Plano Museológico

Museu Afro Brasil

2016

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 1

ÍNDICE GERAL

Apresentação...... 3 1 Definição da Instituição ...... 5

2 Programas ...... 19

2.1 Programa de Gestão de Pessoal ...... 20

2.2 Programa de Acervo...... 27

2.3 Programa de Salvaguarda ...... 44

2.4 Programa de Documentação e Arquivo ...... 61

2.5 Programa de Biblioteca ...... 75

2.6 Programa de Pesquisa ...... 80

2.7 Programa de Exposições ...... 94

2.8 Programa de Museografia, Programação Visual e Montagem...... 98

2.9 Programa de Educação ...... 107

2.10 Programa Editorial...... 137

2.11 Programa de Difusão e Projetos ...... 140

2.12 Programa de Desenvolvimento Institucional e de Comunicação ...... 144

2.13 Programa de Segurança ...... 162

Anexos...... 222

Ficha Técnica ...... 252

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Apresentação

Plano museológico - Museu Afro Brasil 2016

O Plano Museológico é um documento que apresenta as diretrizes, os conceitos e a concepção que orientam a organização do Museu, assegurando sua identidade institucional.

A primeira versão do Plano Museológico elaborada em 2011 integrou o resultado de reflexões e trabalhos realizados desde a criação do Museu Afro Brasil, em 2004. A partir de 2009, quando a Associação Museu Afro Brasil tornou-se uma Organização Social, da Secretaria de Cultura do Estado de , um conjunto de conceitos, conteúdos, princípios e procedimentos foram sistematizados pelas equipes técnicas do Museu, sob a orientação de seu Diretor Curador. Para sua elaboração foi realizada consulta aos documentos de registro da implantação do Museu, produzidos entre 2004 e 2005. Durante o ano de 2010 e 2011, as coordenações dos núcleos que integram a Diretoria Curatorial debateram e reescreveram seus programas de trabalho, do mesmo modo que os núcleos da Diretoria Administrativo-Financeira produziram seus programas e manuais específicos.

Nesta segunda versão, o Plano museológico foi revisto e ampliado, segundo um processo de trabalho que envolveu três instâncias de modo articulado. A primeira, a consulta ao Conselho de Administração da Associação Museu Afro Brasil que ratificou a Visão, a Missão, os Valores e Princípios e os Objetivos da Instituição.

A segunda, a realização do diagnóstico institucional, que se encontra inserido no Plano museológico, adotou a metodologia participativa como procedimento, atualizando assim o planejamento estratégico, cujo resultado reflete uma análise da instituição, por parte de seus profissionais, bem como propostas para sua continuidade e consolidação.

Para a revisão do planejamento estratégico houve uma primeira reunião com o conjunto dos profissionais do Museu, seguida de encontros com grupos de trabalho. Todos foram ouvidos e suas percepções e sugestões registradas, sistematizadas e consideradas nas estratégias de alinhamento institucional.

A edição ampliada dos Programas se constitui na terceira instância de trabalho deste Plano Museológico. Um processo de revisão apurada, com base em referenciais teóricos específicos a cada área técnica do Museu, gerou a consolidação de programas anteriores, do mesmo modo que a proposição de novos programas. O Museu Afro Brasil tem confirmado, ao longo de sua história, uma responsabilidade social como instituição cultural que imprime uma dinâmica de atualização processual constante, que se encontra aqui registrada.

O Plano está organizado em duas partes assim intituladas: Definição da Instituição e Programas.

O Plano Museológico apresentado se encontra em conformidade com a Portaria Normativa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Ministério da Cultura- Iphan nº 1 de

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05/07/06, que dispõe sobre a elaboração de Planos Museológicos desde a promulgação da Lei n° 11.409 de 14 de janeiro de 2009 e das orientações da UPPM-SEC SP.

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1 DEFINIÇÃO DA INSTITUIÇÃO

Estatueta feminina Autoria: Povo Attie

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1.1 Histórico do Museu Afro Brasil

1.1.1 Da sua criação, em 2004, até 2015

O Museu Afro Brasil, criado a partir da coleção particular de Emanoel Araújo, nasceu por sua iniciativa. Ao longo de duas décadas, Emanoel Araujo realizou uma série de pesquisas, publicações e exposições relacionadas à herança histórica, cultural e artística do negro no Brasil. A partir da década de 1980, o artista plástico organizou importantes mostras sobre o tema, em diversas cidades do Brasil e em alguns países europeus, culminando com duas megaexposições: Negro de Corpo e Alma, apresentada durante a "Mostra do Redescobrimento", em 2000, e Brazil: Body and Soul, no Museu Guggenheim de Nova Iorque, em 2001. Durante esse tempo, Emanoel Araujo também reuniu uma valiosa coleção particular, com mais de 5 mil obras referentes ao universo histórico e cultural afro-brasileiro.

Em 2004, apresentou a proposta museológica à então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Encampada a ideia pelo poder público municipal, iniciou-se o projeto de implementação do Museu. A criação se deu pelo decreto 44.816 de 01/06/2004. Foram, então, utilizados recursos advindos de patrocínio da Petrobrás e do Ministério da Cultura (Lei Rouanet), que ficaram sob gestão financeira do Instituto Florestan Fernandes, por meio de termo de colaboração com a Secretaria Municipal de Cultura – SMC.

Para formar o acervo inicial, Emanoel Araujo cedeu 1100 peças de sua coleção particular em regime de comodato. Ficou decidido que o museu seria instalado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega. O edifício, pertencente à Prefeitura, encontrava-se cedido ao Governo do Estado desde 1992 e abrigou temporariamente uma extensão da Pinacoteca do Estado. Em 2004, o imóvel retornou à administração municipal e passou por adaptações para receber o Museu. Em 23 de outubro desse mesmo ano, o “Museu Afro Brasil” foi inaugurado, na presença do Presidente Luís Inácio Lula da Silva e de outras autoridades.

Em 18 de outubro de 2005, o Museu Afro Brasil se tornou uma instituição administrada pela Associação Museu Afro Brasil, qualificada como OSCIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público e teve o apoio, por meio de Termo de Parceria, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo e supervisão da Divisão de Iconografia e Museus – DIM / DPH.

1.1.2 A constituição da Associação Museu Afro Brasil como Organização Social da SEC – São Paulo

A Associação Museu Afro Brasil – AMAB qualificada como Organização Social de Cultura desde junho de 2009, realiza a gestão do Museu Afro Brasil - MAB, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura, a partir de metas e diretrizes estabelecidas no Contrato de Gestão 037/2009 publicado pelo Diário Oficial em 26/06/2009, tornando-se, assim, executora de política pública de cultura do Estado.

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Para que a Associação Museu Afro Brasil fosse constituída como entidade privada de caráter público, na forma de OS, houve a doação de cunho pessoal do curador Emanoel Araujo, de 2163 obras para o Estado de São Paulo.

Nesse processo de configuração da AMAB como Organização Social, houve também a doação de cerca de dois mil títulos de livros do acervo da Biblioteca Carolina Maria de Jesus para o Estado de São Paulo. Ainda sob vigência do primeiro Contrato de Gestão, a Associação Museu Afro Brasil realizou uma doação de 466 obras, que incluía duas coleções internacionais: Arte Ancestral e Contemporânea do Benin e Artes do Povo Bijagó ao Estado de São Paulo.

Em 21 de junho de 2013, houve o encerramento do primeiro Contrato de Gestão instituído entre a AMAB e a UPPM-SEC SP, destinado ao gerenciamento do Museu Afro Brasil.

A AMAB participou, então, de um novo processo licitatório a fim de estabelecer o contrato para o gerenciamento do Museu Afro Brasil no período compreendido entre 22 de junho de 2013 e 31 de dezembro de 2017. Assim, um segundo Contrato de Gestão 004/2013, publicado pelo Diário Oficial em 28/06/2013 foi firmado entre a Associação Museu Afro Brasil e a Secretaria de Estado da Cultura, SP.

Em 2014, por ocasião da comemoração dos 10 anos do Museu Afro Brasil, Emanoel Araujo doou mais 242 obras para o acervo do Museu.

1.2 Pavilhão Manoel da Nóbrega – breve histórico

O Pavilhão Manoel da Nóbrega integra um conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1997 e projetado por e sua equipe (Eduardo Kneese de Mello, Zenon Lotufo, Hélio Cavalcanti; colaboração de Gauss Estelita e Carlos Lemos). Inaugurado em dezembro de 1953 — integrando as atividades oficiais de comemoração do IV Centenário da Cidade de São Paulo.

Esse conjunto arquitetônico é o resultado do convite feito a Oscar Niemeyer por Francisco Matarazzo — o “Ciccillio”, então presidente da comissão para as comemorações do IV centenário — e compreende a Marquise, os Pavilhões da Agricultura (atual Detran), das Indústrias (atual prédio da Fundação Bienal), dos Estados (hoje prédio da Prodam), das Exposições (a OCA) e um auditório, previsto no projeto original, mas com a construção iniciada apenas em 2004, atualmente com alterações do próprio Niemeyer no projeto.

O conjunto arquitetônico pretendia concentrar no Parque Ibirapuera uma imensa gama de atividades de cultura, lazer e entretenimento, transformando o novo parque num centro irradiador de arte e cultura.

No mesmo ano de 1953 se confirma a vocação deste conjunto. O Parque Ibirapuera recebe a II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. No marco dos 400 anos da cidade, o Pavilhão das Indústrias e o das Nações abrigam obras de artistas do mundo inteiro. O primeiro pavilhão destinado às representações das Américas, do Brasil e à Mostra

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Internacional de Arquitetura; enquanto o Pavilhão das Nações fora destinado às representações da Europa e do Oriente. Entre estas obras estava Guernica, ao lado de outras 74, em uma sala especial para o catalão Pablo Picasso. A mostra contou com 3.374 obras de 33 países.

A Edição seguinte da Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo ainda ocupou os dois Pavilhões do conjunto, e embora a terceira edição da Bienal consolidasse os propósitos do evento, não conseguiu repetir o impacto da anterior.

Mas é logo em seguida que a vocação deste Pavilhão de 11 mil m² é interrompida. Entre os anos de 1961 e 1991 a sede do Gabinete da Prefeitura transfere-se para o prédio. No entanto, estes trinta anos de intermezzo não foram suficientes para apagar a vocação original.

Após 1992 o Pavilhão, cedido ao governo do Estado de São Paulo, é cogitado para abrigar a Pinacoteca do Estado, o que acaba não acontecendo. Mas nos anos de 1990 e início de 2000 recebeu o projeto Pinacoteca no Parque, que ocupou o Pavilhão com uma série de exposições relevantes, como as de Joaquim Tenreiro e Rubem Valentim.

Em 2004 o Pavilhão Manoel da Nóbrega retornou à administração municipal. No dia 23 de outubro deste mesmo ano o Museu Afro Brasil é inaugurado. Naquele que foi primeiro nomeado Pavilhão das Nações, 11 mil m² agora estão destinados a contar uma história que foi escamoteada pelas narrativas oficiais, ao revelar as faces negras de nosso país e, assim como fez a primeira exposição temporária deste museu, “Brasileiro, Brasileiros”, assumir a face negro-mestiça do Brasil. Romper o silêncio imposto sobre as matrizes culturais de origens africanas e que agora formaram, por efeito de muitas lutas e resistências, os conteúdos culturais brasileiros, ao lado e não menos mesclados a elementos indígenas e europeus. Valendo-se de seu acervo de artes plásticas e visuais, de sua biblioteca Carolina Maria de Jesus e de seu anfiteatro Ruth de Souza, o antigo Pavilhão das Nações retoma sua vocação original valendo-se de todas essas forças.

Se em 1953 o Pavilhão das Nações abrigava Guernica, que não nos deixava esquecer os horrores da guerra, desde 2004 o Pavilhão Manoel da Nóbrega, abriga um acervo de artistas negros, de “negras memórias para nunca esquecer”,

1.3 Missão. Visão. Valores e princípios. Objetivos.

Associação Museu Afro Brasil

1.3.1 Missão

Promover o reconhecimento, valorização e preservação da arte, da história e da memória cultural brasileira, tendo como referência a presença indígena, afro brasileira e africana.

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1.3.2 Visão

Ser organização de referência na concepção, implantação e gestão de projetos, instituições culturais e educativas voltadas à cultura brasileira, africana e afro-atlântica.

Museu Afro Brasil

1.3.3 Missão

Promover o reconhecimento, valorização e preservação do patrimônio cultural brasileiro, africano e afro brasileiro e sua presença na cultura nacional.

1.3.4 Visão

Ser instituição de referência em ações museais, unindo História, Memória, Arte e Contemporaneidade voltadas, prioritariamente, à cultura brasileira, africana e afro brasileira.

1.3.5 Valores e Princípios

 ÉTICA em todas as dimensões e ações institucionais.  TRANSPARÊNCIA na gestão dos recursos e do patrimônio sob sua responsabilidade.  COMPROMISSO com a dimensão social do Museu  RESPEITO nas relações interpessoais, profissionais e institucionais.

1.3.6 Objetivos

Objetivo Geral

Promover o reconhecimento, valorização, preservação e difusão da arte, da história e da memória cultural brasileira, tendo como referência a presença luso afro brasileira, indígena e africana.

Objetivos Específicos

 Reconhecer a matriz afro-atlântica na identidade da cultura nacional.  Respeitar a integridade do acervo, como meio de valorizar o patrimônio histórico, artístico e cultural brasileiro.  Buscar a qualidade nos projetos e programas institucionais.  Promover ações que fortaleçam a autoestima positiva da população negra.  Desenvolver ações educativas no âmbito da cultura afro-brasileira.  Proporcionar amplo acesso ao Museu, às exposições e todas as atividades por ele desenvolvidas.

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 Pesquisar os conteúdos do acervo e das exposições temporárias, dando-lhe ampla divulgação.  Proporcionar às diversas instituições culturais do Estado de São Paulo, por meio de exposições e ações de educação, o contato com a memória, a história e a arte nacional e internacional, tendo como referência a influência afro brasileira na cultura do Estado e do país

1.4 Conceito do Museu

Museu Afro Brasil. Um Conceito em Perspectiva1

A criação do Museu Afro Brasil se concretizou como resultado de mais de duas décadas de pesquisas e exposições exibindo como negro quem negro foi e quem negro é no Brasil, de séculos passados aos dias atuais. Esta foi, assim, mais uma etapa em um processo em curso.

Criar um Museu que possa registrar, preservar e argumentar a partir do olhar e da experiência do negro a formação da identidade brasileira foi o desafio de uma equipe de consultores, especialistas em museologia, história, antropologia, artes e educação, diante de uma coleção inicial de 1100 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, de artistas brasileiros e estrangeiros, além de fotografias, livros, vídeos e documentos, para delinear um fio condutor desse ambicioso projeto, já com algumas premissas definidas, mas ainda com muito a se trabalhar para torná-lo uma realidade consolidada.

No ponto de partida há a certeza de que não se poderia contar essa história por uma visão oficial já escamoteadora, que insiste em minimizar a herança africana como matriz formadora de uma identidade nacional, ignorando uma saga de mais de cinco séculos de história e de dez milhões de africanos triturados na construção deste país. Da perspectiva do negro, este não é um processo exclusivo ao Brasil, pois sua presença, aqui como nas Américas, é indissociável da experiência de desenraizamento de milhões de seres humanos graças à escravidão. Assim, assumindo essa perspectiva, o Museu Afro Brasil, sendo um museu brasileiro, não pode deixar de ser também um museu da diáspora africana no Novo Mundo.

É a escravidão que, na diáspora, força o contato e o intercâmbio entre membros de diferentes nações africanas e produz as mais diversas formas de assimilação entre suas culturas e as de seus senhores, bem como de resistência à dominação que estas lhes impõem. Como um museu da diáspora, o Museu Afro Brasil, portanto, registra não só o que de africano ainda existe entre nós, mas o que foi aqui apreendido, caldeado e transformado pelas mãos e pela alma do negro, salvaguardando ainda o legado de nossos artistas – e foram muitos, anônimos e reconhecidos, os que nesse processo de miscigenação étnica e mestiçagem cultural contribuíram para a originalidade de nossa brasilidade.

1 Emanoel Araujo, 2004

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Entretanto, não se pode esquecer que a cultura mestiça que se forma na diáspora envolve relações entre desiguais, em se tratando de senhores e escravos. Da perspectiva do negro, esta é uma história de muito e doloroso trabalho, de incertezas, incompreensões e inconsciência, que ainda hoje persiste na mentalidade de parte da elite brasileira. Não é só uma história de preconceitos e racismo e descriminação, mas, sobretudo, uma história de exclusão social das mais danosas e permissivas, nesse abismo das desigualdades criadas e cristalizadas no Brasil como herança da escravidão.

O Museu Afro Brasil tem, pois, como missão precípua a desconstrução de estereótipos, de imagens deturpadas e de expressões ambíguas sobre personagens e fatos históricos relativos ao negro, que fazem pairar sobre eles obscuras lendas que um imaginário perverso ainda hoje inspira, e que agem silenciosamente sobre nossas cabeças, como uma guilhotina, prestes a entrar em ação a cada vez que se vislumbra alguma conquista que represente mudança ou o reconhecimento da verdadeira contribuição do negro à cultura brasileira.

Este museu pretende unir História, Memória, Cultura e Contemporaneidade, entrelaçando essas vertentes num só discurso, para narrar uma heroica saga africana, desde antes da trágica epopeia da escravidão até os nossos dias, incluindo todas as contribuições possíveis, os legados, participações, revoltas, gritos e sussurros que tiveram lugar no Brasil e no circuito da diáspora negra. Um Museu que reflita uma herança na qual, como num espelho, o negro possa se reconhecer, reforçando a autoestima de uma população excluída e com a identidade estilhaçada, e que busca na reconstrução da autoimagem a força para vencer os obstáculos à sua inclusão numa sociedade cujos fundamentos seus ancestrais nos legaram.

O Museu Afro Brasil é, portanto, um museu histórico que fala das origens, mas atento a identificar na ancestralidade a dinâmica de uma cultura que se renova mesmo na exclusão. Um centro de referência da memória negra, que reverencia a tradição que os mais velhos souberam guardar, mas faz reconhecer os heróis anônimos de grandes e pequenos combates, e os negros ilustres na esfera das ciências, letras e artes, no campo erudito ou popular. Um museu que expõe com rigor e poesia ritos e costumes que traduzem outras visões de mundo e da história, festas que evidenciam o encontro e a fusão de culturas luso-afro-ameríndias para formar a cultura mestiça do Novo Mundo, mas que também registra as inovações da cultura negra contemporânea na diáspora. Um museu de arte, passada e presente, que reconhece o valor da recriação popular da tradição, mas reafirma o talento negro erudito, nas artes plásticas e nas artes cênicas, na música como na dança.

Sobretudo, o Museu Afro Brasil é um museu contemporâneo, em que o negro de hoje pode se reconhecer. Um museu que integra os anseios do negro jovem e pobre ao seu programa museológico, contribuindo para sua formação educacional e artística, mas também para a formação intelectual e moral de negros e brancos, cidadãos brasileiros, em benefício das gerações que virão. Um museu capaz de colaborar na construção de um país mais justo e democrático, igualitário do ponto de vista social, aberto à pluralidade e ao reconhecimento da diversidade no plano cultural, mas também capaz de reatar os laços com a diáspora negra,

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 11 promovendo trocas entre a tradição, a herança local e a inovação global.

Um Museu que está na maior cidade brasileira e numa das maiores do mundo, a qual, por ser ela própria multicultural e multirracial, é o palco ideal para concretizar essa utopia, assumindo uma tarefa pioneira na criação de uma instituição que pode servir como instrumento para se repensar novos conceitos de inclusão social, e espelho para refletir uma sociedade enfim disposta a incorporar o outro nas suas diferenças. Afinal, foi nesta cidade de São Paulo que a herança de sangue, suor e lágrimas de africanos que souberam conservar o patrimônio de sua cultura e sua memória ergueu os quilombos do Jabaquara e da Saracura e gerou personalidades como André Rebouças e Luis Gama, cidadãos negros, heróis brasileiros na luta contra a escravidão.

1.5 Instrumento Institucional de Gestão

O regimento interno e o estatuto - em anexo - balizam a organização institucional. De acordo com o art. 2º do estatuto social as suas atividades são:

a. Promover campanhas de esclarecimento da comunidade sobre a importância artístico- cultural do acervo e das atividades do Museu Afro Brasil, mobilizando a opinião pública para garantir sua conservação e proteção, bem como para participar de suas atividades; b. Realizar, patrocinar e promover exposições, cursos, conferências, seminários, debates, congressos e encontros de diversas naturezas que garantam o acesso da população à cultura, educação e cidadania ou que propiciem o intercâmbio entre profissionais da arte, estudantes, entidades e Poder Público; c. Promover o treinamento, capacitação profissional e especialização técnica de recursos humanos incentivando a formação artística e cultural; d. Prestar serviços de apoio técnico por meio de acordos operacionais ou outra forma de ajuste, com instituições públicas e privadas, tanto nacionais quanto internacionais, no campo da pesquisa e implantação de projetos culturais voltados para os objetivos da associação; e. Estabelecer ajustes com o Poder Público e iniciativa privada para aquisição de obras de arte e divulgação do patrimônio artístico cultural do Museu Afro Brasil; f. Manter ou auxiliar na manutenção do acervo cultural decorrente de seus objetivos; g. Explorar comercialmente espaço de alimentação, venda de objetos, livros e outros itens ligados à divulgação de suas atividades, como apoio e captação de recursos para as atividades do Museu; h. Promover estudos, pesquisas e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às suas finalidades, produzidos por si ou por terceiros, divulgando-os por quaisquer meios.

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Organograma

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1.6 Diagnóstico Institucional

Em seu conjunto, a análise realizada nesta etapa evidencia a qualidade das ações desenvolvidas no Museu Afro Brasil e as possibilidades de superação de desafios, ampliando assim, o escopo de atuação do Museu, da sua função social e da sua relação com o público.

O procedimento metodológico utilizado durante o processo de coleta de dados e análise levou em conta dois princípios gerais: o conhecimento compartilhado pelos profissionais sobre a natureza da instituição e a isenção da escuta, proporcionada por uma relação direta e objetiva, que teve como foco o exame da instituição, considerando sua missão, visão, objetivos e princípios.

Ao inventariar os pontos fortes e fracos, as oportunidades e as ameaças, ponderando sobre as características singulares do Museu Afro Brasil e o lugar, por ele ocupado, no cenário cultural do país, as contribuições apontam para sua consolidação no âmbito das políticas públicas de cultura, com as quais a instituição está profundamente comprometida.

1.6.1 Os pontos fortes

Os pontos fortes que emergiram desta primeira fase, reunidos a partir das contribuições de todos os profissionais da instituição, foram integralmente compilados e, posteriormente, elencados de acordo com a regularidade e frequência com que foram citados. Destacam-se os dez pontos que são apresentados abaixo:

 A natureza e a diversidade temática do acervo museológico do Museu Afro Brasil e a abrangência tipológica das obras e documentos que o compõem distinguem este acervo como único no país e esta singularidade aponta para diversas potencialidades que podem e devem ser exploradas.

 A narrativa curatorial de sua exposição de longa duração, inovadora em sua temática e em sua museografia.

 O prestígio, o investimento pessoal e a regularidade de seu fundador e Diretor, Emanoel Araujo, na gestão da instituição, promovendo a ampliação do acervo, a partir de doações de obras de sua coleção particular para o museu, angariando fundos para os projetos da instituição e atraindo artistas, colecionadores e parceiros no Brasil e no exterior, interessados em realizar exposições e outras atividades no museu, contribuindo para seu dinamismo.

 O conjunto de atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Educação, que comunica e discute os diversos conteúdos apresentados pela exposição de longa duração e pelas exposições temporárias em visitas orientadas e em diversos programas de atendimento e formação adaptados a diferentes perfis de público.

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o Além da qualidade e diversidade da programação, destaca-se, igualmente, a capacidade do Núcleo de Educação de criar estratégias de atendimento que permitam responder positivamente à alta demanda do público, sobretudo escolar, em um cenário de crise. Esta capacidade de adaptação a uma conjuntura recente de restrição orçamentária e redução das equipes de trabalho, além de constituir um ponto forte da instituição, aponta para um potencial ainda a ser explorado, pois revela a centralidade das ações educativas no conjunto de ações do museu e a importância social do trabalho desenvolvido, atestável pela demanda, ainda reprimida, por visitas orientadas.

 A qualificação dos profissionais da instituição em suas áreas de atuação e seu comprometimento com a missão, visão e objetivos do museu, que reverbera em uma busca contínua de aprimoramento e especialização profissional.

 O trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Comunicação e seu desempenho ótimo no cumprimento das ações propostas no Programa de Comunicação, com o desenvolvimento de estratégias ajustadas às diferentes mídias, com destaque para as mídias sociais e o aprimoramento do website do Museu Afro Brasil.

o Aqui há de se destacar que, por ocasião do diagnóstico institucional que precedeu o Plano Museológico do Museu Afro Brasil, apresentado em 2011, o seu website foi considerado um ponto fraco. A AMAB enfrentou este desafio e transformou, no espaço de tempo de menos de cinco anos, este ponto considerado fraco num dos pontos fortes da instituição.

 A localização do museu no Parque Ibirapuera, situado na região central da cidade de São Paulo é apontada como um dos pontos fortes do museu assim como o fato dele estar instalado no Pavilhão Manoel da Nóbrega, edifício que compõe o complexo arquitetônico projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que potencializa seu poder de atração junto ao público.

 A diversidade de temas e narrativas das exposições temporárias que dinamizam o museu e atraem e fidelizam o público.

 As grandes exposições realizadas no museu que, por sua qualidade e por ocuparem quase integralmente o espaço destinado às exposições temporárias, permitem estratégias de divulgação mais focadas, mobilizando a mídia e favorecendo sua veiculação nos principais meios de comunicação, atraindo o público já frequentador do museu e aquele que se vê atraído pela primeira vez a conhecer o espaço.

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1.6.2 Desafios a serem superados

Dentre os desafios diagnosticados, destacam-se aqueles relacionados à infraestrutura predial, ao necessário fortalecimento institucional - que implica na ampliação da ainda incipiente captação de recursos (considerando o potencial da instituição) e o estabelecimento de parcerias institucionais, além da consolidação das que já existem - e a resposta aos problemas de comunicação interna apontados pelos profissionais de diferentes equipes de trabalho.

Em relação à infraestrutura predial, a AMAB efetuou diversos planos de manutenção, conservação e segurança, ao longo dessa gestão. A necessidade da reforma predial orientou a proposição de um projeto, já apresentado aos órgãos competentes. Um projeto para a reforma do prédio foi entregue para a aprovação aos seguintes órgãos: COMPRESP - Processo nº 2013- 0.039.276-9 em 07 de fevereiro de 2013 e CONDEPHAT – Protocolo 6405/2013 em 18 de fevereiro de 2013

O fortalecimento institucional da entidade, que se reflete diretamente no desempenho do museu, compreende todas as instâncias da AMAB, que atualmente se encontra com equipe reduzida de profissionais, devido ao contingenciamento orçamentário sofrido. A captação de recursos, por exemplo, ainda dependente das relações e articulações de seu diretor Emanoel Araujo, se encontra atualmente neste impasse, devido à falta dos profissionais imprescindíveis ao desenvolvimento de ações que ampliariam as fontes e estratégias de captação de recursos. Ainda em relação ao fortalecimento institucional, cabe ressaltar a importância do estabelecimento de parcerias institucionais de diversas ordens e a consolidação daquelas já estabelecidas.

A continuidade e ampliação destas atividades, indispensáveis ao fortalecimento da instituição, estão, consequentemente, intrinsecamente ligadas à ampliação do seu quadro de profissionais.

Outro ponto identificado como desafio a ser superado pela instituição diz respeito aos problemas apontados pelos profissionais de diversos núcleos de trabalho em relação à comunicação interna, envolvendo dois níveis de atuação: o compartilhamento de informações referentes a processos e procedimentos de trabalho e a comunicação do cronograma de ações e programação cultural da instituição.

A identificação deste problema por profissionais de distintos perfis e atribuições, atuando em diferentes núcleos de trabalho do museu levou à revisão dos fluxos de trabalho e à proposição de novos fluxos entre as equipes, de maneira a garantir a agilidade na transmissão das informações necessárias à consecução dos objetivos da instituição. Os fluxos comunicacionais propostos estão em fase de análise e sistematização e serão implementados após serem referendados pelas coordenações responsáveis.

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Outros problemas apontados aludem à infraestrutura e logística do próprio parque. Se, por um lado, o museu ocupa um espaço de prestígio na cidade de São Paulo, no Parque Ibirapuera, identificado acima como um dos pontos fortes da instituição, o portão que lhe dá acesso (Portão 10) é apontado como um problema que precisa ser solucionado. A falta ou a volubilidade de critérios em relação ao acesso de visitantes motorizados dificulta a entrada de pessoas que participam de reuniões e eventos no museu, a entrega de produtos e a chegada de prestadores de serviços. A inexistência de linhas de metrô e de estacionamento para o público próximo ao museu e a distância em relação ao estacionamento do Parque Ibirapuera é apontada como um fator a ser considerado na avaliação e nas estratégias de formação de público.

Questões relativas à segurança do acervo foram assinaladas, uma vez que os recentes cortes orçamentários implicaram em encolhimento das equipes e, consequentemente, em redução do número de seguranças posicionados nos espaços expositivos. Atentos a esta nova conjuntura e visando reduzir os riscos ao acervo que este tipo de restrição acarreta, as equipes de infraestrutura, montagem e museografia buscaram realizar, conjuntamente, adequações na exposição de longa duração do acervo, de maneira a garantir a segurança das obras em exposição por meio de estratégias expográficas, como a instalação de vitrines onde antes não havia, por exemplo. Cabe ressaltar que tais estratégias, embora garantam sua segurança, podem, ao longo do tempo, engessar o remanejamento das referidas obras, dificultando novas formas de apresentação e conexões que mantêm o dinamismo da exposição de longa duração do Museu Afro Brasil.

Outro problema apontado é a obsolescência do parque tecnológico (computadores, impressoras, scanners, máquinas fotográficas, etc.) que impõe restrições ao desenvolvimento de algumas atividades e torna processos de trabalho menos ágeis. A reserva técnica da instituição também é apontada como um dos desafios a serem superados, por meio de uma readequação de seu espaço e de seu reaparelhamento através de aquisição de novo mobiliário.

1.6.3 Potencialidades

Dentre as potencialidades identificadas neste diagnóstico, que são projetadas no plano museológico, cabe ressaltar aquelas que ampliam os pontos fortes já mencionados e outras que apontam para áreas do museu que desenvolvem trabalho de alto nível, mas cuja extroversão é ainda incipiente.

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A primeira delas se refere às exposições itinerantes do acervo museológico. Apontado como um ponto forte da instituição, o acervo do Museu Afro Brasil tem um forte potencial de extroversão de suas obras e narrativas por meio da realização de exposições itinerantes. Ainda vinculado ao acervo, uma outra potencialidade da instituição é a ampliação de extroversão da pesquisa e de propostas educativas, por meio de publicações impressas e virtuais, da participação de profissionais em congressos e seminários nacionais e internacionais, além da formatação e implementação de programas museais, culturais e educativos, como cursos, palestras, residências artísticas, etc.

O acervo bibliográfico do museu é também um potencial a ser melhor explorado por meio de ações desenvolvidas pelos profissionais da Biblioteca, apoiadas pela Diretoria Curatorial e divulgadas pelo seu Núcleo de Comunicação.

A potencialidade de ampliação do atendimento ao público pelo Núcleo de Educação é destacada e considerada uma meta a ser continuamente alcançada e superada, tendo em vista a importância social do Museu Afro Brasil e a centralidade da ação educativa no cumprimento de sua missão. Isto implica, obrigatoriamente, na ampliação de sua equipe de educadores e no investimento constante na criação e aprimoramento de materiais de apoio e de estratégias de atendimento que permitam atender a demanda e ampliá-la continuamente.

O exame dos pontos fortes, desafios a superar e potencialidades do Museu Afro Brasil gerou uma série de proposições de fluxos de trabalho entre os diferentes núcleos que compõem as Diretorias Executivo-Curatorial e Administrativo-Financeira, e de linhas e estratégias de ação, que serão organizadas em programas e projetos institucionais já implementados ou a implementar. Tais fluxos e estratégias estão em fase de sistematização junto às equipes envolvidas, com o objetivo de criar, aprimorar e sedimentar processos e procedimentos apontados no diagnóstico e estabelecer as prioridades nos diferentes níveis de atuação institucional.

1.7 Informações Gerais

Localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Museu tem uma área total de 11.143,8m², sendo 4.550m² para exposição de longa duração, 3.242m² para exposições temporárias, 660m² para a biblioteca, 369m² para o teatro e 2.322m² para a área administrativo-operacional.

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2 PROGRAMAS

RETRATO DE MULHER AUTORIA: BENEDITO JOSÉ TOBIAS

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2.1 Programa de Gestão de Pessoal

Série Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte Autoria: Adenor Gondim

A Gestão de pessoal é coordenada pela Diretoria Administrativo-Financeira e está balizada nos termos do Manual de Recursos Humanos, elaborado a partir das especificidades da ação museal, salvaguardando as relações trabalhistas previstas por Lei.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 20

2.1.1 Apresentação

O Programa de Gestão de Pessoal oferece as orientações básicas para o desempenho das funções em todos os núcleos do Museu, considerando a importância dos recursos humanos para a consolidação e ampliação das ações do Museu Afro Brasil, visando a efetivação da missão, visão e valores da Instituição. Sendo assim, destaca, neste Programa, o investimento e valorização do quadro de pessoal, que integra o manual de recursos humanos que estará disponível no site do Museu.

2.1.2 Objetivos

O Modelo de Gestão de Pessoal adotado na Associação Museu Afro Brasil baseia-se em Programas que visam:

1. Promover a capacitação de seus colaboradores, por meio de treinamento e desenvolvimento formais, como participação em: cursos, palestras, workshop, simpósios e outros, bem como em viagens técnicas nacionais e internacionais;

2. Buscar o engajamento dos colaboradores por meio de ações planejadas para o entendimento do propósito da instituição;

3. Criar um ambiente positivo que valorize as relações interpessoais e motive os profissionais, como parte integrante da AMAB.

4. Realizar a integração de novos profissionais, mediante um processo que aproxime o profissional da perspectiva institucional, a partir de atividades programadas e coordenadas pelo Núcleo de Educação em conjunto com Núcleo de Recursos Humanos.

5. Promover a avaliação de desempenho dos profissionais, pautada em princípios éticos, técnicos e funcionais, de modo a assegurar o desenvolvimento individual voltado aos objetivos da instituição.

2.1.3 Quadro Funcional- 2016

Atualmente, o Museu Afro Brasil conta com o quadro funcional abaixo:

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O atual Quadro Funcional encontra-se reduzido, em função do contingenciamento orçamentário ocorrido em 2015. Para assegurar a qualidade das ações desenvolvidas houve, com autorização da UPPM-SEC, um ajuste nas metas propostas. No entanto, verifica-se a necessidade, tão logo seja possível, do aumento da força de trabalho hoje efetiva. Com isso, poderemos ampliar nossa oferta dos diversos serviços oferecidos ao público pelo Museu. Neste sentido, um conjunto de ações tem sido realizada pela Associação Museu Afro Brasil- AMAB.

2.1.4 Recrutamento e Seleção

A política de Recursos Humanos está pautada nos valores da instituição e desenvolvida através de ações que promovam em primeiro lugar os recursos humanos interno, proporcionando, sempre que possível, a promoção com a mudança de área e crescimento pessoal.

2.1.5 Plano de Benefícios

Os benefícios oferecidos são classificados como compulsórios – benefícios exigidos pela convenção coletiva entre sindicatos e os benefícios espontâneos – concedidos por liberalidade da instituição, já que não são exigidos por lei, nem por negociações coletivas.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 22

O Museu Afro Brasil avalia que seu plano atual de remuneração (salário e benefícios) promove a atração de novos talentos e a retenção de seus colaboradores de forma limitada. Estudos, porém, são sistematicamente realizados junto às outras instituições do mesmo segmento, para análise e ajustes, quando financeiramente viável, a fim de adequação às práticas de mercado.

BENEFICIOS OFERECIDOS PELO MUSEU AFRO BRASIL AOS SEUS COLABORADORES

C E Observação

Embora seja um benefício previsto em CCT, a instituição disponibiliza 226% acima do • Ticket Refeição valor estipulado

Contempla dependentes legais e a instituição paga 100% do Plano Base para os • Seguro Saúde colaboradores

• Vale Transporte De acordo com a legislação vigente

• Auxilio Creche Para filhos de zero a 5 anos de idade

Compl. Auxilio • Para afastados por doença ou acidente do 16º dia até o 90º dia de afastamento Previdenciário

• Auxilio Educação Ajuda de Custo para cursos técnicos, graduação e pós de acordo conforme faixa salarial

• Trabalho Home Office Para cargos de coordenação

Com flexibilização de horário de trabalho para cargos cujas atividades não estão • Banco de Horas voltadas ao atendimento e acompanhamento de visitantes

• Sala de Convivência Para almoço, café, descanso e leitura

Indenização por • Concessão aos dependentes do colaborador falecido Morte

Abono de • Para colaboradores acima de 45 anos quando dispensados Aposentadoria

Legenda:

C compulsórios

E espontâneos

2.1.6 Avaliação de Desempenho

A Avaliação de Desempenho é um instrumento gerencial que permite os gestores mensurar os resultados obtidos por seus colaboradores em determinado período e área específica (conhecimentos, metas, habilidades, atitudes). Sua aplicação periódica permite a instituição:

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 Melhorar os resultados das pessoas;  Conhecer o potencial de cada colaborador em relação a novos desafios;  Identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento;  Proporcionar oportunidades de crescimento profissional e de participação na instituição;  Identificar problemas e oportunidades de melhoria relacionados à gestão de pessoas;  Suportar decisões sobre remunerações, promoções, transferências e desligamentos;  Estimular e incentivar o crescimento profissional e desenvolvimento de novas competências;  Proporcionar maior adequação ao trabalho e maior produção de resultados e;  Melhorar a comunicação e as relações interpessoais.

O Museu Afro Brasil entende que é fundamental destacar o reconhecimento, qualquer que seja ela, na implantação do programa de avaliação de desempenho. Os avaliados devem ter certeza de obter o feedback dos resultados logo após a realização das avaliações. Nos casos de bom desempenho, devem receber as premiações em consonância com a política previamente traçada e do conhecimento dos envolvidos.

O Museu Afro Brasil desenvolveu uma ferramenta que permite a aplicação periódica da Avaliação de Desempenho, cuja metodologia adotada é a Escala Gráfica, que avalia o desempenho das pessoas através de fatores de avaliação previamente definidos e graduados.

Contudo, até o presente momento não foi possível viabilizar a política de variável compensatória, importante no contexto de um programa de avaliação de desempenho.

2.1.7 Formação e Capacitação Profissional

O projeto de Treinamento e Desenvolvimento no Museu Afro Brasil objetiva a superação de problemas de desempenho, a preparação para novas funções específicas no trabalho e a oportunidade de aprendizagem que possibilitem crescimento pessoal dos seus colaboradores. A instituição entende que a formação, capacitação e reciclagem do nosso profissional resultam, naturalmente, no crescimento e desenvolvimento do Museu Afro Brasil.

A preocupação do Museu na capacitação e desenvolvimento de seus colaboradores começa desde a admissão. Todos os recém-admitidos, inclusive terceirizados, independente da função que irão ocupar, participam de encontros e de uma visita orientada à exposição de longa duração, com profissional qualificado do Museu, a fim de adquirirem relevantes conhecimentos e informações sobre a instituição, sobre a cultura afro-brasileira e sobre a importância da herança africana como matriz formadora da identidade nacional.

O Museu Afro Brasil pretende com a metodologia de capacitação profissional, focada na missão organizacional e no plano estratégico, atrelar a avaliação de desempenho para identificar as necessidades pontuais de seus colaboradores a fim de desenvolvê-los com conhecimentos, habilidades e atitudes desejadas nos processos e atividades específicas de trabalho.

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O Museu Afro Brasil também favorece e viabiliza a participação dos seus colaboradores qualificados em eventos nacionais e internacionais com temas relacionados à diversidade e a cultura africana.

2.1.8 Cargos e Salários

A AMAB está em processo de reformulação do Plano de Cargos e Salários, buscando uma metodologia mais amigável e aderente aos processos internos e a cultura da instituição.

O objetivo na elaboração do Plano de Cargos e Salários é implantar um sistema de remuneração que mantenha adequada a relação vertical e horizontal entre salários, ajustando à realidade de mercado e estabelecendo regime de estímulo ao aumento da eficiência e qualidade de atendimento ao público visitante.

Com a construção do novo Plano de Cargos e Salários será considerado:

 Dotar o Museu Afro Brasil de um método racional e sistemático para medir o valor interno de cada cargo e estabelecer uma estrutura congruente de salários e que possa reportar a saúde financeira da instituição;  Estabelecer o equilíbrio interno entre os cargos de forma a proporcionar uma remuneração condizente com as atribuições, responsabilidade e complexidade de cada cargo;  Promover o equilíbrio interno dos cargos em relação aos salários praticado no mercado congênere;  Manter a equidade salarial, corrigindo desigualdades internas e remunerando melhor os cargos mais complexos e que envolvem maior responsabilidade.

2.1.9 Diversidade

O respeito à diversidade humana e cultural e a não discriminação são princípios essenciais para o Museu Afro Brasil.

A instituição se orgulha da pluralidade de seus colaboradores - formada por pessoas de diferentes culturas, opiniões, formação, educação, experiências, credos e atitudes - que contribui para a produção de um trabalho de excelência.

Todos os colaboradores são inspirados e provocados para assumirem no dia a dia comportamento e atitudes que:

 Promovam ambiente de trabalho sem qualquer forma de assédio e discriminação, onde todos se sintam valorizados, incluídos e motivados a contribuírem plenamente;  Apoiem a aquisição, desenvolvimento, retenção e promoção de talentos diversos.

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Na manutenção dos compromissos da instituição reconhece-se a importância da diversidade de se tratar todas as pessoas com dignidade, imparcialidade e respeito.

Como tal, o Museu Afro Brasil está empenhado em proporcionar um ambiente que valorize cada profissional na sua dimensão individual e, para isso, a comunicação aberta é uma condição essencial na manutenção dos valores de respeito mútuo.

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2.2 Programa de Acervo

Santo Elesbão Autoria: Anônimo

O Programa de Acervo apresenta as linhas conceituais que definem os acervos do Museu Afro Brasil, sua abrangência tipológica, seus temas centrais e as formas de sua ampliação.

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2.2.1 Apresentação

A coleção que originou o acervo do Museu Afro Brasil, permite por sua natureza a identificação de três linhas mestras, da história, da memória e da arte. Essas linhas contam com abordagens específicas que podem ser percebidas tanto nas obras que compõem o acervo, como na narrativa curatorial da exposição de longa duração, do mesmo modo que nos documentos e nos títulos da biblioteca do Museu.

A abordagem histórica que orientou a coleção nos permite perceber continuidades, transformações e simultaneidades registradas em documentos, obras, personagens, livros, depoimentos, em diferentes tempos e espaços. A perspectiva antropológica da igualdade como base da humanidade fica evidenciada quando a diversidade da criação cultural afro-brasileira é reunida e apresentada em um mesmo status de importância para a salvaguarda da memória do país.

A arte e a dimensão estética são a pedra fundamental do acervo museológico que protege e exibe de modo contundente a presença afro-brasileira na constituição da identidade nacional.

O acervo do Museu Afro Brasil, compreende os acervos museológico, arquivístico e bibliográfico que se remetem às três linhas mestras que orientaram a sua coleção primeira, atuando de modo interligado na preservação da arte, da memória e da história na instituição.

Os Núcleos de Salvaguarda, Documentação e Arquivo e Biblioteca respondem pela documentação e conservação dos acervos do Museu e suas especificações se encontram nos respectivos programas apresentados neste Plano Museológico. A diversidade temática e a abrangência tipológica que organizam os acervos são consideradas nas ações desenvolvidas, visando a sua salvaguarda e extroversão.

2.2.2 Organização Temática

Os acervos estão organizados tendo como base em temas centrais, cada um deles constituindo-se em núcleos temáticos: África, Áfricas; Trabalho e Escravidão; Religiosidade Afro-brasileira; Festas: O Sagrado e o Profano; História e Memória e Artes do Século XVIII à Arte Contemporânea. Os conceitos que fundamentam cada um dos temas centrais orientam tanto a exposição de longa duração do acervo como a aquisição de obras, documentos, livros e diferentes mídias. São seis núcleos norteadores:

África, Áfricas

Caracterizado por obras que mostram a diversidade das culturas africanas e da arte por elas produzidas, um m dos objetivos centrais desse núcleo é o de enfatizar a competência destes povos, por meio das obras de arte que eram produzidas muito antes da escravidão atlântica. Outro importante objetivo é o de proporcionar a observação de características formais de

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 28 abstração e síntese evidenciadas pelas obras de arte africanas sem, contudo, deixar de perceber a mão do artista, embora anônimo. Destaca-se a presença de diversas obras de um mesmo povo.

Trabalho e Escravidão Trata do papel dos africanos escravizados e seus descendentes na construção da sociedade brasileira, como trabalhador essencial em todos os períodos do desenvolvimento econômico do País. A ênfase do núcleo é a competência tecnológica trazida pelas populações africanas que foram empregadas e adaptadas segundo as necessidades produtivas. A condição desse processo foi a violência brutal que impôs o domínio sobre o corpo e a alma do escravizado, suscitando, em contrapartida, diferentes estratégias de resistência, da rebelião aberta à silenciosa e inúmeras conquistas negociadas.

Religiosidade Afro-brasileira No Brasil, a escravidão colocou em contato as religiões de diferentes povos africanos, que acabaram por assimilar e trocar entre si elementos semelhantes de suas culturas. As religiões afro-brasileiras surgiram a partir da fusão de ritos de origem distintas e receberam nomes diferentes segundo as regiões do País nas quais se enraizaram. A relação com o catolicismo popular e com expressões religiosas indígenas também influenciou a formação de algumas dessas religiões. O núcleo evidencia as permanências e transformações africanas nas religiões afro-brasileiras.

História e Memória

Procura resgatar como negro, quem negro foi e quem negro é na história e na memória do Brasil. Reúne momentos nos quais personalidades negras se destacaram ou tiveram participação fundamental em diversas e diferentes áreas, da Colônia aos dias atuais. Assim, referencia ao público em geral, principalmente crianças e adolescentes, importantes nomes da história brasileira que foram ou são negros.

Artes. A mão afro-brasileira

Este núcleo reúne obras da arte brasileira desde o Barroco e o Rococó, passando pelo século XIX, a Academia e os acadêmicos, bem como pelas artes de origem popular, ou arcaica e genuína, segundo Clarival Valladares, para chegar à arte moderna, arte moderna geométrica, arte moderna figurativa e à arte contemporânea, sob a perspectiva da mão afro-brasileira na origem de sua criação.

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2.2.3 Tipologias

Acervo Museológico

O acervo museológico é composto por cerca de seis mil obras, incluindo obras de arte (arte brasileira do século XVIII à arte contemporânea, arte tradicional e contemporânea africana, pinturas, gravuras, esculturas, instalações), objetos, mobiliário, têxteis africanos, estatuetas, esculturas, bordados, fotografias, joias e balangandãs em prata e ouro, plumárias, cestarias.

Tipologias África, Africas: Máscaras, Esculturas, Estatuetas, Tecidos, Jóias, Adornos, Roupas, Apliqués,Tapas, Panos Quentes. Trabalho e Escravidão: Ferramentas, Equipamentos de trabalho rural e urbano, Instrumentos de castigo, Gravuras, Litografias, Pinturas, Esculturas, Fotografias, Objetos do cotidiano.

