da Sociedade de Geografia de Lisboa e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. No ano de 1932 é promovido ao posto de vice–almirante. Em 1958 é promovido a Almirante. Com 75 anos de idade, fez a bordo da barca portuguesa Foz do Douro, uma travessia à vela entre Santos (Brasil) e Leixões, demorando cerca de 105 dias, utilizando o astrolábio, como os antigos mareantes portugueses. Segundo estudos, calcula-se que o Almirante Gago Coutinho tenha percorrido 30 837 milhas marítimas um recorde para o seu tempo. A sua prestação de serviço a bordo dos navios consistia exclusivamente a de “oficial encarregue da navegação”. O seu muito saber de

136 Apontamentos: Escudo geógrafo e de navegador de larga experiência, permitiram-lhe dedicar-se aos estudos de navegação aérea ainda incipientes nessa época. O sextante português, utilizado na Travessia do Atlântico Sul, é um dos exemplos materiais do valor científico dos inovadores trabalhos e missões do Almirante. Faleceu na cidade de Lisboa em 18 de Fevereiro de 1959.

Ficha Técnica

Valor: 20$00 Chapa: 9 Frente: Retrato de Gago Coutinho Verso: Gravuras de saída da viagem Lisboa-Rio de Janeiro e mapa da viagem Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Gago Coutinho Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 135x66 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co. Ltd Primeira emissão: 21-11-1978 Última emissão: 17-11-1982 Retirada de circulação: 30-05-1986 Data Emissão Combinações de Assinaturas 13-09-1978 29 645 000 6 04-10-1978 79 882 000 6

Ano Internacional da Criança

Os subscritores do documento (decreto-lei 183/84 de 28 de Maio de 1984) que autorizou a moeda comemorativa referente ao Ano Internacional da Criança comemorado em 1979. Entre as figuras de estado constava o Presidente Ramalho Eanes, Mário Soares (Primeiro Ministro) e Almeida Santos. Lagoa Henriques Em 1979 comemoraram-se os 20 anos da aprovação da Declaração Natural de Lisboa (1923), escultor português. Fez a sua formação no sobre os Direitos da Criança pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Curso Especial de Escultura da Escola Não só para comemorar tal aniversário como para chamar a atenção de de Belas Artes de Lisboa. Em Julho de 1948 transferiu-se para a Escola de todos (governos, instituições e particulares) para a ainda lamentável Belas-Artes do Porto, onde tem como situação de centenas de milhares de crianças carenciadas de alimentos, professor e referência principal na sua habitação e cuidados de saúde, foi 1979 declarado pela Assembleia formação Barata Feyo. Concluiu os estudos em 1954. Prosseguiu estudos Geral das Nações Unidas como Ano Internacional da Criança. O em Itália, sob a orientação do escultor Governo, como forma de assinalar aquele acontecimento e de criar uma Marino Marini. Em 1958 foi admitido maior sensibilidade para iniciativas que visem o benefício das crianças para professor na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Em 1966 mudou, mais necessitadas, decidiu, promover a emissão de uma moeda a seu pedido, para a Escola Superior de comemorativa alusiva ao tema Ano Internacional da Criança - 1979. Belas-Artes de Lisboa, onde continuou no ensino do Desenho. Em 1974, Rezava assim, a introdução do decreto aprovado em 1984 da moeda quando da reestruturação dos cursos comemorativa do Ano Internacional da Criança. Embora aprovada em da escola onde leciona, é o promotor 1984, foi cunhada com o ano de 1979, em cuproníquel com o valor de da criação da disciplina de Comunicação Visual. A sua obra mais 25$00. A moeda aproveitou a face já habitual com o escudo nacional de famosa é a escultura de Fernando Pessoa no Chiado. Faleceu em 2009 em Lisboa.

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autoria de Marcelino Norte de Almeida, enquanto a face comemorativa foi de autoria do escultor Lagoa Henriques.

Ano Internacional da Criança

O ano de 1979 foi proclamado pelas Nações Unidas o Ano Internacional da Criança. A proclamação foi oficialmente assinada no dia 1 de Janeiro, pelo secretário-geral das Nações Unidas Kurt Waldheim. O seu objetivo foi o de virar as atenções para os problemas que afetavam as crianças em todo o mundo, como por exemplo, a desnutrição e a falta de acesso à educação. Muitos acontecimentos tiveram lugar entre os países membros da ONU, na tentativa de marcar o evento, incluindo o concerto Music for UNICEF, que teve lugar na Assembleia Geral da ONU, a 9 de Janeiro.

Em 1959, foi promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 20 de Novembro, a Declaração dos Direitos da Criança. Ao afirmar que a “humanidade deve dar o melhor de si mesma à criança”, a Declaração constituiu durante muitos anos o enquadramento moral para os direitos da criança, apesar de não comportar quaisquer obrigações jurídicas.

De acordo com esta Declaração, a criança deve gozar de proteção especial e beneficiar de oportunidades e facilidades para se desenvolver de maneira sadia e normal e em condições de liberdade e dignidade. É reconhecido à criança o direito a um nome, a uma nacionalidade e à segurança social. De acordo com a Convenção, a criança tem direito a uma alimentação adequada, a alojamento, a distrações e a cuidados médicos. A criança, física e mentalmente diminuída, ou socialmente desfavorecida, deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que o seu estado ou situação exigem. A Declaração reconhece ainda a necessidade de amor e compreensão para o desabrochar harmonioso da personalidade da criança, bem como o dever dos poderes públicos prestarem especiais cuidados às crianças sem família ou sem meios de subsistência suficientes. A criança tem direito a uma educação que deve ser gratuita e obrigatória pelo menos ao nível elementar. Deve beneficiar de uma educação que contribua para a sua cultura geral e lhe permita, em condições de igualdade de classes, desenvolver as suas faculdades, opiniões pessoais, sentido das responsabilidades morais e sociais e de se tornar um membro útil à sociedade. A criança que se encontre em situação de perigo deve estar entre os primeiros a receber proteção e socorros. A criança deve ser protegida de todas as formas de negligência, crueldade ou exploração e não deve trabalhar antes de ter atingido a idade mínima apropriada. A abordagem e conceção que se encontravam na base de todos as declarações de carácter não vinculativo adotadas nesta matéria durante a primeira metade do século XX, consistia no facto de as crianças necessitarem de uma proteção e cuidados especiais. Este ênfase foi ligeiramente atenuado no texto de 1959, o qual consagrou a primeira menção aos direitos civis das crianças, ao reconhecer o seu direito a um nome e a uma nacionalidade. A Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989 viria alterar profundamente esta conceção da infância. Em 1976 a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou 1979 como Ano Internacional da Criança. Um dos objetivos gerais deste evento constituía na promoção dos interesses da criança e na consciencialização do público e dos políticos para as necessidades

138 Apontamentos: Escudo especiais da criança. O Ano Internacional da Criança deveria constituir um ano de Acão a nível nacional destinado a melhorar a situação das crianças. Foi a propósito deste ano internacional que foi apresentado o projeto inicial de uma Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.

Ficha Técnica

Peso: 9,5 g Diâmetro: 26 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte de Almeida e Lagoa Henriques Decreto: 183/84 de 28/05/1984 Ano Cunhagem Código 1979 950 000 051.01

500 Escudos Ch. 11 Francisco Sanches

José da Silva Lopes

Victor Constâncio

Rui Vilar

Alberto Alves de Oliveira Pinto

Walter Waldermar Pego Marques Abel António Pinto dos Reis

Joaquim Cavaqueiro Mestre Luís Carlos Braz Teixeira

António José Nuno Loureiro Borges Maria Manuela Morgado Baptista O vulto de Francisco Sanches, médico e filósofo, é lembrado nesta chapa de 500 escudos, onde, além da efígie, tirada de um quadro a óleo do século XVII existente na Faculdade de Medicina da Universidade de Toulouse, se podem observar temas ligados às catividades do célebre médico e aspetos da cidade onde foi batizado (Braga). Com base nas maquetas iniciais do arquiteto João de Sousa Araújo, os estampadores holandeses da Joh. Enschedé en Zonen,

139 Apontamentos: Escudo

Grafische Inrichting N. V., procederam à elaboração das chapas e estampagem das notas. Faziam parte da estampagem a talhe-doce da frente, em que sobressaia, a castanho- avermelhado, o retrato de Francisco Sanches, o escudo nacional. Dísticos e trabalho de guilhoché em linha branca e linha preta que ornamentava os números “500”. O fundo de técnica “offset”, apresentava, na parte central, uma planta da cidade de Braga de 1594, um ornato duplex a azul-lilás e verde a circundar o ovalóide sem impressão, e, nas margens, um desenho numismático com o símbolo da medicina, disposto em faixas paralelas ao lado menor da nota, evoluindo, pelo processo íris, do castanho-cinza-claro da parte central para o castanho-sépia das extremidades. A estampagem a talhe-doce do verso, a castanho e a castanho-avermelhado, apresentava uma panorâmica da antiga praça do Paço dos Arcebispos, em Braga (litografia de L. Haghe com desenhos de G. Virian), dísticos e ornamentos de guilhoché em linha branca e linha preta. O fundo do verso, em “offset”, integrava um trabalho numismático que se estendia pelas margens, cujo tema era um alçado com duas colunas e imagens, nas mesmas cores do da frente, mas com as faixas em posicionamento inverso. O ornato que circundava o ovalóide sem impressão, à direita, era em tudo idêntico ao da frente. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco e na Imprensa Nacional-Casa da Moeda. O papel foi fabricado nos papeleiros franceses da Société Arjomari, destacava-se por apresentar uma tonalidade ligeiramente amarelada e o filete de segurança, de traço descontínuo, incorporado no papel, situava-se na zona central sobre a esquerda. A marca de água foi colocada no lado esquerdo e apresentava o retrato de Francisco Sanches em tamanho um pouco reduzido relativamente à efígie estampada na nota e na parte inferior, numa só linha, a legenda “Banco de Portugal”.

140 Apontamentos: Escudo

Francisco Sanches

Francisco Sanches nasceu em Braga no ano de 1550 oriundo de família judaica, convertido à religião católica pelo batismo (cristão novo), que ocorreu na Igreja de São João do Souto da mesma cidade em 25 de Julho de 1551. Foi médico, filósofo e matemático. Com apenas doze anos de idade abandonou Portugal e foi para Bordéus onde deu continuidade aos seus estudos no Colégio Guyenne até ao ano de 1569. Era um colégio onde a renovação intelectual era patente e onde influíam o reformismo religioso e o renascimento italiano. Com 19 anos foi para Itália onde estudou Medicina aprendendo a investigar cadáveres, estudando e desenvolvendo a Anatomia e estudos cirúrgicos. Regressou de novo a França, onde desempenhou as funções de médico no hospital de Toulouse. Matriculou-se no ano de 1573 na Faculdade de Medicina de Montpellier onde tomou o grau de Doutor e depois de Lente. Em 1577, radicou-se definitivamente em Toulouse onde desempenhou as funções de diretor do hospital desta localidade durante de 30 anos. No ano de 1585 foi chamado por convite para professor na Faculdade de Artes de Toulouse, onde exerceu esta catividade durante 25 anos. Em 1610 ingressou como professor na Universidade de Medicina onde permaneceu cerca de 11 anos, tendo sido considerado um dos mais brilhantes mestres. A par da Medicina foi um eminente filósofo, contestando na sua obra a filosofia de Aristóteles e o pretenso saber da escolástica, mostrando o falível do testemunho dos sentidos, denunciando a ineficácia dos métodos tradicionais tentando definir o seu próprio ideal de conhecimento. São de sua autoria as seguintes obras: “Carmen de Cometa”, publicada em 1577; Quod nihil scitur” (Que nada se sabe), editado em Lyon no ano de 1581; “De divinatione per som num, ad Aristotelem”, no ano de 1585; “Opera Médica”, que inclui vários tratados filosóficos; “Tractatus Philosophici” e “Ad C. Clavium epistola”, uma carta consulta a Cristóvão Clávio. A sua figura está patente na Universidade de Toulouse, onde foi colocado um retrato como homenagem póstuma na Sala

141 Apontamentos: Escudo

dos Actos. Também a cidade de Braga o não esqueceu erigindo uma estátua e dando o seu nome a uma escola. Faleceu em Toulouse no ano de 1622.

Braga

Os vestígios da presença humana na região vêm de há milhares de anos, como comprovam vários achados. Um dos mais antigos é a Mamoa de Lamas, um monumento megalítico edificado no período Neolítico. No entanto, apenas se consegue provar a existência de aglomerados populacionais em Braga na Idade do Bronze. Caracterizam-se por fossas e cerâmicas encontradas no Alto da Cividade, local onde existiria uma povoação e por uma necrópole que terá existido na zona dos Granjinhos. Na Idade do Ferro, desenvolveram-se os chamados "castros". Estes eram próprios de povoações que ocupavam locais altos do relevo. Os Celtas eram os seus habitantes e, nesta região em particular, habitavam os Brácaros (em latim, BRACARI), que dariam nome à cidade, após a sua fundação e os romanos terem forçado as populações descerem ao vale. No decurso do século II a.C., a região foi tomada pelos Romanos que edificaram a cidade no ano 16 a.C., com a designação de Bracara Augusta, em homenagem ao Imperador César Augusto. Bracara Augusta, capital da região da , integrava os três conventos do Noroeste peninsular e parte do convento Clunia, com uma população de aproximadamente 285 mil tributários livre nas 24 civitates no ano 25. Desta época data também a criação do bispado de Bracara Augusta, segundo a lenda, São Pedro de Rates foi o primeiro bispo de Braga entre os anos 45 e 60, ordenado pelo apóstolo Santiago, martirizado quando convertia povos aderentes à religião romana no noroeste da Península Ibérica. Mas, só no ano 385 é que o Papa S. Sirício faz referência à metropolitana de Bracara Augusta. Após a queda do império romano, Bracara Augusta tornou-se na capital política e intelectual do reino dos Suevos, que englobava a extinta região da Gallaecia (hoje Galiza, norte de Portugal, parte das Astúrias e das províncias de Leão e Zamora, e se prolongava até ao Rio Tejo. Por ordem do rei Ariamiro foi realizado o concílio de Braga, entre 1 de Maio de 561 a 563, tendo sido presidido por São Martinho de Dume, bispo titular de Bracara. Deste concílio resultaram grandes reformas, principalmente no mundo eclesiástico e linguístico, destacando-se a criação do ritual bracarense e a abolição de elementos linguísticos pagãos, como os dias da semana Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, por Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies, donde derivam os modernos dias em língua portuguesa e galega. Posteriormente, com o declínio do povo Suevo (o antigo Reino da Galiza), foi dominada pelos Godos, durante mais de três séculos. No ano de 716, os Mouros alcançam a cidade e provocam grande destruição na mesma, dada a sua importância religiosa. Na época, foi também palco de várias guerras, destruições e saques. Mais tarde, foi reconquistada por Afonso III, Rei das Astúrias. No século XI a cidade é reorganizada, provavelmente com a nova designação de "Braga". É iniciada a construção da muralha citadina e da Sé, por ordem do bispo D. Pedro, sobre restos de um antigo templo romano dedicado à deusa Ísis, que teria mais tarde sido convertido numa

142 Apontamentos: Escudo igreja. A cidade desenvolve-se em torno da Sé, ficando restringida ao perímetro amuralhado. Braga foi nessa altura oferecida como dote, por Afonso VI de Leão e Castela, à sua filha D. Teresa, no seu casamento com D. Henrique de Borgonha, Conde de Portucale. Estes últimos foram senhores da cidade entre 1096 a 1112. Em 1112 doam a cidade aos Arcebispos. Com a elevação do bispado bracarense a arcebispado, a cidade readquire uma enorme importância a nível Ibérico. O arcebispo Diego Gelmírez de Santiago de Compostela, com medo da ascensão da Sé de Braga, rouba as relíquias dos santos bracarenses na tentativa de diminuir a importância religiosa da cidade, as relíquias só retornaram a Braga na década de noventa do século XX. Sob o reinado de D. Dinis, a muralha citadina é requalificada, é ainda construída a torre de menagem. Mais tarde, foram adicionadas nove torres, de planta quadrangular, à muralha existente, concluindo-se também o Castelo de Braga em torno da torre de menagem existente. No século XVI, o Arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa modifica a cidade profundamente, introduzindo-lhe ruas, praças, novos edifícios, provocando-lhe também o crescimento para além do perímetro amuralhado. Do século XVI ao século XVIII, por intermédio de vários arcebispos, os edifícios de traça medieval vão sendo apagados e substituídos por edifícios de arquitetura religiosa da época. No século XVIII, Braga por intermédio da inspiração artística de André Soares transforma-se no Ex-Libris do Barroco em Portugal. Nos fins deste século, surge em várias edificações o Neoclássico com Carlos Amarante. Mais uma vez, por intermédio de vários arcebispos, os edifícios religiosos são novamente alterados. Nos cem anos que se seguem, irrompem conflitos devidos às invasões francesas e lutas liberais. Em 20 de Março de 1809 a cidade é palco da Batalha do Carvalho d'Este e vítima de vários saques realizados pelas tropas napoleónicas. A cidade viria a ser reocupada a 5 de Abril pelo general José António Botelho de Sousa, comandante das forças portuguesas no Minho. Em 1834, com o fim das lutas liberais, são expulsas várias ordens religiosas de Braga, deixando o seu espólio para a cidade. Em consequência da Revolta da Maria da Fonte na Póvoa de Lanhoso, área sob jurisdição do quartel militar de Braga, a cidade é palco de importantes confrontos entre o povo e as autoridades. No final do século XIX, o centro da cidade deixa a área da Sé de Braga e passa para a Avenida Central. Em 1875, é inaugurado por D. Luís a linha e estação dos comboios de Braga. No século XX, dá-se a revolução dos transportes e das infraestruturas básicas, reformula-se a Avenida da Liberdade, de onde se destaca o Theatro Circo e os edifícios do lado nascente. Em 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa inicia nesta cidade a Revolução de 28 de Maio de 1926. Por fim, no final deste século, Braga sofre um grande desenvolvimento e cresce a um ritmo bastante elevado. É também conhecida por muitos por Capital do Minho.

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Ficha Técnica

Valor: 500$00 Chapa: 11 Frente: Retrato de Francisco Sanches e gravura de Braga medieval Verso: Gravuras da Praça dos Arcebispos em Braga Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Francisco Sanches Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 156x78 mm Impressão: Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V. Primeira emissão: 18-12-1981 Última emissão: 03-10-1988 Retirada de circulação: 31-05-1990 Data Emissão Combinações de Assinaturas 04-10-1979 82 984 000 9 04-10-1978 79 882 000 6

Moeda 25 escudos (parte II)

Os subscritores do documento (decreto-lei 519-R/79 de 28 de Dezembro de 1979) que reformou a moeda de 25 escudos em circulação. Entre as figuras de estado constava o Presidente Ramalho Eanes, Maria de Lurdes Pintassilgo (Primeiro Ministro) e Sousa Franco.

Pese o previsto em lei de 15 de Dezembro de 1976, a moeda de 25$00 então criada era uma mal amada. Facilmente confundível com a de 5 escudos (devido às dimensões e cor), e causadora de prejuízos dado que os sistemas mecânicos também as não conseguia diferenciar convenientemente. Assim, foi aumentado o diâmetro e o peso (28,5 mm e 11 g) mantendo-se todas as outras características (cuproníquel e desenho de Marcelino Norte de Almeida com efígie da República).

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Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 519-R/79 de 28/12/1979 Ano e taxa de recolha: 1989 (68%) Ano Cunhagem Código 1980 750 000 052.01 1981 19 940 000 052.02 1982 12 158 000 052.03 1983 5 622 000 052.04 1984 4 266 000 052.05 1985 23 000 000 052.06 1986 4 728 000 052.07

Região Autónoma dos Açores

A legislação associada a esta série foi repartida por três documentos e dois governos. A primeira lei (decreto-lei 299/80 de 16 de Agosto) criou as séries comemorativas relativas ao estabelecimento da Autonomia Regional dos Açores e Madeira sendo aprovado por governo de Sá Carneiro. A omissão quanto a algumas características técnicas levou a revisão publicada sob o governo de Francisco Pinto Balsemão (decreto-lei 326/81 de 4 de Dezembro). Entretanto a portaria com a definição do desenho das referidas moedas já tinhas sido publicada em Março de 1981 (portaria 307/81 de 31 de Março do Ministério das Finanças dirigido por Morais Leitão).

O primeiro decreto de lei que se refere à emissão comemorativa relativa à criação das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira referia na introdução: “A autonomia político- administrativa reconhecida pela Constituição da República às Regiões Autónomas, em obediência às suas características geográficas, económicas e sociais próprias e às tradicionais aspirações autonomistas das suas populações, constitui uma das inovações mais significativas da lei fundamental em vigor. Justifica-se, pois, que essa autonomia regional seja assinalada por uma emissão de moeda comemorativa, aproveitando-se a oportunidade para atribuir à região as receitas que, em princípio, o Estado arrecadaria através da emissão.” Assim, com desenhos definidos pelo Governo Regional dos Açores foi emitida em 1982 mas com data de 1980 a série comemorativa de duas moedas (25$00 e 100$00) ambas em cuproníquel. Este último facto constituiu uma novidade já que foi a primeira moeda deste valor a ser emitida neste metal.

