MTOI^IS LUTO® Diretor e redator: MUCIO LEÃO. IX Ano Gerente: LEONARDO MARQUES. N.» 13 Secretário: Outubro fie 1949 SÉRGIO R. VELLOZO. PREÇO: — CrJ-3,00 Vol. X NOTICIA SOBRE MATIAS AIRES Matias Aires Ramos da Silva ceu Amoroso Lima e ilustra- ²Mário Lobo Leal — Intro- de Eça, nasceu em São Paulo, ções de Santa Rosa; a sétima dução março de 1705, era à edição Zélio Vai- em 27 de e é da livraria Zelio Valverde, verde de José Ramos da Silva, (1948), pág. 41. filho fac-similar, e traz introdução ²Múcio Leão — um dos homens mais abastados de Correio da Mário Lobo Leal (1948). Manhã — (1-11-921). da colônia, e de D. Catarina ²Phiiosophia ratíonalis et via ²Nestor Vítor — Correio de Horta. Unha 11 anos da quan- ai Campa Sophiae, seu Manhã e Rev. Americana, do, acompanhando se o pai, physxcae subterraneae — ano V, n. 2, Portugal, e nesse pág. 112 e mudou para manuscrito in 4.°. n. 3, 333. — no colégio Santo An- ²Lettrcs — p. pais bohemiennes ²Pereira da Silva — "Os va- tão, — fez o curso de Huma- Amsterdam — 1759. rões ilustres do Brasil", nidades. Matriculando-se na ²Discours to- panegyriques sur mo 2.°, p. 9. Universidade de Coimbra, fez Ia vie et Desenho de Santa Rosa as "Reflexões sobre actions de Joseph ²Ronald de Carvalho — Pe- para a Vai- o curso de artes. Partiu Ramos dade ", de Matias Aires para da Silva. Blake que quena História da Litera- (edição da Livraria Martins) a França, e, em Bayonne, fêz dá noticia desse livro, acre- tura Brasileira — 187. os cursos de Direito Civil e Di- dita' pag. que ile não foi im- ²Rui Bloem — Prefácio e es- SUMÁRIO reito Canônico. AU estudou, presso. tudo bibliográfico ²Discurso na 5." também, as matemáticas e as oralaioíório pela edição das Aventuras Página 145: ²Uma carta de Ruy Bar- ciências físicas. Conhecia bem convalescença de e vida d'el- Diofanes, de Teresa Mar- ²Nosida sobre Matias A>- bosa a . várias línguas, e entre estas rei D. José, nosso — senhor garida da Silva e Orta (Rio res. Página 154: o hebraico. Lisboa, Miguel ²Fjui.es por Rodri- — 1945). sobre Maí-ins Ai- ²Documentário Casimiro de Foi cavaleiro da 1759, professo gue3, 10 folhas sem ²Solidônio Leite — "Clássi- res. Abreu. Cartas de Hor&cio José Ordem de Cristo e número. — ²Deà.catôria "Refle- provedor Não traz o nome cos Esquecidos" e "Catálo- das Marques de Abreu a NÜo Bruz- da Casa da Moeda de Lisboa. autor. anotado", Toes sôbri a Vaidade dos Ho- — ²Carta go p. 327. zi. Sua obra capital Reflexões sobre a Fortuna — ²Sacramento Blake — «Di- mens", re Matias Airei. sobre a vaidade dos Homens — na 4.a edição das Reflexões Páginas 155 e 156: cionário bibliográfico", 6." Póoijia 146: é de 1732. Na fase colonial sobre a Vaidade dos homens. ². Dlscur- volume, pág. 259. ²Prólogo teve grande voga, chegando a ²Problema de arquitetura ci- ao late, de Ala- sos na inauguração do monu- ter até 1786, quatro edições. vil, a saber: os DEDICATÓRIA DAS "REPLE- tias Aii»s mento do poeta em Capivari. porque edi- ²Ensaio Desde então, porém, foi caindo ficios antigos têm mais du- XOES SOBRE A VAIDADE" sobre Matais Ai- ,— Discurso de Altino Aran- no olvidio, chamando a ficar ração e resistem mais ao res, de Macio Leão. tes; Senhor: II— Discurso em completo esquecimento. tremor de terra que os mo- Pdoitias 147 e 148: de Múcio Em 1914, em seus Clássicos demos? — Offereço a Vossa Magestade Leão. Lisboa, Of. de ²Algumas "Reflexões só- Esquecidos, Solidônio Leite Miguel — os Reflexões sobre Rodrigues 1770. a vaidade bre a Vaidaãa d03 Homens", Página 157: trouxe de novo a tona nome Esta obra dos homens; isto o apareceu postu- he o mesmo de Matias Aires. ²Dois de escritores. de Mattas Aires. Logo Nestor mamente ofíerecer perfis e foi editada pelo fi- que em hum pequeno ²A Filosofia de Matias Viana Moog e Josè Lins livro aquillo Ai- do Vítor sobre êle escreveu três lho do escritor. Teve 2.u edt- de que o mundo res, (Trecho de estudu.. Rego, de Dilermando Cox. artigos se compõem, no Correio da Manhã. ção em 1777-1778. e que só Vossa Ma- ²Rui e a Bahia. ²Cândido Duarte. Laudelino Freire não tardou a gestade nâo tem: feliz indigên- ²Dois PONTES sonetos de Valfredo inclui-lo nos seus Clássicos SOBRE MATIAS cia, e que só em Vossa Mages- Páginas 149, 150, 151 e 152: AIRES ²Ouvindo Martins. Brasileiros e na sua Estante tade se acha. Declamey contra o Príncipe dos ,— A Lua; Clássica. a Poetas ²Andrade Muricy — Suave vaidade, e não pude resistir Brasileiros. (Entrevista II— O Mor. Em 1921, Solidônio Leite Convívio, 118. ô. vaidade innocente de pôr com Alberto de Oliveira), de pág. Página 158: prestou uma alta homenagem ²Alcides Bezerra — A Filoso- estes discursos aos Reaes pés de Gonçalo Jorge. ao escritor, ²Verbetes ao lhe dar, em re fia na fase colonial. Vossa Magestade; para que os Página 153: para o Dicíonà- produção fac-similar, a 1.* edi- ²Artur Mota — História mesmos pés, que heroicamente rio Bio-bibliográfico brasileiro: da ²Evocação, de Luiz Affonso ção das Reflexões sobre a vai- Literatura Brasileira. Epo- pizão as vaidades, se dignem João Inácio de Brito e Abreu; dade dos Homens Sarmento. Cândida Isolina Abreu; (1921). ca de Transformação, pá- proteger estas Reflexões. Mas ²Soneto, de Ca- Ao constituir de Débora Leão. de Abreu; Eduardo o quadro dos gina 158. que muito, Senhor, que as v«ai- ²Brisa pistrano patronos das cadeiras dos cor- ²Barbosa — dades estejão só aos Marinha, de Stepha- Augusto Pereira de Abreu; Machado Biblio- pés de ne Mallarmé pondentea, a Academia Brasi- Vossa Magestade, se virtudes (tradução de Fernando de Abreu; Luiz Per- grafia lusitana. as ). leira de Letras escolheu para ²Chichorro — o ocupão todo? Alguma vez se reira de Abreu (Visconde de da Gama ²A morte de uma criança, um dos lugares o nome de Ma- "Breve Dic. havia de ver a vaidade sem lu- Ferreira de Abreu). de autores de Ronsard (tradução de liu- tias Aires. Ficou êle sendo o clássicos", "Rev.. gar. ou de gênio Vilhena de Morais). Página 159: patrono da cadeira n. 6 desse Portuguesa" — n.° 10, pá- Tem os homens em si mesmos ²Intermezzo, ²Sancho quadro. E' êle igualmente d* Heine de Barros Pimen- pa- gina 175. hum espelho fiel, em que vem, (tradução de Alberto tei. trono da Academia Paulista de ²Cláudio — de Oli- Ganns Mundo e sentem a impressão, que lhes veira). — A timidez de Rui Bar- Letras. Literário, n. 39 — (5-7-25). faz a vaidade: Vossa Magestade ²O Cisne, de ÍSully Pru- bosa Matias Aires era irmão de ²Ernesto Ennes — Um só neste livro sentir, e ²Artur pau- a pode dhomme (tradução de Alberto Ramos. Teresa Margarida da Silva e lista insigne — Dr. Matias ver; e ass'm para Vossa Mages- de Oliveira). Página 160: Orta, a autora das Aventuras Aires Ramos ãa Silva de tade saber o que a vaidade he, —Duas traduções do Recife ²Em nome de Mira-Celi, de Diofanes, famoso livro que Eça {Contribuição para o seria necessário que a estudas- áe Coral, de J. M. de Here- de Jorge de Lima. (Ilustra- tanto comentário tem mereci- estudo critico da sua obrai se aqui. Quando derão os ho- dia. ção de Alberto Guignard). do. que a tantas dúvidas tem Publicação da Academia mens, e quanto valerião mais, dado margem. Portuguesa de História — se podessem, ainda que fosse — Faleceu em data Incerta — Lisboa MCMXEI. por estudo, alcançar huma íg- os sucessos verificassem aquelle dios, ou ensayos, não cedem na antes de 1770, diz Inocêncio. ²Francisco Ribeiro — Apro- norancia tão ditosa. Não he sô vaticinio, porque Vossa Mages- perfeição a nenhuma parte da Escreveu: vação do Paço. nesta paríe, Senhor, em que tade assim que veyo ao mundo, obra: daqui vem o parecemos, ²Haroldo Paranhos — His- vemos hum em Vossa só com se mostrar, d!sse o que que Vossa Magestade não só ²Reflexões sabre Vaidade prodígio a tória do Romantismo no Magetade. As havia de ser. Hum semblante nasceo para reinar, mas já dos Homens, ou Discursos gentes penetra- que Brasil — v. 1.». das de admiração e de respeito, augusto, mas cheyo de bondade, sabia reinar quando nasceo. Morais sobre os efeitos da ²Henrique Perdigão — Di- achão unidos em Vossa Maèes- e agrado, foy o penhor precioso Pelas mãos da Idade recebem, Vaidade, oferecidos El-Rei a ciohário Universal de Lite- tade muitos attributos das nossas esperanças: ventu- os Soberanos a experiência de nosso senhor D. glorio- Josepho I ratura — 163. sos, raramente se rosos, e claro presaglo, pois se mandar. Vossa Magestade sem por Matias Aires pág. que puderâo da Silva ²Inocêncio Siiva — "Dicio- un!r bem; e com efeito, fez entender até pela mesma depender dos annos, logo com de Eça — 400 — quando páginas. nário Bibliográfico" — 6." se vio senão agora, sentarse no fôrma exterior. o poder, recebeo a sciencia de Lisboa — na Oficina de vol., 159; 17.° vol., mesmo Throno a Soberania e a Chegou finalmente o tempo, usar delle: e que op mais devem Francisco Luiz Ameno — pág. pá- MDCCLII. gina 15. Benipnidaíe. a Justiça e a Cie- em que os acertos de Vossa Ma- ao exercicio, Vossa Magestade ²Jarbas Peixoto — Reflexões mencla, o Poder supremo e a gestade persuadem, qu* se há 6Ó o deve à Omnipotencia; por Teve mais seis edições: a 2." sobre M. Aires — Mensá- Razão ? Em Vossa Magestade huma arte de reinar, essa não isso as disposições de Vossa Ma- é da Of. de Antônio Vicente rio do Jornal do Comércio ficarão concordes, e faces aque- podem os Monarcas aprender, gestade todas são justas, por- da Silva, de Lisboa (1761); a — Janeiro de 1948, pág. 99. les impossíveis. Deos a infunde, não em todos, que com elas se justifica Deos. 3.» é da Tip. Bolandiana, de ²Joaquim Manoel de Mace- A mesma Providencia quiz mas naquelles só, a quem as Aos outros Reys servem os ho- Lisboa (1778); a 4." correio e do — O ano biográfico bra- manifestar o Rey, que preparava virtudes mais sublimes fizerão mens por força do preceito; a aumentada com uma carta do silelro, vol. 2.°. para a sua Lusitânia; assim o merecer hum favor celeste: isto Vossa Magestade servem por mesmo autor sobre a ²J. Leite — Nota apensa dizem as obrigação da ley, e também ²é fortuna á mostrou logo, porque o Oriente, resoluções de Vossa por da Tip. Eolandina, de S.B edição das Reflexões. ou Regro berço, em que Vossa Magestade; ellas mostrarão que oorigação do amor; destes dous Lisboa (1786); a 5.» é a de So- ²José Veríssimo — "História Magestade amaneceo, nunca vio não forão aprendidas, inspiradas vínculos, não sey qual he mayor, lidônio Leite (Rio — 1921) e da Literatura Brasileira" fitrura tão nesta se fun- sim. Por isso as primeiras ac- mas he certo, que hum delles consiste gentil; na reprodução fac-si- pág. 113. dou o primeiro anuncio da fe- ções de Vossa Magestade não he violento às vezes, o «outro milar da 1»; a sexta é da Ll- ²Laudelino Freire — Clãs- licidade Portugueza. e foy a voz se distinguem das que se vão he suave sempre; por que as vraria Martins, de São Paulo, sicos Brasileiros, pãg. 95; do Oráculo onde a natureza seguindo; todas são iguais, e cadeas, ainda as que são mais 3 é um duce pre- ria que teve, foi um exemplo natureza. E põem fia generosa não desejaria ba- desenganado do Elesiastes mio para cs corações bem lor- de quanto somos, todos nós. ca mento as únicas coisas que dão nir da face da terra a vaida- Tudo é vaidade'. Dal partindo, mados, que sabem povoai' com em baixo, perseguidos pelo graça à terra e encanto à vida: de. Seria extinguir a melhor vai êle mostrar essa vaidade os aromas de uma íntima ale- transitório das nossas qulirte- os beijos das mulheres, os en- das fontes do sacrifício e da cm tudo. grla o esquecimento e a floii- ras. ganos dos sonhos e, por que renúncia, esta maneira de ni- Vaidade é a glória, vaidade é não dizer tudo? o mistério dl- dão. Escrevo estas linhas a pro- velar tudo. E como poderiam a beleza, vaidade é o amor, vino dos Se o muni)*" Mati.as Aires é um deseiican- do livro de Matias — as pecados. ter aparecido Jesus e Sâo vaidade é o gênio, vaidade é o pósito fosse unicamente tado filósofo. Êle artavessou a Reflexões sõbrn a vaidade des povoado por Francisco de Assis, Marco Au- mundo, vaidade é a morte. E moralistas, não tenham dúvida, "eu existência refletindo sobre a homens. Ei af um livro sério, rélio e Spinoza —- se não los- entretanto... que disse seria um asilo merencório, de das vaidades, vim a cair tristeza des nossos destinos. E que é, além de tudo, um com- sem as nossas naturais impar- mal ar quase irrespirável. Feliz- de ser autor", medita, bem- suas reflexões porejam dese:<- pêndlo de moral. Confesso que feições, diante das quais esses na mente, no humilde planeta o filósofo. Matias gano. Para o seu olhar, o pia- tenho antipatia pelos moralis- espíritos de elite crescem e se humorado, nosso, ainda podem florescer escreveu seu neta nüo é mais do que o ren- tas. Eles sâo frios e rígidos. iluminam? E' preciso que te- Aires conta que êises deliciesos fantasmas que nhamos bem viva esta idéia: livro sem o pensamento de es- se chamam Heliogabalo e Ce- a nossa miséria é sagrada; e crevê-lo: foi pondo no papel sar Borgia, Messalina, Celini e por causa dela que existem os suas reflexões, e quando abriu Cleópatra, a doce Lais... Por heróis e os santoi. os olhos, estava a obra feita. PRÓLOGO AO LEITOR eu esse preconceito que tenho Não tem êle, de certo, aque- contra os evangelizadores da Eu não pretendi, nestas a- Matias Aires Ia acuidade de mer- Moral, Matias Aires me foi nhas, estudar o livro de Matias psicólogo, cê da La Bruyère, um Eu que disso mal das vaida- derar-se que no modo de es- mais ainda. Êle me Aires. Sou muito blasfemo pa- qual precioso seus modelos, retrata, em dss, vim a cair na ae ser Au- crever, às vezes se encontram deu rara: um ra entrar no santuário da Mo- dos a ver esta coisa linhas, uma figura mo- tor: verdade é que a maior umas tais imperfeições, que hemem ensina sabendo ral. E, depois, há tantos ho- poucas que que ral, um espírito, um caráter. parte destas Reflexões escrevi tem nê.o sei que gala, e brio: êle nada sabe. mens severos e sábios para es- próprio Também o seu nâo sem ter o pensamento naqneía a observância das regras nem Singular sabedoria, a desse tudarem os assuntos graves, programa traçar retratos vaidade; houve qusm a susci- sempre é prova da bondade do homem! Nós estamos habitua- que eu prefiro, na vida, ficar é psicológicos: apenas encontrar a explica- tou, mas confesso que consenti livro; muitos escreveram exa- dos a ver, nos escritores clássi- descansando à sombra das ár- é de alguns aspectos da vida ¦sem repugnância, e depets tamente, e segundo os precei- cos, terríveis. Des- vores, colhendo, de vez em ção professores ou da inteligência. "Própria- quando quis retroceder, nao tes da arte, mas nem por isso de a infância, eles nos quando, uma bela flor, e medi- perse- mente só dizer as era tempo, nr m pude conse- o disseram foi mais se- com o sarro uma tando, às vezs, o formoso pen- podemos que que guem de coisas estão acabando, e não guir o ser Anônimo. Poi pre- cu aprovado: a arte le- edudição minuciosa, ende os samento de um autor que- guido, estão sendo", medita êle. ciso por o meu nome neste U- va consigo uma espécie de casos nos atrai- rido... que gramaticais E sobre a história universal vro, e assim fiquei sem poder rudeza; a formosura atrai só a todos os momentos, Nesta crônica ape- çoam pretendi, conceitua, numa reflexão idên- negar a minha vaidade. A si, e não pela sua regula- com a mesma facilidade nas, chamar a atençéo a por com para tica a uma outra Anatole confissão da culpa cestuma ridade, desta sabe afastar-se a numa floresta, os desça- obra do desiludido escritor. que que, France fará, século depois, no fazer menor a pena. natureza, e então é qu; se minhos um viandan- perdem Quanto a mim, posso contes- Pierre Nosière: "Não hâ histó- Não é só nesta cm que esforça, e produz cckas admi- te. Mais do nunca, nos li- parte que sar mais uma vez que o amo, verdadeiramente seja sou repreensível: é ráveis; do fugir das propor- vros sagrados dos clássicos ria que pequeno por- porque o acho delicioso. Ele Aquiles te- este volume, mas servir ções, e das medidas, resulta tugueses nós temos a impres- universal: quantos pode me ensinou muitas coisas cer- cujas nptícias se de campo largo a uma censura muitas vezes uma fantasia são de defrontar a selva sei- rão havido, tas e justas. No meio desse só nâo tive- dilatada. Uns hão de dizer tosca, e impelida, mas brilhan- vaggia, onde o incompa- acabarão porque poeta vão passeio através de várias ram Homeros as íízessem qus o -estilo oratório, e chíio te, e forte. Nada disto pre- rável se E o e que perdeu. pior aparências, que. é a vida dos e isto de figuras era impróprio na sumo se ache aqui; o que dis- nessa escusa selva nao há, durar um certo tempo que homens, Matias Aires me dei- meio de um iíTis- matéria; outros hão de achar se, foi para mostrar, que ain- senão mui raramente, a ale- por poema xou sentir, mais vivamente, os tre?" 29, ed. Solldõnlo que as descrições, com que ás da em um estilo impróprio se boêmia de um ou, (Pag. gria pássaro milagres luminosos da doçura, Leite). veies me afasto do sujeito, pede achar alguma proprieda- mesmo, o riso de uma flor ca- da sabedoria, da tolerância e escritor, Matias Aires eram naturais em verso, e não de feliz, e agradável. pitosa. Matias Aires, dá-nos a do Como perdão. é um dos autores mais inusi- em prosa; outros dirão, que Escrevi das vaidades, mais respirar o riso das flores e a (1921). cais de nossa lingua. Embora os conceitos ni.o são justos, e para instrução minha, que ouvir a alegria dos pássaros. II não conheçamos versos sua que alguns já foram ditos; fi- para doutrina dos outros, mais Que importa seja pessimista? de autoria, sentimos, através de nalmente outros hão de repa- para distinguir as minhas pai- O pessimismo é o molhe- que 0 ESTILO DE MATIAS AIRES rar, que afetei nas expressões xões, que os outros serve para dar um travo mais sua prosa, um longo contacto que para Das várias escritor, alguns termos desusados, e es- distinguam as suas, por isso pitoresco à vida. Esta defini- obras do com a poesia. Suas reflexões uma tem especialmente mere- trangeiros. .Bem sei que con- quiz de alguma forma pintar ção deve ter sido apresentada estão semeadas de versos, ai- cido a admiração da tra o que eu disse, há muito as vaidades com cores lisongei- por um maitre d'hôtel. Eu a posteri- guns deles extremamente bri- dade: são as Reflexões sobre a lhantes. Citarei agora, esmo, que dizer; mas é tão natural ras, e que se fizessem menos aceito, porque prezo a sabedo- a nào vaidade dos homens. Matias cs seguintes: nos homens a defesa, que herríveis, e sombrias, e por ria dos humildes,, que é, quase posso passar sem advertir, que conseqüência menos fugitivas sempre, mais justa que a dos se os conceitos neste livro não da minha lembrança, e do pensadores. —"Não tem mah duração a cima dos heróis..." (pág. 33) em certo H>W são justos, é porque meu conhecimento. Mas so —"O princípio comum de tudo: terra e pó..." (pág. 34) gênero de discursos, estes não ainda assim fiz mal em for- Nas Reflexões sobre a vaida- Dois versos juntos : se devem tomar rigorc-samen- mar das minhas Reflexões um de estão pintadas, nuamente, —"O que se encerra neles vem entrar te as soam, nossas pelo que palavras livro, já me não posso emen- todas as fraquezas. Oh! Finalmente no caos do esquecimento..." (pág. 34) nem em toda a extensão, ou sim, meditabundo dar por esta vez, senão com velho, mem- Um pequeno poema de feição verso-librista • significação delas. os mes- na ligeira e formosa, Se prometer, que não hei dé fa- poeta —'Tudo no mundo são sombras qtie passam; mos conceitos se acham ditos, zer cutro; e esta promessa en- amante das formas e das 11- as que são maiores haverá iósse? que que nunca o tro a cumprir já, porque em nhas! Naqusla galeria, todos e mais agigantadas E além disto os primeiros prin- virtude dela ficam desde logo nós passamos, com as nossas duram mais horas, mas também se extinguem cípios, ou as primeiras verda- suprimidas as traduções de fragilidades sem remédio, com e do mesmo modo des, são de todos, nem as nossas ambições, perten- Quinto Curcio, e de Lucano. pequeninas aquelas que apenas cem mais a as disse an- com os nossos quem As ações de Alexandre e Ce- despeitos e os tiveram de existência alguns instantes...'' (pág. 35* tes, do a aqueles as nossos ódios — com esse éter- que que sar, que estavam brevemente Outro poemazinho verso-librista: disseram depois. Se o estilo é no do demônio, ha para sair à luz no idioma pedaço que —"E assim na vaidade impróprio, também pede no fundo de nossas almas, tt pon- Português, ficam reservadas nunca se formam cicatrizes firmes parecemos insignificantes, des- serem obras póstumas, e e seguras; porque para pidos do véu nes envolve. talvez que então sejam bem que a lembrança do agravo a cada instante Os vaidosos insetos! Como eles NOTICIA SOBRE MATIAS aceKas; os erros fa- as faz abrir de novo e verter sangue;" AIS porque são lastimáveis — mas tam- (pá». 