Religiosidade Afro Brasileira: Ferramentas de orixás, Roupas, Esculturas, Pinturas, Gravuras, Fotografias, Objetos de Culto, Estatuetas, Instrumentos Musicais, Máscaras, Móveis. Festas. O Sagrado e o Profano: Máscaras, Roupas, Esculturas, Mobiliário, Adereços, Santos Negros, Ex-votos, Litografias, Pinturas, Fotografias, Jóias, Balangandãs, Instalações, Estandartes, Instrumentos Musicais.

Historia e Memória: Fotografias, Pinturas, Documentos, Esculturas, Objetos. Arte do Século XVIII à Arte Contemporânea:Pinturas, Esculturas, Gravuras, Instalações, Fotografias, Documentos.

Acervo Documental e Arquivístico

O acervo documental e arquivístico abarca todo e qualquer documento considerado histórico, independente de seu suporte. O documento histórico chega ao Núcleo de Documentação por prescrição legal dos papéis gerados no próprio Museu; ou por via externa, de documentos que formarão o acervo de dossiês e coleções adquiridas pela instituição.

Tipologias Papel: cartas, cartas manuscritas, certidões, documentos de compra e venda de escravos, livros de registro, cartazes, jornais, diplomas, certificados, convites, álbuns, posters, folders, boletins, revistas, postais.

Fotografia: fotografias, tiras de negativos, provas e contatos fotográficos.

Multimídia: fitas VHS, CDs, DVDs, fitas de áudio

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Acervo Bibliográfico

O acervo bibliográfico é composto por cerca de 13..000 publicações incluindo livros, catálogos, periódicos, separatas, cartazes, calendários, CDs, DVDs. Além de uma hemeroteca com cerca de 3000 recortes.

Tipologias Papel: livros, catálogos, periódicos, separatas, cartazes, calendários, jornais.

Multimídia: CDs e DVDs

2.2.4 Documentação e Conservação dos Acervos

A Documentação e a Conservação são responsáveis pela implementação e pela manutenção de procedimentos necessários para o gerenciamento do acervo, por meio de diretrizes apresentadas no programa dos Núcleos de Salvaguarda, de Documentação e Arquivo e da Biblioteca. Essas diretrizes estão pautadas em referenciais teóricos específicos à natureza de cada acervo, à Politica de Acervo e ao Plano de Conservação estabelecido. A dinâmica de trabalho que organiza a documentação e a conservação dos acervos integra os três programas.

Documentação Documentação Documetação Museológica Arquivística Bibliográfica

Programa Programa de Programa de Documentação de Salvaguarda e Arquivo Biblioteca

Conservação Preventiva A equipe de conservação está sob a coordenação do Núcleo de Salvaguarda, porém atua em todos os acervos diretamente, ou sob a forma de orientação de serviço terceirizado, segunda as normas técnicas da instituição.

2.2.5 Política de Acervo

A Política de Acervo do Museu Afro Brasil foi concebida em consonância com a missão, conceito, objetivo geral e os objetivos específicos do Museu, do mesmo modo que considera os núcleos temáticos constitutivos das coleções do acervo .

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2.2.5.1 Critérios e Procedimentos de Aquisição

O Museu Afro Brasil, como explicita seu fundador, é um museu singular, devido à sua natureza, aos conceitos que o estruturam e à tipologia abrangente de seu acervo. A aquisição de obras para o acervo se dá através de duas modalidades: compra e doação.

2.2.5.1.1 Por compra:

2.2.5.1.1.1 Por indicação curatorial a partir de avaliação do acervo: o Museu Afro Brasil propõe aquisição de obras e documentos para compor seu acervo segundo levantamento, pesquisa e indicação de seu Diretor Curador e de suas equipes técnicas, em especial o Núcleo de Pesquisa, desde que estejam em consonância com sua missão e objetivos;

2.2.5.1.1.2 A partir das exposições temporárias: a Direção Curatorial propõe aquisição de obras e documentos que participaram de exposições temporárias no museu para compor seu acervo.

Para efetivação do processo de aquisição por compra será utilizado o Contrato de Compra e Venda de obras de arte, mobiliário, joias e documentos da instituição. (Anexo 1).

2.2.5.1.2 Por doação:

2.2.5.1.2.1 Doação espontânea: o Museu Afro Brasil receberá por doação coleções ou obras e documentos isolados oferecidos por terceiros, desde que haja interesse e estejam em consonância com sua missão e objetivos.

2.2.5.1.2.2 A partir das exposições temporárias: a partir de exposição realizada no museu, o artista ou colecionador poderá propor doação de obras ou documentos expostas para compor o acervo do museu. A aceitação da doação se dará após análise das equipes técnicas.

Para efetivação do processo de doação será utilizado o Termo de Doação específico da instituição (Anexo 2).

2.2.5.2 Desvinculação

2.2.5.2.1 Critérios de desvinculação:

A partir do levantamento pela equipe técnica e parecer da Diretoria Curatorial, a instituição pode decidir pela desvinculação de um bem do acervo.

a. por deterioração ou perda irrecuperável do bem patrimonial; b. devido a roubo ou desaparecimento; c. por desinteresse: se o mesmo não condiz com o seu recorte temático de acordo com sua política de acervo estabelecida.

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2.2.5.2.2 Procedimentos de desvinculação:

A decisão pela desvinculação deverá ser encaminhada à Secretaria de Estado da Cultura, através de parecer de desvinculação que contenha a identificação da(s) obra(s), as justificativas elencadas pela instituição para tal procedimento, assim como a recomendação que a instituição faz para a destinação do bem em questão, que podem ser:

2.2.5.2.2.1 Descarte: quando os danos físicos forem considerados irrecuperáveis, impossibilitando uma leitura compreensível do bem em questão.

2.2.5.2.2.2 Transferência: o museu sugere à SEC a transferência do bem para uma outra instituição do Estado.

2.2.5.3 Empréstimos e comodatos

De acordo com a Resolução SC 37/2004, os processos relativos a pedidos de empréstimo e comodato de obras e documentos que integram os acervos dos Museus do Estado de São Paulo para participarem de exposições no país ou fora dele, devem seguir termos previamente estabelecidos, seguindo as condições fixadas e mediante a apresentação de requerimento elaborado conforme modelo constante no Anexo 1 da referida Resolução.

2.2.5.3.1 Critérios e Procedimentos para solicitações de empréstimos e comodatos feitas por terceiros

2.2.5.3.1.1 Aceite do pedido de empréstimo de obras feito por terceiros, através de carta ofício dirigida ao diretor do museu. Esta carta deve conter título e período da exposição.

2.2.5.3.1.2 Envio de dados da instituição solicitante através do facility report.

2.2.5.3.1.3 As obras e documentos solicitados serão emprestados após análise feita pelo conservador do museu quanto ao seu estado de conservação e elaboração do Termo de Empréstimo de obras padronizado do museu à instituição solicitante, contendo cláusulas que visam a resguardar as obras a serem emprestadas. Se as obras e documentos pertencerem ao acervo da Secretaria da Cultura, esta deverá ser consultada através do envio de documentação relativa, de acordo com a Resolução SC 37/2004 e solicitada a sua concordância para este empréstimo.

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2.2.5.3.1.4 Envio de informações das obras solicitadas em empréstimo para uma empresa de seguros de obras de arte e documentos para a requisição do seguro multirriscos (prego a prego) e para uma empresa especializada em transportes de obras de arte para a confecção de embalagens e transporte das mesmas até o local da exposição.

2.2.5.3.1.5 Realização do laudo técnico de conservação das obras e documentos no museu, acompanhamento da embalagem e colocação das mesmas no caminhão da transportadora pelo courier do museu.

2.2.5.3.1.6 Acompanhamento da desembalagem e conferência do laudo técnico de conservação na chegada das obras e documentos na instituição solicitante. O courier permanece até a colocação das obras e documentos no espaço expositivo.

2.2.5.3.1.7 No retorno das obras ao museu, o courier acompanhará todas as etapas e conferência dos laudos até a chegada das mesmas ao seu local de origem.

2.2.5.3.2 Critérios e Procedimentos para solicitações internas de empréstimos e comodatos:

2.2.5.3.2.1 Carta ofício do diretor do museu, dirigida ao diretor da outra instituição ou ao colecionador, solicitando o empréstimo de obras ou documentos de seu acervo para participar de exposição a ser realizada no museu.

2.2.5.3.2.2 Envio de informações técnicas do museu através do facility report à instituição emprestadora.

2.2.5.3.2.3 Formalização do empréstimo através do documento Termo de Empréstimo, elaborado pela instituição emprestadora ou colecionador e assinado pelos respectivos diretores.

2.2.5.3.2.4 Pedido pelo museu do seguro multi riscos (prego a prego) - Empresa Seguradora - a partir das informações enviadas pela instituição emprestadora.

2.2.5.3.2.5 Contratação da empresa especializada no transporte de obras de arte para a confecção das embalagens e o transporte das mesmas.

2.2.5.3.2.6 Envio do courier do museu até a instituição emprestadora para a verificação do estado de conservação das obras ou documentos a serem emprestados (laudo técnico), para acompanhar a embalagem e a colocação dos mesmas no caminhão da transportadora.

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2.2.5.3.2.7 Após a chegada do caminhão ao museu, o courier deve acompanhar a retirada e desembalagem das obras, assim como a conferência dos laudos na chegada. Se a instituição emprestadora enviar o seu courier acompanhando as obras, este trabalhará junto com courier do museu em todas as etapas.

2.2.5.3.2.8 No retorno das obras à instituição emprestadora ou colecionador, o courier do museu fará a conferência dos laudos técnicos juntamente com o courier da instituição, assim como o acompanhamento da embalagem e colocação das mesmas no caminhão da transportadora.

2.2.5.3.3 Propriedade abandonada

Na hipótese de algum bem móvel ser abandonado nas dependências da Associação Museu Afro Brasil, este poderá ter a propriedade adquirida pela Entidade.

Referida hipótese está prevista no art. 1.263 do Código Civil, que traz a seguinte previsão:

“Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa ocupação defesa por lei.”

De acordo a doutrina, ocupação é a forma de adquirir a propriedade móvel apenas com a prática de tornar-se senhor do bem abandonado ou sem dono.

Cumpre salientar que referida hipótese de abandono não se presume, devendo resultar claramente da vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence.

Além disso, caso a Associação Museu Afro Brasil queira adquirir a propriedade móvel, necessita ter o animus de querer a coisa para si (evidenciado pelo despacho do diretor executivo da entidade), e dela cuidar como se fosse dono, e no caso de coisa abandonada necessita haver a renúncia do direito do antigo proprietário, sendo necessário analisar se houve animus do antigo dono da coisa em renunciar o direito da coisa.

O procedimento para aquisição de bem móvel consiste na análise e indicação do bem pela equipe técnica do museu para apreciação da Secretaria do Estado da Cultura, a partir de seu histórico.

2.2.6 Gestão do acervo

A documentação museológica é uma das áreas da museologia que tem por finalidade primordial a organização do acervo a partir de sua identificação e contextualização.

A gestão do acervo do Museu afro Brasil é informatizada seguindo critérios padronizados na elaboração de um vocabulário controlado, tanto para o tratamento documental quanto para sua disponibilização para consulta interna e externa.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 35

2.2.6.1 Normas e procedimentos de registro:

O acervo do Museu Afro Brasil é gerenciado a partir de um Banco de Dados informatizado – o Sophia Acervo - no qual são registradas e atualizadas sistematicamente as informações nele contidas para identificação dos objetos que o compõe.

Tais informações são provenientes da pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa do Museu e pela incorporação de novas obras adquiridas através do contrato de gestão e/ou doações. Este procedimento garante uma boa gestão do acervo, possibilitando remanejamentos internos, elaboração de listas para as exposições temporárias do museu, nas quais participam as obras de seu acervo, e permitindo igualmente atender a demanda interna dos diversos núcleos e do público externo.

2.2.6.2 Normas e procedimentos de catalogação:

O plano de catalogação seguido pelo Museu Afro Brasil é baseado parcialmente no sistema classificatório preconizado pelo Thesaurus muselógico (Ferrez e Bianchini), 2adaptando-o às peculiaridades e características de seu acervo museológico. O sistema de classificação é regularmente atualizado pela equipe do núcleo de salvaguarda que vem desenvolvendo um vocabulário controlado adequado a tipologia de seu acervo, com o objetivo de facilitar da recuperação de seus conteúdos de acordo com as várias demandas dos demais núcleos do museu, como de pesquisas externas.

2.2.6.3 Normas e procedimentos de comprovação de proveniência:

A comprovação de proveniência dos bens comprados ou doados ao museu é garantida na cláusula específica para este fim, contida no Contrato de Compra e Venda e no Termo de Doação da Instituição, cujos modelos se encontram no Programa de Salvaguarda.

2.2.6.4 Manual de preenchimento de Banco de Dados:

Para o preenchimento do Banco de Dados da Secretaria de Cultura, o Museu Afro Brasil segue as instruções contidas no Manual de Preenchimento do Banco de Dados do Acervo dos Museus da SEC-SP – Versão 1.

2.2.6.5 Arquivo de Segurança/Back up

O Núcleo de Tecnologia da Informação (TI) da instituição realiza diariamente Back up de seus Bancos de Dados, de maneira a garantir sua segurança.

2 FERREZ, Helena Dodd; BIANCHINI, Maria Helena. Thesaurus para acervos museológicos, vol. 1. Rio de Janeiro: MinC/SPHAN-PróMemóriA, 1987

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2.2.6.6 Acesso às coleções

2.2.6.6.1 Acesso ao Público em geral

2.2.6.6.1.1 Público em geral: o Museu Afro Brasil está situado na Av. Pedro Alvares Cabral, s/n, no Parque Ibirapuera, São Paulo, SP. O acesso ao museu se dá pelo Portão 10 do Parque. O Núcleo de Educação do museu oferece visitas orientadas à exposição de longa duração-acervo e às exposições temporárias ao público em geral e a grupos especiais.

2.2.6.6.1.2 Acesso Virtual: o acesso virtual às coleções do Museu Afro Brasil se dá através do site www.museuafrobrasil.com.br.

2.2.6.6.2 Acesso Especializado

2.2.6.6.2.1 Pesquisadores e Estudantes:

A utilização do acervo para fins de pesquisa poderá ocorrer, desde que previamente solicitada, comprovada e autorizada pela Diretoria Curatorial da Associação Museu Afro Brasil.

2.2.6.6.2.2 Acesso à Reserva Técnica:

O acesso à Reserva Técnica do museu é permitido a partir de consulta e posterior agendamento com o responsável pelo Núcleo de Salvaguarda.

2.2.6.6.3 Uso de imagens

Não é permitido fotografar ou registrar em vídeo o acervo em exposição.

Em casos especiais será autorizado o uso de imagens das coleções do Museu Afro Brasil, conforme disposto nos itens que seguem:

2.2.6.6.3.1 Uso de imagens para pesquisa (estudantes e pesquisadores):

Eventuais publicações de fotos ou filmagens em trabalhos acadêmicos, que não tenham finalidade comercial, serão isentas de cobrança pelo Museu Afro Brasil, desde que respeitados os Direitos Autorais das obras previstos na legislação em vigor. No caso de acervo pertencente ao patrimônio do Estado, a Secretaria do Estado da Cultura deverá, igualmente, autorizar o uso de imagens das obras.

2.2.6.6.3.2 Uso comercial

A utilização do acervo para fins comerciais poderá ocorrer, desde que respeitados os Direitos Autorais das obras previstos na legislação em vigor e previamente solicitada e autorizada pelas Diretorias Curatorial e Executiva da Associação Museu Afro Brasil. No caso de acervo pertencente ao patrimônio do Estado, a Secretaria do Estado da Cultura deverá, igualmente, autorizar o uso de imagens das obras.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 37

Procedimentos e valores cobrados para uso comercial:

a. Será cobrada uma taxa- calculada com base no valor comercial da obra - por cada registro de foto e filmagem do acervo do Museu Afro Brasil. Este valor será definido pela Diretoria Curatorial e Executiva após solicitação formal do interessado. b. O solicitante deverá mencionar que as obras fotografadas ou filmadas pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil – Nos créditos relativos à utilização destas imagens deverá constar a referência ao Museu Afro Brasil. c. Além dos pagamentos do valor mencionado no item a, o solicitante deverá respeitar os Direitos Autorais do autor da obra, caso ela não esteja em domínio público. d. As entidades sem fins lucrativos da área da cultura poderão ser isentas da cobrança valor, desde que previamente solicitado à Diretoria Executiva, de acordo com a política estabelecida pela SEC em relação ao acervo do Estado.

2.2.6.7 Retirada de Amostras

Na eventualidade de alguma análise para fins de restauração do bem patrimonial – pesquisa da composição química, análise de tintas, pigmentos e vernizes – deverão ser realizadas somente análises não destrutivas, isto é, análises em que não seja preciso retirar amostras deste bem.

2.2.7 Conservação e Restauro

2.2.7.1 Plano de Conservação

O plano de conservação do acervo do Museu Afro Brasil tem por principal objetivo a organização, a estruturação e o registro das ações preventivas e curativas que contribuem para a preservação de seus acervos: museológico, arquivístico e bibliográfico. Para atingir esse fim, os profissionais especializados desenvolvem e executam ações de conservação preventiva junto ao edifício e às obras que compõem este acervo como o registro das variações climáticas, a verificação e o controle de pragas, além da observação do seu estado de conservação. Em seguida registram as alterações que venham a ocorrer no estado de conservação das obras e as intervenções que venham a se tornar necessárias, por meio de laudos técnicos de conservação, atualizando sistematicamente todas as ações nas fichas do banco de dados.

Suas ações devem se basear na análise dos principais fatores que interferem diretamente na conservação do acervo, como a poluição, a umidade, as altas temperaturas e nos resultados do diagnóstico de conservação do acervo, sistematicamente obtidos através da análise realizada pela equipe de técnicos especializados que compõe o Núcleo de Salvaguarda. O trabalho coletivo desenvolvido por estas equipes norteia suas ações pelos

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 38 princípios e critérios estabelecidos por organismos nacionais e internacionais da área de preservação do patrimônio cultural.

Com estas ações, a equipe do Núcleo de Salvaguarda do Museu Afro Brasil objetiva a preservação destes bens patrimoniais que o museu tem sob sua guarda tornando-os mais acessíveis ao público através de ações que preservam a sua integridade física.

Sobre o Acervo

A abrangente tipologia que caracteriza os acervos museológico, arquivístico e bibliográfico do Museu Afro Brasil descritas no item Tipologias (2.2.3) deste Plano Museológico, impõe uma rotina de trabalho rigorosamente planejada. Devido a sua materialidade, predominantemente de origem orgânica, e as condições ambientais, as ações de conservação preventiva das equipes sobre o acervo devem ser são constantes e com uma periodicidade relativamente curta.

2.2.7.2 Objetivos do Plano de Conservação

2.2.7.2.1 Atualizar o diagnóstico

Os acervos do Museu Afro Brasil vêm sendo diagnosticados sistematicamente desde 2010. Nessa análise, tanto para o acervo museológico como para o arquivístico, é verificado e diagnosticado o estado de conservação de cada obra. Dependendo do resultado, a obra poderá ser encaminhada para pequenas intervenções, as quais são realizadas pela equipe de conservadores do museu, poderá ser encaminhada a um restaurador terceirizado, para passar por um processo mais aprofundado de restauro, ou continuar em exposição ou armazenada em sua Reserva Técnica. Durante essa análise é realizada uma higienização, a princípio mecânica, com trinchas macias e/ou aspirador e uma higienização química com produtos previamente testados, se houver necessidade de uma higienização mais profunda. Ao longo deste processo, acontece a verificação de inscrições nas obras, observa-se a atualização de suas dimensões e imagens, sendo que estas últimas são tiradas de vários ângulos e detalhes.

Sob orientação da equipe de Conservação do museu, o acervo bibliográfico passa por higienização periódica realizada por uma equipe terceirizada especializada na conservação de livros. Nesse processo é avaliado seu estado de conservação e, caso necessário, a obra é encaminhada para alguma intervenção mais profunda como a reencadernação ou algum tratamento contra infestação (mofo ou insetos). As obras raras são acondicionadas separadamente dos demais livros, passando por um processo de análise mais minucioso para acondicionamento efetuado com materiais neutros em armários da Reserva Técnica do museu.

2.2.7.2.2 Orientar a elaboração de laudos:

Foram desenvolvidas fichas para a realização dos laudos técnicos de conservação que se propõe a abranger a diversidade de seu acervo:

Ficha Técnica – Estado de Conservação para obras bidimensionais –papel

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Ficha Técnica – Estado de Conservação para obras bidimensionais – Pintura de cavalete

Ficha Técnica – Estado de Conservação para obras tridimensionais

Ficha Técnica – Estado de Conservação para têxteis

Ficha técnica - Estado de Conservação para suportes áudio visuais

Ficha técnica - Estado de Conservação para livros, revistas e jornais

Essas fichas devem passar por um processo de avaliação contínua da equipe e sua estrutura e conteúdos atualizados sempre que se fizer necessário. A padronização dos termos utilizados pelas equipes se encontra definida no glossário elaborado para esta finalidade. Esses laudos são realizados conjuntamente pelas equipes de documentação e conservação do museu, sendo posteriormente incluídos no banco de dados, nos espaços correspondentes à conservação e restauração.

2.2.7.2.3 Estabelecer medidas de conservação preventiva

Como o Museu está localizado na região central da cidade de São Paulo, sofre diretamente os efeitos do alto índice de poluição devido à combustão dos combustíveis fósseis utilizados nos veículos. Esta situação, aliada ao fato de se situar num parque com muitas árvores e próximo a um lago traz alguns desafios para a conservação de seu acervo como a infestação por insetos xilófagos, a umidade ascendente e altas temperaturas, que são enfrentados cotidianamente por meio do trabalho técnico intensivo de sua equipe de conservação.

As ações de conservação e restauração são planejadas e aplicadas pela equipe que segue uma rotina previamente estabelecida, a qual visa à preservação deste acervo.

2.2.7.2.3.1 Higienização do acervo: a equipe de conservação desenvolve um cronograma de trabalho semanal que envolve a vistoria e a higienização das obras em exposição, ações de vistoria, além da higienização e organização das obras em Reserva Técnica. Os conservadores estabelecem critérios de higienização de acordo com a necessidade de cada obra, sua tipologia e estado de conservação.

Os problemas mais frequentes encontrados em relação às obras expostas são: a sujidade superficial depositada sobre as que estão fora de vitrines, às vezes mofo devido à umidade relativa acima do recomendado e infestação por insetos xilófagos.

Todo o trabalho será registrado com fotografias e os procedimentos anotados em fichas e transferidos para uma pasta no computador.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 40

2.2.7.2.3.2 Manipulação das obras: A manipulação e a circulação de um bem cultural por um profissional do museu devem ser executadas com cuidado, atenção e segurança. Estes devem ter consciência de que um manuseio inadequado pode colocar em risco a integridade física destes objetos.

Internamente, as obras serão manipuladas e movimentadas pela equipe do Núcleo de Salvaguarda, Museografia e Montagem quando estas irão participar de exposições, remanejadas com fim de diagnóstico ou remanejamento interno. A orientação é para que estas somente sejam manipuladas com luvas, que variam de acordo com o serviço a ser executado, que se observe atentamente os pontos frágeis e a maneira correta de segurá-la. A movimentação das obras será realizada com o auxílio de bandejas e carros, de acordo com a tipologia e tamanho das mesmas.

2.2.7.2.3.3 Acondicionamento e armazenamento adequado: A organização do acervo em reserva provém de uma avaliação do espaço, da tipologia e do estado de conservação das obras. De acordo com a tipologia, fragilidade e dimensões, o acervo não exposto, isto é, em Reserva Técnica, será armazenado em mapotecas, gavetas e prateleiras do armário deslizante, nichos, prateleiras externas ou bases. O acondicionamento também variará com a especificidade da obra. O material usado para o acondicionamento estará dentro dos critérios internacionais estabelecidos para a preservação do bem cultural, isto é: neutro e inerte. Para este fim serão utilizados papeis acid free para interfoliar as obras quando guardadas em envelopes nas mapotecas e passe-partout para as obras sobre papel a serem expostas; utilizar-se-á tyvec para a confecção de envelopes para as obras bidimensionais não emolduradas; placas de polietileno expandido como bases para as obras tridimensionais de pequeno e médio porte; mantas de polietileno expandido para forrar as prateleiras ou para reforçar embalagem externa. 2.2.7.2.3.4 Monitoramento do ambiente: A climatização do museu é natural, isto é, não possui equipamento para controlar as variações climáticas.

Para amenizar os efeitos das altas temperaturas, mantem-se ventiladores em toda a extensão do espaço expositivo e reservas técnicas. Utilizam-se, também, aparelhos dataloggers que permitem conhecer a variação climática do espaço interno e propor medidas que visam a amenizar os efeitos danosos da variação da temperatura e umidade relativa. A Reserva Técnica possui aparelho desumidificador que é acionado quando a umidade relativa ultrapassa os 58%.

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2.2.7.2.3.5 Controle integrado de pragas: desde 2009 o museu mantém mensalmente o controle de cupins de solo executado pela empresa CCPU que utiliza para este fim o controle com o sistema de iscas. Anualmente é realizada a dedetização das áreas internas e externas do museu.

O Museu tem uma parceria estabelecida com o IPEN - Instituto de Pesquisas Energético Nuclear - no controle da infestação por insetos xilófagos de madeira seca e de fungos no acervo e, mais recentemente, estabeleceu parceria com o Instituto Biológico, visando tornar este controle mais efetivo.

2.2.7.2.3.6 Serviço de limpeza: O serviço de limpeza recebe orientação do Núcleo de Salvaguarda em como proceder em áreas com acervo, independente deste serviço ser realizado por empresa terceirizada ou por profissionais que pertençam ao quadro do Museu. Para isso foi elaborado um manual que procura orientar quanto aos produtos e condutas destinados aos profissionais da limpeza.

2.2.7.2.4 Determinar prioridades de restauração: a partir do diagnóstico elaborado pela equipe de conservação, as obras devem ser encaminhadas para os diversos tratamentos de acordo com os problemas apresentados. Quando se avalia a necessidade de uma intervenção mais profunda que exija equipamentos específicos, a obra é encaminhada a um restaurador profissional terceirizado. Pequenas intervenções serão executadas pela própria equipe de conservação do museu, que seguirá procedimentos e utilizará materiais estabelecidos pelas normas internacionais de conservação.

2.2.7.3 Acessibilidade ao Acervo

O conceito de acessibilidade é compreendido pelo Museu Afro Brasil de modo abrangente, aderindo às diretrizes estabelecidas nos Cadernos Museológicos, Volume 2 que trata da Acessibilidades a Museus – Brasília, 2012. Segundo citação. Segundo citação: “Acessibilidade começa nos aspectos físicos e arquitetônicos, mas vai muito além, uma vez que toca outras componentes determinantes, que concernem aspectos intelectuais e emocionais: acessibilidade da informação e do acervo. Uma boa acessibilidade do espaço não é suficiente. É indispensável criar condições para compreender e usufruir os objetos expostos num ambiente favorável. Para, além disso, acessibilidade diz respeito a cada um de nós, com todas as riquezas e limitações que a diversidade humana contém e que nos caracterizam, temporária ou permanentemente, em diferentes fases da vida.”- Instituto Português de Museus (2004), Coleção Temas de Museologia. Museus e Acessibilidade

No Museu, os Programas de Documentação, Salvaguarda, Museografia, Educação e Comunicação respondem pelos princípios e diretrizes que garantem diferentes tipos de

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 42 acessibilidade ao acervo: Acessibilidade física, Acessibilidade sensorial, Acessibilidade cognitiva e informacional.

Já a Acessibilidade econômica e social é proporcionada via ações e projetos do Núcleo de Educação do Museu, por meio do programa Singular Plural e do Projeto ACESSA MAB, por exemplo, que em certa medida favorece também a Acessibilidade aos códigos culturais.

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2.3 Programa de Salvaguarda

Série Suite Azougue Autoria: Helder Ferrer

Uma das mais importantes funções do museu é a preservação do acervo que tem sob sua guarda.

Ao reconhecer que preservar é muito mais do que garantir a integridade física de cada obra, o Núcleo de Salvaguarda atua, também, na reconstituição da história particular contida em cada obra do acervo, em um esforço de contribuir para uma nova leitura da história e cultura do Brasil narrada curatorialmente a partir dos fragmentos históricos que cada uma das obras do acervo contém.

É grande a responsabilidade do Núcleo de Salvaguarda ao reconhecer que o Museu Afro Brasil, apoiado na potencialidade de seu acervo, tem o propósito de preservar, revelar e divulgar a história, a arte e a memória brasileiras, sob a perspectiva da matriz negra, quase sempre sub-representada na história oficial do País.

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2.3.1 Apresentação

O Programa de Salvaguarda tem como missão principal a salvaguarda do acervo museológico por intermédio da Gestão do Acervo, considerando também a conservação preventiva das obras, bem como o registro histórico dessas ações, seguindo orientações nacionais e internacionais e seus referenciais teóricos.

2.3.2 Referencial Teórico e Princípios Orientadores

Durante muito tempo o museu foi considerado como um local de culto à memória e ao poder. Atuava sob a vontade política das classes dominantes fazendo um recorte da memória de acordo com seus interesses. Este conceito veio se desenvolvendo e evoluindo através do tempo, se aprimorando de acordo com o amadurecimento do próprio homem e sua crescente preocupação com seus caminhos, suas necessidades sociais e, principalmente, a importância crescente que tem dado à preservação do patrimônio como algo muito maior do que simples objetos a se cultuar.

A partir da segunda metade do século XX, órgãos internacionais como o ICOM - International Council of Museums e a UNESCO através de Encontros, Seminários e Mesas Redondas promovidos entre os profissionais de museus e pesquisadores da área museológica constataram a necessidade das mudanças que os museus deveriam promover em seus conceitos e modo de ação para acompanhar as transformações pela qual a sociedade estava passando.

Em 1974, o ICOM em seus Estatutos definiu o museu como sendo: “O museu é uma instituição a serviço da sociedade, que adquire, conserva, comunica e exibe com a finalidade de ampliação do saber, de salvaguarda e de desenvolvimento do patrimônio, da educação e da cultura, dos bens representativos da natureza e do homem”.

O museu traz em si a potencialidade de ser um elemento transformador, pois possibilita o conhecimento do passado não como um fato acabado em si mesmo, ao contrário, vivo e que permite a agregação de novos valores se tornando um eixo de transformações. A tentativa de fazer aflorar o seu potencial social e educativo e trazê-lo para dentro da vida das pessoas tem sido o grande desafio que os profissionais da área têm enfrentado nos últimos anos.

Bruno ressalta que,

“Ao lado de seu evidente compromisso com a preservação, o museu deve ser pensado e realizado como um canal de comunicação capaz de transformar o objeto testemunho em objeto diálogo, permitindo a comunicação do que é preservado... A preservação da herança cultural passou a exigir outros mecanismos de transmissão, na tentativa de interagir com uma sociedade que convive com o objeto descartável, com o

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desequilíbrio ecológico e com inúmeros estímulos visuais muito potentes e com dinâmicas variadas”. (Bruno, 1977b, p. 37)

Para o museu realizar as suas atividades basilares que são a preservação e a comunicação do bem cultural, ele se alicerça nas práticas museológicas preconizadas pela Museologia que como ciência está alicerçada em pressupostos teóricos-metodológicos.

Segundo Bruno (2006), a Museologia pode colaborar com a sociedade contemporânea na identificação de suas referências culturais, na normalização de procedimentos preservacionistas e na implementação de processos comunicacionais.

Waldisa Rússio em seu texto originalmente publicado no MuWoP – Museological Working Papers (Stockolmo: ICOFOM/SHM, 1981) aponta que a museologia possui um objeto específico de estudo que é o fato “museal”, ou fato museológico que é a relação profunda entre o homem que é o sujeito conhecedor e o objeto que é parte da realidade sobre a qual o homem igualmente atua e pode agir, num espaço determinado que pode ser o museu ou ser ampliado para muito além do museu.

Desta relação e o que pode advir dela é que resulta toda a riqueza e a base onde o museu deve se alicerçar para cumprir o seu papel social junto à sociedade.

Os conceitos e diretrizes que fundamentam a Museologia como ciência aplicada são balizadores teóricos deste Programa. Bruno, no texto Museologia e Museus: princípios, problemas e métodos (In: Cadernos de Sociomuseologia, número 10. Lisboa: ULHT, 1997) pontua que a preservação é a função básica de um museu e que esta função orienta todas as outras, como formas de aquisição e estudo dos objetos, salvaguarda das coleções e/ou referências patrimoniais (conservação e documentação) e comunicação (exposição, educação e ação sócio-cultural).

Assim, o Museu Afro Brasil, por meio de deste Programa, realizado pelo Núcleo de Salvaguarda, procura preservar os bens culturais que tem sob sua guarda atuando em sintonia com os demais núcleos da Diretoria Curatorial do Museu. Seu propósito e atividades correspondem aos esforços para manter a integridade física e o conhecimento acerca das obras, em ações de documentação, conservação e gerenciamento do acervo.

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2.3.3 Gerenciamento do Acervo Museológico

Em conformidade com as proposições teóricas do Programa, o Núcleo de Salvaguarda garantirá a preservação da memória afro-brasileira a partir da implementação e da manutenção de procedimentos necessários para o gerenciamento do acervo museológico, composto tanto pelos objetos3 expostos como também por aqueles acomodados na Reserva Técnica.

É responsável pela identificação, pela organização e pela segurança do acervo museológico. Desta forma, divide-se em dois grupos de atuação: a Documentação e a Conservação. A primeira ocupa-se da preservação das informações sobre o objeto a fim de tornam compreensível e reforçar o seu valor como patrimônio cultural. Já a Conservação responde pela preservação física do objeto, buscando identificar a materialidade de sua composição e a sua feitura no intuito de oferecer as melhores condições possíveis que permitam a manutenção da sua integridade.

2.3.4 Documentação Museológica

A Documentação Museológica é o principal suporte para a gestão do acervo, atuando no registro das informações intrínsecas aos objetos e provenientes de sua contextualização, sistematizando-as em um banco de dados desenvolvido especialmente para atender as especificidades do museu. Este banco é ferramenta indispensável para se realizar o inventário e a catalogação do acervo, por meio da utilização de um vocabulário controlado que permita a recuperação de informações específicas necessárias aos diversos núcleos do museu.

A partir da indexação dessas informações, a Documentação oferece eficácia no acesso aos objetos, para seu uso nas exposições, para seu empréstimo a outras instituições, para a elaboração de legendas expositivas, entre outras formas de acesso e uso do acervo.

A manutenção de tais instrumentos é essencial para este controle, realizado continuamente pelo Núcleo de Salvaguarda.

O fluxo desses procedimentos gera uma intensa rotina de trabalho. A oficialização das aquisições e doações das obras de arte junto à Secretaria de Estado da Cultura, a mobilização do acervo por meio do registro de comodatos às entidades nacionais e internacionais, o conjunto de procedimentos referentes às obras que integram as exposições temporárias abrigadas no Museu, impõem à área de Documentação um trabalho que se retroalimenta constantemente.

2.3.5 Conservação Preventiva

A Conservação Preventiva tem como principal objetivo permitir a preservação da integridade física das suas coleções através de ações diretas e indiretas sobre o acervo,

3 O termo objeto está utilizado segundo o conceito de objeto museológico.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 47 visando prevenir ou retardar sua degradação e assegurando sua acessibilidade às gerações atuais e futuras. Ações como o conhecimento e monitoramento das condições climáticas e ambientais do espaço museológico, o diagnóstico do estado de conservação das obras e documentos, são fundamentais e proporcionam os parâmetros necessários para o planejamento das ações e para a execução de um plano de conservação a ser desenvolvido pela instituição.

É muito importante se considerar tudo o que está no entorno do bem patrimonial a ser preservado, como o local onde está situado o museu, o edifício em si, os espaços expositivos e a reserva técnica, local onde se encontra o acervo não exposto. Dois outros fatores importantes a serem observados dizem respeito à formação técnica especializada dos profissionais da área e a relação do público com os espaços expositivos.

Como indicado anteriormente, a análise do macro e do micro ambiente orientam as medidas a serem adotadas para preservação do bem patrimonial. Assim, a localização geográfica do edifício onde está situado o museu (Pavilhão Padre Manoel da Nobrega) é um fator a ser ponderado.

Em primeiro lugar, estamos na linha dos Trópicos, em uma área considerada como tropical de altitude, que tem como principais características altos índices de umidade relativa (RH) e temperatura (°C). Esses fatores necessitam ser bem controlados, pois caso contrário, atuarão na contra mão da preservação dos acervos museológicos uma vez que essas condições são propícias à proliferação de microrganismos (fungos e bactérias) e insetos de forma geral.

Em segundo lugar, é importante frisar os altos índices de poluição do ar na cidade de São Paulo, em especial na região onde está localizado o Museu.

O Museu Afro Brasil se encontra a cerca de 100 m da Av. Pedro Álvares Cabral, tem a sua frente o complexo viário Airton Sena e a sua direta a Av. República do Líbano, que está a 6,4 km do aeroporto internacional de Congonhas. É uma região com um altíssimo fluxo de veículos e aeronaves os quais produzem partículas sólidas de material resultante da queima do combustível fóssil utilizado na maioria do transporte público e privado.

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Por se situar em um parque, o museu tem, em seu entorno, grande número de árvores, que influenciam as condições do edifício sob dois aspectos: atenuando a temperatura, atuando como barreira natural contra a luminosidade, fator que em muito favorece ao museu, uma vez que toda a lateral do edifício é constituída por grandes janelas de vidro. Por outro lado, a presença desse grande número de árvores propicia a infestação de insetos xilófagos (cupins), o que exige atenção contínua da equipe de salvaguarda, que conta com inspeção mensal de equipe especializada para controle de pragas.

Devido aos fatores mencionados acima, para que o museu possa manter o seu acervo, sua equipe de conservação desenvolve e executa ações de conservação de forma permanente como a higienização mecânica, que visa minimizar os efeitos do acúmulo de partículas sólidas sobre os objetos, monitoramento das condições climáticas e de luminosidade prevenindo, assim, a degradação do acervo pelos agentes poluidores contidos microscopicamente nessa poeira depositada, como os efeitos danosos das variações de temperatura e umidade.

Sendo assim, a conservação preventiva atua na escolha do material apropriado e modo mais adequado de como esse bem cultural deve ser exibido nas exposições do acervo, no próprio museu ou quando são emprestados para outras instituições museológicas, assim como no seu acondicionamento - na escolha de materiais com pH neutro e inertes - quando estes estão armazenados em sua Reserva Técnica. Esses procedimentos são rigorosamente documentados e seguem as diretrizes previstas na Politica de Acervo e no Plano de Conservação apresentados no Programa de Acervo.

2.3.6- Extroversão da Salvaguarda

O conjunto das ações de documentação e conservação relativas ao acervo museológico, planejadas e realizadas pelo Núcleo de Salvaguarda, obedece a um programa integrado de reflexão e prática constantes. Esse processo gera conteúdos que, quando sistematizados, merecem ser extrovertidos, objetivando expandir o conhecimento sobre a salvaguarda da memória e a arte afro-brasileira, tendo como referência a documentação e conservação do acervo.

A natureza abrangente do acervo museológico obriga à produção e recriação de procedimentos específicos para a preservação das coleções museológicas justificando sua extroversão em dois planos: o primeiro, na interlocução com pesquisadores, museólogos, documentalistas e conservadores que procuram o Museu para investigação técnica. E o segundo, a produção de publicações (artigos, papers, manuais etc), bem como a organização de seminários, cursos e palestras, além da prestação de consultoria a coleções afins.

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2.3.7 Reserva Técnica Visitável

O Museu Afro Brasil, por meio do Programa de Salvaguarda, reconhece a necessidade de implantar uma Reserva Técnica Visitável de acordo com as normas técnicas de Conservação Preventiva, referendadas pelo ICOM-CC através do gerenciamento ambiental e acondicionamento adequado das obras pertencentes ao seu acervo museológico. Este acervo, por ser bastante diversificado, reúne em sua composição diferentes materiais que determinam cuidados diferenciados em sua conservação.

A moderna Reserva Técnica de conceito visitável, projetada com divisórias de vidro e desenho pormenorizado do mobiliário, estará integrada à estética expográfica do Museu Afro Brasil, provocando a curiosidade do público ao permitir que os visitantes contemplem os objetos acondicionados. As visitas internas ao local serão mediante agendamento e realizadas com o acompanhamento dos técnicos especializados do Núcleo de Salvaguarda, incluindo um espaço reservado à pesquisa de especialistas. A Reserva irá dispor de condições de segurança para garantir a proteção e a integridade do seu acervo, bem como dos visitantes, funcionários e das instalações, permitindo o acesso de públicos com necessidades especiais, ao atender às normas técnicas de acessibilidade da ABNT.

As diretrizes e procedimentos contidos no Programa de Documentação e Pesquisa permitem a utilização de fontes antes não disponíveis para inúmeros pesquisadores das mais variadas áreas do conhecimento, contribuindo para o aumento da produção científica de áreas correlatas ao foco de pesquisa da instituição.

Objetivos Específicos

 Requalificar a Reserva Técnica adotando as normas técnicas estabelecidas pelo ICOM-CC para a preservação do acervo museológico do Museu Afro Brasil, promovendo-o como espaço de pesquisa e comunicação.  Instalar o mobiliário especializado adequado ao armazenamento das diversas tipologias que compõe este acervo e que permita a sua visualização sem comprometer a sua conservação.  Promover o acesso visual do público aos trabalhos desenvolvidos dentro da instituição museológica pelos técnicos do Núcleo de Salvaguarda relativos à conservação preventiva do acervo armazenado na Reserva Técnica.  Possibilitar a visita do público via agendamento prévio ao interior da Reserva Técnica.  Incentivar a visita do público com necessidades especiais, via agendamento prévio, adequando o espaço de acordo com as normas técnicas da ABNT, permitindo que essas pessoas desfrutem de uma certa autonomia através da instalação de pisos táteis, legendas das obras em braile, espaço adequado

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para movimentação de cadeiras de rodas entre o mobiliário, estantes com portas de vidro possibilitando a visualização das obras em seu interior.  Promover e facilitar a consulta e pesquisa do acervo por parte de pesquisadores, estudantes e profissionais da área em local adequado, junto ao espaço destinado a Reserva Técnica.

Após Instalação da Reserva

A Secretaria de Estado da Cultura, pelo contrato de gestão firmado com a Associação Museu Afro Brasil, provém todas as atividades museológicas desenvolvidas pelo museu, o que garantirá a sustentabilidade do acervo após a instalação da reserva visitável, que será realizada por meio de ações preservacionistas, gerenciamento ambiental e acondicionamento adequado para a manutenção da coleção realizada pelos técnicos conservadores que integram a equipe do Núcleo de Salvaguarda do Museu.

Atividades contínuas de conservação preventiva e controle das peças acondicionadas no local serão realizadas. Por outro lado, esse novo conceito de reserva permitirá que a instituição crie mais um espaço de pesquisa sobre a arte, a história e a memória afro-brasileira, promovendo o acesso de diversos públicos, inclusive de portadores com necessidades especiais, com o acompanhamento da equipe interdisciplinar dos Núcleos de Salvaguarda, Pesquisa, Documentação e Educação.

Referências bibliográficas:

1. Museologia – Roteiros Práticos: Conservação de Coleções. Edusp; Vitae; vol. 9, 2005. 2. Rebecca A. Buck, Jean Allman Gilmore - Museum Registration Methods. American Association of Museums – 5th Ed. 2010. 3. Temas de Museologia – Plano de Conservação Preventiva: bases orientadoras, normas e procedimentos. IMC, 2007.

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Instrumentos Legais da Gestão Documental

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2.4 Programa de Documentação e Arquivo

Gabinete Autoria: Wilson Tibério

O Programa de Documentação e Arquivo tem como uma de suas responsabilidades a preservação da memória e a acessibilidade da informação contribuindo para uma leitura mais profunda dos conceitos que orientam do Museu Afro Brasil.

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2.4.1 Apresentação

O Programa de Documentação e Arquivo acompanha os conceitos elaborados pela Curadoria do Museu Afro Brasil. Mais do que registrar e preservar, os esforços se voltam à organização, acessibilidade e divulgação da informação. Por isso, considera que qualquer documento pertencente ao acervo não significa informação, enquanto não estiver classificado e disponibilizado.

O Programa de Documentação insere-se juntamente com os Programas de Salvaguarda e Biblioteca, com o objetivo de salvaguardar a arte, memória e história da instituição. De todas as suas características, a mais importante é a salvaguarda da memória, e a possibilidade que oferece à reflexão sobre a história afro-brasileira.

O Programa prevê um enorme leque de ações que englobam a classificação e organização do Arquivo Institucional (Arquivo Intermediário) e sua passagem ao Arquivo Histórico. Também dentro de suas funções, encontra-se a administração de dossiês e/ou documentos (em seu mais amplo conceito) provenientes das mais diversas origens e sua extroversão. Documentos estes que possuam aspectos culturais, artísticos, religiosos (entre outros) e que reflitam ansiedades sociais, contribuindo assim para a compreensão das populações negras na sociedade brasileira. Estas ações serão desenvolvidas pelo Núcleo de Documentação e Arquivo.

2.4.2 Justificativa

Há muito tempo a instituição “Museu” deixou de ser um espaço estático, preocupada apenas em expor objetos. O dinamismo da informação – alavancada pelo advento da internet – exigiu mudanças no modo de extroversão de nossas instituições culturais. Oferecer informação qualificada e organizada é função do Núcleo de Documentação da instituição.

Assim como é função do Museu oferecer elementos a um novo olhar crítico, é função do Programa oferecer acesso organizado aos documentos que permitam essa reflexão. O Programa de Documentação e Arquivo está, portanto, seguindo o caminho da transparência da política museológica e arquivística. Estará proporcionando uma discussão pública sobre sua própria trajetória e seus dilemas. Estará partilhando seus conflitos e soluções na construção do conhecimento. Vem dessa forma de encontro à responsabilidade curatorial do Museu Afro Brasil, em produzir e veicular um saber da memória afro-brasileira, construindo e reconstruindo uma gama de significados, muitas vezes desvinculados do discurso histórico oficial.

Nesse contexto, uma das principais linhas condutoras do Programa de Documentação é a de desvelar aspectos dessa memória e dessa contribuição ainda obscurecida. Por isso, suas ações desenvolvidas pelo Núcleo de Documentação, estarão também em consonância com a aplicação da Lei 10.639/2003 no que respeita a valorização da história e cultura afro- brasileira através da produção de subsídios para a ampliação do estudo, conservação, divulgação desse patrimônio material e imaterial.

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Do ponto de vista técnico, justifica-se o investimento na gestão documental por vários motivos, entre outros:

 Fortalecimento da memória institucional, ao mesmo tempo em que insere a democratização e transparência no tratamento de documentos públicos;  Favorecer a tomada interna de decisões estratégicas, pela organização das informações documentais que as apoiem;  Criação de um polo captador e produtor de documentos relacionados à temática afro-brasileira, fortalecendo assim as relações de parceria institucionais e familiares com o universo afro.

O Museu Afro Brasil assume assim, a transparência política das modernas instituições museológicas, possibilitando – através da organização documental e difusão de informações – o livre acesso do público visitante à pluralidade cultural. A existência deste Programa e do Núcleo de Documentação e Arquivo garante essa vocação natural, educativa e democrática que todo museu deve possuir para desenvolvimento de seu papel cultural e social.

2.4.3 Objetivos

Um museu acumula naturalmente documentos de variadas tipologias no decorrer do empenho de suas atividades: documentos iconográficos, textuais, sonoros, manuscritos e audiovisuais, assim por diante, gerando consequentemente, arquivos institucionais e documentos museológicos, que farão parte da história da instituição.

De modo geral, o Núcleo de Documentação e Arquivo se destina a fazer o recolhimento, classificação, preservação e o fomento dessa grande quantidade de documentos produzidos em várias áreas do museu, organizando-os e transformando seu conteúdo em informação. Esse processo de trabalho passa por todas as etapas decorrentes da organização segundo parâmetros técnicos estabelecidos pela Secretaria da Cultura e pelo SAESP (Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo).