O agravamento desde 1977 da tendência inflacionária do preço das matérias primas, associado à desvalorização do escudo e à alta verificada no preço do petróleo no segundo semestre de 1979, inviabilizou a manutenção do valor facial de 100 escudos nas amoedações de prata e

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obrigou ao estudo de um novo tipo de moeda comemorativa em liga metálica mais económica. Nasceu assim, em 1980, um novo tipo de moedas de 100$00 de cuproníquel, destinadas às amoedações comemorativas, com o mesmo diâmetro das antigas moedas de prata da série Cabralina e que foram as primeiras de uma longa série de moedas do mesmo valor e de características técnicas emitidas até 1990. Os lucros desta amoedação reverteram para o orçamento regional, que também beneficiou dos lucros da comercialização de coleções de moedas de prata de toque 925 º/oo com acabamento especial proof e as mesmas características das moedas comemorativas correntes. A cunhagem de espécimes numismáticos em metal diferente do da emissão corrente constituiu também uma importante inovação na história monetária portuguesa contemporânea, tendo surgido na sequência de consultas feitas pela INCM a algumas entidades especializadas (revistas da especialidade e associações de colecionadores). A sua introdução em Portugal seguiu de perto o que já então se praticava mas emissões monetárias comemorativas inglesas, onde a cunhagem de moedas de liga pobre (cuproníquel) de curso legal e distribuição pública pelo valor facial, suportava a emissão de espécimes numismáticos do mesmo diâmetro e peso cunhados em discos de metal nobre (prata), destinados a serem vendidos aos colecionadores por um preço substancialmente superior ao valor facial, sem ofender os princípios básicos da numismática.

O desenho proposto pelo Governo Regional apresentava no anverso a presença de cinco escudos das quinas estilizadas assente sob o valor facial e nove estrelas (representando as 9 ilhas açoreanas). No reverso surgia o brasão de armas da Região Autónoma.

Região Autónoma dos Açores

Os Açores, oficialmente designados por Região Autónoma dos Açores, são um arquipélago transcontinental e um território autónomo da República Portuguesa, situado no Atlântico nordeste, dotado de autonomia política e administrativa consubstanciada no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores. Os Açores integram a União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido nos artigos 349º e 355º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.

Com quase seis séculos de presença humana continuada os Açores granjearam um lugar importante na História de Portugal e na história do Atlântico: constituíram-se em escala para as expedições dos Descobrimentos e para naus da chamada Carreira da Índia, das frotas da prata, e do Brasil; contribuíram para a conquista e manutenção das praças portuguesas do Norte de África; quando da crise de sucessão de 1580 e das Guerras Liberais (1828-1834) constituíram-se em baluartes da resistência; durante as duas Guerras Mundiais, em apoio estratégico vital para as forças Aliadas, mantendo-se, até aos nossos dias, em um centro de comunicações e apoio à aviação militar e comercial.

O descobrimento do arquipélago dos Açores, tal como o da Madeira, é uma das questões mais controversas da história dos Descobrimentos. Entre as várias teorias sobre este facto, algumas

146 Apontamentos: Escudo assentam na apreciação de vários mapas genoveses produzidos desde 1351, os quais levam os historiadores a afirmar que já se conheceriam aquelas ilhas aquando do regresso das expedições às ilhas Canárias realizadas cerca de 1340-1345, no reinado de D. Afonso IV. Outras referem que o descobrimento das primeiras ilhas (São Miguel, Santa Maria, Terceira) foi efetuado por marinheiros ao serviço do Infante D. Henrique, embora não haja qualquer documento escrito que por si só confirme e comprove tal facto. A apoiar esta versão existe apenas um conjunto de escritos posteriores, baseados na tradição oral, que se criou na primeira metade do século XV. O que se sabe concretamente é que Gonçalo Velho chegou à ilha de Santa Maria em 1431, decorrendo nos anos seguintes o (re)descobrimento, ou reconhecimento das restantes ilhas do arquipélago dos Açores, no sentido de progressão de leste para oeste. Uma carta do Infante D. Henrique, datada de 2 de Julho de 1439 e dirigida ao seu irmão D. Pedro, é a primeira referência segura sobre a exploração do arquipélago. Nesta altura, as ilhas das Flores e do Corvo ainda não tinham sido descobertas, o que aconteceria apenas cerca de 1450, por obra de Diogo de Teive. Entretanto, o Infante D. Henrique, com o apoio da sua irmã D. Isabel de Portugal, Duquesa da Borgonha, mandou povoar a ilha de Santa Maria.

Os portugueses começaram a povoar as ilhas por volta 1432, oriundos principalmente do Algarve, do Alentejo e do Minho, tendo-se registado, em seguida, o ingresso de flamengos, bretões e norte-africanos. Sabe-se, porém, que muitos desses imigrantes que povoaram Açores teriam sido cristãos-novos, isto é, judeus sefarditas que foram obrigados a se converter forçadamente pelas perseguições do catolicismo. Através das Ordenações Afonsinas, Portugal buscou cooptar tanto judeus quanto flamengos para o arquipélago, mediante a distribuição de terras. Assim, longe da Europa continental, esses grupos ficariam livres das perseguições religiosas. No processo do povoamento das restantes ilhas, principalmente do Faial, Pico, Flores e São Jorge, faz-se notar a presença de um número alargado de flamengos, cuja presença se veio a refletir na produção artística e nos costumes e modos de exploração das terras. De recordar o nome de Joss van Hurtere, capitão flamengo, a quem foi confiado o povoamento de parte da ilha do Faial: a cidade da Horta recebeu do seu patronímico a sua designação toponímica. Existe ainda uma freguesia do concelho da Horta chamada Flamengos, para além dos moinhos e dos modelos da exploração agrária.

Tal como no arquipélago da Madeira, a administração das ilhas açorianas foi feita através do sistema de capitanias, à frente das quais estava um capitão do donatário. As primeiras capitanias constituíram-se nas ilhas de São Miguel e de Santa Maria. Em 1450, na sequência da progressão ocidental do descobrimento das ilhas, foi criada uma outra capitania na ilha Terceira: a administração desta ilha foi atribuída também a um flamengo, de seu nome Jácome de Bruges. As restantes ilhas também se encontravam sob administração de capitanias. A administração e assistência espiritual das ilhas ficou subordinada à Ordem de Cristo, que detinha também o senhorio temporal das ilhas, mas a presença de outras ordens religiosas não deixou de se fazer notar no processo de povoamento desde o início, como no caso dos Franciscanos em Santa Maria e Terceira desde a década de 40 do século XV.

O clima do arquipélago açoriano é menos quente quando comparado com o do arquipélago da Madeira. Para que os colonos pudessem cultivar as terras foi necessário desbastar densos arvoredos que proporcionavam matéria-prima para exportação, para produção escultórica

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(cedro) e para a construção naval. O cultivo de cereais e a criação de gado foram as catividades predominantes, com o trigo a registar uma produção considerável. A produção de pastel e a sua industrialização para exportação destinada a tinturaria também desempenhou um papel relevante na economia do arquipélago. A exploração do pastel e da urzela, esta também para tinturaria, atingiu o seu auge precisamente quando a produção de cana-de-açúcar (tentada mas sem grandes resultados económicos) e de trigo entraram em decadência. No século XVII, também as matérias-primas tintureiras sofreriam uma recessão, sendo substituídas pelo linho e laranjas, que, por seu lado, registaram um impulso extraordinário. Nesta altura, foi introduzida a produção de milho, sendo esta significativa para as melhorias alimentares da população e também como apoio à pecuária. A primeira exportação de laranjas surgiu no século XVIII, numa altura em que foi também introduzida a cultura da batata. Em finais de Setecentos, regista-se o início de uma das mais expressivas e emblemáticas catividades económicas açorianas: a caça ao cachalote e a outros cetáceos. Na ilha de São Miguel, tanto a produção de chá como a produção do tabaco, revelar-se-iam muito importantes para a economia.

É de se notar que os açorianos sempre almejaram conquistar uma maior autonomia política e administrativa, o que, durante séculos, foi negado, dando ensejo a alguns movimentos em favor da emancipação do arquipélago. As regiões autónomas foram consagradas na Constituição Portuguesa de 1976. Trata-se de um estatuto político-administrativo especial reservado aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, devido às suas condições geográficas e em consequência, socioeconómicos especiais. Nos termos da Constituição, a autonomia regional não afeta a integridade da soberania do Estado. Compete às regiões autónomas legislar em todas as matérias que não sejam da reserva dos órgãos de soberania e que constem do elenco de competências contido nos seus Estatutos Político-Administrativos; pronunciar-se nas mais diversas matérias que lhes digam respeito; e exercer poder executivo próprio, em áreas como a promoção do desenvolvimento económico e da qualidade de vida, a defesa do ambiente e do património, e a organização da administração regional. Os órgãos de governo próprio de cada região são a Assembleia Legislativa e o Governo Regional. A primeira é eleita por sufrágio universal direto e tem poderes fundamentalmente legislativos, além de fiscalizar os actos do Governo Regional. O presidente do Governo Regional é nomeado pelo Representante da República, que para tal considera os resultados eleitorais e é o responsável pela organização interna do órgão e por propor os seus elementos. As atribuições do Governo Regional são fundamentalmente de ordem executiva. O Representante da República é o representante do Chefe do Estado em cada região autónoma. É nomeado pelo presidente da República, após consulta ao Conselho de Estado. Cabe-lhe assinar e mandar publicar os decretos da Assembleia e do Governo Regional, tendo, no entanto, o direito de veto, que pode ser ultrapassado por votação qualificada da Assembleia Legislativa. O mandato do Representante da República tem a duração do mandato do Presidente da República.

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Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Governo Regional dos Açores Decreto: 299/80 de 16/08/1980; 326/81 de 04/12/1981 e Portaria n.º 307/81 de 31-03-1981 Ano Cunhagem Código 1980 770 000 053.1

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Governo Regional dos Açores Decreto: 299/80 de 16/08/1980; 326/81 de 04/12/1981 e Portaria n.º 307/81 de 31-03-1981 Ano Cunhagem Código 1980 270 000 054.1

Luís de Camões

A legislação associada à emissão comemorativa do 4.º Centenário da Morte de Luís de Camões aprovada pelo decreto-lei 325/81 de 4 de Dezembro durante o governo de Francisco Pinto Balsemão, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes. Embora a lei de aprovação tenha sido emitida apenas em 1981, as moedas foram emitidas com data de 1980 (cunhadas em 1982 e emitidas em 1983) de acordo com a efeméride em comemoração.

Como se refere na introdução do decreto-lei que criou esta moeda: “É sem dúvida a cunhagem de moeda uma das formas perenes de assinalar um facto, uma data, uma circunstância ou um nome que deva ficar a repercutir-se na memória das gerações. Para comemorar o IV

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Centenário da Morte de Luís de Camões há pois que proceder também à emissão de uma moeda que, pelas suas características e valor facial, atinja a finalidade pretendida.” A moeda comemorativa do 4.º Centenário da morte do maior poeta português, já alvo de evocação na notafilia portuguesa (chapa 1 de 1000 escudos), era em prata com valor facial de 1000$00. A moeda apresentava no anverso a efígie de Luís de Camões, circundada perifericamente na metade superior pela legenda “IV Centenário da Morte de Camões”, levando sobre a linha de eixo horizontal, à esquerda, a data “1580” e, à direita, a data “1980”. O reverso era constituído pelo escudo das armas nacionais centrado sobre a esfera armilar, ornamentada esta, na sua base, com duas vergônteas de louro e circundada perifericamente na metade superior pela legenda “República Portuguesa” e na inferior, em algarismos, pelo valor facial.

Na sequência da emissão comemorativa de Alexandre Herculano, a INCM sugeriu em Abril de 1979 o estabelecimento de programas regulares de cunhagem de moedas comemorativas, o primeiro dos quais para o biénio 1979/1980, aproveitando-se a passagem de algumas efemérides dignas de serem homenageadas em metal precioso: 4.º Centenário da Morte de Pedro Nunes (1978), a lançar em 1979, 4.º Centenário da Morte e Luís de Camões, em 1980. Destas só a última seria efetivada. Para esta última previa-se inicialmente uma espetacular série de moedas, cobrindo todo o espectro monetário possível (2$50, 5$00 e 25$00 de cuproníquel; 250$00 e 500$00 de prata) e uma moeda de ouro com o valor facial de 5 mil escudos, que culminaria a homenagem nacional à figura e à obra deste outro “Português de Ouro”, cuja data da morte tinha sido consagrada como Dia de Portugal.

Aprovadas as propostas por despacho de 26 de Maio do Secretário de Estado do Tesouro, António de Almeida, todo este conjunto de iniciativas acabaria por ser adiado, devido a mais uma grande subida das cotações internacionais do ouro e da prata, que impediram a fixação das características e dos valores faciais das moedas a emitir (o preço da prata fina passou de 9$93/g, em Janeiro, para 15$22/g em Junho, 28$75/g em Outubro, e 37$75/g em Dezembro de 1979, no mesmo período, o ouro passava de 364$41/g para 766$00/g).

Regressada a calma aos mercados de metais preciosos, em Maio de 1980 a INCM reformula a sua anterior proposta, agora limitada ao centenário de Camões, sugerindo a emissão de uma coleção de três moedas de prata, de 250, 500 e 1.000 escudos, e de uma moeda de ouro de 10.000 escudos, com características semelhantes às da antiga moeda de 5.000 réis da monarquia (diâmetro 23 mm, peso 8,868 g, toque 916,6 º/oo) o que seria aprovado por despacho de 7 de Junho do então Secretário de Estado do Tesouro, Tavares Moreira. Para a seleção dos desenhos para estas moedas de prata e de ouro, a INCM decidiu voltar ao sistema do concurso restrito a artistas previamente selecionados (José Pedro Martins Barata, José Aurélio, Cabral Antunes e José de Moura), tendo sido elaborado um documento-guia das bases a que deviam obedecer os desenhos a entregar até 15 de Outubro, com clara definição das legendas, data e do tipo de figurações de inclusão obrigatória. Adicionalmente, e pela primeira vez, admitia-se que os desenhos selecionados pudessem ficar sujeitos às alterações consideradas convenientes para garantir a sua aceitação numismática e permitir uma boa

150 Apontamentos: Escudo execução técnica, particularmente importante na cunhagem de espécimes numismáticos proof. Nos dois projetos aprovados, da autoria do Arquiteto José Pedro Roque Gameiro Martins Barata, e que seriam depois sujeitos as várias alterações, a figura do homenageado era retratada de forma bem diferente: para a moeda de ouro apresentava-se a efígie de Camões envelhecido e angustiado, austeramente vestido; para as moedas de prata, a figuração representava um busto de Camões sardónico, cortesão, elegante e sedutor. Destas quatro moedas propostas, só a de 1.000 escudos acabaria por ser cunhada, em 1982 (Decreto-Lei n.º 325/81, de 4 de Dezembro), e lançada em circulação em Setembro de 1983, já depois de terem terminado as celebrações nacionais, perdendo-se assim novamente a oportunidade de criar uma moeda de ouro da República. Tal como em edições prévias comemorativas, foi realizada emissão proof desta moeda com estojo próprio.

Ficha Técnica

Peso: 17 g Diâmetro: 32 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 925 Autor: João Pedro Roque Gameiro Martins Barata Decreto: 545/80 de 04/12/1980 Ano Cunhagem Código 1980 200 000 055.0

100 Escudos Ch. 8 Manuel Maria Barbosa du Bocage

José da Silva Lopes

Vítor Constâncio

Rui Vilar

Vítor Constâncio

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Alberto Alves de Oliveira Pinto

Walter Waldermar Pego Marques

António Palmeiro Ribeiro

Walter Waldermar Pego Marques Alberto José Santos Ramalheira

Joaquim Cavaqueiro Mestre Luís Carlos Braz Teixeira

António José Nuno Loureiro Borges Maria Manuela Morgado Baptista

Abel António Pinto dos Reis José Matos Torres A escolha de figuras importantes das letras manteve-se para a chapa 8 de 100 escudos. Desta vez era a figura do poeta Manuel Maria Barbosa du Bocage figura proeminente da transição do classicismo para o romantismo em Portugal, apresentado na frente desta chapa. O seu retrato teve por modelo uma gravura delineada pelo pintor Henrique José da Silva e aberta pelo mestre italiano Francesco Bartolozzi, em 1806. O desenho desta chapa foi mais uma vez da autoria do arquiteto João de Sousa Araújo. O fabrico das chapas e a sua estampagem estiveram a cargo da casa inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd,

Do ponto de vista técnico apresentava duas estampagens calcográficas usadas na frente da nota: uma, a azul, com o retrato e diversos ornamentos, e outra, a castanho-acinzentado, com a legenda “Banco de Portugal”, o escudo nacional e o número “100”, no canto inferior esquerdo. O verso tinha uma estampagem calcográfica, a azul, apresentando uma gravura antiga do Rossio, em Lisboa. Os fundos da frente e do verso foram impressos em “offset” e constituídos por desenhos ornamentais, linhas que vão mudando de cor no seu trajeto e desenho numismático em íris disposto em faixas paralelas ao lado menor da nota, que se estendia até às margens. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco e na Imprensa Nacional Casa da Moeda. O papel foi produzido na inglesa Portals Limited. Apresentava como marca de água no lado esquerdo a representação de Bocage em perfil para dentro e na parte inferior, a legenda “Banco de Portugal”, numa só linha. O filete de segurança, descontínuo, corria paralelo ao lado menor da nota, sobre a esquerda.

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Manuel Maria Barbosa du Bocage

Conhecido simplesmente por Bocage, nasceu em Setúbal, em 15 de Setembro de 1765; era um dos cinco filhos de José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor e advogado, e de sua mulher Mariana Joaquina Xavier l´Hedois Lustoff du Bocage. Foi um poeta satírico português, árcade e precursor do romantismo em Portugal. Foi o maior representante do arcadismo lusitano: escola literária, surgida no século XVIII, na Europa, sendo a sua principal característica a exaltação à natureza. A veia poética de Bocage tem ascendentes familiares, pois sua mãe era sobrinha da célebre poetisa francesa Anne-Marie Le Page du Bocage, autora da tragédia “As Amazonas” e do poema em dez cantos “A Columbiada”. Bocage teve uma infância muito infeliz marcada naturalmente pela prisão do pai durante seis anos e da morte da mãe quando tinha apenas dez anos. Não se sabe se frequentou a escola, mas segundo a sua obra, tudo indica que estudou os clássicos, as mitologias gregas, latinas e a língua francesa. No ano de 1781, assentou praça, aí permanecendo até finais de 1783. Neste mesmo ano foi admitido na Escola da Marinha Real, onde cursou para guarda marinha. Na parte final do curso desertou, quando a sua fama como poeta e versejador corria por toda a cidade de Lisboa. No ano de 1786, embarca como oficial de marinha para a Índia, atracando no Rio de Janeiro em Junho do

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mesmo ano. Depressa se encantou pela bela cidade; pretendendo permanecer por ali, dedicou sem êxito ao Governador alguns poemas cheios de bajulações, com o fim de obter os seus intentos. Bocage chegou à Índia, após uma escala na ilha de Moçambique, em Outubro de 1786. Na cidade de Pangim continuou os seus estudos regulares da marinha, após os quais foi colocado em Damão. No ano de 1789, desertou e embarcou para Macau. Foi preso pela Inquisição; nesse espaço de tempo dedicou-se à tradução dos melhores poetas franceses e italianos contemporâneos. A sua maior produtividade literária concorreu com o período de maior boémia e de aventuras, que se prolongaram pela última década de noventa. No ano de 1790 foi convidado a aderir à Academia das Belas Artes, ou a Nova Arcádia, o qual aceitou de imediato, adotando o pseudónimo de “Elmano Sadino”. Este convite foi uma passagem efémera, pois pouco depois escrevia fortes e ferozes sátiras contra os confrades. No ano de 1791, publica-se a 1ª edição das “Rimas”. Em Agosto de 1797, foi-lhe dada ordem de prisão, alegando que era uma pessoa portadora da “desordem nos costumes”, sendo encarcerado, primeiro no Limoeiro em Lisboa, e depois no Real Hospício das Necessidades, até Novembro do mesmo ano. Durante este espaço de tempo, Bocage, talvez por interferência dos padres beneditinos, mudou o seu comportamento, começando a trabalhar como redator e tradutor de obras literárias; saiu em liberdade no último dia do ano de 1798. De 1799 a 1801, trabalhou afincadamente com Frei José Mariano da Conceição Veloso, frade de origem brasileira e politicamente bem visto nas graças do Intendente Pina Manique, que o encarregou de trabalhos para tradução. Bocage faleceu na cidade de Lisboa em 21 de Dezembro de 1805 vítima de aneurisma numa casa modesta e de aluguer.