40> cilmente se desculpam em ia- Ainda outro do mesmo tipo (.Continuação ãa 145) bém, como eles são belos! Fo- poema : pâg. vor de um morto; se bem que —"Quantas vezes nos o bosque ram eles fizeram da terra parece que ficão sendo leves, vale um livro, que nos serve de muda com/panhia, pezadas, quan- pouco quancio o das e vale que 6o he o amor faz, e merecer algum sufrágio, jardim graças o se magoa dos nossos infortúnios, quem as para das lágrimas; foram eles as supporta. Todos sabem, Se- necessita morra que e o vale recebe que primeiro erigiram a deusa Liberdade, que o sentimento nhor, antes nossas o seu Autor; e com efei'o e das nossas que que as coroada de louros, e deusa queixas, quando vozes aplauso não a em, ecos entrega aos a-cclamassem a Vossa Ma- certo que então o Esperança, coroada de rosas; ventos gestade o tinhão acclamado de justiça, mas vem partidos os nossos ais!" (pág. 53» já procede foram eles que conceberam a cs nossos corações; nestes le- por compaixão e lástima. Mais outro: justiça, o direito e a ciência, —"A vantou o mesmo amor o pri- Não me obrigo porém a que mais bela ainda direito. . vaidade é como o amor: que o Este, meiro throno a que Vossa Ma- (vivendo quase retirado) deixe Foram eles, os vaidosos inse- quando o deixamos, sempre nos gestade subio; e se he certa de ocupar o tempo em escre- tos, que acenderam o Amor, fica uma saudade lenta, aquella memorável profecia, que ver em outra lingua; e ainda ê,sse hálito da divindade, den- que insensivelmente nos devora..." (pág. 55) promette a hum Rey de Fortu- a vulgar é um tesouro, Outros versos avulsos, que achamos no livro: que que tro do nosso espírito. —"Em gal o ser senhor de toda a terra, contém riqueza imensa «aaa desprêso universal ie tudo" (pág. 36) para Certo, a vaidade dos homens —"ódios jã podemos crer que chegou o se souber servir dela, que duram tanto como a vida" (pág. 41) quem é eterna. Ela é como o mal e —"Sempre tempo de cumprirse, a esta fé contudo não sei fatalida- leva no peito atravessada a seta" (pág. 43) que como o bem. Por isso é, com ¦-"Não deve fundaTse nas virtudes de des me tem feito olhar com cessa de guiar o pensamento" (pág. 47) a virtude, uma das grandes —"O Magestade: e em susto, desagrado tudo amor continuamente nos promete" (pág. 47) Vossa quanto e para forças humanas. Os homens —"Nào feliz hora de ver- nasceu comigo; e além nos serve ãe alivio o bem futuro" (pág. 67) não chega a quanto que ela mais vivamente assi- —"A mos na mão de Vossa Magestade disto, as letras parece que tem nala são cheios de uma luz natureza quer que nos amemos" (pág. 71) —"Novos no mundo o Cetro Universal, Já vemos que mais fortuna, quando estão se- perturbadora. Caim e Judas porém não no amor, Este se manifesta Vossa Magestade he digno delle; paradas do lugar em que nas- tém uma grandeza excepcio- em nós logo nô berço" ("pág. 176) —"... como sendo he mais glorioso o ceram; a mudança de língua- nal. Pcssuem a maravilhosa pode haver amor constante que se ê tão merecer, do que o alcançar. A gem é como uma arvore que beleza dos que sofrem. E atra- pouco constante a formosura" (pag. 184) Real Pessoa de Vossa Magestade se transplanta, não só para vés dos seus nomes malditos guarde Deos Infinitos annos. frutiflear melhor, mas também há secretas seduções. Quem Haveria a recolher infinitos dar uma idéia da musicalidade Mathias Aires Ramos ia Silva para ter abrigo. não daria um pedaço da vida outros, mas cs que acabei de . ,„ do est"° de, Matiasmm , Aln>- ie Eça. Vote para ser por um momento Sa- alinhar Já bastarão para nos de 1949 — Outubro Vol. X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 147 Algumas reflexões sobre a vaidade dos homens (1) Sendo o termo da vida têm muitos modos, em que po- limitado, não tem limite a nos- dem ser consideradas; por isso MATI AS AIRES sa vaidade; porque dura maia, a mesma coisa pode ser pe- dos os do que nós mesmos, e se intro- quena, e grande, pode ser má, REFLEXÕES julgam, e ninguém os ouve; cemo duz nos aparatos últimos da e também bôa; pode ser in- se a preeminência morte. Que maior prova, do justa e justa; a vaidade SOBRE da dignidade os fizesse inca- porém os indignos que a fábrica de um elevado sempre se apropria o modo, ou pazes, da defesa: o mausoléu? No silêncio de uma o sentido, cm a coisa era Julgar por este modo aos reis, que sacrilégio, urna depcsitam os homens as nus fica sendo superior, e ad- A VAIDADE é porque a traição à fama, suas memórias, para com a flor mirável. que a que conspira dos mármores fazerem seus * # DOS HOMENS, contra a vida; esta nos mo- imortais, a narcas é-lhes menos preciosa nomes querem que (19)Os retiros, dó túmulo sirva e as solidões o o do que a fama: com a vida se suntuosidade nem sempre , como são efeitos do de- acaba o respeito, a grandeza, e de inspirar veneração, senganc, relíquias suas as mais das vezes sao o poder mas não acaba a ta- se fossem as ein- delírios DISCURSOS corra conta dos de um sentimento vão, MORAES putação; o túmulo não ence- zas, e que por ou furores, à centinuação do ies- em que brota a vai- bre, nem a nomínia do nome. jaspes dade: então nos move Sebre nem esclarecido, Que f rivolo cuidado! o tim os tficitts daVaidadex o porque nos peito. oculto de nunca Esse triste resto daquilo que querermos, que a de- príncipes Ficaba, a g>o- monstra ção da dor nos faça ria, nem a infâmia: foi homemC Já parece um ido- OFFERECIDOS o breve es- recomendáveis; fazemos de uma lo colocado ím um breve, mas vai- paço urna basta para dade de tudo é esconder as soberbo domicílio, que a vaida- quanto gran- A ELREY cinzas de muitos de; a mesma é NOSSO SENHOR. reis; ds ediftcou para habitação de pena quando porém por mais que as excessiva nos lisonjeia; confunda a uma cinza fria, e desta declara porque morte, a história nos promete a admiração as separa, a inscrição o nome e a do e as divide: a ira- gran- mundo, dição anima deza. A vaidade até se estende D. JOSEPH O I. essas mesmas ein- * * zas: umas a enriquecer ds adornos o mes- •OR para honra da na- tureza, outras horror >ta mo pobre honor da sepultura. (20)Buscamos a Deus quan- para do o mundo nos não busca, se AIRES posteridade. alguma ofensa nos irrita dei- MATHIAS RAMOS (54) Vivemos cem vaidade, e (2) xamos a sociedade não por ar- DA SILVA DE A maior parte das aç6es dos com vaidade morremos; arran- rependidos, mas por queixosos, EÇA homens consiste no modo delas; os últimos suspiros, es- cando e menos por amor a Deus, que o modo com que se propõe, com tamos, dispondo a nossa pom- por aborrecer os homens. A que ss diz, com que se fala, com pa fúnebre, como se em hora vaidade nes inspira aquele que se ouve. com que se olha, morrer não bastas- tão fatal o modo de vingança, e parece com que se vê, com que se an- se para ocupação: nessa hora, com efeito, que o deixar o do, e enfim todos os mais mo- o em que estamos para deixar mundo é desprezá-lo. Assim dos, que são inseparáveis de mundo, ou em o mundo que será; mas quem deseja vingar- LISBOA, qualquer ação, nos dão a co- está nos deixar, a entra- para se ainda ama, e quem se mos- nhecer o que devemos mos a compor, e a ordenar o pensar tra ofendido ainda quer. Ama- Na Officim de FRANCISCO LUIZ AMENO delas: quase sempre o modo, nesso acompanhamento, e as- (7f) mos o mundo ,e as suas vaida- ImpielTor di Rev. Fabrica :s- mas também o pensamento; o que temos malícia algu- duz a buscarmos esses oramos A ingratidão não consiste só ma; conhecido totalmente. Os - cetro, que indica a majestade porém esse pensamento pri nadas, cernó meios de nos dis- no esquecimento do favor, mas não dura meiros homens, à força de também inspira o esforço; e a muito em nòs; por- que tinguir; sendo nem Deus: também em sua aversão oculta, a fogo, e sangue se fizeram árbi- que grandeza no podsr também ln- que vaidade nes obriga a nem a natureza nos distinguiu que temas a quem nos obrigou, tios da terra, nos mesmus tim- flui extensão no rspírito; por querermos antes parecer maus nunca. Na lei universal nm- isso o vemos, en- com entendimento, damentos das suas conquisras isso na arte de reinar não ha por quando e do que bons guem ficou isento da dor, nem contramos. sempre é com nosso sem êle: verdadeiramente a deixaram sepultadas as suas regras, que possam ser sabidas da tristeza; todos nascem su- pezar e desagrado. Insensível- falta ds ações: o valor com por quem não é rei. entendimento; porque que pude- jeitos ao mesmo principio, que mente se forma uma malícia ram nos seus des- espécie propriamente é aquela perpetuar é a vida, e ao mesmo fim, que de divórcio entre inteligência, cendentes o e a majestar quem recebe ou ato, qu2 prevê poder é a morte: a todc,3 cempreen- (53) Nos príncipes é virtude, vm favor e o fazVèste o mal, ou de. náo lhes pode perpetuar o quem por o medita; por isso de o efeito dos elementos; to- uma vaidade bem entendida; e vaidade afeta o não lembrar-se é diferente o ter malicia e o nome; das maiores monarquias dos sentem o ardor do sol, e o discorre santamente um rei, do benefício feito, aquele tem seu malicioso; tem malícia ainda se ignora quem foram rigor do frio; a fome, e a sede. quando se desvanece da qua- P«Mo de hawr-se esauertân dfl- quem descobre o seus primeiros fundadores. o mal para o gosto, e a pena, é comum a lidade de ser justo; há vícios le; um e outro se retira; a au- evitar; é malicioso an- quem o tudo aquilo que respira: o Au- necessários em certos homens, sênda, ou a ruína daquele a tevê para o exercer, a malícia tor do mundo fez ao homem assim como já virtudes lmpro- quem fomos obrigados, nunca * uma espécie de arte natural, (27) são os homens mais 'dela Que sobre uma mesma uni- prias em outros. Os soberano: nos é desagradável; en- Que se compõe de combinações, do aparências de teatro? forme, e igual, na ordem porque que e sendo a fonte da Justiça, sao táo respira a vaida- e conseqüências, e neste sen- Tudo neles representação, parece que é que com que dispôs a natureza, nãò os que mais injustamente são de, como livre de um ln- tido a malícia é uma virtude a vaidade a fatal revciu- conheceu exceções, nem peso gula: privi- julgados: os mais homens são suportável: naturalmente náo Política. As mais das coisas Ção do tempo e o seu curso léglos: nunca o homem pode ouvidos, os príncipes não, to- podemos amar a quem nao de- Página 148 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 — Vol. X, n,° 13 famas reflexões ire a vaidade dos homens A FILOSOFIA DE MATIAS AIRES "Refleiòcs Trecho da Introdução às sabre a vaidade doi homens", vemos; a divida leva consigo um em cada um de nós; e assim te fica sendo como um aciden- -escrita «edição desejo da extinção do aeu ob- devia ser, porque as variações te superficial e estranho: a de Matias Aires, por Alceu Amoroso Limo, para a jeto. do tempo, da idade, da fortuna mascara, que encobre, fica da Livraria Martins e dos sucessos, a todos comp»- identificada, e consubstanciai ã ende, e a todos iguala; sò a coisa encoberta; o véu que es- Aliás o ceptlclsmo filosófico bes também fôra um de seus (79) vaidade a todos distingue, e em conde, fica unido Intimamente de Matias Aires também tem mestres. A origem do mundo Nascem os homens Iguais; um todos um sinal de diferen* à coisa escondida: e «assim não qualquer coisa do ceptlclsmo para êle, não nos revela um pôe "La mesmo, e igual principio os ani- ça, e um caráter de desigual- olhamos para o homem; olha- filosófico de Pascal. phi- espetáculo de paz mas de luta. ma, os conserva, e também os dade mais a terra mos para aquilo que o cobre, e losophie ne vaut pas une heu- Não é nas Escrituras, de onde ,e por que "vanitas debilita, e acaba. Somos orga- fosse feita para todos, nem por que o clnge; a guarnlção é a re de peine", escrevia este. E" tirara o vanitatum" nizados mesma forma, e isso vaidade crê, um ho- faz o homem, e a este ho- de ver, entretanto, que o pes- para epígrafe de seu livro, mas pela a qué que "bella por isso estamos sujeitos is mes- mem seja, o mesmo que outro mem de fora é a quem se dl- simismo pascaliano era essen- no omnium contra om- mas paixões e as mesmas vai- homem. E sutil a vaidade em rigem os respeitos, e atenções; clalmente cristão, ao passo que nes" do filosofo do Leviathan, dades. Para todos nasce o sol; discorrer; por isso nos inspira, ao de dentro não; este despre- o pessimismo de Matias Aires que Matias Aires Ia tirar a sua a aurora a todos desperta para há desigualdades no ê sa-se como uma coisa comum, era, como o de La Rochefou- concepção da origem «da socie- que que "Na o trabalho; o silêncio da noite, igual; que há diferença no que vulgar, e uniforme de todos. A de que encontramos em Ma- dade na luta: infância do anuncia a todos o descanso. O é o mesmo; e qus há diversi- vaidade, e a fortuna são as que tias Aires com o pensamento mundo começaram logo a ha- — tempo que insenslvelmente cór- dade donde a nao pode haver: governam a farda desta vida; pascaliano o cepticismo fi- ver combatei" (fragm. 26). E re. e se distribui em anos, me- mas que importa que a vaidade cada um se põe no teatro com losoíico, o experimentalismo o poder não tem outra origem, ses e horas, para todos se com- assSm discorra, se sempre é cer- a pompa, com que a fortuna e cientifico, a paixão pelas clén- em contradição aliás com o que põe do mesmo número de ins- to que os homens todos são uns, a vaidade o põem; ninguém es- cias físicas e matemáticas, a em outra parte dizia do di- tantes. Essa transparente região e que os não há de diferente colhe o papel; cada um recebe o preocupação pelo Homem como reito divino dos reis, senão na "Os a que todos abraça; todos acham fábrica; e que tudo quanto a que lhe dão. Aquele que saí sem centro de toda a pesquisa es- fôrça — primeiros homens, nos elementos um patrimônio vaidade ajunta «ao homem é em- fausto, nem cortejo,« que logo peculatíva e a consideração de que à fôrça de ferro, e sangue comum, livre e indefectível; to- prestado, fingido, suposto e ex- no rosto indica, que é sujeito sua grandeza e de sua miséria, se fizeram árbitros da terra". dos respiram o ar; a todos sus- terlor. Tirada a insígnia, o que à dor, à aflição, e ã miséria, . o rigorismo de inspiração jan- (fragm. 26). tenta a terra; as qualidades da fica, é um homem simples; des- esse é o que representa o papel senlsta, as contradições do ho- Em tudo isso, em todas essas se co- mem, etc. Outras influências, marchas e contramarchas, água, e do fogo, a todos pida a toga consular, também de homem. A morte que está o foi feito sem dúvida, separam o se nota é homem municam. O mundo não fica o mesmo. Se tirarmos do de sentinela, cm uma mão tem provi- que o dos mais em beneficio de uns, dencialismo frio e irônico de dois séculos, quase sempre som- que capitão & lança, o casco de fer- o relógio do tempo, na outra de outros, para todos é o mes- Matias Aires do sacramenta- brio como La Bruyére, mas por ro e o de aço, não tem a foice fatal, e com esta mo; e para o uso dele todos têm peito have- lismo patético de Pascal e do vezes ingênuo como d'Alembert. mos de «achar mais de um golpe certo, e inevitá- igual direito; ou seja pela or- do que um seu cristianismo angustiado, Embora o domine seja vel, dá fim tragédia, corre a "qui que dem da natureza, ou seja pela homem Inútil, e sem defesa, e à cherche en gémissant". sempre o século XVII e nele «desaparece: ordem da sua mesma institui- por Isso tímido e cobarde. Os cortina, e a for- Enquanto Pascal vê no homem, o seu Jasenismo. Faguct es- "Les ção; todos achamos no mundo homens mudam todas as vezes tuna, e a vaidade, que vêem como deve ser, a natureza creveu que: penseurs du as mesmas partes essenciais. que se vestem; como se o há- desbaratada a cena, caldas por resgatada pela Incarnação, XVIIe. siècle ont été partages Que coisa é a vida para todos bito infundisse uma nova na- terra as aparências, prostrados Aires considera o homem ape- entre le Jansénisme et le Car- mais do que um enleio de vai- tureza: verdadeiramente não é os atores, emudecido o coro, nas no estado puro de degra- tésianisme" (Dix - septiéme dades, e um giro sucessivo en- o homem o que muda, muda-se trocados os clarins em flautas dação. Daí o seu pessimismo siècle. Etudes et portraits lit- não tre o gosto, a dôr, a alegria, a o efeito que faz em nós a ln- tristes, os hinos em trenós, os pascalino e as suas ten- téraires. p. 64). Matias Aires dências à tristeza, a aversão e o ítnor ? dicação do hábito. Debaixo de cânticos em eleglas, e em epi- predestinação calvi- opteu pelo primeiro, Ainda ninguém nasceu com a nista. Sua "Providência" se um aspecto militar concebemos táfios os emblemas; as rosas de insensível; a vi- aproxima bem mais da de Epi- propriedade um guerreiro valoroso, debaixo encarnadas corvertidas cm li- "Dieu tía não subsistir, sem estar teto do que do d'Amour" pode de uma vestldura negra, ta- rios roxes, os em des- subordinada às impressões do e girassóis de Pascal, presente n'Aquele lar, o que se nos afigura, é um maiadas açucenas, entrelaçados "Eu RÜY E  BAHIA gosto e do sentimento. Todos que disse: sou o Caminho, jurSsconsulto rígido, e inflexi- os louros no cipreste, os caja- a Verdade e a Vida". No seu nascemos para chorar e para Vão os despojos de Rui Bar- vel; debaixo de um semblante tios confundidos, com os cetros, radical, rir; a circunstância de chorar pessimismo Matias Ai- bosa seguir a Bahia. Ali, descarnado e e com o burel a a vai- res esquece a lição de Bos- para mais, ou menos, resulta de ca- macilento, o que pürpura; no levantado gio- suet, é a de panieon pela da um de nós. A violência e a descobrimos, é um austero ana- dade pois e a fortuna, que em que todo o ver- riosa terra tantos outros dadeiro cristianismo: "II que vaidade das nos faz ape- coreta. O homem não vem ao menos de um instante viram ne vultos eminentes tem dado ao paixões íaut à 1'homme tecer, e se mundo mostrar o que ê, mas desvanecidos os triunfos da vi- pas permettre Brasil, repousará para sempre o quem apetece, já de se mépriser tout entier", E expõe aos delírios do riso, o que parece; não vem feito, dá pelos triunfos da morts. pre- grande varão, o homem símbolo, e às justifica o que no século 7.VI1 amarguras das lágrimas; esse vem faser-se; finalmente não cipitadameníe fogem, e deixam "Oú qus representa tudo o que exis- se dizia: finit La Roche- fulgurante mesmo apetecer ainda só vem ser homem, vem ser um um lugar cheio de horror, e te de mais alto e por foucauld ccmmence le christia- nos sentimentos do civismo, da si, é uma espécie de sentlmen- homem graduado, ilustrado, ins- sombras, e donde só reinam o nisme". dignidade nacional, dos anseios Pirado; de sorte que os atribu- luto, a verdade, e o desengano- to, e de prazer; a imaginação Esse cepticismo filosófico de de nossa alma a Liberda- tos, com que a vaidade veste Assim acaba o homem, assim para I nos antecipa tudo, por isso o Matias Aires, entretanto, pa- de, o Direito e a Justiça. ao homem süo substituídos acabam as suas e só nosso contentamento, ou a nos- no glórias, rece cessar, em face dos siste- Será uma radiosa, significati- sa chegam do lugar do mesmo homem; e és- assim acaba a sua vaidade. pena, prime"iro mas baseados nas ciências fi- va hora, aquela em qua o pala- que o seu objeto, e este quando sicas e matemáticas que se de- dino intrépido de todas as nos- vem, já nós estamos ou abati- volvem a partir de "Cartésio", sas liberdades regressar ã terra dos de tristeza, ou cheios de E nisso vemos a outra face do do seu berço. alegria: somos tão sensíveis, nosso Matias Aires, o estúdio- os tempos inti- os sucessos nos move- Foi em todes que para so de ciências naturais e ma- corrente ae rem, não necessário es- PRÓLOGO ma e profunda a é temáticas que em Paris, que se im- simpatia, de solidariedade, de tejam em nós, basta os ve- que pregnara já do racionalismo amor, ligou a jamos de longe; a nossa sen- que experimental de Newton e de Bahia. Poi em Salvador êle sibilidade tem maior fôrça na AO LEITOR. que Locke, os novos ídolos do se- v* quem a íufeitou, mas a química não só ensina como A Bahia retribuiu-lhe esse isso desconhecemos tudo o que se produzem, mas também os amor. Basta ver-se quantas ve- vimos a alcançar, e nos parece confeflb confenti fem re- emite; e isto sem ser necessá- zes o Estado o elegeu para o que há falta naquilo que vimos que rio saber se o silogismo está Sanado da República. Eleito a conseguir: as coisas quando e depois em Barbara, ou em Celarent. para o Senado por ocasião da chegam, já nos acham sacia- pugnancia, quando Um lambique, um eolípilo, uma Constituinte (1890), êle renun- dos; porque o desejo ê uma es- máquina pneumatica, e a mis- cia à sua cadeira dois anos de- pécle de gozar mais ativa, p quiz retroceder, naõ era tem- tura de vários corços, explicam pois, tendo ainda quatro anos mais durável, mais forte e mais mais em uma hora, do que um de exercicio. A Bahia torna a continua; daqui procede o ser po , nem pude confeguir o profeasor de filosofia em mui- elegê-lo. Findando o seu man- tão deleitãvel a esperança, por- to tempo; o entendimento per- dato «em 96, é éle reeleito em que é uma espécie de posses- ler Anonymo. Foy cebe melhor sendo ajudado pe- 97; e assim sucessivamente, em são daquilo que se espera. Quem precifo los olhos, do que por si" (fragm 1906, em 1915 e em 1921 (em imagina o que deseja, tudo pin- 126). virtude de outra renúncia, pois o meu nome neíle ter- ta com cores lisonjeiras, e mais por livro, Era Locke contra Descartes. o seu mandato haveria de dizer: vivas; por Isso a verdade 6 E ambos contra a tradição fi- minar em 1923). Quer e affim íiquey a fundação da República grosseira, e mal polida; tudo o fem poder ne- losóf ica aristotélico - tomista, desde adorno; an- Matias até o dia de sua morte, mereceu que descobre é sem que Aires, iludido pelos a faa desvanecer aquela ana- preconceitos do seu tempo, Ruy dos seus coestaduanos tes gar a minha vaidade. A con- jul- o Se- rência feliz, com que os obje- gava Incompatível com o es- sucessiva reeleição para nado. tos primeiro se deSsun ver na pirito de experimentação cien- fifTaõ expres- idéia, do que se mostrem na tifica. Não é este fato bem Todas estas Fac-limite da do PRÓLOGO da 1.