É responsabilidade do núcleo, fazer também a gestão institucional desse acervo arquivístico, apoiando a Curadoria e os demais setores do Museu ao criar subsídios para suas atividades técnicas e administrativas, permitindo também a disponibilização de fontes e referências para a criação de exposições, publicações, atividades educativas e atendimento a consulentes externos. Uma pesquisa que seja capaz de alimentar a demanda interna dos diferentes núcleos do museu, bem como possibilitar a comunicação de seus programas museológicos para o público em geral demonstra o compromisso com a diversidade e a atenção às especificidades que este museu possui como desafio.

Os objetivos específicos do Programa de Documentação e Arquivo podem ser traduzidos em ações que fazem parte da Gestão Documental da instituição. Essas ações são formadas pela classificação, conservação, acessibilidade e extroversão dos documentos, segundo exigências normativas da Secretaria da Cultura e da SAESP. Completam esses

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 63 objetivos, inúmeras outras ações que fazem parte das rotinas da gestão documental institucional e do Núcleo de Documentação, que serão descritos em detalhes adiante, mas que podem ser resumidas na classificação de documentos, inserção em Banco de Dados, digitalização, tratamento de documentos nato-digitais, formação de dossiês, criação de instrumentos de busca, apoio a pesquisa e produção de textos e periódicos.

O Programa do Núcleo de Documentação e Arquivo visa assim, atender não apenas necessidades internas de pesquisa, formação de exposições e tomadas de decisões administrativas (através de sua gestão documental), mas também as necessidades externas, tanto de pesquisadores pontuais, quanto de instituições e grupos familiares que necessitam suporte confiável para suas análises e depósitos legais.

A fim de bem desempenhar essas funções, as atividades do Núcleo de Documentação e Arquivo são diversificadas. Em relação ao acervo do museu, por um lado fornece dados para contextualização, por outro, promove o registro documental e histórico das peças, organizando- os metodologicamente em dossiês de eventos culturais, que poderão ser consultados a curto, médio e longo prazo.

2.4.4 Referencial Teórico e Aporte Metodológico

O tratamento e organização do arquivo institucional do Museu Afro Brasil utilizará como base procedimental a legislação e as normas técnicas específicas concernentes à natureza arquivística de um fundo oriundo de um equipamento público ligado à Secretaria de Estado da Cultura (Lei Federal nº 8.159, de 08/01/1991, decretos estaduais nº 48.897, de 27/08/2004 e nº 48.898, de 27/08/2004, Plano de Classificação de Documentos da Administração Pública do Estado de São Paulo: atividades-meio e atividades-fim e Tabela de Temporalidade de Documentos da Administração Pública do Estado de São Paulo: atividades-meio e atividades- fim). Já a gestão de coleções de arquivos privados e de outros conjuntos documentais deverá seguir os parâmetros técnicos e normativos desenvolvidos pela Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM) da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo.

Quanto aos conceitos e procedimentos gerais arquivísticos e documentais, a principal bibliografia e referências a serem utilizadas podem ser resumidas nas seguintes obras: Dicionário de Terminologia Arquivística (BELLOTTO; CAMARGO, 1996), Arquivos Permanentes: Tratamento documental (BELLOTTO, 2004) e Archivistica General: Teoria y practica (HERRERA, 1988). Parte da metodologia e da discussão conceitual necessária para a gestão do arquivo do museu partirá do livro editado por Deborah Wythe, Museum Archives: an introduction (2004), certamente a mais completa referência sobre o assunto já publicada, e do estudo de caso realizado em Administração informatizada de arquivos permanentes e centros de documentação: o caso da Pinacoteca do Estado de São Paulo (BEVILACQUA, 2008).

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Para o conceito e definição de parâmetros técnicos e procedimentos para Centros de Documentação deverá utilizar-se as proposições apontadas por Viviane Tessitore nos trabalhos Como implantar centros de documentação (TESSITORE, 2003) e Os arquivos fora dos arquivos: Dimensões do trabalho Arquivístico em instituições de documentação (TESSITORE, 2002), apoiadas por noções conceituais gerais desenvolvidas por Heloisa Liberalli Bellotto (2004) e Marilena Leite Paes (2005).

A operação de descrição de arquivos e documentos seguirá as indicações técnicas de André Porto Ancona Lopez (2002) e parte das normas colocadas pela ISAD(G) – Norma Geral de Descrição Arquivística (2001) e pela NOBRADE: Norma Brasileira de Descrição Arquivística (2006), respectivamente do Conselho Internacional de Arquivos e do Conselho Nacional de Arquivos (Arquivo Nacional). A metodologia utilizada como referência para tratamento dos arquivos pessoais parte basicamente das reflexões propostas pela obra Tempo e circunstância: a abordagem contextual dos arquivos pessoais, de Ana Maria de Almeida Camargo e Silvana Goulart (2007).

Já a criação e administração de sistemas de gestão e descrição arquivística e documental através de ferramentas eletrônicas, seguirá indicações e questões debatidas nos seguintes trabalhos: Gestão de Documentos Eletrônicos: uma visão arquivística (SANTOS, 2005), Gestión de Archivos Electrónicos (CASANOVAS, 2008), Arquivística: temas contemporâneos (SANTOS, 2007), Manual of Archive Description (COOK; PROCTER, 1989), Como descrever documentos de arquivo (LOPEZ, 2002) e Artigos especializados de Dollar (DOLLAR, 1994 e 2005) e Lopez (LOPEZ, 2003 e 2005) também devem referenciar a discussão sobre gestão eletrônica de arquivos.

A apresentação e abordagem dos conceitos de banco de dados, tecnologia da informação e sistemas de informação e gestão integrada, deverão partir basicamente dos estudos e perspectivas de Laudon (2007), Terra (2002) e Casanovas, cuja obra Gestión de Archivos Electrónicos (citado acima) é uma das poucas que trata a questão dos bancos de dados e sistemas informatizados de gestão de arquivos sob a necessária ótica de uma aplicação tecnológica e prática.

Do ponto de vista da necessária articulação e integração com áreas tecnicamente próximas do núcleo de documentação arquivística, caso da biblioteca e da museologia (documentação museológica), as obras utilizadas como referência serão Art museum libraries and librarianship (BENEDETTI, 2007), Gestão Museológica: Desafios e Práticas (MASON, 2004), Plano Diretor (DAVIES, 2001), Museum Registration Methods (DUDLEY & WILKINDON. 1979), El museo como instrumento de aprendizaje (LOOR, 1988), Museologia y patrimônio cultural: críticas e perspectivas (PNUD/UNESCO, 1980), além da já mencionada obra de Deborah Whyte.

Dentro os parâmetros conceituais gerais para dinamização de serviços de informação e pesquisa em museus, também serviriam de base os estudos e políticas apontados pelo I Encontro Paulista de Museus (organizado pelo Sistema Estadual de Museus da Secretaria de

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Estado da Cultura de São Paulo no Memorial da América Latina, 2009) e pelo I Seminário Internacional Arquivos de Museus e Pesquisa (organizado pelo Museu de Arte Contemporânea da USP e pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009).

Cabe mencionar que dada a existência fragmentária e rarefeita de bibliografia específica para alguns dos temas a serem abordados, parte da metodologia a ser utilizada no tratamento técnico de acervos documentais e arquivísticos deverá ser apoiada em experiências correlatas já existentes, como o caso do Arquivo Institucional do Museu Histórico Nacional, do Centro de Documentação e Memória da Pinacoteca do Estado de São Paulo e do Arquivo do Museu de Arte Contemporânea da USP.

Outras bem sucedidas experiências internacionais também deverão servir de referência técnica, como aquelas desenvolvidas pelos setores de arquivo e documentação das seguintes instituições: Brooklyn Museum (EUA), Tate Gallery (Reino Unido), Museum of Modern Art (EUA), Archives de la critique d’art (França), Fundación Espigas (Argentina), além do Eliot Elisofon Photographic Archives, iniciativa do National Museum of African Art (EUA). Outra parte do ferramental técnico necessário deverá ser desenvolvido pela própria equipe técnica da instituição, visando a criação de um sistema de tratamento técnico e serviço que responda às demandas específicas do Museu Afro Brasil.

2.4.5 Ações do Núcleo de Documentação e Arquivo

As ações do núcleo de Documentação e Arquivo estão em completo acordo com os objetivos gerais e específicos relacionados, uma vez que representam a própria forma de trabalho e organização da gestão documental e Programa e do Núcleo de Documentação do Museu Afro Brasil.

Além dos tópicos abaixo relacionados - que sintetizam as ações mais importantes - merece destaque a formação de dois tipos de Dossiês. Os dossiês nada mais são do que um “Conjunto de documentos relacionados entre si por assunto (ação, evento, pessoa, lugar, projeto), que constitui uma unidade de arquivamento”.

Os dossiês não são “Fundos” documentais, mas sim agrupamentos de documentos – no caso do Museu Afro Brasil – que possuem um evento ou pessoa como eixo motivacional. Dentro dessa perspectiva é que surgem os dois tipos de dossiês:

O primeiro deles proveniente das exposições e eventos realizados pelo Museu Afro Brasil. Esses dossiês reúnem a documentação administrativa do Museu, assim como folders, convites, listas de obras, trâmite alfandegário, orçamentos, entre outros. O segundo tipo de dossiê possui como eixo uma pessoa, artista ou personalidade, de relevância para a cultura afro-brasileira. Nesses dossiês pessoais, encontramos correspondências, diplomas, fotos, certificados, jornais, postais, revistas e todo tipo de documento que uma pessoa utilize ao longo de sua vida, em especial sua vida profissional.

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É importante ressaltar que ambos os dossiês são acessados ao público pesquisador através do Núcleo de Documentação, que se torna assim, o “cartão de apresentação” da instituição para assuntos de pesquisa e cultura. A única diferença entre os dossiês limita-se ao seu prazo de prescrição: enquanto os dossiês pessoais já chegam ao museu como documentos históricos, os dossiês de eventos necessitam respeitar os prazos de prescrição (por tratar-se de documentos institucionais) antes de serem acessados ao público.

Dentre as principais atribuições do Programa e do Núcleo de Documentação e Arquivo, podem-se citar os seguintes:

 Reunir e organizar os documentos intermediários das atividades Meio e Fim geradas pelos diversos Núcleos do Museu Afro Brasil;  Inserir a documentação em Banco de Dados;  Criar instrumentos de busca da informação, extraindo dos documentos as informações para formação de listas e guias temáticos;  Criar e controlar a formação de Dossiês de Eventos Culturais da instituição, e dossiês provenientes de terceiros, como base de incorporação para o acervo do Centro de Documentação;  Atualizar a Tabela de Temporalidade e Plano de Classificação do Museu Afro Brasil;  Servir como apoio a pesquisadores externos que buscam subsídios para o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos em variados níveis;  Fornecer suporte e elementos a equipes do museu para o desenvolvimento de projetos institucionais, com produção que visará o próprio desenvolvimento e ampliação do acervo;  Criar e controlar o Plano de Classificação e Tabela de Temporalidade do acervo documental, atribuindo o devido prazo de guarda e destinação aos documentos classificados;  Atender e administrar os parâmetros técnicos e requisitos legais estabelecidos pela Secretaria de Estado da Cultura e pelo SAESP (Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo) por meio da aplicação de suas respectivas normas técnicas e instrumentos jurídicos;  Preservar e divulgar a memória e a história da instituição;  Elaborar e atualizar a lista de vocabulário controlado, formado por termos específicos de registro;  Funcionar como um espaço de interlocução entre o público interessado, pesquisadores, visitante e colaboradores em relação às atividades desenvolvidas pelos diversos Núcleos;  Digitalizar documentos em seus mais variados suportes, visando sua preservação e manuseio adequado, dinamizando assim a solicitação dos mesmos interna e externamente;

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 Disponibilizar fontes de pesquisa para a produção de conhecimento científico;  Avaliação para descarte controlado de documentos;  Apoiar tecnicamente a administração do museu nas atividades de normalização e dinamização da produção e do trâmite documental institucional, auxiliando na organização e manutenção de um sistema de protocolo de documentos integrado com a Gestão Arquivística de Documentos;  Produção de textos, periódicos e boletins, segundo temáticas do Núcleo de Documentação, visando a extroversão da informação.  Sistematizar manuais necessários à normatização das ações e procedimentos específicos ao Núcleo.

2.4.6 Conservação do Acervo Arquivístico

A observação constante do estado físico dos documentos sob a responsabilidade do Núcleo de Documentação e Arquivo integra a programação realizada pela equipe de conservadores do Museu. Ao seguir as normas e procedimentos estabelecidos no Plano de Conservação, a conservação preventiva considerará a materialidade do documento, bem como o seu histórico de conservação registrado no Banco de Dados. Segundo a avaliação técnica do estado de conservação de cada documento, poderão ser executados pequenos reparos pela equipe do Museu ou a indicação e acompanhamento do serviço por equipe terceirizada especializada, priorizando, nesta avaliação, a manutenção da integridade física dos documentos.

Os documentos históricos encontram-se acondicionados, segundo normas técnicas, na Reserva Técnica quando não expostos na exposição de Longa Duração ou em exposições temporárias do Museu.

2.4.7 Extroversão da Documentação e Arquivo

Tão importante quanto preservar a memória e a história do Museu Afro Brasil, será a ação de extroverter a informação organizada no Núcleo de Documentação e Arquivo. Essa ação ocorrerá através de duas atuações distintas, mas pautadas no mesmo acervo:

A primeira está relacionada à função primeira de um arquivo histórico, que é a de possibilitar o acesso de seu acervo à pesquisa e consulta, orientando a investigação nas particularidades de seus documentos, dossiês e coleções.

Essa ação visa preencher necessidades as mais diversas, que estão relacionadas ao tema de interesse dos próprios pesquisadores (mestrandos, doutorandos, museólogos, documentalistas, jornalistas, historiadores, entre outros). A pesquisa histórica, para seu maior aproveitamento, deve ser feita com antecedência de informação, para que a equipe técnica possa avaliar e selecionar cada documento afim, independente de sua tipologia.

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A segunda situação evidencia um movimento contrário, pois está focada em ações de formação cultural e intelectual. Nela, as particularidades do acervo serão exploradas para a produção de seminários, palestras, workshops e cursos; além da produção de boletins, livros, artigos e guias analíticos do próprio acervo. Contudo, o foco da extroversão não será apenas voltado à exploração do acervo e de seu conteúdo histórico. A própria experiência na formação de um acervo arquivístico afro-brasileiro será pauta de extroversão, assim como os desafios de uma equipe técnica profissional em organizá-lo.

2.4.8 Manual de Arquivo Institucional (INTERMEDIÁRIO)

Apresentação

A criação de um Manual de Procedimento é etapa fundamental e relevante que garante o controle de documentos desde sua criação até sua destinação final. Para tanto, se faz necessária a normatização de condutas que padronizem os procedimentos a serem adotados na Gestão Documental e no atendimento de pesquisadores no Núcleo de Documentação.

O resultado deste esforço conjunto será a agilidade de recuperação e acesso da informação, proporcionando economia de tempo, espaço físico e maior eficácia nas tarefas da instituição.

Finalidade

Padronizar procedimentos de encaminhamento de documentos ao profissional técnico de arquivo, para classificação e arquivamento segundo exigências normativas da Secretaria da Cultura e da SAESP, visando atender as necessidades administrativas e exigências legais.

Objetivos

 Padronizar a transferência dos documentos para guarda do Arquivo Institucional;  Implantar a conscientização funcional sobre a necessidade de preservação dos documentos;  Implantar critérios de consulta e empréstimo de documentos.

Considerações

Arquivos de Departamentos: São de responsabilidade de seus setores, pelo prazo de um (1) ano. Nesses arquivos, estão os documentos temporários produzidos no ano corrente e de uso frequente.

Arquivo Institucional: Também chamado de Intermediário. É o setor que recebe e guarda os documentos departamentais quando encerram suas funções frequentes. Aqui permanecem disponíveis por um período maior de tempo, até serem encaminhados ao arquivo permanente (Histórico), quando de sua prescrição legal.

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Procedimentos

Formas de Arquivamento

Cada Departamento definirá a forma de organização de seus documentos de uso frequente, utilizando para isso as ordens alfabéticas, numérica ou cronológica segundo sua conveniência;

Após a transferência ao Arquivo Intermediário, os documentos departamentais receberam o tratamento e normas exigidos pela SAESP, permanecendo os mesmos disponíveis para consulta dos departamentos;

Recomenda-se o uso de Caixas de Arquivo tipo poliondas nessa fase da organização. Internamente, divisórias ou pastas que impeçam o dobramento dos documentos acondicionados;

Preserve os documentos. Não rabisque, não rasgue, mantenha-os longe de alimentos; evite guardá-los em locais úmidos ou empoeirados. Fique sempre atento ao surgimento de fungos e insetos.

Recebimento do Documento pelo Arquivo Intermediário:

Toda solicitação de coleta departamental de documentos para o Intermediário, deverá ser realizada primeiramente por mensagem eletrônica;

Para a transferência de documentos ao Arquivo Intermediário, solicita-se antecipadamente comunicar o volume de caixas existentes;

A transferência imediata dependerá da disponibilidade de espaço físico no Arquivo Intermediário;

Não serão aceitos pelo Arquivo Intermediário, os documentos do ano corrente;

Os documentos entregues devem estar acondicionados em caixas poliondas oi pastas, e com identificação sumária de seu conteúdo;

Temporalidade de Guarda dos Documentos:

A Tabela de Temporalidade criada para o Museu Afro Brasil, tem por finalidade, o controle de guarda e descarte de documentos, respeitando as normas da SAESP e a legislação vigente.

Consulta:

A consulta ao Arquivo Intermediário é livre aos funcionários do Museu Afro Brasil, bastando para isso contatar antecipadamente via telefone ou e-mail, fornecendo os dados desejados do documento solicitado;

O Arquivo Intermediário reserva o direito de vetar o uso de documentos cuja importância não seja pertinente ao departamento que o solicita;

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O funcionário poderá consultar documentos referentes a outros setores que não o seu, mediante autorização por escrito do departamento produtor original;

A pesquisa no Intermediário só é permitida para não funcionários mediante avaliação e pertinência do pedido em relação ao objeto pesquisado, e devida comunicação à Diretoria Executiva ou Administrativa do Museu Afro Brasil;

Empréstimo:

Para tomar por empréstimo os documentos do Arquivo Intermediário, os funcionários devem preencher o Formulário de Solicitação de Documentos existente em anexo neste Manual;

O prazo de empréstimo é de 15 dias corridos, podendo ser prorrogado em caso de necessidade;

O documento original será emprestado somente em caso de não haver versão digitalizada do mesmo. Em caso da não existência de versão digital, o documento será entregue pessoalmente;

O solicitante deve se responsabilizar pela integridade dos documentos, não sendo permitido danificá-lo, nem desviar anexos pertencentes ao mesmo.

Documentos em Formato Digital:

O Arquivo Intermediário disponibiliza espaço para guarda de mídia digital, e prioriza o seu manuseio no caso de solicitação de pesquisa. Os arquivos digitais são divididos em nato digitais (nasceram em formato digital) e digitalizados (originais em papel, transformados em formato digital).

Outros Materiais:

Materiais como cartazes, porta retratos, troféus, objetos tridimensionais, quadros, folhinhas, banners e similares não devem ser encaminhados ao Arquivo Intermediário;

Convites de eventos e folders de exposições podem ser encaminhados ao Arquivo Intermediário, e respeitarão seus prazos de guarda.

Formulários Utilizados

Todos os formulários necessários para entrega e solicitação de documentos, assim como os designados para eliminação e transferência dos mesmos, encontram-se ao final deste Manual.

São eles:

 Espelho de Caixas;  Formulário de Solicitação de Documentos;  Listagem de Eliminação;

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A observação dos requisitos deste Manual é de fundamental importância para garantir a padronização e integração entre os departamentos e o Arquivo Institucional do Museu Afro Brasil; garantir a integridade dos documentos e respeitar as normas designadas pela SAESP. Em caso de dúvida, deve-se consultar o técnico em documentação responsável pelo núcleo.

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ANEXOS

ESPELHO DE CAIXA O espelho de caixa é utilizado pelo Intermediário para identificara Função, Sub-função, Atividade, Série Documental e número de classificação; além de data baliza.

INTERMEDIÁRIO – MEIO

GRUPO 01

Organização Administrativa

(Série Documental) (classificação)

Obs: É aconselhável que os espelhos das caixas não ultrapassem as dimensões de 12 x 15 cm.

FORMULÁRIO DE SOLICITAÇÃO DE DOCUMENTOS

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LISTA DE ELIMINAÇÃO

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2.5 Programa de Biblioteca

Carolina Maria de Jesus Autoria: Audálio Dantas

A Biblioteca Carolina Maria de Jesus oferece ao público o acesso a um acervo bibliográfico que considera a perspectiva afro-brasileira na constituição da arte, da cultura e da história nacional, além de títulos sobre a história e as culturas africanas, bem como aqueles relacionados às sociedades afro-atlânticas em diferentes períodos históricos.

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2.5.1 Apresentação

Em consonância com a missão do Museu Afro Brasil, a Biblioteca Carolina Maria de Jesus oferece ao público o acesso a um importante acervo bibliográfico que considera a perspectiva afro-brasileira na constituição da arte, da cultura e da história nacional, além de títulos sobre a história e as culturas africanas, bem como, sobre as sociedades afro-atlânticas em diferentes períodos históricos.

Um conjunto de publicações doadas por Emanoel Araujo deu origem à Biblioteca e, mais tarde, no processo de qualificação da AMAB como Organização Social, houve a doação feita por ele de mais de dois mil títulos do acervo da Biblioteca Carolina Maria de Jesus para o Estado de São Paulo.

Atualmente, o acervo é de cerca de 11.000 publicações entre livros, catálogos, cartazes, calendários, convites, folhetos, teses, artigos de revistas, separatas, periódicos etc.

A biblioteca possui publicações do século XIX e algumas com edições limitadas, o que as tornam especiais ou mesmo raras. Várias delas encontram-se digitalizadas e disponíveis através do Catálogo online no site do Museu.

A hemeroteca, composta de recortes de jornais e revistas, é guardiã de informações preciosas. É fonte de pesquisa sobre história, cultura africana e brasileira, destacando a importância da população negra na sociedade brasileira desde a escravidão até os dias atuais.

Periódicos que se destacam na coleção são: Correio da , Voz da Raça, etc. Em muitas oportunidades a informação contida na hemeroteca complementa as extraídas dos livros, catálogos, e outras publicações.

O público também encontra na biblioteca informações sobre a presença constante de personalidades negras em diferentes períodos da história do país, nas diversas áreas do conhecimento: medicina, direito, arte, urbanismo, engenharia, arquitetura, educação, psicanálise, geografia, história, sociologia, literatura, religião, culinária, modos de vida, entre outras.

2.5.2 Justificativa

Por muito tempo, as bibliotecas de museu tinham como propósito fornecer documentação sobre os objetos/obras do museu, consistindo em um instrumento de esclarecimento e de apoio bibliográfico aos profissionais do museu, não sendo aberta à consulta do público em geral.

Atualmente, as bibliotecas dos museus assumiram um diferente papel na área da pesquisa e educação. Abertas ao público, proporcionam suporte e ampliação de conteúdos sobre as coleções dos acervos, bem como seus desdobramentos em diversas áreas do conhecimento.

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O público em geral, pesquisadores e educadores, assim como os profissionais de museus, encontra nessas bibliotecas a possibilidade de pesquisa em catálogos ou em bibliografia especializada, ampliando os recursos de investigação científica.

De todo modo, a biblioteca de museu aprofunda os conteúdos que organizam os acervos da instituição, bem como os temas das exposições temporárias.

No caso da Biblioteca Carolina Maria de Jesus, sua função é primordial, pois oferece ao público um conjunto de informações e conhecimentos que evidenciam a matriz negro- africana na construção da história e cultura nacional. A ousadia do Museu Afro Brasil em fazer uma revisão da história do país, sob a perspectiva afro-brasileira, é compartilhada pelos títulos que sua biblioteca disponibiliza ao público.

Do mesmo modo que os pesquisadores, os educadores encontram na biblioteca subsídios fundamentais para a compreensão da história, cultura e arte brasileiras, sob uma visão mais abrangente.

2.5.3 Objetivos

 Apoiar e orientar ações de pesquisa e educativas junto ao público geral e especializado, do Museu Afro Brasil e de instituições correlatas.  Difundir o patrimônio literário produzido por escritores negros.  Circular informação que aprofunde temas relativos à presença negro-africana na identidade nacional, em suas múltiplas dimensões.  Adquirir, preservar, organizar e difundir acervo bibliográfico relativo à arte, cultura, história e memória do negro brasileiro e das sociedades afro-atlânticas.  Intensificar o intercâmbio entre bibliotecas afins.

2.5.4 O acervo

O acervo da Biblioteca Carolina Maria de Jesus reúne em torno de 12.900 publicações entre livros, catálogos, cartazes, calendários, convites, folhetos, teses, artigos de revistas, separatas, periódicos, CDs, DVDs, etc., incluindo, neste total também, uma hemeroteca.

É especializado em temas como escravidão, tráfico atlântico, abolição no Brasil, América Latina, Caribe e USA. A cultura e memória afro-brasileiras se encontram contempladas com publicações sobre: artes plásticas, cinema, costumes, culinária, economia, imprensa, literatura, música, política, religião, teatro, expressões culturais etc., destacando personalidades e processos históricos e culturais que evidenciam o protagonismo da população negra na história nacional até os dias de hoje.

O tratamento técnico utilizado na documentação do acervo bibliográfico obedece aos critérios internacionais previstos na CDD (Dewey Decimal Classification); AACR2 (Código de Catalogação Anglo-Americano), e na Tabela Cutter-Sanborn Three-Figure Author Table,

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 77 embora a biblioteca não realize empréstimo de livros para o público em geral, seu acervo está disponível no site do Museu, por intermédio do Catálogo on-line – Sistema de Controle Bibliográfico – PHL, permitindo a consulta aos títulos indexados e a 20 títulos digitalizados de obras raras para leitura ou download.

As coleções doadas à biblioteca são higienizadas, catalogadas, indexadas e disponibilizadas para consulta.

2.5.5 Documentação do Acervo

A documentação segue um processo contínuo de organização do acervo bibliográfico físico e virtual (livros, catálogos, periódicos, cartazes, convites, DVDs, CDs, etc.), incluindo leitura diária de jornais, ação que alimenta a hemeroteca. As publicações recebidas são imediatamente carimbadas e registradas. Após leitura técnica e verificação da sua pertinência temática, a publicação é indexada no Catálogo online – Sistema de Controle Bibliográfico – PHL. A contagem do acervo é realizada sistematicamente.

2.5.6 Conservação do Acervo

A conservação do acervo bibliográfico segue as diretrizes e normas técnicas do Plano de Conservação do Museu. O diagnóstico sobre o estado de conservação do acervo é realizado e acompanhado regularmente, gerando relatórios trimestrais. A higienização das publicações é acompanhada pelos profissionais de conservação do Museu e executada por serviço especializado terceirizado. Os pequenos reparos e encadernações também seguem o mesmo processo.

2.5.7 Diálogos com outras instituições

A Biblioteca Carolina Maria de Jesus tem o compromisso de estabelecer o diálogo com bibliotecas de museus afins e com bibliotecas que tenham temas correlatos ao do Museu, tanto nacionais como internacionais. A solicitação de indicações de pesquisa, feitas pelo público, sobre temas que organizam o acervo museológico, arquivístico e bibliográfico recaem inúmeras vezes sobre a biblioteca. Por isso, é fundamental a ampliação de referências temáticas como resultado da conexão com outras bibliotecas ou centros de pesquisa.

Se por um lado, a parceria com bibliotecas renomadas fortalece os serviços prestados ao público, a parceria com bibliotecas comunitárias cumpre o objetivo de ampliar os recursos e repertórios que essas bibliotecas podem desenvolver, expandindo assim a sua função primordial. Projetos vinculados a esses dois objetivos no estabelecimento de parcerias integram este Programa.

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Pesquisadores, bibliotecários, professores, estudantes, pesquisadores, educadores são o púbico usuário da biblioteca.

2.5.8 Ações integradas a outros Núcleos do Museu

A interação permanente com núcleos do Museu proporciona a realização de atividades que enriquecem o caráter de extroversão da biblioteca. As sessões de histórias contadas em conjunto com Núcleo de Educação, lançamentos de livros, realização de encontros e seminários integram a programação da biblioteca em diálogo com os demais núcleos do Museu.

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2.6 Programa de Pesquisa

Objetivação do corpo Autoria: Eustáquio Neves

Baseando-se nos conceitos e diretrizes elaboradas pela Curadoria do Museu Afro Brasil para as exposições do Acervo e para as exposições temporárias o Programa de Pesquisa visa investigar e tornar explicita a contribuição dos africanos e afro-brasileiros à sociedade.

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2.6.1 Apresentação

O Programa de Pesquisa visa investigar por meio de levantamento de materiais textuais e iconográfico a contribuição dos africanos e afro-brasileiros à história e à cultura do Brasil. Tendo em vista que sua referência se baliza em dois acervos, o museológico e arquivístico, as atividades propostas para o Programa de Pesquisa desenvolvem-se de acordo com os seguintes planos: a) levantamento de material de natureza textual ou iconográfica sobre o acervo e sobre temas das exposições temporárias; b) a produção de materiais de apoio que apresentem os resultados de pesquisas subsidiando diferentes finalidades seja expositivas ou educacionais; c) realização de estudos originais sobre os acervos museológico e documental extraídos de fontes documentais, museológicas e arquivísticas que incluem análises, sínteses, cruzamentos e compilações de outros dados de pesquisa.

Por intermédio do Núcleo de Pesquisa, o Programa abriga atividades de investigação, preservação e registro das múltiplas dimensões culturais, tecnológicas, artísticas, religiosas, entre outras, recolhidas e estudadas a partir de bibliografias especializadas e de diferentes fontes de pesquisa, primárias e secundárias. Os esforços se enquadram, portanto, na seleção ou produção de textos com temáticas relacionadas ao acervo museológico e aos temas das exposições temporárias, assegurando, ao mesmo tempo, sua manutenção e a extroversão de sua memória.

2.6.2 Justificativa

Diferentes períodos históricos da arte e da memória nacional, sob a perspectiva afro- brasileira, estão representados no acervo do Museu, o que torna sua manutenção como patrimônio da nação uma missão inquestionável. É preciso considerar neste Programa um duplo desafio: por um lado, a densidade conceitual do Museu Afro Brasil, que implica no rigor do estudo sobre as suas obras e documentos considerando os contextos histórico, antropológico e artístico. Por outro, ao observarmos a composição do acervo do Museu Afro Brasil percebemos que se trata de um acervo com curto tempo de consolidação, como acervo museológico e documental, existe há pouco mais de uma década, por isso mesmo o Museu requer um trabalho de pesquisa que dê conta desta amplitude.

Em relação ao acervo, por exemplo, este Programa, por intermédio do Núcleo de Pesquisa visa analisar e aprofundar as narrativas curatoriais, efetuando o estudo bibliográfico, iconográfico e documental das tradições africanas e afro-brasileiras. Sendo assim, sua importância está associada à memória e à reflexão da experiência afro-atlântica, marcada por inúmeros equívocos na historiografia oficial. Uma vez que o Museu Afro Brasil tem a responsabilidade simultânea de produzir e veicular dados sobre a cultura afro-brasileira, muitas vezes ocultos ou desvinculados do discurso histórico, o Programa tem a relevância de difundir interna e externamente os resultados teóricos destes estudos específicos voltados para a valorização da matriz africana na constituição do Brasil.

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O trabalho a ser desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa justifica-se mais ainda porque alguns destes estudos passam à margem dos estudos acadêmicos, tais como o conhecimento biográfico de inúmeras personalidades negras, estudos de arte africana e afro-brasileira, a influência da religiosidade afro-brasileira nas artes plástica entre outras.

Essa herança cultural, articulada em memória africana e afro-brasileira dentro dos contextos históricos e estéticos será examinada, documentada e, por fim, encaminhada para a organização documental do Museu, além de gerar ações de extroversão dos conteúdos produzidos.

O Programa de Pesquisa detém uma importância particular dentro da proposta do museu, pois assume o desafio de revelar, por meio de métodos consistentes, o legado da herança africana à cultura brasileira em seus diversos âmbitos, resgatando aquelas memórias historicamente marginalizadas ressaltando a competência artística e tecnológica africana e afro-brasileira, tornando público o acervo museológico e documental em linguagem adequada aos visitantes do Museu e aos leitores de suas publicações.

Nesse contexto, justificam-se as tarefas do Programa a serem realizadas através do Núcleo de Pesquisa a partir de suas principais linhas condutoras que são a elucidação e o desvelamento de aspectos dessa memória e dessa contribuição obscurecidas, investigando sua singularidade e difundindo o resultado da pesquisa ao público. Por este motivo, as ações do Núcleo de Pesquisa estão também em consonância com a aplicação da Lei federal 10.639/2003 no que respeita a valorização da história e cultura afro-brasileira através da produção de subsídios para a ampliação do estudo, conservação e divulgação desse patrimônio material e imaterial.

Em relação às exposições temporárias, principalmente aquelas que iluminam e destacam temas do acervo, o Programa tem a responsabilidade de intensificar, produzir e veicular um saber da memória afro-brasileira, construindo e reconstruindo uma gama de significados, muitas vezes desvinculados do discurso histórico oficial.

2.6.3 Objetivos Gerais

Do ponto de vista de seus objetivos gerais o Programa de Pesquisa prevê o desenvolvimento de atividades de estudos dos acervos museológico, bibliográfico, documental (textual, sonoro, audiovisual) e iconográfico, gerando consequentemente, arquivos institucionais e documentos museológicos, que farão parte da história do Museu.

Assim, tomando como princípio o próprio acervo do Museu Afro Brasil, seus diferentes eixos e desdobramentos temáticos, os pesquisadores deverão coletar, selecionar, organizar e apresentar materiais que fornecem informações de contextualização histórica, antropológica e estética às obras e documentos das coleções, elucidando suas múltiplas dimensões enquanto articuladas à diversos âmbitos sociais e culturais. Além disso, devem fornecer subsídio para as

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 82 exposições temporárias, baseando-se no projeto curatorial para realizar o levantamento de informações e o aprofundamento de temas relacionados a elas.

2.6.4 Objetivos Específicos

A fim de bem desempenhar as funções previstas no Programa, as atividades do Núcleo de Pesquisa são diversificadas. Em relação ao acervo, fornece dados de contextualização a respeito das obras e de seus autores e desenvolve projetos de pesquisa que aprofundam questões relativas aos eixos temáticos que organizam o acervo, observando também dimensões da cultura e da história afro-brasileira, ainda não contempladas nas coleções do acervo do Museu. Ao mesmo tempo, promove o registro documental e histórico das obras, organizando-os metodologicamente em arquivos, a serem incorporados também no Banco de Dados do Museu, que poderão ser consultados a curto, médio e longo prazo.

No tocante às exposições temporárias, auxilia no levantamento de informações, produção de textos e na elaboração dos catálogos; também é responsável por colaborar com o Núcleo de Educação na seleção e elaboração de materiais de apoio à ação educativa; com o Núcleo de Salvaguarda balizando teoricamente e alimentando seus bancos de dados com informações relevantes e outros resultados de pesquisa; com a Curadoria apoiando o curador seja no planejamento, em novas ideias expositivas e editoriais, tradução, elaboração e revisão de textos curatoriais; e por fim, o Núcleo atua ainda junto à documentação fomentando a memória institucional e social com a criação de conteúdos e realizando avaliação técnica de doações que farão ou não parte do acervo documental.

Sua interface com o público é realizada por meio de ações de divulgação do acervo (em publicações impressas ou no portal virtual do Museu Afro Brasil) e do atendimento direto a pesquisadores externos, sugerindo fontes de pesquisa e elucidando dúvidas em consultas físicas, junto à Biblioteca Carolina Maria de Jesus, e em consultas virtuais.

Dentre as principais atribuições do Núcleo de Pesquisa, podemos citar as seguintes atividades:

 Resgatar e conservar a memória marginalizada e historicamente excluída das formas consagradas e “oficiais” de consciência histórica do Brasil;  Elucidar e desvelar aspectos dessa memória e dessa contribuição obscurecidas, investigando sua singularidade e difundindo o resultado da pesquisa ao público;  Servir como apoio a pesquisadores externos que buscam subsídios para o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos em variados níveis;  Fornecer suporte e elementos a equipes do museu para o desenvolvimento de projetos institucionais, com produção que visará o próprio desenvolvimento e ampliação do acervo;  Preservar e divulgar a memória e a história da instituição;

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 Produção de subsídios para a ampliação do estudo, conservação, divulgação do patrimônio material e imaterial manifestado na cultura brasileira, vista sob a perspectiva afro-brasileira.  Realizar o levantamento de informações e o aprofundamento de temas relacionados ao acervo e às exposições temporárias;  Disponibilizar fontes de pesquisa para a produção de conhecimento científico;  Fornecer dados de contextualização a respeito das peças museológicas, de sua origem e de seus autores;  Coletar, organizar, referenciar, disseminar e publicar informações sobre a cultura e a arte afro-brasileira por meio da pesquisa, divulgação e extroversão do acervo;  Funcionar como um espaço de interlocução entre o público interessado, pesquisadores, visitantes e colaboradores em relação às atividades desenvolvidas pelos diversos Núcleos;  Promover parcerias e intercâmbios com instituições de pesquisas e ensino tanto no Brasil quanto no exterior, cujas temáticas sejam comuns às do Museu Afro Brasil;  Promover seminários, encontros e palestras de divulgação e discussão de resultados de pesquisas relativos à temática do Museu

2.6.5 Linhas de Ação

As linhas de ação que orientam este Programa estão em consonância com aquelas que deram origem ao acervo, considerando suas especificidades de abordagem: história, memória e arte. Para uma ampla realização dos propósitos do programa, são três as linhas de ação fundamentais que orientam o trabalho do Núcleo de Pesquisa. 1- Uma linha de estudos do acervo- aprofundamento da investigação sobre acervo naquilo que ele já tem em suas áreas temáticas; 2- Uma linha de estudos complementares- que complemente os aspectos não abordados pelo Museu e por fim 3- Uma linha de difusão- que permita a extroversão dos resultados de pesquisa.

1. Estudos sobre o acervo: seriam aqueles que visam dar uma maior compreensão dos conteúdos suscitados pelo acervo, sendo desenvolvidos caso a caso, a partir dos diferentes núcleos expositivos. São abordados nestes estudos as diversas áreas temáticas tais como as artes da África; as festas populares; artes plásticas em geral desde do barroco, passando pela popular até a arte contemporânea; as religiosidades do catolicismo popular, africanas e afro-brasileiras; o trabalho e a escravidão, personalidades negras, entre outros.

2. Estudos complementares: A natureza do acervo do Museu afro Brasil admite uma pesquisa infindável. O conteúdo explícito em milhares de obras não é suficiente para

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abarcar todas as manifestações culturais desenvolvidas pelas populações africanas e afro-brasileiras ao longo da história do país. Desse modo, os estudos sobre as múltiplas representações desta cultura que por diversos motivos ainda não são tratados no Museu devem ser mesmo assim vistos como um importante material de trabalho de pesquisa. Citamos como exemplo, o número excepcional de personalidades e artistas negros não abarcados na expografia. Mas destacamos também a urgência de se investigar as manifestações culturais como o “bambelô”, “Moçambique”, as danças tradicionais, a linguística, a culinária e os instrumentos afro- brasileiros, além das manifestações religiosas tais como a Kimbanda, a Cabula do Espírito Santo, o Omoloko do Rio de Janeiro e Minas Gerais, o Batuque do Rio Grande do Sul, o Tambor de Mina e o Terecô do Maranhão, entre outras inúmeras atividades afro-brasileiras ainda não contempladas nem no acervo ou mesmo em exposições temporárias nestes primeiros 10 anos do Museu Afro Brasil.

Eis a necessidade da criação de projetos para reunir o que não está presente no Acervo e assim dar subsídios para compreensão da importância e grandiosidade dessas manifestações para o país. O Museu Afro Brasil tem criado condições para que o Núcleo de pesquisa possa resgatar e sistematizar algumas dessas manifestações e o programa do Núcleo de pesquisa aponta para a formalização desses registros.

3. Difusão de Conteúdos: A ação de extroversão prevista no Programa de Pesquisa provém da própria natureza do Programa. O conhecimento precisa circular para ser consagrado como tal. As produções de conhecimento geradas a partir das ações empreendidas pelos pesquisadores do Museu e, por parcerias firmadas estabelecem tanto o apoio à documentação de seu acervo, como o compartilhamento de seus conteúdos em variados meios. A exemplo disso, se pode citar a difusão pelo Portal Virtual do Museu, Livros, entrevistas, artigos com publicação digital interna, impressa em catálogos e folhetos do Museu ou em imprensa externa. Estão incluídos na difusão os estudos sobre obras e documentos que estão no museu, mas que podem encontrar material fora dele, por exemplo, o acesso aos arquivos pessoais dos artistas, entre outras formas de extroversão, por exemplo, o atendimento a pesquisadores, na interrelação com o público interessado e na criação de protocolos de cooperação entre instituições. Assim, o Núcleo de pesquisa se propõe realizar a extroversão de conteúdos: a. Atendendo pesquisadores e estudantes de diferentes instituições nacionais e internacionais, tanto presencial como virtualmente, na medida da sua capacidade de atendimento e, seguindo protocolos estabelecidos pelo Núcleo. b. Produzindo textos para exposições, catálogos, portal virtual, edições de revista, entre outras publicações. c. Produzindo publicações específicas para finalidades diversas como a investigativa e a educativa.

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d. Propondo e participando de seminários, cursos e palestras tanto no Brasil como no exterior. e. Prestando consultoria a instituições que detém significativo acervo sobre a história, a memória e de arte afro-brasileira.

2.6.5.1 Planos e Projetos de Pesquisa

Sobre os Planos de Pesquisa

Para realizar as investigações relativas às linhas de ação estabelecidas, é necessário ampliar e estabelecer relações de trabalho. Desse modo, dois planos de pesquisa organizam este Programa:

1. Plano Interno de pesquisa: Pesquisas realizadas diretamente pelos profissionais especializados do Núcleo de Pesquisa, que é composto por equipe multidisciplinar, devido ao caráter e natureza conceitual da instituição.

2. Plano de Pesquisa em Parcerias: Pesquisas realizadas por intermédio de parcerias estabelecidas em convênios e termos de cooperação técnica ou acadêmica, com instituições nacionais e internacionais, visando estimular novas investigações colaborativas entre instituições com acervo similares. O interesse predominante desses convênios ou cooperações técnicas de pesquisa é o cruzamento de informações relevantes sobre obras do Museu que possuam correspondência ou equivalência histórica, artística (visual ou material), entre outros aspectos com semelhança e dessemelhança em relação a obras de outras instituições.

Sobre os Projetos de Pesquisa

Este Programa apresenta três projetos inaugurais:

1. Índice Biográfico e Cultural de Artistas do Acervo

2. Personalidades do Núcleo História e memória

3. Arte africana e afro-brasileira: diálogos entre acervos

1. Índice Biográfico e Cultural de Artistas do Acervo

A principal finalidade do Índice Biográfico e Ilustrado de artistas é o de elaborar e implementar um guia online de referências a respeito dos artistas e obras do acervo, e disponibiliza-lo no portal virtual do museu. Este projeto se propõe a conceber a trajetória de cada artista como uma narrativa em que se articulam múltiplos aspectos da vida histórica e social de sua época, um cruzamento de dimensões históricas de significado (DILTHEY, 1944), transcendendo uma concepção puramente individual da biografia. Encarada dessa forma, a

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 86 biografia se torna uma ferramenta, em escala microhistórica, para a elucidação de fenômenos sociais mais amplos (GINZBURG, 1987). Isso não significa que as trajetórias individuais sejam meros decalques de “tipos” ou “categorias” sociológicas gerais; pelo contrário, elas desenvolvem uma relação complexa com seus contextos históricos, de afastamento e aproximação em relação a tendências gerais.

Com base nessas premissas, esse projeto propõe uma abordagem a respeito dos artistas do acervo que articule a especificidade de suas trajetórias particulares com processos históricos mais amplos envolvendo as populações afro-brasileiras, e que contemple o caráter plurifacetado da memória social com que dialogam e a partir da qual elaboraram suas propostas estéticas. A diversidade dessa memória foi frequentemente minimizada, desqualificada ou simplesmente ignorada pelas instituições artísticas oficiais, ancoradas numa concepção eurocêntrica da História da Arte.

Por isso, este índice não deve se ater apenas à trajetória individual dos artistas no interior das instituições oficiais (sua educação artística formal, as exposições das quais participaram, os prêmios oficiais que amealharam, as instituições que adquiriram e expõem sua produção), devendo abordar sua relação com uma tradição mais ampla (expressa na religiosidade, nas festas, na culinária e na cultura popular de uma forma geral). O percurso individual dos artistas no interior das instituições artísticas constitui um elemento importante de sua trajetória e não será ignorado, mas deverá ser contemplado como uma entre outras dimensões, mostrando como, em muitos casos, as instituições circunscreveram o desenvolvimento de sua obra, quer no sentido da adequação de suas tendências estéticas aos estilos artísticos socialmente prestigiados, quer no sentido do direcionamento de sua produção por um mercado consumidor de obras de arte portador de preferências específicas. Assim sendo, este índice não poderá ser apenas “biográfico”, devendo converter-se também em um índice “cultural” da produção artística afro-brasileira.

Este projeto propõe uma forma de organizar as informações a respeito dos artistas que não se fundamente exclusivamente em critérios superficiais. Em primeiro lugar, é interessante abarcar outras informações de contextualização que ultrapassem o âmbito meramente individual da biografia. Informações adicionais sobre as tendências estéticas às quais se filiaram, sobre as instituições que frequentaram, sobre as tradições e manifestações da cultura popular com as quais se relacionaram e sobre as variadas recepções de sua obra oferecem um contexto mais rico e complementam as informações para além de uma perspectiva “oficial” ou meramente individual. Os verbetes trazem, sempre que possível referências a respeito da recepção da obra de cada artista pela crítica especializada.

Na medida em que se reconhecem também relações entre os artistas e manifestações culturais ou processos históricos que os transcendem, propõe-se que essa vinculação possa ser virtualmente acessada e reconstruída por meio de uma estrutura de links, num modelo hipertextual não-linear. Tomemos o exemplo de Rubem Valentim para exemplificar em pequena escala o funcionamento de uma tal ferramenta: já que sua obra cruza a estética da

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 87 arte concreta com a iconografia religiosa dos cultos afro-brasileiros (FONTELES; BARJA, 2001), o visitante poderia obter uma comparação, lado a lado, de exemplares de ambas (ressaltando suas aproximações e distinções), podendo ainda acessar, por links, textos complementares sucintos que apresentem essas duas dimensões relacionadas a sua obra. Ao acessar o texto a respeito da iconografia religiosa afro-brasileira, por exemplo, ele ainda teria acesso a links para outros artistas cujas obras estejam vinculadas à mesma estética. Segue um exemplo ilustrativo de um dos possíveis caminhos a percorrer nessa estrutura hipertextual pelo visitante:

Rubem1- B Agnaldo Valentim iografia O Arte dos Santos Me bra concreta Iconografia stre Didi Ronal religiosa afro- do Rêgo brasileira Pierr

e Verger Hélio Oliveira

Caso optasse por se concentrar na arte concreta (ou eventualmente na região onde o artista esteve ativo, nas instituições que frequentou, na religião que professava etc.), o visitante poderia trilhar um caminho diferente de hiperlinks e descobrir outras relações possíveis entre Rubem Valentim e os demais artistas do acervo. Potencialmente, cada aspecto abordado em cada verbete poderia ser posteriormente desdobrado em uma nova entrada ao índice, adicionando mais uma camada de conteúdo e mais interligações com outras entradas.