Rossio

A Praça de D. Pedro IV, mais conhecida pelo seu antigo nome de Rossio, tem constituído o centro nevrálgico de Lisboa desde há seis séculos. Assistiu a touradas, festivais, paradas militares e também a autos de fé durante o período da Inquisição. Hoje assiste a ocasionais comícios políticos, e os seus sóbrios edifícios pombalinos, estão ocupados por lojas de recordações, joalharias e cafés. Em meados do século XIX a praça foi calcetada a preto e branco, com padrões ondulantes. Foi um dos primeiros desenhos desse tipo a decorar os pavimentos da cidade. No lado norte da praça fica o Teatro Nacional D. Maria II, sendo no centro o destaque para a estátua a D. Pedro IV.

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Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 8 Frente: Retrato de Manuel Maria du Bocage Verso: Gravuras do Rossio do século XIX Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: Bocage Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 149x74 mm Impressão: Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd. Primeira emissão: 03-12-1980 Última emissão: 21-10-1987 Retirada de circulação: 31-05-1990 Data Emissão Combinações de Assinaturas 02-09-1980 30 944 000 8 24-02-1981 100 400 000 6 31-01-1984 49 948 000 7 12-03-1985 29 979 000 5 04-06-1985 20 278 000 6

5000 Escudos Chapa 1 António Sérgio

Jacinto Nunes

Vítor Constâncio

Rui Vilar

António Loureiro Borges

Vítor Constâncio

Alberto Alves de Oliveira Pinto

Walter Waldermar Pego Marques

António Palmeiro Ribeiro

Joaquim Cavaqueiro Mestre

Walter Waldermar Pego Marques Abel António Pinto dos Reis

155 Apontamentos: Escudo

José Matos Torres

Alberto José Santos Ramalheira Rui Machete

Luís Carlos Braz Teixeira

José Luís Nogueira de Brito Maria Manuela Morgado Baptista

Em Março de 1976, o Banco de Portugal entendeu que a conjuntura económico-financeira e a previsível evolução dos meios de pagamento poderiam vir a justificar o alargamento do esquema monetário em vigor, com a criação de um tipo de nota de valor facial superior à de 1000$00. Nesta conformidade, reconheceu a conveniência de ser criado um novo tipo de nota. Neste contexto foi criada a nota de 5 000 escudos, para o qual, em princípio, estaria reservada a efígie do escritor António Sérgio. O trabalho de elaboração das chapas e estampagem das notas foi consignado à firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd, segundo maquetas iniciais elaboradas pelo arquiteto João de Sousa Araújo.

A frente tinha uma estampagem calcográfica, executada pelo sistema Giori, a três cores, com trabalho de guilhoché em linha branca e linha cheia, e aplicações de “moiré” no interior dos zeros e nalgumas zonas da faixa inferior. O verso tinha uma estampagem calcográfica a duas cores sobre fundo irisado de técnica idêntica ao da frente, apresentando no canto inferior direito três pequenos círculos destinados a possibilitar aos cegos a leitura por tato. O fundo, impresso em offset, apresentava um desenho numismático geométrico, disposto em zonas de cores bem definidas. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado na inglesa Portals Limited. A marca de água foi colocada no lado direito e apresentava o retrato de António Sérgio em redução da efígie estampada, e, inferiormente, sobre o lado esquerdo, a legenda “Banco de Portugal”. Na metade direita e paralelo aos lados menores da nota observa-se um filete de segurança de traço descontínuo.

António Sérgio

António Sérgio nasceu a 3 de Setembro de 1883 na antiga possessão portuguesa de Damão, na Índia, destacando-se como um pensador, escritor e importante intelectual. Viveu alguns anos em África onde foi influenciado pelo contacto de várias culturas. Estudou no Colégio Militar, completando o curso da Marinha de Guerra, na sequência do qual viajou para Cabo Verde e depois Macau. Aquando da implantação da República abandonou a Marinha, debruçando-se sobre o progresso económico e moral de Portugal e não tanto na questão política. A sua Ação centrou-se essencialmente na problemática da Educação, pois o século XIX em Portugal foi caracterizado por reformas que raramente passaram dos textos legislativos ou declarações de

156 Apontamentos: Escudo intenções. António Sérgio foi Ministro da Instrução Pública durante dois meses e dez dias, no governo de Álvaro de Castro. A sua catividade cultural foi muito criativa: Chapa 1 5000 escudos D. Leonor fundou a revista “Pela Grei”; foi colaborador da revista “Águia”, A primeira nota de Cinco mil escudos conjuntamente com Fernando Pessoa e Teixeira de Pascoais; escreveu teve como motivos principais na frente artigos para a revista “Seara Nova”, onde contactou com Raul Brandão, uma efígie da Rainha D. Leonor (1458- 1525), e uma alegoria da Vindima. No Aquilino Ribeiro, entre outros; foi diretor da “Grande Enciclopédia verso a composição da nota Portuguesa e Brasileira”; foi dele que partiu a ideia do Cooperativismo, comportava uma vinheta que se viria a revelar uma das suas obras mais significativas, representando a Caridade, duas figuras alegóricas e a cabeça em relevo nomeadamente ao nível das cooperativas de habitação; fundou a Junta da Rainha. O trabalho de fabrico das Propulsora dos Estudos; criou o ensino para deficientes; fundou o chapas e das estampagens das notas foram executados pela firma Bradbury, Instituto Português do Cancro; e escreveu uma imensa obra teórica em Wilkinson & Cº. Ltd. Esta bela nota grande parte compilada nos “Ensaios”. Exerceu a docência com dimensões de 195 x 125 mm, nomeadamente na Universidade de Santiago de Compostela, nunca chegou a ser emitida em virtude de o Ministério das Finanças, por influenciando personagens como o arquiteto Raul Lino, o psiquiatra despacho de 5 de Novembro de 1942, Barahona Fernandes, o pedagogo Rui Grácio, sendo considerado como não considerar oportuna a entrada em um Educador de Gerações. Combateu o ensino baseado na memória e circulação de uma nota deste tipo. Por ofício nº. 1448, datado de 20 de treinou as crianças no exercício da democracia, vendo a escola como um Outubro de 1973, o Ministério das modelo para a sociedade. Homem de pensamento livre e democrata por Finanças autorizou a destruição destas notas. Curiosamente apenas 3 anos convicção, António Sérgio foi preso em 1910, 1933, 1935, 1948 e 1958. depois as ideias já eram outras. Foi na prisão que encontrou a verdadeira “União Nacional” de oposição à ditadura militar, e, depois, a Salazar, ao Estado Novo e ao fascismo. Foi considerado uma das grandes figuras mentais do Portugal contemporâneo e autor de vasta e valiosa obra Faleceu na cidade de Lisboa a 24 de Janeiro de 1969.

Ficha Técnica

Valor: 5000$00 Chapa: 1 Frente: Retrato de António Sérgio Verso: Gravura de António Sérgio (metade do corpo) Maqueta: João de Sousa Araújo Marca de água: António Sérgio Mecanismo de segurança: filete em plástico em traço interrompido Medidas: 170x75 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co. Ltd. Primeira emissão: 25-02-1981 Última emissão: 29-10-1987 Retirada de circulação: 30-11-1992 Data Emissão Combinações de Assinaturas 10-09-1980 10 666 000 8 27-01-1981 19 871 000 6 24-05-1983 19 971 000 8 04-06-1985 14 984 000 6 07-11-1986 15 280 000 6

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Escudo Latão Níquel I

A legislação associada à criação das novas moedas de 1 escudo em latão/níquel aprovada pelo decreto-lei 545/80 de 17 de Novembro durante o governo de Francisco Sá Carneiro, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes.

A crise económico financeira que assolou Portugal no pós revolução de 25 de Abril de 1974, agravada pela crise do Petróleo de natureza mundial, levaram à necessidade de medidas de urgência para relançamento da economia. Entre elas encontrou-se a desvalorização do Escudo de modo a potenciar as exportações. Tal medida conduziu a que a moeda de 1$00 em bronze tivesse um valor em metal e um custo de produção muito superior ao seu valor de circulação, o que a tornou incomportável. Nesse sentido e antevendo a revolução do sistema circulante

158 Apontamentos: Escudo Latão níquel O latão é uma liga metálica de cobre e zinco com percentagens deste último que iria ser operado em 1985 foi criada uma nova moeda de 1$00 simples entre 3% e 45%, dependendo do tipo no seu desenho e claramente de transição. Esta moeda foi cunhada na liga de latão. Ocasionalmente adicionam- se pequenas quantidades de outros de latão-níquel (79% de cobre, 20% de zinco e 1% de níquel), estreia na elementos como o alumínio, o numária portuguesa, mais barata e simples de produzir se comparada com estanho, o chumbo e o arsénio para potencializar algumas das o bronze, e que posteriormente seria a base no novo sistema para as características dessa ligação. Esta liga moedas de mais baixo valor. O autor do desenho da moeda foi o mestre apresenta densidade maior que a dos aços mas menores que as ligas de Marcelino Norte de Almeida. A moeda apresentava 18 mm e 3 gramas de cobre. Essa liga metálica tem uma cor amarelada semelhante ao ouro e é peso. A moeda manteve-se em circulação até à introdução do Euro em consideravelmente resistente a 2002, embora a sua produção tenha sido abandonada em 1986. manchas. Um exemplo de latão é a parte dourada dos cadeados. As aplicações do latão abrangem os No anverso surgia o Escudo Nacional colocado ao centro, circundado pela campos mais diversos, desde legenda “República Portuguesa” e a era de cunhagem no exergo. No armamento, automóveis, passando pela ornamentação, até tubos de reverso tinha inscrito o valor facial, composto do algarismo 1, colocado condensadores e terminais elétricos. São utilizados na fabricação de objetos sobre o eixo vertical da moeda e ocupando os dois terços superiores desse de uso doméstico, como tachos e eixo, e a palavra “escudo”, por baixo. bacias, de instrumentos musicais de sopro e de joias e em moedas. Ligado ao Níquel, Liga “Latão/Níquel”, Ficha Técnica liga Amarela, cuja composição é: Cu 790, Zn 200, Ni 10, cunhou as moedas de baixo valor do Novo Sistema de Escudos. No Império Romano as Moedas cunhadas em Latão valiam o dobro das de cobre com o mesmo Peso: 3 g cunho. É um Bronze. Diâmetro: 18 mm Cu 790, Zn 200, Ni 10 Bordo: Liso Eixo: Vertical Metal: Latão-níquel Composição: Cu 790, Zn 200, Ni 10 Autor: Marcelino Norte de Almeida Decreto: 545/80 de 17/11/1980 Ano e taxa de recolha: 2002 (6,4%) Ano Cunhagem Código 1981 30 164 739 056.01 1982 53 018 248 056.02 1983 53 165 700 056.03 1984 55 560 000 056.04 1985 56 630 000 056.05 1986 8 030 088 056.06

Região Autónoma da Madeira

A legislação associada a esta série foi repartida por dois documentos e dois governos. A primeira lei (decreto-lei 299/80 de 16 de Agosto) criou as séries comemorativas relativas ao estabelecimento da Autonomia Regional dos Açores e Madeira sendo aprovado por governo de Sá Carneiro. A omissão quanto a algumas características técnicas levou a revisão publicada sob o governo de Francisco Pinto Balsemão (decreto-lei 326/81 de 4 de Dezembro).

A autonomia político-administrativa reconhecida pela Constituição da República às Regiões Autónomas, em obediência às suas características geográficas, económicas e sociais próprias e às tradicionais aspirações autonomistas das suas populações, constituiu uma das inovações

159 Apontamentos: Escudo

mais significativas da lei fundamental aprovada no pós 25 de Abril. Justificou-se, pois, que essa autonomia regional fosse assinalada por uma emissão de moedas comemorativas, aproveitando-se a oportunidade para atribuir à região as receitas que, o Estado arrecadou através da emissão.

O agravamento desde 1977 da tendência inflacionária do preço das matérias primas, associado à desvalorização do escudo e à alta verificada no preço do petróleo no segundo semestre de 1979, inviabilizou a manutenção do valor facial de 100 escudos nas amoedações de prata e obrigou ao estudo de um novo tipo de moeda comemorativa em liga metálica mais económica.

Nasceu assim, em 1980, um novo tipo de moedas de 100$00 de cuproníquel, destinadas às amoedações comemorativas, com o mesmo diâmetro das antigas moedas de prata da série Cabralina, e que foram as primeiras de uma longa série de moedas do mesmo valor e de características técnicas emitidas até 1990.

A série correspondente à Região Autónoma da Madeira foi cunhada em 1981, com desenho proposto pelo Governo Regional, e lançada em circulação desde Maio de 1982. Foi ainda produzida uma coleção em moedas de prata com toque 925 º/oo com acabamento especial proof e as mesmas características das moedas comemorativas correntes. A cunhagem de espécimes numismáticos em metal diferente do da emissão corrente constituiu uma importante inovação na história monetária portuguesa contemporânea, tendo surgido na sequência de consultas feitas pela INCM a algumas entidades especializadas (revistas da especialidade e associações de colecionadores). A sua introdução em Portugal seguiu de perto o que já então se praticava mas emissões monetárias comemorativas inglesas, onde a cunhagem de moedas de liga pobre (cuproníquel) de curso legal e distribuição pública pelo valor facial, suportava a emissão de espécimes numismáticos do mesmo diâmetro e peso cunhados em discos de metal nobre (prata), destinados a serem vendidos aos colecionadores por um preço substancialmente superior ao valor facial, sem ofender os princípios básicos da numismática.

A série era composta por uma moeda de 25$00, com 28,5 mm e 11 gramas de peso e uma de 100$00 com 34 mm e 16,5 gramas de peso. Os motivos eram semelhantes e foram selecionados pelo Governo Regional da Madeira e eram de autoria da escultora Manuela Granja. Assim, no anverso, apresentava as legendas “República Portuguesa” e “R.A.M.” no rebordo. Ao centro, na parte superior, o escudo nacional e o escudo da madeira e, por baixo, o valor facial. No reverso surgia no bordo a legenda “Região Autónoma da Madeira” e a era “1981”. No Campo, ao centro, a efígie de João Gonçalves Zarco descobridor oficial do arquipélago e, por baixo, a legenda “Zarco”.

Região Autónoma da Madeira

A Madeira, oficialmente designada por Região Autónoma da Madeira, é um arquipélago português dotado de autonomia política e administrativa através do Estatuto Político Administrativo da Região Autónoma da Madeira, previsto na Constituição da República Portuguesa. A Madeira faz parte integral da União Europeia com o estatuto de região ultraperiférica do território da União, conforme estabelecido no artigo 299º-2 do Tratado da União Europeia.

160 Apontamentos: Escudo

Uma das teorias dos historiadores é de que as ilhas da Madeira e de Porto Santo foram descobertas primeiro pelos Romanos e que ficaram conhecidas como as “Ilhas de púrpura” mas é um assunto relativamente debatido entre os historiadores e não se encontrou um consenso, dado poder referir-se a outras ilhas mais a sul. Mais tarde o arquipélago foi redescoberto pelos portugueses, nomeadamente Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco em 1419, que apelidou a ilha com o nome Madeira devido à abundância desta matéria-prima. Primeiro, foi descoberta a ilha do Porto Santo (1418), por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira; depois, a ilha da Madeira (1419), com Bartolomeu Perestrelo, que acompanhava de novo João Gonçalves Zarco.

É um arquipélago bastante turístico durante todo o ano, devido ao seu clima com temperaturas amenas tanto no Inverno como no Verão e também famoso pelo seu espetacular fogo-de-artifício no Ano Novo, classificado como o maior espetáculo pirotécnico do mundo na passagem de ano de 2006 para 2007, assim como pelo seu vinho licoroso característico conhecido mundialmente como Vinho da Madeira, pelas suas flores e pelas suas paisagens com montanhas abruptas, vales verdejantes e floridos, o panorama do mar e das escarpas do litoral e pelas suas praias de areia dourada da ilha do Porto Santo.

Tendo sido notadas as potencialidades das ilhas, bem como a importância estratégica destas, iniciou-se por volta de 1425 a sua colonização, que terá sido uma iniciativa de D. João I ou do Infante D. Henrique. A partir de 1440 estabeleceu-se o regime das capitanias com a investidura de Tristão Vaz Teixeira como capitão-donatário da capitania de Machico; seis anos mais tarde Bartolomeu Perestrelo tornou-se capitão-donatário do Porto Santo e em 1450 Zarco é investido capitão-donatário da capitania do Funchal.

Os três capitães-donatários levaram, na primeira viagem, as respetivas famílias, um pequeno grupo de pessoas da pequena nobreza, gente de condições modestas e alguns antigos presos do reino. Para auferirem de condições mínimas para o desenvolvimento da agricultura, tiveram que desbastar uma parte da densa floresta de Laurissilva e construir um grande número de canalizações de água (levadas), visto que numa parte da ilha havia água em excesso enquanto na outra esta escasseava. Nos primeiros tempos, o peixe constituía o principal meio de subsistência dos povoadores assim como os produtos hortofrutícolas.

A primeira atividade agrícola local com grande relevo foi a cultura cerealífera do trigo. Inicialmente, os colonizadores produziam trigo para a sua própria subsistência mas, mais tarde, este passou a ser um produto de exportação para o reino. No entanto, inexplicavelmente, a produção cerealífera entrou em queda. Para superar a crise o infante D. Henrique resolveu mandar plantar na ilha da Madeira a cana-de-açúcar, rara na Europa e, por isso, considerada especiaria, promovendo, para isso, a vinda, da Sicília, da soca da primeira planta e dos técnicos especializados nesta cultura. A produção de açúcar atraiu à ilha comerciantes judeus, genoveses e portugueses. A cultura da cana foi por excelência um dinamizador da economia insular. A produção da cultura sacarina cresceu de tal forma que

161 Apontamentos: Escudo

surgiu uma grande necessidade de mão-de-obra. Para satisfazer esta carência foram levados para a ilha escravos originários das Canárias, de Marrocos, Mauritânia e mais tarde, de outras zonas de África. A cultura da cana e a indústria da produção de açúcar desenvolver-se-iam até ao século XVII, seguindo-se a indústria da transformação, as alçapremas fazendo a extração do suco para, depois, vir a fazer-se o recozer dos meles como então se chamava à fase da refinação.

A partir do século XVII será o vinho o mais importante produto da exploração madeirense, já que a cultura da cana-de-açúcar fora, entretanto, incentivada no Brasil (a partir de 1530) e em São Tomé e Príncipe, o que abalou profundamente a economia madeirense.

A Madeira serviu também como modelo para a colonização do Brasil, baseado nas capitanias hereditárias e nas sesmarias, conforme atesta a nomeação de Pero de Góis por D. João III, em 25 de Agosto de 1536, quando o rei determinou que exercesse o cargo da maneira que ele deve ser feito e como o é o provedor da minha fazenda na Ilha da Madeira.

Durante o século XV a Madeira desempenhou um importante papel nos descobrimentos portugueses. Tornou-se também famosa pelas rotas comerciais que ligavam o porto do Funchal a toda a Europa. E foi no arquipélago da Madeira que o mercador Cristóvão Colombo aprofundou os conhecimentos da arte de navegar e planeou a sua célebre viagem para a América. Nos séculos XVII e XVIII, uma grave crise económica e alimentar motivaram a Diáspora madeirense. Milhares de famílias partiram para as colónias. Na Madeira, o povo sofria com a fome e a miséria. Em 1747, D. João V ordena o recrutamento voluntário de casais para povoarem a ilha de Santa Catarina. Em 1751, o governador Manuel Saldanha da Gama escreve: Nalguns portos da Ilha, o povo só se alimentava de raízes, flor de giesta e frutos. No mesmo ano, o rei D. José mandou recrutar, só na cidade do Funchal, mil casais sem meios de subsistência para promover o povoamento das colónias, sobretudo do Brasil.

João Gonçalves Zarco

João Gonçalves Zarco (c. 1390, Funchal, 21 de Novembro de 1471]) foi um navegador português e cavaleiro fidalgo da Casa do Infante D. Henrique. Comandante de barcas foi escolhido pelo Infante para organizar o povoamento e administrar por si a Ilha da Madeira, na parte do Funchal, a partir de cerca de 1425.

Pouco ou nada se sabe de concreto sobre os antecedentes de Zarco, sendo provável que tenha estado na conquista de Ceuta em 1415 e que os bons serviços prestados então tenham sido decisivos para a sua escolha pelo Infante D. Henrique para liderar o seu projeto de colonização do Arquipélago da Madeira, já conhecido desde meados do século XIV, mas até então despovoado e apenas usado esporadicamente para aguada e descanso das tripulações de navios que ali eventualmente chegavam. Zarco até 1460 aparece documentado como João Gonçalves Zargo, assinando Zargo.

Em 1460 o Rei D. Afonso V atribui armas e o apelido de família Câmara de Lobos a João Gonçalves Zarco, que passa a partir de então a designar-se por João Gonçalves de Câmara, nunca usando, no entanto, o apelido na sua forma composta original. A troca, a partir de 1460,

162 Apontamentos: Escudo do nome “Zargo” pelo “de Câmara”, é uma forte evidência de que Zargo seria, de facto, o seu nome de família.