* edição das Nem assim se corrigia o seu sivo do acatamento e da consi- realidade. propen- "Reflexões página s6es e lncllnaçíes se encontram sobre a Vaidade dos Homens". combrlo misantropis.no. Hob- (Continua na pág. 154' de — Outubro 1949 Vol. X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 149 Ouvindo o príncipe dos poetas brasileiros Em março de 1927, o diretor A QUARTA SERIE DAS Mas isso de Autores & Livros teve "POESIAS" não o priva de olhar mantlsmo, que hoje se come- oca- GONÇALO JORGE com simpatia slâo de fazer uma longa en- a obra da geração mora, pela passagem do seu Alberto libertária: centenário, em trevista com Alberto da Oli- de Oliveira nos re- todo o mundo eebe com — Desta série faz parte, diz- ²Beconheço, diz êle, Alberto de Oliveira veira, entrevista em o essa encantadora que tem uma que poe- cordialidade, nes o poeta, o meu livro que toda essa áncia de liberdade, fascinação ta deixou fixados numerosos que 36 por si bas- particular por Ban- taria para saiu há poucos anos, pela exi- ae independência, de autono- delaire, foi a dos seus de vista "príncipe"justificar o titulo que primeira pontos acêr- de gència de amigos meus — o mia, nos moços, é justa. À mo- grande Influência literária ca de de literatura que os contam- que problemas portoeos lhe deram. Ramo de Arvore, Mas há ain- cidade fica bem üm grão de se fixou em sua inteligência. e de estética. Publicou Leva-nos essa para a sala de estudos, da muitas outras poesias e irreverência. Depois é da his- Poi nas Flores do Mal que êle entrevista no "Jornal do Bra- onde muitos está a sua livraria, e onde, .outros poemas. tória de todas as literaturas sentiu as primeiras emoções da em 25 de março du- sil", daquele rante as manhãs e as tardes, Cem a sua vez profunda, a esse esforço de libertação beleza; e compreendeu o divino ftssinando-a com ano, o psau- ele trabalha, em sua austera sua arte de dizer, êle nos re- Alberto de Oliveira cita no- milagre da poesia. Baudeiai- Honimo que então usava em mesa. De fronte cita alguns desses e mes que lhe parecem represen- re é um dos vultos mais sin- — da mesa, um poemas certos trabalhos o de Oon- quadro, com o retrato de Dan- desses sonetos. Há uma parte tar melhor a inteligência e o gularmente românticos de toda calo Jorge. Saída a entrevista, ts; do lado oposto, dois retra- do livro que representa alsu'- espirito da geração que, por a literatura universal, posto apareceram na imprensa ca- tos de Camilo, um delir:, uma ma coisa inteiramente nova. ai a fora, leva avante um tra- que tenha pertencido a uma ríoca azedos comentários, assi- preciosidade, cndc o misãntro- na poesia de Alberto de Oli- balho de independência; os geração fora do grande mo- nados por Nestor Victor e To- po português aparece, com uma veira — é o Clteíro de Flor. chamados futuristas do Rio, de vimento. Ao lado de Baude- maz Delfino. Aqui faço expressão de energia São Paulo e de Minas, os ra- laíre, êle ama Heine, -Gautier. re- e de fôr, um poema lírico e vagamente "Estética", produzir a entrevista que en- ça, só comparáveis à tôrca e à irônico, história ligeira e pazes do grupo da Vigny, Musset, Chenier. era- ²De tão publiquei, hem como duas energia que éle vasou em seus ciesa de uma aventura de etc. Tem uma simpatia ex- Heine tenho algumas trema cartas que Alberto de Olivei- livros formidáveis. amor, que ceerreu numa esta- pela psesia de um Ma- traduções nos meus livros. Um nuel Bandeira, ra -escreveu a respeit 3 desstt Queremos saber de Alberto ção de águas. NEsse a de um Ronald dos poemas do Mar âo Norte. poema, de conversa que teve comigo — de Oliveira quais os trabalhos inspiração de Alberto de Oli- Carvalho, de um Ribeiro está na terceira série das mi- Couto. E uma delas a mtm enviada, a novos que a sua arte nos re- veira atinge a notas lembra, com parti- nhas Poesias, vertido para o extrema- cular emoção, outra enviada a Nestor Victor. serva. O posta responde-nos: mente intensas a bela poesia d? português. — para definir o Raul de Leani, — Afúcio Leão. Estou com a minha sentimento da carnal. que um destt- Lembramos-lhe que também quar- paixão no iníquo nos furtou na ta série das Poesias ja Aquele verso camoneano tão moço. primeira série existe uma pron- que tradução ta, e entregue ao editor. Fal- nos diz que se "transforma o A POESIA PARNASIANA do grande poeta ale- mão, de um ta apenas o papel, para poder amador na cousa amada" está ²Minha dos números do livro geração, continua Intermeszo: aqueles versos Alberto de Oliveira possue o entrar nos prelos. Es- aqui admiravelmente demons- Alberto de Oliveira, ous fez uma assim começam: "tem céu uma das mais belas glórias que pero que, dentro de três on trado, através desses versos ar- obra semelhante. o Quando nós mil estrelas, minha flor", etc. o destino ainda concedeu a quatro meses, esteja ele na dentes. E o surgimos, trazíamos poeta pagão que o desejo Alberto de Oliveira lembra um artista no Brasil. Admira- rua um dia soltava o seu brado de reagir contra o romantis- episódios esquecidos, mas sin- do e seus con- A quarta série das Poesias desvairadamente apaixonado —¦ mo, estava querido peles que em suas últi- caracterizam o temperâneos, unanimemente; abrange os poemas e os soiip- "não amo, eu náo amo, mas vascas. Nossa gulares, que só em idéia, então, espírito de malícia ds tos que o poeta tem escrito, noite assim tão linda!" — ai- era apagar grande e escolhido, num pleito dispu- de vez em nossos irreverência Heine. Esta.- nos últimos quinze anos. E' um cança, agora, mesmas notas versos tudo de tado, principe dos poetas bra- as quanto lembrasse, va êle enfermo, sofrendo a- livro de grande maturidade de intensas, quasi épicas de tão mesmo de longe, as abstrações sileir03, depois do desapareci- monstruosa paralisia que o re- mento de ; respeí- pensamento, de serenidade, de fortemente líricas que são, poéticas, as melancolias dos melancolia. Alberto de Oli- teve no leito durante anos, tado e amado pelos seus com- para celebrar a imensa poesia velhos mestres, dos quais en- veira, nele, lança um olhar de- tão sorriamos quando, um dia, a sua solidão, panheiros da Academia de Le- do seu imenso amor. irreverentemen- seu abandono foram inter- morado a toda a estrada da te. Como acenteceda o tra, que lhe tributam essa es- Mas esse livro não será só- na Fran- rompidos. O criado, ser- vida, que tem percorrido até com os que o tima cheia de veneração que mente um livro dé exaltação ça, parnasianos, nós via, trouxe-lhe notícia de agora. Nada mais doce e nem também aqui a inspiram todas as vidas nobre- amorosa. E bem ao contrário. quisemos pôr em lá embaixo -estava um mais triste, também, do que a que mente dedicadas ao trabalho Assim como Olavo Bilac deu prática teoria do célebre homem o visitar, e esse olhar que o dc' verso: que queria intelectual — poeta, nc seu livro da maturidade, em pas de sanglots humains se chamava Teófilo Gau- o autor do Livro mezzo dei camin, lança aos dans les que Tarde, uma espécie de histó- chants des poetes.' tier. Heine mandou o de Ema, da Terra Natal e do dias vividos, que foram cheios Daí a derivação entrar ria de seu de suas que cada um amigo outr'ora, Ramo de Arvore representa em de esplendor ou cheios de so- pensamento, de nós poeta, de du- meditações, de suas aspirações, procurou fazer para rante anos de sua radicEa nossas letras alguma coisa de frímento os temas cs assim também aqui temos uma da história, da natu- moeidade. E Gautier verdadeiramente augusta. Não Nâo faz muito tempo, a Aca- reza, da religião, quando espécie de e até da ei- na alcdva do mori- obstante ser o nosso um país demia de Letras, numa sessão história do pensa- encia, penetrou men^o em prejuízo de quanto bundo, Heine, suspendendo que em geral se descura dos realizou, teve a alegria de e €.a alma de Alberto nes a que parecia ser sentimentalis- custo a flácida, mur- homens que verdadeiramente o ouvir do poeta uma de Oliveira. mo, romantismo. palpebra próprio E dai, tam- murou apenas representam e honram, 110 ter- longa explicação do seja Esta série de poesias abre bém, .corno possuído que o hábito que então sp de um incrível reno do pensamento e da me- essa série dos seus versos. E a com este soneto admirável, de vulgarisou assombro' de nos chamarem ²Mais, voilà; toufours ori- ditação, já o poeta teve a sua impressão que deixou a leitu- tão profunda integração do de impassíveis. Eu fui parti- mentalidade, o seu espírito ce- ra dos últimos sonetos e poe- poeta com a natureza que o cularmente vitima ginal! dessa acusa- Alberto de Oliveira declara lebrades condignamente. E a mas de Alberto de Oliveira foi cerca e que êle filialmente E é muito se, lentamen- ção. leu muito, durante a mo- idéia de ser-lhe erigido um Tcnga e adora: te, os meus acusadores se fo- que profunda. cidade, André Chenier, cujos monumento, idéia que tanto ram esquecendo de bater ness» divinos do Grego entusiasmo despertou em todos Agora é tarür. paro. novo rumo tecla. Ao nosso lado, pastiehes pro- ao lado fundamente admira. Mas, ao os meios de inteligência nacio- Dar ao setjmoso espírito; outra via dos dos impassi- parnasianos, lado de Baudelaire e de Heine, nal, de si é Bastante Não terei de mostrar-lhe e ü fantasia veis, havia poetas de outras já para suas predileções maiores vão revelar o carinho, o afeto que Além desta em que peno e me consumo. tendências. E a mais singular era, sem dúvida para Vigny, o grande e doln- toda a nação tributa àquele Ai, de sol nascente a sol a aquela que roso o maior talvez, co- prumo, Silvio Romero batisou poíta, que, através de versos imor- Deste ao declínio e ao desmaiar do dia, de ei- mo espi- entifica, e na pensamento e como tais, tão altamente tem eleva- Tenho ido empós do ideal me alumia, qual pontifica- ritualidade,, dos român- qus va, com uma voz acatada, Mar- poetas do o nome de nossa pátria. A lidar com o vão ê sonho, é ticos. Recita trechos de Moysés que fumo. tins Júnior. Nada disso sub< O dos bra- e do Lobo. príncipe p-etas sistiu. Vimos tudo sileiros reside hoje em Niterói, Aí vie hei de ficar até cansado que aquilo doce e amigo era apenas a imaginação, na rua Paulo Alves. E' uma Cai:, inda abençoando o o OS — UM alma me encerra; sonho de uma impe- CLÁSSICOS Instrumento em que canto e a geração POUCO DE LITERA- bela chácara, cercada de um tuosa e forte. E cada um de andar comgo TURA jardim e um pomar. Ali, en- Abençoando-o por sempre nós, com o tempo, regressou COMPARADA me haver dado tre as suas flores c as suas E, bem ou mal, aos versos às suas emoções, à sua Mas o maior amor literário da próprias árvores, no contacto das col- Um raio do esplendor minha terra alma, aos seus anhelos. Hoje. de Alberto de Oliveira vai, tal- sas amigas, c grande poeta essa vés, E' um soneto belíssimo, dos Sílvio Romero descobria é a verdade, cada um de para cs antigos. panteista, cuja vida tem sidn qual nós Êle lê, e sempre com mais belos ainda Alberto é um romântico a seu um um deslumbrado idílio com a que um intenso amor panteista, religioso amor, escreveu. A musa modo... as grandes natureza, vai, dia a dia, pa- de Oliveira mantém, ainda hoje, ao lado obras encontrava, cutrora, ex- dos gregos e dos romã- cientemente, num labsr nobre que da primeira dessas tendências, O ROMANTISMO nos. Homero têm o tão altas e tão vi- e Virgílio repolirdo, cor- pressões o grande e puro culto pela na- Esses raciocínios levam Al- melhor dos lugares na sua bi- e dignificante, brantes celebrar o amor para berto de Oliveira a falar sobre blicteca. Fala-nos sobre os tra- rigindo, aperfeiçoando, os seus mulher e o amor da natu- tureza. Entre os sonetos do da 'ú- um dos mais notáveis momen- dutores e brasilei- sonetos, os seus poemas, cs musa Araripe livro centa-se o que passamos portugueses reza, a que tos do espírito humano, o Ro- ros da Illidda, da Odysséa e da seus versos de ouro. nior definia cemo banhada de a citar, e que é altamente ca- Foi na chácara da rua Pau- entusiasmo e ternura e na racteristico dessa religião: lo Alves que tivemes a honra de conversar com Alberto de CÊU CARIOCA Oliveira, e bem assim de ouvir Chamas-me a ver os céus de outros países, um pouco de suas idéias e opi- Também claros e azuis ou de igneas cores, niões acerca de coisas da vida. Mas não violentos, não abrasadores "SÃO da inteligência e do pensa- Come êsU, bárbaro e implacável — ãizes. PAULO' mento. ofendes e de maldizes Conversar com Alberto de O Céu que que entanto; amo-o cem os seus Oliveira Basta-me, julgares, COMPANHIA NACIONAL é um verdadeiro pra- amam-no zer de espirito. Esse homem Amam-no poetas, pintores, do senho e os infelizes. tem uma cultura larga, fina, Os que vivem DE SEGUROS DE VIDA profunda, vasta. Seus conhe- Desde a in/ància, as mãos postas c ajoelhado, cimentos sobre quaisquer quês- Rezanão ao pé de minha mãe, que o vejo. lões de literatura e de poética Segue-me sempre... E ora, da vida ao fim, Sucursal no Rio de Janeiro — AV. RIO BRANCO, 173, 10.° são Esse ho- extenslssimos. Em vindo o último sonho, é meu desejo mem a DIRETORES que se tem recusado Tê-lo sereno assim, todo estrelado, vasar em prosa as suas idéias Ou todo sol, aberto sobre mim. Dr. José Maria Whitaker de critica, é, na conversa, um sutil, um atilado comentador, A GERAÇÃO FUTURISTA quanto representa os precon- Dr. Erasmo Teixeira de Assunção um analista sério, que vai ao Alberto de Oliveira mantém- ceitos das antigas escolas. Náo Dr. J. C. de Macedo Soares fundo dos espíritos, ao mais se Integralmente liei aos seus como um propósito de reação da Intimo das inteligências, para rítimos e às suas disciplinas mas sim cemõ um propósito coerência consigo mesmo, êle encontrar a explicação de uma poéticas. A geração nova rom- se mantém fiel aos seus ve- atitude intelectual ou de uma peu com os ritmos convencic- opinião. nais, com as rimas, com tudo lhos cânones. Página 150 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 — Vòl. X, n.° 13 Ouvindo o príncipe dos poetas brasileiros Eneida. Refere-nos um lato Ele evoca, num carinho co- que Raimundo escrevia um dos os estudos, os contos de Rai- o que ele produziu tenha sido Interessante: Morreu há anos, movido, a sua grande amizade seus livros, nós morávamos mundo: perfeito. E* essa a falha que no Rio, um apaixonado dos com Olavo Bilac. juntos, na cidade, onde êle era ²E- evidente, acrescenta se observa aqui. Ha sonetos estudos clássicos, chamado An- Raimundo tinha um es- não teve, como maravilhosos — e convenha- SILVIO ROMERO E CRUZ juiz. que Raimundo tônio Aguiar. Era um medi- tranho do seu talento Bilac, uma de mes bem — ao la- E SOUSA pudor grande pena que poucos ro, que dedicava as suas horas poético. E nem mesmo aos prosador. Mas Bilac foi um do de outros, que em nada de lazer às letras. E, assim, No decorrer da conversa, fa- mais Íntimos gostava de revê- caso raro, em nosso país, Se contribuem para dar lustre e através de anos e anos de um Íamos sobre o poeta dos Bro- lar essa feição de seu espirito. êle não é considerado como glória ao poeta. E isso e uma trabalho acurado, traduziu os quéis. Sabe-se que, hà quatro Ele ficava longas horas qu- prosador ao lado dos maiores grande tristeza, pois que, se a dois poemas de Homero, In- ou cinco anes, Cruz e Sousa, rante à noite, insone, a andar que temos tido, é isso porque a selçção de que falo tivesse sido formada disso, a Acadenua de- foi celebrado por vozes arden dentro do quarto, sussurranuo sua poesia era tão grande e observada, náo creio que o li- sajou adquirir os manuscritos tes. Quando saiu o volume coisas, ã toa, ã toa... Um dia, vasta, que faz sombra á sua vro de Luiz Delfino deixasse -versos, desses trabalhos e mandou uma de suas Poesias, que se acha- perguntei-ine: meu prosa. Mas Raimundo era um nada a desejar, quando em comissão, composta dos Srs. vam, havia anos, exgotadas, Raimundo?" E êle, já contra- prosador sobric, ngil e brilhan- comparação com as maiores Alberto de Oliveira, Luiz Mu- houve muitos estudos em tor- feito. "Qual! Isso são uns au- te. E pode perfeitamente figu- obras de versos escritas em rat e Felix Pacheco, exami- no dele. E não faltou quem tos, que eu estou estudando..." rar ao lado des mais ilustres nossa língua. nasse os originais. Mas até quisesse enxergar, naquele que Mas eram versos mesmo. que o Brasil tem produzido. Essa opinião é justa. E es- agora não era misteriosamente chamado Eram telas os demonstrar, em poude ser a tradu- "poeta as poesias, UM JULGAMENTO peramos ou- o negro", um espírito foram SOBRE tro trabalho, a veracidade ção publicada, per que a co- encantadores sonetos que LUIZ DELPINO da mis:ão não se pôde desincum- singularmente belo, alguma recolhides nos Versos e Ver- observação. coisa com-j um Antero de bir, am virtude de razões de soes. Nesse livro há uma coisa O acaso da palestra leva-nos De resto, não faz muito tem- brasileiro. Por um força maior, da importante ta- Quental estranhamente sem gosto: é o a falar sobre Luiz Delflno. Alberto de Oliveira, em momento, Cruz e po, refa. pareceu que título que o poeta achou de Apareceu recentemente o pri- conversa com filho de Luiz Sousa estava destinado a ser, o O poeta se encaminha a uma dar ao livro. Não é possível meiro volume dos versos do Deífino, teve ocasião de suge- no Brasil, uma religião literá- — das estantes e retira um vo- compreender por que triste sor- poeta catarinenfre Algas e rir-lhe que organizasse uma ria, à semelhança do que, ha lume: tilégio de algum demônio irri- Musgos. . comissão de escritores fieis à muitos anos, é para os fran- Luiz