Com isso, na prática, cada artista teria associada a si uma série de tags (rótulos, em linguagem da web) que podem ser usados para buscar possíveis associações com outros artistas e fenômenos culturais representados no acervo, seja por meio de links, seja por um sistema de busca que permita ao visitante identificar os artistas vinculados aos tags que ele procura (por exemplo, todos os artistas relacionados à “Academia Imperial de Belas Artes” ou a “maracatu”). Assim sendo, a abordagem de cada artista se daria por meio de múltiplas camadas de significação que poderiam ser separadas e rearticuladas de acordo com os interesses do visitante.

Desse modo, proporciona uma estrutura que permite uma apreensão mais ampla das obras contempladas no acervo do Museu Afro Brasil, e mais condizente com a natureza híbrida e multidisciplinar de sua proposta curatorial. O visitante do índice biográfico e cultural de artistas teria uma experiência não-linear, análoga (embora não idêntica) àquela proporcionada pela visita física ao museu (que permite uma multiplicidade de relações narrativas entre as obras e materiais expostos). Uma integração com outras ferramentas da web, como a possibilidade de que os visitantes divulguem e comentem partes específicas desse material em

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 88 redes sociais (Facebook, Twitter, Yahoo!, Google, Flickr etc.), potencializaria ainda mais a divulgação do acervo.

2. Personalidades do Núcleo História e Memória

Este projeto é constituído de mini-biografias de personalidades negras que são ou foram importantes para a história do país. Ele disponibiliza essas mini-biografias aos usuários do portal virtual do museu ressaltando a competência da atuação de negros e negras em diversas áreas da história e cultura nacional. Dentre os biografados, estão artistas de diferentes linguagens, políticos, psiquiatras, engenheiros, escritores e intelectuais que se destacaram no cenário nacional. No Museu, estas personalidades estão presentes através de uma galeria de fotografias que incluem textos do Núcleo expositivo intitulado “História e Memória”, que compõe a Exposição de Longa Duração.

Neste núcleo expositivo, encontra-se contemplado fotografias e documentos biográficos que explicitam a trajetória de escritores como Lima Barreto, autor do livro "O Triste Fim de Policarpo Quaresma"; de artistas como a bailarina Mercedes Baptista e o músico Pixinguinha, além de outros notáveis como Theodoro Sampaio, importante geógrafo e arquiteto cujo nome foi atribuído, em sua homenagem, a uma conhecida rua de São Paulo. Neste índice, em constante ampliação e atualização, o visitante encontra minibiografias que enfatizam e contextualizam as realizações e as trajetórias de vida destas admiráveis figuras da história brasileira.

3. Arte africana e afro-brasileira: diálogos entre acervos

O Projeto Arte africana e afro-brasileira: diálogos entre acervos nasce da premência em se estabelecer cooperações técnicas e acadêmicas entre acervos museais e bibliográficos correlatos aos acervos do Museu e a sua natureza conceitual, pelo qual, se pretende estabelecer a história de suas coleções e relações existentes entre peças de seu acervo e o de outras instituições. Sendo assim, o projeto em parceria vem suprir uma necessidade museológica de aprofundamento na pesquisa.

Este projeto já em andamento para o acervo africano e afro-brasileiro- possui as seguintes metas:

a. Estabelecer o conhecimento a respeito de um grupo de obras de arte africana e afro brasileira com correspondência em diferentes museus e analisa-las do ponto de vista artístico, antropológico e histórico.. b. Cruzamento de dados para obtenção de conhecimento sobre origem, procedência e em alguns casos hipotéticos de ateliês de produção das obras. c. Divulgação dos resultados em relatórios e em um artigo lançado em conjunto pelo Museu Afro Brasil e as outras instituições convenentes.

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Primeira versão do Projeto

Um convênio científico-acadêmico estabelecido com a Universidade São Paulo- USP, por intermédio do Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE, USP, possibilitou a realização primeira versão do Projeto Arte africana e afro-brasileira: diálogos entre acervos.

Estudos revelam a identificação, compreensão e catalogação de obras similares em acervos de instituições de todo o país. Resta, porém, muita documentação a ser analisada no que se refere à constituição das coleções e museus e, portanto, há a muito a ser ainda estabelecido no que toca ao estudo de objetos propriamente dito.

É este, então, o propósito do projeto científico-acadêmico que une os membros da equipe de pesquisadores proponente de um plano de trabalho – plano este que se traduz como primeira fase de uma pesquisa de maior abrangência entre os pesquisadores envolvidos.

Plano de trabalho

O plano de trabalho, que integra a minuta de convênio celebrado entre a Associação Museu Afro Brasil e o Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, atende a uma necessidade de pesquisa das obras de ambos acervos e também vem ao ensejo de um projeto científico-acadêmico nutrido há vários anos pelos seus proponentes, voltado às coleções e aos objetos africanos e afro-brasileiros em instituições museológicas no país e no Exterior – projeto este voltado também aos estudos anteriores sobre esses objetos e coleções.

O convênio, por outro lado, visa à cooperação acadêmica na pesquisa de obras africanas e afro-brasileiras conservadas em ambas as instituições. Ele tem duração prevista de 24 meses e os objetivos que o orientam são:

• Fortalecer a relação de cooperação institucional no exercício da pesquisa e do ensino.

• Propiciar pesquisas interdisciplinares nos campos arqueologia, etnologia, museologia e arte, isto é, nas áreas de especialidade das duas instituições.

• Incentivar futuros intercâmbios profissionais, tanto na área acadêmica quanto técnica entre as duas instituições.

O convênio regulará a colaboração entre as partes supracitadas no alcance das metas do plano de trabalho, que são as que se seguem.

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Metas

1. Consolidação de um corpus de objetos africanos e afro-brasileiros que dialogam entre si do ponto de vista estético, antropológico e histórico, e realização de um estudo aprofundado desse corpus que venha a servir de referência para atividades futuras de ensino e extensão do conhecimento.

2. Elaboração de relatório científico a ser publicado em revista ou periódico especializado, e de uma versão adaptada desse relatório para difusão em meio digital pelos portais dos dois museus e do site acadêmico www.arteafricana.usp.br.

Orientação metodológica

Ao sistematizar e analisar o corpus de pesquisa, estaremos simultaneamente reordenando a classificação adotada na constituição das coleções envolvidas, partindo desse corpus para traçar um método mais acurado para o alcance da historiografia das coleções envolvidas. Tomaremos como referência as consagradas orientações de análise das relações culturais Brasil-África (BASTIDE 1967, VERGER, 1968), entendendo, porém, que tal orientação minimiza o dinamismo histórico e superdimensiona as influências contextuais, pois, entre outros fatores, detém-se na experiência cultural dos povos da África Ocidental em detrimento de outras regiões do continente (SALUM, 2004). A base empírica sob a qual se constituirá o corpus tem sido analisada em SALUM (1999 e 2004) com resultados parciais e posteriores em SILVA (2006 e 2011); SALUM E BEVILACQUA (2011); BEVILACQUA E SILVA (2015), entre outros.

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Quadro geral do Programa 2016

Plano Interno de Pesquisa Plano de Pesquisa em Parcerias - Pesquisas regulares sobre o - Projeto Arte Africana e Acervo. afro-brasileira: diálogos - Projeto de Pesquisa África em entre acervos- Estudos Sobre o Acervo Artes MAB/MAE USP - Índice Biográfico Ilustrado dos Artistas do Acervo - Personalidades do Núcleo História e Memória - Projeto em formatação: Terecô Estudos complementares de Codó no Maranhão.

Publicações Site: - Índice Biográfico Ilustrado dos Artistas do Acervo Difusão de Conteúdos - Personalidades do Núcleo História e Memória Gráfica: - Caderno África em Artes - Textos em Catálogos do Museu

Atendimentos Pesquisadores Nacionais e Internacionais

Palestras, Cursos e Seminários No Museu e em outras instituições nacionais e internacionais

Referências Bibliográficas:

ARAUJO, Emanoel. Saber da memória. In: MINISTÉRIO DA CULTURA/FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. Para nunca esquecer: Negras memórias, memórias de negros. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2002, p. 25-27 (catálogo). BASTIDE, Roger. Les Amériques noires. Paris: Payot. 1967. BEVILACQUA, Juliana Ribeiro da Silva; SILVA, Renato Aráujo da. África em artes. São Paulo: Museu Afro Brasil, 2015. DILTHEY, Wilhelm. El mundo historico. Cidade do México: Fondo de Cultura Economica, 1944. FONTELES, Bené; BARJA, Wagner (Org.). Rubem Valentim: artista da . São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2001 (catálogo). GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. SALUM, Marta Heloísa Leuba. Por que são de madeira essas mulheres d’água? Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, n. 9, p. 163-193, 1999.

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______. Tratamento de acervos africanos em museus no Brasil face aos estudos africanistas no país e aos sistemas de catalogação internacional: o caso do Museu de Arqueologia e Etnologia-MAE da USP. Relatório (Estágio de experimentação docência em RDIDP — Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004, 22 p., anexos. SALUM, Marta Heloísa Leuba; BEVILACQUA, Juliana Ribeiro Bevilacqua. African Art in Brazilian Museums: An Overview and Critique. In: Program Abstracts for the 15th Triennial Symposium On African Art. 15TH TRIENNIAL SYMPOSIUM ON AFRICAN ART, ACASA: Africa and its Diasporas in the Market Place: Cultural Resources and the Global Economy, 2011, Los Angeles: ACASA-Arts Council of the African Studies Association, 2011, p. 69. SILVA, Renato Araújo da. As jóias africanas do acervo do MAE/USP e o problema de classificação. Relatório (Iniciação Científica) – Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006, 15 p., anexos. SCHWARCZ, Lilia K. Mortiz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. VERGER, Pierre. Flux et reflux de la traite des nègres entre le Golfe de Benin et Bahia de Todos os Santos: du XVII au XIX siècle. Paris: Mouton, 1968. (Le mond d’Outre-Mèr passé et présent, 30)

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2.7 Programa de Exposições

Marinha Autoria: Arthur Timotheo da Costa

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2.7.1 Exposições e a Dinâmica de Ampliação do Acervo

Exposição de Longa Duração

A narrativa museal da exposição de longa duração está organizada em três eixos transversais e seis núcleos temáticos.

Os eixos Trabalho, Memória e Arte, ao mesmo tempo em que podem ser observados em linhas simultâneas, transversalizam toda narrativa curatorial.

Os núcleos temáticos: África, Áfricas; Trabalho e Escravidão; Religiosidade Afro- brasileira; Festas: O Sagrado e o Profano; História e Memória e Arte do Século XVIII à Arte Contemporânea evidenciam seus conteúdos tanto pelas obras, como pelo arranjo curatorial proposto entre elas. Uma leitura atenta dos núcleos revelará os subnúcleos que os compõem.

O Lado de Fora do Museu

As paredes envidraçadas do Museu abrigam exposições que só podem ser vistas pelo lado de fora. Em geral, são recortes do acervo que se alternam. Já na marquise, o museu apresenta, periodicamente, exposições temáticas. Estas ações mantem o museu aberto mesmo quando está fechado.

Exposições Temporárias e o Acervo

As exposições temporárias são definidas pelo curador, como processo que dinamiza o Museu. Por meio delas, o museu ilumina e aprofunda temas do seu acervo, realiza mostras individuais, revela artistas pouco conhecidos, reitera memórias, abre espaço para a contemporaneidade e abarca exposições internacionais.

As exposições podem ser temáticas, mostras individuais de artistas, exposições nacionais ou internacionais. O Diretor Curador planeja as exposições a partir de temas que considera relevantes do ponto de vista da memória, da arte, da observação social, da história, de revelação de fragmentos do Brasil desconhecidos do grande público, mas que integram a nossa brasilidade em diferentes regiões do País.

Diferentes expressões artísticas podem ser objeto dessas exposições. As efemérides, assim como personagens importantes na perspectiva afro-brasileira, também geram exposições temporárias.

Por outro lado, é importante salientar que a missão do Museu Afro Brasil não tem um caráter restritivo, na medida em que se trata de um espaço vivo, inserido no mundo contemporâneo. Nesse sentido, o Museu Afro Brasil prima pela valorização da memória, da arte e da história dos povos afrodescendentes, africanos, brasileiros e de todos os povos e culturas que se juntam nesse grande torrão pátrio. Porém, o museu, seja ele qual for, vai muito além da sua simples missão de exibir e de preservar tesouros. Ele também não pode ser

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 95 indiferente às demandas do mundo atual e suas consequências, como acontecimentos sociais, políticos e culturais.

Nas palavras de seu curador, Emanoel Araujo, “o museu quer ter suas portas abertas para acariciar e estremecer, provocar e instigar seu público para que ele não fique engessado e alienado... Afinal, a arte, a história e a memória são resultados da construção da vida humana, e a ela é que teremos de recorrer sempre, com todos os seus percalços, avanços e retrocessos”.

Assim, as exposições temporárias alimentam a dinâmica do Museu, não só para o público que as visita, mas também enquanto pedra angular da relação entre os núcleos curatoriais e o acervo. Do ponto de vista do trabalho interno, quando uma exposição temporária destaca um conteúdo expositivo pertencente ao acervo, os núcleos de Pesquisa, Salvaguarda, Documentação, Biblioteca e Educação têm proposição planejada de estudo, ampliação e aprofundamento de conteúdos relacionados à coleção do Museu.

As obras adquiridas para as exposições temporárias passam a integrar o acervo. Alguns recortes curatoriais dessas exposições, segundo avaliação do curador, podem ser incorporados à exposição de longa duração, enriquecendo o núcleo que passa a integrar.

2.7.2 Fluxo de produção das exposições temporárias

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que as exposições temporárias do Museu são concebidas e produzidas internamente: a curadoria das exposições é de Emanoel Araujo, Diretor Curador do Museu e as equipes de museografia, salvaguarda, marcenaria, montagem, elétrica, pintura, editorial, produção, pesquisa e educação realizam as ações necessárias à sua consecução.

Desse modo, o processo de construção de uma exposição temporária exige um fluxo de ações, que envolvem profissionais de diferentes núcleos do Museu Sua preparação se dá a partir de reuniões entre os núcleos de trabalhos descritos acima.

2.7.3 Exposições Itinerantes

SISEM

O projeto de exposições itinerantes, ora realizado em parceria com o Sistema Estadual de Museus - SISEM-SP por meio da sua Secretaria de Cultura, expande as possibilidades de apreciação pelo público do importante legado do Museu Afro Brasil.

O Museu Afro Brasil realiza em parceria com o SISEM SP, exposições que itineram pelo interior do Estado de São Paulo sendo acolhidas por diversos equipamentos culturais. Em acordo com essa ação estão as oficinas de arte-educação que visam subsidiar os profissionais do equipamento cultural com informações necessárias ao atendimento do público ali recebido.

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As exposições itinerantes são parte importante de uma política que cria acesso a acervos que de outra maneira só estariam à disposição da população da grande capital: São Paulo. Não menos relevante, essas exposições fomentam a troca de experiências entre instituições e transferem expertise acumulada pelo Museu Afro Brasil, refinando e ampliando suas atuações.

Exposições Itinerantes Interestaduais e Internacionais

O Museu Afro Brasil organiza exposições itinerantes, que são abrigadas em diversas instituições a partir de recortes temáticos tanto de seu acervo quanto de suas exposições temporárias, sempre com curadoria de Emanoel Araujo, Diretor Curador do museu.

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2.8 Programa de Museografia, Programação Visual e Montagem.

Natureza-morta Autoria: Estevão Roberto da Silva

Uma singularidade do Museu Afro Brasil é a de que suas exposições, em sua quase totalidade, são gestadas no próprio Museu, desde o conceito expositivo, a concepção museográfica e a produção dos suportes museográficos. Portanto, a museografia, aspecto fundamental da identidade visual de qualquer instituição voltada à exibição de acervos, tem no Museu Afro Brasil caráter próprio e inconfundível.

Os conteúdos expositivos não se apresentam apenas pelas obras expostas, há um entre obras, revelador de conceitos, percepções, conteúdos. É por meio da concepção e dos arranjos museográficos que conteúdos silenciosos ganham voz e visibilidade.

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2.8.1 Apresentação

A concepção museográfica da exposição de longa duração e das exposições temporárias é definida pelo Curador do Museu.

Uma singularidade do Museu Afro Brasil, já citada anteriormente, é a de que suas exposições, são gestadas, em sua quase totalidade, no próprio Museu, desde o conceito expositivo e a concepção museográfica até a produção dos suportes museográficos. Portanto, a museografia, aspecto fundamental da identidade visual de qualquer instituição voltada à exibição de acervos, tem no Museu Afro Brasil caráter próprio e inconfundível.

Por contar com um artista de renome e grande relevância no cenário cultural como seu diretor e curador, cada mostra, retrospectiva ou exposição temática adquire caráter orgânico entre seus fundamentos teóricos, sua abrangência e vitalidade, como uma obra de arte em si mesma.

A sintonia entre esta visão curatorial e a equipe que a executa - também composta por artistas e designers, além de técnicos e artesãos - confere às ações do Museu teor de integração e coesão que acolhe o público visitante como uma verdadeira experiência de imersão cultural, uma oportunidade de presenciar eventos complexos em seus fundamentos e ao mesmo tempo envolventes.

O olhar a um só tempo histórico, formal, antropológico, sociológico e estético, torna cada evento ou exposição um paradigma vivencial, um ponto de ampla reflexão sobre as relações interculturais e artísticas que caracterizam a trajetória da sociedade brasileira ao longo do tempo e em seus possíveis desdobramentos futuros.

A matriz africana constitutiva da humanidade que nos acolhe tem aqui um ponto de convergência, difusão e análise.

2.8.2 A Geografia Expositiva

O Museu Afro Brasil é antes de tudo um fórum de debate que fala por diversas linguagens, sempre buscando integrar o observador como agente da história e testemunha da vida coletiva consubstanciada em obras visíveis, depoimentos em forma de imagens e ícones da riqueza cultural brasileira.

A intenção de promover o diálogo entre o passado e a contemporaneidade, a produção artística erudita e a popular - em todas as épocas - bem como trazer aos olhos do público a vanguarda do pensamento estético, constitui meta primordial da instituição.

Apesar de seu caráter construtor de linguagem a museografia no Museu Afro Brasil constitui um meio, não um fim em si mesmo, de modo a evitar que se sobreponha ao conjunto de obras, voz última e principal a ser ouvida. É por meio da concepção e dos arranjos museográficos que conteúdos silenciosos ganham voz e visibilidade. Os conteúdos expositivos

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 99 não se apresentam apenas pelas obras expostas, há um entre obras, revelador de conceitos, percepções, conteúdos.

A geografia da exposição de longa duração, segundo seu curador, é contemporânea. Não está submetida aos modelos convencionais expográficos. O público visitante é provocado a escolher percursos expositivos, há uma proposição dialética distribuída pelos núcleos que constituem a exposição. Para isso, é necessária uma análise criteriosa do ambiente, incluindo estudos de fluxo de público no espaço destinado à exposição de longa duração.

O Museu Afro Brasil se propõe um espaço expositivo, mas também um polo de emanação cultural, de geração de conhecimento.

2.8.3 Programação Visual

A programação visual é um canal de intenso apelo comunicativo. Ela apresenta, de forma objetiva, facilitando a aproximação do público, o conteúdo e a mensagem que pretende ser transmitida, assim como reafirma a marca da instituição, na exposição.

Todo o material elaborado para a ambientação deve ter o seu conteúdo e formato adequados aos objetivos pré-estabelecidos e ao ambiente no qual está inserido. Para isso, a produção e localização de textos de parede, legendas de identificação das obras e demais sinalizações do espaço e outras peças de comunicação devem ser acompanhadas e aprovadas pelo curador.

Desse modo, no Museu, a programação visual das exposições compreende:

 Desenvolvimento de layout de textos – recorte de vinil adesivo e painéis de imagens – impressão sobre vinil adesivo.  Desenvolvimento da identidade visual da exposição: imagens, chamadas, textos, legendas, créditos e logomarcas.  Acompanhamento do desenvolvimento de logomarcas e convites das exposições.

2.8.4 Montagem e desmontagem de exposições

Como, as exposições do Museu Afro Brasil, são construídas internamente por suas equipes de profissionais, cabe às equipes envolvidas atuarem em concordância com os preceitos gerais de conservação e manuseio das obras, sob orientação da equipe de conservação do museu, do mesmo modo, quando da desmontagem da exposição. Assim que encerradas as exposições, as obras serão encaminhadas para a Reserva Técnica do Acervo ou para a Reserva de Trânsito para seu acondicionamento correto.

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2.8.5 Equipes de trabalho

O Programa de Museografia está formado considerando setores que agem, de modo integrado, respondendo pelo conjunto das ações relativas à pré-montagem, montagem e manutenção da exposição de longa duração do acervo, das exposições temporárias e das itinerantes.

As equipes de museografia, montagem, marcenaria, elétrica e pintura integram o núcleo e garantem o cumprimento do Programa Museográfico a partir das seguintes funções e ações:

Museografia

 Assessoria na concepção e desenvolvimento de projetos museográficos de exposições temporárias e de longa duração, desenvolvendo projetos de mobiliário e demais suportes para as exposições.  Garante a melhor visibilidade às obras, por critérios de adequação museológica e museográfica, bem como, colabora no cumprimento das diretrizes curatoriais para as exposições de longa duração (acervo) e temporárias, a partir da conceituação determinada pelo diretor curador do Museu Afro Brasil.  Promove remanejamento periódico das obras do acervo segundo afinidade dos diversos módulos da exposição de longa duração.  Proporciona condições de acessibilidade na configuração das exposições desenvolvidas pelo Museu.  Coordena a diagramação das obras das exposições temporárias e de longa duração, para que cada uma das peças apresentadas comuniquem individualmente uma informação e que no conjunto, relatem conteúdos sobre os temas escolhidos.  Desenvolve ações integradas a outros núcleos e parceria com outras instituições.  Levantamento de materiais e serviços para as exposições e também em pesquisas em sua área de especialização.  Elabora e executa várias técnicas de revestimento para painéis, vitrines, praticáveis, suportes e displays.  Elabora e executa cenografias, com diversos materiais e técnicas.  Planeja, estabelece e orienta a aplicação de técnicas de trabalho, visando a qualidade dos serviços prestados pelos funcionários na sua área de atuação.  Realiza exame periódico e minucioso das condições das exposições temporárias e de longa duração.

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Montagem

 Responsável pela colocação e fixação das obras, dos projetos museográficos de exposições temporárias e de longa duração (acervo), nas montagens e desmontagens. Garantindo a melhor visibilidade à as obras, por critérios de adequação museológica e museográfica  Manutenção das obras, vitrines e painéis em exposição, do acervo e temporárias.  Manutenção da aparelhagem elétrica e eletrônica, presentes na exposição do acervo, trocando peças e ou equipamentos quando se fizer necessário.  Adequação do espaço expositivo do acervo, segundo indicação da curadoria e da própria museografia.  Colocação de molduras e passepartour nas obras  Juntamente com a Conservação realiza periodicamente a higienização das obras  Manutenção das legendas  Ações integradas a outros núcleos e outros setores.  Realiza exame periódico e minucioso das condições das exposições temporárias e de longa duração.  Colocação e fixação das mercadorias para a Loja do Museu.  Zelar pela guarda, conservação, limpeza e manutenção dos equipamentos, instrumentos e materiais peculiares ao seu trabalho.

Marcenaria

 Execução dos projetos museográficos de exposições temporárias e de longa duração, construindo peças de cenografia, mobiliário e demais suportes para as exposições.  Confecção do mobiliário de vários setores do museu.(mesas / armários / gaveteiros / display / etc)  Executa remanejamento periódico das vitrines e painéis do acervo e das exposições temporárias, segundo indicação da curadoria e da própria museografia.  Proporciona condições de acessibilidade na configuração das exposições desenvolvidas pelo Museu.  Ações integradas a outros núcleos.  Levantamento de materiais e serviços para as exposições e também em pesquisas em sua área de especialização.  Zelar pela guarda, conservação, limpeza e manutenção dos equipamentos, instrumentos e materiais peculiares ao seu trabalho.

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Pintura

 Responsável pela pintura, de todas as exposições temporárias, do acervo e de outros espaços do museu.  Também é de sua competência a manutenção da pintura e a sua conservação.  Zelar pela guarda, conservação, limpeza e manutenção dos equipamentos, instrumentos e materiais peculiares ao seu trabalho.

Elétrica

 Responsável pela elétrica, e de todas as instalações nas exposições temporárias, do acervo e de outros espaços do museu.  Também é de sua competência a manutenção das instalações elétricas e a sua conservação.  Zelar pela guarda, conservação, limpeza e manutenção dos equipamentos, instrumentos e materiais peculiares ao seu trabalho.

2.8.6 Plantas Museográficas Exposição de Longa Duração

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Exposições Temporárias

Planta da área de exposições temporárias (piso térreo e piso inferior)

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2.8.7 Acessibilidade A Acessibilidade física bem como a Acessibilidade sensorial compõem as diretrizes do Programa de Expografia, Programação Visual e Montagem de exposições.

“As cenas de uma exposição colocam-se à disposição do público visitante através de percursos que podem ou não se concretizar satisfatoriamente por meio da visão, do tato, da audição e da mobilidade”- Acessibilidades a Museus, in Cadernos de Museologia. Brasília 2012.

É de responsabilidade das equipes que integram o programa, a promoção adequada ao acesso físico e sensorial que considere a diversidade de público: Pessoas Idosas; Pessoas com deficiência intelectual; Pessoas com paralisia cerebral; Pessoas com deficiência visual; Pessoas com surdez ou deficiência auditiva; Pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida.

Assim, a rotas expositivas com seus caminhos e percursos, os mobiliários, a altura das legendas, a aplicação de textos, a criação de espaços de conforto para o público, a sinalização do espaço, a iluminação, a instalação adequada de equipamentos sonoros e visuais, bem como as bases de acesso às obras acessíveis serão consideradas pelo Programa, visando proporcionar a permanência adequada dos diferentes públicos no espaço, assim como o acesso e a fruição aos conteúdos expositivos.

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2.9 Programa de Educação

Retratos Negros Autoria: Militão Augusto de Azevedo

As ações previstas pelo Programa de Educação visam aproximar o público dos conteúdos e conceitos expositivos. Para tanto, o Núcleo de Educação recebe o público com visitas orientadas e realiza um conjunto de atividades, buscando ampliar a experiência proporcionada pelo contato com o espaço museal, convidado os visitantes à reflexão sobre as temáticas e questões abordadas pelo Museu Afro Brasil.

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2.9.1 Introdução Um Programa de Educação do Museu Afro Brasil tem que estar em consonância com a concepção que orienta o próprio Museu. ”Um museu brasileiro que possa registrar, manter e salvaguardar a memória, e narrar a contundente história da formação da identidade da civilização brasileira a partir de uma perspectiva específica que representa o ponto de vista do negro, é a inovadora e inadiável tarefa que a constituição do Museu Afro Brasil de São Paulo hoje nos propõe como desafio... O Museu foi definido pelo seu curador - Emanoel Araújo - como um museu de história, de memória e de artes. ...O Museu Afro Brasil será, portanto, um museu histórico, que fale das origens, mas que também recupere o diálogo negro na diáspora, nas ciências como nas artes, no campo popular ou erudito... Mas, sobretudo, o Museu Afro Brasil quer ser um museu contemporâneo. O que significa dizer, um museu em que o negro seja capaz de se reconhecer hoje...”. ( Emanoel Araujo)

Esta concepção, que aproxima tempos e espaços diferentes e distantes e os atualiza no tempo de hoje e no espaço do Museu, imprime uma marca que nos obriga a estar, de modo ousado e permanente, em busca da inovação, da adequação e da ampliação da sua função educativa e pública. Deste modo, de acordo com a natureza conceitual do Museu Afro Brasil, antes de apresentar um programa educacional que deve ser aberto o suficiente para o novo e consistente o suficiente para a diversidade das solicitações, algumas considerações acerca do processo educativo e sua relação com o Museu precisam ser feitas.

É através do processo educativo que construímos culturas e nos tornamos humanos, numa linha de constante transformação. Neste sentido, o comportamento humano está sempre significado culturalmente, desde os hábitos, aparentemente, simples de como comer, o modo de andar e de falar, até os valores morais que nos orientam. Os comportamentos que indicam a que cultura cada um pertence não fazem parte de nossa bagagem genética, mas são aprendidos, significados e transformados, evidenciando, assim, a diversidade das representações sociais tanto para cada cultura, grupo social, ou até mesmo, para cada indivíduo. O que nos une, então, como humanos é essa capacidade e necessidade de representar e de aprender que nos acompanha desde o nascimento, nas mais diferentes culturas e tempos.

Considerando o Museu como uma instituição social que escolhe o que mostra e, portanto, também aquilo que oculta das representações sociais, legitimando, prestigiando e difundindo determinados conteúdos de um imaginário social, ele se torna um espaço educativo, por excelência, já que goza da liberdade de transitar, através das suas escolhas, por representações passadas e presentes, construindo leituras de grupos e de momentos sócio- históricos e culturais diversos, ancoradas na intencionalidade que orientou essas escolhas e, desta forma, provoca movimentos de identificação e reafirmação de valores e experiências tanto no nível social, como no nível individual.

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Portanto, a natureza educativa do Museu Afro Brasil está vinculada à complexa tarefa de, a partir do seu acervo, das exposições temporárias e das demais atividades desenvolvidas, desconstruir um imaginário da população negra, construído fundamentalmente pela ótica da subalternidade, ao longo da nossa história, e transformá-lo em um imaginário fundado no prestígio e no pertencimento, reafirmando assim o respeito - no seu sentido etimológico, olhar para trás – por uma população matriz da nossa brasilidade e, ao mesmo tempo, garantindo um espaço educativo confortável de reconhecimento e importância desta mesma população.

Ainda recuperando o sentido etimológico das palavras e tomando o respeito como uma de nossas bases conceituais, pode-se dizer que a missão educativa desse museu é a de propor ações que possibilitem encontros identitários positivos, visto que faz uma retrospectiva histórica e cultural e tem na arte seu mais forte veículo para resgatar e atualizar a memória brasileira, na perspectiva da presença marcante e fundante do negro em nosso País. Esses encontros ampliam o diálogo com culturas irmãs, em outros países e continentes e consideram o enorme patrimônio intangível da matriz africana em nossa cultura.

2.9.2 Pressupostos que orientam a ação educacional do Museu Afro Brasil. Sete pressupostos que orientam, organizam e permeiam as ações desenvolvidas pelo Núcleo de Educação, se encontram apresentados:

2.9.2.1 - Espaço e tempo 2.9.2.2 - Arte-educação 2.9.2.3 - Preconceito e autoestima 2.9.2.4 - Princípios e métodos educacionais 2.9.2.5- Formação da Equipe de Educadores 2.9.2.6 - Avaliação 2.9.2.7 - Diferentes Públicos

2.9.2.1 Espaços, tempos e suas implicações educativas

As ações propostas neste Programa, desenvolvidas pelo Núcleo de Educação do Museu consideram, como um dos elementos estruturadores, os diferentes tempos e espaços.

Porém, antes de trazer para reflexão ecos de significação de outros tempos e espaços, se faz necessário ressaltar, em primeiro lugar, a importância da conquista de um espaço de prestígio, reconhecido na cidade de São Paulo, para abrigar o Museu Afro Brasil, que é o Parque Ibirapuera. Do ponto de vista simbólico, o Parque Ibirapuera, identificado pelos moradores da cidade como um de seus cartões postais e, por isso mesmo, objeto do desejo de muitos, resgata um outro espaço – o da dignidade – de uma população que sempre esteve colocada à margem desses lugares culturais e que agora recebe a possibilidade de ver representada sua presença e experiências com status de patrimônio cultural, para si e para o conjunto da sociedade, não em um lugar, periférico e reduzido, mas, sim, em um amplo espaço

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– O Pavilhão Manuel da Nóbrega – dentro de um dos parques públicos mais bonitos da metrópole paulistana.

A dimensão pública desses lugares – o Parque e o Museu – garante a presença de públicos diversos, que têm diferentes tempos em relação à intimidade com espaços expositivos e que vêm dos mais diferentes pontos da cidade para o Museu.

O fato de estar localizado dentro de um espaço público de prestígio traz a presença de um público visitante específico que só tem como tempo para visitação o fim de semana, principalmente o domingo, em um lugar que só é possível ser conhecido pelas condições de acesso que um parque público oferece, garantindo, inclusive, o piquenique familiar.

Reconhecer as distinções de espaços e tempos dos visitantes, desde o público escolar, as pessoas com deficiências que têm tempos diferentes e precisam, portanto, de outras experiências espaciais, até o público dos finais de semana, nos leva a construir linhas de acolhimento e atendimento que considerem essas diversidades. É preciso, então, criar ações que permitam ampliar a compreensão dos conceitos e conteúdos expositivos, adequando-os aos diferentes públicos e às diversas linguagens e, em constante diálogo, com a dimensão estética do Museu.

Outro aspecto a ser considerado nas relações de tempo e espaço é o seu caráter estruturador das exposições, principalmente a de longa duração que, ao tratar da história, da memória e da arte, atravessam tempos e espaços diversos numa linha de simultaneidade e que tem na arte o seu registro. Nesta medida, os diálogos travados entre público e exposição evocam impressões, sentimentos, emoções, reconhecimentos que fazem do momento da visita a criação de um outro patrimônio intangível gerado pelos encontros dessas dimensões espaços-temporais e afetivas.

O significado do espaço público, nos tempos atuais, também é merecedor de alguns cuidados, quando se quer tratar do Museu e do seu caráter público e educativo.

O espaço público, atualmente, está tomado pelo espaço privado. É comum ver pessoas das mais diferentes idades comportando-se inadequadamente no lugar que é de todos e que, por isso mesmo, possui regras gerais de convivência, necessárias para garantir o seu uso democrático. Mas, neste caso, trata-se de um lugar onde o que vai ser visto é parte da nossa memória e deve ser entendido como patrimônio social.

Refletir sobre a valorização do que se encontra exposto e sobre a dedicação e o trabalho em reunir obras, criando um acervo que nos faça lembrar e conhecer, também nos ajuda a formar pessoas respeitosas e atentas. Conversar com os visitantes, principalmente crianças e jovens, sobre o passado e o presente, sobre os registros e documentos que nos remetem a eles é criar possibilidades de vislumbrar um futuro. A relação com o futuro está ancorada no passado como perspectiva temporal.

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2.9.2.2 Arte educação no Museu

Embora o Museu Afro Brasil seja não só um museu de arte, mas um museu também de história e de memória, duas razões justificam a importância do trabalho de arte educação nas suas dependências: o acervo, que é composto, em sua maioria, por peças de arte, e a necessidade de tornar a experiência estética, consciente e transformadora.

Portanto, a arte educação no Museu Afro Brasil existe para, em primeiríssimo plano, auxiliar o público a criar seus próprios caminhos interpretativos e aprofundar as relações intermediadoras entre educadores, exposição e visitantes. As demais funções se ramificam a partir daí como, por exemplo, a formação, fidelização e ampliação do público.

Na sua especificidade, o Museu nos coloca alguns desafios, dentre eles a relação entre arte e identidade merece especial atenção, por determinar a valorização de uma arte brasileira ligada à matriz africana, seja por inspiração ou por laços ancestrais. Esta relação ajuda na construção da identidade do negro e mestiço brasileiro, na reelaboração de sua autoestima e na memória de grupos e indivíduos que tiveram ou têm atuado pela manutenção e respeito à nossa cultura mestiça.

Os projetos desenvolvidos pelo setor de educação têm caráter transdisciplinar, pois nascem do entendimento da conceituação do Museu para, então, construir uma prática acordada com seus princípios amplamente discutidos por consultores ligados a diversas áreas do conhecimento.

Diálogos com a arte

“As coisas não são, portanto, simples objetos neutros que contemplaríamos diante de nós; cada uma delas simboliza e evoca para nós uma certa conduta, provoca de nossa parte reações favoráveis ou desfavoráveis, e é por isso que os gostos de um homem, seu caráter, a atitude que assumiu em relação ao mundo e ao ser exterior são lidos nos objetos que ele escolheu para ter à sua volta, nas cores que prefere, nos lugares onde aprecia passear”. Merleau Ponty

A arte como parte da cultura exerce função mediadora, contribuindo para que possamos estabelecer relações e criar novas representações a partir das diferentes visões de mundo e diversas culturas. Em uma exposição, os objetos são as fontes diretas de informação. Dentre os objetos, as obras de arte trazem gravados, em sua superfície e estrutura, os processos de criação e construção que a geraram. Para ler estas informações e desvendar- lhes os significados são necessárias estratégias de compreensão e caminhos que conduzam à investigação, reflexão, interpretação e avaliação das produções artísticas e manifestações simbólicas de caráter visual.

Sobre estes caminhos e estratégias, sabemos que são uma forma de ampliar o acesso aos territórios da estética e da arte, já que é através deles que realizamos na arte educação a aprendizagem do ver. Isto se dá por meio de processos de mediação que incluem a reflexão,

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análise e interpretação do que é observado, sem que sejam negligenciados o contexto histórico e cultural e a experimentação de modalidades expressivas reveladoras.

As propostas educativas do Museu Afro Brasil se configuram como processos de mediação que objetivam a organização da experiência estética em diferentes dimensões do conhecimento.

Projetos de mediação – orientações teóricas e processos: para elaborarmos projetos de mediação para o público, partimos das potencialidades dos trajetos elaborados pelos educadores, do estudo de vários modelos de ações focados no desenvolvimento da experiência estética e, também, nas metodologias de avaliação dos mesmos.

A escolha de modelos e orientações teóricas pressupõe uma avaliação das mudanças que têm ocorrido no mundo da arte e do ensino da arte nos últimos anos.

“....o aumento do interesse das artes tradicionais pela arte de muitas culturas, e até mesmo pela arte popular e estrangeira; uma mudança do sentido progressivo à frente na arte e a importância do estilo e da originalidade, para um interesse na história, de apropriação e citação; o aumento da arte comprometida com várias causas sociais e culturais, o uso de novos meios...... ; a passagem de crença na objetividade embutida na obra de arte; as mudanças incluem também uma crescente conscientização da importância das atividades interpretativas do espectador e das possibilidades de interpretação alternativas do mesmo trabalho.” Michael J Parsons

Estamos atentos a essas mudanças e, em especial, às pesquisas e ações educativas geradas a partir das propostas desenvolvidas pela Getty Center Foundation in the Arts nos USA que enfatizam “as quatro mais importantes coisas que as pessoas fazem com arte. Elas produzem, elas vêem, elas procuram entender seu lugar na cultura através dos tempos, elas fazem julgamento acerca da sua qualidade”, nas palavras de Eliot Eisner. E, portanto, são ações que trabalham com as quatro dimensões do conhecimento em arte - produção, estética, crítica e história da arte ou, na versão da abordagem triangular de Ana Mae Barbosa – produção, leitura de obra e história da arte. A isso somamos os princípios do próprio Museu Afro Brasil, ao valorizar em nossos processos a leitura dos conteúdos estéticos, da arte brasileira e a interpretação da história cultural e social dos mesmos.

Leitura de Obra

Os métodos de leitura de obras se configuram como um quesito à parte nos nossos projetos e partem do exercício e a avaliação de roteiros inspirados nas propostas de Edmund Feldman e do Dr. William Ott.

Feldman nos interessa pela objetividade com que realiza leituras mais centradas em atividades comparativas e Dr. Ott por pensar processos mais detalhados do ponto de vista das etapas envolvidas. Edmund Feldman utiliza quatro etapas – descrição, análise, interpretação e julgamento e Dr. Ott – descrição, análise, interpretação, fundamentação e revelação, além do

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que ele chama de “thought watching” que é um aquecimento ou preparação para o exercício da crítica, do mesmo modo que a revelação é o momento da expressão através da produção.

Estes processos influenciam não só a leitura crítica de obras de arte como das demais imagens que compõem a exposição. Não podemos deixar de dizer que entendemos as etapas - análise, interpretação, julgamento e fundamentação - como uma unidade e seu desenvolvimento depende muito da sensibilidade do educador, pois a leitura não pode ser mecanicista sem interagir com as respostas verbais e posturais do público.

Outras Mediações

Também fazem parte das ações mediadoras para compreensão da arte os materiais produzidos no Museu, a exemplo dos Roteiros de Visitação, Livros e Jogos educativos, que utilizam as imagens do seu acervo, para criar familiaridade com os temas da arte, e auxiliar no desenvolvimento de atitudes críticas e pensamentos mais autorais acerca da nossa história da arte.

2.9.2.3 Desconstruir o preconceito e reafirmar a autoestima

Um dos pressupostos-chaves que orientam o trabalho educativo do Museu é a desconstrução do preconceito racial e a reafirmação de uma autoestima positiva em relação à população negra e mestiça. As manifestações de preconceito racial aparecem cotidianamente nas relações de sociabilidade e precisam da escuta atenta para questioná-las e atuar de modo afirmativo na reconstrução da imagem do negro e mestiço.

O preconceito racial se manifesta, fundamentalmente, na desvalorização do corpo e da sua imagem, na desvalorização intelectual e cultural e na desmoralização moral. As expressões que denotam o preconceito racial estão de tal forma impregnadas na nossa sociabilidade que já ficaram naturalizadas no nosso cotidiano, como padrão predominante de comportamento social e, por isso mesmo, nos obrigam a ampliar a observação e interferência nessas situações.

Desta perspectiva, fica nítida a importância crucial de trazer à tona a igualdade humana como base para se conhecer as diferentes culturas africanas, que aparecem pasteurizadas para o senso comum e conferir-lhes o status de culturas igualmente diferentes entre as outras diferentes culturas do ocidente e oriente. A informação adequada pode não superar o preconceito, mas, sem dúvida, o constrange.

O Museu Afro Brasil é inédito, neste sentido, pois recupera em profundidade a memória da população negra, que ficou sub-representada no imaginário social, em termos de legitimidade e prestígio e que se encontra, ao mesmo tempo, reconhecida como símbolo de identidade nacional, através de várias manifestações culturais. É, portanto, um novo patrimônio cultural construído, que traz consigo uma inadiável missão educativa de fazer reconhecer,

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entender e, sobretudo, respeitar essa população, em uma tentativa ousada de reescrever a nossa memória e a nossa história.

Os encontros com o reconhecimento, com o prestígio e com a dignidade têm lugar marcado no Museu Afro Brasil, tornando possível a crianças, jovens e adultos negros e mestiços se verem representados e valorizados, contribuindo e proporcionando a ampliação de uma autoestima positiva. Essa é, sem dúvida, a matéria-prima da ação educativa do Museu.

2.9.2.4 Princípios educacionais e considerações metodológicas

Os princípios educacionais que orientam as ações educativas no Museu Afro Brasil têm como base uma concepção de educação que inclua as dimensões afetiva, cognitiva e estética do conhecimento, reafirmando seu potencial transformador, numa perspectiva cultural e histórica.

Os museus têm uma especificidade que é a de conservar e salvaguardar experiências e expressões humanas como patrimônio cultural; conservação entendida aqui como papel fundamental da memória e da educação humana. Considerando que só podemos transformar aquilo que foi conservado, pois sem a conservação as aprendizagens de novos conteúdos ficam comprometidas, os museus encerram múltiplas possibilidades de aprendizagens e de reconstruções de significados. Desta perspectiva, o museu reconhecido e respeitado como patrimônio é que deve pautar as ações educativas que, portanto, terão como prioridade promover experiências afetivas, intelectuais e estéticas na relação com os mais diversos públicos.

Do ponto de vista educacional e pedagógico, precisamos tomar a aprendizagem como um processo que se funda na relação com o outro e, assim, constitui conhecimento. Alguns teóricos do desenvolvimento e da aprendizagem nos trouxeram contribuições fundamentais para o entendimento dessas relações, de tal forma que não podemos mais prescindir da crença de que o outro, mesmo uma pequena criança, possui um conhecimento que tem que ser considerado se quisermos estabelecer um contato profícuo de aprendizagem. Eu conheço o conhecimento do outro, é o que nos diz Sara Pain, e é o conhecimento que me constitui como sujeito, portanto, um princípio inegociável na tarefa educativa é o de legitimar esse conhecimento que o outro traz, tanto para, a partir dele, desconstruir conteúdos preconceituosos e possibilitar a construção de novos conteúdos, como para ampliar as diversas experiências com o conhecimento.

Para tanto, socializar as informações e as experiências é a contrapartida pedagógica por ter o outro como referência, pois a experiência museal, pela sua especificidade, aciona privilegiadamente o repertório que cada um traz, como conhecimento prévio e, assim, facilita a socialização de vários outros, na dinâmica da aprendizagem.

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Neste sentido, a equipe de educadores, que integra o Núcleo de Educação, que responde por este programa, é composta por profissionais com formação multidisciplinar, visando contemplar a abrangência temática da exposição de longa duração.

Considerações Metodológicas

O conjunto das interferências didáticas, que orientam as atividades desenvolvidas, está ancorado, principalmente, em três momentos da aprendizagem: observar, descobrir ou imaginar e registrar - expressar. São solicitações que mediarão a relação entre o educador e o público e que se adequarão à atividade e ao público específico.

A observação é, sem dúvida, a atitude que inaugura e possibilita os outros momentos da aprendizagem. Eles não se dão, obrigatoriamente, na ordem escrita acima, mas estão presentes em todo processo de gestação de conhecimento, portanto, de aprendizagem. Outro aspecto a ser considerado é a natureza da atividade desenvolvida; caso se trate, por exemplo, de uma atividade voltada, fundamentalmente, para a arte, o imaginar e o expressar podem ganhar um tom mais forte nas nossas solicitações, da mesma forma que o descobrir e o registrar podem ser enfatizados em atividades com outros objetivos.

Um cuidado que orienta as atividades propostas é o de não fragmentar a experiência estética sob a justificativa de se fazer compreender do ponto de vista racional. A pedagogização da estética é uma armadilha para a qual se precisa estar atento, pois em lugar de aproveitar a natureza estética do Museu, que privilegia, sobremaneira, o contato com essa dimensão do conhecimento, pode-se acabar por engessá-la com desmontagens didáticas inadequadas.

Em relação ao registro, é importante ressaltar que, quando se registra uma experiência pessoal, seja de que forma for, este é o momento de fazer a experiência “caber” dentro de nós. E no processo de aprendizagem, registrar é expressão de conhecimento, no tamanho real ou possível ali.

Esses momentos estão vinculados aos princípios pedagógicos, já descritos, e serão repensados e planejados permanentemente, tendo como fonte a avaliação constante dos nossos processos.

2.9.2.5 Formação da Equipe de Educadores

A formação da equipe de educadores é determinada por dois aspectos: o primeiro, o da sua constituição e o segundo, o da formação continuada. O princípio que orienta a constituição da equipe de educadores do Museu é o da multidisciplinariedade. Devido à abrangência temática da exposição de longa duração e das

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exposições temporárias, torna-se necessário o diálogo entre diferentes disciplinas para fundamentar e enriquecer as abordagens de mediação junto ao público. A densidade conceitual refletida nos conteúdos expositivos exige a elaboração e acompanhamento constantes de estratégias de mediação. Assim, um programa de formação continuada para os educadores do museu integra este Programa, sob a coordenação do Núcleo de Educação.

2.9.2.6 Avaliação

A avaliação é um processo contínuo para então ser interventivo e alterar conteúdos e posturas.

Na perspectiva museal, o Núcleo de Educação é um fiel contribuinte para uma avaliação mais sistêmica do Museu. A interface com os outros núcleos acontecerá, em um fluxo constante, a partir das informações obtidas, da observação do público, reunindo indicadores que nos permitam organizar uma reflexão acerca dos objetivos e da sua materialização nos conteúdos e espaços expositivos. A avaliação, desta maneira, é um desafio a ser enfrentado e conquistado para que se encontre soluções adequadas para as necessidades percebidas e se exercite a capacidade de antecipação na proposição de conteúdos que ampliem e fortaleçam a natureza deste Museu.

As atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Educação têm a avaliação como integrante do seu planejamento. E, os educadores, tanto para essas atividades quanto para a escuta e observações do público, farão registros sistemáticos dos conteúdos avaliativos.