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Manuela Granja Decreto: 299/80 de 16/08/1980; 326/81 de 04/12/1981 Ano Cunhagem Código 1981 770 000 057.01

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Manuela Granja Decreto: 299/80 de 16/08/1980; 326/81 de 04/12/1981 Ano Cunhagem Código 1981 270 000 058.01

Ano Internacional do Deficiente

A legislação associada à emissão comemorativa do Ano Internacional do Deficiente foi aprovada pelos decretos- lei 253/82 de 4 de Setembro e 22/83 de 22 de Janeiro durante o governo de Francisco Pinto Balsemão, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes. Embora as leis de aprovação tenham sido emitidas apenas em 1982-83, as moedas foram emitidas com data de 1981 (cunhadas em 1983 e emitidas em 1984) de acordo com a efeméride em comemoração.

De acordo com a introdução do decreto-lei de 1982: “A exemplo da iniciativa da UNICEF e do secretariado do IYDP (International Year of Disabled Persons), de estabelecer um programa

163 Apontamentos: Escudo

internacional de emissão de moedas para assinalar 1981 como o ano internacional das pessoas deficientes, dentro de uma vasta campanha, a nível mundial, com vista a prevenir as incapacidades, a intensificar a assistência ao deficiente e a educar o público acerca dos seus direitos e necessidades, por sugestão da CCNOD (Comissão Coordenadora Nacional dos Organismos dos Deficientes), o Governo como manifestação do real interesse que o assunto merece por parte da população portuguesa, determina que se proceda a uma emissão de moedas alusivas ao acontecimento.

“Seguindo o critério adotado pelo Secretariado do IYDP para as emissões internacionais, também a emissão nacional de moedas contempla a representação em efígie de personalidades de mérito, que, ou alcançaram posições de relevo, a despeito das suas incapacidades, ou se distinguiram pelo contributo científico que puseram à disposição dos deficientes.

“É assim que a escolha recaiu sobre o nome de 2 portugueses ilustres: António Feliciano de Castilho, intelectual de grande prestigio na cultura portuguesa do século passado, e Jacob Rodrigues Pereira, judeu de origem portuguesa, considerado um dos beneméritos da humanidade por ter sido o iniciador de um método de ensino para surdos-mudos e autor da obra Observations sur les sourdes-muets, publicada em França no ano de 1762.”

A declaração pelas Nações Unidas de que o ano de 1981 seria dedicado às pessoas deficientes levou ao lançamento pela UNICEF, em Março de 1980, de um vasto programa internacional de emissão de moedas comemorativas, cujos lucros de comercialização seriam utilizados para custear uma campanha, a nível mundial, de prevenção das incapacidades, de assistência aos incapacitados e de educação pública sobre os seus direitos e necessidades.

Por sugestão da Comissão Coordenadora Nacional dos Organismos dos Deficientes (CCNOD), a INCM preparou uma amoedação alusiva ao Ano Internacional do Deficiente, tendo convidado em Maio de 1981 o escultor Armando Matos Simões para executar os desenhos, cuja temática versaria duas personalidades portuguesas de reconhecido mérito no círculo dos incapacitados.

A escolha recaiu sobre António Feliciano de Castilho (1800-1885), grande figura da cultura portuguesa do século XIX, apesar de invisual (já lembrado na notafilia portuguesa na chapa 2 de 1000 escudos), e Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), considerado como um dos beneméritos da Humanidade por ter sido o iniciador de um método de ensino para surdos- mudos.

Na estrutura monetária desta emissão seguiu-se o exemplo das moedas comemorativas das autonomias regionais (25$00 e 100$00 de cuproníquel), com uma alteração importante: o projeto original do escultor Matos Simões para o anverso comum, muito estilizado e sem uma clara perceção dos símbolos heráldicos nacionais, seria substituído pelo modelo de Marcelino Norte de Almeida primeiramente utilizado na moeda comemorativa do Marechal Carmona e nas moedas de Alexandre Herculano, iniciando-se assim uma prática de normalização da representação do Escudo Nacional nos anversos de amoedações comemorativas.

164 Apontamentos: Escudo

Apesar de aprovada por despacho do secretário de Estado do Tesouro, Walter Marques, de 15 de Outubro de 1981, a publicação definitiva do diploma autorizando esta cunhagem só teve lugar em Janeiro de 1983 (Decreto-Lei n.º 253/82, de 4 de Setembro, retificado pelo Decreto- Lei n.º 22/83, de 22 de Janeiro).

As duas moedas desta série acabariam por ser lançadas em circulação em Junho de 1984, por ocasião da abertura do XV Congresso Mundial de Reabilitação. Por proposta de António Trigueiros, foi incluído nesse diploma um articulado que permitia a afetação ao Ministério dos Assuntos Sociais de parte dos lucros das amoedações (50.000 contos), para financiamento de programas de reabilitação de deficientes.

Na moeda de 25 escudos surgia no anverso no centro do campo o escudo das armas nacionais, orlado na parte superior pela legenda “República Portuguesa” e na parte inferior pela inscrição do respetivo valor facial em algarismos “25$00”. No reverso ostentava a legenda circular, na orla superior, “Ano Internacional do Deficiente 1981”, em duas linhas, e, na orla inferior, “Trabalho-Reabilitação”. No campo, a efígie estilizada de António Feliciano de Castilho, interrompendo a legenda na orla inferior e à esquerda, o seu nome e as eras “1800-1885”, em 6 linhas. A moeda de 100 escudos tinha no anverso idêntico apenas com outro valor facial. O reverso ostentava a legenda circular, na orla superior, “Ano Internacional do Deficiente 1981”, em duas linhas e na orla inferior, “Trabalho-Reabilitação”. No campo, a efígie estilizada de Jacob Rodrigues Pereira, interrompendo a legenda na orla inferior e à direita, o seu nome e as eras “1715-1780”, em 5 linhas.

Ano Internacional das Pessoas Deficientes

O ano de 1981 foi proclamado o Ano Internacional das Pessoas Deficientes pelas Nações Unidas. Teve como objetivo chamar as atenções para a criação de planos de ação, na tentativa de dar ênfase à igualdade de oportunidades, reabilitação e prevenção de deficiências.

O lema deste evento foi "Participação plena e igualdade", o qual foi definido como um direito das pessoas com deficiência, a fim de que elas possam viver de maneira completa, ter parte ativa no desenvolvimento das suas sociedades, tirar proveito das suas condições de vida de modo equivalente a todos os outros cidadãos e ter direito à sua parte no que diz respeito às melhorias das condições que resultam do desenvolvimento socioeconómico.

O maior resultado do Ano Internacional das Pessoas Deficientes foi a criação do Programa Mundial de Ação para pessoas com deficiência, formulado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em Dezembro de 1982. A Década Internacional das Pessoas Deficientes ocorreu de 1983 a 1993. Todos os anos, dia 3 de Dezembro, desde 1998, é identificado pelas Nações Unidas como o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.

165 Apontamentos: Escudo

Jacob Rodrigues Pereira

Foi educador de surdos, que embora usasse gestos, defendia que os surdos deveriam ser oralizados. Nascido em 1715 em Peniche no seio de uma família judia com raízes em Chacim, Macedo de Cavaleiros, emigrou ainda criança para Bordéus levado pelos pais, Magalhães Rodrigues Pereira e Abigail Ribea Rodrigues, que tentavam escapar à Inquisição.

Foi em França que desenvolveu o seu trabalho com surdos. Usava o alfabeto manual para o ensino da fala. Nunca publicou os seus estudos, sendo que apenas se conhecem os seus métodos devido ao testemunho de alguns de seus alunos e alguns documentos que a família conseguiu preservar (esses métodos consistiam na crença de que a configuração da mão designava a posição e o movimentos dos órgãos de fala aquando da produção do som, além das letras usadas na escrita para representar o som). Modificou o alfabeto manual de Bonet, fazendo corresponder a cada gesto, um som. Embora toda a vida tenha defendido que a fala era necessária ao surdo, nos seus últimos anos aceitou a ideia de que a língua gestual era a melhor forma de comunicação entre surdos.

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Armando Matos Simões (reverso) Decreto: 253/82 de 04/09/1982; 22/83 de 22/01/1983 Ano Cunhagem Código 1981 2 000 000 059.01

166 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Armando Matos Simões (reverso) Decreto: 253/82 de 04/09/1982; 22/83 de 22/01/1983 Ano Cunhagem Código 1981 1 000 000 060.01

Mundial Hóquei 1982

A legislação associada à emissão da série comemorativa do Mundial de Hóquei foi aprovada pelo decreto-lei 354/82 de 4 de Setembro durante o governo de Francisco Pinto Balsemão, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes. Embora aprovada e produzida em 1982, as moedas foram emitidas em 1983.

O interesse pelo Hóquei em Patins é enorme, sendo Portugal uma das suas potências a nível mundial A organização do Mundial de 1982 em Barcelos despertou a atenção num país em crise. Assim, como é referido na introdução da lei que aprovou a emissão desta série: “A modalidade desportiva de hóquei em patins, praticado em Portugal Dorita de Castel-Branco desde 1922, é um dos desportos pelo qual os Portugueses têm mostrado Nasceu em Lisboa (13-09-1936) onde grande entusiasmo e em cuja prática bastantes atletas se têm veio a falecer (1996).Em 1962 concluiu o Curso Superior de Escultura da distinguido, tendo mesmo as seleções nacionais, a partir de 1947, ESBAL; foi bolseira da Fundação atingido posição de grande notoriedade ao saírem vencedoras em largas Calouste Gulbenkian em Paris, onde frequentou a École Supérieure de dezenas de provas internacionais, nomeadamente nos campeonatos do Beaux-Arts e a Académie du Feu. mundo e nas taças das nações. Foi também medalhista, onde alcançou grande notoriedade, trabalhou em numismática e “Estas circunstâncias, ligadas aos factos de, neste ano de 1982, passarem ilustração. Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas, 60 anos sobre o início da prática da modalidade em Portugal, de se ter nomeadamente na Sociedade Nacional realizado em território nacional o XXV Campeonato Mundial de Hóquei de Belas-Artes ou na Fundação Gulbenkian, tendo alcançado diversos em Patins e de a equipa portuguesa se haver consagrado campeã prémios. mundial, justificariam, só por si, que se assinalasse aquela importante As suas obras estão expostas em edifícios, jardins e praças públicas em realização desportiva com a emissão de moedas correntes Lisboa, Brasília ou Macau, e ainda no comemorativas, o que já era, de há tempo, intenção do Governo, agora Museu de Arte Moderna e na Biblioteca Nacional, em Lisboa. concretizada.”

167 Apontamentos: Escudo

Em simultâneo com a publicação do primeiro diploma relativo às moedas do Ano Internacional do Deficiente, foi criada uma coleção de 4 moedas comemorativas do XXV Campeonato Mundial de Hóquei em Patins, com valores faciais correntes de 1$00 (latão-níquel), 2$50, 5$00 e 25$00 (cuproníquel), assinalando a passagem do sexagésimo aniversário do início da prática desta modalidade desportiva em Portugal e a realização em Barcelos deste grande evento, que a equipa das quinas se sagrou campeã mundial (Decreto-Lei n.º 354/82, de 4 de Setembro).

Proposta a 6 de Março de 1981 pela Federação Portuguesa de Patinagem, esta emissão receberia despacho concordante do então secretário de Estado do Tesouro, Loureiro Borges, onde se considerava que “o acontecimento tem dignidade e interesse suficiente para merecer este tipo de comemoração”.

Para a execução dos desenhos foi convidada a escultora Dorita Castel-Branco, que aproveitou de forma excelente as quatro faces das moedas a cunhar, criando uma sequência visual de várias fases do jogo, desde o arranque da jogada (moeda de 1$00), ao passe, remate e defesa (moedas de 2$50, 5$00 e 25$00), respetivamente.

A utilização de discos metálicos para moedas circulantes e a rapidez com que todo o processo de autorização legislativa foi conduzido permitiram a cunhagem destas moedas em 1982, mas o seu lançamento em circulação só teria lugar em Junho de 1983.

XXV Mundial de Hóquei em Patins

O XXV Mundial de Hóquei em Patins teve lugar em Barcelos (Portugal) entre 1 e 16 de maio de 1982. Participaram 22 países, repartidos na primeira ronda por 4 grupos. Os três primeiros classificados de cada grupo disputou a ronda final em sistema de liguilha.

Participaram as seleções europeias da Portugal (organizador), República Federal da Alemanha, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Holanda, República da Irlanda e Suíça. Da América do Sul participaram a Argentina, o Brasil, a Venezuela, a Colômbia e o Chile. Da América Central e Norte, os Estados Unidos da América, a Guatemala, o México e o Canadá. De África a seleção de Angola e da Ásia o Japão. Da Oceânia participaram a Austrália e a Nova Zelândia.

Portugal ficou integrado no Grupo C em conjunto com a Itália, Angola, Austrália e Guatemala e venceu todas as partidas, destacando-se a goleada sobre a Guatemala (52-1), a qual foi a maior goleada do torneio.

Na segunda fase do torneio participaram doze equipas (classificadas na seguinte ordem: Portugal, Espanha, Argentina, Chile, Itália, Estados Unidos da América, República Federal Alemã, Suíça, Holanda, Brasil, Angola e Colômbia). Todas

168 Apontamentos: Escudo as equipas jogaram entre si, destacando-se Portugal que venceu todas as partidas com exceção da Holanda (empate a dois golos).

Ficha Técnica

Peso: 3 g Diâmetro: 18 mm Bordo: Liso Eixo: Horizontal Metal: Latão-níquel Composição: Cu 790, Zn 200, Ni 10 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Dorita Castel- Branco (reverso) Decreto: 354/82 de 04/09/1982 Ano Cunhagem Código 1982 2 000 000 061.01

Ficha Técnica

Peso: 3,5 g Diâmetro: 20 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Dorita Castel- Branco (reverso) Decreto: 354/82 de 04/09/1982 Ano Cunhagem Código 1982 2 000 000 062.01

Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 24,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Dorita Castel- Branco (reverso) Decreto: 354/82 de 04/09/1982 Ano Cunhagem Código 1982 2 000 000 063.01

169 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Dorita Castel- Branco (reverso) Decreto: 354/82 de 04/09/1982 Ano Cunhagem Código 1982 2 000 000 064.01

Euclides Vaz Escultor português (Ílhavo, 1916 – Colares, 1991). Durante 30 anos dedicou-se ao ensino da escultura e da medalhística, tendo sido agraciado com a medalha da Instrução Pública (Cavaleiro) e recebido os prémios Ruy Gameiro e Soares dos Reis. Estendeu a sua ação a Portugal e às antigas colónias de Angola, Cabo Verde, Guiné, Macau e Moçambique. Gizou várias estátuas salientando-se as de Pedro Escobar, Jorge Alvares, Vicente Ferreira, João Afonso de Aveiro, D. João III, Luís de Camões, D. João Evangelista de Lima Vidal, Alcaide de Faria, Madre Teresa da Anunciada, Dr. Egas Moniz, Grupo escultórico do Largo Roseiral, monumento a Norton de Matos e a estátua da Justiça para o tribunal de Aveiro, estátua a D. Afonso III, estátua do Campo Grande. Produziu ainda diversos baixos-relevos integrados nos seguintes tribunais: Porto, Lisboa, Celorico da Beira, Montijo, Ponte de Sor, Santarém, Grândola, Santiago do Cacém e Monção. Na numismática executou várias medalhas, entre as quais: Visita do General Craveiro Lopes a Goa, Inauguração da Faculdade de Letras de Lisboa; Inauguração do Palácio da Justiça; Inauguração do Seminário de Portalegre; Comemoração da Descoberta da Guiné; Remodelações do Hospital do Ultramar; Congresso das Águas Tremais; Cinquentenário de Nova Lisboa; Monumento a Norton de Matos; 12 Placas Virtudes Cardeais; 12 Signos do Zodíaco; Comemorativa do Monumento ao Arcebispo de Aveiro, D. João de Lima Vidal; Natal de 1982; A Mãe; Alfândega de Lisboa; Congresso da Ordem dos Engenheiros; Estação Agronómica Nacional; D. António Prior do Crato; Camões (faz parte de um conjunto de medalhas de diversos artistas); Comemorativa do terramoto dos Açores. Elaborou também as moedas FAO de 2$50, 5$00 e 25$00 escudos.

FAO – Dia Mundial da Alimentação

A legislação associada à emissão da série comemorativa do Dia Mundial da Alimentação foi aprovada pelo decreto-lei 127/84 de 26 de Abril durante o governo de Mário Soares, era o representante pelas Finanças o ministro Ernâni Rodrigues, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes. Embora aprovada e produzida em 1984, as moedas tinham data de 1983.

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Desde 1974 que a Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) instituí o dia 16 de Outubro para ser comemorado como o “Dia Mundial da Alimentação”. Tal ato tinha por finalidade chamar a atenção de todos os países membros para a degradação que, neste domínio, existe no Mundo.

De facto, mais de 500 milhões de seres humanos padecem de malnutrição e milhares de outros morrem diariamente de fome, são situações de tal modo angustiantes que tudo o que se faça para alertar a consciência individual dos povos é pouco para tão grande flagelo que assola a Humanidade.

Em Portugal, as comemorações destinadas a assinalar o dia 16 de Outubro de 1983 incluíram diversas ações, entre as quais a provisão do lançamento de uma coleção de moedas comemorativas.

A edição comemorativa teve por base as moedas circulantes de 2$50, 5$00e 25$00em cuproníquel. Para a escultura da face comemorativa foi selecionado o trabalho de Euclides Vaz, o qual desenvolveu um trabalho no qual faz referência às bases da alimentação portuguesa: o cereal (milho na moeda de2$50), a carne (vaca em moeda de 5$00) e o peixe (moeda de 25$00).

Dia Mundial da Alimentação

O Dia Mundial da Alimentação é celebrado no dia 16 de Outubro de cada ano para comemorar a criação em 1945 da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). O objetivo do Dia Mundial da Alimentação é consciencializar o conjunto da humanidade sobre a difícil situação que enfrentam as pessoas que passam fome e estão desnutridas, e promover em todo o mundo a participação da população na luta contra a fome.

Todos os anos, mais de 150 países celebram este evento. Nos Estados Unidos, 450 organizações voluntárias nacionais e privadas patrocinam o Dia Mundial da Alimentação e em quase todas as comunidades existem grupos locais que participam ativamente. Durante o Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela primeira vez em 1981, ressalta-se cada ano um tema em que se focalizam todas as atividades.

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Ficha Técnica

Peso: 3,5 g Diâmetro: 20 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Euclides Vaz (reverso) Decreto: 127/84 de 26/04/1984 Ano Cunhagem Código 1983 950 000 065.01

Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 24,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Euclides Vaz (reverso) Decreto: 127/84 de26/04/1984 Ano Cunhagem Código 1983 950 000 066.01

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Marcelino Norte Almeida (anverso), Euclides Vaz (reverso) Decreto: 127/84 de 26/04/1984 Ano Cunhagem Código 1983 950 000 067.01

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XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura

A legislação associada à emissão da série comemorativa da XVII Exposição de Arte, Ciências e Cultura foi aprovada pelo decreto-lei 84/83 de 28 de Janeiro durante o governo de Francisco Pinto Balsemão, sendo ministro das Finanças João Fernandes Salgueiro e Presidente da República António Ramalho Eanes.

De acordo com o decreto que autorizou a emissão comemorativa: “Desde 1954 que sob os auspícios do Conselho da Europa se têm realizado em diversas capitais da Europa exposições de arte. Estas exposições, que anteriormente se confinavam a temas de arte europeia, passaram, a partir da XVI Exposição, que se realizou em Florença, a abranger aspectos relacionados com a ciência e a cultura, tendo por finalidade realçar a herança cultural europeia e alicerçar o fundo comum da civilização que neste continente se desenvolveu ao longo da história.

“Neste novo contexto se insere a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura, a inaugurar em Lisboa em 7 de Maio de 1983 e subordinada ao tema “Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento”.

“Pela própria temática, esta exposição extravasa os limites do continente europeu, exemplificando a recolha e expansão mútua com influência em novos espaços extra-europeus, o que naturalmente lhe vem dar um carácter universal.

“Considera por isso o Governo dever assinalar tão importante realização cultural com a emissão de 3 moedas comemorativas, em cujos reversos serão representadas faces de outras moedas ligadas a momentos dos mais significativos na epopeia de Portugal e na história da civilização: conquista dos mercados do ouro africano, assinalada pelo “meio escudo” de ouro, de Ceuta, de D. Afonso V; partida da armada de Vasco da Gama para a Índia, assinalada pelo “português” de ouro, de D. Manuel I; expansão comercial na época dos Descobrimentos, assinalada pelo “índio” de prata, de D. Manuel I.”