Delfim) foi, como se ²E' o primeiro volume da sório o niais elegante, o mais memória do vate catarinense cêses Stendhal e do que ago- fino do Brasil sabe, um dos mais venerados Eneida, traduzida por João poetas que o para proceder a esse trabalho ra já começa a ser Mareei ainda tem tido, chegou a dar poetas do seu tempo. Ele ti- Gualberto Ferreira dos San- Proust. de seleção. Lembrou, então, tos a seu livro este titulo absurdo: nha entre os contemporâneos, Olavo Bilac, era vivo, Reis. A edição é de 1845 Alberto de Oliveira explica a que o Consta Versos e Versões. —¦ Um tro- um prestigio extremo. E, em- Sr. Luiz Murat, e, se o de três volumes e é do caso Cruz e Sousa: julgas- considerada, gênese cadílho, um ãouble-sens, um bora, nunca tivesse sido publi- sem digno da incumbência, pelas maiores au- ²Isso foi um resultado do êle torídades, a tradução mais fiel horror de titulo enfim I cada a sua obra, era apresen- próprio, para compor a comis- temperamento extre mamente Alberto tado como um e que existe do grande poema de Oliveira refere-se gênio grande são. A idéia não foi além da pessoal de Silvio Romero. Sil- às Poesias, de Raimundo, ardente, como um virgiliano. Inocêncio a louva vio qua poeta quasi conversa. E o livro agora apa- era um grande critico, um acabam de aparecer em recen- cíclico, Em sua lira diziam particularmente. estudioso, rece, com relevantes falhas. um erudito, um sã- te edição. O o entristece, existirem todas as cordas, des- Compara, entre si, as bic; mas que Resta, aos admiradores de duas era, também, um in- nesse acontecimento, é a de as cordas românticas do traduções reputa divíduo não que Luiz Delfino, a reflexão de que que as me- que podia reagir obra de Raimundo está nela amor sensual, até às grandes lhoi-es das treze existentes no contra cs ímpetos do coração. outros volumes posteriores irão — muito limitada, pois, como se cordas solenes da epopéa. aparecendo com os versos do português a de Odorico Ele se achava em casa de um Alberto de Mendes sabe, a atual edição reproduz Oliveira respei- poeta. E é provável nas e a de Santos Reis. amigo, passando férias; e esse ta e ama o co- que, A de Odorico a edição de D. Joáo da Cá- poeta qus páginas futuras, haja tão lar- parece-lhe mais amigo era grande admirador mara. nheceu Mas inspirada, mais e companheiro pessoalmente. ga messe de obras-primas, que penetrada de de Cruz e Sou- Considera se toma ne- infunde-lhe tristeza o atual uma larga e bela m. Certa que nos faça esquecer a impressão poesia; po- tarde, o amigo trou- cessário fazer a livro: rém a de Santos Reis xe a Sílvio publicação amarga, a verdadeira decepção, parece- os versos de Cruz completa de Raimundo Cor- ²Não à organiza- lhe mais exata, mais fiel e Sousa, presidiu que as Algas e Musgos nos de- aos e Sílvio os repeliu rêa, abrangendo tudo ção deste volume um critério textos latinos. Alberto de com enfado. quanto ram. Oli- O outro retrucou existe de esparso devido à sua de gosto, a seleção se fa- veira analisa as manias lati- êle era que A esperança ainda é um fe- que injusto. E pintou A obra esparsa, em zia necessária. Os encarrega- nisantss de Odorico Mendes, vida pena. liz consolo, neste mundo que a desgraçada do poeta: a versos, de Raimundo, acresci- dos do trabalho, dedicam, citando alguns dos miséria infinita, que a mais doce das orações ca- pitorescos partilhada por da dos sonetos e das aliás, a Luiz Delfino uma iieologismos, muitos dos êle com sua poesias ad- tólicas chama, melancólica- quais a mulher e qua- que éle suprimiu dos miração sobredourada de são estranhamente complica- tro filhos... próprio amor, mente, de vale das lágrimas... toda essa gente seus livros. daria um largo reuniram indiscriminadamente dos, que o poeta maranhense sustentada apenas por cento volume. Quanto ao tudo encontraram. Ora, ALGUMAS PRECIOSIDA- criou. e cinqüenta mil réis, mingua- prosador, quanto acha que seria de conveniência Luiz Delfino trabalhava febril- DES DE BIBLIOMANO O damente ganhos numa secre- grande poema latino o le- organizar também um livro, mente, às vezes alucinadamen- O va a fazer uma taria de estrada de ferro, onde poeta interrompe um pou- pequena di- com os trabalhos, as crônicas, te. E é natural que nem tudo co o fio das reminiscências gressão de literatura compa- pouca era a consideração tri- e, rada. — O episódio das des- butada ao pobre homem... pedidas de Dido com Enéas, Sílvio ficou comovido, e pediu que em virgilio tem uma be- que o outro lesse os versos de leza profunda, está em diver- Cruz e Sousa. E, à propor- sos autores. Está em primei- ção que os ia ouvindo, ia mo- * ro lugar em Catulo, onde o dificando o juizo. —- E' inte- 3 mantuano o foi encontrar. Ca- ressantel E' belo! E' muito bo- tulo era anterior a Virgilio nito! Admirável1. — Por fim o cerca de quarenta anos. Mas amigo recitou a poesia que COOPERATIVA DOS USINEMOS está também, em Sá de Mi- tem o título de Caveira. E | randa no Oriente. E é a mes- quando chegou ao verso que j ma página que encontramos diz: — Caveira, caveira, cavei- em Agostinho de Macedo e no ra, caveirai — Silvio não resis- Santa Rita Durão. tiu mais: levantou-se da rede em que se encontrava, procla- DE PERNAMBUCO LIMITADA i ÜM POUCO DE REMI- mando que aquilo só achava NISCENCIAS... rival no famoso monólogo de Hamleto com o craneo de Yo- Alberto de Oliveira narra- j[ÜNICA RECEBEDORA E DISTRIBUIDORA DO AÇÚCAR DE PRODUÇÃO rick. Foi daí que proveio nos episódios, lembranças de JDAS- USINAS DO ESTADO PELOS CENTROS DE CONSUMO amigos, de propriamente, a voga de Cruz poetas, de homens PAIS E DO EXTERIOR I de letras, Explica-nos a razão e Sousa. Mais tarde, escreven- ííDO do 8 de ser o fato de ter como um ensaio sobre literatura 8 para 6ARMAZÉNS PRÓPRIOS patrono na Academia de Letras para o Lirro do Centenário, PARA RECOLHER: AS RUAS DO BRUM N.» 248 1 a Cláudio Manuel da Costa. Sílvio Romero elevava ao sé- NE GUARARAPES N.° 11} 1 Desejávamos saber se fora essa tímo céu o poeta. E foi com um escolha ditada por alguma ad- particular entusiasmo que êle miraçao particular. E éle: exaltou aquela poesia das Vozes veladas, ²Não. Muito veludosas vozes, Capita] pelo contra- na lhe subscritoCr$ 4.966.100,00 rio. Há de qual parecia passar toda I quantidade poetas a melancolia, toda a angustia f brasileiros, eu estimo que e da alma da raça africana. preso mais do que a Cláudio. integralizado Cr$ 4.877.200,00 Mas Quando a Cruz e Sousa, pes- quando a Academia me soalmente, j aclamou seu membro, êle foi um homem M" junta- modesto, mente com alguns retraído, tímido: dlr- outros ho- se-ia S Fundo de Reserva.... CrS 986.466,70 mens de letras, eu me que êle sempre se sentia I encon- martirisado trava ausente do Rio. De sor- pela côr que o dss- te todos os tino lhe dera. Era verdadeira- que grandes no- mente mes estavam escolhidos um homem humilde. — já E RECIFE PERNAMBUCO — Reatava uma lista de três. E de certo muito supreendido BRASIL ficaria, se se entre esses o que mais me in- podesse ver dis- Escritório no Rio — teressou foi Cláudio Manuel cutido como um semi deus li- de Janeiro: Rua da Candelária n.° 9 — s/301 terário. da Costa . Receio, porem, que Em São Paulo: — Rua Alvares — I éle nâo tenha direito a um UMA REMINISCENCIA Penteado n.° 180 s/509 lugar de tal monta. E me pa- DE RAIMUNDO rece que a Academia de Letras CORRÊA. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: _ José Pessoa de Queiroz, Presidente; deveria modificar o quadro dos Alberto de Oliveira recorda Armando de Queiroz Monteiro, Secretário; Luís Inácio Pessoa de Melo, 1 patronos. Assim é que eu não com um carinho o Tesou- particular, relro; Manuel Caetano de Brito, Diretor; Manuel compreendo como possa estar grande poeta do Mal Secreto: Marajá, Diretor. § fora do quadro o grande José ²Ligou-nos, a Raimundo CONSELHO - Bonifácio, um dos homens mais Corrêa e a mim, uma amiza- FISCAL: Membros efetivos: JÚUo Queiroz,' Leôncio Araújo Brasil tem 8 ilustres que o pos- de larga, profunda e que me e Romero Cabral da Costa; Suplentes: José Lopes de Siqueira Santos, Afonso auldo em todos os tempos. enchia de orgulho. Raimundo Freire e Enock Maranhão. a O poeta analisa alguns dos era um dos homens melhores 8 atuais patronos, para eviden- que têm existido na terra, um ciar a necessidade imperiosa coração Imenso, uma generosi- modlficaçSo. dade sem fim. Na ocasião em *!&&mftxmv*ta^m&t>»*s*K3s!i<&míSítmm ¦.¦.¦¦¦¦¦¦.;., ¦;¦¦- ¦¦¦¦¦¦::¦ S:;7';7;-^"'S^.:V;,:S..1.;í.;.i.v;.;.;,.l";:;fo.v :...^:,f.-,,.,,.,.,. „:„,..,,..

de 1949 — Outubro Vol. X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 151 Ouvindo o príncipe dos poetas brasileiros abrindo uma das estantes nos A CASA DA ROA mosos versos em nossa no faria escrupulosa seleção de mostra algumas das preciosi- ABÍLIO que, REFUTAÇAÕ DE NESTOR língua, ainda nos foi dado ou- suas de dades bibliográficas que pos- produções, se as tivesse VÍTOR Outr'ora, Alberto de Ollvei- vir... dar em volume. A publicação, sue: um admirável exemplar - Publicada a entrevista, ra residia na rua Abilio. Era infelizmente, veio o Nestor das Mulheres de Goethe, de NOTAS A ENTREVISTA póstuma, Vítor fez uma casa retirada, ilustre f Slho do meu am.- sair n'"0 Globo" (ll Salnt Victor, ilustrado; um austera e poeta, de grave. E ali, durante Sr, Tomás Deltino, resolveu, abril de 1927), o seguinte co- D. Quixote, Ilustrado por Gus- vinte e go mentárlo: quatro anos, o poeta residiu, contra a opinião de alguns ho- tavo Doré; Clio, os Contos de Carta de Alberto de Oliveira a "A infantilidade em meio àqueles todos que lhe mens de letras devotados á me- de um príncipe Jacques Tournebroche, de Múcio Leão Ninguém dirá eu desço- Sua camiliana eram caros e ao lado daquela mória do autor de tanta obra- que France. é mag- nheço os méritos de Alberto de nífica. Talvez uma das mais que perfumava de um divino Icarai, 25 de março de 1927. -prima, dar à publicidade, in- encanto Oliveira ou lhe tenho negado existentes no Rio. a sua existência. Ago- Meu caro Múcio Leão: tegralmente, sem escolha nem preciosas O ra, minha simpatia. O estudo mais conta êle nos fala sobre a sua "Jor- correção, o tesouro literário qua poeta que possuía uma antiga casa: surpreendeu-me hoje o completo de sua obra ate mais raras relíquias lhe coube guardar. Esta a ra- qué das ca- — Ninguém nal do Brasil" com a página aqui se tem feito, fui eu o milianas; um dos únicos exem- imaginará, diz zão das folhas somenos ou fra- que êle, contendo a sua comoção, que me consagra, toda, meu bom fiz Guardo a carta com o salvos do auto de fé cas de Algas e Musgos, onde, que plares, a saudade eu amigo, lavor e esmero de sua poeta delicadamente me agra- o romancista fez que tenho da não obstante, e ao contrario ao que próprio casa em vivi pena, que me quis envaitíar, deceu o lhe era devido, ao seu romance contra' a que quasi meio conceito que V. me atribui, se- que com casa século. Mas não encarecendo o quase nada que expressões muito Ilsonjelras só- de Bragança, depois ter podia mais rem poucos os sonetos mara- de re- ficar ali. Minha enteiada, valho como poeta. bre a minha imparcSalidade. cebido a visita de D. Pedro II. des- viihasüs, não é escassa a quan- de que ficou órfã, viveu ali- Nunca me esquecerá a noite De então para cá nunca se Estava Camilo a terminar o tidade dos verdadeiramente be- mentando um único sonho: en- que motivou de sua parte este alteraram as nossas relações do seu romance, quando o Impe- los e admiráveis. trar como religiosa num con- largo e honroso artigo e em ponto em que estavam naquele rador o visitou. Tão cativo A vento. E eu não soube e náo me coube o vivlssi- propósito da idéia de so- tempo. Até, ultimamente, con- ficou êle do rei do Brasil, que prazer nhado monumento, que pude contrariá-la. Ela fez-se mo de o conhecer mais de concluirei corri com o meu voto fa- não quis mais terminar livro, per- transmitlndo-Ihe para 0 freira do Carmelo. e a nossa to e melhor. Já lhe a seguinte car- zê-Io Príncipe, já impresso até quasi às ülti- consagrava casa é hoje um convento dessa não vulgar simpatia e apreço; ta, que ainda há pouco, longe Alberto sempre foi um liei mas páginas. tudo do Queimou Ordem, E* lá que semanal- ora, além de como ho- Rio, enderecei a Jorge Jo- parnasiano, como se convenclo- quanto existia. Mas um ami- prezá-lo mente cu vou levar a essa mem, e Mm: nou chamar os de sua go dele, que estava poeta prosador, quero- poetas presente, querida criatura, a' quem eu lhe como um e "Araxá, feição no Brasil. O foi, além de salvou oito exemplares das a dos novos 15 de fevereiro de amo como minha filha, a visi- melhores amigos; bastaram 1927. tudo, no sentido gregário, files chamas. Um desses Alberto ta da minha pa- saudade. ra isso as poucas horas, tão de- podiam ter suas brigas, quer por veiu a possuir. E foi esse o Alberto Jorge: de Oliveira cantou, pressa de sua visita- motivos humanos, quer mo- presente que êle deu, de ani- num passadas, por dos seus sonetos mais Venho me valhas em tivos literários, como tfnham e versário, há alguns anos, a um Reconhecido de coração pelos pedir-te belcs, a casa da rua Abilio. São sério vexame é tâo natural. Mas tudo se dos seus mais queridos amigos, estes os conceitos sobre mim externa- por que estou pas- pas- versos, tão cheios de sando diante sova em família. Diante do que é também uma das mais alma, dos, venho pedir-lhe retificação do público e de pa- de pureza, de elevação mim mesmo, blico apareciam unidos, belas glórias do Brasil intelec- espiritual, a alguns pontos dessa página qual o de ver meu pelo em que êle a ceie- menos de certo tempo tual de hoje em dia. br ou: de distinção ao meu nome. E nome em lista de subscrição na em dian- natural ocorram ás vezes, ao imprensa, para me ser levan- te. Unidos entre si e de alian- A CASA DA RUA ABÍLIO noticiarem-se interlocuções co- tado um monumento, idéia on- ça feita com os chamados na- ginal de meu amigo turallstas, os da prosa. E Al- A casa que foi minha, hoje é casa de Deus. mo a que tivemos, confusões ou querido Aloíslo de Castro, em seu rela- berto, esse, é quem menos saía Tem no topo uma Cruz. Ali vivi com os meus, equívocos; demais, justifican- tório de Secretário G°ral, lido dc compasso, engulindo má- Alt nasceu meu filho, ali só, na orfanâade do-os, tantos foram os assun- ultimamente na Academia Bra- guas, às vezes bem amargas, Fiquei de um grande amor. As vezes a cidade tos tratados, as questões deba* tidas, os casos literários sobre síteira de Letras e que eu es- mas impassível — felizmente Deixo c vou além vê-la em meio aos altos muros seus. que discorremos, que não ha perava não fosse além, moren- porque, de tudo, a im- Sai ãe lá uma prece, elevando-se aos céus. estranhar, em resumo da con- do ali mesmo no nascedouro. passibMdade era da ortodoxia da São as freiras rezando. Entre os ferros da grade, versação, qualquer falta ou en- Pelo que me contas em flua car- escola. A espreitar-lhe o interior, olha a minha saudade. gano. ta e pelo que aqui me acaba de Poi desse modo sensato e prâ- ser mostrado em uni tico que pudessem acabar orga- Um sussurro também como esse, em sons dispersos, O reparo é número primeiro quanto d'"A Noite", vejo Aloisio nízando a Academia e, com o Ouvia não há muito a casa. Eram meus versos, à tradução da Eneida João que por tem coração teimoso, decisivo do livreiro Alves, De alguns talvez ainda os ecos Gualberto P. dos Santos Reis. querendo gesto falarão. levar assimilando a si na to- Inocêncio não a louva, como V. por diante o que me pa- velhice E em seu surto, a buscar o eternamente recera das as forças socialmente belo, me faz afirmar, nem me lem- apenas uma de suas gen- pre- Misturados à voz das monjas üo Carmelo, t'lezas ou mero sua ponderantes em -nosso melo. bra nada haver lido de auto- brinco de Subirão até Deus nas asas da oração. fantasia. O sou, na conta Alberto de Oliveira, no en- rldades que a dêem como fide- que exata em me estimo, não tanto, é no intimo o tipo oposto Esse episódio revela todo o nhamente lfsslma. O que diz o bibllógra- que o outro Alberto de em ao que parece visto ha rua. Pa- desinteresse do espirito fo português é ter idéia de pode perpetuar-se bronze ou do poe- Oliveira, aquele que no bronze ra quem só lhe conhece a es- ta. E semelhantes haver Gualberto as pedra, porque um sopro do a esse há há de imortalizar e celebrar publicado tampa, êle é suntuoso e hlerá- vários outros. versões dos livros IV e VI, tempo o levará como coisa sem para as gerações vindouras a Além disso, tico. De uma indumentária e Recentemente Alberto de quando já desde 1845-1846 cor- peso- a distinção pureza de uma grande glória.. conferida de uma "pose" sempre ti- Oliveira esteve em Araxá, Mi- ra Impressa na Bahia a tradu- a quem outros títulos que «y veram certo ar de Paris Oran- nas Gerais. Logo que ali che- QUAL O LIVRO completa da obra. Esta e nfio tem que abonem ou o QUE ção de, mas imponentes, uma coisa gou observou o lastimável es- PREFERIA TER em meu desautorizado Justifiquem, senão alguns ver- parecei e outra, aos olhos da multidão. tado da Igreja local. O viga- ESCRITO? a tradução mais fiel da obra, sos, viria agravar a ingratidão Interiormente ê antes um rio explicou-lhe havia uma mas também a de menos de havermos até agora deixado ti- que For último, tínhamos uma poe- mido. Enquanto Olavo vi- Igreja nova, mas suja cons- sia ou mais árida dentre as sem tal homenagem alguns no- Bilac curiosidade quasi infantil: de- veu, foi mandou, com seu trução estava interrompida. cinco ou seis (e nâo treze) exis- mes que mais alto depõem em quem sejavamos saber de Alberto de agil .e resoluto Alberto prontificou-se a fazer tentes em nossa língua. favor de nossa cultura e são pulso, que não Oliveira qual o poema que mais os mais representativos ai parecia de carioca, mas antes de uma conferência em benefi- Logo adiante, onde está Sá que vivamente o teca, em toda a temos nos últimos tempos, bas- bandeirante. cio das obras do templo. E a de Miranda inspírando-se no fez literatura universal, qual aque- tando dentre eles, como estrê- Mestre foi mesmo. O poeta contrl- episódio de DSdo (Virgílio) ou que do poeta aa buiu le que êle mais vivamente sen- Ia d° p^meYa grandesa, apom "Via Láctea**, de assim, valiosamente, para no de Ariadne (Catulo) deve obra mais con- o sacerdote levar te e ama. tar um, o maior de todos e de siderável o seu antigo que pudesse ler-se Sa de Menezes, com o que dis- adiante uma urgia. Êle reflete durante um mt- tono o Brasil: Rui Barbosa. De- cípulo, Alberto nunca o obra que caso de sua Citcnia, na Maloca teve E a sua conferência valeu nuto. Depois, lembra o Ham- mais, nfio compreendo o alcan- se chama conquistada. que voz ativa diante uma consagração. leio, o Romeu e Julieta, o Ote- ce de render-se a quem ainda dele, depois o d'"A por Outro Convlnha de- que autor Em Ribeirão Preto também lo... Depois, lembra a Divt- ponto. vive deste valor. Essas Tarde" clarar — e aqui o faço — preito se formou. teve êle oportunidade de falar na Comédia. que homenagens são e d°vem ser foi Melo Morais Filho Olavo não revelava o mau em Fez, então, uma a que pemnre nóstimas, embora haja público. ²Mas não era nenhum des- cuvi, e V. o levemente gosto de andar disputando pri- espécie de antologia de sone- referiu aí des*oante uma ou outra ex- ses. Se um gênio onipotente alterado, as razões levaram masias à luz do sol, ou árra- tos, de todos os brasi- que cecão. Pedra ou bronze na re- poetas me desse a escolher a glória Silvio Romero modificar o zendo os adversários literários leires, comentando cada um a de figuras huma- de ser o autor de poema éter- formava de Cruz e p'-esentacão com críticas oue os apresentas- deles com algumas palavras. juizo qu? nas em ruas ou no, eu escolheria Os Lusíadas. Sousa. crer não a postas praças sem antioáticamente em piibli- Quero que é cu diante dos olhos do A ESTATUA Compreendo-o melhor do que Sílvio a mais deve o au- Jardins co. Apenas não admitfa como quem & o seu valor ou a qualquer outro, o poema di- tor de Broquéis público. parte seus amigos reais os que não Talvez um indiscreta- grande part* significação de obras de arte, pouco vino de Camões. de sua nomeada, mas à dedi- lhe dessem o primeiro lugar en- mente, falamos ao poeta sõ- tem fim corporlzar, fixan- cação extremada de seu por tre os seus pares, e aos adv^r- bre a idéia de ser-lhe erigida Mais outra reflexão de um gran- do-a índelevelmente, imagem ei-lo a tergiversar: de amigo e também meú ami- sários praticamente nada con- uma estátua. Alberto de Oli- minuto, a sucessão dos dias pode Nestor Victor. que cedia. Onde êle entrasse estes veira, com a sua modéstia e a ²Sim... Mas talvez eu ain- go apatrar. Os vivos toda a gente No toca a Luis Deltino deviam estar de fora. No mais, sua simplicidade, acha que d*1 da ame mais profundamente que cs tem e os vê e ã°. todos po- acredito ou não haver eu bem sempre cortês. sempra educado ve esquivar-se á homenagem: o Fausto. E' bem verdade que dem ser vistos. E como esta ge- expresso ou não ter V. bem com todos. Nunca deixou de — Não mereço essa honra, não existe uma só obra de hn- ralmente tem sido a regra, in- reproduzido o meu anarentar ver em Alberto o seu diz-nos. , glô- mem que valha a glória su- pensamento. vprtê-la ou contratá-la, como O basta talvez a excusar mestre. ria de nossa raça. ainda nfio blims do grande Goethe. que lembrou a Aloisio, chega a pa- o da impressão de- Foi tal situação que em toaos tem a estátua que lhe deve Veiu-uos unia ligeira dúvida: grande poeta recer sestro agouro. sagradáve! dada por algumas os tempos despertou certa sim- ser levantada. Ruy Barbosa ²Talvez seta mais bela a Mau naturalissimo es- também não n'a tem. Porque pá»toas de Algas e Musgos. * grado patla em nós outros, lndepen- de quem escreveu o crúpulo em versar tal assunto, razão hei de tê-la eu? glória saber-se que êle, o autor de dentes da coorte acambarcado- D. achei devia escrever estas a In- Quixote... Gaivotas, não revia ou corri- que ra, por Alberto Se Oliveira- Cruz Reconhecendo, embora, linhas mais do de dlssen- Ma- Alberto de Oliveira parece gla os versos, pois. como Alva- que e Sousa, por exemplo, nunca JmHca com referência a "odiava timento, de à idéia de chado Ruy Bar- concordar. Ou, pelo menos, êle res de Azevedo o pó protesto entrou em fala, como se costu- de Assis e a se trata. Pelas razões ao bosa. * fftfca a»ip reconheça- irmana num clarão de igual que deixa a Uma"; produziu que ma dizer, com Olavo: mas con- d° leve expostas e outras mais mos também da ho- admiração o olímpico poeta de multo. Incansavelmente, e na- versava demoradamente com o a Justiça te ocorrerão, menagem deve ser Weimar e o desventurado cria- tvral é tivesse ás vezes horas pondeosas que cutro. sem falsa mo«?