2.9.2.7 Diferentes Públicos

Os diferentes públicos atendidos pelo museu imprimem, ao Núcleo de Educação, a elaboração, a necessidade de desenvolver e avaliar programas, projetos e ações que potencializem a condição de apropriação do espaço e dos conteúdos e temas expositivos. A perspectiva adotada pelo Programa de Educação é a de investir na potência do público visitante, respeitando assim os diferentes tempos de cada um e a adequação às faixas de idade.

De modo geral, os grupos podem ser assim categorizados:

 Estudantes  Professores, gestores e educadores que atuam nas áreas de educação e cultura  Profissionais, crianças, adolescentes, jovens, adultos vinculados a diferentes instituições, Associações e Organizações Sociais  Idosos  Pessoas com deficiência

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 Público espontâneo  Público de finais de semana  Funcionários do Museu  Equipe de Educadores do Núcleo

2.9.3 Programas, Projetos e Ações Os programas, projetos e ações que integram o Programa de Educação são concebidos e organizados para o atendimento a diferentes públicos, produções de materiais e de espaços criativos.

Os programas aqui definidos contemplam uma temporalidade maior, que permita continuidade, comparabilidade e estabelecimento de séries históricas. A noção de programa é abrangente e tem na sua estrutura definições conceituais, objetivos, programação e avaliação. A depender da abrangência do programa, ele pode conter subprogramas, além de projetos e ações educativas específicas. Os programas podem estar voltados para o atendimento contínuo do público, para publicações de conteúdos relativos aos temas do museu ou para experiências criativas.

Os projetos sinalizam ações coordenadas em espaço de tempo menor, mas também possibilitam observação sistemática que pode indicar reestruturações necessárias ao seu desenvolvimento. Os seus objetivos são mais específicos a depender do público a que se destina. Tanto quanto os programas, os projetos se dedicam a sistematizar conhecimentos em relação aos diferentes públicos. Do mesmo modo, podem ser realizados diretamente junto ao público, por meio de publicações ou da realização de experiências criativas.

As ações educativas acontecem em espaço de tempo bem determinado, elas pretendem atender o público aproximando-o, na maioria das vezes, naquele único contato, com o Museu, da maneira mais intensa possível. Isso exige um cuidado rigoroso no planejamento destas ações, para que o curto tempo não interfira na fruição necessária a uma visita aos espaços expositivos e criativos do Museu.

2.9.3.1 Programas

Os programas educativos apresentados se destinam a quatro tipos específicos de público: professores, gestores e educadores; pessoas com deficiência e sofrimento psíquico; educadores do museu; mediadores culturais - público de instituições, associações e organizações sociais.

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2.9.3.1.1 Programa de Formação para Professores e Educadores

Apresentação

Trata-se de um programa voltado para educadores e, em especial, para professores e gestores que lidam cotidianamente com as questões relativas à identidade étnico-racial, apoiado na Lei 10.639-2003, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro Brasileira, nos estabelecimentos de ensino de todo país. Em relação aos professores, desde os da educação básica até os do ensino superior, o Museu Afro Brasil oferece referências materiais e simbólicas importantes, no processo de reconstrução da identidade nacional, sob a perspectiva do negro como uma de nossas matrizes fundantes.

Nosso acervo é um suporte vigoroso para entender a diversidade das culturas africanas e para aprender sobre a presença negra em nossa cultura, que são conteúdos exigidos, atualmente, nos programas escolares, sobre os quais muito ainda se precisa conhecer e publicar. Nesse sentido, a criação do Museu Afro Brasil, em si, já é uma referência.

Justificativa

O Museu Afro Brasil, na sua dimensão educativa, propõe uma programação de formação de professores e educadores, tomando como referência o seu acervo. Com a intenção de contribuir para a compreensão da complexidade das relações étnico-raciais em na nossa sociedade, considera que é fundamental abordar questões relacionadas a: diversidade africana, matrizes africanas na construção da sociedade brasileira, e à cultura afro brasileira na constituição da cultura e da identidade nacional. Ainda hoje esses conteúdos são pouco legitimados e conhecidos pelo sistema de ensino, em qualquer um de seus níveis. Compreendidos poderão alterar a condição de desigualdade educacional das crianças e dos jovens negros em nosso país.

Estudos ainda apontam para desigualdades escolares entre estudantes negros e brancos, a reflexão apurada sobre o tema não tem suscitado, no tempo merecido, estudos e debates no âmbito da educação nacional. Os professores e educadores procuram o Museu, desde a sua fundação, com o objetivo de ampliar recursos e repertórios que lhes permitam lidar com a situação de preconceito racial no cotidiano escolar. Nessa relação, buscam também subsídios que orientem a organização de conteúdos pedagógicos sobre a presença negra na história e cultura brasileira, de modo a fortalecer a autoestima positiva de alunos negros prioritariamente e, junto a isso expandir a noção de Brasil para todos os estudantes.

Considerando todos os desafios que ainda se impõem para que a história e a cultura africana e afro-brasileiras sejam efetivamente incluídas nos currículos escolares e nas ações culturais oferecidas a crianças, adolescentes, jovens e adultos o Museu Afro Brasil, por intermédio do Núcleo de Educação promove um programa de formação especialmente voltado para esses atores essenciais nas cenas educativas e culturais..

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Esse programa pretende contribuir também para o aprofundamento da reflexão a respeito das relações de poder que marcam nossa história e que podem ser observadas em nossas diversas formas de expressão.

Objetivo geral

As ações têm como objetivo promover a reflexão a respeito de temáticas, conceitos, práticas culturais e educativas essenciais no processo de formação de cidadãos que tenham condições de identificar e posicionar-se contra os estereótipos, o preconceito e a discriminação étnico-racial.

Objetivos Específicos

 Apresentar aos participantes a perspectiva adotada pelo Museu Afro Brasil a respeito das temáticas abordadas;

 Promover o contato dos participantes com as diversas exposições oferecidas pelo Museu Afro Brasil;

 Proporcionar aos educadores experiências práticas que possibilitem aprofundar a reflexão a respeito das temáticas, das linguagens presentes nas mostras realizadas pelo Museu Afro Brasil;

 A partir da abordagem da história e do percurso de personalidades e personagens representadas na exposição de longa duração, refletir sobre os processos de resistência – individuais e coletivos- e sobre como esses processos marcam a construção das identidades e da dinâmica das relações sociais;

 Refletir sobre os fatos históricos representados nos Núcleos do acervo do Museu e sobre como eles têm sido apresentados e compreendidos ao longo do nosso processo de formação acadêmico e cultural;

 Subsidiar os participantes para a ação em sala de aula, por meio da ampliação de repertório e de reflexões que buscam articular as experiências pessoais dos participantes, os elementos presentes no espaço museal e referências teóricas mobilizadas durante o encontro.

Programação Geral

A programação prevê a realização de:

 Cursos, encontros e seminários;

 Palestras e mediações de discussões teóricas;

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 Oficinas de aprofundamento de diferentes temáticas e linguagens;  Visitas orientadoras para futuras ações de mediação;  Orientação de estudos;  Produção de Materiais de apoio;  Assessorias e consultorias para grupos de professores, escolas, institutos e Secretarias de Educação, Cultura, Direitos Humanos, entre outros equipamentos educacionais e culturais.

Considerações Metodológicas

A programação realizada junto aos professores e educadores no espaço do Museu, independente de seu formato, tem como início uma visita mediada na exposição de longa duração.

Essa visita pode, a depender do objetivo do grupo, aprofundar um núcleo temático específico. Neste caso o planejamento da atividade pela equipe de educadores, considera o tema central solicitado, tanto nas abordagens de conteúdo como na instigação pedagógica e, consequentemente na reunião, debate ou palestra organizada para finalizar o encontro.

De modo geral, o Programa assegura:

 Visitas mediadas às exposições de longa duração e a mostras temporárias.

 Palestras ou discussões teóricas mediadas pela equipe do Núcleo de Educação.

 Atividades destinadas a subsidiar as práticas docentes para a abordagem das temáticas discutidas

 Reflexão final a respeito de relações possíveis entre os temas abordados e a contribuição desse reconhecimento para reconstrução do nosso imaginário a respeito da presença e do papel do negro em nossa história e nossa cultura.

Avaliação

A avaliação é realizada por meio de instrumentos elaborados especialmente para este fim. A avaliação produz relatórios específicos que, sistematicamente, subsidiam os novos encontros e também a reformulação ou ajuste das ações realizadas. Além disso, esse material é analisado pela equipe de educação, tornando-se referência para os processos internos de formação. Além do acompanhamento e sistematização desses resultados, como parte constitutiva do programa, eles geram também relatórios trimestrais.

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2.9.3.1.2 Programa Singular e Plural

Apresentação A acessibilidade é um princípio organizador da educação museal. O Singular Plural é o programa do Núcleo de Educação que tem como objetivo possibilitar aos grupos especiais e inclusivos a acessibilidade física e sensorial às exposições e demais programações do Museu Afro Brasil; O programa Singular Plural atende a pessoas com:

 Deficiência auditiva;  Deficiência visual;  Deficiência intelectual;  Deficiência neuro-motora;  Transtornos mentais.

Desde sua criação, o programa Singular Plural (assim denominado desde 2010 pelo diretor curador Emanoel Araujo) investe na elaboração de materiais e recursos didáticos multissensoriais para contemplar de maneira satisfatória o envolvimento dos grupos em todas as atividades de educação do Museu Afro Brasil.

Atualmente o Singular Plural conta com uma seleção de obras originais, bem como reproduções de obras liberadas ao toque que permitem a interatividade do público alvo com o acervo do museu, a partir da manipulação de esculturas, máscaras e estatuetas africanas, instrumentos musicais, maquetes tridimensionais com legendas em dupla leitura (tinta e Braille), reproduções em relevo de obras de arte, jogos educativos, além da instalação de audiodescrições (QRCodes) em diversas obras da exposição de longa duração. Os educadores envolvidos no programa Singular Plural e demais funcionários do Museu Afro Brasil também participam de processos contínuos de formação.

As ações do Singular Plural abrangem “linguagens artísticas e múltiplas identidades e expressões culturais, até então desconsideradas pela ação do Estado”, como preconiza o Plano Nacional de Cultura; estabelece programas de estímulo ao acesso de crianças, adolescentes e adultos aos bens culturais Além disso, reforça o acesso com a gratuidade para a realização de visitas agendadas, atividades em instituições e escolas e entrada franca no Museu todos os dias da semana.

O programa Singular Plural conta com a parceria de instituições voltadas para a área de inclusão e reabilitação de pessoas com deficiência. Investe também na participação em eventos, encontros e seminários ligados à inclusão e acessibilidade.

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Justificativa

Segundo o Censo Demográfico de 2000 o Brasil tinha 24,6 milhões de pessoas portadoras de alguma deficiência, o que correspondia a 14,5% da população brasileira. Em 2000, das 24,6 milhões de pessoas que se declararam portadoras de deficiência (14,5% da população total), 19,8 milhões estavam nas zonas urbanas e 4,8 milhões nas zonas rurais. São Paulo é o estado com o maior número de cegos (23.900).

Mesmo com esse número expressivo de pessoas com deficiência, ainda são precárias as ações culturais e educacionais permanentes oferecidas pelas instituições museológicas brasileiras voltadas para esse público específico. O programa Singular Plural, portanto, é uma iniciativa diferenciada, pois, o fato de suas ações serem permanentes favorecem a qualidade dos atendimentos e o reconhecimento do público ao qual se destina, estabelecendo maior empatia por ser um equipamento cultural acessível.

Os esforços destinados à elaboração e aprimoramento das ações podem ser notados no expressivo aumento do número de visitantes com esse perfil e nas parcerias estabelecidas com instituições que atendem ao público com deficiência.

Outro importante aspecto que constitui esse Programa, na sua edição mais atual, é a aproximação do Singular Plural às periferias da cidade com o objetivo de ampliar as condições de acesso àqueles que, em condição de fragilidade social, não se sentem pertencentes ao cenário cultural da cidade. Em sua maioria são pessoas negras com deficiência.

Objetivos

Os principais objetivos do programa Singular Plural são:

 Possibilitar o acesso pleno das pessoas com deficiência ao conhecimento da História do Brasil, na perspectiva africana e afro-brasileira, através do contato com seu patrimônio material e imaterial.  Desenvolver e ampliar as potencialidades e repertórios das pessoas com deficiência;  Estimular as pessoas com deficiência a explorarem os equipamentos culturais e o convívio social;  Servir como aliado das instituições voltadas para a educação de pessoas com deficiência no que diz respeito ao processo de aprendizado;  Estimular o contato e interação entre as pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, através do compartilhamento da História, Memória e Patrimônio comuns.

O Programa Singular Plural se constitui de um Programa específico, três projetos e de ações de visita mediada que serão apresentados em suas linhas gerais.

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Visita Mediada

O Programa Singular Plural atende aos diferentes públicos com deficiência por intermédio de visitas mediadas pelos educadores às exposições do Museu. Um apurado plano de visitação é elaborado pela equipe de educadores, que considera em primeiro lugar o potencial de cada grupo, na proposição de atividades durante o percurso expositivo. A visita conta com obras acessíveis: obras liberadas para o toque, maquetes tridimensionais, placas em resina, placas em EVA, legendas em braile e audiodescrições ((QRCodes).

2.9.3.1.3 Programa África ao Samba

Este programa acontece desde 2015 e, tem como objetivo discutir, estudar e analisar as influências africanas no samba brasileiro, bem como explorar a história social do samba, tendo o acervo e as exposições temporárias do Museu como eixos organizadores das atividades.

A proposta considerou o trabalho junto a frequentadores, equipe técnica, oficineiros, familiares e demais pessoas do entorno dos equipamentos públicos de saúde mental do município de São Paulo, que atendem pessoas em sofrimento psíquico nos mais variados níveis, com o intuito de discutir, tocar e fazer sambas. Participam dessas atividades atualmente Caps Itaim, Caps Butantã, Cecco Previdência e Cecco Ibirapuera.

Este programa foi criado, portanto, para fomentar as possibilidades de expressão de pessoas socialmente excluídas, criticar a normatização e contribuir para que todos possam ocupar lugares mais agradáveis e interessantes na cidade.

Para tanto, ocorrem visitas mensais dos frequentadores dos equipamentos parceiros ao Museu Afro Brasil, o que solicita da equipe de educadores a organização de visitas educativas e oficinas temáticas conforme os eixos programáticos discutidos com os profissionais responsáveis pelas instituições.

Os resultados do Programa são avaliados sistematicamente pelo Museu e pelas instituições parceiras, apontando o desenvolvimento individual dos integrantes, e dos grupos assistidos.

2.9.3.1.4 Projeto “Museu Afro Brasil em diálogo com outros acervos”

Parceria atual: Ong Transformar

O projeto consiste na realização de visitas que promovam o diáogo entre a exposição de longa duração do Museu Afro Brasil e os acervos de outros museus. O objetvo é que esse diálogo aconteça por meio da leitura e análise de obras, artistas ou temas afins ou por meiode ações educativas desenvolvidas pelos setores educativos das instituições visitadas.

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O público para este projeto é, necessariamente, um grupo e/ou instituição parceiro/a que já tenha um vínculo estabelecido com o Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil e, por isso, conheça com alguma profundidade os conteúdos aqui abordados. A elaboração de roteiros e demais atividades previstas no projeto implica também visitas técnicas aos acervos que serão visitados.

Essa experiência possibilita ainda ampliação de parcerias entre os programas de acessibilidade dos museus envolvidos na ação, bem como o intercambio de práticas educativas.

2.9.3.1.5 Projeto Acessa MAB

Trata-se de um projeto de promoção de acesso aos bens culturais reconhecidos como sendo de prestígio social e se caracteriza por implicar ações externas do Núcleo de Educação do Museu.

O projeto nasce da percepção e compreensão de que um dos principais entraves para instituições que atendem pessoas com deficiência é a dificuldade de locomoção desses indivíduos. Dada a escassez de políticas públicas que garantam o deslocamento dessas pessoas pela cidade de São Paulo, a visitação torna-se limitada ou mesmo impossibilitada.

Assim sendo, a proposta é visitar essas instituições e realizar atividades (palestra, oficina etc) que estimulem os participantes a visitarem o Museu Afro Brasil. Por outro lado, há o intuito de sensibilizar e subsidiar os profissionais da instituição para que deem continuidade à discussão das temáticas abordadas nas atividades realizadas pelo Núcleo de Educação, por ocasião das visitas às exposições do Museu.

As ações-piloto do projeto Acessa MAB têm dado um retorno importante de público ao Museu.

2.9.3.1.6 Projeto Rede de Museus

Parceria atual: MAC-USP, Museu Lasar Seggal e Cecco Ibirapuera

A proposta tem como referência a maneira como foi projetado o plano de Saúde Pública no Brasil, baseado no atendimento dos usuários por um conjunto de equipamentos que constituem redes de acolhimento. Assim, o objetivo do projeto é incentivar um diálogo entre museus localizados no entorno do Museu Afro Brasil, com equipamentos de acolhimento do público em sofrimento psíquico inicialmente da região de Vila Mariana e Jabaquara.

Para tanto, um grupo formado por frequentadores de diferentes equipamentos visitarão os acervos dos museus envolvidos no projeto, tendo como referência um eixo temático partilhado pelos educativos deses museus. Esse eixo orientará as visitas que serão realizadas

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às diferentes instituições. Com isso, a programação articulará um circuito cultural e de promoção da saúde mental.

O desenvolvimento do projeto, em sua primeira versão, vem sendo cuidadosamente acompanhado pela equipe de profissionais de educação do Museu Afro Brasil.

2.9.3.1.7 Programa de Formação de Educadores do Museu

Apresentação

A formação continuada da equipe de educadores do Museu acontece, especialmente, durante as reuniões semanais, encontros e cursos que enfatizam conceitos e processos ligados à produção, história e leitura de obras de arte, e construção de uma prática adequada aos princípios do Museu, além da ampliação da compreensão dos eixos que organizam a exposição de longa duração e que são explicitados nos núcleos expositivos. O estudo constante das exposições temporárias faz parte desse aprofundamento.

Justificativa

Os novos educadores que passam a integrar o Núcleo de Educação são recebidos com uma intensa programação de imersão no acervo do Museu Afro Brasil.A programação envolve visitas mediadas realizadas pelos integrantes do Núcleo, estudos das temáticas abordadas pelo Museu, observação e análise de obras emblemáticas de cada um dos seis Núcleos que organizam a exposição de longa duração.

Além disso, estão previstos também acompanhamento de visitas realizadas pelos educadores e a produção de um roteiro básico a ser utilizado como referência nos primeiros meses de atuação. Esse processo inicial dura de 4 a 6 semanas, momento, a partir do qual, o novo educador realizará suas primeiras visitas. Os ajustes no roteiro inicial, o aprofundamento de seus estudos constituem as estratégias para a finalização dessa etapa inicial de formação. Ao final do segundo mês os novos educadores passam a participar, de forma efetiva, do atendimento diário de visitantes agendados e espontâneos.

Inicia-se, então, uma nova etapa do processo de formação que envolve as temáticas, as linguagens e conteúdos presentes na exposição de longa duração do Museu Afro Brasil, mas considera também singularidades das mostras temporárias. Além disso, a partir da realização sistemática das visitas surgem novos aspectos relacionados às práticas individuais e ações coletivas da equipe. Essas experiências e as questões delas decorrentes constituem pontos de partida para a formação continuada dos educadores.

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Considerações Metodológicas:

Ao entender que se faz necessário um processo permanente de formação, além dos estudos e pesquisas individuais, os educadores do Museu Afro Brasil participam de uma programação mensal que busca aprofundar aspectos essenciais para um atendimento qualificado do público, seja do ponto de vista conceitual, teórico, seja no que diz respeito à dimensão metodológica. Para tanto, a pauta mensal, envolve além das questões relacionadas ao cotidiano do atendimento, tópicos que estruturam as reuniões semanais:

a. Análise de situações-problema durante a mediação. Ao longo das visitas surgem constantemente questões polêmicas, situações inesperadas, o que exige encaminhamentos imediatos. Na primeira semana de cada mês, as reuniões são dedicadas à apresentação e análise de questões e situações vividas pelos educadores no cotidiano. Em seguida, são discutidos procedimentos de referência que podem subsidiar a atuação da equipe. b. Relato e análise de práticas de mediação. Esse encontro tem como principal objetivo discutir coletivamente experiências realizadas pelos educadores durante as visitas. A partir desse exercício debate-se sobre estratégias para: a) abordagens de temas e questões recorrentes durante as visitas b) características dos diferentes públicos atendidos c) procedimentos metodológicos adotados para a mediação durante visitas c. GTEs – Grupos de Trabalho e Estudo. A terceira semana de cada mês é dedicada à organização e preparação das atividades que compõem a programação mensal. Para tanto, os GTEs se reúnem com o objetivo de aprimorar, consolidar e sistematizar oficinas, roteiros de visitas, pautas para encontros de formação bem como ler, discutir e estudar materiais que subsidiem teórica e metodologicamente a realização dessas ações. Esse movimento de produção implica uma programação sistemática de estudos, experimentações, reflexões individuais e coletivas orientadas e acompanhadas pela equipe de coordenação. Os GTES foram criados a partir de uma ação que foi recorrente no primeiro semestre de 2014: elaboração de oficinas por um grupo de educadores e, posteriormente, a realização e discussão da atividade elaborada com toda a equipe. Nesses momentos são retomados conceitos, procedimentos metodológicos, uso e adequação de recursos previstos.

Formação teórico-temática - Estudo e discussão das principais temáticas abordadas nas exposições realizadas pelo Museu Afro Brasil, bem como de outros temas essenciais para o desenvolvimento e aprimoramento das ações de mediação.

Além desses momentos, especialmente voltados para a formação, procuramos garantir sempre a presença de, pelo menos, um educador nas ações de formação voltadas para professores e educadores, conduzidas pela equipe de coordenação do Núcleo de Educação. Essa estratégia é utilizada especialmente na formação dos educadores novos.

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Em diferentes momentos, nas reuniões semanais, a equipe de educação recebe especialistas de fora do Museu para fortalecer a formação dos educadores sobre os conteúdos e temas abordados nas exposições do Museu. Nestes encontros, também são recebidos artistas cujas obras estão em mostras temporárias ou se encontram na exposição de longa duração.

Avaliação

A avaliação desse programa é constante e contínua, na medida em que seu público é o profissional que atua na área de educação do Museu, cuja responsabilidade é a de garantir o cumprimento do programa de Educação.

A coordenação do Núcleo de Educação realiza avaliações cumulativas sobre as conquistas e desafios de cada educador no processo contínuo da formação e trabalho.

2.9.3.1.8 Programa de Formação de Mediadores Culturais

Apresentação

O programa pressupõe parceria com uma organização social que atue em determinado território e envolve, além das ações de formação, a presença do Museu Afro Brasil nos espaços em que vivem e atuamos mediadores culturais. Atualmente, o Programa conta com dois programas específicos, destinados a diferentes públicos, considerando as características de suas condições de atuação.

Justificativa

A implementação da lei 10.639/03 constitui desafio para todas as instituições que, de alguma forma atuam nas áreas de educação e cultura. No caso das organizações sociais que, geralmente, realizam ações que dialogam ou complementam os currículos escolares, esse tema passa a integrar as pautas de discussão, mas nem sempre suas equipes pedagógicas e gestoras contam com referenciais que orientem a elaboração de propostas consistentes e subsidiem, de forma efetiva, a ação dos educadores e as práticas culturais de crianças, adolescentes, jovens e adultos para o enfretamento dos preconceitos, do racismo e da discriminação étnico-racial.

O Museu Afro Brasil tem sido, desde sua implantação, em 2004, um interlocutor intensamente procurado por essas organizações (assim como pelas instituições de ensino, públicas e privadas, que atuam em diferentes segmentos), seja para o agendamento de visitas para os profissionais que constituem essas equipes ou para o público atendido por elas, seja

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em busca de ações de formação que referenciem as atividades previstas em seus planos pedagógicos.

Objetivos gerais:

Esse programa pretende contribuir diretamente para o processo de formação de mediadores culturais e indiretamente com para a formação cultural de crianças, adolescentes e jovens, tendo como referenciais a história, a memória e a arte apresentadas a partir da perspectiva do negro.

Apresentamos abaixo os dois programas em curso:

1º Programa

Formação de Educadores e Atendimento de adolescentes e jovens em situação de medidas socioeducativas

Parceria atual: Fundação CASA – Quesito Cor

Esse programa se justifica pelo compromisso de proporcionar aos adolescentes, jovens e funcionários de instituições que atuam na área de medidas socioeducativas o contato e a reflexão sobre a história do Brasil contada a partir da perspectiva do negro, por meio de visitas às exposições realizadas pelo Museu Afro Brasil e de outras atividades conduzidas pelos profissionais do Núcleo de Educação do Museu.

Objetivos

 Produzir conhecimento e contribuir para complementar a formação dos funcionários da instituição e dos jovens que cumprem medidas socioeducativas, no que diz respeito às culturas africanas e afro-brasileira.

 Possibilitar o resgate da identidade afro-brasileira, valorizar a diversidade brasileira elevando a autoestima dos adolescentes pardos e pretos que cumprem medida socioeducativa.

 Contribuir para que os jovens atendidos pela instituição parceira compreendam algumas particularidades da cultura e da população afrodescendente que são importantes para a nossa percepção como indivíduos brasileiros, o que, possivelmente, fortalecerá o sentimento de pertencimento daqueles que são afrodescendentes.

 Colaborar para que os jovens ampliem seus conhecimentos e vivências a partir do contato direto e indireto com os materiais oferecidos pelo Museu Afro Brasil reflexão,

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troca de ideias e informações que abram espaços para o exercício da criação, imaginação e desenvolvimento plástico-visual, contribuindo para a busca efetiva e consciente de seu lugar social.

 Auxiliar os funcionários na compreensão de algumas singularidades da cultura e da população afrodescendente que são importantes para a nossa percepção como sujeitos brasileiros. No caso da Fundação CASA, esse programa pretende subsidiar os profissionais para a interlocução com os adolescentes e familiares sujeitos à elaboração do Plano Individual de Atendimento.

Programação

Desde 2010, a cada semestre, o Museu recebe aproximadamente 40 educadores da Fundação Casa que participam de um processo de formação com duração de sete semanas. Durante um dia da semana, a equipe permanece no museu por 7 horas, totalizando 49 horas de formação.

Os conteúdos abordados nos núcleos temáticos da exposição de longa duração são aprofundados, por intermédio de uma primeira visita geral, seguida por visitas específicas a cada núcleo, acompanhadas de atividades complementares e de debates sobre o tema.

Avaliação

A avaliação é realizada por meio de instrumentos elaborados especialmente para este fim. A avaliação produz relatórios específicos que, sistematicamente, subsidiam os novos encontros e também a reformulação ou ajuste das ações realizadas. Além disso, esse material é analisado pela equipe de educação, tornando-se referência para os processos internos de formação. Além do acompanhamento e sistematização desses resultados, como parte constitutiva do programa, eles geram também relatórios trimestrais.

2º Programa

Akpalô

Parceria atual: IBEAC – Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário, na região de Parelheiros.

Apresentação

Trata-se de um programa de formação de mediadores culturais de comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade social. O programa tem como objetivo subsidiar a

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abordagem de questões identitárias envolvidas no enfrentamento do preconceito, da discriminação e do racismo.

Para tanto, toma-se como ponto de partida o acervo da exposição de longa duração do Museu Afro Brasil, as ações de mediação e formação realizadas pelo Núcleo de Educação, as orientações previstas pela lei 10.639/2003 para o ensino da história e das culturas africanas e afro-brasileiras e as ações já realizadas pela organização parceira.

Justificativa

Dentre outros públicos, temos recebido cada vez mais crianças, adolescentes, jovens e adultos que chegam ao Museu, por meio da ação de instituições culturais que atuam em diversas regiões da cidade, especialmente nas periferias, muitas vezes destituídas do acesso aos bens culturais socialmente prestigiados.

Não raro esse público vive em situação de vulnerabilidade social, seja pela restrição de acesso aos serviços básicos – educação, saúde, segurança, transporte – seja pelas restrições provocadas pela dificuldade de: reconhecer como legítimas e valorizar práticas culturais características das comunidades em que vivem e reivindicar como direito práticas culturais normalmente negadas aos grupos sociais e economicamente menos privilegiados.

É comum que esse público seja formado, em sua maioria, por negros e seus descendentes. Trata-se, assim, de um público para o qual o Museu Afro Brasil tem um valor simbólico especialmente importante. Paradoxalmente, essas pessoas enfrentam toda a sorte de empecilhos para frequentar espaços culturais, sobretudo aqueles situados fora das comunidades em que vivem.

Objetivo Geral

O presente programa tem como objetivo geral contribuir diretamente para a formação de mediadores culturais mais conscientes e críticos e indiretamente para o processo de sensibilização e conscientização da comunidade atendida pela instituição parceira, no que diz respeito à sua identidade cultural e ao processo de (re)construção de seu imaginário, especialmente por meio do acesso a bens culturais de prestígio social, aos quais muitas vezes essa população não tem acesso.

Programação

A primeira etapa do programa se realiza ao longo de 08 meses. Neste período está previsto um intenso intercâmbio entre os jovens, o Museu, a instituição parceira e a comunidade a qual estes jovens pertencem.

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Um grande número de vistas acontece no Museu, em primeiro lugar como aproximação e apreensão dos conteúdos temáticos da exposição de longa duração, em segundo lugar, para a produção, pelos jovens de roteiros relacionados aos temas estudados e discutidos ao longo dos encontros de formação. Esse processo é dinâmico e inclui também ações no bairro em que os participantes do projeto moram e atuam.

O programa envolve:

a. Curso de formação destinado a jovens mediadores culturais que atuam nas comunidades a que pertencem; b. Realização de diagnóstico de práticas culturais que remetam à matriz africana e a experiências que abordem ou evidenciem a perspectiva afro-brasileira nos territórios em questão e em seu entorno. c. Ações realizadas pelo Núcleo de Educação no território em que atua a instituição parceira. d. Visitas das comunidades envolvidas no programa ao Museu Afro Brasil, mediadas pelos mediadores culturais formados pelo Programa.

Avaliação

A avaliação é realizada por meio de instrumentos elaborados especialmente para este fim. A avaliação produz relatórios específicos que, sistematicamente, subsidiam os novos encontros e também a reformulação ou ajuste das ações realizadas. Além disso, esse material é analisado pela equipe de educação, tornando-se referência para os processos internos de formação. Além do acompanhamento e sistematização desses resultados, como parte constitutiva do programa, eles geram também relatórios trimestrais.

2.9.3.2 Projetos

Os projetos estão voltados ao público em geral, funcionários do museu e publicações educativas, que se encontram brevemente apresentados neste Programa de Educação.

2.9.3.2.1 Aos pés do Baobá

No último sábado de cada mês, às 11h da manhã, o Núcleo de Educação recebe o público para um momento dedicado à contação ou leitura de histórias.

O projeto prioriza aspectos fundamentais da cultura brasileira, como a oralidade e o contato com as narrativas ficcionais, especialmente aquelas de origem oral e as produções africanas e afrobrasileiras.

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As sessões, abertas ao público geral, se organizam em torno da experiência fundadora da escuta de histórias (contadas ou lidas). Nesses encontros, os educadores emprestam voz e corpo às narrativas diversas que proporcionam aos visitantes a ampliação e ressignificação do imaginário construído a respeito da presença africana em nossa cultura.

2.9.3.2.2 Ateliê Aberto

O público do final de semana, principalmente no domingo, merece atenção especial, sobretudo pelas especificidades de sua composição: trata-se geralmente de grupos familiares ou de amigos. Para tanto, além das visitas mediadas ou espontâneas foi elaborado o Projeto Ateliê Aberto.

Com o objetivo de ampliar o contato do público, especialmente das crianças e famílias que visitam o Parque do Ibirapuera aos finais de semana, com o Museu Afro Brasil, os educadores conduzem experiências estéticas que têm como principal objetivo propiciar aos visitantes o contato com linguagens artísticas, técnicas e materiais diversos. Tudo isso num clima gostoso de brincadeira e experimentação.

Após uma breve visita ao acervo, os participantes têm a oportunidade de descobrir e dividir materiais, observar a criação do outro, se encantar com a metodologia e com o fazer.

2.9.3.2.3 Na espiral da memória

Destinado ao público idoso, esse projeto se organiza em torno do conceito de memória, especialmente em sua dimensão coletiva. O contato dos visitantes com as obras de arte e documentos que compõem o acervo e as mostras temporárias realizadas pelo Museu Afro Brasil tem se revelado extremamente propício para o exercício de recuperar experiências vividas e, a partir delas, ressignificar o presente e mesmo reinventar a própria história e reconstruir identidades. A programação envolve visitas especialmente organizadas para esses visitantes e ações sistemáticas desenvolvidas em parceria com organizações com experiência no atendimento a esse público. No segundo caso, o projeto prevê visitas mensais de um mesmo grupo ao longo de um semestre e dialoga com atividades realizadas cotidianamente nas organizações parceiras às quais estão vinculados.

2.9.3.2.4 Oficinas

O Núcleo de Educação organizou um projeto que oferece ao público uma programação de oficinas, sempre articuladas a visitas mediadas às exposições de longa duração ou às mostras temporárias. Essas oficinas têm como objetivo sensibilizar o público para as temáticas abordadas pelo Museu Afro Brasil ou ampliar e aprofundar questões tratadas durante as

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visitas, tanto no que diz respeito aos conteúdos, como às diferentes linguagens e recursos estéticos que podem ser mobilizados pelos educadores durante a mediação entre o público e as obras apresentadas ao longo dos percursos realizados pelas exposições.

Essas atividades podem envolver desenho, pintura, gravura, fotografia, música, dança, literatura entre outras linguagens artísticas. Atualmente são realizadas, em média, duas oficinas por mês, sempre com data previamente agendada e divulgada em nosso site e em nossa página do facebook.

Integram a programação atualmente:

a. Abayomi

A oficina propõe, uma experiência prática e reflexiva sobre a representação da mulher negra no universo simbólico que se constrói a partir do brinquedo e do brincar. Com base em obras presentes na exposição de longa duração do Museu Afro Brasil, os visitantes são convidados a refletir sobre questões como identidade, padrão de beleza, racismo e gênero, a partir da experiência estética criativa e lúdica da construção das Abayomi – bonecas negras confeccionadas em tecido e sem costura,

b. Bingana

Essa oficina tem como matéria-prima a palavra. Os participantes são convidados a conhecer, aprender, brincar e refletir sobre provérbios apresentados em três línguas: português, quicongo e lingala (línguas faladas na República Democrática do Congo).

c. Brincadeiras do Congo

Tem como objetivo proporcionar aos visitantes um contato efetivo com brincadeiras congolesas. Movimentos corporais, letras e melodias das canções são experimentados pelo público ao som do djembé, tocado pelo educador congolês que integra a equipe do Núcleo de Educação.

d. Bumba, meu Boi!

A oficina tem como objetivo propiciar uma reflexão sobre o processo artístico de produção de conhecimento e o imaginário coletivo envolvido na festa do Bumba-meu-boi, a partir da confecção e ornamentação de um couro de boi. A experiência se completa com uma vivência musical com algumas das toadas que acompanham os instrumentos na festa que conta o auto do boi: pandeirão, matraca, tambor e um maracá improvisado disponíveis no Núcleo da Educação.

e. Impressões da cor

Oficina de gravura que possibilita aos visitantes construir a sua própria matriz em madeira e E.V.A, gravar a superfície, entintar a placa e finalizar com o processo de impressão em papel, tendo como inspiração o acervo do Museu Afro Brasil ou as exposições temporárias.

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f. Ngoma

Nessa oficina os participantes aprendem a confeccionar tambores de forma simples e prática. Em seguida, são convidados a aprender alguns toques e a participar de uma roda, durante a qual todos tocam, cantam e dançam.

A oficina preza pela simplicidade de construção e execução, apenas cano PVC e fita durex, e conta com a presença de um educador que orienta a confecção e a conversa sobre o instrumento de importância tão fundamental em seu país de origem, a República Democrática do Congo.

g. Nsaka za bana

A partir de uma breve visita ao museu e tomando como ponto de partida, a localização geográfica, aspectos históricos e linguísticos do Congo, os educadores conduzem discussões sobre o poder da palavra. Em seguida, os participantes são convidados a conhecer e brincar com palavras e textos curtos em lingala e kikongo e a experimentar movimentos corporais articulados a cantigas congolesas.

2.9.3.2.5 Projeto de Formação dos Funcionários do Museu

O Museu, como instituição que tem no público o seu objeto principal, precisa se voltar para o seu corpo de funcionários, como equipe integral. E, para isso, é preciso conhecer, admirar, entender os conteúdos expositivos e, ao mesmo tempo, entender a importância desse patrimônio cultural.

O Núcleo de Educação realiza, periodicamente, visitas à exposição de longa duração e a mostras temporárias, especialmente voltadas para os funcionários do Museu Afro Brasil. São realizadas também, por iniciativa da curadoria, reuniões gerais que abordam temáticas e conceitos essenciais de referência para a atuação cotidiana no MAB.

2.9.3.2.6 Projetos para Produção de materiais e espaços criativos

Materiais - Linhas de publicação

A produção de materiais para os diferentes públicos, que os aproximem dos conteúdos expositivos, faz parte de um projeto específico do Núcleo de Educação. Esses materiais, sob a forma de jogos, série de cadernos, revistas, roteiros de visitação ou outras publicações, estarão disponíveis ao público espontâneo, ao público escolar, aos professores - como suporte pedagógico - e ao público portador de necessidades especiais. Eles estarão organizados, também, considerando as diferentes faixas etárias e às diversas abordagens que um museu de história, memória e arte contemplam.

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Roteiros de visita

Os roteiros publicados pelo Núcleo de Educação, impressos e digitais, têm como objetivo sugerir aos visitantes percursos que podem ser realizados durante uma visita. Esse material pode ser utilizado também como referência para a preparação de uma visita ou como ponto de partida para o aprofundamento de reflexões após uma visita, seja ela orientada ou espontânea.

Negras Palavras

A revista procura resgatar o significado de palavras faladas e escritas que constituem o imaginário brasileiro sob o domínio do consciente ou do inconsciente. Nela, encontra-se o registro de experiências com a palavra em rodas de histórias, oficinas, depoimentos, entrevistas, encontros temáticos e seminários dedicados ao resgate da memória negro-africana na história e cultura brasileiras.

Almanaque Museu Afro Brasil

A revista evidencia a trajetória de personalidades negras de importância destacada no cenário histórico e cultural brasileiro em diferentes tempos. Para isso, a história da personalidade retratada será contextualizada em uma linguagem que permita agilidade de leitura, em relação aos diversos acontecimentos marcantes da época. A revista prevê uma seção interativa a partir de desenhos e jogos, ligados à temática apresentada.

Pranchas para uso do Público espontâneo ou Guias de turismo

Um conjunto de pranchas que orientam roteiros de visitação ao público espontâneo será oferecido, como empréstimo, aos visitantes espontâneos e aos guias de turismo que acompanham grupos de visitação.

As pranchas terão conteúdos específicos a cada núcleo temático da exposição de longa duração, incluindo orientação para leitura de obra e informações que contextuam o núcleo e algumas obras indicadas.

2.9.3.3 Outras ações Educativas

Visitas Orientadas

Realizadas pelos educadores do museu, serão oferecidas diariamente visitas para grupos de estudantes das redes pública e privada de ensino dos níveis de ensino infantil, fundamental, médio e superior, além de ONGs, instituições culturais e público em geral.

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As visitas orientadas integram o programa de educação que está constituído por um conjunto de ações pedagógicas e educacionais, elaborado em consonância com os conceitos e conteúdos expositivos, cujo objetivo central é a mediação e a extroversão desses conteúdos junto ao público de diferentes faixas de idade e níveis sociais. A mediação se fará de modo adequado a cada faixa etária.

Essas visitas têm como ponto de partida o acolhimento com a função de, ao mesmo tempo, garantir e facilitar o contato entre o educador e o grupo e de prepará-los para a visita, com atividades que propiciem o deslocamento necessário para vivenciar a experiência proporcionada pelo espaço museal e promovam a aproximação com os conteúdos expositivos. Para tanto, os educadores recorrem à leitura ou contação de histórias, atividades musicais entre outras estratégias.

Em geral o tempo previsto para esta visita é de 1h15’ e atende a grupos de, no máximo, 20 pessoas.

Visitas Temáticas

As visitas temáticas têm por objetivo proporcionar ao visitante a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos e reflexões a respeito de fatos históricos, linguagens ou conceitos abordados na exposição de longa duração.

O educador realiza a visita a partir de um roteiro que destaca aspectos e informações, muitas vezes desconhecidos ou não valorizados na abordagem dos temas eleitos.

Essas visitas são oferecidas, geralmente, aos finais de semana e obedecem a uma programação de conteúdos organizada pelo Núcleo de Educação.

Com a intenção de oferecer experiências sempre mobilizadoras para as crianças, o Núcleo de Educação realiza periodicamente uma visita temática especialmente voltada para esse público:

Kotambola ya bana

A visita explora o acervo de maneira lúdica e apresenta obras de arte escolhidas para sensibilizar os pequenos visitantes. Durante o percurso, além de conhecer as exposições, as crianças participarão de brincadeiras que envolvem histórias e músicas que remetem às nossas matrizes africanas.

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2.10 Programa Editorial

Francisco de Paula Brito Autoria: Autor não identificado

A publicação dos conteúdos expositivos tanto do acervo, como das exposições temporárias, constitui-se em uma das prioridades do Programa. Assim, uma parte fundamental da memória institucional fica assegurada, sob a forma de catálogos, livros, revistas, folders e convites.

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2.10.1 Apresentação O Programa Editorial tem como propósito principal a coordenação de publicações sobre os conteúdos expositivos, tanto do acervo como das exposições temporárias, bem como os resultados de processos de pesquisa e de propostas educativas. A partir de suas ações, uma parte da memória institucional fica assegurada sob a forma de catálogos, livros, revistas, folders e convites.

A coordenação e realização dessas publicações articulam duas importantes dimensões: a memória conceitual da instituição e o seu compartilhamento junto ao público. O conceito orientador de cada obra editada é consonante com os conceitos que fundam essas ações.

2.10.2 Justificativa O Museu Afro Brasil tem uma função social é de suma importância para o patrimônio nacional, na medida em que salvaguarda a memória e a história afro-brasileira em diferentes tempos e espaços do país. Essas memórias são reconstruídas no presente, através das narrativas curatoriais que organizam e conceituam as exposições.

Neste sentido, a preservação mais contundente dessas narrativas curatoriais que, dinamicamente, ressignificam essa memória, tem nas publicações seu registro de longa duração.

A concepção e o conceito editorial dos catálogos, em seus diferentes formatos, além de apresentar as obras que integram as exposições, procuram expressar as narrativas curatoriais, seus conceitos e lógicas expositivas.

Essa perspectiva de estimular memórias de longa duração, sobre a qual se debruçam as ações previstas no Programa Editorial, se remete também às outras publicações, que envolvem tanto a extroversão de conteúdos que foram desenvolvidos e organizados pelos pesquisadores do Museu, como as propostas educativas voltadas a diferentes linhas de publicação.

Outra ação importante, sob a responsabilidade deste Programa é a elaboração de produtos gráficos e virtuais que comunicam a programação cultural do Museu. Do mesmo modo, esses produtos carregam com eles marca conceitual da instituição.

2.10.3 Objetivo Geral O Programa Editorial visa contribuir para a valorização, salvaguarda e compartilhamento do patrimônio cultural brasileiro, tendo como referência os conceitos fundadores do Museu Afro Brasil, por intermédio das publicações que o Núcleo Editorial coordena e organiza.

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2.10.4 Objetivos Específicos  Coordenar e produzir catálogos das exposições de longa duração e temporárias.  Propor a forma adequada aos catálogos: catálogo; catálogo-revista; catálogo jornal.  Produzir os folders, cartazes, convites das ações culturais do museu.  Coordenar a produção de livros, revistas, cadernos resultantes de ações desenvolvidas pelos Núcleos de Pesquisa e de Educação.

2.10.5 Linhas de Publicação O Programa apresenta três linhas gerais de publicação. A primeira é voltada ao registro das exposições, organizadas pela curadoria do Museu. A segunda se refere às publicações organizadas pelos Núcleos de Pesquisa e Educação. E a terceira comunica a programação cultural do Museu junto ao público.

As duas primeiras linhas possuem um caráter de longa duração, enquanto a terceira tem uma finalidade mais temporária.

2.10.5.1 Catálogos das exposições:

São inteiramente idealizados no Museu, com a concepção editorial definida pelo Diretor Curador. Desse modo, catálogos e exposições estão integrados desde o seu conceito até a sua publicação.

2.10.5.2 Pesquisa e Educação:

Independente da forma, tanto as publicações produzidas pelo Núcleo de Pesquisa como aquelas produzidas pelo Núcleo de Educação incluem linhas específicas que integram seus programas. Os conteúdos do acervo, seus desdobramentos e as exposições temporárias são o centro dessas publicações.

2.10.5.3 Programação Cultural:

Embora tenham um caráter mais efêmero, mas não menos importante, essas publicações se destinam a aproximar o público das ações do Museu e integram a memória institucional

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2.11 Programa de Difusão e Projetos

Canto para Ogum Autoria: Sidney Amaral

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2.11.1 Apresentação O Programa de Difusão do Museu Afro Brasil nasce do imperativo de ampliar a atuação da instituição em áreas identificadas como potencialmente estratégicas para seu fortalecimento, promovendo a expansão de sua ação junto aos seus diferentes públicos e contribuindo para o aumento de sua visibilidade. Os princípios que orientam este Programa estão em consonância com a missão e a visão da Associação Museu Afro Brasil e do Museu Afro Brasil e visam sua consolidação.

Sob a responsabilidade da Diretoria Curatorial, o Programa de Difusão e Projetos organiza sua atuação em três segmentos: Difusão dos acervos e temáticas do Museu Afro Brasil; Projetos – Núcleos Curatoriais e Novos conteúdos, cujos escopos estão apresentados a seguir:

2.11.1.1 Difusão dos acervos e temáticas do Museu Afro Brasil

O segmento Difusão dos acervos e temáticas do Museu Afro Brasil se estrutura em sete eixos de ação, com foco, prioritariamente, na difusão dos acervos museológico, documental e bibliográfico da instituição assim como das atividades desenvolvidas pelos profissionais de seus diferentes núcleos no tocante às obras que os constituem e às temáticas e debates que estes acervos apresentam e incitam.

O desenvolvimento de cada um dos sete eixos abaixo elencados busca promover o fortalecimento, a diversificação e a ampliação da atuação da instituição:

1. Eixo Itinerâncias:

Visa a promoção da circulação nacional e internacional das obras de seu acervo e o desdobramento dos fundamentos e conceitos que norteiam a narrativa curatorial de sua exposição de longa duração por meio da realização de itinerâncias de exposições temporárias no Estado de São Paulo, em outros Estados do Brasil e no exterior;

2. Eixo Cooperação Técnica:

Visa a ampliação e o fortalecimento de relação com instituições correlatas, nacionais e internacionais, visando o aprimoramento de seus programas e ações, por meio de projetos de cooperação técnica;

3. Eixo Parcerias:

Visa o estabelecimento de parcerias institucionais, acadêmicas ou museológicas, voltadas ao incremento das ações desenvolvidas pelos diferentes núcleos que compõem

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a Diretoria Curatorial: a Salvaguarda, a Museografia, o Editorial, a Documentação, a Biblioteca, a Educação e a Pesquisa.

4. Eixo Residências: a. Residências Artísticas/Curatoriais: Visa o fomento à produção cultural na área temática foco do museu, por meio de projetos de residência artística e/ou curatorial e premiações; b. Residências Técnicas: Contribuir para o intercâmbio de experiências entre os profissionais dos núcleos de Salvaguarda, Educação, Pesquisa, Documentação e demais núcleos curatoriais do museu e os profissionais de instituições homólogas, visando seu aperfeiçoamento, por meio da viabilização de residências técnicas no museu.