A edição comemorativa foi preparada por um dos maiores nomes do estuda da Numismática portuguesa: António Trigueiros. Responsável pelas exposições de numismática associadas seleccionou três belos exemplos da numária portuguesa: o meio escudo de D. Afonso V batido em Ceuta, o Português de D. Manuel I e o Índio de prata de D. Manuel I. O escultor foi Valente de Carvalho. As moedas constituíram uma bela colecção em prata (toque 835). Os valores foram os pouco habituais 500$00, 750$00e 1000$00. As moedas apresentaram anverso comum constituído na parte superior do campo central pela representação da cruz de Cristo, na parte inferior do mesmo campo pelo desenho do astrolábio, símbolo adoptado para a XVII Exposição, ficando ambas as figuras assentes sobre o desenho da esfera armilar, ladeada pela era em algarismos separados 19-83. Por baixo da esfera armilar o valor facial em algarismos. Na orla superior da moeda a legenda “República Portuguesa” e na orla inferior a legenda

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“Descobrimentos – Renascimento”, legendas essas separadas por dois florões. Nos reversos apresentavam-se as representações das respectivas moedas. Esta série teve uma emissão de 250 000 exemplares de cada.

No âmbito das suas funções de coordenador dos sectores de Numismática e Medalhística patentes em todos os cinco núcleos exposicionais, teve António Trigueiros a oportunidade de propor a emissão de uma colecção de três moedas da época dos Descobrimentos, criando-se assim uma original homenagem da moeda portuguesa contemporânea à moeda portuguesa antiga. Adicionalmente, os lucros destas amoedações poderiam financiar parte dos encargos que o Estado ia ter com a realização da Exposição.

Formalizada em Setembro de 1982, a estrutura monetária desta emissão recuperou o anterior projecto de moedas de prata com os valores de 250, 500 e 1.000 escudos previsto para o centenário de Camões, que seria mais tarde alterado para 500, 750 e 1.000 escudos, por forma a garantir um lucro confortável para o Estado.

Dos estudos económicos então realizados para o cálculo estimados dos lucros das amoedações resultou uma operação de empréstimo ao Ministério da Cultura de 265 000 contos, como adiantamento para as despesas com a exposição, autorizada por despacho de 4 de Novembro do secretário de Estado do Tesouro, Walter Marques.

Para ornamentar os reversos das três moedas foram seleccionadas algumas das mais significativas moedas dos Descobrimentos, cujo anverso seria fielmente reproduzido em desenho por Valente de Carvalho, técnico especialista em desenho gráfico da INCM e também autor da composição do anverso, e a sua modelação en escultura por Jerónimo Cabaço, chefe da secção de gravura numismática da Casa da Moeda.

XVII Exposição de Arte, Ciências e Cultura

A XVII Exposição Europeia de Arte Ciência e Cultura foi uma importante exposição de grandes dimensões realizada em Lisboa no ano de 1983, subordinada ao tema: Os descobrimentos portugueses e a Europa do renascimento.

A exposição foi dividida em 5 núcleos complementares, dedicados a subtemas. Materializados por museus e monumentos emblemáticos da capital portuguesa, os núcleos temáticos distribuíram-se da seguinte forma:

Casa dos Bicos - "A dinastia de Avis". De notar que os dois andares superiores da Casa dos Bicos foram reconstruídos no âmbito desta exposição, após terem sido destruídos pelo Terramoto de 1755.

Convento da Madre de Deus - "Os antecedentes medievais dos descobrimentos".

Mosteiro dos Jerónimos - "As navegações portuguesas e as suas consequências".

Torre de Belém - "Armaria dos séculos XV a XVII". Este monumento foi na altura submetido a obras de restauro e adaptação à exposição. No mesmo ano, a torre passou a integrar a lista do Património Mundial, da UNESCO.

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Museu Nacional de Arte Antiga - "Portugal dos descobrimentos e a Europa do renascimento".

Inaugurada a 7 de Maio de 1983, fechou as portas em Outubro do mesmo ano. A organização da exposição contou com a colaboração de Luís Filipe Llach Krus, Pedro Canavarro, Luís de Albuquerque (responsável pelo núcleo do Mosteiro dos Jerónimos, após a morte do Almirante Avelino Teixeira da Mota, que foi o responsável pela exposição deste núcleo até à sua morte, ocorrida a 1 de Abril de 1982) e José Mattoso (responsável pelo núcleo do Convento da Madre de Deus, do qual resultou a obra «A voz da terra ansiando pelo mar»), entre outras personalidades.

Meio Escudo de Ceuta de D. Afonso V

A moeda “Meio escudo” em ouro cunhada a mando de D. Afonso V como comemoração da conquista de Ceuta, figurando nela as tradicionais três torres e as muralhas de Ceuta banhadas pelo mar. Na legenda “CEPTE DOMIQ” (Senhor de Ceuta). A moeda foi cunhada com as marcas da Casa da Moeda de Ceuta em data posterior a 1450 e anterior a 1457. São conhecidos poucos exemplares, sendo de destacar o presente no Museu Numismático Português.

Índio de D. Manuel I

“Mandou mais lavrar no mesmo ano (1499) moeda de prata de lei de onze dinheiros do grandor dos Marcelos Venezeanos de sessenta e seis grãos de peso cada um, de quatro mil e seiscentos e oito grãos no marco, que faziam por marco setenta peças de trinta e três reais cada uma, à qual moeda chamavam Indios, e tinha de uma parte a mesma cruz, e letreiro que os portugueses, e da outra o escudo das armas do Reino com o letreiro primus Emanuel.”

O Índio foi uma moeda de prata com um toque de 916,6 ‰. Valia 33 reais brancos, pesa 3,28 g e tem 26mm de diâmetro. Foi cunhada em 1499, no reinado de D. Manuel I, em memória do descobrimento da Índia. Destinava-se a circular nos mercados orientais, mas não teve aceitação devido ao seu baixo peso e a sua emissão foi suspensa. Talvez seja este o motivo porque apenas restou um único exemplar!

O primeiro proprietário conhecido do Índio foi Julius Meili. Nascido a 13 de Março de 1839 na Suíça e falecido em 17 de Agosto de 1907 em Zurique, aos 68 anos de idade, foi Cônsul da Suíça na Baía entre 1875 e 1892, Ele foi um dos maiores estudiosos da numismática brasileira, tendo sido inclusivamente apelidado como o “Pai da Numismática Brasileira”. Reuniu durante os anos que passou no Brasil uma espectacular colecção de moedas, de notas e de medalhas, tanto brasileiras como portuguesas. Não se contentou em coleccionar, escreveu livros e matérias notáveis que ainda hoje constituem uma das principais fontes de referência para a numismática brasileira. A sua

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colecção foi deixada ao Schweizerisches Landesmuseum de Zurique que por falta de interesse na época (colecção alheia aos objectivos do museu) colocou a colecção à disposição, sendo vendida em leilão pela primeira vez em Amesterdão, pela empresa de J. Shulman em 23 de Maio de 1910. Depois deste primeiro leilão houveram outros, mas ao que parece nem todo o acervo se dispersou, sendo que muitas das peças, como por exemplo as notas, encontram-se hoje no Centro Cultural do Banco do Brasil e uma boa parte das moedas no Museu Histórico Nacional, ambos no Rio de Janeiro.

No catálogo do leilão da colecção Julius Meili, realizado em Amsterdão em Maio de 1910, sob o número 209, encontrava-se uma moeda de D. Manuel I, que se encontrava classificada por Schulman como ensaio de Cruzado. Esta moeda foi vendida por 105 florins a António Andrade. Mais tarde veio a verificar-se que se tratava da célebre e desconhecida moeda de D. Manuel I – o Índio. Refira-se que esta moeda permaneceu desconhecida durante quatro séculos e meio, até meados do século XX.

Da colecção do Comendador António Pedro de Andrade, fazia parte o Índio. Este português, nascido em 1839 na cidade do Funchal, emigrou para o Brasil com dezasseis anos, começando a trabalhar como jornalista e, depois, como bancário, no Banco Comercial do Rio de Janeiro, onde foi gerente de filial, director e depois presidente. Era um apaixonado coleccionador de minerais, selos, moedas e medalhas.

Sabe-se hoje, pela comparação entre as peças do seu acervo e os catálogos internacionais de leilões, que era um assíduo comprador de tudo o que aparecia nos famosos leilões da casa J. Schulman, de Amesterdão. Foi ele o comprador do Índio de prata de D. Manuel I, e de muitas outras raridades portuguesas e brasileiras.

A sua extraordinária colecção de moedas e de medalhas foi doada à Biblioteca Nacional do Brasil após a sua morte em 1921, tendo ingressado em 1922 na colecção do Museu Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, local onde ainda hoje se encontra o único exemplar conhecido do Índio.

Português de D. Manuel I

Em termos numismáticos apresenta várias particularidades: foi a primeira onde surgiu a Cruz da Ordem de Cristo e a primeira onde D. Manuel I inscreveu os seus novos títulos: Conquista, Navegação, Comércio, Etiópia, Arábia, Pérsia, Índia. Por outro lado, foi uma moeda de grande significado económico, muito apreciada pelo seu peso e toque. Durante cerca de 70 anos foi a maior e mais pesada moeda de ouro cunhada por um país europeu. (valia 10 cruzados, ou seja 3 900 reais e pesava cerca de 35,5 gramas).

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“Reconhecido e aceite internacionalmente, o seu prestigio é testemunhado pelas inúmeras emissões de “portugalösers” ou “portugalóides”, moedas com motivos, peso e dimensões semelhantes aos da moeda portuguesa, cunhadas em várias cidades da Liga Hanseática e reinos do Norte da Europa”.

Apresenta, no anverso, em duas legendas envolvendo o escudo coroado, Manuel I, Rei de Portugal e dos Algarves, daquém e além-mar em África, Senhor da Guiné, da conquista e navegação e comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. No reverso, ao centro, a Cruz de Cristo e na orla, a legenda: Com Este Sinal Vencerás.

Sobre ela, escreveu Damião de Góis “Mandou lavrar no ano de 1499 os Portugueses de ouro, de 10 cruzados de valor cada um de 24 quilates, que era a mesma lei dos cruzados, os quais Portugueses tinham de uma parte por cunhos a Cruz da Ordem de Cristo, e um letreiro que dizia, IN HOC SIGNO VINCES, e da outra parte tinham o escudo das armas do Reino com uma coroa, e dois letreiros, um na garfilla de fora ao redor que dizia PRIMUS EMANUEL REX PORTUGALIE ALGARBIORUM CITRA VLARA IN AFRICA DOMINUS GUINEAE, e outro letreiro ao redor das armas que dizia, CONQUISTA, NAVEGAÇÃO, COMÉRCIO, ETHIOPIAE, ARABIAE, PERSIAE, INDIAE.”

Ficha Técnica

Peso: 7 g Diâmetro: 25 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 835 Autor: António Trigueiros e Valente de Carvalho Decreto: 84/83 de 11/02/1983 Ano Cunhagem Código 1983 250 000 068.01

Ficha Técnica

Peso: 12,5 g Diâmetro: 30 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 835 Autor: António Trigueiros e Valente de Carvalho Decreto: 84/83 de 11/02/1983 Ano Cunhagem Código 1983 250 000 069.01

177 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 21 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Prata Composição: Ag 835 Autor: António Trigueiros e Valente de Carvalho Decreto: 84/83 de 11/02/1983 Ano Cunhagem Código 1983 250 000 070.01

António Trigueiros Licenciou-se em Engenharia Química Industrial pelo Instituto Técnico de Lisboa. Além da sua actividade profissional com engenheiro químico, desde muito cedo se dedicou ao estudo da história monetária portuguesa, tendo um vasto currículo de trabalhos de investigação publicados em Portugal e no estrangeiro. Foi director e editor da MOEDA - Revista portuguesa de Numismática e Medalhística entre 1974 e 1985; coordenador dos sectores de Numismática e Medalhística da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura (1983); assessor da Administração da INCM; membro do Conselho de Numismática da INCM entre 1983 e 1995; e vogal da Comissão Nacional dos Descobrimentos Portugueses, sendo autor e coordenador do programa monetário comemorativo dos Descobrimentos (1987-2001). Em 1976 foi autor, a pedido da Secretaria de Estado do Tesouro, de um estudo sobre a introdução em Portugal da produção e comercialização de moeda metálica com fins numismáticos, que esteve na base da publicação do primeiro diploma estruturante e regulamentador dessa nova actividade da INCM. Em 1985 foi convidado a ingressar nos quadros da INCM, tendo concentrado os seus esforços na modernização fabril e na reorganização comercial da Casa da Moeda, e lançado as bases de um novo conceito estratégico de valor monetário, da moeda metálica como sinal de cultura. Foi co-autor da reforma do sistema de moeda metálica de 1986-1991 e da maioria dos diplomas sobre moeda metálica publicados de 1983 a 1997. Recebeu em 1992, em Basileia (Suíça), o "Prémio Europe de Numismatica - Vreneli", pela sua contribuição para a valorização cultural e histórica da moderna indústria da moeda, pela primeira vez atribuída a um director de uma casa de moeda.

1000 Escudos Ch. 12 Teófilo Braga

Jacinto Nunes

José Tavares Moreira

178 Apontamentos: Escudo

Luís Miguel Beleza

Vítor Constâncio

Alexandre Vaz Pinto

Walter Waldermar Pego Marques

António Palmeiro Ribeiro

Alípio Pereira Dias

António Mendo Castel Branco Borges

António Bagão Félix

Rui Vilar

Luís Miguel Beleza

Walter Waldermar Pego Marques José Cardoso Veloso

Alberto José Santos Ramalheira

Abel Moreira Marques Abel António Pinto dos Reis

João Morais da Costa Pinto José Luís Nogueira de Brito

Bernardino Costa Pereira José Matos Torres

O retrato de Teófilo Braga, notável historiador da literatura portuguesa, poeta e estadista (1843-1924), na frente, e o desenho de um capitel românico do século XII, existente no Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra, no verso, foram os elementos salientes da chapa 12 de 1000 escudos.

Aprovada em Comissão Executiva Geral de 26 de Janeiro de 1979, como nota de reserva, só em 14 de Julho de 1988 viria a entrar em circulação. A gravação das matrizes e a estampagem

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das notas foram consignadas à firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd, sendo as maquetas iniciais de autoria do Prof. Luís Filipe de Abreu.

As duas estampagens calcográficas da frente, a verde-terra e a violeta, mostravam: o retrato de Teófilo Braga, arranjo decorativo baseado em motivos moçárabes repetidos, o escudo nacional, dísticos, quatro linhas paralelas microimpressas de “Banco de Portugal”, em contínuo, e, no canto inferior esquerdo, duas marcas de forma quadrada, orientadas em diagonal, para leitura por invisuais. O fundo, em offset, de tom geral acinzentado, apresentava um escudo de Portugal da dinastia de Avis e uma rosácea quadrilobada de características medievais. A estampagem a talhe-doce do verso, a castanho esverdeado e castanho carmim, apresenta dísticos, duas linhas horizontais microimpressas de “Banco de Portugal”, repetidamente e, como motivo principal, sensivelmente ao centro, um conjunto em que sobressai o desenho do capitel românico. O fundo do verso, também em offset, com tratamento numismático, era constituído por motivos moçárabes, semelhantes aos de talhe- doce da frente, e ainda por uma rosácea com figuras alusivas ao canto, música dança e poesia, em registo perfeito com a rosácea da frente. A aposição tipográfica do texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi feita nas oficinas do Banco.

O papel foi fabricado pelos finlandeses Tervakoski OY. A marca de água surgia no lado direito, com o retrato de Teófilo Braga e, ligeiramente descentrado sobre a esquerda, um filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal”, em contínuo.

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Teófilo Braga

Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu em 24 de Fevereiro de 1843, em Ponta Delgada nos Açores, filho de Joaquim Manuel Fernandes Braga e de sua mulher Maria José da Câmara Albuquerque, de origem de famílias aristocráticas tanto por parte do pai como da mãe. No ano de 1846 ficou órfão de mãe com apenas três anos de idade. De temperamento fechado, áspero e agreste, fruto do segundo casamento do pai e da má relação que tinha com a madrasta que marcou o seu temperamento. De tenra idade iniciou a sua actividade, empregando-se na tipografia do Jornal “A Ilha”, no qual também foi redactor; colaborou ainda noutros periódicos. Frequentou o liceu de Ponta Delgada, partindo no ano de 1861 para Coimbra onde concluiu o ensino secundário. No ano de 1862 matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra. Para sustentar os seus estudos, trabalhou como tradutor, deu explicações e publicou artigos e poemas. Enquanto estudante foi fortemente influenciado pelas teses sociológicas e políticas do positivismo aderindo aos ideais republicanos. Terminou o curso no ano de 1867 com elevada nota, sendo convidado pela Universidade para se doutorar o que veio a acontecer no ano seguinte, defendendo a sua tese intitulada “História do Direito Português I: Os Forais”. Foi preterido no ano de 1868 quando concorreu para professor da cadeira de Direito Comercial na Academia Politécnica do Porto, sucedendo o mesmo no ano de 1871, quando concorreu para lente da Faculdade da Universidade de Direito de Coimbra, em virtude de ter assumido publicamente a adesão aos ideais republicanos. Casou no ano de 1868 com Maria do Carmo Xavier, na cidade de Lisboa; aqui radicou-se iniciando a sua actividade de advogado. No ano de 1871 foi um dos doze signatários do programa das Conferências Democráticas do Casino Lisbonense. Voltou a concorrer em Maio de 1871 para lente da cadeira de Literaturas Modernas do Curso Superior de Letras, sendo nomeado no lugar, tendo como opositores Manuel Pinheiro Chagas, insigne historiador e Luciano Cordeiro. Como lente, dedicou-se quase exclusivamente ao estudo da literatura europeia, dando ênfase aos autores franceses; fortemente influenciado pelo positivismo de Auguste Comte, que foi decisivo no seu pensamento, na obra literária e na sua atitude política, fazendo dele um dos mais destacados

181 Apontamentos: Escudo

membros da Geração doutrinária. Publicou uma extensa obra filosófica. No ano de 1878 conjuntamente com Júlio de Matos fundaram a revista “O Positivismo”. Neste ano iniciou a sua acção na política concorrendo a deputado às Cortes da Monarquia Constitucional, integrado nas listas do Partido Republicano; ainda neste ano, exerce cargos de relevo nas estruturas do Partido. No ano de 1880 é colaborador da revista “A Era Nova”. Neste mesmo ano, com Ramalho Ortigão, organizou As Comemorações do Tricentenário de Camões, de onde saiu com enorme prestígio. Em 1884 passou a dirigir a “Revista de Estudos Livres”. No ano 1890 foi eleito membro do directório do Partido Republicano, e no ano seguinte, foi um dos subscritores do Manifesto e Programa. No ano de 1910 é eleito no mês de Agosto deputado republicano por Lisboa às Cortes monárquicas. Após a Implantação da República e por decreto datado do dia seis do mesmo mês, Teófilo Braga foi nomeado Presidente do Governo Provisório da República Portuguesa de 6 de Outubro de 1910 a 3 de Setembro de 1911. Em Maio de 1915 foi eleito Presidente da República, para substituir o Presidente Arriaga que entretanto tinha sido deposto na sequência da revolta de 14 de Maio do mesmo ano. Exerceu o seu mandato de transição de Maio a Novembro do mesmo ano, com imensas dificuldades devido ao atentado de que foi vitima o indigitado João Pinheiro Chagas que tinha sido escolhido pela Junta Constitucional para presidir ao governo. Durante a sua vida, mesmo quando Presidente da República, declinou honrarias e ostentações, deslocava-se de eléctrico, com a sua usada bengala. A sua obra de polígrafo cobre vastas áreas, da poesia, e da ficção à filosofia, à história da cultura à história crítica literária. A sua obra excede mais de 360 títulos que abrangem temas como a História Universal, História de Direito da Universidade de Coimbra, do teatro e da influência de Gil Vicente, da Literatura Portuguesa, das novelas de cavalaria e do romantismo, das ideias republicanas em Portugal, incluindo também artigos de polémica literária e política e ensaios biográficos, além da imensa obra avulsa que deixou expressa em jornais e revistas da época focando temas da sociedade. Faleceu no seu gabinete na cidade de Lisboa a 28 de Janeiro de 1924.

Museu Nacional Machado de Castro

O Museu Nacional Machado de Castro abriu ao público em Outubro de 1913, tendo sido elevado à categoria de Museu Nacional no ano de 1965. Depois de uma requalificação recente é possível conhecer o Criptopórtico romano de Aeminium.

O conjunto dos seus edifícios foi classificado em 1910 como Monumento Nacional. O antigo Paço Episcopal assenta sobre o Criptopórtico do fórum de Aeminium, datado do século I d.C., constituindo a mais significativa construção romana conservada em território nacional.

Os diversos edifícios foram sendo erguidos ao longo dos séculos XII-XVIII, com a função de servir como residência episcopal. Das suas várias remodelações, destacam-se os vestígios de parte do claustro românico do período "Condal" (c. 1100-1140), a sua clássica e harmoniosa "Loggia" dos finais do séc. XVI e o templo barroco de São João de Almedina, construído entre os finais do século XVII e os inícios do seguinte.