«ést!a. mut- que presta- aouí estou de mãos meu da an insigne da Alma dor do Cavaleiro da Triste Fi- menos fel'zes de comoosiçâo. postas, to p°lo contrário, como eu pude poeta caro Jorge, a suplicar-te demo- em flor. gura. Daí haver pm seu acervo poê- ver mais de uma vez. Cousa, vas o de R'mfir*o. nossa — Era noite, já velha. Deixa- teo trabalhos inferiores, descui- poeta al'és, oue só pode honrar o Mais tarde, mestre, como doce e comnanhelro e mos poeta, no seu re- rtoHos e até de mau gosto de querido poeta ainda vivo. Po*aue «Crua aconteceu com o ilustre Mis- o grande amigo, de sua Iniciativa trai. tiro. Em nossa memória, en- 1***K e exnmsfio, ao lado de gênero- emudecia ou tartamudeava ba- o Alberto de Oliveira que sa e infeliz. cruza conosco nas ruas terá cantada, vinha soando a mú- mufos e muitos ótimos, eme- nalldades apenas diante de quem Delfl- Alberto de Oliveira." nto lhe merecia consideração ocasião de cumprimentar riso- sica de alguns dos mais for- lentes, admiráveis. Certo Página 152 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 -- Vol. X, n.° 13 Ouvindo o príncipe dos poetas brasileiros no terreno literário. Fuzia-o por tente de espirito ver que era a nomeada alcançou o Poe- como um Antero do Qucntal vez ou diretamente ao mesmo que "por crguiho ou por tédio, não por «quão, nuo poma ãeíxar ue ser, ta Negro uma conseqüência ur- brasileiro". Que um mo- velho cronista, de quem, como idiota modéstia. Rira desfruta- uma pnner.a ae Alberto. Tanto tificlal de um erro de Silvio mento pareceu que Cruz e Sou- eu, era amigo, ou a mim, que vel supo-lo. mais ínoieusiva era a cous;-, Romero, erro cometido por co- sa estava destinado a ser, no talvez lh'o comunicasse, como o Alberto, pois, conheceu muilo quanto, como iodos sabem, A:- miseraçao. Brasil, uma religião literária". comuniquei ainda há pouco ao bem o Poeta Negro. Conheceu- btiito para contar pilneria nao Quem a merece agora é o E julga Alberto de Oliveira que jurnalista Gonçalo Jorge, em lhe certamente as obras até alt tan graça. Se ele se mete a n&sso Alberto. Assim êle dá pra- esse momento já passou ? entrevista, de que deu noticia o publ.caaas e vo:ava-lhé pelo jsjso, «, gente ri nu i;m por ae- va de ter caído num estado ne A obra de Cruz e Sousa — "Jornal do Brasil". menus respeito, sem o qual essa leicncía. infantilidade que faz pena. basta isto, não é a dos parna- Fica, assim, restabelecida a aproximação de que falo nao i'01 o que fiz, eu próprio, De mais a mais, como ali se slanos — entronca com a poe- verdade quanto à precedência ser^a possível, a altivez de Cruz quanao, um dia, o provoquei a contam as cousas, cs tristes sia atual no Ocidente. Êle e do que maldosamente o Sr. Nes- "futurista", e Sousa é famosa. A maneira repetir-me o que eie anciava üSCSOliO que, segundo Alberto, mais no alto sen- tor Vitor insinuou dever re- insólita, para exemplificar, por contando e lhe ouvi, de seus sustentar tido da palavra, do que muitos *íüir sobre mim, ou quanto a "Cidade ganhava Crua para a que èle na do Rio", de próprios láoio-s, a anedota m* família, parece que são preci- dos futuristas tie hoje. Ê o que autoria deste passo, ou, como que era proprietário José do Pa- (bui-sa e absurda. sados com intenção de chacota, acontece com Edgard Poe, com èle lhe chama, desta pilhéria "poeta trocínio, grande amigo de Cae- Quem me empresta um cegu o que torna a cousa pior que Whitmann, nos Estados Unidos, sobre o negro". — Al- lha Neto, leu, berrando, tre- íúiiat.smo per cruz e Sousa, co- uma infantir.daáe. Quando Crua com Baudelaire, com Veriam?, berto de Oliveira'', pado a uma mesa, o primeiro mo sei que me emprestam, nao veio para o Rio, lembra-mc com Mallarmé, na poesia fran- Em data de 25 de abril 0t- livro que este publicara, é uma niu conhece, a prova está nes- bem, Alberto de Oliveira se ir- c-esa. Porque, como estes, disse-o 1927, Nestor Vitor voltou a tra- imprudência que só por si o sa paciência com que ouvi tal manava mais ou menos com eie muito bem o Sr. João Pinto da tar de Cruz e Sousa, a propó- retrata. Êle tinha chegado en- invenciomce, embora aesmen- na mesma gloriosa pobreza. Mas Silva, falando de Baudelaire, êle. sito das palavras de Alberto de tào da Província e começava a tmao-a categoricamente. para que contar-se tal situação cem seu subjetivlsmo emocional, Oliveira, Publicou, então, n*"0 trabalhar ntiquele jornal, estan- Nunca pensei, contudo, que cem todas as minúcias, embo- reintegrou a poesia, definitiva- ülobo", o seguinte artigo. "Não "maldosamente" do Patrocínio na Europa. Alberto íússe capaz de oonubi- ra mesmo sem o implícito des- ment?, nos seus legítimos do- foi co- A prova de que o nosso Prin- laçao inversa ã que empresta- dem que Alberto alimenta ho- mínios". O alcance da obra de me quer o Sr. Alberto de OU- cipe atual tinha, não só respei- va a biivio Romero, acreditar!- je pelo valor do poeta de quem Cruz e Souea, no Brasil, está veira, que julguei dever atribuir- to, como admiração pelo Negrt» do reaimente no que propala- u esta hora, na sua vida, só a nesse golpe de gênio. Todo o lhe a autoria da história sobre revel esta no cartào que éle me va. Tinha, por incompatível o esta hora publicamente falou " movimento poético vanguardis- Cruz e Sousa e Silvio Romero escreveu pela morte de Cruz, seu alto espirito com essa talta, ta atual tende essa liber- contada na sua espetaculosa "grande Direi, por fim, o que a pro- para chamando-o de poeta", de senso psicológico. Alem d.s- pósito de Cruz e Sousa houve tação, cada vez maor, d a" poe- entrevista. ccusa deve ainda que estar ei» so, parecia-me impossível qus de verdade na primeira vèz que .sia, tlrando-lhe toda a ganga Eu não Ií o livro de Medeiros tre meus papéis. Não procede- èle nao visse o grosseiro erro «obre èle falei a Silvio Rome- de literatura possível. e Albuquerque onde ela já vem ram, aliás, de outro modo Ola- histórico em que redundava es- ro. Este não o conhecia e, c Se Alberto quer um argumen- contada. Em tedo caso, quem vo Bilac e , ou quan- sa gênese inventada por éle. certo, pensava mal do seu va- to prosaico, estatístico para que forneceu a fábula a Medeiros ? ao o viram em artigo de morte Não há dúvida, após aquele lor como poeta. Era o resulta- ,se lhe demonstre que Cruz Con- Foi provavelmente o próprio Sr. ou por ocasião do seu faleci- juízo de Siivío Romero é que do da. campanha dos inimigos. tinua a ser muito lido, basta Alberto, como este é o primeiro mento. Fizeram-no, pelo con- •José Veríssimo e outros órgãos Proporcionei-lhe, então, a lei- dizer-lhe aue hoie, sobretudo, o a admitir. trãrio, em artigos que ass.na- oficiais da nossa* critica foram tura, não só dos livros seu volume de versos em se Quanto a Melo Morais, sem- "amen-üe pubit- que ram. fazendo honorable" em cados, como dos inéditos, ain- condensaram todos os volumes pre me pareceu que o caso ti- E preciso ser capaz de gros- reiaçao ao valor de Cruz. Mas da em mnha mão, e foi espon- antes autônomos, é muito mais vesse nascido de uma conversa seira comédia para, negar-se que este já de há muito conqu.s- tâneaments, entusiàsticamente vend!do que a última edição de do poeta com aquele nosso ca- então, já antes da. critica ou- tara o entusiasmo de quase tô- que o grande critico ss conver- Raimundo Corrêa, na empresa marada comum. Julguei, po- ciai sancioná-lo, quem por aque- da a mocidade brasileira nas teu. Nosso primeiro encontro em que os republicou por último. rim, que ao Príncipe não aprou- Ie tempo sabia o que é verso, letras. Já era imitado bastante. que de Cruz se falou deu-se Pode Luís Murat fazer outro vesse abroquslar-se a uma som- tinha em alta conta o autor de Vinha fazendo "Broquéis". o seu caminho, efetivamente em casa de Melo opúsculo, quando melhorar de bra, embora muito respeitável lento, mas com segurança, co- Morais. Havia pouco falecera o saúde, come aquele em que pre- como ê a do cantor do "O bem- Com o correr dos dias, no en- mo acontece com qua^e .odos poeta e naturalmente se rere- tendeu demonstrar que Cruz e tevi", falecido. tanto, Alberto de Oliveira, em os grandes inovadores. riram suas infelicidades, sua iu- Sousa não é superior em estro Além disso, quis evitar que tom de pilhéria, começou a pro- A nobreza com que Silvio asu ta infernal na vida. Mas sem poético ao nosso caro Felix Pa- sobre este acaso, res- nas pudesse pagar rodas amigas uma sua opinião sobre Cruz e In- lei ou dizer por então, verso checo. pingar algo de menos reverente falsa h.stória, que dava Como contestável e é bela. Mas sem nenhum. Ê o que havia de ver- Pode Alberto querer até so- no correr da discussão. sendo a gênese da glória e ce- éle, como sem mim, como sem dadeiro em toda essa malévola correr-se do próprio Poeta Negro Mas, de qualquer modo, não lebridade o que nome de Cruz outros, o grande Negro cnega- e lninteligente peta. para estranhar a sua glória, di- vejo em aproveitar e Sousa "verda- que possa vinha alcançando. ra aonde -está. O mais ióra por Mas, hipótese, se üa- zendo que este, sendo ao Sr. Alberto de Oliveira Dizia por com a dis- éle que a principio, até o carro adiante dos bois. Quem ber alguém infeliz, Silvio logo o deiramente um homem humil- tribuiçüo das responsabilidades depois da morte do poeta, Sil- laz os poetas não são os enti- elevava às últimas alturas, ao de" (Cruz e Sousa O muito sur- que êle ora Não seria vic Romero promove. o tinha em com* eos: sao os poetas que se ia- ponto de vista intelectual, tra- preendido ficaria, se se pudes- mais mais de burro. principesco, gentil, Mas que, uma vez, zem. Se o crítico é injusto, pior tando-se de um homem de le- se ver discutido como um semi- deixar-se ficar só ? encontrando-me eu com o gran- para éie, que é quem se dim:- trás, por que é que em toda a deus rterário". Melo Morais Filho foi um de critico em casa 5 de Melo Mo- nu:. iua vasta obra de crítica não se A obra de Cruz ainda esta poe^a romântico de merecímen- lais Filho, seu grande amigu, Sei como os vates sfio apaixo- encontra outro caso como este ? palpitante e vivida. Está e es- to, mas havia muito se fi- casa em éle estava que que passan- nacos, sobretudo julgando ou- Depois, se fora por sentimen- tara, contra a vontade que seja zera um simples cronista de ao alguns dias, consegui per- tros vates que não são da sua tallsmo que Silvio se rendera, de todos os Príncipes, que com cousas antigas. Não chegou a suadí-lo de que êle incorria em grei. Ainda mais no período em devia no seu juízo critico figu- isso apenas se arriscam a pare- ter qualquer teiró com os erro. Mas de modo parna- que ? Antes que esrao lutando por conquis- rar qualquer conceito que a cri- cer antes princesas". sianos, quanto mais com os sim- ae tuao enchenao-o de comise- tar o seu lugar ao soi. tica dos outros não sancionasse JVesíor Vitor. bol'stas. Parece que nunca vira, ração Cruz, Pintando vi- por a Mas Alberto nem sequer no antes ou depois. sequer, Cruz e Sousa, e nem da desgraçada do A ml- poeta. último caso esta. Ele hoje e Mas, em essência, que escre- Rio, 3 de abril, 1926. nunca se deu ao trabalho de séria êle sua "Histó- partilhada por com Príncipe. Que mais lhe falta? veu o ilustre autor ee A esse artigo de Nestor Vitor, apurar-lhe o valor. No caso o mulher e filhos, quatro toda essa Cruz e Sousa tem as suas cin- ria da Literatura Brasileira" ? responde Alberto de Oliveira que lhe importava era elevar gente sustentada apenas per zas là no cemitério de há mui- Escreveu, recordemos, que com a seguinte carta: fts nuvens o seu Silvio ganhos ridiculos, numa ,:Cruz querido seção aa to cinzas gloriosas, é certo m e Sousa é a muitos res- "Em seu livro "Páginas de Romero, sem ver desta vez Estrada de Ferro Central, onde que própria Academia teve de re- peitos o melhor poeta que o ciítca" (1920, pág. 8), escreve so podia assim pouca era a consideração tri- "é prejudicar-lhe conhecê-lo). Os raios, porém, Brasil tem produzido". Que o : os créditos de caiMco. Ê o butada oo pobre homem. da sua que, auréola nunca se pode- nosso simbolista puro, o rei da "Silvio Romero tinha uma pelo menos, se Então Silvio ficara comovi- rão encontrar "é pode presumir. co mos da au- poesia sugestiva". Que o ca- ilustração filosófica e científi- Quanto a Medeiros do, pedira-me eu lesse os réola do inventador "bla- e Albu- que desta so único de um negro, um ne- ca infinitamente superior à de qnerque, não hft ignore versos de Cruz e Sousa e na gue" desrespeitosa. Fora sems- quem gro puro, verdadeiramente su- José Veríssimo. Era, porém, um como é paradoxal e che'o de proporção que os ia ouvindo ar- lante, exemplo, a em por pôr perior no desenvolvimento da deplorável julgador de méritos singularidade em seus o rebatava-se, tocado, no fundo, concorrência Edgard Poe cem gostos, cultura brasileira". Finalmente, individuais. Dec'dia-se pela ami- nosso temível cronista. Êle sem- pela piedade, que lhe obnubilara Longfellow. "que nele se acha o ponto cui- Kade, pela afeição. pre teve sobre Cruz e Sousa o o espírito por completo. Confesso, fo: com pois, gran- minante da lírica brasileira após Conta-se que, algum tempe, juizo que repete no trecho ci- Mais tarde, Romero — expli- de estranhesa vi, não há que 400 anos de existência". Quer êle considerou Cruz e Sousa o tado Sr. Alberto. Acha-o cava Alberto — escrevendo um muitos dias, numa entrevista pelo dizer com esta última afirma- que d* fato esse era: um quase absolutamente sem ensao sobre literatura o espetaculosa o Príncipe con- poeta que para que ção que em cronologia literária metrificador sonoro e ôco, idé'as, "Livro do Centenário", elevava ceaeu a um seu admirador, qua- por conseguinte oco. O éie fo: o derradeiro dos nossos se absolutamente destituído de que não admira, então ao último céu o truncadamente reproduzida, co- quando, por poeta. valores mais altos, no verso, até Idéias. Sílvio dizia-o franca- maiores aue em arte à E foi daí — concluía o mal- mo contada Alberto, a fal- gênios por o fim do século XIX. mente. Mas, um dia alguém lhe exemplo, sobre doso — veio sa história de venho fa- Rodln. um dos que propriamente que Ora, antes dele eu e vários contou a vida de Cruz e Sousa, Franca deu a voga de Cruz e Sousa. lando. Lá não se escreve o meu Já ao mundo, suas outros, e depois dele toda a jo- pobre e excelent* rapaz, tuber- oniniões estão Havia bom tempo eu nome. Põe-se em meu lugar o mais ou mentis que ou- vem crítica atual mais eminen- culoso, de família numerosa, dc* acftrdo vira falar em tal "assinatura" emigo cuja casa Sílvio honra- pai com ns do poslti- te, acaso, mais ou menos, não o lutando com d'ficuldades, sim- vista S-. contra o autor dos "ültimos va aceitando-lhe a hospedagem. Eduardo Sá. Mas, a'n- confirma ? modesto, sofrendo o da assim. Sonetos", um morto, Em meu lugar está, Meio pies, com Medeiros uma vêz por par- pois, Silvio, nesse ensaio, gentil- preconceito de cór, contou oue os livros te do nosso magnífico Príncipe Morais Filho, nunca teve que pesava de Cruz que mente confessa que a mim de- sobre 61e. eram dos de hoje. ¦ocasião de ser amigo de Cruz que andam ã sua ca- veu ler até os manuscritos do Ora, m tudo isto havia bfrMra. nela »pxtraordÍnár'a e não conhecia sua mo- mu- Não me incomodei 14 para que que quase morto e assim estar habilitado tivos se plr-alfrtnde. obra. Houve engano, mas cer- para estimar pessoal- nrónria daaueles ver- se diga com essa tolice. Eu nun- a emitir um juizo completo do mente sos. tamente da do "repórter" o poeta; mas. nfto para aue lhe fazia bem antes de ca fiz monopólio da defesa do parte .seu valor. ¦declarar dormir. e oe modo involuntário. Nao que os seus versos me- Para vpr-se que peso Poeta Negro. Se me apontam £ êle, pois, o primeiro a con- reciam louvores. tÊm Pm cHtff.n, m.f>r*rifl echo Alberto capaz de tal co- Sílvio, apieda* as oni- como aquele que mais tem con- firmar a versão que ai deixo, do, foi longe n^ões chilo, nem de mistificações des- tão na transforma- de Medei-os. basta saber corrido para que se lhe faça única possível diante da obra de suas idéias, aue acabou oue *le -K-ha ac jaez. ção irrisório afirmar- justiça, é simplesmente porque inteira de Sílvio Romero e dian- por datar de Cruz e Sousa uma se ter Crm e Sousa aberto Pois veio outros nio se têm disposto ou que à estampa, ago- te da obra completa de Cruz e época na história de nossa lite- uma nova énoca na mstófi* da ra a cousa muda nio tem tido ocasião de fazer de figura. Re- Sousa. ratura". nossa llt»*-atnra. Pois o slmbo- uma tanto como eu. presença grosseria púoli- Disse Alberto na imponente Bste mesmo conceito, mais M.«mo nSo criou a corrente a ás- co de Alberto "não Certo, no caso eu estava para com a me- entrevista que faltou quem alongadamente e com «nn» s* W"nfle tudo r, oue «le mória de pormeno- retamente implicado. Mas o que Cruz e Sousa, nao quisesse enxergar naquele que res, sobre Silvio Romero ou so- verrta^AtTflmAntfl sl«m1f!eativo se é tolice por si mesmo cal. Bas- querendo acreditar na minha era misteriosamente chamado o bre até onde o levava seu co- t-pm Mt.*. d***no's em nossa noe- informação. "noeta tava o enunciado ser cousa fei- Di claramente a negro" um espirto sin- racío, ouvi-o eu a M»»lo Morais «Ia ? E. «e nüo é Cru? o maior ta em conversa, toda a entender que o Príncipe julga gularmente belo, alguma cousa para Filho; Medeiros ouviu-o por sua (Continua na pág. 157» ummÊ&eWtM