5. Eixo Extroversão e Formação: Visa a ampliação da extroversão dos conteúdos relacionados à educação, pesquisa, comunicação, documentação e conservação do acervo e das temáticas de atuação do museu mediante a: a. Realização de cursos, palestras, encontros, workshops, seminários e outras ações de formação no museu e/ou fora dele (nos espaços do museu em sua sede no Parque do Ibirapuera ou em ações extramuros); b. Prospecção de oportunidades de participação dos profissionais que atuam nos diferentes núcleos curatoriais em congressos, seminários, residências artísticas, estágios e intercâmbios técnicos e acadêmicos, nacionais e internacionais, e outros eventos atinentes à suas áreas de atuação;

6. Eixo Acesso: Visa a ampliação do acesso qualificado da população à cultura e à educação e do relacionamento com a comunidade, por meio de ações que possibilitem uma maior aproximação entre o museu e o público. Este eixo visa igualmente apoiar os diferentes Núcleos de Trabalho do museu em ações já implementadas e propor novas estratégias para ampliação de acesso ao público.

7. Eixo Convênios: Visa o desenvolvimento de ações pautadas na oferta de serviços em áreas e temas nos quais o Museu Afro Brasil tem reconhecida expertise como, por exemplo, curadoria, museografia, pesquisa, educação, conservação e restauro, etc., através de cursos, palestras, consultorias, assessorias técnicas e outros meios, mediante celebração de convênios com outras instituições.

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2.11.1.2 Projetos – Núcleos Curatoriais

As ações desenvolvidas no segmento Projetos visam apoiar os diferentes núcleos de trabalho das áreas fins do museu em quatro grandes linhas de atuação:

1. Mapeamento de Editais, Premiações e Concursos cujo escopo venha ao encontro da missão, da visão e dos objetivos da instituição, visando seu fortalecimento e consolidação, nas seguintes áreas:  Exposições temporárias  Itinerâncias  Publicações  Educação  Acessibilidade  Pesquisa  Salvaguarda  Biblioteca  Documentação 2. Assistência às equipes dos diferentes núcleos de trabalho da Diretoria Curatorial na elaboração e formatação de projetos assim como na sua posterior submissão aos editais e premiações identificados como de seu interesse. 3. Apoio à Curadoria do Museu Afro Brasil na elaboração, formatação e submissão de projetos de exposições e produtos secundários a elas vinculados (catálogos, seminários, etc.) em Leis de Incentivo federal, estadual e municipal; 4. Acompanhamento de todo o processo de elaboração e implantação de novos projetos e programas, tendo em vista o cumprimento dos objetivos estipulados nos eixos de atuação propostos no segmento “Difusão dos acervos e temáticas do Museu Afro Brasil”.

2.11.1.3 Novos conteúdos

As ações desenvolvidas neste segmento visam à prospecção e identificação de novos conteúdos e temas ainda não contemplados e debatidos pelos acervos do Museu Afro Brasil e, portanto, não explorados pelas diferentes equipes que integram seus núcleos curatoriais. Elas visam igualmente o levantamento de áreas nas quais o museu ainda não atua, mas que teriam potencial interesse para a instituição, para o público e para a sociedade, ensejando o desenvolvimento de novos projetos e programas institucionais.

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2.12 Programa de Desenvolvimento Institucional e de Comunicação

Cassino Autoria: Gérard Quenum

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2.12.1 Apresentação

O Programa de Desenvolvimento Institucional e de Comunicação se apresentam de modo interligado, embora possuam especificidades em suas funções, objetivos e estratégias de ação. Assim sendo, a apresentação de cada um se dará em separado.

2.12.1.1 Programa de Desenvolvimento Institucional

O Programa de Desenvolvimento Institucional tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento das instituições (a Associação Museu Afro Brasil e o Museu Afro Brasil), propondo programas e projetos em todas as suas áreas de atuação, fortalecendo sua governança, capacitando-as para fazer mais e melhor, cumprir suas missões, comunicar adequadamente suas capacidades e realizações, gerando engajamento do público interno e externo, desenvolvendo relações institucionais e gerando a diversificação de fontes de captação de recursos que levem à sustentabilidade institucional.

A área de Desenvolvimento Institucional tem em vista:  Planejar adequadamente (onde a instituição quer chegar, quando e como deseja ser vista) com base na atualização do Planejamento Estratégico Institucional;  Estabelecer Plano de Ações Anuais;  Definir Cronogramas e Orçamentos.

O “Programa de Desenvolvimento Institucional plurianual” propõe uma estrutura, sob responsabilidade da Diretoria Executiva, composta por 4 eixos de atuação:

 Comunicação Institucional;  Relações Institucionais;  Projetos;  Captação de Recursos.

São eixos que se complementam e interagem, criando uma engrenagem que alavanque a execução do Planejamento Estratégico junto aos demais Núcleos da AMAB, apoiando-os (e sendo apoiados) em suas realizações.

Destas Relações Institucionais nascem os apoios que sustentam a frente de Captação de Recursos, o qual articula com as áreas da Diretoria Administrativa e Financeira, uma vez que administrará os recursos financeiros e não financeiros que possibilitam as realizações da instituição.

E, desta forma, as instituições (Associação e Museu) ganham a força motriz necessária para alavancar seu Desenvolvimento Institucional, pautado na Governança e Sustentabilidade Institucional.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 145

2.12.1.1.1 Análise de Ambiente

2.12.1.1.1.1 Cenário Nacional

O Desenvolvimento Institucional para o Museu Afro Brasil tem como referência os princípios estabelecidos pelo Sistema Nacional de Cultura, assinado pelo Estado de São Paulo em setembro/2013:

 Diversidade das expressões culturais;  Universalização do acesso aos bens e serviços culturais;  Fomento à produção, difusão e circulação de conhecimento e bens culturais;  Cooperação entre os entes federados, os agentes públicos e privados atuantes na área cultural;  Integração e interação na execução das políticas, programas, projetos e ações desenvolvidas;  Complementaridade nos papéis dos agentes culturais;  Transversalidade das políticas culturais;  Autonomia dos entes federados e das instituições da sociedade civil;  Transparência e compartilhamento das informações;  Democratização dos processos decisórios com participação e controle social;  Descentralização articulada e pactuada da gestão, dos recursos e das ações;  Ampliação progressiva dos recursos contidos nos orçamentos públicos para a cultura.

2.12.1.1.1.2 Cenário Estadual

No âmbito estadual, o presente Plano de Comunicação considera no planejamento de suas ações, 3 principais diretrizes:

2.12.1.1.1.2.1 Diretrizes do Governo do Estado de SP O presente Plano de Comunicação considera os apontamentos do Governador do Estado de São Paulo, para a construção da Política Estadual de Cultura:  Ampliação e democratização do acesso à cultura.  Interiorização dos investimentos em cultura (ampliação de ações no interior do Estado de São Paulo).  Acessibilidade física e comunicacional (ampliação do acesso físico e de conteúdo para pessoas com deficiência e para estrangeiros que falem o inglês e espanhol).

2.12.1.1.1.2.2 Diretrizes da Secretaria da Cultura do Estado de SP São consideradas ainda, as diretrizes do Secretário da Cultura, para a construção da Política Estadual de Cultura:  Compromisso com o patrimônio público.

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 Ampliação da participação social e Transparência.  Ampliação da qualidade e diversidade da produção cultural.  Reconhecimento e aferição da economia da Cultura.

2.12.1.1.1.2.3 Comunicação e Assessoria de Imprensa - SEC Para toda e qualquer ação planejada e executada dentro desse Plano de Comunicação Institucional seguirá as recomendações e diretrizes da Comunicação e Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Cultura, obedecendo aos respectivos Manuais de orientações estabelecidos.

2.12.1.1.1.2.3.1 Diretrizes da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico (UPPM) São consideradas ainda as diretrizes da UPPM para a construção da Política Estadual de Museus:

 Articulação entre museus e seus profissionais, buscando o fortalecimento e o reconhecimento de parcerias entre museus no Estado de São Paulo.  Fortalecimento Institucional das entidades museológicas.  Estimular a Comunicação museológica, buscando a integração das diversas esferas (federal, estadual e municipal).  Promover a Formação de pessoal qualificado para atuar em museus.  Estimular a ampliação de mecanismos de Fomento e captação de recursos.

2.12.1.1.1.2.3.2 Programa de Financiamento e Fomento Em seus Planos de Trabalho anuais, Anexo I do Contrato de Gestão nº 004/2013, o Programa de Financiamento e Fomento visa, primordialmente:

 a diversificação de fontes de recursos financeiros – recursos oriundos de projetos incentivados e editais, parcerias operacionais, captação pessoa física, cessão onerosa de espaço, café, loja, etc.  implementação de ações de desenvolvimento institucional – desenvolvimento de marca, acessibilidade em outros idiomas, parcerias institucionais, divulgação institucional, diversificação de projetos (exposições, publicações, programação cultural, educação, acessibilidade e pesquisa), relacionamento com patrocinadores e associados, relacionamento com a comunidade e sustentabilidade.

2.12.1.1.1.3 Cenário Institucional

No âmbito das instituições AMAB – Associação Museu Afro Brasil e Museu Afro Brasil, o Plano (atualizado anualmente) de Desenvolvimento Institucional deverá considerar sempre,

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em suas avaliações, planejamento e ações: seu Curador – Emanoel Araujo, a Organização Social de Cultura – Associação Museu Afro Brasil e o equipamento cultural - Museu Afro Brasil.

O Plano de Desenvolvimento Institucional indica para 2016 a atualização do Planejamento Estratégico, a ser realizado em conjunto com a diretoria executiva-curatorial, considerando:

 O histórico da instituição (o que foi feito, o que deu certo, o que deu errado);  Análise SWOT (pontos fracos, pontos fortes, ameaças e oportunidades);  Papel social, filosofia de trabalho, Missão / visão / valores;  Estrutura organizacional (o que cada núcleo faz e como se inter-relacionam);  Processo colaborativo - analisar as considerações dos colaboradores de cada Núcleo;  Atuar de acordo com as diretrizes da Diretoria e Conselho Administrativo;  Capacitar as instituições para fazer melhor para fazer mais, com eficácia e eficiência, alcançando a efetividade.

2.12.1.1.2 Comunicação

Conforme citado na Resolução Normativa nº 43, de 24 de agosto de 2002, do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas – CONFERP, Art. 1º, § 4º, inciso X, “A Comunicação Institucional é aquela criada exclusivamente para formar imagem positiva em torno de uma organização, empresa, pessoa, ou, ainda, em torno de algo ou alguma coisa. A comunicação institucional, com este escopo, está ligada ao nível de abordagem do assunto tratado e ao tipo de linguagem adotada para transmitir informações de uma determinada organização. O nível de abordagem deve ter a amplitude necessária à representação do conjunto de conceitos de uma organização, como filosofia, valores, missão, visão, políticas, pensamentos, condutas, posturas e atitudes, tanto do ponto de vista ético-moral quanto administrativo, em todos os níveis da organização. A linguagem institucional é aquela que trata esses assuntos com isenção comercial ou mercadológica, atendo-se, apenas, a identificar, demonstrar e apresentar os conceitos ligados aos temas próprios da organização, com a intenção de informar e satisfazer os interesses de um ou mais públicos ligados à empresa e os dela próprios”.

Apesar da definição acima ser orientada ao profissional de Relações Públicas, qualquer profissional de Comunicação Social – Jornalismo, Marketing, Publicidade & Propaganda e/ou Relações Públicas – trabalha com o objetivo de realizar as atividades de defesa e construção da imagem de uma organização.

Assim sendo, com conhecimentos baseados nas teorias clássicas da Comunicação Social e Marketing, esta área é habilitada para a promoção interna da Instituição e também para a consolidação da identidade social junto à Sociedade.

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2.12.1.1.2.1 Curador

Tendo em vista a importância do Curador Emanoel Araujo, tanto para a Associação quanto para o Museu, e dado o reconhecimento de seu papel fundamental não só na história da Instituição e da Associação, como também por seu prestígio nacional e internacional em ambas as instituições, as ações de comunicação poderão atender eventuais necessidades e/ou demandas, diretamente relacionadas ao Emanoel Araujo, seja como artista, fundador do museu, curador, ou personalidade pública, zelando pela ética, notoriedade, importância, qualificação e divulgação de seu nome e o que representa.

As ações de Comunicação Institucional voltadas para Emanoel Araujo, como Curador, quando se fizerem necessárias, serão APROVADAS por ele próprio, ELABORADAS pela Associação e AUTORIZADAS pelo Conselho de Administração e prevê as seguintes atribuições:

2.12.1.1.2.1.1 Divulgação a) Divulgar sua importância na história da cultura nacional e internacional, o que faz e o que tem a oferecer à identidade brasileira. b) Alcançar os diversos públicos do artista, do museu e da Organização Social, através de contextos e cenários apropriados, analisados e aprovados adequadamente (através da mídia e outras ferramentas de comunicação).

2.12.1.1.2.1.2 Fomento a) Possibilidade de desenvolver uma marca, assinada por Emanoel Araujo, aplicada em linhas de produtos com design diferenciado, a fim de fomentar geração de recursos para a Organização Social, além de remunerar o próprio artista.

2.12.1.1.2.2 Comunicação Institucional – Associação

A Comunicação Institucional para a Associação Museu Afro Brasil, como uma organização social de cultura responsável pela gestão do Museu Afro Brasil, ELABORADA pela Associação e APROVADA pelo Conselho de Administração, prevê as seguintes atribuições:

2.12.1.1.2.2.1 Comunicação Interna a) Divulgação dos eventos internos – envio da programação realizada pelo Museu, aos funcionários e colaboradores, em forma de convite, através de e-mail – Comunicação Institucional. b) Divulgação da clipagem com os principais veículos citando institucionalmente o Museu ou divulgando a programação do Museu, através de e-mail – O Museu na Mídia.

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c) Divulgação de eventos e programação realizada por outros equipamentos culturais da Secretaria da Cultura do Estado de SP ou instituições correlatas de interesse, através do e-mail – Divulgação Museu Afro Brasil. d) Divulgação e treinamento (quando necessário) a todos os funcionários e colaboradores de projetos e programas institucionais, através de e-mail e das redes sociais.

2.12.1.1.2.2.2 Apoio à Assessoria de Imprensa a) Elaboração de pauta e confecção de press releases. b) Relacionamento com a Imprensa, envio de pauta/releases e imagens, follow-up e recebimento de veículos. c) Clipagem para monitoramento de inserções na mídia relativas à Associação, ao Museu e ao Curador. d) Manutenção e atualização do Manual de procedimentos para relacionamento com a Imprensa. e) Manutenção e atualização do Manual de procedimentos para gerenciamento de crises.

2.12.1.1.2.2.3 Eventos corporativos a) Realização de eventos institucionais próprios abarcando a Política de Programação Cultural, com a finalidade de captação de recursos. b) Gestão de realização de eventos institucionais de terceiros (cessão onerosa de espaço) com a finalidade de captação de recursos.

2.12.1.1.2.2.4 Administração / documentação a) Organização histórica de informações institucionais (clipping, fotografias de eventos, eventos realizados, público, etc), bem como sua publicização quando necessário.

2.12.1.1.2.2.5 Interlocução com a Secretaria da Cultura do Estado de SP a) Elaboração de Relatórios Trimestrais e Anuais da SEC. b) Administração da Programação Cultural enviada à SEC e parceiros. c) Administração do Controle de Público (e suas variantes) enviado à SEC. d) Articulação com a Assessoria de Imprensa e Comunicação da SEC. e) Participação em eventos articulados pela SEC. f) Participação de reuniões e treinamentos realizados pela SEC.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 150

2.12.1.1.2.3 Comunicação Institucional – Museu

O Plano de Comunicação Institucional para o Museu Afro Brasil, como equipamento cultural do Governo do Estado de São Paulo, ELABORADO pela Associação, AUTORIZADO pelo Conselho de Administração e APROVADO pela Secretaria de Estado da Cultura, prevê as seguintes atribuições:

2.12.1.1.2.3.1 Pesquisa de Mercado a) Realização de Pesquisa de Perfil de Público e Satisfação. b) Realização de Pesquisas qualitativas de Perfil de Público. c) Realização de Pesquisas pontuais para fins específicos.

2.12.1.1.2.3.2 Desenvolvimento de Marca a) Desenvolver a institucionalidade do Museu Afro Brasil, como equipamento cultural da Secretaria de Estado da Cultura. b) Criação de linhas personalizadas e diferenciadas de produtos para a loja. c) Desenvolver Material de apoio de Loja – embalagens personalizadas para acondicionamento de produtos vendidos, selo para fechar embalagens, cartão com informações de serviços a ser distribuído junto com os produtos vendidos. d) Estudar possibilidades de projetos de co-branding (associação de marcas) criando valores diferenciados, incentivando a captação de recursos. e) Fomento para fontes variadas de captação de recurso. f) Levar a marca Museu Afro Brasil para fora do Museu.

2.12.1.1.2.3.3 Comunicação Visual a) Sistematizar a aplicação, do Manual de Comunicação Visual – utilização da logomarca e suas variações, aplicação em produtos diferenciados, material de papelaria e outros, definição de aplicação de cores, fontes e tamanhos, criação de documentos mestres para utilização digital e física. b) Ampliar ações de Acessibilidade Comunicacional. c) Produzir Material de apoio à visitação – material para identificar e apoiar o visitante espontâneo durante sua visita (adesivo de identificação, mapa de visitação, folder de apoio à visitação). d) Desenvolvimento de submarcas – identificação visual (nome, logo, comunicação visual para loja, etc): Programa de Sócios, Loja, Café, linha Emanoel Araujo, etc. e) Sinalização externa (dentro do Parque Ibirapuera). f) Sinalização interna (localização dentro do museu).

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 151

2.12.1.1.2.3.4 Divulgação a) Posicionamento de marca. b) Divulgar institucionalmente o museu – o que é o museu, do que trata, o que faz, o que tem a oferecer. c) Campanhas de divulgação institucionais e de programação (exposições, atividades culturais, etc), atualização de procedimentos e check-list. d) Alcançar seus diversos públicos (espontâneo, escolar, familiar, turista, outros...) através de pesquisas qualitativas de público, realizadas por voluntários. e) Utilizar canais de comunicação e marketing adequados ao público, que se quer comunicar. f) Fortalecer o gerenciamento de website e mídias sociais (Facebook, Twitter, Youtube, Instagram e TripAdvisor). Estratégias de postagens, monitoramento de visitas e conteúdo, gerenciamento de respostas e análise estatísticas. g) Campanha de engajamento de público virtual. h) Utilização de mídias OOH (out of home): taxi, ponto de ônibus, relógios de rua, camisetas, engajamento de vendedores no parque e midias on life. i) Gestão de e-mail marketing / newsletter . j) Gestão de material de divulgação impressa (idem o anterior, para mailing físico). k) Gestão de campanhas de ações diversas junto ao público (ex. ações de Flash Mobs). l) Produção de publicação de apoio institucional. m) Aprimoramento de recursos interativos no website do museu. n) Disponibilização de acesso virtual ao acervo (site, Google Art Project, outros...). o) Priorização do público que visita o Parque Ibirapuera. p) Atualização da Ficha Técnica para diversos fins (exposições, outros eventos e material de apoio).

2.12.1.1.2.3.5 Atendimento a) Criar fluxos (procedimentos) e prazos de atendimento de demandas institucionais internas e externas e atende-las. b) Gerenciamento dos canais “Comunicação” e “Fale Conosco” do site e/ou através das redes sociais. c) Mapeamento dos diversos canais de atendimento e procedimentos.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 152

2.12.1.1.3 Captação de Recursos

Os recursos do Governo do Estado de São Paulo para a gestão do Museu Afro Brasil, advindos dos repasses financeiros do Contrato de Gestão nº 004/2013, abarcam basicamente a gestão operacional do museu, responsável pelos custos com RH, custos administrativos, de conservação e manutenção da edificação e do acervo e agenda básica de programação cultural. Investimentos diversos e realizações de maior grandeza só são possíveis através de captação de recursos adicionais. Essa geração de recursos não só é desejável, como é uma contrapartida obrigatória prevista nos Planos de Trabalho, Anexo I do Contrato de Gestão, sendo obrigatório o cumprimento de um percentual pactuado (% do valor repassado pelo Estado de SP). Os recursos captados em decorrência dos objetos da parceria serão reinvestidos em realizações de metas (pactuadas e condicionadas) dos Programas de Trabalho do Museu Afro Brasil. Já os recursos captados, por patrocínio ou doação, diretamente às atividades da AMAB – Associação Museu Afro Brasil, fora do objeto do Contrato de Gestão, poderão ser destinados à aplicação em investimentos que fortaleçam a Sustentabilidade da Associação. De acordo com os conceitos de Governança discutidos inicialmente, antes de planejar metas de captação oriundas de diversas fontes e definir ações para alcança-las, é preciso qualificar nossos recursos – adequando recursos organizacionais e capacitando recursos humanos. O Plano de Captação de Recursos visa a diversificação das fontes de recursos financeiros e não financeiros, essencial para, além da viabilização do Contrato de Gestão, o cumprimento, em maior amplitude, das Missões do Museu Afro Brasil e da Associação Museu Afro Brasil e o alcance de sua sustentabilidade institucional. Esse Plano de Captação tem 3 frentes de atuação: a Captação Operacional, por Relacionamentos e por Projetos, quer seja diretamente, através de leis de incentivo (através de renúncia fiscal), Editais de fomento ou de empresas públicas e privadas.

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Além disso, serão investidos esforços na capacitação e preparação da instituição para resultados mais efetivos, em inscrições de projetos em leis de incentivo e sua respectiva captação, bem como desenvolvimento de novas Parcerias institucionais.

2.12.1.1.3.1 Captação de recursos Operacional

A AMAB prevê como fontes de receitas operacionais a serem exploradas em 2016, de acordo com a legislação cabível:

2.12.1.1.3.1.1 Cobrança de bilheteria Em 16 de setembro de 2014, iniciou-se a cobrança de bilheteria no Museu Afro Brasil, mantendo uma ampla “Política de Gratuidade” (ANEXO I). E esta é uma das fontes de receitas operacionais importantes.

Entrada Inteira = R$ 6,00

Meia Entrada = R$ 3,00

A meia entrada será concedida a estudantes e aposentados, mediante comprovação.

Aos sábados a entrada é gratuita.

2.12.1.1.3.1.2 Serviços Museológicos A AMAB prevê a oferta de serviços museológicos, incluindo consultorias e cessões de acesso ao acervo, mas pautado principalmente na exploração dos seguintes serviços:

a. Oferta de cursos, palestras, apresentações musicais, peças de teatro, oficinas e seminários – sob temas correlatos à Missão do Museu. b. Itinerâncias de exposições temporárias – baseada na enorme demanda não atendida acerca da temática do Museu, por todo Estado de São Paulo e até mesmo em outros Estados brasileiros.

2.12.1.1.3.1.3 Loja Para 2016, a AMAB prevê a remodelação da Loja do Museu, com desenho de um novo portfólio de produtos, contando com parcerias de instituições correlatas, dentro de um reposicionamento da marca Museu Afro Brasil, possibilitando até levar a Loja para fora das instalações do Museu, ampliando o seu alcance.

2.12.1.1.3.1.4 Cessão Onerosa de Espaço A AMAB prevê a ampliação da exploração de cessão onerosa de espaços do Teatro Ruth de Souza.

Tabelas de preços, características dos espaços, procedimentos para solicitação de cessão, política de gratuidade e regras para a utilização do teatro estão previstos no “Regulamento para utilização do Teatro Ruth de Souza” disponível no site do Museu.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 154

2.12.1.1.3.2 Captação de recursos por Relacionamentos Institucionais

Outras formas de captação são possíveis através de fornecimento de produtos e/ou serviços, ou através recursos, financeiros ou não financeiros, recorrentes ou não, e de doações voluntárias.

2.12.1.1.3.2.1 Programa de Sócios – Programa Raízes A AMAB prevê ampliar e consolidar o Programa de Sócios do Museu Afro Brasil, denominado “Programa Raízes”, lançado no dia 17/12/2015.

O programa disponibiliza 3 categorias de sócios – Baobá (anuidade R$ 1000), Flamboyant (anuidade R$ 600) e Pândanus (anuidade R$ 150), tendo este último um valor especial de R$ 70 para idosos, estudantes e professores. Cada categoria possui benefícios proporcionais aos valores de contribuição.

A associação pode ser feita online no site do museu, ou presencialmente diretamente na Loja do museu, sendo aceitas as seguintes formas de pagamento: boleto bancário, cartão de crédito (para este exclusivamente pode ser parcelado em até 5 vezes) ou depósito bancário, utilizando-se o benefício do abatimento no imposto de renda.

O sistema de gestão utilizado foi desenvolvido em parceria com a empresa IT.ART, cuja remuneração ocorrerá somente mediante comissionamento de 10% do valor captado.

As diretrizes do programa estão definidas no Regulamento, disponível no site do Museu (e somente sob concordância com seus termos é possível concluir a adesão ao programa de sócios), conforme segue:

Regulamento

O Programa Raízes é o Programa de Sócios do Museu Afro Brasil, um programa de relacionamento com Pessoas Físicas que apoiam as realizações desta instituição.

DO PROGRAMA:

1. Este Programa de Sócios é destinado apenas a Pessoas Físicas que desejam contribuir financeiramente com o Museu Afro Brasil. 2. Os direitos e contrapartidas dos sócios são pessoais e intransferíveis. 3. O sócio poderá começar a usufruir dos direitos e contrapartidas logo que sua contribuição financeira for confirmada. 4. A associação ao Programa Raízes é válida por 1(um) ano a partir da data de ativação do sócio (após contribuição financeira confirmada). 5. A renovação da adesão NÃO é automática. Quando o prazo de validade estiver chegando ao fim, o sócio será avisado e convidado a renovar sua anuidade. 6. O sócio pode renunciar ao Programa Raízes a qualquer momento, perdendo assim os benefícios a que tem direito, basta notificar o Museu Afro Brasil pelo e-mail [email protected]

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explicando os motivos que o levaram a esta decisão. Entretanto não terá direito à devolução dos valores contribuídos. 7. Ao ser confirmada a contribuição financeira, o sócio será informado da ativação da sua associação. Neste momento o sócio receberá uma carteirinha digital, que deverá ser apresentada, impressa ou digitalmente (em smartphones, tablets, etc), juntamente com um documento de identificação, com foto, toda vez que utilizar seus benefícios. 8. Uma carteirinha física também será confeccionada e ficará à disposição para retirada na Loja do Museu, em um prazo de aproximadamente 15 dias. Tão logo a carteirinha esteja disponível, o sócio receberá um e-mail de notificação. 9. A posse e utilização da carteirinha é de responsabilidade do sócio, sendo que a confecção da primeira carteirinha é gratuita. Em caso de extravio (perda ou roubo), o sócio deverá notificar o Museu, através do e-mail [email protected], tão logo seja possível. Para se obter uma 2ª via, o sócio deverá pagar o valor de R$ 3,50. Na reincidência, o valor será de R$ 5,00 por cada remissão. 10. Os benefícios poderão ser utilizados durante o ano de vigência da associação. Não poderão ser acumulados para utilização em futuras associações. 11. Em caso de qualquer alteração de seus dados cadastrais (endereço, telefone, e-mail), o sócio deverá, imediatamente, comunicar o Museu Afro Brasil, através do e-mail [email protected] para sua devida atualização. 12. Para utilizar os benefícios a que tem direito o sócio deverá apresentar sua carteirinha de identificação acompanhada de um documento com foto. No caso de esquecimento da carteirinha, informar o CPF para que possa ser identificado. 13. O Programa Raízes possui 3 categorias de planos disponíveis: Pândanus, Flamboyant e Baobá. 14. Os valores de contribuição para associação são: R$ 150,00 para a categoria Pândanus, R$ 600,00 para a categoria Flamboyant e R$ 1.000,00 para a categoria Baobá. 15. Apenas para a categoria Pândanus, é concedido um valor diferenciado de R$ 70,00 para adesão de Idosos (mais de 65 anos), Estudantes e Professores, denominada Pândanus – iep. 16. Sócios da categoria Pândanus – iep, deverão, além do documento de identificação com foto, apresentar um comprovante de sua condição (professor, estudante ou idoso). 17. A adesão ao Programa Raízes pode acontecer de 2 formas: online – através do site do Museu Afro Brasil (www.museuafrobrasil.org.br) ou diretamente na Loja do Museu.

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DOS BENEFÍCIOS:

18. Os benefícios de cada categoria, são os abaixo descritos:

 Carteirinha exclusiva para sócios; PÂNDANUS  Entrada gratuita no Museu por 1 ano;

 Convites para eventos e exposições; Contribuição  Boletins exclusivos;  Desconto de 10% na loja do Museu (em produtos com marca MAB); R$ 150,00 /ano.  Possibilidade de dedução no Imposto de Renda

Estudantes, professores e idosos tem anuidade especial (R$ 70,00/ano), somente para este plano.

FLAMBOYANT Todas as contrapartidas do Sócio PÂNDANUS, mais:

 Entrada para 3 convidados (acompanhados pelo sócio), por ano;  Retirada de 1 catálogo lançamento no ano (a escolher); Contribuição  Retirada de 2 catálogos em estoque (títulos de anos anteriores, a R$ 600,00 /ano escolher);  2 visitas mediadas especiais(sócio + 4 convidados) por ano;  5 ingressos cortesia por ano, para presentear quem você quiser.

BAOBÁ Todas as contrapartidas do Sócio PÂNDANUS, mais:

 Entrada para 5 convidados (acompanhados pelo sócio), por ano;  Retirada de até 2 catálogos lançamento no ano (a escolher); Contribuição  Retirada de 3 catálogos em estoque (títulos de anos anteriores, a R$ 1000,00 /ano escolher);  3 visitas mediadas especiais (sócio + 4 convidados) por ano;  10 ingressos cortesia por ano, para presentear quem você quiser.

19. Para a utilização de todos os benefícios, é obrigatória a apresentação da carteirinha do sócio, juntamente com um documento de identificação com foto. 20. Os convidados (3 para flamboyant e 5 para baobá), só terão suas entradas gratuitas aceitas desde que acompanhados do sócio. 21. Para a utilização dos ingressos cortesia (5 para flamboyant e 10 para baobá), não é necessária a presença do sócio. O sócio pode presentear quem ele quiser para usufruir deste benefício.

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22. O beneficiado com o ingresso cortesia, presenteado pelo sócio, deverá no dia que o utilizar, validá-lo na Bilheteria antes de utilizá-lo. A validação de um ingresso expira em um prazo máximo de 12 horas. Após este prazo, não será mais possível sua utilização para ingressar ao Museu. 23. O desconto de 10% na loja será aplicado apenas em produtos com a marca Museu Afro Brasil (catálogos, canetas, lápis, ou qualquer outro produto disponível para venda na loja que possua a marca institucional Museu Afro Brasil). Válido apenas para o sócio. 24. Para que seja possível a dedução do valor contribuído no seu Imposto de Renda, é necessário que o sócio faça a Declaração de Imposto de Renda no modelo completo. 25. Para as contribuições realizadas até o dia 30/dezembro de cada ano, o valor de contribuição poderá ser abatido na Declaração de Imposto de Renda do próximo ano.

Exemplo: contribuições realizadas até o dia 30/dezembro/2015, poderão ser abatidas na Declaração de Imposto de Renda de 2016 (referente a 2015).

E, contribuições realizadas a partir do dia 31/dezembro/2015 somente poderão ser abatidas na Declaração de Imposto de Renda de 2017 (referente a 2016).

26. Poderá ser utilizado até 6% do valor devido do Imposto de Renda para associar-se ao Programa Raízes, abatendo-se 100% do valor contribuído. 27. Para retirada do catálogo de exposição LANÇAMENTO (1 para flamboyant, 2 para baobá), o sócio deverá ir, pessoalmente, até a Loja do Museu e escolher o título publicado durante o ano de vigência da sua associação, conforme disponibilidade de estoque. Válido apenas para o sócio. 28. Para retirada do catálogo de exposição em ESTOQUE (2 para flamboyant e 3 para baobá), o sócio deverá ir, pessoalmente, até a Loja do Museu e escolher o título publicado em anos anteriores ao ano vigente de sua associação, conforme disponibilidade de estoque. Válido apenas para o sócio. 29. Sob nenhuma hipótese o catálogo será enviado pelos Correios ou outra forma de remessa. 30. Os grupos de visitas mediadas especiais para sócios e até 4 convidados (2 visitas para flamboyant e 3 para baobá) serão formados por até 15 pessoas, no máximo, em dias e horários especiais pré-determinados. 31. Os grupos de visitas mediadas especiais para sócios acontecerão na última semana de cada mês, às 4ª e 6ª feiras – nos horários das 11h30 e 13h30, sábados – às 10h e 15h e domingos às 11h e 15h. 32. As visitas devem, obrigatoriamente, ser previamente agendadas através do e-mail [email protected]. 33. O agendamento deverá ser realizado entre os dias 15 e 30 do mês anterior ao mês que antecede a visita. Exemplo: para visitar o MAB em Fevereiro/2016, o agendamento deverá ser realizado entre os dias 15 e 30 de dezembro/2015. 34. Em casos excepcionais poderá haver “encaixe” conforme disponibilidade. Caso o sócio esteja no Museu no dia de realização de uma visita especial, não tenha realizado seu agendamento, e houver vagas disponíveis nos grupos agendados, poderá realizar sua visita.

O sócio se compromete a manter boa conduta (sua e de seus convidados) nas dependências do museu, obedecendo suas normas de visitação e não praticar qualquer ato que viole a boa imagem da instituição, garantindo o bom andamento de suas atividades, sob pena de exclusão.

O sócio afirma, ao aderir ao Programa Raízes, que leu e aceita este Regulamento.

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2.12.1.1.3.2.2 Doação Serão incentivadas doações (livres e voluntárias) individuais, quer seja diretamente ou através de uma lei de incentivo (captados pelo sistema de gestão disponível no site do Museu) ou através de uma ação (projeto) específico definido (CrowdFunding), para incentivadores do Museu Afro Brasil que não se interessam em associar-se a um programa de sócios, mas desejam contribuir com as realizações do Museu Afro Brasil.

2.12.1.1.3.2.2.1 Trabalho Voluntário No dia 28/08/2015 foi implantado o Programa de Voluntariado do Museu Afro Brasil.

Este programa é destinado a Pessoas Físicas que queiram contribuir com recursos não financeiros (trabalho, tempo e talento) para as realizações do Museu Afro Brasil, podendo ocorrer em caráter pontual ou contínuo, em diversas frentes de atuação.

A atuação contínua é inserida no âmbito de uma área específica, com objetivos claros e bem definidos, e embora seja caracterizado de forma contínua, a sua contratação será periódica, podendo ser renovada conforme interesse e concordância dos termos de ambas as partes.

A atuação pontual de um voluntário acontecerá através da realização de um projeto, onde sua atuação será dentro de um escopo bem definido durante a execução do mesmo.

Todas as diretrizes do programa estão previstas no Manual de Orientações do Programa de Voluntariado.

2.12.1.1.3.2.3 Programa de Patrocínios (PJ) Está previsto para, a partir de 2016, o desenvolvimento de um programa de relacionamento com Pessoas Jurídicas (em uma estrutura semelhante ao Programa de Sócios), pautado em patrocínios de projetos através de verba direta ou incentivada, mediante contrapartidas pré-definidas.

2.12.1.1.3.3 Captação de recursos por Projetos

Para a consolidação da captação de projetos, através de patrocínios (com verba direta ou incentivada) e financiamentos (editais públicos e privados) ou premiações será necessário que a instituição esteja preparada (capacitada) para desenvolver / elaborar projetos, e submete-los em leis de incentivo fiscal e diversas formas de editais.

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Pretende-se o investimento na formação de pessoal em todas as áreas para que os objetivos sejam atingidos.

Para isso será necessário promover, dentro dos prazos, os processos e procedimentos para a efetiva captação e mais criar condições de garantir sua realização com qualidade. Isto é, promover a competência e a credibilidade da instituição.

O Plano de Desenvolvimento Institucional considera a importância da estrutura institucional estar capacitada e adequada para se produzir com efetividade e reunindo elementos fundamentais que garantam a sustentabilidade da instituição. São eles, mais uma vez:

a. projetos para o futuro (com cronogramas e orçamentos bem definidos), b. competência para realiza-los e c. credibilidade para garantir a realização deles.

2.12.1.1.3.3.1 Captação de Projetos A captação de recursos por projetos pode ser através de Patrocínios, Financiamentos ou Premiações, e cada uma dessas formas possui especificidades que devem ser tratadas adequadamente. São elas:

2.12.1.1.3.3.1.1 Patrocínios Os patrocínios poderão ser realizados através de verba direta ou incentivada, e serão administrados através de um sistema de gestão:

a. Patrocínio com verba direta - São transferências de recursos financeiros privados para a realização de projetos ou eventos, independente destes estarem ou não inscritos em uma lei de incentivo fiscal. b. Patrocínio com verba incentivada - O Relacionamento Institucional busca o incentivo ao patrocínio de projetos, através de transferência de recursos financeiros provenientes de renúncia e incentivos fiscais federal (Lei Rouanet), estadual (ProAc) e municipal (a atualmente debatida Lei Mendonça).

2.12.1.1.3.3.1.2 Editais Serão mapeados durante o ano, Editais que contemplem a viabilização dos projetos através de financiamentos de editais de fomento e editais de empresas públicas e privadas.

a. Editais de patrocínios culturais de empresas públicas e privadas - É importante observar que inscrever um projeto em um edital de empresa pública ou privada não descaracteriza a necessidade de submetê-lo aos programas de incentivo fiscal. O patrocínio poderá ocorrer via leis de incentivo ou de forma direta. Será

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necessário estar atento para se planejar dentro dos prazos e condições necessárias para a viabilização de cada caso. b. Editais de Fomento - De igual maneira, será necessário garantir condições organizacionais para participação nos diversos Editais de Fomento e para que a elaboração e inscrição dos projetos sejam realizadas em condições e prazos hábeis, tais como:  Finep – www.finep.gov.br  CNPq – www.cnpq.br  Fapesp – www.fapesp.br  CAPES – www.capes.gov.br

Editais de Ministérios, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais e Fundos Setoriais, como:

 FID (Fundo Estadual de Defesa dos Interesses Difusos), vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.  CFDD (Fundo de Defesa de Direitos Difusos), vinculado ao Ministério da Justiça).

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2.13 Programa de Segurança

Estatueta feminina Autoria: Rubem Valentim

O espaço usado para abrigar o Museu não foi construído para este propósito e, por isso, os requisitos de segurança tinham importância diferente em seus projetos e construções originais. Para proteger as pessoas que trabalham ou frequentam o Museu, algumas políticas e procedimentos foram estabelecidos pelo

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2.13.1 Apresentação

O espaço usado para abrigar o Museu não foi construído para este propósito e, por isso, os requisitos de segurança tinham importância diferente em seus projetos e construções originais. O seu tombamento restringe alterações ou ampliações, e só podem ser executados a partir da obtenção de uma autorização legal dos órgãos competentes.

Para proteger as pessoas que trabalham ou frequentam o Museu, políticas e procedimentos foram estabelecidos pelo Programa de Segurança, organizado em duas áreas gerais: 1- Normas e Prevenção Normas e Procedimentos de Segurança, que orienta a prevenção de acidentes de trabalho e procedimentos de segurança em geral ; 2- Plano de Contingência, que estabelece o plano de emergência e abandono de área.

2.13.2 Normas e Procedimentos de Segurança Introdução

O Programa, por intermédio das normas e procedimentos de segurança, visa prevenir todas as situações adversas ao cotidiano, seja um furto, roubo, sequestro, incêndio, fraudes, desvio de material, etc. As medidas preventivas serão adotas conforme as situações específicas. As táticas preventivas utilizadas são barreiras físicas e eletrônicas, controle de acesso das pessoas e veículos, normas de segurança para funcionários, visitantes e prestadores de serviços.

1. PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO

1.1. APRESENTAÇÃO

O cumprimento das normas de segurança de trabalho é determinante na prevenção de acidentes. As consequências advindas desse não cumprimento colocam em risco, o profissional em questão, a instituição, o público e as famílias envolvidas.

1.2. OBJETIVO Estabelecer os procedimentos necessários para a realização de atividades de manutenção em geral, com o intuito de reduzir/eliminar os riscos de acidentes e preservar a integridade e a saúde dos trabalhadores e dos que transitam nas áreas próximas.

1.3. PROCEDIMENTOS Antes de iniciar as atividades, os funcionários devem estar totalmente cientes do serviço que será realizado, e verificar a permissão de trabalho que define qual EPI deverá ser utilizado.

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1.4. LEGISLAÇÕES PERTINENTES Normas Regulamentadoras:

NR 01 – Disposições Gerais

NR 06 – Equipamento de Proteção Individual

NR 18 – Obras de Construção, Demolição e Reparos.

1.5. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA Este procedimento tem como referência as Normas Regulamentadoras, Portaria 3.214, de 08 de junho de 1978.

1.6. PERMISSÃO DE TRABALHO O formulário “Permissão de Trabalho” tem como objetivo principal a realização de trabalhos apenas após a constatação de condições seguras de trabalho e da autorização através de assinatura do coordenador/chefe imediato.

O preenchimento da permissão de trabalhos é feito pelo chefe imediato do executante.

Caso o serviço seja realizado na reserva técnica ou no almoxarifado, deverá ter anuência do chefe do setor onde será feito o serviço, que também deve assinar a ordem de serviço, autorizando a realização dos trabalhos de manutenção.

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1.7. EPI De acordo com o estabelecido na NR-06 da Portaria 3.214/78 MTB, considera-se equipamento de proteção individual (EPI) todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. O fornecimento, manutenção, limpeza e utilização dos EPIs estão fundamentados legalmente. É importante salientar a existência da responsabilidade civil e criminal dos responsáveis, caso seja comprovado negligência ou dolo. Para ser considerado EPI, o produto deve possuir o Certificado de Aprovação (CA), que é emitido pelo Ministério do Trabalho e atesta a eficácia do produto na proteção contra os agentes nocivos a saúde. Os epis são de uso individual e intransferível.

1.7.1. QUANTO AO USO DO EPI O Funcionário deverá:

 Antes de iniciar a tarefa, verificar qual EPI deverá ser utilizado;  Providenciar o EPI indicado e verificar suas condições de uso;  Comunicar ao superior qualquer alteração que o torne impróprio;  Utilizá-lo apenas para a finalidade a que se destina;  Responsabilizar-se pela sua higienização;  Responsabilizar-se pela sua guarda.

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1.8. SERVIÇOS EM ESPAÇO CONFINADO Exemplos: Lavagem das cisternas, limpeza da fossa e qualquer tipo de manutenção realizado embaixo do telhado.

 As atividades em espaço confinado só podem ser realizadas por profissional habilitado e capacitado pelo curso de 16 horas, conforme determina a NR-33.  O funcionário deverá estar apto, comprovado por exames médicos complementares, indicados por Médico do Trabalho, que assegurem que o funcionário tem condições de realizar os serviços em espaço confinado.  Estar ciente de todos os riscos envolvidos e atividades a serem realizadas.  Conhecer os procedimentos e equipamentos de resgate e primeiros socorros.  Toda atividade deve ser acompanhada por um vigia, também treinado, capacitado e habilitado pelo curso de 16 horas, conforme determina a NR-33.  Utilizar todos os equipamentos de proteção individual necessários e sempre iniciar a atividade portando equipamentos de comunicação e iluminação.  Manter contato todo tempo com o vigia que está do lado de fora.  Instalar equipamento de ventilação no interior do espaço.  Instalar equipamento de resgate, devidamente preso ao cinto de segurança do funcionário.  É proibido fumar, utilizar fósforos, velas ou isqueiros dentro do espaço.

1.9. TRABALHO EM ALTURA Atividade só pode ser realizada por colaborador habilitado e capacitado pela NR 35.

1.9.1. OBJETIVO Estabelecer os procedimentos necessários para a realização de trabalhos em altura, visando garantir a segurança, preservar a integridade física e a saúde dos colaboradores, funcionários de empresas terceirizadas que realizam este tipo de trabalho, e todos que transitam nas áreas próximas, reduzindo/eliminando os riscos de acidentes.

1.9.2. LEGISLAÇÕES PERTINENTES Normas Regulamentadoras:

 NR35 - Trabalho em altura  NR 01 – Disposições Gerais  NR 06 – Equipamento de Proteção Individual  NR 18 – Obras de Construção, Demolição e Reparos

Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.

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1.9.3. PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E EXECUÇÃO Todo trabalho em altura deve ser planejado, organizado e executado por trabalhador capacitado e autorizado.

Considera-se trabalhador autorizado para trabalho em altura aquele capacitado, cujo estado de saúde foi avaliado, tendo sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal do Museu.

1.9.4. RESPONSABILIDADE 1.9.4.1. MUSEU  Garantir a implementação das medidas de proteção estabelecidas neste Manual;  Assegurar a realização da Análise de Risco - AR e, quando aplicável, a emissão da Permissão de Trabalho - PT;  Desenvolver procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura;  Assegurar a realização de avaliação prévia das condições no local do trabalho em altura, pelo estudo, planejamento e implementação das ações e das medidas complementares de segurança aplicáveis;  Adotar as providências necessárias para acompanhar o cumprimento das medidas de proteção estabelecidas nesta Manual;  Garantir aos trabalhadores informações atualizadas sobre os riscos e as medidas de controle;  Garantir que qualquer trabalho em altura só se inicie depois de adotadas as medidas de proteção definidas neste Manual;  Assegurar a suspensão dos trabalhos em altura quando verificar situação ou condição de risco não prevista, cuja eliminação ou neutralização imediata não seja possível;  Assegurar que todo trabalho em altura seja realizado sob supervisão, cuja forma será definida pela análise de riscos de acordo com as peculiaridades da atividade;  Adquirir o Equipamento de Proteção Individual (EPI) adequado ao risco;  Fornecer EPI com Certificados de Aprovação (CA) emitidos pelo Ministério do Trabalho;  Exigir o uso dos mesmos;  Comunicar ao MTE (Ministério do Trabalho e Emprego )qualquer irregularidade que o EPI apresente;  Orientar e capacitar os funcionários quanto ao uso, acondicionamento e conservação dos EPIs;  Substituí-los imediatamente, quando danificados ou extraviados;

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 Registrar o seu fornecimento ao trabalhador mediante ficha-recibo devidamente assinada.

Cabe ao Museu avaliar o estado de saúde dos trabalhadores que exercem atividades em altura, garantindo que:

 Os exames e a sistemática de avaliação sejam partes integrantes do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, devendo estar nele consignados;  A avaliação seja efetuada periodicamente, considerando os riscos envolvidos em cada situação;  Seja realizado exame médico voltado às patologias que poderão originar mal súbito e queda de altura, considerando também os fatores psicossociais. A aptidão para trabalho em altura deve ser consignada no atestado de saúde ocupacional do trabalhador

1.9.4.1.1. CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO O Museu deve promover programa para capacitação dos trabalhadores à realização de trabalho em altura. Considera-se trabalhador capacitado para trabalho em altura aquele que foi submetido e aprovado em treinamento, teórico e prático, com carga horária mínima de oito horas, cujo conteúdo programático deve, no mínimo, incluir:  Normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura;  Análise de risco e condições impeditivas;  Riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e controle;  Sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva;  Equipamentos de Proteção Individual para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;  Acidentes típicos em trabalhos em altura;  Condutas em situações de emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e de primeiros socorros.

O colaborador deve realizar treinamento anual e sempre que ocorrer quaisquer das seguintes situações:  Mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;  Evento que indique a necessidade de novo treinamento;  Retorno de afastamento ao trabalho por período superior a noventa dias;  Mudança de empresa.

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A capacitação deve ser realizada preferencialmente durante o horário normal de trabalho.

O tempo despendido na capacitação deve ser computado como tempo de trabalho efetivo.

O treinamento deve ser ministrado por instrutores com comprovada proficiência no assunto, sob a responsabilidade de profissional qualificado em segurança no trabalho.