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O nome do Museu foi adoptado como forma de homenagear um dos maiores vultos da escultura nacional. Com efeito, Joaquim Machado de Castro (1731-1822) nasceu próximo de Coimbra e foi escultor régio durante os reinados de D. José I, D. Maria e de D. João VI.

O património artístico do Museu Nacional de Machado de Castro é formado por diversas colecções que testemunham a riqueza da Igreja e a importância do mecenato régio, às quais foram ligadas as mais significativas obras de arte e alfaias religiosas do acervo. O seu espólio foi ainda enriquecido com diversas outras aquisições, legados e doações efectuados por particulares.

Destaca-se a escultura monocromática ou polícroma, em pedra e madeira, ilustrando através de numerosas obras-primas o labor das melhores oficinas flamengas e, igualmente, a evolução das escolas portuguesas, ao longo da Idade Média até ao final do século XVIII. Contudo, os núcleos de ourivesaria, pintura, cerâmica e têxteis impõem-se com igual importância e representatividade para a arte importada e no panorama da produção nacional. Destaque ainda para as colecções arqueológicas e as que se referem à arte oriental.

O Museu foi alvo, recentemente, da requalificação e ampliação dos espaços arquitectónicos e museológicos, um projecto da autoria do arquitecto Gonçalo Byrne, que permite agora conhecer o criptopórtico, uma das mais notáveis obras de arquitectura romana em Portugal.

Ficha Técnica

Valor: 1000$00 Chapa: 12 Frente: Retrato de Teófilo Braga Verso: Gravura de capitel românico do Museu Nacional Machado de Castro Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Teófilo Braga Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal”, Medidas: 163x75 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co. Ltd. Primeira emissão:14-08-1988 Última emissão: 03-03-1994 Retirada de circulação: 30-12-1997 Data Emissão Combinações de Assinaturas 02-08-1983 29 984 000 8 12-06-1986 19 995 000 5 26-02-1987 19 992 000 8 03-09-1987 19 981 000 8 22-12-1988 39 941 000 6 09-11-1989 31 435 000 5 26-07-1990 27 900 000 5 20-12-1990 27 900 000 4 06-02-1992 48 900 000 5 17-06-1993 27 900 000 6 03-03-1994 48 710 000 7

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10º Aniversário do 25 de Abril de 1974

A legislação associada à emissão da série comemorativa do Dia Mundial da Alimentação foi aprovada pelo decreto-lei 123-A/84 de 16 de Abril durante o governo de Mário Soares, era o representante pelas Finanças o ministro Ernâni Rodrigues, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes.

Na introdução do decreto de lei foi referido que “Comemorando-se no próximo dia 25 de Abril 10 anos de vigência do regime democrático em Portugal, deliberou o Governo assinalar essa data histórica de restauração das liberdades individuais e colectivas através de uma moeda comemorativa do 10.º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974.”

A moeda (a segunda comemorativa para esta data especial do regime democrático) foi cunhada em cuproníquelcom o valor de 25$00com escultura da autoria de Hélder Baptista. Foram emitidas 1 980 000 moedas. No anverso surgia no campo, junto à orla inferior, o escudo das armas nacionais encimado por 2 ondas e orlado pala legenda “1974 - República Portuguesa – 1984”. No reverso apresentava no campo, junto à orla superior, o número 25, em algarismos, sobreposto à inscrição, em 2 linhas, “Abril 1984” e orlado lateralmente pelas legendas “Democracia”, à esquerda, e “Liberdade”, à direita e, na parte inferior, o valor facial de “25 escudos”.

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor:Hélder Baptista Decreto: 123-A/84 de 16/04/1984 Ano Cunhagem Código 1984 1 980 000 071.01

Helder Baptista Nasceu em Vendas Novas no ano de 1932.A sua formação académica foi feita na Casa Pia de Lisboa e na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Foi bolseiro da Casa Pia de Lisboa - 1950 a 1955, bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Roma - 1958, bolseiro do Instituto de Alta Cultura em Milão 1960 e bolseiro da Secretaria de Estado da Cultura do México 1980, Foi professor nas Escolas Secundárias Eugénio dos Santos, Marquês de Pombal, Casa Pia de Lisboa e António Arroio, Professor dos Cursos Nocturnos da Sociedade Nacional de Belas-Artes, Durante 33 anos foi professor na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, hoje Faculdade, de onde saiu como

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Professor Associado. Por eleição, fez parte da Direcção e Conselho Técnico da SNBA - Sociedade Nacional de Belas-Artes, durante 15 anos é Académico Correspondente da ANBA - Academia Nacional de Belas-Artes, membro do Conselho Numismático da INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda, membro da FIDEM – Federation International de Ia Médaille, foi membro fundador do AR - grupo Anverso e Reverso, membro da ANS – The American Numismatic Society, Executou várias esculturas públicas.

VI Centenário da Batalha de Aljubarrota

A legislação associada à emissão da série comemorativa relativa aos acontecimentos mais marcantes da História de Portugal do ano de 1385: as Cortes de Coimbra e a Batalha de Aljubarrota. Aprovada pelo decreto-lei 47/86 de 11 de Março durante o governo de Cavaco Silva, era o representante pelas Finanças o ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes.

De entre as datas da História de Portugal cuja lembrança permanece inalterada na memória das gerações, o dia 14 de Agosto de 1385 sempre mereceu celebrações especiais, evocativas de um notável feito de armas que permitiu a manutenção da independência e a afirmação da unidade nacional. No ano em que se comemorava o 6.º centenário da Batalha de Aljubarrota e no âmbito das comemorações nacionais realizadas, pretendeu-se homenagear duas figuras ímpares desse período da nossa memória coletiva pela emissão de moedas comemorativas alusivas à aclamação de D. João, mestre de Avis, como rei de Portugal (cortes de Coimbra, 6 de Abril de 1385) e ao Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que consubstancia a valentia do exército português nos campos de Aljubarrota.

A série composta por duas moedas em cuproníquel, uma de 25$00e outra de 100$00, tiveram a autoria da escultora Clara Menéres. Partilharam o anverso (apresentava, no campo, o escudo das armas nacionais, encimado pelo respetivo valor facial em algarismos, sobreposto numa esfera armilar, circundada na parte centro inferior pela legenda “República Portuguesa”) variando quanto ao reverso. Assim, na moeda alusiva à aclamação de D. João I: apresentava a figura de D. João I, no centro do campo, sentado de frente no seu trono, coroado e empunhando o cetro com a mão direita; lateralmente, dois escudos, à esquerda o das armas reais e à direita o da inicial do seu nome, coroada, como aparece representada nas moedas deste reinado; na orla inferior a legenda “Cortes de Coimbra” e na orla superior a legenda “1385 - D. João I – 1985”. A moeda de 100 escudos tinha no reverso a figura do Condestável de Portugal, no centro do campo, de frente e de pé, com armadura e segurando a espada junto ao peito. Lateralmente, duas colunas que sustentam a inscrição em arco “Nuno Álvares Pereira”; na parte inferior, o seu elmo. Nas orlas laterais a legenda “: 1385 : Batalha de Aljubarrota : 1985 :“.

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Cortes de Coimbra de 1385

De acordo com a decisão tomada pelo Mestre de Avis, pelos nobres e representantes do povo reunidos no mosteiro de São Domingos de Lisboa e a conselho de D. Nuno Álvares Pereira, convocou o primeiro as cortes de Coimbra nos Paços de El-Rei naquela cidade com a seguinte ordem de trabalhos:

 atribuições da coroa;  o financiamento da guerra:  a formulação dos capítulos que um dos três estados podia propor à resolução real.

O clero esteve representado pelo arcebispo de Braga, pelos bispos das principais cidades, pelo prior de Santa Cruz de Coimbra, por dois abades mitrados beneditinos, por Rui Lourenço, deão de Coimbra, e “outros prelados” entre os quais D. João de Ornelas, abade de Alcobaça. A nobreza, por setenta e dois fidalgos e muitos outros cavaleiros e escudeiros. E, como procuradores dos povos, os representantes de trinta e uma vilas e cidades. Antes de referir o que de fundamental se passou nestas cortes convém dizer em traços largos qual o panorama político-económico-social do País.

Alguns autores interpretam que os burgueses e os legistas apressaram o desmembramento da nobreza, quando promoveram e orientaram a revolução, aproveitando, ao que parece, uma experiência anterior, vivida escassos anos atrás, aquando dos tumultos de 1372, em que a “arraia-miúda” se manifestou contra o casamento de D. Fernando com D. Leonor Teles. Essa, sim, terá sido a verdadeira rebelião popular espontaneamente surgida, pois o povo não queria ver fortalecida, junto do rei, a posição da nobreza, a que estava ligada a nova rainha. Assim, o movimento dos mesteirais de Lisboa, capitaneado por Fernão Vasques, em 1372, terá ficado na memória da burguesia, mostrando-lhe bem a valia potencial das massas revoltadas, se estas viessem a ser orientadas para lhe servirem de instrumento para a consecução do papel político que era ambicionado pelos armadores e mercadores de Lisboa e do Porto.

Desencadeada essa força, a burguesia irá servir-se dela para se alcandorar, com o Mestre de Avis, à direção superior do Reino, sendo, para isso, assistida pelos legistas, cujas conceções de Direito romano irão ajudar à consolidação do Estado.

A aceitação de um rei estrangeiro pelos Portugueses mostrava-se difícil. Formaram-se logo três partidos:

 Partido Legitimista ou partido de Castela, constituído por grande parte da nobreza que prestou vassalagem a João I de Castela e a D. Beatriz de Portugal como Rei e Rainha e senhores de Portugal (não esteve presente nas Cortes de Coimbra nem nunca tentou realizar quaisquer Cortes em Portugal);  Partido Legitimista-Nacionalista, dos nobres que defendiam a causa de D. João de Portugal, Duque de Valência de Campos e do seu irmão, D. Dinis, filhos de D. Pedro I e D. Inês de Castro;  Partido Nacionalista, que defendia a tomada do trono pelo Mestre de Avis, D. João. Este, era constituído pelos mesteirais e burgueses, além do apoio da população de Lisboa, que temiam que o trono caísse nas mãos dos castelhanos.

No que respeita ao clero, houve no início algumas figuras marcantes, como os bispo de Lisboa, de Coimbra e da Guarda (os dois primeiros, D. Martinho e D. João Cabeça de Vaca, eram castelhanos), que aderiram ao partido do rei de Castela. Mas o mesmo não aconteceu com

186 Apontamentos: Escudo outros, como o arcebispo de Braga, D. Lourenço Vicente que, sendo partidário da causa nacional, teve uma atitude patriótica ao longo de toda a crise e muito contribuiu para o triunfo final.

Em grande parte, a nobreza desta época alinhou com João I de Castela, que reclamava ser rei e senhor efetivo de Portugal pelo seu casamento com Beatriz e pela renúncia à regência de Leonor Teles de Menezes. Mas houve também fidalgos que tomaram o partido do mestre de Avis. Eram, no entanto, na sua maioria, das mais baixas camadas da nobreza. A única exceção de relevo verificou-se nas Ordens Militares, que se mantiveram quase todas do lado português. Assim, para além do povo e das baixas camadas da nobreza e respetivos homens de armas, o núcleo mais ativo com que pôde contar o “Regedor e Defensor do Reino” foi constituído por uma classe média de burgueses e de artesãos.

No entanto nem todos os burgueses estavam de acordo com o célebre Álvaro Pais. Os grandes da cidade de Lisboa, chamados a ratificar a escolha do mestre de Avis para “Regente”, mostraram-se hesitantes e tiveram de ser persuadidos pela rudeza do povo personificada num seu representante, o tanoeiro Afonso Anes Penedo.

Abertas as cortes, o Dr. João das Regras, notável legista, omitindo o nome do seu candidato, refutou os possíveis direitos daqueles que se apresentavam como pretendentes ao trono de Portugal. Contra Beatriz e João I de Castela, a principal razão invocada foi a quebra pelo rei castelhano do tratado antenupcial de Salvaterra, de Março de 1383, e o facto de ser cismático. Mas a despeito de todos os seus argumentos, que visavam demonstrar que o trono estava completamente vago, os seguidores do infante D. João não se deram por vencidos, dizendo que era a ele que o reino pertencia de direito e sem qualquer dúvida. As discussões arrastavam-se, e então, de forma inesperada e arrasadora, o legista exibe e lê a carta em que o Papa Inocêncio VI se tinha recusado a legitimar os filhos do Rei D. Pedro e de D. Inês de Castro, fazendo cessar a oposição por parte de Martim Vasques da Cunha e dos outros apoiantes do infante D. João a que as Cortes elegessem um novo rei. João das Regras propõe então abertamente D. João, Mestre de Avis, para rei de Portugal, o qual é eleito “por unida concordança de todos os grandes e comum povo” (Fernão Lopes, Crónica de el-rei D. João I, capítulo 191).

Quanto ao “financiamento da guerra”, os concelhos autorizaram um “pedido” de 400 000 libras. Seguiram-se os capítulos dos povos, na sua maioria de grande importância, e só a cidade de Lisboa apresentou 36. Os diplomas que despacham os capítulos das cortes têm a data de 10 de Abril de 1385.

Batalha de Aljubarrota

A Batalha de Aljubarrota decorreu no final da tarde de 14 de agosto de 1385 entre tropas portuguesas com aliados ingleses, comandadas por D. João I de Portugal e o seu condestável D. Nuno Álvares Pereira, e o exército castelhano e seus aliados liderados por D. Juan I de Castela. A batalha deu-se no campo de São Jorge, nas imediações da vila de Aljubarrota, entre as localidades de Leiria e Alcobaça, no centro de Portugal.

O resultado foi uma derrota definitiva dos castelhanos, o fim da crise de 1383-1385 e a consolidação de D. João I como rei de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis. A aliança Luso- Britânica saiu reforçada desta batalha e seria selada um ano depois, com a assinatura do Tratado de Windsor e o casamento do rei D. João I com D. Filipa de Lencastre. Como agradecimento pela vitória na Batalha de Aljubarrota, D. João I mandou edificar o Mosteiro da

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Batalha. A paz com Castela só viria a estabelecer-se em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.

A Batalha de Aljubarrota foi uma das raras grandes batalhas campais da Idade Média entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal. Inovou a tática militar, permitindo que homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria. No campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e a Inglaterra, que perdura até hoje. No aspeto político, resolveu a disputa que dividia o Reino de Portugal do Reino de Castela e Leão, permitindo a afirmação de Portugal como Reino Independente, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais marcantes da história de Portugal, a era dos Descobrimentos.

Quando as notícias da invasão chegaram, D. João I encontrava-se em Tomar na companhia de D. Nuno Álvares Pereira, o condestável do reino, e do seu exército. A decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. Com os aliados ingleses, o exército português intercetou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Contudo o exército Português não se apresentou ao Castelhano nesse sítio, inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela.

Assim pelas dez horas da manhã do dia 14 de agosto, o exército tomou a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com os 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria. Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina.

A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos. Lentamente, devido aos 30 000 soldados que constituíam o seu efetivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra, pretendiam atacar.

O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado. D. Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os besteiros. Este tipo de tática defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura.

Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque.

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É discutível se de facto houve a tão famosa tática do “quadrado” ou se simplesmente esta é uma visão imaginativa de Fernão Lopes de umas alas reforçadas. No entanto tradicionalmente foi assim que a Batalha acabou por seguir para a história.

O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária. Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrar desorganizada e confusa. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo.

Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.

Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças, dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois setores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente.

Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol, a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. João de Castela ordenou a retirada geral sem organizar a cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.

Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo.

Surge aqui uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga. A história é por certo uma lenda da época. De qualquer forma, pouco depois D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas.

189 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 11 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Clara Menéres Decreto: 47/86 de 11/03/1986 Ano Cunhagem Código 1985 500 000 072.01

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Clara Menéres Decreto: 47/86 de 11/03/1986 Ano Cunhagem Código 1985 500 000 073.01

Clara Menéres Nasceu em Braga em 1943. Escultora contemporânea estudou na ESBAP, possuindo igualmente um doutoramento em Etnologia na Universidade de Paris VII. Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso Americana prosseguiu os seus estudos artísticos em Paris e nos Estados Unidos. Tem desenvolvido intensa atividade docente, na ESBAL e na Universidade de Évora. Como escultora é de destacar as suas obras de cariz religioso onde as temáticas bíblicas refletem um profundo e sensível diálogo entre fé e arte. Colabora desde 1986 com a INCM na produção de moedas comemorativas.

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D. Afonso Henriques

A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 8.º Centenário da morte de D. Afonso Henriques foi aprovada pelo decreto-lei 191/86 de 17 de Julho durante o governo de Cavaco Silva, era o representante pelas Finanças o ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República Mário Soares.

Tendo-se celebrado em Dezembro de 1985 o 8.º Centenário da morte de D. Afonso Henriques, considerou-se oportuno assinalar esta efeméride com a emissão de uma moeda comemorativa evocativa da sua memória.

A moeda cunhada em cuproníquelcom valor de 100$00teve autoria da escultora Irene Vilar. A moeda cunhada em 1986 teve data de emissão de 1985. Foi a segunda vez que o primeiro rei português apareceu representado na numária republicana (a primeira foi na moeda comemorativa do 8.º centenário da Batalha de Ourique) depois de ter já sido representado numa nota (1000 escudos Chapa 7). Apresentava no anverso, no campo, o primitivo escudo das quinas dos reis de Portugal, de formato amendoado, ladeado por sete castelos dispersos no campo. Na orla superior a legenda “República Portuguesa”; na parte inferior do campo, o valor facial “100 Esc.” do lado direito e a era “1985” do lado esquerdo. No reverso surgia no campo, a efígie do rei, à esquerda, envergando cota de malha e capelo de nasal; na parte inferior esquerda, a representação de um sinal de 1139 da chancelaria de D. Afonso I, “PO-RT-VG-AL” contornando a cruz. Na orla lateral direita, a legenda “D. Afonso Henriques” e, na parte superior do campo, a era “1185”.

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Irene Vilar Decreto: 191/86 de 17/06/1986 Ano Cunhagem Código 1985 500 000 074.01

191 Apontamentos: Escudo

Irene Vilar Irene Vilar nasceu em Matosinhos, a 11 de Dezembro de 1930. Desde os 19 anos de idade viveu na Foz do Douro, no Porto, onde teve dois ateliers. Terminou a licenciatura em escultura na ESBAP em 1955. Em 1958, como bolseira do Instituto de Alta Cultura e da Fundação Calouste Gulbenkian, estudou em Itália e viajou pela Espanha, França e Suíça. Foi professora de Desenho, Educação Visual e História do Traje em escolas secundárias do Porto. Foi também diretora da antiga Escola Industrial Aurélia de Sousa (hoje Escola Secundária), também no Porto. Depois de um interregno no período pós 25 de Abril de 1974, viria a terminar a sua carreira de docente na Escola Secundária Clara de Resende, em 1987. A partir desta data passou a dedicar-se inteiramente à Escultura. É autora de uma variada, ampla e riquíssima obra plástica, nas áreas da escultura, da medalhística, da numismática, da ourivesaria e da pintura, mostrada num sem número de exposições (individuais e coletivas) e distinguida com vários prémios. Em 1976, legou, generosamente, parte da sua criação artística à Câmara Municipal de Matosinhos. A sua produção escultórica, que se encontra dispersa por vários países (para além de Portugal, na Alemanha, África do Sul, Brasil, Bélgica, Holanda e Macau), seguiu dois rumos distintos. Divide-se entre as obras públicas, que respondiam às exigências dos encomendadores, e as obras de cariz mais pessoal, de maior liberdade, próximas do Expressionismo figurativo. Morreu a 12 de Maio de 2008, com 77 anos, no Porto.

Fernando Pessoa

A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do 8.º Centenário da morte de D. Afonso Henriques foi aprovada pelo decreto-lei 17-A/86 de 6 de Fevereiro durante o governo de Cavaco Silva, era o representante pelas Finanças o ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República Mário Soares.

Decorrendo em 1985 o cinquentenário da morte de Fernando Pessoa, poeta maior da língua portuguesa e embaixador privilegiado da nossa cultura no mundo, através de uma poesia ao mesmo tempo clássica e moderna, nacional e universal, desmultiplicada numa pluralidade de heterónimos singulares considerou-se da maior oportunidade assinalar esta efeméride com uma emissão de moeda comemorativa.

Esta moeda cunhada em cuproníquelcom valor de 100$00, teve autoria de José Aurélio. Apresentava no anverso, no campo, o escudo das armas nacionais, na metade superior, e o valor facial “100$” em duas linhas, na metade inferior, circundado pela legenda “República Portuguesa”. No reverso surgia, no campo, quatro efígies sobrepostas do poeta, confrontadas à direita com o mar, um veleiro e aves, orladas pela legenda “ * 1888 * Poeta Fernando Pessoa * 1935 * 1985 “. Cunhada e emitida em 1986 teve data de 1985.

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Fernando Pessoa

Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".

Por ter crescido na África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa. Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.