Outubro de 1949 — Vol. X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 153 Evocação lntermezzo Uma carta de Ruy Barbosa Luis Affonso Sarmento (Henri Heine) Trago meus sonhos, l i Joaquim Nabuco Únicos sonhos meus, O mar tem suas pérolas, em calma 22 06 Como se fossem flores. Tem o céu mil estrelas, minha flor; jui., Dobra longe um sino, Mas minha alma, minha alma, esta minha alma Meu caro Nabuco Crepúscularmente. Tem teu amor! Só agora (por negligência de E' o dia dos mortos. Grande é o mar, grande o céu, porém maior um criacio) me foi entregue a E o que te ofereço? *. o meu coração, lirio singelo, sua Sonhos, Mais preciosa carta de ontem, como se fossem flores, que os astros, que as pérolas mais belo, que muito lhe agradeço. Sei Que caem desfeitos Brilha este amor! Quando abro as mãos que o tempo lhe náo deve che- E' teu ! é teu! é teu gar para nada, e entre velhos todo o meu peito, cempanheiros Sonhos tão pobres, Todo o meu peito que se mescla, flor, não s-s medem Que nada restará deles Ao grande mar, ao grande céu, desfeito cerimoniai. Quando quer que Em tua sepultura. Num só amor! venha, pois, a sua visita, scra Nem minha memória, muito bem vinda. Terei, muito os Que sonhei um dia, uma vez, uma vida inteira. gosto tm me antecipar a ela, se souber Dobra longe um sino, O císne ds alguma ocasião, Compassadamente. em que o possa apanhar en: Trago sonhos, apenas sonhos. (Sully Prudhomme) casa, Porqu-2-, de mais a mais, Perdoa se não V. é o credor, envolvo em flores Calmo, do espelho azul por gentilezas, a Teu nome no mármore. d'água profunda e calma eu cometi a falta na- errinao' os P«s. lânguido, o cisne que de ít SCf- espalma corresponder. brisa da noite deslisa. Da neve os raros flocos brancos A já sopra, Lembra o fino Estas horas pálidas flouxel que lhe amacia os flancos; Não seria, com efeito, sam São a solidão. Linea vela parece a asa que encurva e brande, analogias na história aos par- Esbelto, ora Descanso a cabeça em teu túmulo, e retrai, ora sacode e expande; lamentos a sua lembrança de fcntre as ninféas indo, o alvo uma manitestação E choro. Colhe-o pescoço apruma, ao Stcieta- após, some-o n'água, estende-o sobre a espuma, rio de listado americano ¦turva-o mole e peias Tanto tempo é morte! gracioso, e ánfora antiga imita. câmaras do Congresso. Mas. no Nem Dos pinheiros ao longo, onde o silêncio habita sei... E a nâo convenho, é no papei, E é tão tarde agora, paz e a sombra, vai; rastejando na esteira, qui Mesmo sentir, Que atrás fica, semelha intensa cabeleira que V. me designa, ds orador pára sentir, A basta ervagem Ou murmurar uma saudade!. . fresca a palpitar. A gruta, nessa grande solenidade, festcu Que a alma atrai do poeta e a voz da velho; doente, e, conquanto am- Fraz-lhe tarde escuta, Dobra longe um sino, e a fonte que além flue, regorgita e bolha. se me nt.o apagasse de toac Vendo-as, lento da Veladamente. se arrasta. As vezes uma folha "o logo sagrado", isto é, o en- Deixo-te os sonhos, Leve cai do salgueiro e, em sua oueda, leve, Como se fossem Roça-lhe, muda sombra, as plumas cor de neve. tusiasmo e a espsrança, já ía*o flores. Caminha es- Perdoa se poucos são e sem beleza. agora ao largo; o implexo da ramagem assumo iniciativas ,nsm me Deixa e a parte procura onde o esplendor selvagem ponho a ttmenaatíes. Os anos Diz Meus amor... meu amor melhor com o brilhar d'água anilada e pura e o atri.o aas coisas hostis, fizeste Do lado é a parte mais azul que êle cujo me sido acer- Que dos meus sonhos?! E procura; quinhão tem lá vai... a cismar sobre as ondas serenas, bo e cotidiano, desenvolvei am Entrega à luz do sol a brancura das penas. Depois, em redor, em mim uma desconfiança, que quando, se confundem, caindo senão Soneto A noite, do amplo lago as margens, e no infindo não consigo vencer, quan- Horizonte há somente um ponto avermelhado; do algum dever irresistível me Bodas de prata, amigo, dir-se-ia Quando tudo quedou quando no ilimitado impõe obediência cega. Foi Que foi ontem. Como éramos galantes: Do céu paira da lua o enorme e isso (aqui Tu — globo albente; principalmente por com os teus modos leves, elegantes, Quando acende o lampiro a luz fosforecente, em segredo lh'o confesso) Eu .— leve como o E nem que veu que me envolvia. o menor sopro o débil junco embala: me escusei da Conferência O cisne, sob o olhar pan- E unimo-nos, dessa noite de opala, Nesta disposição de assim, em alguns instantes. Em seu lago sombrio, enfim, descansa; e, americana. Depois, enquanto célere corria acaso espírito, a homenagem V. Visto de alguém, assim, lembra de prata um vaso... por O tempo, nossas almas, dia a dia, Põe sob a asa a cabeça, os olhos imaginada aos Estados Unidos Tornavam-se mais sonolentos ternas, mais amantes. Fecha, e dorme, feliz, entre dois firmamentos. na pessoa do sr. Root seria Hoje, que sei que pelo azul profundo (Tradução de Alberto de Oliveira) uma cena grande em demasia Não existe céu feliz como este mundo, Jpara a minha timidez. Mm- Onde palpita a lus dos olhos teus, "Recife guém terá por aquele pais maiores simpatias que eu. Co- Hoje um pavor inunda os olhos meus: Duas traduções do de Coral" Deixar-te aqui num rápido segundo, mecei a conhecê-lo e a querer- Sem abraçar-te, sem dlzer-te adeus. de Heredia lhe, quando eu e V. eranlos es- tudantes, na época da guerra Débora Leão separatista, pelos livres de meu pai, que sortia todas as obras Dentro do mar o sol, misteriosa I aurora, sobre a grande nação e a sua Brisa Marinha A floresta abissal dos corais alumía, luta. De modo que a minha Onde, na profundes da tépida bacia, admiração da maravilhosa Re- Junto ao animal se expande a vicejante (Sthéfane MALLAKMÉ) flora. pública norte-americana prece- A carne é triste, e eu li todos os livros, todos. admiração para E tudo que de sal ou iodo se colora, deu a minha Fugir! além ! Eu sei que há pássaros já doudos na íe- Por se , O musgo, a actinea, o ouriço, a alga peluãa e fria, com a Inglaterra, qual ver entre os céus e a espuma do alto mar! minhas Nada, nem os refletidos no olhar, Em pomposo desenho a púrpura sombria, pois se absorveram as jardins Da madrépora meus estudos. Retém meu coração que já no" mar se aninha, crespa o alvo fundo decora. tendências e os Nem, ó noites, a luz da lâmpada sozinha Com a nossa revolução de 89 Extinguindo o fulgor do esmalte das escamas, aos Estados Uni- Sobre o papel vazio,, intangível de brilho, Um eles voltaram E nem a mulher moça grande peixe vai navegando indolente, o aplaudo na amamentando o filho. Na translúcida sombra a rondar entre as ramas- des. Já vê que Ergue a âncora para regiões extravagantes! sua campanha pela conquista Hei de partir! Vapor de mastros oscilantes, Mas, em brusca impulsão que a barbatana escalda, dessa amizade. Mas a palavra Vm tédio desolado, entre anseios intensos» Faz correr no cristal fosco, azul e dormente, de porta-voz do Congresso, que Ainda acredita no supremo adeus dos lenços! Uma centelha de ouro e nacar e esmeralda. E_ esses mastros, talvez, cheios de maus V. me quer dar, a outrem deve presságios, me São dos que um vento faz vergar sobre os naufrágios Otávio Ribeiro da Cunha caber. Sinceramente, não Sem ilhas férteis e sem mastros de veleiros... "Crepúsculo sinto cem a coragem para tâo Mas, ó minha alma, ouve a canção dos marinheiros! 29-8-49.( Do livro inédito de estréias") amplo teatro. (Tradução de Guilherme de Almeida) Quanto ao ssu discurso, um só pezar tenho: o de o não ter ouvido. Ainda bem que, afinal A morte de uma Criança 0 Banco de Coral o temos, declaradamente, entre nós, onde a sua ausência era. (Heredia) Ronsard uma sensível lacuna. Desde 1893 eu no Jornal io Qual em maio se vê no galho seu a rosa Sob cs ondas o sol, maravilhosa aurora, pregava A belesa expandindo e a mocidade em flor, Das espécies do abismo a floresta ilumina. Brasil, seb o título de Apelo Tornar cioso o céu de tão viçosa cor, A vida a confundir, na vasa submarina, aos Conservadores, a incorpo- Quando rega-la vem a manhã lacrimosa: Da fauna que floresce à movediça flora. ração republicana dos grandes espíritos da monarquia. A V. Vive a em sua folha e nela o amor repousa, E tudo quanto o sal e quanto o iodo cora, praça mais que a ninguém o amor Impregnando o jardim e as ávores de odor; Alga, anêmona, ouriço, em tinta purpurina Mas, batida da chuva ou de excessivo ardor, Com desenhos sutis, na tela cristalina, próprio poderia embaraçar a Folha a folha Ianguece e cai morta a formosa. A madrépora, ao fundo, exótica, decora. mudança. Mas a sua superiora- dade e o seu patriotismo lhe Tal no frescor também da juvenilidade, Das escamas o esmalte esplêndido apagando, sobrepujaram. Muito bem. Nm- entre os corais rondando, Quando honravam a terra e o céu tua beldade, Um grande peixe passa o terá recebido com mais Ceifou-te a cruel Parca e cinza ora repousas. E uma estera na sombra, invisível desfralda. guém satisfação que o seu velho am." Por funerais meu pranto acolhe e minhas dons, Mas súbito estremece e reacendendo o brilho e fiel admirador, Cm púcaro de leite, um cestinho de flores, Da barbatana ardente, um doirado rastilho Para que viva e morta apenas sejas rosas. Nas águas faz correr, de pérola e esmeralda. Rui Barbosa. (Tradução de Eugênio Vilhena de Morais. — Natal, Caslos SA (Do arquivo da Casa Rui abril de 1948). ("Paisagens" — 1944). Barbosa). Página 154 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 — Vol. X, n.° 13 Documentário INICIATIVAS CULTURAIS PAULISTAS

Casimiro de Encontra-se hoje á frente ra, Edgard Cavalheiro, Carlos Ja-se, por exemplo, a quanti- dor Ademar de Barros, e sob o do Departamento Municipal Burlamaqui Kopke, Paulo dade de concertos, aulas o con- nome de S. Ex* vem de ins- Abreu de Cultura de São Paulo um Mendes de Almeida, Mário da ferências que a municlpallda- tituir o Departamento de Cul- homem de real dinamismo, o Silva Brito, Gustavo A. Stern, de de São Paulo ofereceu ao tura de São Paulo. Trata-se no mês de Junnc somente no mês de maio. de três bem significa- Cartas de Horácío José Mar- Sr. José de Barros Martins. Fritz Janká povo prêmios mCamargo Guarnieri, An- No mês seguinte novos nomes tlvos — de 25 mil cruzeiros de Abreu a Nilo Bruzzi Como editor, firmara êle gran- co quês Marilia Franco, vieram como os de Nelson Wer- cada um destinados a coroar Na carta de Horâcio Jose de crédito entre todos os que tônio Romeu, Osval- neck Sodré, Augusto Predert- três trabalhos de valor. Alem Marques de Abreu enviada a no Brasil amam os assuntos Nelson Werneck Sodré,' co Schmidt, ítalo Izzo, etc.; disso os autores ficarem Nilo Bruzzi em data de 6 de de cultura, mediante a publi- do de Andrade, A. F. Schmidt, que e agosto, outros colocados em segundo, corrente, e antecí- cação que triuntantemente ítalo Izzo, Armando Belard. no de Julho tercei- junho que de aumentar o valor da- no documentário Casi- empreendeu de Importantes Carlos B. Kope, Paulo M. vieram ro e quarto lugares terão suas pamos Silva Bri- relação, como os intelec- miro de Abreu, número de obras da nossa literatura, sen- Almeida, Mário da quela obras editadas e delas recebe- edições, Stern, Fritu tuais Moisés Velhinho, Luiz rão — agosto do ano corrente (vol. do que muitas de suas to, Gustavo A. trezentos exemplares o com Filho e Manuel Ban- X, 131, segunda coluna), ilustradas por eminentes ar- Jank; no mês de Julho Viana que constitui veraz estimulo pag. in- Antônio há uma emenda a fazer. E' tistas, ficaram desde logo Camargo Guarnieri, deira. para qualquer escritor, princi- melhor nos- Romeu A. F. Schmidt, Quo- A enorme atividade do de- no que se refere à informação corporadas ao do palmente se levarmos em con- relativa à Maria Amélia, so- so patrimônio mental. tavo A. Stern, Fritz Jank, Luiz partamento municipal de cul- ta a enorme dificuldade finan- fato de aquelas brinha do das A frente do Departamento Viana Filho, Moisés VelWr.no. tura, e o que ceira em que andam as nossas poeta prímave- ilustres da nossa inte- ras. Diz o texto da carta de de Cultura, te mo Cr. José de , Alfredo Vi- figuras editoras, prejudicando assim os lectualidade se terem feito ou- Horácío José: "Maria Amélia, Barros Martins obtido para dal, Eduardo de Guarnieri, os escritores, que não pedem seus figuras Francisco Mignone, Heitor Vi- vir na capital fosse esta nunca saiu de Portugal, trabalhos apoio de paulista, publicar suas obras. Tais prê- as mais ilustres das letras da la-Lobos; no mês de Agosto na falada, fôssp na lá casou-se já velha com um e palavra mios representam, portanto, um arte nacional. Basta referir ai- com Herry Jolles, Ernesto música, bastam demons- labrego, na expressão do meu para duplo auxílio: a quantia em dos nomes seja em Mehlich, Fritz Jank, Nancy tiar-nos, o é importan- lio Jucá..." etc. guns que, quanto dinheiro e a publicação da conferências, seja em concer- Lousan Miranda, Camargo ce a vida das idéias na gran- Fica, feita obra. pois, a correção tos têm dado sua colaboração Guarnieri, Maria de Lourües de cidade, que João Ribeiro daquele documento saiu le- uma que ao grande Estado. Saiba-se, Lopes Cruz, Zilda Medice Ham- cersiderava a outra capital do E', como se está vendo, vfmente errado. relevância, pois que, por iniciativa do seu burger. Brasil. iniciativa da maior e que bem mestra o alto nível Vitória, 16 de maio de 1949. Departamento de Cultura, 3. E^ uma relação de nomes de Uma vez que estamos pondo Paulo esteve em contacto, no significação, não só em destaque as realizações cul- espiritual a que atingiu Sao Prezado Bruzzi. grande ps- amigo Nilo mês de Maio, com Camargo lo fato de inclur nomes naclo- turais de São Paulo, não deve- Paulo. Cordiais saudares. Guanieri, Antônio Romeu, Ma- nais da maior expressão, como mos esquecer os três Prêmios Damos a seguir, para conhe- — Dou em meu sua car- riüa Franco, Agripino Grieco, também pelo número, pote re- ' o de Poesia, o de Ensaio cimento dos leitores, o regula- poder — ta de 14 deste, que procurarei José Lins do Rego, Erico Ve- presenta um trabalho mensal Literário e o de Teatro que mento dos prêmios a que aca- responder, "se a tanto me aju- ríssimo, Antônio Soares Amo- verdadeiramente grandioso. Ve- sob o Patrocínio do Governa- bamos de nos referir. dar o engenho e arte", carta essa que muito me desvane- ceu. Quanto à primeira per- gunta: Sei que Casimiro tinha REGULAMENTO DOS uma grande mágua por ser fi- lho espúrio, e, talvez, por ser Luíza Joaquina das Neves anal- fabeta, e seu pai sempre ata- refado nos negócios não lhe PRÊMIO ADHEMAR DE BARROS DE POESIA; poder atentar para o seu estro de poeta nato, que êle loi. Meu pai, coitado, sendo um PRÊMIO ADHEMAR DE BARROS DE ENSAIO LITERÁRIO; dos últimos Marques de Abreu, com pouca instrução, nunca trocou comigo idéias a esse Prêmio ADHEMAR DE BARROS DE TEATRO. respeito, tudo que ouvi foi do meu tio José Joaquim, uma — Ficam abertas a desta inscrições os noite, quando êle se referia ao partir data as para do autor deverá ser colocada em envelope ã parte contendo os fatalismo que perseguia os seguintes concursos promovidos pelo Departamento Municipal seguintes elementos: o título da obra, o pseudônimo, o nome do Marques de Abreu. dí Cultura e patrocinados pelo Sr. Governador Arhemar de autor e o seu endereço. Quanto às cartas a que me Barros — Para os prêmios "Adhemar de Barros de Poesia" e referi na minha missiva, são "Ademar de Barros de Teatro" os originais deverão compreen- iodas as quatro dirigidas do Prêmio Adhemar de Barros de Poesia; der menos 80 datilografadas, espaço forma- Rio ao seu pai em Indaiá-acu. Prêmio Adhemar de Barros de Ensaio Literário; pelo paginas duplo, Recordo-me bsm, que elas ain- to oficio; para c "Prêmio Adhemar de Barros de Ensaio Litera- Prêmio Adhemar de Barros de Teatro. da tinham pregados os selos "olho rio" c; originais deverão ter pelo menos 120 páginas datilografa- de cabra" e, que todas — Poderão concorrer autores nacionais ou estrangeiros I terminavam com es- das, espaço duplo, fermato ofício. o mesmo tribilho afetuoso "beija-lhe a desde que os originais sejam escritos em português. — 0 concurso será julgado por uma comissão de três mão o seu filho amante Casi- Sr. Governador Adhemar de Barros em benefício de cada um membros escolhido? pelo Diretor do Departamento Municipal de miro José Marques de Abreu", dos três concursos. Esses prêmios são indivisíveis e instituídos Cultura e presidida pelo mesmo, que não terá direito a voto singularidade essa me cha- que pelo Sr. Governador Adhemar de Barros em beneficio de cada sendo membros mou a atenção, a assinatura que os da comissão não poderão concorrer ao um dos colocados. por extenso, pois, sei que em primeiros prêmio. outras cartas a amigos éle ape- 4 — O Departamento Municipal de Cultura promoverá a 10— A comissão elegera um relator, dentre cs seus mem- nas assinava Casimiro. Quan- edição de cada obra premiada num total de 1.500 exemplares, bros, para dar parecer justificativo de sua decisão, esse to á fotografia, nâo retrato, parecer «endo que ao autor se oferecerão 300 exemplares. será na imprensa e nas edições das obras que o segundo Casimiro pos- que publicado premia- suia, tratava-se de um moço 5 — O Departamento Municipal de Cultura fará edições de das e editadas pelo Departamento Municipal de Cultura. imberbe, cabelos repartidos do i.000 exemplares das obras que, a juízo da comissão julgadora, 11— O trabalho dos membros da comissão julgadora será lado esquerdo. Quanto ao seu poderiam merecer os 2.°, 3.° e 4.° lugares, recebendo os seus res- remunerado, nada percebendo, entretanto, o seu presidente. retrato que corre mundo, eu só autores 30C exemplares. 12— A comissão o posso atribuir aquele aspec- pectivos decidirá por maioria de votos, devendo a to de um homem jà maduro, — O prazo para a entrega dos originais vencer-se-á a 31 sua decisão tomada em caráter irrevogável, ser dada até 30 de ao pintor que dele se encarre- de março de 1950. junho de 1950. gou, em se tratando de pois — Oo concurrentes remeterão os seus originais ao Depar- 13— Os crigi;iais apresentados ao concurso não serão devol- poeta, zãs, não teve duvida, tamento Municipal de Cultura, sob a identificação vides acs concurrentes. cabelos para trás, pois todo pseudônimo; poeta que se preza usa cabelel- ra abundante, penteada para trás. O nosso Casimiro morreu tuberculoso, portanto aquela equívoco em São Tiago, Minas pai morreu nunca mais tive- breve tsnha em mãos a foto- Sem mais firma-se, afetiva- fisionomia de quem está mor- Gerais, em 1909. Quanto a mos notícias dela. grafia e não retrato do Casi- mente, o patrício admirador. rendo em pé. Quanto ao seu Albina, desconheço se se casou, 2.° Meu pai faleceu em Vila miro. Parece-me que a estou (as.) Horácio José Marques estrabismo nada vos posso in- tudo que sei é que residiu aqui Velha, aonde se encontrava a vendo — um adolescente, im- de Abreu. formar. em Cachoeiro, aonde manteve Sei que seu aspecto conselho médico, em 22 de ou- berbe ainda, cabelo repartido (Veja Autores e Livros, vol. físico era bem brasileiro, um colégio. do lado esquerdo, atar- tubro de 1937. a qual dite- X, pags. 102, 103, 104, 105, 113, racado, moreno; re totalmente também des- Desde já tomo a liberdade 3.° Não compreendo bem o desse ancião, cujo 118, 119, 131). conheço se tinha rosto c plcad de me inscrever no rol dos o amigo "Quan- retrato corre mundo e que, de varíola. que pergunta: Quanto ao ponto candidatos à sua obra, logo que tos filhos deixou além dele e aparece na minha edição da dele desancar o pai nas cartas ela seja dada ao lume, pelo de Casimiro?" Se aquele "èle" Garnier, qué a possuo desde aos amigos não se ir precisa que antecipadamente agradeço, se refere a mim, informo: Nos- 1926. Tenho lembrança de ter Ruy e a Bahia muito longe, êle es- lido uma pois que subscrevendo-me cordialmente, sa irmandade se compunha de das 4 cartas a que (Continuação da 148) timagtizou o velho José Joa- me venho referindo pág. (as.) Horácío 6 irmãos, dos um faleci- numa re- com aquele dardo con- quais vista quim do em 6 de março de 1923, o qualquer, que deve ter dsração de que èle era alvo no tundente intitulou "Dores". 