Ao término do treinamento deve ser emitido certificado contendo o nome do trabalhador, conteúdo programático, carga horária, data, local de realização do treinamento, nome e qualificação dos instrutores e assinatura do responsável.

O certificado deve ser entregue ao trabalhador e uma cópia arquivada no RH do Museu.

A capacitação deve ser consignada no registro do empregado.

1.9.4.2. COLABORADORES  São responsáveis por cumprir todas as etapas deste Manual.  Colaborar com o Museu na implementação das disposições contidas nesta Manual;  Interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que constatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu coordenadores/chefes imediatos, que diligenciará as medidas cabíveis;  Zelar pela sua segurança e saúde e a de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações ou omissões no trabalho.

1.9.4.3. COORDENADORES DE TODOS OS SETORES São responsáveis pela implementação e manutenção desta norma em suas áreas de atuação, bem como pela aplicação das medidas disciplinares necessárias ao seu cumprimento;

Obs.: Os coordenadores/chefes imediatos dos funcionários que executam os serviços definidos no campo de aplicação desta norma são responsáveis pela liberação das Permissões de Trabalhos.

1.9.4.4. OS COORDENADORES/CHEFES IMEDIATOS E OS BOMBEIROS CIVIS São responsáveis por fazer cumprir esta instrução, avaliando os locais de trabalho, envolvendo outros níveis de responsabilidades.

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1.9.5. SOLICITANTE DO SERVIÇO Cabe à área e/ou setores envolvidos na atividade a fiel observância das recomendações contidas no presente procedimento e outras que vierem a ser adotadas, zelando pelo cumprimento das mesmas junto a seus subordinados e terceiros.

Obs.: O não cumprimento deste procedimento implicará em um alerta de segurança e/ou advertência para o trabalhador, podendo ser aplicada pelo seu coordenadores/chefes imediatos.

1.9.6. CAMPOS DE APLICAÇÃO Aplica-se o disposto nesta Instrução de Segurança do Trabalho a todos os serviços em altura realizados por colaboradores internos ou terceiros, especialmente aqueles relativos às operações de:

 Manutenção no telhado (telhas);  Pintura, limpeza, serviços de alvenaria nas fachadas e limpeza dos vidros;  Instalação e manutenção elétrica;  Montagem de exposição.

1.9.7. PROCEDIMENTOS Para realizar serviços em altura, os funcionários devem possuir treinamento e orientação com relação à segurança que este trabalho exige. O Médico do Trabalho indicará a realização de exames médicos complementares, para assegurar que os mesmos têm condições de desempenhar estas tarefas.

 A validade do Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) para trabalho em altura será de 6 meses e a data do seu vencimento e anotação de “apto” para altura deverá constar no crachá do funcionário.  Antes de iniciar a atividade, todos os funcionários têm que verificar a permissão de trabalho que define qual EPI deverá ser utilizado, bem como o tipo de serviço que será realizado.  O trabalhador deverá ter entre 21 e 45 anos e biótipo adequado.  Ser especializado no trabalho que for executar, bem como estar familiarizado com os equipamentos inerentes ao serviço.  Utilizar os EPIs, conforme disposto na NR 6 e NR 18 da Portaria n.º 3.214/78 do Ministério do Trabalho.  Os trabalhos em altura só poderão ser executados após as orientações do coordenador/chefe imediato e bombeiro civil de plantão.

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 Todos os trabalhadores em serviço em altura devem usar capacete com jugular, bem como vestir roupas adequadas ao trabalho executado, não sendo permitido o uso de sandálias e chinelos.  Não é permitido brincadeiras, ou jogar ferramentas do local elevado.  Utilizar cinto porta-ferramentas, com bolsa própria para guardar e transportar ferramentas manuais.  Antes do início da realização de qualquer trabalho, o coordenador/chefe imediatos representante e bombeiro de plantão deverão fazer uma rigorosa inspeção do local onde serão realizados os trabalhos.  É obrigatória a utilização de sinalização de advertência e de isolamento, nos locais sob as áreas onde o trabalho será desenvolvido, a fim de prevenir/orientar as pessoas quanto a ocorrência de acidentes por eventual queda de materiais, ferramentas e equipamentos.  É obrigatório o uso do cinto de segurança tipo paraquedista com dois talabartes, para trabalhos em altura superior a 2 ( dois ) metros.  O transporte de materiais para cima ou para baixo deverá ser feito com a utilização de cordas em cestos especiais.  Materiais e ferramentas não devem ser deixados desordenadamente nos locais de trabalho sobre andaimes ou qualquer estrutura elevada, para evitar acidentes com pessoas que estejam trabalhando ou transitando sob os mesmos.  Instalações elétricas provisórias devem ser realizadas exclusivamente por eletricista autorizado.

1.9.8. CADEIRAS DE SUSPENSÃO (BALANCIM)  É proibida a improvisação de cadeira suspensa.  A sustentação deve ser feita por meio de cabo de aço ou cabo de fibra sintética.  O sistema de fixação deve ser independente do cabo-guia do trava-quedas;  Utilizar cinto de segurança tipo paraquedista e capacete de segurança com jugular.

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1.9.9. ESCADAS PORTÁTEIS  Nunca trabalhar sozinho quando estiver utilizando uma escada comum de mais de 02 metros de altura - chamar um colega para segurá-la, enquanto o trabalho é realizado, pois nos espaços expositivos não existem locais para apoiar o cinto de segurança.  Examiná-las cuidadosamente antes de usá-las.  Subir ou descer somente uma pessoa de cada vez.  É expressamente proibida a utilização de escadas metálicas para serviços que envolvam reparos, manutenção ou pintura de equipamentos elétricos.  Durante o posicionamento, deve-se evitar apoiar a parte superior em condutores elétricos, tubulações, perfilados, etc.  A parte inferior não deve de modo algum ser apoiada sobre objetos móveis, caixotes, pedaços de madeiras, tijolos etc.  Posicionar firmemente nas duas extremidades, verificando se as sapatas antiderrapantes da mesma estão funcionando. Caso não esteja, não utilizá-las.  Não se deve trabalhar nos últimos 03 degraus de uma escada comum e nos 02 últimos de uma escada de abrir.  Cuidado ao posicioná-las perto de perfilados e linhas elétricas energizadas. Lembre-se que todas as linhas elétricas são consideradas energizadas até que se esteja seguro do contrário.  Ao subir ou descer, faça-o de frente para a mesmas, procurando ter as mãos livres. Use sempre a bolsa para ferramentas e materiais necessários.  Só trabalhar em pontos que possam ser alcançados sem o menor esforço.  Quando trabalhar em lugares que requeiram a presença de mais homens e mais escadas, posicione-as a uma distância mínima de 1,80m entre elas.  Nunca desça escorregando as mãos nas laterais.  Nunca usá-las como ligação, ancoragem, passadiça ou para serviços para os quais elas não foram dimensionadas;  Nunca colocá-las na frente ou atrás de uma porta, a menos que a porta tenha sido devidamente trancada à chave.  Posicioná-las totalmente abertas, com os limitadores esticados. No caso de escada de encosto, seus pés deverão estar afastados da parede 1/4 do seu comprimento total.  Nunca separar as partes de extensão e nem usar sua parte superior como se fosse uma escada comum.  Nunca substituir a necessidade de utilização de uma escada pelo uso improvisado de caixas, cadeiras, mesas, etc.  As escadas com mais de 2 metros devem ser transportadas por duas pessoas, para que se tenha sempre uma mão livre durante o trajeto.

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 Depois de utilizá-las, limpe-as e recoloque-as no seu devido lugar, que deverá ser protegido da chuva, do sol e da ação direta de produtos químicos.  O setor de Infraestrutura efetuará inspeções periódicas em todas as escadas portáteis, interditando as que forem encontradas sem condições de uso;  Remover imediatamente do serviço toda e qualquer escada rachada, quebrada, com degraus soltos, etc.

1.9.10. TELHADO  Avaliar previamente o local (verificar se há marimbondos, abelhas ou outros insetos que possam atrapalhar de alguma forma o funcionário na realização do serviço);  Sinalizar com placas indicativas e isolar o local para prevenir acidentes com transeuntes ou pessoas que estejam trabalhando abaixo. Ex.: “Cuidado - Homens trabalhando acima desta área”.  Utilizar o cinto porta-ferramenta para o transporte de ferramentas manuais.  Além dos equipamentos de segurança específicos para a atividade que será realizada, utilizar cinto de segurança tipo paraquedista e capacete de segurança com jugular.  Comunicar o setor usuário sobre a realização do serviço.  Não pisar diretamente sobre as telhas, mas sempre nas tábuas que devem ser dispostas como passarelas.  Verificar as condições das telhas (rachaduras, trincas, fissuras, etc.).  Não pisar sobre as telhas de fibra de vidro translúcidas.  Isolar a área imediatamente abaixo com fita zebrada, quando for içar/levantar qualquer material para o telhado. Somente utilizar cordas/roldanas em boas condições de uso e amarradas por meio de talhas.  Nunca armazenar qualquer tipo de material sobre os telhados num mesmo ponto.  Em dias de chuva ou de muito vento, ou enquanto as telhas estiverem úmidas, não executar serviços sobre o telhado, mesmo com o uso de passarela de madeira.  É expressamente proibido correr sobre o telhado.  Evitar chegar a menos de 2 metros do parapeito do prédio. Caso o trabalho exija proximidade, deve-se utilizar sempre cinto de segurança modelo paraquedista preso aos cabos existentes e capacete, como mostra a figura abaixo.

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 Não utilizar o sistema de para-raios como ponto de fixação.  Após a execução dos trabalhos, retirar todo material ou entulho, a fim de evitar o entupimento das calhas, dutos ou outros tipos de direcionadores de fluxos. Há riscos destes materiais serem arremessados para baixo pelos ventos ou chuvas fortes.

1.9.11. SERVIÇOS DE MARCENARIA/CARPINTARIA  Analisar o trabalho a ser realizado.  Utilizar o crachá de identificação.  Delimitar e sinalizar a área de trabalho.  Não utilizar roupas soltas ou rasgadas, bem como mangas compridas e desabotoadas.  Não usar anéis, relógios, pulseiras, correntes e demais adornos, pois representam perigo de agarramento em partes rotativas.  Nas operações de corte de madeira, devem ser utilizados dispositivo empurrador e guia de alinhamento.  Nas atividades de desforma, os pregos devem ser retirados das madeiras e depositados em uma caixa ou no cinto de carpinteiro (é proibido deixar parafusos ou pregos expostos com a ponta para cima).  Ao transportar madeiras, os funcionários devem usar luva de raspa de couro para evitar que a farpa de madeira penetre em suas mãos ou cause algum tipo de infecção ou corte.  Todas as ferramentas manuais ou portáteis devem ser inspecionadas antes do início dos trabalhos, pois aquelas que não apresentarem condições de segurança, não deverão ser usadas.  As ferramentas, elétricas ou não, em trabalhos em altura deverão ser amarradas às estruturas.  O estoque de inflamáveis junto aos setores deve ser reduzido ao mínimo necessário. O estoque deve ser mantido no almoxarifado, reduzindo assim o potencial de incêndio.  Visto que todos os equipamentos de marcenaria expõem seus trabalhadores a ruídos de volume alto e contínuo, além de uma grande quantidade de pó de serra, todos os funcionários deverão usar os protetores auriculares, luva de raspa e máscaras protetoras para as vias aéreas.  Ao operar os equipamentos, estes podem liberar farpas de madeira e atingir os olhos; sendo assim, todos deverão utilizar óculos de proteção durante as atividades.

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1.9.12. PREVENÇÃO DE INCÊNDIO Dada à natureza altamente inflamável da madeira (especialmente nas formas de serragem e aparas), e dos demais produtos existentes, como diluentes, colas e revestimentos, algumas medidas preventivas foram adotadas:

 Instalação de equipamentos automáticos de extração da serragem e aparas nas máquinas;  A proibição de fumar no local de trabalho e a eliminação de todos os focos de combustão;  Procedimentos periódicos de limpeza da serragem e aparas depositadas no ambiente de trabalho;  Manutenção periódica das máquinas para evitar situações de aquecimento desnecessárias de partes das mesmas, como rolamentos, correias, motores etc.;  Instalação de extintores; instruindo o pessoal no uso dos mesmos;  Manutenção dos produtos inflamáveis (tintas, colas, vernizes, etc.) em embalagens adequadas, que permitam um bom fechamento. Essas embalagens devem ser identificadas.

1.10. SERVIÇOS COM ELETRICIDADE DE BAIXA TENSÃO  Analisar o trabalho a ser realizado.  Atividade só pode ser realizada por técnico habilitado e capacitado pela NR 10.  Utilizar o crachá de identificação.  Delimitar e sinalizar a área de trabalho.  Utilizar apenas ferramentas adequadas para cada atividade.  Providenciar os equipamentos de apoio adequados: escadas de madeira ou de fibra, etc.;  Verificar se o local está limpo, iluminado e de fácil acesso.  Avaliar as probabilidades de riscos no local.  Atentar para todas as instalações elétricas e realizar a manutenção sem qualquer tipo de improviso ou medida temporária.  Desenergizar as instalações sempre que possível.  Não usar anéis, relógios, pulseiras, correntes e demais adornos.  Utilizar os EPIs: botas, capacete, luvas, óculos e roupas apropriadas, etc.

Todos os serviços executados tem que estar em conformidade com as seguintes normas:

 ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;  NBR e 5410/04;

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 Decreto Municipal 32329/92, do Contru (município de São Paulo);  Decreto Estadual 38069/93, do Corpo de Bombeiros SP;  Portaria 3214 do MTB;  Normas Regulamentadoras do MTB: NR 10.

Obs. Os eletricistas devem participar de todas as campanhas de prevenção de acidentes de trabalho; assim terão conhecimento dos riscos que podem ser evitados. Seguindo essas regras, todos ficarão satisfeitos, tanto o empregador que poderá reduzir custos de acidentes, como os eletricistas que protegerão suas vidas.

1.10.1. ALTA TENSÃO EXEMPLO: Cabine primária.

Em trabalhos em alta tensão energizada, os trabalhadores deverão ter curso especifico em Sistemas Elétricos de Potência (SEP).

1.11. MONTAGEM DE EXPOSIÇÃO  Quando trabalhando na movimentação de peças em altura, é obrigatório o uso de capacetes.  Na utilização de colas, tintas e produtos tóxicos ou irritantes, é obrigatório a utilização dos seguintes EPI: óculos de segurança, máscara descartável, luva de PVC ou látex.  Ao operar furadeira, todos devem utilizar óculos de proteção, luvas e protetor auricular.  Na manipulação de vidro comum e sem lapidar, são necessários EPIs anticorte, confeccionados com kevlar ou tecido com fio de aço ou ainda de raspa de couro e outros equipamentos básicos como óculos, calçados com biqueira de aço, protetor auricular, luvas, magotes e aventais de couro;  Com vidro lapidado e laminado são necessários o uso de óculos, calçado de segurança e luva de algodão ou helanca. Nesse caso, o equipamento de proteção individual anticorte é dispensável.

OBS: Para a segurança dos funcionários e visitantes em geral, não é permitido a compra de vidro comum, somente lapidado e laminado.

Vidro laminado e lapidado

Tem as bordas sem cortes e é composto de duas ou mais lâminas de vidro fortemente interligadas por uma ou mais camadas de polivinil butiral (PVB) ou resina.

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Benefícios

Resiste a diferentes níveis de impacto e ataques por vandalismo, não tem suas bordas cortantes e, em caso de quebra, os cacos permanecem presos evitando eventuais ferimentos.

1.12. SERVIÇOS DE ALVENARIA Analisar o trabalho a ser realizado.

 Verificar se a permissão de trabalho está devidamente assinada pelo chefe imediato e pelo chefe do setor onde será desenvolvido o trabalho.  Utilizar o crachá de identificação.  Delimitar e sinalizar a área de trabalho.  Executar a tarefa com atenção utilizando todos os EPIs necessários: capacete, sapato de segurança, óculos de proteção, luvas de raspa, protetor auricular, máscara.  Não deixar os materiais em área de circulação.  Antes de quebrar, furar ou remover concreto de piso ou furar paredes de alvenaria, o encarregado de infraestrutura deve verificar todos os mapas e desenhos para localização de linhas existentes (rede elétrica, rede de água etc.).  Tomadas energizadas devem ser protegidas sempre que no local forem executados serviços de revestimento e acabamento.

1.13. SERVIÇOS DE PINTURA  Analisar o trabalho a ser realizado.  Utilizar o crachá de identificação.  Delimitar a área de trabalho.  Antes do início das atividades de pintura, os funcionários devem estar “familiarizados” com os riscos envolvidos e terem conhecimento sobre:  Características da tinta;  Tipo de solvente utilizado;  Tipo de ambiente: fechado ou a céu aberto;  Ventilação do local;  Iluminação do local.  Somente deve ser levada para o local de trabalho a quantidade de tinta necessária para no máximo uma jornada.  Os inflamáveis devem ser mantidos em embalagens adequadas, que permitam um bom fechamento (utilizar preferivelmente containers de segurança).  Recipientes vazios devem ser inutilizados, perfurados e recolhidos ao final de cada jornada de trabalho, a fim de evitar o risco de incêndios, explosões ou intoxicações através da reutilização destes para outros fins.

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 Com a existência de riscos devidos aos tipos de produtos utilizados, que, em geral, são tóxicos ou irritantes, é obrigatória a utilização dos seguintes EPIS: óculos de segurança - ampla visão, máscara descartável, luva de PVC ou látex, calçado de segurança.

1.14. ELEVADOR Acidentes com elevadores são mais frequentes do que se supõe. Os mais comuns são ocasionados por pessoas leigas, brincadeiras dentro da cabine, resgate inadequado de passageiros, além do uso inapropriado do equipamento. Temos apenas um elevador, exclusivo para cargas, porém muitas vezes o mesmo é utilizado por pessoas com alguma deficiência, motivo pelo qual elaboramos alguns procedimentos de segurança, de acordo com a realidade.

1.14.1. NORMAS E PROCEDIMENTOS  Ao contratar uma empresa de manutenção de elevadores, exigir o registro na Prefeitura.  Fazer manutenção preventiva mensal do elevador e uma vez por ano uma vistoria completa.  Pedir, a cada inspeção, a ordem de serviço devidamente assinada.  É obrigatório que a empresa tenha um engenheiro responsável e que este possua registro no CREA.  A empresa também deve possuir registro no CREA.  Quando o elevador estiver em manutenção, as chaves de energia elétrica devem ser desligadas e o local em manutenção deve ser sinalizado para informar os usuários.  Se o elevador estiver parado entre dois andares, movimentando-se com a porta aberta ou com a porta sem abrir, deve ser interditado e a empresa de manutenção imediatamente acionada, porque são estes os principais indícios de que o equipamento está com problema sério.  Não é permitido qualquer tipo de brincadeira dentro do elevador, pular, balançar ou forçar a abertura da porta.  Não é permitido o acesso de estranhos na casa de máquinas ou no poço do elevador.  Não é permitido o uso da casa de máquinas como almoxarifado para guardar materiais.  Verificar periodicamente se o lacre da porta não foi estourado ou forçado.  Cabe ao bombeiro de plantão inspecionar periodicamente o elevador e comunicar imediatamente, ao seu superior, qualquer anormalidade verificada, para que sejam adotadas as providências necessárias.  Respeitar a capacidade máxima de transporte do elevador.

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Obs: É obrigatório afixar no interior da cabina o número máximo de pessoas e o peso máximo permitido. O excesso de lotação e de carga acarretam o desgaste prematuro do equipamento.

1.14.2. REGRAS DE SEGURANÇA PARA EVITAR ACIDENTES NA HORA DO RESGATE  Acionar o botão de alarme a fim de atrair a atenção e pedir para chamar o bombeiro civil de plantão.  Aguardar calmamente o resgate, que deverá ser realizado apenas pelo bombeiro civil de plantão.  Manter a calma e jamais forçar a porta para tentar sair sozinho.  Não sair do elevador com a ajuda de pessoas não qualificadas; essa ação pode colocar em risco a sua segurança e de outras pessoas.

Obs: O elevador possui duas chaves de força: uma na casa de máquinas e outra no quadro de entrada de força do edifício. Em qualquer hipótese de resgate, uma das duas chaves de força precisa estar desligada.

2. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA EM GERAL

2.1. MANUAL INTERNO DE ATENDIMENTO AO PÚBLICO

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ATENDIMENTO AO PÚBLICO

1ª SEGURANÇA

2ª RECEPÇÃO/ ACOLHIMENTO

3ª ORIENTADOR DE PÚBLICO

2.1.1. OBJETIVO Conscientizar os profissionais da instituição sobre a importância de seguir os padrões de atendimento. Reconhecer que eles existem para dar direcionamento e organização ao trabalho.

A expectativa do visitante está alicerçada nesses padrões, por isso, precisam ser cumpridos para obter sua satisfação e oferecer um trabalho de qualidade.

Facilitar ao profissional a familiaridade, entendendo o porquê de cada etapa, bem como sua perfeita execução, ajudando-o no envolvimento e comprometimento com a qualidade do seu trabalho.

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2.1.2. PASSO 01 Portaria (Segurança)

 Assumir o posto, devidamente uniformizado, e com aparência pessoal adequada.  Abertura da portaria nos dias: terça, quarta, quinta e sexta às 09h30min exclusivamente para os grupos agendados no horário e as 10h00min para o público em geral.

Obs. O cadeado deverá estar aberto 10 minutos antes para que os grupos possam ser acolhidos e o horário de entrada seja respeitado.

 Fiscaliza a entrada e saída de pessoas, observando o movimento das mesmas no saguão da portaria principal, ou encaminhar as demais ao destino solicitado.  A capacidade interna do Museu é de 300 (pessoas), assim, se este total for ultrapassado, controlar a entrada de novos visitantes, garantindo a segurança de todos.  Comunicar, imediatamente, qualquer anormalidade verificada, inclusive de ordem funcional, para que sejam adotadas as providências de regularização necessárias.  Comunicar todo acontecimento entendido como irregular e que atente contra o patrimônio, visitante ou funcionário.  Proibir o ingresso de vendedores, ambulantes e assemelhados nas instalações do Museu e embaixo da marquise, sem que estes estejam devidamente autorizados.  Proibir aglomerações de pessoas em locais inadequados.  Colaborar nos casos de emergência ou abandono das instalações, visando a manutenção das condições de segurança.  Repassar para o segurança que assumirá o posto todas as orientações recebidas e em vigor, bem como eventuais anormalidades observadas nas instalações.  Cumprir as programações dos serviços feitos periodicamente, com atendimento sempre cortês e de forma a garantir a segurança das instalações, dos empregados e das pessoas em geral.  As ações devem se restringir aos limites das instalações.  Não se responsabilizar por bicicleta ou qualquer outro objeto deixado por visitantes do lado externo do Museu.  Não se responsabilizar por qualquer objeto deixado por visitantes fora do guarda- volumes.

Obs. O acesso do público ao museu é feito pelas entradas P6 - entrada principal e P3 – entrada de grupos/ instituições .

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2.1.3. PASSO 02 Recepção

É o cartão de visitas do Museu e desempenha um papel fundamental no atendimento das necessidades do visitante, nas informações prestadas e na contribuição para a sua satisfação e fidelização.

Competências Gerais

 Recepcionar e atender de forma dinâmica e motivada às necessidades do visitante, informando as normas e procedimentos existentes no museu.  Demonstrar simpatia no atendimento.  Ser proativo. Ex.: Pergunte ao visitante: “Em que posso ajudar?”.  Ouvir o visitante com atenção. É importante confirmar as informações recebidas quando o visitante lhe der oportunidade.  Tratar a todos com igualdade e cortesia.  Articular as palavras de maneira clara, correta e compreensível.  Ficar atento ao tom da própria voz, em tom moderado.  Conduzir o visitante, sempre que necessário, ao destino, caminhando um pouco à sua frente para indicar o caminho, mas sem lhe dar totalmente as costas.  Comunicar-se adequadamente – evitando gírias, frases feitas,.  Não comer enquanto estiver em atendimento. O som de uma simples bala, chiclete ou pastilha é percebido e pode ser interpretado como desleixo de sua parte.  Manter o controle com visitantes mal-educados. Jamais o interrompa, discuta, grite, ou seja agressivo com ele. Se necessária, recorra à sua coordenação.  Assegure-se de prestar informações de maneira ágil e correta.  Se a informação for muito específica (artistas, obras, conceitos...), peça o auxílio de um educador. Informações conceituais não devem ser respondidas!  Ao finalizar o atendimento, despeça-se com frases gentis: “Tenha um bom dia, Senhor”, “Até logo”, “Continuamos à disposição”.

2.1.3.1. NORMAS E ORIENTAÇÕES  Informando as regras e os procedimentos a todos os visitantes para a entrada no museu.  É necessário dividir o total de visitantes em grupos com, no máximo, 20 pessoas, tendo sempre 1 responsável maior de idade em cada grupo, de acordo com orientação do Núcleo de Educação.  Para o caso de grupos que não respeitem o número mínimo de acompanhantes responsáveis, o Núcleo de Educação deverá ser consultado, para orientar o encaminhamento mais adequado.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 182

 No caso de crianças com idade inferior a 7 anos, a divisão será de no máximo 12 pessoas por grupo mais acompanhante.  Auxiliar no condicionamento das mochilas e demais pertences no guarda-volumes e direcionar os visitantes para os banheiros e bebedouros nos casos em que os grupos cheguem com antecedência  Conferir e coletar dados do agendamento junto ao responsável do grupo.  As pessoas com deficiência, os idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão acesso preferencial. (Lei federal n.º 10.048, de 8 de novembro de 2.000).

Art. 1º AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA, OS IDOSOS COM IDADE IGUAL OU SUPERIOR A 60 (SESSENTA) ANOS, AS GESTANTES, AS LACTANTES E AS PESSOAS ACOMPANHADAS POR CRIANÇAS DE COLO TERÃO ATENDIMENTO PRIORITÁRIO, NOS TERMOS DESTA LEI. (REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 10.741, DE 2003)

 Quando requisitado, carimbar o material trazido pelo estudante para confirmar horas complementares de estudo e pesquisa.  Fazer relatório do dia no caderno de anotações do acolhimento  Crianças menores de 10 anos devem estar acompanhadas pelos pais e/ou responsáveis. (Lei federal n.º 8.069, de 13 de julho de 1.990, artigo 75, parágrafo único).

ART. 75. TODA CRIANÇA OU ADOLESCENTE TERÁ ACESSO ÀS DIVERSÕES E ESPETÁCULOS PÚBLICOS CLASSIFICADOS COMO ADEQUADOS À SUA FAIXA ETÁRIA.

PARÁGRAFO ÚNICO. AS CRIANÇAS MENORES DE DEZ ANOS SOMENTE PODERÃO INGRESSAR E PERMANECER NOS LOCAIS DE APRESENTAÇÃO OU EXIBIÇÃO QUANDO ACOMPANHADAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEL.

 INFORMAÇÕES: É permitido tirar fotos apenas no piso térreo e subsolo para uso particular. Para outros fins informar-se pelo e-mail [email protected].

Motivo: Direitos autorais de imagem e o flash das máquinas fotográficas podem prejudicar peças do acervo. É rico em ultravioleta (UV) e pode prejudicar os pigmentos de cores das obras de artes e peças.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 183

 Recomenda-se não utilizar o celular durante a visitação e apresentações.  Não é permitido tocar nas obras. Quando for possível interagir com essas, tal informação será dada pelos educadores, que orientarão o visitante sobre como fazê- lo sem riscos.

Motivo: O manuseio de objetos do acervo deve ser por profissionais especializados e com materiais próprios como máscaras e luvas, evitando prejuízos às obras e as próprias pessoas.

 Para segurança de todos, não é permitido tocar nas paredes e painéis do museu.  Mochilas (todas), bolsas, sacolas, malas, pacotes e outros volumes devem ser deixados no guarda-volumes (ao lado do acolhimento) para que o visitante tenha acesso ao Museu. O serviço é oferecido gratuitamente.  Para a segurança e conforto de todos, não é permitido correr ou gritar em qualquer área do Museu.  O Museu ainda não dispõe de café ou lanchonete e não é permitido se alimentar dentro das instalações do Museu.  Não é permitido entrar no Museu com qualquer tipo de alimento, balas ou gomas de mascar.  Não é permitido entrar com garrafas ou latas de bebida dentro do Museu. O Museu dispõe de bebedouros com água em excelentes condições de consumo em todos os andares.

Motivo: A presença de alimentos e bebidas no espaço interno das exposições pode ocasionar acidentes envolvendo o acervo e o próprio visitante, além de prejudicar a limpeza do ambiente.

 Não se responsabilizar por qualquer objeto deixado por visitantes fora do guarda- volumes.  É terminantemente proibido fumar em qualquer área do Museu.

2.1.4. PASSO 03 Orientador de público

 Orientar o público nos espaços expositivos, prestando informações como: horários de funcionamento, informações sobre quais exposições estão abertas ao público, atividades do educativo, bem como encaminhar os visitantes para os setores desejados, quando necessário, prestar atendimento preferencial a gestantes, idosos, deficientes físicos, entre outros. Prestar apoio nas visitas educativas e atividades do Núcleo Educativo.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 184

 Zelar pelo patrimônio material, devendo orientar o público quanto às regras básicas de comportamento dentro das exposições, assim como ser capaz de responder questões gerais sobre o funcionamento do museu e suas atividades.

 Agir como bom cartão de visita: Lembre-se que a sua imagem corresponde à imagem do Museu.

 Demonstrar simpatia no atendimento.

 Ser proativo. Ex.: Pergunte ao visitante: “Em que posso ajudar?”.

 Ouvir o visitante com atenção. É importante confirmar as informações recebidas quando o visitante lhe der oportunidade.

 Tratar a todos com igualdade e cortesia.

 Articular as palavras de maneira clara, correta e compreensível.

 Ficar atento ao tom da própria voz, em tom moderado.

 Trate seus colegas de trabalho com cordialidade.  Fale com as pessoas somente o necessário.

 Seja simpático porem firme.

 Seja cordial, fale e aja com sinceridade.

 Verifique seu trabalho para que os outros não precisem controlar você.

 Procure apresentar um excelente serviço à qualidade é compromisso de todos.

 Conduzir o visitante, sempre que necessário, ao destino, caminhando um pouco à sua frente para indicar o caminho, mas sem lhe dar totalmente as costas.

 Comunicar-se adequadamente – evitar gírias, frases feitas.

 Não coma enquanto estiver em atendimento. O som de uma simples bala, chiclete ou pastilha é percebido e pode ser interpretado como desleixo de sua parte.

 Mantenha o controle com visitantes mal-educados. Jamais o interrompa, discuta, grite, ou seja agressivo com ele. Se necessária, recorra à sua coordenação

 Assegure-se de prestar informações de maneira ágil e correta.

Se a informação for muito específica (artistas, obras, conceitos...), peça o auxílio de um educador. Informações conceituais não devem ser respondidas!

Caso o visitante precise tratar de alguma questão institucional, solicite a presença do coordenador ou responsável pelo setor.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 185

 Dar atenção às reclamações: Em casos de reclamações e sugestões encaminhar o mesmo ao totem (recepção).

Lembre-se que a maioria das pessoas não reclama, simplesmente não voltam mais.

 Ao finalizar o atendimento, despeça-se com frases gentis: “Tenha um bom dia, Senhor”, “Até logo”, “Continuamos à disposição”.

 Ficar sempre atento ao fluxo de público nas exposições e deve informar sobre a disponibilidade do atendimento com os educadores e chamá-los caso haja alguma solicitação.

 Comunicar para o responsável pelo setor todo acontecimento entendido como irregular e que atente contra o patrimônio, visitante ou funcionário, como por exemplo: Visitante embriagado, furtando, usando drogas, atos libidinosos etc.

 Visitantes que ofereçam risco a integridade física de obras ou funcionários serão solicitados a se retirarem do museu após o aval do coordenadorl . É importante que o visitante esteja ciente das normas do museu.

 Acionar o bombeiro civil de plantão nos casos de visitantes/colaboradores com mal súbito.

 Colaborar nos casos de emergência ou abandono das instalações, visando a manutenção das condições de segurança.

 Repassar para o orientador que assumirá o posto todas as orientações recebidas e em vigor, bem como eventuais anormalidades observadas nas instalações.

 Não se responsabilizar por qualquer objeto deixado por visitantes fora do guarda- volumes.

 Conversas com colegas nos postos de trabalho devem ser evitadas.

 O posto de trabalho o qual foi designado jamais deve ser abandonado sem prévio aviso e autorização da coordenação.

 O uso de celular nos Postos de Trabalho não é permitido, inclusive para envio de torpedos/mensagens. Caso um familiar necessite entrar em contato com você , o mesmo poderá entrar em contato no numero 3320-8900, que a telefonista o avisará.

 Proibir aglomerações de pessoas em locais inadequados Escadas / rampas.

 Mostrar boa vontade: mesmo fora de sua área de atuação, o funcionário deve procurar atender as expectativas do visitante. No caso do visitante que busca maiores informações sobre o acervo, o Orientador deve explicar que o Museu possui pessoas habilitadas para fazer o atendimento específico e, em seguida, buscar algum

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 186

profissional na área da Educação. Não dê informação sobre o acervo se você a desconhece.

 Agir com rapidez: o tempo é importante. O Orientador deve atender de pronto o visitante quando solicitado. Para quem espera, um minuto parece muito tempo, mas tenha o cuidado de não passar a impressão de que deseja “ficar livre” do visitante o quanto antes. Rapidez não é sinônimo de descaso ou irritação.

 Não dar ordens: você jamais deve ordenar coisas aos visitantes. Ninguém gosta de ouvir algo como: “Vem aqui!”, “O senhor tem que assinar”, “Sente aí”. Uma expressão cordial terá valor bem mais positivo: “O Senhor poderia me acompanhar, por favor” , “ O Senhor gostaria de se sentar enquanto aguarda”.

2.1.4.1. ATITUDES QUE DEVEM SER EVITADAS  Fofoca  Rótulos- preconceito sem distinção de raça, cor, sexo, cargo,  Falta de profissionalismo,  Desrespeito à hierarquia,  Conversas excessivas, muita intimidade, atitudes indecorosas. “A boa educação é moeda de ouro. Em toda parte tem valor.”

2.1.5. NORMAS  Não é permitido tocar nas obras. Quando for possível interagir com essas, tal informação será dada pelos educadores, que orientarão o visitante sobre como fazê- lo sem riscos.

Motivo: Substâncias presentes na pele provocam danos em diversos materiais utilizados nas obras de arte. O toque também poderá causar o deslocamento da obra, causando danos físicos e materiais.

O manuseio de objetos do acervo deve ser por profissionais especializados e com materiais próprios como máscaras e luvas, evitando prejuízos às peças e as próprias pessoas.

 O Museu é lugar de criança! Mas lembre-se dos cuidados.

Na visitação é permitido que crianças com até 3 anos levem seus brinquedos, desde que sejam de borracha e de pequenos formatos. Outros tipos devem ser deixados pelos pais no guarda volumes. Evite que elas corram e se aproximem bruscamente das obras de arte. Algumas peças expostas são instáveis e sua queda poderá ocasionar acidentes, colocando em risco as próprias crianças.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 187

Obs. Nunca chame a atenção de uma criança e sim do seu responsável, pois a mesma não tem o discernimento das normas do Museu.

 Para segurança de todos, não é permitido tocar nas paredes e painéis do museu.

 Mochilas (todas), bolsas (grandes), sacolas, malas, pacotes e outros volumes devem ser deixados no guarda-volumes (ao lado do acolhimento) para que o visitante tenha acesso ao Museu. O serviço é oferecido gratuitamente.

Motivo: Circular no espaço expositivo portando volumes como bolsas, mochilas e sacolas pode representar risco às obras e desconforto durante a visita.

 Para a segurança e conforto de todos, não é permitido correr ou gritar em qualquer área do Museu.

 Não é permitido entrar no Museu com qualquer tipo de alimento, balas ou gomas de mascar.

 O Museu ainda não dispõe de café ou lanchonete e não é permitido se alimentar dentro das instalações do Museu.

 Não é permitido entrar com garrafas ou latas de bebida dentro do Museu. O Museu dispõe de bebedouros com água em excelentes condições de consumo em todos os andares.

Motivo: A presença de alimentos e bebidas no espaço interno das exposições pode ocasionar acidentes envolvendo o acervo e o próprio visitante, além de prejudicar a limpeza do ambiente.

 É terminantemente proibido fumar em qualquer área do Museu.

Por determinação da Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996, a restrição ao fumo aplica-se a áreas total ou parcialmente fechadas e aos locais de circulação ou permanência de visitantes e funcionários.

 Não é permitida a entrada em trajes de banho, sem camisa e sem calçados.

 Fotografias são permitidas no interior do Museu, desde que sem finalidades comerciais e sem uso de flash. Não é permitido filmar.

Motivo: O flash das máquinas fotográficas podem prejudicar peças do acervo. É rico em ultravioleta (UV) e pode prejudicar os pigmentos de cores das obras de artes e peças.

 O uso de tripés fotográficos sem prévia autorização não é permitido.

Obs. A realização de fotos, filmagens e editoriais, com fins comerciais e publicitários requerem a autorização prévia por escrito da Assessoria de Comunicação do Museu pelo e- mail [email protected].

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 188

 A entrada de animais não é permitida. Somente são admitidos cães-guias que acompanhem pessoas com deficiências visuais.

 Comportamentos como gritar e correr são considerados impróprios em um espaço de reflexão, contemplação e diálogo. Respeitar os outros visitantes é fundamental para que todos tenham uma boa experiência no Museu.

 Crianças menores de 10 anos devem estar acompanhadas pelos pais e/ou responsáveis. (Lei federal n.º 8.069, de 13 de julho de 1.990, artigo 75, parágrafo único).

ART. 75. TODA CRIANÇA OU ADOLESCENTE TERÁ ACESSO ÀS DIVERSÕES E ESPETÁCULOS PÚBLICOS CLASSIFICADOS COMO ADEQUADOS À SUA FAIXA ETÁRIA.

PARÁGRAFO ÚNICO. AS CRIANÇAS MENORES DE DEZ ANOS SOMENTE PODERÃO INGRESSAR E PERMANECER NOS LOCAIS DE APRESENTAÇÃO OU EXIBIÇÃO QUANDO ACOMPANHADAS DOS PAIS OU RESPONSÁVEL.

 Não é permitida a utilização do posto para guarda de objetos estranhos, assim como de bens particulares de empregados ou de terceiros.

 Nenhum funcionário poderá entrar no Museu após ás 19 h. sem autorização prévia da coordenação específica.

2.1.6. IMPORTANTE O Museu Afro Brasil reserva-se o direito de impedir o acesso as suas instalações de pessoas que adotem comportamentos que ponham em risco a segurança e a conservação do edifício e das obras de arte em exposição, e que possam comprometer o bem-estar dos demais visitantes.

2.1.7. DEVERES DE TODOS  Se um funcionário presenciar algum comportamento que não condiz com as regras de visitação do museu é dever dele tratar com o educador ou responsável do grupo. É importante que o responsável do grupo esteja ciente das orientações e que dê suporte quando necessário.  Caso os responsáveis do grupo precisem tratar de alguma questão institucional, solicite a presença da Coordenação/Supervisão do Núcleo de Educação.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 189

 Os grupos que causarem problemas de comportamento ou desrespeitarem funcionários, membros de outras instituições ou visitantes podem ser solicitados a se retirarem do Museu após o aval da Coordenação.  Grupos que ofereçam risco a integridade física de obras ou funcionários serão solicitados a se retirarem do museu.

2.1.8. EM CASO DE QUEDA DE ENERGIA  O Museu depende do pleno abastecimento da rede de energia elétrica para seu funcionamento. Quedas de energia são frequentes na região onde o Museu está localizado.  No momento em que ocorre a queda de energia, a entrada de novos visitantes ao Museu é temporariamente suspensa. Visitantes que já tiverem entrado no museu devem aguardar informações da Coordenação/Supervisão.

Os Educadores, seguranças e orientadores de público direcionarão os grupos para a recepção/acolhimento até que se confirme a informação sobre a previsão do tempo de restauração da energia.

2.1.9. REGULAMENTO DE UTILIZAÇÃO DO GUARDA VOLUME  Ao entrar no Museu, todos os usuários deverão guardar seus pertences como Sacolas, Bolsas, Mochilas e similares, no guarda-volumes.  O guarda-volumes destina-se exclusivamente para guardar pertences dos usuários durante a permanência deste no Museu.  O usuário que sair do Museu, por qualquer motivo, deverá retirar seu material do guarda-volumes.  Pelo extravio ou quebra da chave / chaveiro do guarda-volumes, o usuário se responsabilizará quanto aos serviços de chaveiro.  O usuário que efetuar qualquer tipo de dano aos equipamentos, mobiliários ou ao ambiente do serviço de guarda-volumes ou uso indevido dos mesmos, deverá ressarcir os prejuízos causados.  Na ocasião do esquecimento de pertences no interior dos guarda-volumes ao final do expediente do Museu, estes somente poderão ser retirados pelo usuário no momento em que o Museu se encontrar aberta. Em hipótese alguma o Museu será aberta em horário além dos previamente estabelecidos por medida de segurança.  Para a segurança do usuário, todo o ambiente do serviço de guarda-volumes é monitorado através de circuito interno de TV.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 190

2.1.10. CIRCUITO FECHADO DE CFTV O sistema de CFTV é utilizado para controlar atividades criminosas que vêm crescendo rapidamente. Não se trata de uma solução a toda prova, mas pode ser uma ajuda valiosa. Possibilita que os seguranças sejam distribuídos de maneira mais eficaz, podendo agir como um inibidor, fazer gravações para auxiliar investigações posteriores aos incidentes, auxiliar em sistema de controle de entrada, fornecer informações gerais para auxiliar no gerenciamento do edifício e onde o edifício é vigiado fora do horário de funcionamento.

2.1.11. DETECTORES DE PRESENÇA Um eficiente sistema de detecção de presença através de sensores infravermelhos, que podem prontamente identificar uma intrusão seja pela quebra de vidro ou abertura de portas. O sinal de alerta é transmitido com segurança a uma agência de monitoramento e as providências são tomadas, como: entrar em contato com pessoas no local para verificar a veracidade da ocorrência e, em caso de acionamento de alarme em que a agência não consiga contato ou não obtenha a contrassenha, imediatamente a própria agência aciona o posto da Guarda Civil Metropolitana, situado dentro do Parque Ibirapuera, que permanece à disposição 24 horas por dia, e os Guardas Civis de plantão providenciarão o pronto atendimento.

2.1.12. PRESTADORES DE SERVIÇOS Somos extremamente rigorosos na seleção de prestadores de serviços, não só no que se refere às suas habilidades e experiências, mas também para garantir que pertençam a organizações bem estabelecidas, que trabalhem dentro dos padrões aprovados.

Antes de permitir a entrada de qualquer prestadora de serviço no edifício, firmamos um contrato, que cobre todos os aspectos do trabalho a ser empreendido, incluindo manutenções regulares e outras atividades rotineiras.

2.1.13. BOMBEIRO CIVIL Normas e Procedimentos: Inspeções periódicas nos equipamentos e sinalizações de segurança, prevenção de incêndio, análise de riscos, emergências clínicas, rondas extensivas e registrar diariamente no relatório de comunicação de fatos as ocorrências que acontece em seu dia de serviço.

O que fazer quando o bombeiro é acionado: Atender ao chamado de emergência imediatamente e solicitar apoio, efetuar salvamento a possíveis vítimas, combater o incêndio, informar ao superior se há necessidade de colocar o plano de abandono em prática. Enfim, trazer conforto e segurança não só aos funcionários, mas a todos que visitam o Museu Afro Brasil.

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Obs.: Em casos de pessoas com mal súbito, ligar imediatamente na administração do Parque solicitando a ambulância do SAMU.

2.1.14. SALA DE PRONTO ATENDIMENTO Com o intuito de preservar a integridade dos colaboradores e visitantes, em situações de emergência, criamos uma sala exclusiva para que o bombeiro civil possa realizar os primeiros atendimentos até a chegada do SAMU.

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2.1.15. PREVENÇÃO DE INCÊNDIOS A prevenção é um fator imprescindível para a normalidade da situação. Para efetuar uma boa prevenção, os bombeiros civis devem verificar todos e quaisquer atos ou condições inseguras, como por exemplo:

 Manter os sistemas de hidrantes, extintores de incêndio, detecção, alarme de incêndio, saídas de emergência, iluminação de emergência, sinalização, etc. e outros dispositivos de acordo com as normas técnicas e legislação vigente;  Fazer inspeções nos abrigos (hidrantes): conferir o acesso e a sinalização e se não há obstrução, fazer inspeções também nas mangueiras, juntas de união, chaves de storz, esguichos, botoeiras, central de fumaça, detectores de fumaça, bombas de incêndio e luzes de emergência.  Instalações elétricas improvisadas.  Material combustível próximo a tomadas.  Pontas de cigarros acesas no lixo.  Acúmulo de material inflamável.  Pontas de tomadas sobrecarregadas.  Obstrução de ventilação dos equipamentos.  Fiações expostas ao tempo.  Informar e orientar os funcionários sobre esses atos ou condições inseguras.  Conferir o acesso e a sinalização dos extintores e se não há obstrução no requinte ou na mangueira, observar a pressão indicada no manômetro, quando houver.

2.1.16. CONTROLE DOS EQUIPAMENTOS DE COMBATE E PREVENÇÃO CONTRA INCÊNDIO EXTINTORES E MANGUEIRAS Os extintores de incêndio são normalmente a melhor ferramenta para combater pequenos fogos, principalmente na sua fase inicial. O preço de um extintor de incêndio não é comparável ao valor que a qualquer momento será preciso proteger.

Quando o extintor completa 1 (um) ano de fabricação ou última recarga, deve-se fazer a manutenção para a troca do agente extintor e componentes, conforme a necessidade.

As inspeções técnicas são feitas periodicamente e consistem em examinar os extintores, com a finalidade de verificar se os mesmos permanecem em condições de uso, no tocante ao seu aspecto e componentes externos como, por exemplo:

Extintor de CO² (GÁS CARBÔNICO): Pesar semestralmente – se houver perda superior a 10%, deverá ser recarregado.

Obs. O teste hidrostático é realizado a cada cinco (05) anos, a contar da data de fabricação.

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Mangote: Não deve estar com rachaduras e estrangulamento e o bocal de saída deve estar desobstruído.

Lacre e Pino de Segurança: Não devem estar rompidos.

Manômetro: O indicador de pressão deve estar com o indicador na faixa verde.

Rótulos: Não deve estar rasgado ou apagado, omitindo informações ao usuário.

Pintura: Se está perfeita, o visual geral não deve apresentar indícios de ferrugem, amassamentos ou sinais de queimaduras em qualquer componente. Quando é observada alguma anomalia referente a esses componentes, o extintor é submetido ao serviço de manutenção, por empresa certificada no âmbito do S.B.A.C. (Sistema Brasileiro de Avaliação e Conformidade).

Obs.- todos os extintores têm que estar certificados com o selo do "Símbolo de Identificação do Sistema Brasileiro de Certificação”, que poderá estar acompanhado do nome ou marca do Organismo de Certificação de Produto (OCP) credenciado pelo INMETRO.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 194

No edifício há 03 (três) tipos de extintores. São eles:

 12 de água de 10 litros

 14 de pó químico seco de 04 Kg e 02 de 20 Kg (carreta)

 12 de CO² (gás carbônico)

Inspeção e manutenção das mangueiras de combate a incêndio: as mangueiras são inspecionadas a cada 03 (três) meses e ensaiadas hidrostaticamente a cada 12 (doze) meses, conforme a norma NBR 12779, com certificado válido de inspeção e manutenção emitido pela empresa. Esse documento poderá ser exigido pelo Corpo de Bombeiros, Prefeitura, companhia de seguro ou outras autoridades. A falta desse documento poderá acarretar a não indenização dos danos pela seguradora.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 195

2.1.17. INSPEÇÃO DE HIDRANTES O que observar?

 Verificar se há vazamento no bico de hidrante;

 Verificar as condições gerais das mangueiras, por exemplo, rasgo e juntas de união amassadas;

 Verificar o prazo de validade das mangueiras;

 Verificar se há alterações no abrigo como, por exemplo, obstruções, vidro quebrado, ferrugem, etc.