Ao longo da vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial. Foi também empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário e publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre sua vida e sua obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um “drama em gente”.

Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. Sua última frase foi escrita em Inglês: “I know not what tomorrow will bring…“ (“Não sei o que o amanhã trará”).

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor:José Aurélio Decreto: 17-A/86 de 06/02/1986 Ano Cunhagem Código 1985 480 000 075.01

José Aurélio

José Manuel Aurélio (Alcobaça, 1938) é um artista plástico português. Diplomado em Escultura, pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (hoje FBAUL), participa exposições coletivas desde 1958, realizou quarenta exposições individuais e é autor de várias obras públicas. Trabalha materiais como pedra, madeira e bronze, obedecendo a uma estética minimalista e tendencialmente geometrizante. Vem desenvolvendo novas formas de

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expressão na medalhística, desde 1966. Entre 1969 e 1974 concebeu e orientou a Galeria Ogiva, em Óbidos. Vive e trabalha em Alcobaça desde 1980, onde dirige o Armazém das Artes. Foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique (2006).

Novo Sistema

A legislação associada revisão do sistema de moeda metálica, que vigorou até à criação do Euro, foi aprovada pelo decreto-lei 293/86 de 12 de Setembro durante o governo de Cavaco Silva, era o representante pelas Finanças o ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República Mário Soares.

Os sucessivos reajustamentos do sistema de moeda metálica, criado pelo Decreto-Lei n.º 49 167 de 4 de Agosto de 1969, associados ao progressivo aumento do custo de fabrico das moedas e à alteração do seu poder de compra, conduziram a que as moedas em circulação apresentassem caraterísticas técnicas e denominações desinseridas das necessidades da atual circulação monetária, pelo que se justificava em 1986 a sua substituição. O novo sistema monetário era constituído por dois subsistemas de moedas. Assim, existia o conjunto de espécimes correntes, cuja emissão visava assegurar o normal funcionamento do mercado de moeda subsidiária e por outro, consagrou-se o conjunto de moedas de caráter comemorativo com curso legal, mas emitidas em quantidades reduzidas, pelo que não entram, normalmente, na circulação diária. Esta entidade (moedas comemorativas) recebeu pela primeira vez valor legal, no momento de criação de sistema circulatório. A partir de 1986 o INCM iniciou o lançamento anual das Carteiras.

O novo sistema manteve a referência decimal de denominações, com dois grupos de moedas de cores diferentes (prevendo-se já a criação de uma terceira de outra liga metálica). O primeiro grupo (amarelo) em latão-níquelcom moedas de1$00, 5$00e 10$00. Assumia-se a manutenção das moedas de $50e de 2$50 em circulação, embora fosse suspensa a sua produção. O segundo grupo (brancas) em cuproníquel, com valores de 20$00e de 50$00, que substituíram as moedas de25$00 e as notas de 20$00 e de 50$00.

As moedas caraterizavam-se ainda por manterem uma coerência plástica entre si. Nas moedas de menor valor surgiam elementos de cariz popular (como filigrana e rendas artesanais) e eruditos (as rosáceas de igreja), enquanto nas de maior valor eram feitas referências aos descobrimentos.

As moedas de latão-níquel criadas pelo escultor Helder Baptista apresentavam no anverso o escudo nacional no centro do campo encimando por um nó manuelino, orlado pela legenda da direita para a esquerda “REPUBLICA PORTUGUESA” e a era de cunhagem. No reverso surgia na metade inferior o valor da moeda encimado por rosáceas

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(na de 1$ rosácea octilobada; na de 5$ rosácea de treze pontas, na de 10$ rosácea de quatro palmas axiais contornadas por rosetas).

As de cuproníquel de autoria do escultor Euclides Vaz, apresentavam no anverso em campo limitado de bordo heneagonal, o escudo nacional na parte superior, ladeado pelo ano e valor da moeda, dispondo-se lateralmente a legenda “REPUBLICA PORTUGUESA”. No reverso, na moeda de 20$, uma rosa dos ventos seiscentista com a Cruz de Cristo a indicar o Oriente. Na de 50$ a estilização de um navio português, segundo uma pintura em cerâmica de princípios do século XV presente no British Museum, circundado por ornatos marítimos e florais. As moedas de 50$ a partir de 1987 apresentavam uma alteração ao nível da vela do navio com os escudetes inicialmente voltados para baixo a passarem a estar voltados ao centro. Tal alteração teve em conta o período fixado no decreto de lei que representaria o barco. Atendendo a alteração da posição das quinas ocorrida após D. João II.

Rosáceas

A rosácea é um elemento arquitetónico ornamental usado no seu auge em catedrais durante o período gótico. Dentro do eixo condutor deste período artístico, a rosácea transmite, através da luz e da cor, o contacto com a espiritualidade e a ascensão ao sagrado.

Trata-se de uma abertura circular onde um desenho geométrico de bandas de pedra (traceria) é preenchido com vidro colorido (vitral). As cores são fortes, acentuando o realismo da representação pela combinação de variados tons da mesma cor.

A rosácea apresenta-se sobre o portal da fachada principal a Oeste ou no transepto, em pelo menos um dos seus extremos.

A decoração é feita no sentido radial, estilizando a representação das pétalas de uma rosa (daí o nome), e relata a história bíblica de uma figura que surge ao centro da composição. Os temas mais retratados abrangem a Virgem com o Menino, cenas da vida de Cristo e dos apóstolos e as mais variadas histórias bíblicas. Raramente se observam símbolos zodiacais ou das estações do ano, assim como referências a heráldica medieval.

A rosácea teve origem no oculus romano transformando-se em janela durante o período românico. Acompanhando, em meados do século XII, o desenvolvimento do gótico e as suas inovações técnicas, em que ao direcionar e distribuir o peso pelas abóbadas e pelos contrafortes se torna possível “abrir” grandes vãos de parede à entrada da luz, a rosácea acaba por aumentar consideravelmente as suas dimensões. Em meados do século XIII pode já abranger a largura total da nave.

Nas suas primeiras aparições surge sob um arco circular, como são exemplo disso as rosáceas da Catedral de Mantes, da Catedral de Notre-Dame de Paris, da Catedral de Laon e da Catedral de Chartres e, mais tarde, sob um arco quebrado, como se observa na Catedral de Reims. Em seguida passa a ser inscrita num quadrado, como no extremo sul do transepto da Catedral de Notre Dame em Paris e uma última transformação remete ainda a rosácea para o centro de uma composição de janelas, cobrindo a totalidade da fachada do transepto, como se pode

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constatar na Catedral de Rouen. No gótico flamejante (gótico tardio) as subdivisões de pedra da rosácea passam a ter um desenho rendilhado de curvas extremamente intrincado (traceria).

Rosa dos Ventos

A rosa dos ventos é uma figura que representa as quatro direções fundamentais e suas intermediárias. A rosa-dos-ventos corresponde à volta completa do horizonte e surgiu da necessidade de indicar exatamente uma direção que nem mesmo os pontos intermediários determinariam, pois um mínimo desvio inicial torna-se cada vez maior, à medida que vai aumentando a distância.

Assim, praticamente todos os pontos na linha do horizonte podem ser localizados com exatidão. Cada quadrante da rosa- dos-ventos corresponde a 90º: considera-se o norte a 0º; o leste a 90º; o sul a 180º, o oeste a 270º, e novamente o norte a 360º.

A utilização de rosas dos ventos é extremamente comum em todos os sistemas de navegação antigos e atuais. Seu desenho em forma de estrela tem a finalidade única de facilitar a visualização com o balanço da embarcação, portanto os quatro pontos cardeais principais são os mais fáceis de ser notados: norte (0º de azimute cartográfico), sul (180º), este ou leste (90º) e oeste (270º). Dependendo do tamanho da bússola pode caber mais quatro pontos que são chamados de pontos colaterais; nordeste (45º), sudeste (135º), noroeste (315º) e sudoeste (225º) e se o visor for maior ainda costumam incluir mais oito pontos, chamados pontos subcolaterais; nor-nordeste (22,5º), lés nordeste (67,5º), lés sudeste (112,5º), su sudeste (157,5º), su-sudoeste (202,5º), oés sudoeste (247,5º), oés noroeste (292,5º) e nor noroeste (337,5º).

Assim como os meridianos estão para os polos da mesma forma todos os rumos estão para o observador.

Euclides Vaz Euclides Vaz foi um escultor português (Ílhavo, 10 de Novembro de 1916 - Colares, 10 de Fevereiro de 1991).Durante 30 anos dedicou-se ao ensino da escultura e da medalhística, tendo sido agraciado com a medalha da Instrução Pública (Cavaleiro) e recebido os prémios Ruy Gameiro e Soares dos Reis. Estendeu a sua ação a Portugal e às antigas colónias de Angola, Cabo Verde, Guiné, Macau e Moçambique. Na numismática executou várias medalhas, entre as quais: Visita do General Craveiro Lopes a Goa, Inauguração da Faculdade de Letras de Lisboa; Inauguração do Palácio da Justiça; Inauguração do Seminário de Portalegre; Comemoração da Descoberta da Guiné; Remodelações do Hospital do Ultramar; Congresso das Águas Tremais; Cinquentenário de Nova Lisboa; Monumento a Norton de Matos; 12 Placas Virtudes Cardeais; 12 Signos do Zodíaco; Comemorativa do Monumento ao Arcebispo de Aveiro, D. João de Lima Vidal; Natal de 1982; A Mãe; Alfândega de Lisboa; Congresso da Ordem dos Engenheiros; Estação Agronómica Nacional; D. António Prior do Crato; Camões (faz parte de um conjunto de medalhas de diversos artistas); Comemorativa do terramoto dos Açores. Elaborou também as moedas FAO, de 20 e 50 escudos.

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Ficha Técnica

Peso: 1,7 g Diâmetro: 16 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Vertical Metal: latão-níquel Composição: Cu 790, Zn 200, Ni 10 Autor: Helder Baptista Decreto: 293/86 de 12/09/1986 Data e taxa de recolha: 2002; 6,4% Ano Cunhagem Código 1986 14 881 433 076.01 1987 21 922 043 076.02 1988 17 167 593 076.03 1989 17 194 340 076.04 1990 19 008 000 076.05 1991 18 456 000 076.06 1992 22 000 000 076.07 1993 10 505 000 076.08 1994 10 328 000 076.09 1995 12 000 000 076.10 1996 12 000 000 076.11 1997 8 000 000 076.12 1998 4 000 000 076.13 1999 10 000 000 076.14 2000 21 000 000 076.15 2001 250 000 076.16

Ficha Técnica

Peso: 3,7 g Diâmetro: 21 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Vertical Metal: latão-níquel Composição: Cu 790, Zn 200, Ni 10 Autor: Helder Baptista Decreto: 293/86 de 12/09/1986 Data e taxa de recolha: 2002; 45% Ano Cunhagem Código 1986 21 426 346 077.01 1987 40 548 000 077.02 1988 19 382 000 077.03 1989 27 640 568 077.04 1990 77 977 448 077.05 1991 32 000 000 077.06 1992 16 000 000 077.07 1993 8 300 000 077.08 1994 6 360 000 077.09 1995 8 000 000 077.10 1996 10 000 000 077.11 1997 16 000 000 077.12 1998 71 469 000 077.13 1999 48 531 000 077.14 2000 1 000 000 077.15 2001 250 000 077.16

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Ficha Técnica

Peso: 7,4 g Diâmetro: 23,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Vertical Metal: latão-níquel Composição: Cu 790, Zn 200, Ni 10 Autor: Helder Baptista Decreto: 293/86 de 12/09/1986 Data e taxa de recolha: 2002; 47,2% Ano Cunhagem Código 1986 12 817 663 078.01 1987 32 815 027 078.02 1988 32 579 337 078.03 1989 12 788 008 078.04 1990 26 500 000 078.05 1991 9 500 000 078.06 1992 5 600 000 078.07 1996 40 000 000 078.08 1997 8 000 000 078.09 1998 25 380 000 078.10 1999 24 620 000 078.11 2000 24 620 000 078.12 2001 250 000 078.13

Ficha Técnica

Peso: 6,9 g Diâmetro: 26,5 mm Bordo: Denteado Eixo: Vertical Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Euclides Vaz Decreto: 293/86 de 12/09/1986 Data e taxa de recolha: 2002; 55,7% Ano Cunhagem Código 1986 45 360 723 079.01 1987 68 215 619 079.02 1988 57 481 685 079.03 1989 25 059 917 079.04 1998 15 000 000 079.05 1999 20 000 000 079.06 2000 6 000 000 079.07 2001 250 000 079.08

198 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 9,4 g Diâmetro: 31 mm Bordo: Denteado Eixo: Vertical Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Euclides Vaz Decreto: 293/86 de 12/09/1986 Data e taxa de recolha: 2002; 66,7% Ano Cunhagem Código 1986 15 110 158 080.01 1987 28 247 862 080.02 1988 41 905 000 080.03 1989 18 326 911 080.04 1991 2 000 000 080.05 1998 6 000 000 080.06 1999 12 000 000 080.07 2000 1 000 000 080.08 2001 250 000 080.09

Adesão à CEE

A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa à adesão em 1986 à Comunidade Económica Europeia. Aprovada pelo decreto-lei 17-B/86 de 6 de Fevereiro durante o governo de Cavaco Silva, era o representante pelas Finanças o ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República António Ramalho Eanes.

O Tratado de Adesão de Portugal às Comunidades Europeias, cuja assinatura teve lugar a 12 de Junho de 1985, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1986. No sentido de assinalar de forma perene tal acontecimento, de tão grandes repercussões sociais e económicas para o povo português, o Governo, por sugestão do Conselho Numismático da INCM, deliberou promover a emissão de uma moeda comemorativa corrente, de grande circulação pública, alusiva à adesão de Portugal às Comunidades Europeias.

A moeda em cuproníquele com valor de 25$00, teve a autoria do escultor Armando Matos Simões, utilizando-se na face com o escudo nacional e o valor a face já habitualmente utilizada e de autoria de Marcelino Norte de Almeida. A face comemorativa apresentava, no campo e prolongando-se até à orla inferior, 12 tiras encanastradas formando um quadrado, simbolizando a contribuição de cada um dos 12 países comunitários na construção de um tecido social e económico homogéneo, orlado superiormente pela legenda “PORTUGAL : . : EUROPA” e a era “1986” sobre o lado direito.

199 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 11,0 g Diâmetro: 28,5 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Armando Matos Simões/Marcelino Norte de Almeida Decreto: 17-B/86 de 06/02/1986 Ano Cunhagem Código 1986 4 990 000 081.01

Adesão de Portugal à CEE

Portugal é membro de fato da União Europeia desde 1 de janeiro de 1986, após ter apresentado a sua candidatura de adesão a 28 de março de 1977 e ter assinado o acordo de pré-adesão a 3 de dezembro de 1980.

A adesão de Portugal à CEEfoi uma das consequências do 25 de abril de 1974 e das subsequentes alterações que esta resolução provocou nos aspetos económicos, político e social. O 25 de abril veio pôr fim a uma política económica em desagregação, com enorme dependência externa, e a um poder político contestado por uma população com más condições de vida e fraco poder de compra.

Com ele, Portugal perdeu o mercado colonial e viu-se obrigado a centrar mais a sua atenção no mercado europeu. Para isso foi necessária uma grande transformação a todos os níveis. Após certa agitação e grandes dificuldades na nossa economia, acentuada pela recessão da economia mundial, em 1977 foi feito o pedido de adesão à CEE.

A CEE viu com apreensão a adesão de Portugal, que teria de enfrentar enormes dificuldades face à sua situação económica. Mas, a partir de 1980, a economia portuguesa e o poder político tiveram como primeira prioridade de política externa a adesão à CEE, verificando-se a partir de 1985 um período de expansão da atividade económica. Em 1 de janeiro de 1986 Portugal tornou- se formalmente membro da CEE, um marco importante para a situação de evolução da economia portuguesa.

De 1986 a 1991 ocorreu um período transitório de adesão à CEE, dado que o nível de desenvolvimento de Portugal era inferior ao dos outros estados membros. Para que Portugal pudesse vencer essa desigualdade, recebeu da CEE fundos estruturais que visavam a modernização do sector produtivo.

200 Apontamentos: Escudo

Mas a CEE também impõe certas diretivas no domínio legislativo que abrangiam vários setores além do económico, como a fiscalidade, a energia, ou o ambiente. Portugal teve de adatar gradualmente a sua legislação às normas comunitárias. Neste período, a evolução da economia portuguesa foi positiva, verificando-se um efetivo desenvolvimento económico. No entanto, ainda longe do nivelamento da economia portuguesa pela dos outros estados membros.

X Aniversário da Autonomia dos Açores

A legislação associada à emissão da moeda comemorativa do X Aniversário da Autonomia dos Açores foi publicada em decreto-lei 210/88 de 17 de Junho durante o governo de Cavaco Silva, eram seus ministros José Cadilhe e Rocha Vieira, sendo Presidente da República Mário Soares.

O surgimento, com a Constituição da República de 1976, das autonomias regionais dos Açores e da Madeira traduziu-se num fenómeno inovador, suscetível de dar satisfação às aspirações de progresso e desenvolvimento económico e social das populações insulares.

Quer no plano da ação política, quer na perspetiva do desenvolvimento regional, o processo autonómico dos Açores e da Madeira constituíram um referencial político significativo para a sociedade portuguesa, o qual importava assinalar devidamente. Tendo ocorrido em 1986 o X Aniversário da Autonomia dos Açores, achou-se por bem assinalar essa efeméride com a emissão de uma moeda comemorativa. A moeda foi produzida e emitida em 1988, sendo a receita obtida com a sua emissão utilizada pelo Governo Regional dos Açores no desenvolvimento do arquipélago.

A moeda cunhada em cuproníqueltinha como valor facial 100$00. De autoria da dupla Isabel Carriço e Fernando Brancoapresentava no anverso no campo, o brasão heráldico da Região Autónoma dos Açores, circundado pela legenda “República Portuguesa . Açores” e pelo valor facial “100 escudos” na orla inferior. No reverso surgia, no campo, uma hortênsia, circundada pela legenda “X Aniversário da Autonomia Regional” e pela era “1986” na orla inferior.

201 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor: Isabel Carriço e Fernando Branco Decreto: 210/88 de 17/07/1988 Ano Cunhagem Código 1986 750 000 082.01

Hortênsia

A hortênsia, hidrângea ou hortense é uma planta de folhas largas da família Hydrangeaceae, pertencente ao género Hydrangea, L.. Nos Açores é considerada invasora e perigosa para a flora nativa. Nas montanhas podem-se observar de longe como que "muros" coloridos de hortênsias, o que impressiona os turistas pelo efeito. No sul do Brasil, estado do Rio Grande do Sul, existe uma região denominada "Região das Hortênsias", caraterizada pelo ajardinamento de casas e rodovias com esta espécie. Gramado, cidade mais representativa desta região turística, tem a hortênsia como sua flor símbolo.

As hortênsias possuem um princípio ativo, o glicosídeo cianogénico, hidrangina, que as torna venenosas. Este veneno causa cianose, convulsões, dor abdominal, flacidez muscular, letargia, vómitos e coma.

A cor das flores de hortênsia depende muito do pH do solo: solos ácidos produzem flores azuis, solos alcalinos dão origem a variedades rosa.

Isabel Carriço e Fernando Branco Dupla criadora de vários espécimes numismáticos portugueses, que fizeram parte da equipa responsável pelas séries comemorativas dos Descobrimentos Portugueses. Isabel Carriço é natural de Coimbra onde nasceu em 1943. Tem formação em Belas Artes. Fernando Branco é arquiteto tendo nascido em Lisboa em 1930. Residem em Vila Nova da Barca (Montemo-o-velho). Participaram em diversas exposições: FIDEM-Budapeste, Estocolmo, Colorado Springs, Hersínquia, Londres, Budapeste, Holanda, Alemanha; Europália 90; Amadora 93-Amadora 95. Foram agraciados com o prestigiado prémio Coty em 2000 pela melhor moeda com significado histórico de 1998. Entre as várias moedas da autoria da dupla: Lisboa Capital Europeia da Cultura, Iª Presidência Portuguesa da União Europeia, Aniversário da Autonomia dos Açores, O Lobo e onze séries dos Descobrimentos.

202 Apontamentos: Escudo

Mundial de Futebol México 86

A legislação associada à emissão da moeda comemorativa relativa ao Mundial de Futebol realizado no México em 1986 a qual foi publicada em decreto-lei 76A/86 de 30 de Abril durante o governo de Cavaco Silva, era seu ministro José Cadilhe, sendo Presidente da República Mário Soares.

De entre as modalidades desportivas de maior prática e popularidade em Portugal o futebol ocupa lugar de particular destaque, não só pelo elevado número de desportistas praticantes, amadores e profissionais, como também e sobretudo pelo entusiasmo com que este desporto é acompanhado pelos Portugueses como espectáculo-competição entre as muitas dezenas de clubes federados.