1949. "Revista que Vitoria, 27 de maio de Luiz Felipe, os cutros sto os sido a da Semana", a grande Estado? Será que o Casemirn possuía naturalmente Prezado amigo Nilo Bruzzi. seguintes: Horácio (Ego), Ma- qual foi divulga- Justo é, pois, que se dê agora uma dupla Para da personalidade? Cordíallssimas saudações. ria Luiza, Casimiro, Judith e pelo professor Escragnole èise consórcio supremo —- o dos a sua mãe, nas suas poesias, Doria. Pois bem amigo Nilo, restos "Ml- Pelo ordem de idade vou dar Carlos Alberto. Agora desejo do grande homem com a era todo coração, vejamos confiante no seu interesse de terra em os nomes dos filhos de Maria felicitar-lhe pelas suas quall- que êle nasceu, que nha mãe". produzir obra limpa, faço vo- êle tanto amou, de tanta Joaquina: dades de Sherlock que que Os manos de meu pai, em pois tos para as tenha em mãos no maneira demonstrou admirá-lo ordem decrescente foram os José Joaquim (Jucá), Júlio, com tão escassos informes que mais curto espaço de tempo. e prezá-lo. Justo é que Rui re- José Joaquim, Jttllo Francisco, Casimiro, Luiz Fe- conseguiu logo identifl- seguintes: prestei Renovo o pedido de, tão logo gresse à Bahia, Ir dormir Meu Pai, lipe (meu Horácío, Car- car Luiz Maria Pipa de Mes- para Francisco, Casimiro, pai), seja publicado o seu erudito ali os seus dias eternos, os dias los e Maria Amélia, todos Horácío, Carlos e Maria Ame- Já quita, com aquela abundância trabalho, enviar-me dois exem- de uma alta e Francisco, falecidos, fazendo de enriquece sua pura glória, que lia. José Joaquim, eu res riçao detalhes que a plares, com dedicatória, já se ninguém mais ousará dlspu- à minha . "Casimiro Carlos, faleceram em Portugal; quanto tia Maria obra de Abreu", as- vê, um para mim, o outro para tar-lhe. Amélia, desde meu Horácío, foi assassinado por pois que sim sendo espero que multo a nessa biblioteca estadual. 15-10-49. Outubro de 1949 — Vol, X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 155 AMADEU AMARAL Discursos na inauguração do seu monumento em Capivari No domingo, 2j tle corrente, sobre Dante e sobre Camões; brasileiras dependem das for- sos do foi inaugurada em Capivari, não foi somente os seus trlunfos, como seri Amaral, deu-nos a fórmula o pesquisador cas latentes na massa do an- inacessível no cidade do interior paulista, a arguto e a sua glória. Mas, seu esirlto, quando escreveu, paciente do Folclore uga população Indígena, e es- na harmoniosa fecho do soneto "Voz Interior", herma de Amadeu Amaral, no- e do Dialeto Caipira. paráfrase de Êle foi sas forças nunca poderão de- Guilherme de Almeida. estes dois versos incompará- tável trabalho do escultor — também — e, direi mesmo, éle senvolver-se convenientemente "... veis: Brecheret. loi sobretudo — o cidadão e o sobre o regime de ooscuramis- este glorioso não acredl- festividades fizeram- Nas patriota esclarecido que, em mo em que ela tem vivido. A (tou na glória. ... alguém que assistiu às lutas Julgou se representar o Governador meio às preocupações abstir- luta contra o analfabetismo e, ser entre os homens, da existência Ademar de Barros, pelo pro- ventes de uma existência Ia- pois, antes de tudo e sobretu- sobre a terra, Triste e só, sem fazer nenhum Prestes, monge fessor Lineu secreta- bsriosa, jamais descurou os uo, uma questão de urgente vagando em corredor mal a ninguém. rio da Fazenda; o Sr. Dr. problemas superiores de sua interesse nacional. E, sendo escuro Ao contrário do comum dos alheio aos ecos da comunidade. Luiz Gonzaga Novell Júnior, terra e de sua gtnte. acima de tudo uma ex- questão ou ser "na escuridão mun- brasileiros, que pecam pelo Vice- Governador do Estado, Animava-lhe o coração aque- de interesse nacional, este é do Amaral do cesso, pecava sempre pelo Dr. Arruda Viana; o Pre- le incoercivel amor à gleba na- que deve predominar em todas o paradigma Aí mesmo, da renúncia e uma pela parcimônia. sidente do Tribunal de Jústi- tal, que Henrique Lavedan as soluções que se da paz, nesses dois belos versos, "a proponham; some-ra um que ça do Estado, desembargador considerava como escola e assim tôda^ as soluções ra- de enigma, tão belamente resumem o alto Tecdomiro Dias, perpassando sem ruido a ca- Dr. pelo de- primária do patriotismo" e qua zcáveis hão de receber dele, e ser moral que êle foi, .sembargador Alcides de Almei- o Altíssimo minhe. do Além». puro Poeta já havia e não de outra parte, as de- encontramos a parcimônia, a Ferrari, a Assembléia equiparado da Le- à mais fulgida e à terminantes especiais da sua Não lh'o consentiram, medida, a preocupação de di- Estado mais "la porém, gislativa do pelos Depu- operosa das virtudes opertunidade, extensão, forma os contemporrãneos. zer menos do pode ser Rubens que tados do Amaral, An- caritá dei natio loco". e maneiras". Não lh*o consentirá a Pos- dito... Vede que Amaral não tõnio de Paula Leite Neto e Porque queria o Brasil forte Não teridade. Não lh'o consenti- escreve alguma coisa afirmati- Martinho de Ciero; a Acade- e grande, e fora, ademais, a parti- —' prestigiosa prós- cipação ria jamais Capivari — a sua va, come, por exemplo fa- mia Brasileira de Letras, pelo pero. Amadeu Amaral tinha entusiistlca e eficien- te que teve Amadeu Amaral na generosa e nobre terra natal. zendo o bem aos outros; o que acadêmico Múcio Leão; a Aca- as suas vistas constantemente Afirma fundação e nas atividades da e comprova-o o mo- êle escreve é alguma coisa res- demia Paulista de Letras, pelos voltadas para as próprias fon- numento mesmo — Liga Nacionalista e da Liga que à nossa frente se tritiva ou negativa acadêmicos Altino Arantes, seu tes da nacionalidade; para as levanta de Defesa Nacional, e basta- e em cujos moldes o sem fazer nenhum mal... Presidente, e René Thiollier, infância e para a juventude, escopro E, Amaral riam esses textos candentes perito de Vitor Bre- entretanto, pas- secretário perpétuo. para o amparo de uma e para cheret retratou, com Impres- sou pela vida fazendo o bem. a educação de outra. para demonstrar o interesse, o empenho lhe merecia sionante fidelidade, as feições E o fez por todos os meies ao DISCURSO DE ALTINO Destaca-se entre seus tra- que a ta- ARANTES os ref a, entre todas plácidas e distintas do Poeta. seu alcance. balhos esta vibrante da relevante, de página asstgurar i Nação "a Erguida bem no âmago da E* fazer um bem à humani- Representante da Academia apostclar eloqüência, tão eontl- "terriala per- nuidade da vida e tão clara, tão singe- dade ser-se poeta, amar-se a Paulista de Letras, falou o cuciente e tão vivida, de espirito" que pa- — essencial a toda civilização la, tão pequena", a sua casa, poesia, o caminho certo que Presidente Altino Arantes, rece ter sido compesta adrede o o teatro, a escola"; leva ao coração de Deus. E' fa- que que assalte sobre o conceito jardim, pronunciou o seguinte discurso: para 03 tempos desordenados esta herma — como uma des- zer-se um bem à humanidade, "Representante e basilar de que, para 0 Indi- da Academia tormentosos que vão decor- sas lâmpadas votivas que, nos dedicar-se à profissão das ie- rendo: duo como para a sociedade, a Paulista de Letras, onde por "luta dinheiro" importa cemitérios antigos, conserva- trás e do jornalismo, na altu- "Consoante pelo ra em o fez Amadeu Ama- um desses caprichos da For- um dito de Spen- menor do a "luta su- vam a flama da lembrança dos que cer, não é decente que pela mortos — ral. tuna que exorbitam de todas que, numa premacia do saber". queridos aqui ficará as e superam sociedade onde se for- sempre, confiada à Se 1103 detivermos uns mo- previsões todas gastam Situa-se para guar- as ambições, ocupo a cadeira tunas para introduzir melrio- precisamente neste da e ao culto perenes do povo mentos na análise de sua obra, lance fugidio da carreira Amadeu Amaral fundou e ramentos em raças de de Capivari. iremos ver que tudo e que nela que pecuárias, Amadeu Amaral a única en- imortalizou: — aqui estou nada se faça, nada se tente, Ao redor dela, nas lindas transparece é um contínuo para cruzilhada em as suas le- manifestar o aplauso e a so- nada se deseje, ao menos, fazer que manhãs tranqüilas, inundadas hausto de simpatia e de ter- trás se encontram com a lidariedade com ela vem deveras, em prol do .melhora- poli- de claridade e acalentadas de nura, um continuo testemunho que tica. Mas, vede bem, com a "uma associar-se às homenagens que mento do homem. Menos de- sol, imensa guirlanda de de amor pelos homens. cente, é ainda nu- política de bom quilate; com crianças esbeltas, rosadas e Olhai-o, exemplo, num o insigne capivariano está re- porém, que, a sadia por cebendo ma sociedade onde se esgotam politica que obedece gentis, prestes a entrar dos seus exercícios diletos, no hoje dos seus conter- à razão e moral; para ri03 de dinheiro em mil coisas prática com o palco da vida, em rodas exercício êle teve no ter- râneos e dos seus admirado- a de mãos limpas de jo- que res. inúteis e mil doidices nocivas, política e viais, na euritmia da graça e reno da crítica, terreno em que consciência inquebrantável, cujo Esta linda cidade sua haja serezinhos humanos, sem da saúde, encherá o ar de mú- é tio fácil a um homem tro- e a objetivo e culta resga- culpa de terem sido chamados precipuo é a paz fica inefável de suas vozes e pecar nos escolhos da intole- população querem cuja lei suprema tar, nesta maneira, a imensa à vida, que se tornam mofi- é o trabalho de seus risos". E à hora nos- rância, da perfídia, da exces- bem comum. divida de gratidão, de lhes nos e tristes e têm todas as pelo tálgica do crepúsculo, quando siva e inconfortàvel vaidade. que Foi a essa sem am- "Angelus" é credor o vate admirável que, possibilidades felizes do seu política o badalar do vier Olhai-o e vede como êle ali se sua obra, comunicou mui- futuro comprometidas, não ra- bicões e sem partidos, sem compassando lentos intervalos conduz. Não percebeis que pela ódios ' e sem to de seu renome e de sua ro irremediavelmente, apenas prevenções, que para a oração e para a saúda- Amaral é o crítico de expres- Amadeu Amaral não se de dig- —- ao torrão lhe foi por falta de uma alimentação de à semelhança do que, são sempre medida e indul- glória que nou berço e ao reservou sem- regular e sadia e por falta de de prestar a sua lúcida co- nas lendas da Grécia, aconte- gente, que êle mais procurou qual operação. Mas fê-lo, a exem- carinhosa dileção de espí- alguns cuidados higiênicos ele- cia com o mármore inerte de estimular os que possuem Ie- pre de Lamartine — rito. mentares. pio por dever so- Memnon é bem possível gítimos dons literários do que ciai, injunção de solida- Porque Capivari foi Aqui não hi dificuldades por que, misteriosamente vocaliza- sorrir da infeliz multidão dos para ji riedade cívica, "como todo Amadeu Amaral o recanto "re- a resolver, não há compiexi- das pela brisa, ressoem no que se iludiram com o seu pró- nas heras de moto e sossegado, aonde o tu- dades a deslindar, não há opo- passageiro que, bronze sonoro desta efígie as prio talento, e que se fizeram há for- multo do mundo lhe arroja- sição a combater, não há se- tormenta, de colaborar estrofes magníficas: poetas ou prosadores falhados, com a equipagem, a va — últimas e trêmulas ru- não unicamente, com toda a çosamente Gênios mansos da tarde, escu- quando vida os criara para galgando as vergas, amarrando excelentes guarda-livros, gas de ondas que morrem aos sua esbagachada insolência, o tai minha prece, para os rizes, amainando ou desfral- ótimos operadores, para per- pés de uma criança na praia egoismo cego e surdo ao sofri- Sínto-vos deslizar por estes — algumas folhas do Rio e de mento alheio. dando as velas". feitos marceneiros? Amaral sa- ares. Pondes bia errar não é uma São Paulo": mas foi também, Fundem-se em ignóbeis li- Fê-lo (relevai-me que o re- Um véu de seda que coisa azul no om- de todo imperdoável. E apren- e como Saint- cenciosidaües carnavalescas, to- pita) de vereda, abstrato, qua- bro nú principalmente, da colina, dera no livro livros -Odile Hipólito Taine, ou dos os anos, para infligir a ce displicente e — por defen- Entre moitas, dos que para as o rio em si- mesmo ao mais como Sion-Vaudemont nossos filhos uma lição colos- der-se do espinho e do pó da lêncio orgulhoso e en- para — o adormece. tonado dos é Maurício Barres, "a mansão sal de insensatez, de imorali- estrada embuçado todo . E sobe, lento e lento, gênios possível entre os endereçarmos a inflexível ob- deliciosa de soledade, de si- dade e de mau gosto, fortu- numa túnica ideal de so- cimos ca /rondes, servação de Jesus — lêncio e de espaço", "a colina nas que dariam para se fun- Da terra aquele nhos alvejante. fadiga da o sonho da estiver sem atire a inspirada", onde a sua inteli- dar e custear, em cada uma neblina... que pecado Vivendo den- gência se expandiu no estudo das nossas capitais, um esta- Se por essas planícies re- Permiti minha primeira pedra. que alma, ao tro desse clima espiritual de e na meditação e onde o seu belecimento grandioso e mo- queimadas éle passou... pas- represa peito da tolerância e mesmo de carida- estro se aprimorou no senti- delar de integral sou a passo lesto, na passagem se inundou puericultura Que abriu e as re- de, foi éle encontrou mento da Arte Beleza. com edifícios com célere e distante de pássaro convízinhas, que o e da próprios, giões caminho de sua crítica, nunca A expressiva herma, Ca- com campos, com ter- das alturas, que perpassa ru- Por tudo se derrame, que jardins, arrasta- ou fitua, humana Inaugura neste momen- más, com leiteria, com farmá- mo da cordilheira. envolvida pretensiosa pivarí da, sempre, conselheira, acolhedo- to e neste local, memó- cia, com laboratórios, com cre- "triste Por esta alma abismai para e só sem fazer ne- das coi- ra e serena. ria e consagração do seu pre- ches, com escolas, com bata- nhum mal a ninguém..." sas, ampla e bela, claro filho, ficara como teste- lhões de médicos, de enfer- E também se desmanche em Foi esse Ideal de amor pelos munho vivo e eloqüente a re- meiros, de mestres e de em- Em "Letras Floridas" por sombras e em murmúrio, homens que o levou a outras cordar, às gerações provindou- pregados". duas vezes citou Amadeu Ama- E palpite com a fronde e so- formas de atividade de pensa- ras, na perenidade do bronze E' noutro tema de profun- ral, da secular Comédia de luce com o rio mento e de criação literária; em que foi vasada, a inteli- da clarividência, acrescentava: Bristo, a desalentada senten- Deixai-me corre/ar comigo at- ao conto e à novela, onde é li- "As "poetas gência e a bondade, a energia vantagens do alfabeto ça: são tudo flores, guma coisa cito ao escritor demonstrar e o caráter, a atividade e o disseminado consistem princl- pelo fruto nio esperels". Deste infante felii de beleza que o homem tem em si re- esplendor desse Homem de es- palmente em pôr-se a popula- e verdade, servas desconhecidas de ener- mentira col que, no livro, na tribuna Ção nativa, se não em pé de Clama aos céus a De plenitude e pai, áe sonho gia, que o podem conduzir ao e na imprensa, traçou páginas igualdade com o que vem de inveterada desse concento. e ie infinito". maior aperfeiçoamento intimo. luminosas de literatura, de mo- fora, ao menes em condições Contra ela protestam, na mais E foi êle, também, aquele for- Terminado ral e de que não sejam, como até aqui, alta e vigorante das contradi- o discurso do Sr. moso ideal de amor, que o con- patriotismo. Dr. Altino E' em Ama- de absoluta inferioridade. Tra- tas, a conduta e a ação de Arantes, coroado duziu as suas queridas pesqul- que, verdade. com vibrante deu nio foi somente o ta-se de não permitir que a Amadeu Amaral: vida familiar salva de palmas, sas de folclore, terreno em que poeta assomou a tribuna encantador de " Urzes'', de nossa gente continue a ser de labor e de honestidade, de o represen- o seu espirito, a sua paciente "Nevoa", tante da Academia de "Espumas" e de submergida e esmagada pelas esposo dedicado e de homem Brasileira faculdade de análise, o seu "Limpada de Letras, Antiga", nio foi ondas de povos mais fortes, de letras que fez sistemática- pronunciando a se- senso de crítico sutil, capaz de oraçio: somente o escritor aplaudido mais enérgicos, mais afiados mente da poesia, do verbo e da guinte discernir entre nuanças, todos "Elogio armas Impolutas e In- de da Mediocridade", para a luta, cheios de Justas pena as ORAÇÃO aqueles raros e preciosos atri- "Memorial com batalhou e DO SR. MUCIO de de um passagel- ambições de bem estar e de frangiveis que LEÃO butos que lhe formavam o ser. ro "Paginas ideais lhes venceu as mais renhidas e mala a São Paulo e ao Bra-. de bonde", de F16- justificáveis que "Aquele prestou ridas", não foi somente o ora- são próprios, a desaguarem nas brilhante campanhas pela Ar- suave e encantador sil serviços inestimáveis. dor magnífico de "Cuidar das várias porções do território na- te, pelo Bem e pela Pátria. poeta, aquele prosador más- O terreno, porém, em que Crianças" e das conferências cional. A unidade e a coesío Por isso, foram esplendoro- culo e seguro, que foi Amadeu Amadeu Amaral revelou mais Página 156 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 -- Vol, X, n.° 13 AMADEU AMARAL Discursos na inauguração do seu monumento em Capivari

longamente o doe? amor que idealidade e de sonho, embora sido redator do "Correio Pau- de não teve apanas aquelas amargujy, o ligou ã humanidade foi mes- um sonho amargo, uma idea- lístano", redator do "São Pau- manifestações literárias que de o sentir findo nâo ê mais mo o da poesia. Êle perten- lidade dolorida... aquilo tudo lo", redator do "Correio de S. acabei de indicar. Ele não se que um sobIio? ceu ã última geração parna- e muito mais um dom do des- Caries", redator do "Comércio limitou a dar aos homens a E, absorto, petiso ouvir, pela siana, é um epígono de Alberto conhecido poeta de "Horósco- de São Paulo", fundador e re* sua generosidade de poeta, de janela. de Oliveira, ds Raimundo Cor- po" e de "Harmonias de uma dator da "Farpa". Paulo Du- crítico, de jornalista. Não sou- a voz de minha mãe que mt: rêa e cie Olavo Bilac. Aos noite de verão", dc que do ar.e, que com tão desvelado be ama-los principalmente procura, olhos cie um critico que dsse- poeta ardente e aniorcso de carinho reconstituiu cs lances como um ser humano. Seus para saber se estou bem pertb jasse analisar-lhe a obra, po- todas as sensações humanas e principais da cidade de Ama- biógrafos são unânimes em dela.., deria aparecer aparentado com carnais que escreveu a "Ten- deu Amaral, mostra-nos o t:s- mostrá-lo afeituoso e acolhe- "In Tal foi, meus senhores, com: esses três grandes poetas. Em tação de Xenocrates" e critor perdido nas colunas jor- der para todos os que procuru- como homem de letras, casos — como, poeta, cemum cem Alberto de Olivei- Extremis". nalísticas, multiplicando a sua vam, e citam-se como cidaõão. o nos-o doce o ra, o desse outro ma- possui certa imponência Outra manifestação do amor atividade em vários pseudóni por exemplo, grande Amadeu Amaral. A grave e certa frieza marmó- que Amadeu Amaral dedicou a mos e em várias siglas, sendo ravilhoso filho de Capivari, que Academia Brasüeira de Letras Abreu — de rea na construção do verso; teda a humanidade transpa- ora Maneco, ora Felício Tran- é Rodrigues de teve a felicidade de contá-lt, em comum com rece no seu E' Carlos Pinto, ora Yo- Escritores e de Ama- Raimundo jornalismo. coso, ora poetas que no seu quadro, a felicidade de Corrêa, possui a filosofia, em- p.mar a espécie humana o es- rick, cia A., cia AA., ora Y. ral amparou e estimulou, prote- vê-lo meditar e trabalhar, "ex- tar sempre com ela se em- bebida em triste desencanto, preocupa- Quanto a mim, confesso, gende-os, arranjando-lhes cedendo a medida cemum dos do, corrigi-la nos levando-os em descrença, em pessimismo, procurando íixo, em conjunto, a figura li- pregos e editores, acadêmicos", como dizia um em erros apresente, Amaral, é e até à dor, Com Olavo Bilac seus que precuran- teráría de Amadeu ã fama glória. dos maiores espíritos na- do consertar os males realmente que laços são mais misteriosos e que a para a sua manifestação jor- Tal é o perfil puro memento honravam afligem. Amaral muita vez tenho maior ca- de "Lâmpada quele a mais íntimos. O alto poeta, nalistica que e alto, do poeta nessa casa. que, como um Deus, abriu no dava a essa manifestação do rinho. Como jornalista, dentro Antiga". Capivari, a cidade, Para seu representante na céu de nossa poesia a esteira de seu amor forma graciosa e hu- de um jornal, é que tive a hon- que ele proclamou sempre sti