Obs. Em caso de dúvidas, comunique-se com o coordenador do setor, Renei Medeiros, ramal 8925.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 196

FICHA DE INSPEÇÃO DOS HIDRANTES E BARRILETE

2.1.18. EQUIPAMENTOS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO Mangueiras: 24 de 15m

Esguichos: 12 reguláveis

Chave storz: 12

Hidrantes: 11

Recalque de passeio (hidrante): 01

01 (uma) central digital acde 24/300 para os detectores de fumaça

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02 (dois) amplificadora de sinal e sirene -aars -1024

Detector de fumaça endereçável – adoe

Acionador manual endereçável – abde

Sirene audiovisual - asav 24 volts

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 198

Central de iluminação de emergência – acled

Luminária de emergência centralizada - alcl-m20

Luz de balizamento

24 mangueiras tipo 02 de 15 metros de 1.1/2"

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12 Chave storz

12 Esguicho jato regulável 1.1/2

01 Recalque de passeio (hidrante)

Equipamentos de Segurança: Duas pranchas completas para resgate, uma maca, um kit completo de primeiros socorros, onze hidrantes H2O, quarenta extintores, doze de água de 10L, doze de CO² (gás carbono), quatorze de pó de 4kg e 02 de 20Kg.

Bombeiro Profissional Civil: 01 (um) vinte e quatro horas, na escala 12x36 (doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso).

Riscos em potencial: As paredes internas das áreas expositivas são feitas de material de fácil combustão (MDF), cabine primária e a marcenaria localizadas no primeiro piso.

Meios de ajuda externa: Posto de Bombeiros, localizado a aproximadamente 4 Km (fone 193).

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 200

2.13.3 PLANO DE CONTINGÊNCIA

1.1. OBJETIVOS O Plano de contingência tem por objetivo a preparação e organização dos meios existentes para garantir a salvaguarda dos seus ocupantes e suas obras de artes, em caso de ocorrência de uma situação perigosa, neste caso, um incêndio.

O presente Plano de contingência foi elaborado com base nos riscos de incêndio e de pânico, uma vez que as ocorrências resultantes de outras situações perigosas, nomeadamente catástrofes naturais como alerta de bomba, têm consequências semelhantes.

Obs. Todos os colaboradores deverão se familiarizar com as saídas de emergência existentes em seu local de trabalho, conhecendo as instruções específicas para abandono de sua área.

1.2. PLANO DE EMERGÊNCIA E ABANDONO DE ÁREA 1.2.1. DESCRIÇÃO DA EDIFICAÇÃO Nome: Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega.

Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, s/n° – Portão 10 – Parque Ibirapuera – CEP: 04094-050 – São Paulo – SP

Ocupação: Museu Afro Brasil

População Fixa: 92

População Flutuante: 300 pessoas

Grau de risco: 02

Telefone: (11) 3320-8900

Grau de risco: 02

Área construída: 13.017,53m²

C.N.P. J: 07.258.863/0001-02

Inscrição estadual: 117.085.487.117

Brigada de Incêndio

Bombeiro Profissional Civil: 01 (um), 24 (vinte e quatro) horas, na escala 12x36 (doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso).

Riscos em potencial: As paredes internas das áreas expositivas são feitas de material de fácil combustão (MDF), cabine primária e a marcenaria localizada no primeiro piso.

Meios de ajuda externa: Posto de Bombeiros, localizado a 3,6 km

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Endereço: Rua Domingos de Morais, 2329 - Vila Mariana - São Paulo, SP - Cep: 04035- 000

Fone: 193 / (11) 3396-2580

1.2.2. APRESENTAÇÃO O presente plano visa descrever orientações e procedimentos a serem seguidos pelos colaboradores e visitantes do Museu, quando da ocorrência de princípios de incêndio, sinistros e ameaças externas.

1.2.3. INTRODUÇÃO Este plano pretende informar os colaboradores sobre os procedimentos a serem adotados para a prevenção de sinistros e o combate dos mesmos em seu princípio.

Se os colaboradores tiverem conhecimentos básicos sobre prevenção de incêndios, certamente desenvolverão comportamentos preventivos, de modo a evitar as condições que levam ao fogo. Tais providências conduzirão a eventos sem surpresas desagradáveis, capazes de causarem pânico e ferimentos nos presentes.

1.2.4. PROCEDIMENTOS DE MANUTENÇÃO Uma das condições essenciais para garantir a eficácia desse Plano de Emergência é a sua correta e perfeita atualização.

Para a sua consecução efetiva, é indispensável que quaisquer alterações das condições físicas da edificação ou da organização dos meios humanos afetos à segurança sejam comunicadas previamente ao responsável pelo Plano (coordenador de infraestrutura). Dentre as situações passíveis do Plano, salientam-se as seguintes:

 Alterações à compartimentação do edifício;  Alterações significante do contingente da população flutuante e/ou fixa;  Modificações nas vias de acesso ao edifício;  Alterações nas saídas e vias de evacuação;  Instalação de novos equipamentos técnicos;  Alterações na sinalização interna;  Alteração do número ou composição da equipe de brigada e segurança;  Organização do sistema de segurança. Equipamentos de combate a incêndio

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1.2.5. EXTINTORES Equipamentos portáteis destinados a combater princípios de incêndio.

Na edificação existe 03 tipos de extintores.

1.2.6. SINALIZAÇÃO DE EMERGÊNCIA Todos os equipamentos de combate a emergência (extintores e hidrantes), saída de emergência (rota de fuga), local de estacionamento de viatura ligada à emergência, ponto de recalque, botoeiras de acionamento de emergência devem estar sinalizados, de forma visível e desobstruídos. Definir e sinalizar o ponto de encontro dos brigadistas.

1.2.7. SÍMBOLOS GRÁFICOS E SIMBOLOGIA

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1.2.8. PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DOS EXTINTORES Piso inferior

Piso superior

1.2.9. HIDRANTES

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Os hidrantes são equipamentos com registro, mangueiras, esguichos e chave storz.

Sua ação exclusiva é de resfriamento e é apropriado para incêndios classe a.

Nunca deve ser utilizado em equipamentos elétricos energizados.

1.2.9.1. MODO DE USAR  Retire a mangueira da caixa;  Ligue uma das extremidades ao hidrante;  Desenrole a mangueira de forma que não fiquem dobras;  Engate o esguicho na outra extremidade da mangueira;  Abra o registro;  Dirija o jato contra o fogo.

1.2.10. PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DOS HIDRANTES E BOTOEIRAS DE ALARME DE INCÊNDIO Piso inferior

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Piso superior

1.2.11. TÉCNICAS DE COMBATE A INCÊNDIOS O Combate a um incêndio é comparado a uma batalha na qual se enfrenta o inimigo: O FOGO

 A preparação  A tática  A técnica

A preparação

 Compreende os meios e disposições preventivas contra incêndios – prevenção  É a preparação do campo de combate  Os meios de combate deverão estar disponíveis para ataque imediato.  Deve ser sempre melhorada

Tática de incêndio

 Preparo dos membros da equipe  Instrução individual e coletiva  Distribuição do material de combate  Estabelecer em terreno seguro

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 Atacar o inimigo em seus pontos fracos  Conhecer as armas do inimigo que são as que contribuem para o desenvolvimento do fogo.  O tempo decorrido entre o início do fogo e o começo do combate  Propagação do fogo durante aquele período  Velocidade de combustão e poder calorífico do material da queima  Conhecimento da técnica de extinção  O emprego do agente extintor correto

Técnica de incêndio

 Conhecimento da técnica de extinção  O emprego do agente extintor correto

1.2.12. CONTROLE DO PROGRAMA DE BRIGADA DE INCÊNDIO Reuniões ordinárias – Devem ser realizadas reuniões mensais com os membros da brigada, com registro em ata, onde são discutidos os seguintes assuntos:

 Funções de cada membro da brigada dentro do plano;  Condições de uso dos equipamentos de combate a incêndio;  Apresentação de problemas relacionados à prevenção de incêndios encontrados nas inspeções para que sejam feitas propostas corretivas;  Atualização das técnicas e táticas de combate a incêndio;  Alterações ou mudanças do efetivo da brigada;  Outros assuntos de interesse.

Reuniões extraordinárias

 Após a ocorrência de um sinistro ou quando identificada uma situação de risco iminente, fazer uma reunião extraordinária para discussão e providências a serem tomadas.  As decisões tomadas são registradas em ata e enviadas às áreas competentes para as providências pertinentes.

Exercícios simulados

Deve ser realizado, a cada 6 meses, no mínimo um exercício simulado no estabelecimento ou local de trabalho com participação de toda a população. Imediatamente

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após o simulado, deve ser realizada uma reunião extraordinária para avaliação e correção das falhas ocorridas.

1.2.12.1. ATRIBUIÇÕES DA BRIGADA  Avaliação dos riscos existentes;  Inspeção geral dos equipamentos de combate a incêndio;  Conhecer o princípio de funcionamento e acionamento de todos os extintores  Inspeção geral das rotas de fuga;  Elaboração de relatório das irregularidades encontradas;  Encaminhamento do relatório aos setores competentes;  Orientação à população fixa e flutuante;  Participar ativamente de exercícios simulados.

1.2.12.1.1. AÇÕES DE EMERGÊNCIA  Identificação da situação;  Alarme / abandono de área;  Acionamento do Corpo de Bombeiros, através do telefone 193;  Recepção e orientação ao Corpo de Bombeiros;  Controlar o tráfego de pessoas e veículos de modo a facilitar a atuação das equipes de combate e socorristas  Corte de energia;  Primeiros socorros;  Combate ao princípio de incêndio;

1.2.12.2. IDENTIFICAÇÃO DA BRIGADA No caso de uma situação real ou simulado de emergência, o brigadista deve usar colete e o capacete para facilitar sua identificação e auxiliar na sua atuação.

1.2.13. PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE EMERGÊNCIA Os seguintes procedimentos estão relacionados numa ordem lógica e deverão ser executados conforme o pessoal disponível e com prioridade ao atendimento de vítimas.

1.2.13.1. ANÁLISE PRIMÁRIA Sempre que houver uma suspeita de princípio de incêndio (por calor, cheiro, fumaça ou outros meios), a mesma deverá ser investigada. Uma suspeita nunca deverá ser subestimada.

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1.2.13.2. ALARME Ao ser detectado um princípio de incêndio real, deverá acionar o alarme de incêndio manual, que tem uma botoeira tipo quebra-vidro ao lado de cada hidrante.

O acionamento do alarme não dependerá de autorização específica, mas sim da constatação de risco para a população do prédio pelos efeitos do fogo, da fumaça e outros, podendo ser feito por qualquer um colaborador ou visitante.

1.2.13.2.1. ACIONAMENTO DO ALARME PARA TREINAMENTO E MANUTENÇÃO O acionamento do alarme fora das situações de emergência dependerá de planejamento próprio executado pelo Coordenador do Plano de Emergência.

Devem ser feitos testes periódicos e manutenção adequada do sistema, porém, antes de acioná-lo, todas as pessoas devem ser avisadas do início e término dos testes. De preferência, os testes serão feitos em horários fora do expediente normal, para que os funcionários não se acostumem a ouvi-lo, o que seria muito prejudicial, pois levaria ao descrédito numa ocorrência real.

1.2.13.3. ANÁLISE SECUNDÁRIA Após identificação do andar sinistrado (pelo painel da central), o alarme deverá ser silenciado e o bombeiro civil / brigadistas de plantão deverá comparecer ao local para análise da emergência.

1.2.13.4. CORTE DA ENERGIA Caso necessário, deverá ser providenciado o corte da energia elétrica (parcial ou total). O corte geral deverá ser executado pelo pessoal da elétrica, que deverá estar à disposição do Chefe da Brigada.

1.2.13.5. COMBATE O combate ao incêndio deverá ser efetuado pelo bombeiro civil com o auxilio de brigadistas, conforme treinamentos, até a chegada do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

1.2.13.5.1. INSTRUÇÕES DIRIGIDAS AO PESSOAL COMBATENTE (BOMBEIRO / BRIGADISTAS)

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 209

Estas instruções dirigem-se especialmente aos bombeiros e brigadistas, considerando- se que todos os seus elementos terão conhecimento e colaboraram na sua aplicação. Em termos gerais, são as seguintes:

 Soar o alarme ao perceber o sinistro;  Socorrer as pessoas que se encontrem em perigo imediato;  Iniciar o combate ao foco de incêndio com os meios de intervenção existentes;  Evacuar o local, encaminhando os seus ocupantes para o exterior (ponto de encontro);  Auxiliar os bombeiros nas operações de combate e rescaldo, procedendo à eventual desobstrução dos acessos e pontos de penetração e indicando a localização e extensão exata do sinistro.

1.2.13.6. SALVAGUARDA Uma equipe especializada em salvar as obras de arte que ainda não foram atingidas pelo fogo/água.

1.2.14. PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE EMERGÊNCIA CONTRA INCÊNDIO  Alerta: Ao ser detectado um princípio de incêndio, o alarme de incêndio manual será acionado através da botoeira, bastando quebrar o vidro e apertar o botão que fica localizado ao lado de cada hidrante.  Análise da situação: O chefe da brigada se posicionará no ponto de encontro da brigada e analisará rapidamente o sinistro. Após identificação do local sinistrado, o alarme deverá ser desligado, e o Bombeiro civil com o auxilio dos brigadistas comandará as ações de combate de incêndio.  Apoio externo: Um (a) brigadista e/ou recepcionista deve acionar o Corpo de Bombeiros, dando as seguintes informações:  Nome e número do telefone utilizado;  Endereço do Museu;  Pontos de referência;  Característica do incêndio;  Quantidade e estado das eventuais vítimas;  Deverá um brigadista orientar o Corpo de Bombeiros em sua chegada.  Primeiros socorros: Os primeiros socorros serão prestados às eventuais vítimas ,conforme treinamento específico dado aos brigadistas e bombeiros de plantão.  Eliminar riscos: Se houver necessidade, deverá ser providenciado o corte da energia elétrica, que será executado pelo pessoal da elétrica, que deve estar à disposição do bombeiro / Chefe da Brigada.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 210

Esquema de detecção

1.2.15. ABANDONO DE ÁREA Proceder ao abandono da área parcial ou total, quando necessário, conforme comunicação preestabelecida, removendo para local seguro, a uma distância mínima de 100 m do local do sinistro, permanecendo até a definição final.

 Caso seja necessário abandonar a edificação, deve ser acionado novamente o alarme de incêndio para que se inicie o abandono da área;  Os brigadistas se reunirão no ponto de encontro pré-determinado. Neste momento, o chefe da brigada já terá avaliado a situação e determinará o abandono geral, ou não;  Antes do abandono definitivo, os brigadistas devem verificar se não ficaram ocupantes retardatários e providenciar o fechamento de portas e janelas, se possível;  Cada pessoa portadora de deficiência deve ser acompanhada por dois brigadistas ou voluntários previamente designados pelo chefe da brigada.  Isolamento da área: A área sinistrada deve ser isolada fisicamente, de modo a garantir os trabalhos de emergência e evitar que pessoas não autorizadas entrem no local.  Confinamento do incêndio: O incêndio deve ser confinado, de modo a evitar sua propagação e consequências.  Combate ao incêndio: O combate será feito pelo bombeiros do Museu treinado para este tipo de emergência. A Brigada deverá auxiliar a retirada dos colaboradores, visitantes e obras de arte, além de apoiar o Corpo de Bombeiros quando este chegar ao local.  Investigação: Após o controle total da emergência e a volta à normalidade, o coordenador de segurança , juntamente com o chefe da brigada e o bombeiro, deve

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iniciar o processo de investigação e elaborar um relatório, por escrito, sobre o sinistro e as ações de controle, para as devidas providências.

Relatar a brigada de emergência o que está acontecendo:

 Tipo de sinistro ( Incêndio, Explosão, etc..);  Se há vítima impossibilitada de se locomover sozinha ou;  Outro tipo de risco ainda não conhecido;

Exemplo:

Obs. Todos os Colaboradores / visitantes devem sair em fila indiana, sem corridas, mas em passo apressado.

Devem ser seguidas as setas indicativas do caminho de evacuação.

1.2.15.1. PROCEDIMENTOS PARA ABANDONO DE ÁREA - MEMBROS DA BRIGADA DE EMERGÊNCIA  Posicione-se nas saídas;  Controlar os colaboradores / visitantes evitando pânico;  Orientar os colaboradores / visitantes para as saídas, em ordem;  Prestar os primeiros socorros, caso haja necessidade;  Realizar buscas nos pisos e locais fechados;

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Cabeça de Fila

1° no acesso a escada/rampa de emergência

 Colete azul  Coordena as pessoas p/ formar fila  Orientá-las a descer  Manter a calma e organização  Dirigindo-se ao ponto de encontro

Cerra fila

 Colete azul  Orientar as pessoas à escada/rampa de emergência  Certificar/ vistoriar o abandono de todos  Ser o último a sair do andar.

Back Up

 Colete amarelo  Efetuar levantamento antecipado  Providenciar substituto  Auxiliar o Cabeça e o Cerra Fila  Deve ser o último a abandonar o andar

Esquema de evacuação

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1.2.16. RECOMENDAÇÕES GERAIS Em caso de simulado ou incêndio, adotar os seguintes procedimentos:

 Manter a calma;  Caminhar em ordem sem atropelos;  Não correr e não empurrar;  Não gritar e não fazer algazarras;  Não ficar na frente de pessoas em pânico, se não puder acalmá-las, evite-as. Se possível avisar um brigadista;  Todos os colaboradores, independente do cargo que ocupar no Museu, devem seguir rigorosamente as instruções do brigadista;  Nunca voltar para apanhar objetos; ao sair de um lugar;  Não se afastar dos outros e não parar nos andares;  Levar consigo os visitantes que estiverem em seu local de trabalho;  Sapatos de salto alto devem ser retirados;  Não acender ou apagar luzes, principalmente se sentir cheiro de gás;  Deixar as entradas livres para a ação dos bombeiros e do pessoal de socorro médico;  Ver como seguro local pré-determinado pela brigada e aguardar novas instruções.

Em locais com mais de um pavimento:  Nunca utilizar o elevador;  Não subir, procurar sempre descer;  Ao utilizar as escadas/rampas de emergência, descer sempre utilizando o lado direito da escada.

1.2.17. CONSIDERAÇÕES  Conheça seu local de trabalho;  Conheça onde fica localizada as botoeiras de alarme de incêndio;  Conheça as saídas de emergência;  Conheça as saídas alternativas para abandono de áreas.

Em caso de sinistro, é necessário comunicar-se com:

Corpo de Bombeiros------193

Defesa Civil ------196

SAMU ------192

Polícia Militar ------190

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1.2.18. ROTA DE FUGA Pode ser utilizada em função de:

 Incêndio;  Desabamentos;  Outros casos

Escadas / Rampas

Todas as escadas, rampas deverão ser feitos com materiais incombustíveis e resistentes ao fogo.

Exercício de alerta.

Os exercícios de combate ao fogo deverão ser feitos periodicamente, objetivando:

 Que o pessoal grave o significado do sinal de alarme;  Que a evacuação do local se faça em boa ordem;  Que seja evitado qualquer pânico;  Que sejam atribuídas tarefas e responsabilidades específicas aos empregados;  Que seja verificado se a sirene de alarme foi ouvida em todas as áreas.

1.2.19. LOCALIZAÇÃO DE SAÍDAS DE EMERGÊNCIA E PONTO DE ENCONTRO

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1.2.20. CIRCULAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO (ROTA DE FUGA)

Piso superior

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Piso inferior

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Subsolo

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Casa de bombas (barrilete)

1.2.21. PLANTAS DE CIRCULAÇÃO E PONTO DE ENCONTRO (ROTA DE FUGA)

Piso inferior

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Piso superior

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1.2.22. PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DA CENTRAL DE DETECTORES DE FUMAÇA E ILUMINAÇÃO DE EMERGÊNCIA

CONCLUSÃO

Nenhum sistema de prevenção a sinistros será eficaz se não houver a capacitação para operá-lo. Para poder combater eficazmente um incêndio em seu princípio e proceder a um plano de abandono, a pessoa deverá estar perfeitamente treinada. É um erro pensar que, sem treinamento, alguém, por mais hábil que seja, por mais coragem que tenha, por maior valor que possua, seja capaz de atuar de maneira eficiente quando do surgimento do sinistro.

Sendo assim, a função primordial deste Programa é consolidar as normas de prevenção de acidentes e as orientações em caso de sinistros, objetivando a segurança das pessoas e da instituição.

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Anexos

Fragmento de cadeira (espaldar) Autoria: Povo Tchokwe

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Estatuto Social

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Regimento Interno

ASSOCIAÇÃO MUSEU AFRO BRASIL

REGIMENTO INTERNO

(Aprovado em 07 de Outubro de 2.011)

Este Regimento Interno estabelece normas de caráter suplementar de organização e funcionamento da ASSOCIAÇÃO MUSEU AFRO BRASIL, consolidando e detalhando as disposições de seu Estatuto Social, devendo os dirigentes e/ou responsáveis pela sua aplicação fazê-lo sempre em consonância com os objetivos institucionais da entidade, a legislação e demais instrumentos normativos vigentes.

Capítulo I DAS CARACTERÍSTICAS, NATUREZA E OBJETIVOS

A ASSOCIAÇÃO MUSEU AFRO BRASIL, doravante identificada como ASSOCIAÇÃO, é uma associação civil sem fins econômicos, qualificada como Organização Social de Cultura, nos termos da Lei Complementar estadual nº 846/98.

A ASSOCIAÇÃO tem por objetivos a promoção da cultura e da educação, a defesa e conservação do patrimônio histórico, cultural e artístico, por meio da colaboração técnica, material e financeira visando a preservação e conservação do acervo artístico e a divulgação do Museu Afro-Brasil. Parágrafo único. Para cumprimento de suas finalidades, a ASSOCIAÇÃO poderá desenvolver as atividades previstas no art. 2º do Estatuto Social.

Todas as ações e atividades da ASSOCIAÇÃO serão norteadas pelos valores e princípios da democracia, ética, transparência, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência e economicidade, de modo a garantir e respeitar, em relação a todos os seus associados, membros e demais públicos por ela afetados, a diversidade, a liberdade de consciência e de crença, acessibilidade de informações, participação e manifestação.

Capítulo II DA COMPOSIÇÃO DA ENTIDADE

Seção I Dos associados e membros

O quadro social da ASSOCIAÇÃO é composto por um número ilimitado de associados, distribuídos nas seguintes categorias:

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associados fundadores: pessoas físicas que subscreveram a ata de fundação da entidade na Assembleia Geral Ordinária realizada em 07 de dezembro de 2004; associados contribuintes: pessoas físicas ou jurídicas admitidas no quadro associativo após a constituição da ASSOCIAÇÃO.

Poderão, ainda, fazer parte da ASSOCIAÇÃO, como membros honorários, as pessoas físicas ou jurídicas que prestarem relevantes serviços à ASSOCIAÇÃO ou à cultura, e que tiverem seus nomes aprovados pela Assembleia Geral.

A admissão de associados contribuintes deverá ser norteada pelas seguintes diretrizes: potencial de contribuição do candidato ao desenvolvimento das atividades da ASSOCIAÇÃO; compromisso do candidato com as finalidades da ASSOCIAÇÃO; envolvimento com a área cultural, promoção da igualdade racial e/ou atuação em questões relacionadas à finalidade social da ASSOCIAÇÃO; conduta compatível com princípios e valores éticos da ASSOCIAÇÃO; conhecimento para ajudar a implementar e sustentar a causa da ASSOCIAÇÃO; disponibilidade para o efetivo envolvimento nos assuntos relacionados à ASSOCIAÇÃO e, em especial, o comparecimento às Assembleias Gerais.

Parágrafo único. Os associados que indicarem a admissão de novos associados ou membros deverão expor as razões pelas quais consideram que o candidato cumpre os requisitos estabelecidos no caput.

A admissão de membros honorários deverá ser norteada por, pelo menos, uma das seguintes diretrizes:

I - contribuição por meio de doações ou legados excepcionais para atender as finalidades da ASSOCIAÇÃO; II – atuação de grande relevância em questões relacionadas à finalidade social da ASSOCIAÇÃO.

Não poderão ser admitidos nos quadros sociais os empregados da ASSOCIAÇÃO, enquanto perdurar a relação de emprego.

§ 1º. Na hipótese de indivíduo já associado vir a ser contratado como empregado da ASSOCIAÇÃO, os respectivos direitos e deveres de associado serão suspensos automaticamente, desde a data da contratação e enquanto perdurar a relação de emprego.

§ 2º. Os empregados da ASSOCIAÇÃO que tenham sido admitidos como associados anteriormente a este Regimento Interno terão seus direitos e deveres suspenso a partir de sua aprovação.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 239

Os associados e membros deverão manter seus dados cadastrais sempre atualizados junto à ASSOCIAÇÃO.

Seção II Da aplicação das penalidades

A aplicação das penalidades previstas no art. 13 do Estatuto Social da ASSOCIAÇÃO deverá observar os seguintes procedimentos: as violações ao Estatuto Social, ao Regimento Interno e a outras normas que chegarem ao conhecimento da Diretoria da ASSOCIAÇÃO, devidamente fundamentadas, deverão conter a indicação do autor e da infração a ser averiguada; a penalidade a ser aplicada pelo Conselho de Administração deverá sempre guardar proporcionalidade com a violação que lhe deu causa; no caso de aplicação da penalidade de exclusão, a decisão do Conselho de Administração deverá ser submetida à ratificação da Assembleia Geral.

Parágrafo único. Para fins deste Regimento Interno consideram-se violações:

I - descumprimento de disposição do Estatuto Social, Regimento Interno e outras normas internas da ASSOCIAÇÃO, bem como de qualquer decisão dos órgãos de administração;

II - descumprimento de quaisquer deveres e obrigações previstos no Estatuto Social, neste Regimento Interno ou outras normas internas da ASSOCIAÇÃO;

III - comportamento que importe em dano ou prejuízo direto ou indireto à ASSOCIAÇÃO, ou ainda, ofensa grave que coloque em risco sua imagem, credibilidade ou patrimônio;

IV - prática de atos em nome da ASSOCIAÇÃO com o intuito de tirar proveito patrimonial e/ou pessoal;

V - utilização indevida do nome da ASSOCIAÇÃO em quaisquer negócios, obras ou programas que estejam em desconformidade com seus objetivos institucionais.

Em quaisquer das circunstâncias previstas nos artigos anteriores desta Seção, deverá ser assegurado ao associado, considerado infrator, o acesso às informações a seu respeito, bem como será garantido o amplo direito de defesa, com observância ao disposto nos parágrafos subsequentes.

Tendo a Diretoria tomado conhecimento da ocorrência de violação ou infração, o associado será devidamente notificado dos fatos a ele imputados, por meio de notificação extrajudicial, para que apresente sua defesa prévia no prazo de 30 (trinta) dias a contar do recebimento da comunicação. Após o decurso do prazo previsto no parágrafo anterior, independentemente da apresentação de defesa, a representação será decidida em reunião extraordinária do Conselho de Administração.

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Aplicada a penalidade, caberá recurso por parte do associado, no prazo de 30 (trinta) dias contados da decisão, à Assembleia Geral, que deliberará em última instância.

Uma vez excluído, qualquer que seja o motivo, não terá o associado o direito de pleitear indenização ou compensação de qualquer natureza, seja a que título for.

Capítulo III DA ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE

A ASSOCIAÇÃO terá os seguintes órgãos sociais:

I – Assembleia Geral;

II – Conselho de Administração;

III – Diretoria;

IV – Conselho Fiscal;

V – Conselho Consultivo; VI – Ouvidoria.

As justificativas de ausência às Assembleias Gerais e reuniões dos demais órgãos sociais deverão ser feitas com antecedência, comunicadas no início dos trabalhos e registradas em ata.

A documentação relativa à pauta das Assembleias Gerais e reuniões dos demais órgãos sociais deverá ser disponibilizada aos participantes, preferencialmente, com pelo menos 5 (cinco) dias de antecedência, por meio eletrônico.

Parágrafo único. Assuntos não incluídos expressamente na convocação das Assembleias Gerais e reuniões dos demais órgãos sociais somente poderão ser votados, na reunião, caso haja presença de todos os integrantes.

Os membros dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO não poderão se fazer representar por procurador nas reuniões dos órgãos que integram.

Sem prejuízo do disposto no 0 deste Regimento Interno, os órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO deverão observar os seguintes princípios:

I – transparência, facilitando o acesso das partes interessadas às informações que sejam de seu interesse;

II – equidade, mediante a justa ponderação dos interesses das partes interessadas;

III – prestação de contas, disponibilizando informações periódicas que permitam o monitoramento, avaliação e responsabilização do desempenho;

IV – responsabilidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos programas, projetos e operações.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 241

Parágrafo único. Para os efeitos deste Regimento Interno, consideram-se partes interessadas os grupos de pessoas ou instituições que afetam ou podem ser afetadas pela atuação da ASSOCIAÇÃO.

As despesas efetuadas pelos membros dos órgãos sociais estritamente no exercício de suas funções estatutárias serão adiantadas pela ASSOCIAÇÃO ou prontamente reembolsadas, conforme o caso, mediante a apresentação dos respectivos comprovantes de despesas.

Seção I Da Assembleia Geral

A Assembleia Geral, formada pelos associados em situação regular, é o órgão máximo de deliberação da ASSOCIAÇÃO.

O associado pessoa jurídica participará da Assembleia Geral, preferencialmente, por meio de seu representante permanente junto à ASSOCIAÇÃO.

Na hipótese de impossibilidade de participação do associado pessoa física ou do associado pessoa jurídica por meio de seu representante permanente, poderão eles se fazer representar por procurador munido de instrumento de procuração. Os associados pessoa física somente poderão ser representados por outro associado mediante outorga de instrumento particular de procuração, no qual deverá constar poderes específicos de representação na Assembleia Geral e, quando possível, indicação do voto do associado representado.

Cada associado pessoa física poderá representar até dois associados pessoa física.

Seção II Do Conselho de Administração

O Conselho de Administração da ASSOCIAÇÃO é o órgão de deliberação e controle, sendo composto por 11 (onze) membros.

O Conselho de Administração será presidido por um dos associados que o integram, eleito pela maioria dos conselheiros, para um mandato de 2 (dois) anos.

O Presidente designará, a cada reunião, dentre quaisquer dos presentes, um secretário a quem compete elaborar a ata com a síntese das deliberações adotadas.

A ata da reunião, após assinada pelos conselheiros, será arquivada, juntamente com a documentação pertinente, em arquivo específico na sede da ASSOCIAÇÃO, onde permanecerá à disposição de qualquer associado ou membro.

Sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior, a ata da reunião será levada a registro em cartório, sempre que contiver deliberação que deva surtir efeitos em relação a terceiros.

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A critério do Conselho de Administração, deliberações que abordem temas de interesse estratégico ainda não amadurecidos ou que possam expor a ASSOCIAÇÃO poderão ser tratadas com confidencialidade.

Para o exercício de suas atribuições, o Conselho de Administração poderá contar com comitês de assessoramento em questões específicas, cujos integrantes serão escolhidos pelo Conselho dentre seus membros e/ou os da Diretoria.

Subseção I Da Eleição

O Conselho de Administração tem a seguinte composição:

6 (seis) membros eleitos pela Assembleia Geral dentre associados fundadores e contribuintes;

4 (quatro) membros eleitos pelos demais integrantes do Conselho, dentre pessoas de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral; 1 (um) membro eleito pelos funcionários da ASSOCIAÇÃO, dentre os profissionais que integrem esse grupo.

Parágrafo único. Para o preenchimento de 3 (três) das vagas indicadas no inciso II do caput deste artigo, o Conselho de Administração poderá solicitar a indicação de nomes por parte da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura do Município de São Paulo e de um patrocinador privado da ASSOCIAÇÃO, na proporção de uma indicação cada.

A eleição dos membros indicados no inciso I do artigo anterior será feita por deliberação da maioria simples dos presentes à Assembleia Geral. A data marcada para as eleições deverá ser comunicada a todos os associados com direito a voto, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias de sua realização, por meio de edital afixado na sede da ASSOCIAÇÃO ou pelo envio de correspondência postal ou eletrônica, independentemente de confirmação de recebimento.

O associado de qualquer categoria interessado em ocupar vaga no Conselho de Administração deverá apresentar sua candidatura ao Presidente do órgão, com antecedência de 10 (dez) dias da data de realização da eleição.

Qualquer associado ou integrante dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO poderá indicar nomes para compor o Conselho de Administração, os quais serão consultados sobre o interesse em ocupar a vaga.

Podem concorrer às vagas previstas no caput deste artigo os associados em dia com suas obrigações.

A eleição dos membros indicados no inciso 0 do 0 será feita por deliberação da maioria simples dos membros do Conselho de Administração.

Os membros do Conselho de Administração deverão indicar pessoas de notória capacidade profissional e reconhecida idoneidade moral para compor o órgão.

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Não obstante o disposto no parágrafo anterior, qualquer associado ou integrante dos outros órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO poderá indicar nomes para compor o Conselho de Administração.

A eleição do membro indicado no inciso 0 do 0 será realizada exclusivamente entre os empregados celetistas.

§ 1º. O edital de convocação da eleição do representante dos funcionários deverá ser afixado na sede da ASSOCIAÇÃO, devendo constar dele, no mínimo, as seguintes informações:

I - prazo para apresentação das candidaturas; II - prazo e forma da divulgação das candidaturas;

III - datas de início e término das votações e apuração dos resultados, respeitando- se o prazo máximo de 2 (dois) dias úteis; IV - outras informações consideradas necessárias e relevantes.

§ 2º. Pode concorrer à vaga prevista no caput deste artigo qualquer empregado celetista.

Seção III Da Diretoria

A Diretoria da ASSOCIAÇÃO é seu órgão gestor e terá a seguinte composição:

Diretor Executivo;

Diretor Administrativo-Financeiro;

Diretor Curador.

No exercício de suas atribuições, o Diretor Executivo poderá criar Coordenadorias, Comissões e Grupos de Trabalho e de Estudo com funções de assessoria, de estudo ou mesmo executivas. As Comissões e Grupos de Trabalho e de Estudo que tenham função executiva deverão sempre ser presididas pelo Diretor Executivo.

No caso de criação de Coordenadorias para execução de projetos especiais, o Diretor Executivo deverá submeter à decisão a prévia aprovação do Conselho de Administração.

A Diretoria poderá contratar seguro de responsabilidade civil para os membros da Diretoria, com o objetivo de recompor eventuais perdas que venha a sofrer em razão do exercício do cargo.

Parágrafo único. Os membros dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO deverão ser ressarcidos, com recursos da entidade, por todos os custos, perdas e despesas

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 244

incorridas em razão de atos realizados com boa-fé na representação da ASSOCIAÇÃO, ou de quaisquer atos realizados em cumprimento de suas funções, mediante aprovação do Conselho de Administração.

No caso de vacância na Diretoria, poderão ser atribuídas aos outros diretores as competências relativas ao cargo vago.

Subseção I Da Diretoria Executiva

A Área de Comunicação será subordinada à Diretoria Executiva, sendo a instância responsável pela coordenação de toda a comunicação da ASSOCIAÇÃO e do espaço museológico com os meios de comunicação e público externos.

Subseção II Da Diretoria Administrativa-Financeira

São subordinadas à Diretoria Administrativa-Financeira: Controladoria;

Recursos Humanos;

Almoxarifado; Loja;

Financeiro;

Compras; Infraestrutura.

A Controladoria é a área responsável pelo controle e processo de planejamento e orçamento, com base em um sistema integrado de informações e em uma visão multidisciplinar, sendo responsável pela modelagem, construção e manutenção de sistemas de informações e modelos de gestão, a fim de suprir de forma adequada as necessidades de informação dos gestores conduzindo-os a tomarem melhores decisões.

A área de Recursos Humanos é responsável pela gestão de pessoal e disporá sobre os procedimentos de:

I - seleção e admissão de pessoal;

II - direitos e deveres dos empregados;

III - regime disciplinar, normas de apuração de responsabilidades e penalidades; IV - formação e treinamento do pessoal;

V- programa de estagiários;

VI - plano de cargos, carreira, salários e de benefícios.

Plano Museológico – Museu Afro Brasil 2016 245

O Almoxarifado é o setor responsável pelo recebimento, cadastramento, armazenamento, saída e baixa dos bens de consumo, devendo apresentar os indicadores de suas atividades, como relatórios de eficiência, a fim de proporcionar otimização do gerenciamento, controle do histórico dos itens, dentre outros. A Loja é o setor de vendas de edições, catálogos, produtos provenientes das exposições, mercadorias, artesanatos, roupas e objetos com a marca do Museu Afro Brasil. O setor Financeiro é responsável por desenvolver e prover dados para mensurar o desempenho da ASSOCIAÇÃO, contabilizando todo seu patrimônio, elaborando suas demonstrações, reconhecendo as receitas, demonstrando a capacidade financeira para satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos a fim de atingir as metas.

A área de Compras é responsável pela contratação de bens e serviços para a ASSOCIAÇÃO, atuando com eficiência para obtenção de materiais certos, quantidades adequadas, entregas precisas e preços mais vantajosos, devendo seguir os preceitos determinados no regulamento de compras.

A área de Infraestrutura é a responsável por implementar a política formulada pela administração no tocante à edificação e obras, compreendendo sua operação, manutenção, restauração, reposição, adequação de capacidade, além da segurança do acervo do museu.

Subseção III

Da Diretoria Curatorial

São subordinadas à Diretoria Curatorial:

Coordenação de Planejamento Curatorial;

Museografia; Salvaguarda;

Educação;

Editorial; Pesquisa;

Biblioteca.

A Coordenação de Planejamento Curatorial é a área responsável pela coordenação e planejamento das ações de conservação e gerenciamento do acervo, planejamento e coordenação de atividades do serviço educativo e exposições, e coordenação e planejamento do calendário de eventos. O setor de Museografia é o responsável pelo desenvolvimento museográfico, e execução e manutenção das exposições de caráter interno e externo.

A unidade de Salvaguarda é responsável pela definição, coordenação e execução de ações de conservação preventiva e restauração, pelo gerenciamento global com ações de documentação, coleta, pesquisa e difusão do acervo exposto e da(s) reserva(s) técnica(s).

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O núcleo de Educação é o responsável pelo planejamento e execução de atividades pedagógicas e de comunicação por meio dos acervos e das exposições realizadas.

O Editorial é o setor responsável pela produção de material de apoio aos programas educativos, institucionais e de difusão. A área de pesquisa identifica, contextualiza, aprofunda e divulga as obras do acervo e seus conteúdos relacionados, bem como promove o diálogo entre elas.

A Biblioteca é o departamento responsável pelo planejamento, organização e administração do acervo bibliográfico que dá suporte às pesquisas históricas e atendimento ao público em geral.

Seção IV Do Conselho Fiscal

O Conselho Fiscal é o órgão fiscalizador da gestão financeira da ASSOCIAÇÃO, sendo composto por 3 (três) membros.

O Conselho de Administração elegerá os membros do Conselho Fiscal com base nos seguintes critérios: conhecimento em assuntos fiscais e tributários; experiência no trato de assuntos econômico-financeiros, em especial em demonstrações financeiras e balanços; envolvimento de qualidade e disponibilidade de tempo para participar das reuniões do Conselho Fiscal.

O Conselho Fiscal será presidido por um de seus membros, eleito pela maioria dos conselheiros, para um mandato de 4 (quatro) anos.

A reunião do Conselho Fiscal será instaurada com a presença de, pelo menos, 2 (dois) conselheiros, sendo um deles o Presidente.

As deliberações do Conselho Fiscal demandarão o voto concorde de, pelo menos, 2 (dois) conselheiros.

Seção V Do Conselho Consultivo

A ASSOCIAÇÃO contará com um Conselho Consultivo, com composição livre, o qual terá a atribuição de opinar sobre as diretrizes, estratégias e políticas a serem adotadas pela entidade e sobre os meios a serem utilizados para a consecução de seus objetivos, bem como: subsidiar o Conselho de Administração com discussões técnicas, abordagens conceituais e políticas;

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opinar sobre a adequação dos programas e projetos, e sua viabilidade técnica; propor ao Conselho de Administração a implantação de novos programas e projetos, bem como ajustes naqueles já existentes; contribuir na definição de critérios de avaliação para os diferentes programas e projetos, propondo instrumentos ou parâmetros de avaliação; apresentar sugestões para melhorar a integração, consistência e alinhamento dos programas e projetos à missão e valores da ASSOCIAÇÃO, tendo como base a legislação vigente e tendências atuais no que se refere à produção do conhecimento.

A convocação para as reuniões do Conselho Consultivo poderá ser transmitida, como convite, a todos os integrantes do Conselho de Administração e do Conselho Fiscal para que, se assim desejarem, participem da reunião, sem direito a voto.

A ata da reunião do Conselho Consultivo, após assinada pelo Presidente e pelo secretário da reunião, será arquivada, juntamente com a lista de presença e documentação pertinente, em arquivo específico na sede da ASSOCIAÇÃO, onde permanecerá à disposição de qualquer associado ou membro.

Seção VI Da Ouvidoria

Poderá ser criada uma Ouvidoria, que será responsável pelo recebimento, processamento, encaminhamento e acompanhamento das queixas e sugestões a respeito das atividades desenvolvidas pela ASSOCIAÇÃO, sendo constituída por 1 (um) Ouvidor designado pelo Conselho de Administração, dentre pessoas de notória especialização profissional, ilibada reputação pessoal e que não detenham vínculos com o Poder Público.

Parágrafo único. A Ouvidoria ASSOCIAÇÃO da deverá funcionar de forma coordenada com a Ouvidoria do Estado de São Paulo.

Capítulo IV DA APRECIAÇÃO DAS CONTAS

A apreciação das contas, balanços patrimoniais e demonstrações realizadas em cada exercício social da ASSOCIAÇÃO deverá obedecer o seguinte procedimento: o Diretor Administrativo-Financeiro deverá providenciar a elaboração das contas, do balanço patrimonial e das demais demonstrações de desempenho financeiro e contábil que julgar necessárias e encaminhá-las ao Conselho Fiscal; o Conselho Fiscal receberá a documentação, reunir-se-á e emitirá o competente parecer a ser encaminhado à Assembleia Geral; o Diretor Executivo submeterá à apreciação do Conselho de Administração as contas, balanços patrimoniais e demonstrações realizadas no exercício social

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anterior, acompanhado do parecer do Conselho Fiscal, do relatório dos auditores e eventuais considerações que tenha a fazer; o Conselho de Administração receberá e analisará as contas, estabelecendo seu parecer favorável ou não à aprovação; na Assembleia Geral subsequente, os associados serão comunicados dos balanços patrimoniais e demonstrações realizadas em cada exercício social, das conclusões do Conselho Fiscal e parecer do Conselho de Administração, para fins de deliberação, conforme o Estatuto Social da ASSOCIAÇÃO.

Na Assembleia Geral que deliberar sobre as contas, o Diretor Executivo, ou outra pessoa por ele designada, fará a apresentação dos balanços patrimoniais e das demonstrações realizadas no exercício social anterior, sendo em seguida apresentado o parecer do Conselho Fiscal, preferencialmente por um de seus integrantes, e o relatório dos auditores. O parecer do Conselho Fiscal ficará à disposição dos associados e membros na sede da ASSOCIAÇÃO.

A ASSOCIAÇÃO deverá contratar auditoria externa independente para exame das contas dos exercícios fiscais, como prática de gestão da entidade.

Capítulo V DA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS

O regime de contratação dos empregados da ASSOCIAÇÃO será o da Consolidação das Leis Trabalhistas.

Parágrafo único. A gestão de pessoal seguirá o previsto no Manual de Recursos Humanos e no Plano de Cargos e Salários.

Compete aos núcleos e profissionais subordinados a cada Diretoria exercer as atividades específicas das áreas, de modo a garantir os padrões de organização e serviços.

Capítulo VI DA CONSTITUIÇÃO DO FUNDO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL

O Conselho de Administração poderá autorizar a criação de Fundo de Desenvolvimento Institucional que se destinará às finalidades previstas no ato de sua instituição, necessariamente relacionadas aos objetivos da ASSOCIAÇÃO.

Art. O Fundo de Desenvolvimento Institucional será composto por: doações; percentual do superávit anual; reversão de provisões;

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outros recursos definidos pela Direção Executiva e/ou o Conselho de Administração.

Quando da criação do Fundo, deverá ser elaborado um regulamento, o qual estabelecerá as regras e critérios para sua gestão e utilização.

Capítulo VII DOS CONFLITOS DE INTERESSE

Os associados, membros e integrante dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO que, por qualquer motivo, tiverem interesse particular ou conflitante com o da ASSOCIAÇÃO, deverão comunicar imediatamente o fato e abster-se de participar de eventuais discussões e deliberações relacionadas ao conflito, ainda que estejam representando terceiros.

Durante as Assembleias Gerais e reuniões, o associado, membro ou integrante dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO que for parte interessada em alguma deliberação ou que tiver algum outro impedimento para tomar parte da decisão, deve declarar o conflito de interesse e abster-se de se manifestar ou tomar parte na discussão ou deliberação.

Observadas as disposições estatutárias e regulamentares aplicáveis à matéria, os associados, membros e integrante dos órgãos sociais da ASSOCIAÇÃO poderão ser desligados do quadro social ou de seus cargos sempre que: sua atuação profissional possa gerar conflito de interesses ou comprometer institucionalmente a ASSOCIAÇÃO; acontecer eventual conflito de interesse ou situação que possa impedir sua independência na defesa da missão e prática dos princípios e valores da ASSOCIAÇÃO; houver quaisquer situações transitórias ou permanentes que possam ferir a imagem de ética e independência da ASSOCIAÇÃO.

Capítulo VIII DISPOSIÇÕES FINAIS

O sistema normativo de funcionamento da ASSOCIAÇÃO será composto pelos seguintes instrumentos:

I - Resolução de Diretoria (RD), por meio da qual serão divulgadas as decisões da Diretoria; II - Ordem de Serviços (OS), por meio da qual será efetuada a delegação de tarefas;

III - Instrução de Serviços (IS), por meio da qual serão emitidas as determinações para encaminhamentos e realização de tarefas.

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O presente Regimento Interno poderá ser alterado pelo Conselho de Administração, por voto favorável da maioria simples de seus membros.

Os casos omissos no presente Regimento Interno serão decididos pelo Presidente do Conselho de Administração.

O presente Regimento Interno entrará em vigor na data de sua aprovação.

São Paulo, 07 de Outubro de 2011.

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Ficha Técnica

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Governador Geraldo Alckmin

Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo Marcelo Mattos Araujo

Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico – UPPM Renata Vieira da Motta

ASSOCIAÇÃO MUSEU AFRO BRASIL

Presidente do Conselho de Administração Hubert Alquéres

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Diretor Executivo e Curatorial Emanoel Araujo

Diretor Administrativo-Financeiro Fernando Antonio Franco Montoro

Coordenação e Edição Ana Lucia Lopes

Textos

Ana Lucia Lopes Dalton Delfini Maziero Emanoel Araujo Elaine Elizeu Fátima Farias Gomes Natalia Terumi Moriyama Neide Aparecida De Almeida Marcio Farias Renato Araujo da Silva Renei Pereira Medeiros Roberto Kunihiko Okinaka Sandra Mara Salles

Colaborações

Andrea Andira Leite Beatriz Yoshito Cláudio Roberto Nakai Estela Maria Olimpio Guilherme Lopes Vieira Julia Franco Vicente Romilda Silva Tiago Gualberto Morais

Planejamento Estratégico

Coordenação Ana Lucia Lopes Sandra Mara Salles

Com a participação de todos os profissionais do Museu Afro Brasil

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