A circunstância de a selecção nacional de futebol se ter qualificado para participar na fase final do 13º Campeonato Mundial de Futebol, o qual se realizou em 1986 no México, facto que desde 1966 não acontecia, aliada ao reconhecimento por parte do Governo do relevante contributo dos clubes desportivos e suas federações para o fomento desportivo em Portugal, justifica que se assinale a participação da selecção das quinas no 13º Campeonato Mundial de Futebol com a emissão de uma moeda comemorativa.

Esta foi cunhada em cuproníquelcom o valor de 100$00. De autoria de Alberto Gomese J. Cabaço, a moeda tinha no anverso na metade superior do campo, as armas nacionais laureadas, ladeadas pela era 19-86 e circundadas pela legenda “República Portuguesa”; na metade inferior do campo, o valor facial “100 escudos”. No reverso surgia no campo, as figuras de dois jogadores em despique pela posse do esférico, sobrepondo-se a uma baliza no fundo e ladeadas pela legenda “XIII Mundial de Futebol”– “México 86”; junto à orla, na parte inferior, o emblema da selecção nacional de futebol.

Mundial de Futebol México ‘86

O Mundial de 1986 foi o 13º organizado pela FIFA e contou com a participação de 24 países divididos em seis grupos de quatro. 113 países participaram das eliminatórias. O Mundial de 1986 era para ser disputado na Colômbia. Porém, os graves problemas económicos deste país impediram os colombianos de serem os anfitriões do torneio. A FIFA ofereceu o Mundial para o Brasil, mas o Governo de José Sarney recusou. Então o México foi escolhido para sediar o mundial mais uma vez. Nem mesmo os terramotos um ano antes do mundial colocaram em risco a realização deste.

Foi um Mundial no qual o grande nome foi sem dúvida Diego Armando Maradona. Após o vexame de 1982, a Argentina vinha com uma equipa renovada. Maradona, Jorge Valdano, Jorge Burruchaga e Nery Pumpido foram nomes de uma equipa que se deu ao luxo de abrir mão da titularidade de Daniel Passarella.

203 Apontamentos: Escudo

O Mundial de 1986 ficou também marcado pela despedida da “geração Platini”, e a França ficou com o 3º lugar, eliminada pela segunda vez consecutiva pela Alemanha e os principais jogadores de tão frustrados abriram mão de jogar pelo 3º lugar contra a Bélgica. Mesmo assim, a França ganhou por 4-2. Os “Diabos Vermelhos” (a selecção belga) foram a grande surpresa da copa, pois eliminaram seleções favoritas como a URSS, nos oitavos por 4-3 num jogo sensacional, e a Espanha, que um jogo antes goleou a Dinamarca por inacreditáveis 5-1 com uma actuação espectacular de Emilio Butragueño, que fez quatro golos naquele jogo.

A sensação da primeira fase foi a "Dinamáquina", que aplicou uma sonora goleada no Uruguai por 6-1, e venceu ainda a Alemanha, grande favorita, por 2-0 e caiu contra a Espanha nos Oitavos. Marrocos classificou-se num grupo que tinha a Inglaterra, Polónia e Portugal e só foi eliminado nos Oitavos, contra a Alemanha, com um golo de livre de Lothar Matthäus no fim do jogo. A boa campanha marroquina confirmava o início de uma fase constante de boas participações de equipas africanas em Mundiais.

A Argentina, com o génio Maradona, ganhou à Coreia do Sul na estreia por 3-1, empatou em seguida com a Itália, campeã mundial e grande decepção do mundial a um golo e consolidou o primeiro lugar com 2-0 sobre a Bulgária. Nos oitavos ganhou por 1-0 ao Uruguai, nos Quartos, 2-1 à Inglaterra, num dos jogos mais antológicos da história do futebol mundial. Maradona, literalmente, acabou com o jogo. Fez um golo de mão, e depois um dos mais belos golos de todos os tempos, onde passou por seis ingleses, incluindo o guarda-redes. Na semifinal, eliminou a Bélgica por 2-0 com outro golaço do pibe de ouro. Na final, Argentina e Alemanha Ocidental. A Argentina abre 2-0 com golos de José Luis Brown e Valdano, a Alemanha procura o resultado e empata com golos de Karl-Heinz Rummenigge e Rudi Völler, mas, no final, num descuido de Matthäus, implacável marcador, Maradona encontra Burruchaga e o lança na cara do golo: 3-2 para a Argentina. Desta vez, ao contrário de 1978, sem contestações.

Portugal qualificou-se depois de vinte anos de ausência. No sorteio das eliminatórias, Portugal ficou alinhado com Alemanha Ocidental, Checoslováquia, Suécia e Malta. Duas equipas por grupo iriam ao campeonato.

Portugal começou bem, ganhou à Suécia por 1-0, em Estocolmo. Foi a primeira vitória frente à Suécia. O golo foi de Gomes. Depois, no Porto, derrotou a Checoslováquia por 2-1, com golos de Diamantino e Carlos Manuel; com Janecka pelos checoslovacos. Mas, depois, em Lisboa, Portugal cedeu 1-3 com a Suécia, com um golo de Rui Jordão, Nilsson e Prytz (2) pelos suecos. Em Malta, ganhou por 1-3, com golos de Gomes (2) e Carlos Manuel, Ferrugia marcou o golo dos malteses. Esse jogo caracterizou-se por ter sido jogado da parte da manhã, antes de almoço. Com a Alemanha Ocidental, em Lisboa, voltou a perder 1-2 (Diamantino marcou para Portugal; Völler e Pierre Littbarski marcaram para a Alemanha). As esperanças de qualificação ficaram quase completamente arrasadas com mais uma derrota, desta vez em Praga por 1-0, golo de Hruska. Com Malta, em Lisboa, venceu novamente, mas tangencialmente 3-2, com golos de Gomes (2) e José Rafael; Frederico marcou na sua própria baliza; Di Giorgio marcou também por Malta. Valeu para a qualificação, uma das vitórias mais brilhantes da história do futebol português, com golo de Carlos Manuel em Estugarda sobre a Alemanha Ocidental, o qual valeu a surpreendente qualificação.

204 Apontamentos: Escudo

Na fase final Portugal foi colocado no grupo F. Abriu o Mundial com o jogo com a Inglaterra. A 3 de Junho de 1986, em Monterrey, Portugal estreou-se bem, vencendo a Inglaterra por 1-0, com golo de Carlos Manuel.

Mas algo estava mal entre a delegação portuguesa. Os jogadores e a federação não chegavam a acordo sobre prémios de jogo. Havia problemas de indisciplina e entre o primeiro e o segundo jogo, os jogadores fizeram greve aos treinos. Além disso, o guarda-redes português, Bento, partiu uma perna na véspera do segundo jogo, tendo sido substituído por Vítor Damas. A 7 de Junho, também em Monterrey, Portugal defrontou a Polónia e perdeu por 0-1, com golo de Smolarek. A 11 de Junho, em Guadalajara, defrontou Marrocos, que antes havia surpreendentemente empatado com Polónia e Inglaterra, e perdeu por 3-1 (golos de Khairi (2) e Krimau; Diamantino). Era a eliminação precoce da selecção que tão brilhantemente tinha marcado presença no Euro ’84 conquistando o terceiro lugar. Foi também o fim de uma das melhores gerações de futebolistas portugueses com jogadores como Bento, Damas, Álvaro, Carlos Manuel, Diamantino ou Gomes.

Ficha Técnica

Peso: 16,5 g Diâmetro: 34 mm Bordo: Serrilhado Eixo: Horizontal Metal: Cuproníquel Composição: Cu 750, Ni 250 Autor:Alberto Gomes e F. Cabaço Decreto: 76A/86 de 30/04/1986 e 202ª/86 de 22/07/1986 Ano Cunhagem Código 1986 500 000 083.01

Alberto Gomes Natural de Lisboa onde nasceu em 16 de Fevereiro de 1934. Estudou na Sociedade Nacional de Belas Artes destacando-se nas artes gráficas onde se dedicou profissionalmente. Colaborou em várias campanhas publicitárias sendo de destacar a criação gráfica do símbolo do Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa. Como Numismata destacou-se como autor de diversos catálogos, livros, folhetos, símbolos e stands. Foi ainda autor gráfico da moeda comemorativa do Mundial do México 1986. Faleceu em Lisboa em 27 de Março de 1999.

100 Escudos Ch. 9 Fernando Pessoa

José Tavares Moreira

205 Apontamentos: Escudo

Walter Waldermar Pego Marques

António Palmeiro Ribeiro

Alípio Pereira Dias

Alberto José Santos Ramalheira José Matos Torres

Abel António Pinto dos Reis Luís Miguel Beleza

José Luís Nogueira de Brito

Com esta chapa, que fechou o ciclo das notas de 100 escudos, iniciou-se a emissão de uma nova série de notas com formatos estabelecidos para cada denominação. Foi, também, a primeira nota a entrar em circulação, de um conjunto de quatro maquetas da autoria do Professor Luís Filipe de Abreu, aprovado em Comissão Executiva Geral de 26 de Agosto de 1980. Fernando Pessoa, prestigiado poeta e escritor lisboeta (1888-1935), foi a personalidade escolhida para figurar nesta chapa. Curiosamente tinha sido lançada na mesma altura moeda comemorativa do mesmo valor relativa a esta grande personalidade da cultura portuguesa do século XX. O trabalho de gravação das chapas e estampagem das notas foi consignado à firma inglesa Thomas De La Rue & Co. Ltd.

A estampagem a talhe-doce da frente, feita a três cores, com tom predominante azul, englobava a efígie do poeta, trabalhos trapezoidais de linha cheia, dísticos, ornamentos, três linhas horizontais microimpressas com “Banco de Portugal” e, no canto inferior esquerdo, duas barras verticais para identificação por invisuais. O fundo, impresso em “offset” simultâneo, com evolução de cor, do motivo principal, sobre a esquerda, uma rosácea de centro pentagonal branco, elemento de registo frente- verso, quando visto à transparência.

A estampagem a talhe-doce do verso, também a três cores, apresentava dísticos, uma rosa e duas linhas horizontais microimpressas com “Banco de Portugal”. O fundo do verso, em “offset” simultâneo, irisado, apresentava como motivo principal, um emaranhado de fitas com heterónimos criados por Fernando Pessoa envolvendo o desenho pentagonal do registo frente-verso. O texto complementar (data, série, numeração, as palavras “O Governador”, “O Vice-Governador” e “O Administrador” e chancelas) foi impresso tipograficamente, a preto, nas oficinas do Banco. O papel foi fabricado pela Papierfabrik Louisenthal GMBH – Security Printing, papeleiros alemães. A marca de água apresentava no lado direito da nota, a cabeça descoberta do poeta, de perfil para a direita. Incorporado no papel podia observar-se, na metade esquerda da nota, um filete de segurança microimpresso com a palavra “Portugal” e,

206 Apontamentos: Escudo quando sob a incidência de luz ultravioleta, fibras fluorescentes vermelhas e verdes sobre toda a superfície.

207 Apontamentos: Escudo

Ficha Técnica

Valor: 100$00 Chapa: 9 Frente: Retrato de Fernando Pessoa Verso: Composição referente aos heterónimos de Fernando Pessoa Maqueta: Luís Filipe de Abreu Marca de água: Fernando Pessoa Mecanismo de segurança: filete de segurança microimpresso com o dístico “Portugal”, fibras fluorescentes vermelhas e verdes sobre toda a superfície Medidas: 149x74 mm Impressão: Thomas De La Rue & Co. Ltd. Primeira emissão:17-07-1987 Última emissão: 11-12-1990 Retirada de circulação: 31-01-1992 Data Emissão Combinações de Assinaturas 16-10-1986 19 968 000 5 12-02-1987 19 970 000 8 03-12-1987 29 912 000 7 26-05-1988 30 955 000 6 24-11-1988 34 699 000 6

208 Apontamentos: Escudo

Índice 100 escudos Ch. 5 João Pinto Ribeiro ...... 3 50 escudos Ch. 6 Ramalho Ortigão...... 6 500 escudos Ch. 6 Infante D. Henrique ...... 10 1000 escudos Ch. 6 Mestre de Avis ...... 14 20 escudos Ch. 6 D. António Luís de Menezes ...... 18 50 escudos Ch. 6A Ramalho Ortigão ...... 22 Renovação das moedas de 10 e 20 centavos ...... 24 500 escudos Ch. 7 Damião de Góis ...... 27 1000 escudos Ch. 7 D. Afonso Henriques...... 31 500 escudos Ch. 8 D. João IV ...... 35 100 escudos Ch. 6 Pedro Nunes ...... 39 Renovação Financeira ...... 43 50 escudos Ch. 7 Fontes Pereira de Melo ...... 46 1000 escudos Ch. 8 D. Filipa de Lencastre ...... 49 500 escudos Ch. 9 D. Francisco de Almeida ...... 53 Série Comemorativa Henriquina ...... 56 20 escudos Ch. 6A D. António Luiz de Menezes ...... 59 50 escudos Ch. 7A Fontes Pereira de Melo ...... 61 100 escudos Ch. 6A Pedro Nunes ...... 63 1000 escudos Ch. 8A D. Filipa de Lencastre ...... 65 As novas moedas de cuproníquel ...... 68 20 escudos Ch. 7 Santo António ...... 70 50 escudos Ch. 8 Rainha Santa Isabel ...... 74 100 escudos Ch. 7 Camilo Castelo Branco ...... 79 1000 escudos Ch. 9 D. Diniz ...... 83 Ponte Salazar ...... 88 500 escudos Ch. 10 D. João II ...... 91 1000 escudos Ch. 10 D. Maria II ...... 95 Cabralinas I: Pedro Álvares Cabral...... 99 50 escudos Ch. 9 Infanta D. Maria ...... 100 1000 escudos Ch. 11 D. Pedro V ...... 106 Novo sistema de moeda metálica...... 111 Cabralinas II: Vasco da Gama ...... 114

209 Apontamentos: Escudo

Cabralinas III: Marechal Carmona ...... 115 O final da Reforma monetária ...... 117 Cabralinas IV: Banco de Portugal ...... 120 20 Escudos Ch. 8 Garcia da Orta ...... 121 Cabralinas V: Os Lusíadas ...... 126 Moeda de 25 escudos ...... 127 Série 25 de Abril ...... 128 Série Alexandre Herculano ...... 131 20 Escudos Ch. 9 Gago Coutinho ...... 133 Ano Internacional da Criança ...... 137 500 Escudos Ch. 11 Francisco Sanches ...... 139 Moeda 25 escudos (parte II) ...... 144 Região Autónoma dos Açores ...... 145 Luís de Camões ...... 149 100 Escudos Ch. 8 Manuel Maria Barbosa du Bocage ...... 151 5000 Escudos Chapa 1 António Sérgio ...... 155 Escudo Latão Níquel I...... 158 Região Autónoma da Madeira ...... 159 Ano Internacional do Deficiente ...... 163 Mundial Hóquei 1982 ...... 167 FAO – Dia Mundial da Alimentação ...... 170 XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura ...... 173 1000 Escudos Ch. 12 Teófilo Braga ...... 178 10º Aniversário do 25 de Abril de 1974 ...... 184 VI Centenário da Batalha de Aljubarrota ...... 185 D. Afonso Henriques ...... 191 Fernando Pessoa ...... 192 Novo Sistema ...... 194 Adesão à CEE ...... 199 X Aniversário da Autonomia dos Açores ...... 201 Mundial de Futebol México 86 ...... 203 100 Escudos Ch. 9 Fernando Pessoa ...... 205

210 Apontamentos: Escudo

Índice Remissivo

$ Armando Matos Simões 129, 165, 200 $10 24, 118 B $20 24, 112 $50 112 Banco de Portugal 21, 60, 121 Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd 3, 7, 19, 22, 32, 36, 40, 1 49, 53, 60, 64, 67, 71, 108, 153 Braga 141 1$00 112, 159, 169, 195 bronze 112 10$00 44, 58, 118, 195 100 escudos 3, 40, 64, 80, 153, 207 C 100$00 129, 146, 161, 166, 186, 192, 193, 202, 204 1000 escudos 15, 32, 49, 67, 84, 96, 108, 180 Cabralina 100, 115, 116, 121, 127 1000$00 151, 174 Camilo Castelo Branco 80 caminho de ferro do Leste 108 2 Caravela 44, 69, 119 Clara Menéres 186 2$50 69, 133, 169, 172 Coimbra 75 20 escudos 18, 60, 71, 123, 134 cortes de Coimbra 186 20$00 43, 58, 88, 195 cuproníquel 69, 119, 128, 133, 138, 145, 146, 161, 25 de Abril de 1974 185 166, 169, 172, 185, 186, 192, 193, 195, 200, 202, 25$00 128, 133, 138, 145, 146, 161, 166, 169, 172, 204 185, 186, 200 250$00 130 D

5 D. Afonso Henriques 33, 192 D. António Luís de Meneses 20, 60 5 000 escudos 157 D. Dinis 84 5$00 58, 69, 133, 172, 195 D. Filipa de Lencastre 50, 67 50 escudos 6, 22, 46, 62, 75, 102 D. Francisco de Almeida 56 50$00 100, 115, 116, 121, 127, 195 D. João I 16, 186 500 escudos 11, 28, 35, 53, 92, 140 D. João II 92 500$00 174 D. João IV 37 D. Maria II 96 7 D. Nuno Álvares Pereira 186 D. Pedro V 108 750$00 174 Damião de Góis 28 Dia Mundial da Alimentação 172 A Dorita Castel-Branco 169 A aclamação do rei em 1640 37 E Açores 202 adesão de Portugal à CEE 201 efígie da República 128, 145 Alberto Gomes 204 Escudo Nacional 160 Alexandre Herculano 132 Estudos Gerais 84 alumínio 118 Euclides Vaz 172, 196 Álvaro Lucas 115 Ano Internacional da Criança 138 F Ano Internacional do Deficiente 165 António Feliciano de Castilho 165 Fernando Pessoa 193, 207 António Sérgio 157 Fontes Pereira de Melo 47, 63 António Trigueiros 174 Francisco Sanches 140

211 Apontamentos: Escudo

G N

Gago Coutinho 134 navio português 196 Garcia de Orta 123 níquel 119 Goa 123 Governo Regional dos Açores 146 O H O Pensador 48, 62 Office Français dês Papiers Fiduciaires et Surfins 46, Helder Baptista 185, 195 62 hortênsia 202 Os Lusíadas 127

I P

Igreja de Santo António de Lisboa 72 Padrão dos Descobrimentos 51, 67, 92 Infanta D. Maria 102 Papierfabrik Louisenthal GMBH – Security Printing Infante D. Henrique 13, 57 208 Irene Vilar 192 Peça “Degolada” 96 Isabel Carriço e Fernando Branco 202 Pedro Álvares Cabral 100 Pedro Nunes 40, 64 J Ponte Salazar 89 Portals Limited 4, 7, 11, 15, 19, 23, 28, 32, 36, 40, 50, J. Cabaço 204 54, 60, 65, 67, 72, 80, 84, 96, 102, 109, 123, 135, Jacob Rodrigues Pereira 165 153, 157 João Abel Manta 121 Porto 80 João da Silva 44 Praça do Pelourinho de Lisboa 96 João de Sousa Araújo 72, 75, 80, 84, 92, 96, 102, 108, prata 43, 58, 88, 100, 115, 116, 121, 127, 129, 151, 123, 135, 141, 153, 157 174 João Gonçalves Zarco 161 João Pinto Ribeiro 5 R Joh. Enschedé en Zonen, Grafische Inrichting N. V.75, 84, 92, 96, 141 Rainha Santa Isabel 75 José Aurélio 193 Ramalho Ortigão 8, 23 Ramos de Oliveira 25, 112, 118 L Região Autónoma da Madeira 161 Região Autónoma dos Açores 146 Lagoa Henriques 139 Renovação Financeira 44 latão-níquel 160, 169, 195 Revolução de 25 de Abril 129 Luís de Camões 151 rosa dos ventos 196 Luís Filipe de Abreu 181, 207 rosáceas 195 Rossio 153 M S Manuel Maria Barbosa du Bocage 153 Manuela Granja 161 Santo António 72 Marcelino Norte de Almeida 25, 58, 69, 89, 100, 112, Sintra 102 116, 118, 127, 128, 133, 139, 145, 160, 166, 200 Societé Arjomari 76, 92, 141 Marechal Óscar Carmona 116 Martins Barata 89, 152 T Monumento aos Restauradores da Independência 5 Mosteiro da Batalha 15, 40, 49, 64 Teófilo Braga 180 Mosteiro de Leça do Balio 9, 23 Tervakoski OY 181 Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra 29, 32 Thomas De La Rue & Co. Ltd. 46, 62, 80, 102, 123, Mundial de Futebol México ‘86 204 135, 157, 181, 207 Museu Nacional de Machado de Castro 180 trigo 112

212 Apontamentos: Escudo

V X

Valente de Carvalho 174 XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura Vasco da Gama 115 174 XXV Campeonato Mundial de Hóquei em Patins 169 W

Waterlow & Sons, Ltd 11, 15, 28

213 Apontamentos: Escudo

214 Apontamentos: Escudo

215