oure da "Via-Lactea", foi, morística, como o vemos em ra de me aproximar dele. Foi á sua cidade, a terra do seu cerimônia de hoje, designou- creio, o primeiro mestre, o pri- tantos e tantos de seus artigos ísto na efêmera fase em que coração e do seu espírito,"tem me a instituiçãa. E incum- meiro modelo de Amaral. E de jornal. Laudelino Freire tomou a si a motives para testemunhar-lhe biu-me de traduzir aqui a.s "Gazeta mais tarde, quando, realizando Creio, de resto, que é essa direção de de TTotí- esse apreço, esse afeto, esse lembranças e as saudades que um voto que fôra um movi- — a do jornalista — a feição cias". Para lá conreguiu le- amer, de que sentimos impreg- ainda censerva do meigo poe- mento generalizado nos meios literária mais acentuada, emre var. cumo o seu braço direito nada a bela festa de hoje. Esse ta, do moãelar prosador,'cuja espirituais paulistas, a Acaue- quantas possuiu o de Amadeu Amaral, que era o se- esse afeto, esse amor, magestosa feição agora aqui "Névoa", poeta apreço, mia chamou Amaral ao seu o contista de "Pul- cretáiio da folho. Entre os é apenas um ato de retribui- vemos reproduzida no admira- seic, para preencher a vaga seira de Ferro", o crítico de operários que escolheu para cão. Amaral adorava estas vel bronze de Brecheret. Em de Bilae, levou, com esse ato "Elogio da Mediocridade", o comporem sua redação, para e não sei de cidade nomt. pois da Academia Bra- paisagens, sileira de Letras eu me congra- de justiça literária, o mais pu- pesquisador incansável de tan- irem trabalhar ao seu lado e a^ paulista que tenha merecido a ro e explicável orgulho ao co- tos segredos do folclore lado de João Ribeiro, mestre um seu um soneto tão tulo com os filhos de Capivari, "Nevoa". paulis- poeta ração do poeta de ta e brasileiro. Em sua ativi- dileto de todos nós, Laudelino comovido quanto este: que souberam prestar ao seu Se eu quisesse levar mais dade de homem de jornal, não Freire incluiu, o meu nome, poeta esta alta e significativa longe essa relação de paren- podemos deixar de vê-lo inte- dando-me a responsabilidade Eis-me na minha velha ter homenagem. Cem uma cerimô- tescos que acabo de esboçar, grado por toda a vida no "Es- da coluna de critica literária. reola, ràa como a de hoje, eles pro- iria mostrar-vos que as apro- tado de S. Paulo", êle que Foi então que me aproximei Tão clara, tão singela, tão pe- cismam ã geração presente e ximaçôes de Amaral são mui- para ali entrou desde 0s dias durante algumas semanas da- Qüena! às gerações futuras que os filhos to mais íntima com Raimundo épicos do movimento civilisca e quele hemem plácido, cismati- Revivo a meninice. E' a mes- da terra paulista, os filhos c!:i Corrêa do que com Olavo Bi- que ali ficou, fiel e constante, vo e generoso. Aifo e magro, ma cena: terra por excelência criadora lac. Aquele clima de melan- até falecer. Acrescente-se que louro, com o seu rosto vinca- ¦minha casa, o jardim, o teatro, aa fortuna, sabem que acima colia perene em que ele vive ao entrar em 1910 para o cor- do de rugas a sua mansidão a escala. das magníficas conquistas ma- respira, "valente e aquele amor à né- po de redação do ór- discreta, a sua delicadeza, a Tcão o passado se me desen- teriais estão as conquistas de- voa e à neblina, em que a sua gão em que Júlio Mesquita sua inalterável doçura, Amaral rola snteressadas do espirito. São musa se transfigura tanta vez defendia, personificada em Ruy fei desde logo um dos cempr.- em tomo, e tuâo, como foi, se Paulo é grande — proclama- em visão de paraíso, aquela Barbosa, a própria dignidade nheires mais queridos a todes ordena nos eles, com uma cerimônia de pureza intenção amorosa, da alma brasileira, Amaral já nós. Infelizmente, a direção Sorrio, infante tíe rmdariu como a de hoje — porque pos- mercê da qual em nenhum de vinha de outras brilhantes ati- de Laudelino Freire no velho gola, sul o seu extraordinário par- seus versos se insinua jamais vidades jornalísticas. Tinha órgão que Ferreira de Araújo de cabelo âoirado e alma se- que industrial, mas é maior a claridade de um seio de mu- sido, ainda na adolescência, co- revolucionou a imprensa bra- rena. ainda porque possui um Vicen- lher, aquele fugir "O sempre para laberador de Popular", a sileira, foi curtíssima. Mas, quem sabe se o tempo te de Carvalho e um Martins as regiões do pensamento de- folha que seu pai editava em Mas o amor Amadeu suponho Pontes, um Rodrigues de.Abreu cepcienado que que I de si mesmo, de São Carlos do Pinhal; tinha Amaral dedicava à humanida- morto, ainda é presente? se a e um Amadeu Amaral". Açúcar Diamante o MAIS PURO O MAIS ALVO O MAIS SECO

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Escritório: Rua do Brum, 85 — Caixa Postal 257 Recife Inscrição n.° 64 — Rio Formoso — Pernambuco Outubro de 1949 — Vol. X, n.° 13 AUTORES E LIVROS Página 157 DOIS PERFÍS DE ESCRITORES Sonetos de Walfredo Martins Apareceu, recentemente, um A Lua livro do escritor Dilermando Cox — A Fiscalização do Con- A máscara mortuárla iluminada, sumo e o seu lado pitoresco. A lua é o rosto de uma imagem pia, Pertencendo à classe dos fis- O rosto branco da melancolia, cais de consumo, fixou Dtler- No santuário da glória amortalhada. Cox, nas mando pitorescas pá- A chaga viva de uma punhalada glnas que escreveu, as mais Em cada estrela a flâmula irradia. destacadas figuras dos seus co- Arde nos céus a dolorosa via, legas, entre os quais se contam A procissão da luz crucificada. dois membros da Academia Brasileira de Letras, deputados A Lua é uma cabeça decepada: federais, escritores de renome ²A legenda de dòr do austero Asceta nacional. Fulge na salva de oiro ensangüentada. Damos a seguir dois dos mais E à alta ampliação erma das noites, quando interessantes flagrantes que se O anjo da morte o pensamento inquieta, encerram no livro de Dilerman- ²Passa a princesa Salomé dançando. do Cox — os retratos des es- critores Viana Moog e José Lins do Rego. O Mar VIANA MOOO A MUCIO LEÃO Clodomir Viana Mog é um ***f,.'-¦:¦. O,, ^afl^JHb^I Os espetros do mar, as vozes cavas, gaúcho alto, claro, de olhos Levantam-se no pélago remoto: azuis sonhadores. Quem o ve ²Cratera imensa a desfazer-se em lavas, de perto, belo, atolrado, o ar Lavas de prata de vulcão ignoto. de está perdido quem pensan- Com a imprecação de um malsinado voto, do em coisas distantes, não Boja, nas ondas lúbricas sabe o irresistível Don Juan escravas Que, ao negro peito do rochedo imoto, que ali esta, sob superior in- Os corpos rasgam, nuas e almi-flavas. diferença olímpica. £', tam- bém, o gaúcho mais pacifico O mar é o grande náufrago perdido! que já me foi dado conhecer E' o naufrágio de um deus incompreendido, .Nele tudo é calmaria, suavi- Despedaçando o sen eterno arcano. dade... E' um espírito de ve- Nos vãos abismos e longínquos ermos, ludo perdido no meio das ares- O mar é um mar de cérebros enfermos! tas da profissão que escolheu. Rola no mar o desespero humano! Escolheu? Eis af a dúvida. O lado material estava resolvido II com a sua nomeação para o .. ¦ - cargo de agente fiscal do im- Ouvindo o príncipe dos poetas brasileiros posto de consumo, como êle Dilermando Cox não me infelizmente, {Continuação da pág. 152) pude, próprio confessaria mais tar- alongar sobre o "Se grande poeta, de: — as graças não ha- do fiscal do Imposto de con- se passava; este, alarmado com dos nossos simbolistas, quem o de que me ufano de haver me- sumo o interior do Esta- "Canções viam acudido com mirra e in- para a possibilidade de ter de la- 4? Será o autor das recido a amizade, por desvios censo e cornucópias de ouro do de Alagoas, onde escreveu vrar um auto de infração, apa- da Decadência" ? Sou insuspei- de nossa conversação ou- e seu para ao lar em que nasci; se tudo publicou o primeiro e fa- vorou-se, e, em pânico, pro- to para pensar assim de Medel- tros assuntos. Não fosse isso ou moso romance, "Menino até então havia sido contra- de En- curou socorro Junto & experi- ros, Insuspeito e talvez ingra- dispusesse de mais tempo, e te- Transferido depois tempos e embaraços para o genho". éncia de Barros Carvalho, que to, porque êle, falando em mim, ria mostrado onde vai a Estado do Rio Ja- até desdobramento normal dos para o de tudo lhe explicou minuciosa- sempre tem sido multo lison- minha admiração vai meu neíro, tem servido vários e o meus pendores, agora eu esta- em mente, redigindo por fim, o Jeiro. culto, culto Municípios daquele Estado, e admiração que va ali com apenas vinte e um próprio auto de infração. Esti vendo, o Sr. Aioer- datam de sendo um dos seus pois, tantos anos, pelo au- anos e já estava com o pro- que gran- Restituido à calma, o nosso to, qus o caso Cruz e Sousa- tor de des livros, "Água Mãe", tem alguns dos mais belos blema da subsistência, que colega regressou no dia seguin- Silvio Romero só real sonetos como cenário a lagoa de Ara- te ganhou que sei de cor, do Co- perturba as naturezas mais pelo primeiro trem à cir- importância sua causa. Por- ropíSo, ruama. cunscrição, levando na por e tantos outros formo- harmoniosas, influindo-lhes no pasta, que o Sr. Alberto Principe e sos Esse colega ilustre, figura o auto e as instruções minis- è poemas. julgamento, inteiramente re- um dos chefes do Parla destacada na sua classe pela tradas na véspera colega parnasianas- também ver e melhor soivido. pelo mo no Brasil. E feio, nessas ao pujança do seu formoso ta- meu Ilustre interlocutor e Estava ali, e já era Príncipe prestimoso. condições, vir atacar um morto lento literário é, como funcio- Chegou à localidade, saltou amigo que só ao digno filho de da República! como Poeta nário fiscal, do tipo do seu na Estação, meteu-se num ta- o Negro. Luís Delfino, não se querendo Mas, teria êle escolhido, real- É feio, mas compreende-se demover mente, esse colega Moog. Muito se tem xi, e rumou para o estabele- do propósito de, sem meio de vida? certos atos estão acima da nenhuma Embora esforçado para progredir entre cimento comercial, levando que seleção, estampar tu- esse Príncipe seja nossa vontade. Sobretudo, da -siáo um burocrata o cipcal cerrado dos artigos e n'alma mais audácia que os do o que achou escrito dst honesto e cum- vontade dos no dos seus deveres fun- parágrafos dus regulamentos; caçadores de tigres nos jun- . poetas, a quem paterna, se deve a impressão pridor íntimo só a importa, e desagradável cionais, é o espírito de escol, mas, não há jeito. Todo o seu cais da índia misteriosa. glória produzida em al- só importam o escritor brilhante, o mem- esforço redunda em nada. O comerciante, entretanto, portanto os adver- guns espirite por várias das pá- sérios bro mais moço da Academia Prefere escrever dez romances, era devoto de Ogún, santo for- que, apesar, acaso, de tô- Pinas de Aísras e Musgos, por- das Brasileira de Letras, avesso às matar todas as Eurídices que te e bom protetor... as suas vitórias exteriores, que esta é a verdade, meu caro os morttfiquem surdamente sem Dr. Tomás Delfino, questões fiscais que lhe pro- apareesm na sua mente cria- Quando o nosso Zé, procurou doa-lhe em- vocam mais arrepios n'alma dora a lavrar um auto de in- a pasta sob o braço, verificou cessar. ljora dizer-lh'0, o senhor é cul- que, aos ouvidos causam, um fração ou uma simples noti- com espanto, qus a esquecera, Assim, não foi por maldade pado de não termos, desde logo, discurso do senhor Pascoal ficação. não no taxi, mas no próprio que eu lhe vim à máo: foi por- r.a publicação dos versos do Raniéri Mazzili. Há uns cinco anos mais ou trem! Regressou, às oressas, que seria imbecil quem, amigo grande poeta, um livro em tu- ÊSse autor de vários livros menos, servia esse nosso co- â estação, onde o Chefe solí- de Cruz e Sousa como eu fui e do admirável e em tudo digno de valor, nâo suporta, não com- lega em Cabo Frio. cito, transmitiu vários tele- andando envolvido na tal pilhe- dele. Êle escrevia com hábito preende, não assimila os re- O coletor, depois de acurado gramas aos colegas das" outras ria, deixasse de levemente arre- Ininterrupto, escrevia séíníJre e gulamentos fiscais. Constitui estudo, chegou à conclusão estações. Tudo em vão! Para fiar-lhe a cabeleira, ainda que ao senhor mesmo ouvi que nao "odia- para êss-j espírito de artista, inabalável de que certa firma felicidade do comerciante a ora finalmente branca e vene- emendava os seus cantos: afeito à literatura, um tor- comercial estava sonegando à pasta fatídica não foi encon- xá vel, a propósito deste seu ges- va o pó que deixa a lima" como mento a interpretação das leis, larga. Chamou o flscal-roman- trada. +o, tão antipático, se não fosse dos seus dizia Alvares de Aze- cista, ao do Ogún artigos e parágrafos que dizem pondo-o par que quando protege... tâo infantil. — Nestor Vitor". vedo. Natural é, pois, tivesse às respeito à sua profissão. vezes horas menos felizes de Uma tarde entrava eu, ás III inspiração; de onde haver em duas horas, no grande salão DUARTE REPUTAÇÃO DE TOMAS seu acervo poético composições da S. F. quando se me depa- CÂNDIDO DELFINO inferiores, frouxas, descuidadas, rou o nosso Moog, em atitude Faleceu, ha dias, no Recife, o sores — destacava-se, pela dis- e até de mau gosto de idéia e extática, Também Tomás Delfino. em numa das grande-- ja- Duarte, figura que ciplina dos métodos e o rendi- expressão, ao lado de muitas, nelas dr. Cândido p.rtigo estampado da seção. Aproximei-me, e tanto apreço mento do ensino, o Instituto n'"0 País", em grande número, ótimas, ex- tanto respeito mostrou-ss rpssentido, perguntando-lhe: mereceu sempre dos pernam- Ginasial Pernambucano. AU di- a propõ- celentes. maravilhosas. Tíveíse ²Então, alguma loira nn sito das com Al- bucanos. plomaram-se brilhantes rapa- palavras que Delfino, êle mesmo, em vida, de berto de OHvefra se referia ao pensamento? Cândido Gomes Duarte nas- zes, que hoje ocupam excelentes dar-nos um volume de suas pro- ²Muito respondeu ilustre de Algas pior!.. cera no Rio Grande do Norte, posições no Brasil, como o de- poeta e Mus- duções e. certo, não o fizera sem contristado, colocando a mão rjos. Alberto respondeu-lhe, mas fêz toda a sua vida no Re- sembargador , pelo escrupulosa seleção. A publica- direita sobre o meu ombro: — "O País" de 29 cife. Pormcu-se ali em Direito, o governador Barbosa Lima So- de março de ção, infelizmente, veio póstuma E' mais fácil meter-se cálculo da 1927, com a seguinte carta:

Página 158 AUTORES E LIVROS Outubro de 1949 — Vol. X, n.° 13 Verbetes para o Dicionário Bio bibliogránco Brasileiro ABREU, BEITO E JOÃO INA- tou sua cooperação, já como d,s Emílio Goeldi — Rio — — Correspondência de Es- — Utilidade do emprego CIO DE — yí dator, jã como simples co- critores. Carta de Joaquim ão larhtgoscópio nas moléstias Acham-ss, sob seu nome, se- laborador e numerosas folhas, 15— As aves no Brasil, de Serra a Machado de Assis. da garganta. — Rio — 1864. gundo Velho Sobrinho, os se- coma o Gíobo, a Gazeta de Emílio Qoeldi — Rio — 1894. ²O Descobrimento do Bra- — Memórias sobre as cau- guintes trabalhos: Notícias, a Semana, a Revista 16— Os Bacaoys. — Rio — sil, de Capistrano de Abreu. sas gerais e especiais ão escor- — Das utilidades que se Brasileira, o Jornal do Comer- 189C-. ²História Pátria, de Capls- buto — Rio — 1867. podem tirar do Estado do Grão cio, o Kosmos. 17— Sobre uma história do trano de Abreu. — Estudo higiênico sobre Pará, sob a escravatura, 1777 — Na Biblioteca Nacional ficou Ceará. —¦ 1899. ²Raul Pompeéia, de Capls- a educação física, moral e in- Cópia fcl de 5 fols no Institu- apenas cinco anos. Deixou 18— História topográfica e trano de Abreu. lectual do soldado — Rio — ío Histórico Brasileiro. aquele cargo em 1883, quando, lêlica da Nova Colônia do Sa- ²Adélia Fonseca, de A. A. 1867. — Mapa geométrico (sic) depois de brilhantíssimo con- cramento do Rio da Prata. — ²Capistrano de Abreu, de — Considerações higiênicas do curso dos três rios Guaiara, curso, f:v. nomeado professor de Rio — 1900. Humberto de Campos. e filosóficas sobre o recruta- Joona e Caité, com todos os Cofografia e História do Bra- 19— Sobre a Colônia ão Sa- ²Capistrano de Abreu, de mento do Exército — Rio — Sítios estabelecidos (sic) na.ri- sil do Colégio Pedro II, cargo cramento. — Rio —1900. João Pandiá Calogeras. 1868. beira desses rios. Partem do cm que, em 1903, íoi posto em 20— O descobrimento do ²Um autógrafo de Capis- — A fisicatura-mor e o ci- Caminho dirigido da Vila de disponibilidade. Brasil. Memória publicada no trano de Abreu. rurgião mor dos Exércitos do Ourem, para Maranhã, e Ca- Pouco antes — em 1881 — Livro do Centenário — Rio — ²A meu Pai (soneto) — de Reino de Portugal c Estados do mínho inteiro da dita Vila até havia casado com D. Maria 1900. Honorina de Abreu. Brasil (1886) — Rev. do Inst. à Vila de Bragança. Com as José de Castro Forneça, filha 21— Diálogo das Grandezas Deixou várias outras memò- BLAKE, SACRAMENTO — plantas iconográficos de ambas do almirante Inácio Joaquim do Brasil. — 1900. Histórico. LXIII. Dicionário — 3.° vol., pag. as Vilas. Feitas na diligência Fonseca de D. Adélia J. de 22— Os descobri- rias, além de necrológios, primeiros 381. pa- do snr... em Meze (sic) de Castro Fonseca. Sua sogra era mentos de Minas. — 1901. receres, etc. augto no Ano MDCCLVIII uma figura feminina de raro 23— Tricentenárío do Cea- ²CAMPOS, UMBERTO DE Abreu, Fernando de Cm,920 O,m4S0, orginal a valor e raro encanto, a poetisa rá. Rio e Fortaleza — 1904. Palavras na Academia — Re- Nasceu na cidade de Abre "Safo aquarela nome do au- dos Ecos de Alma, a 24- - História Pátria — Ar- vista da Academia Brasileira Campo, Minas Gerais, a 5 de tor. cristã", c:mo lhe chamou Gon- tipos no Kosmos. — Rio, 1905. de Letra n.° 71. dezembro de 1884, e era filho ABREU, CÂNDIDA, ISOLINA Dias. Foi famosa, no 25— Capítulos de Francisco Pereira çalves da História ²CARMO, J. A. PINTO de Assis DE — seu tempo, seu talento de Colonial. — Rio — 1907 — 2." Júnior e Jovita pelo DO — D. de Abreu Nasceu em Porto Alegre (ou repentista. edição em 1903. e Silva. Diplomou-se íar- Bibliografia de Capistrano de em em Pelotas?) em 1862. Cola- Caspitrano teve os segiuutes 26— Ra-txauni-kui Grama- macia pela Faculdade do Rio Abreu — 130 páginas de texto, borou no Partenon Literário e filhos: D. Honorina de Abreu, tica. texto e vocabulário Caxi- de Janeiro, em 1904. Jorna- 10 de gravuras. Instituto Na- em outras revistas literárias que se fêz freira e é hoje a n

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Em nome de Mira-Celi, é tempo de levantar vossas frontes enegrecidas; levantai-vos soldados caídos para sempre na luta desde Abel regressai soldados covardes ou fugitivos [até hoje. ou de peitos arrombados pelas metralhas Não deveis vos quedar sob os humos das mesonotamlas, é ou enforcados ou martirizados ou tempo de despertardes! arremessados de aviões . de De acordar-vos de vosso sono milenar nos outeiros sagrados. c tempo [e paraquedas, de despertar do solo de vossas pátrias, Em nome de Mira-Celi acordai soldados caídos nas guerras: h£TCÍS t0™bad0 t tempo de abandonardes este imensos campos cobertos de en> milhares de guerras que aJtSJI memória do homem já esqueceu [cruzes ou das a história ou as guerras que não registou valas anônimas em que misturais vossos ossos; é tempo ou que nunca foram encontrados no mar de afastar os eternos gelos em que haveis mergulhado lu- ou desapareceram na voragem dos bombardeios, [tando, soldados ¦ desmemoriados, loucos é tempo de estraçalhar brancas mortalhas ou concientes que aben- de neve [coaram eu amaldiçoaram a em que aliviais as queimaduras da pólvora; guerra, «os vossos cavalos cegos ou soldados que vos suicidastes, é tempo de desertar. mutilados vêem alta noite relin- Em nome de Mira-Celi, [char dentro das ventanias: vinde soldados tombados em todas acalmai vossos corcéis. [as guerras! vinde com eles que é tempo de despertar.' £ tempo de desertar; Em nome de Mira-Celi, regressai soldados desaparecidos nos e com a fôrça dos milhões e milhões que representais arrazar na superfície da terra ou no ar, [êxodos ou no fogo ou na oa refugiados na morte, aviltados pelas deserções, fuzilados água aquilo que é precise arrasar. como traidores ou espiões: (Dos Poemas de Mira-Celi, IV)