ameaçam deixar o PMDB Da Sucursal de Brasília "UO Os parlamentares da ala esquerda do PMDB, que formam o Movimento mi O que é o MUP de Unidade Progressista, disseram ontem ao deputado Ulysses Guima­ O "Movimento de Unidade Pro­ rães, presidente do PMDB e do gressista", ou MUP, a mais nova Congresso constituinte, que não con­ sigla a povoar o poluído universo tinuarão no partido se persistir o político brasileiro, era originalmente apoio ao governo e à política econó­ uma articulação dos parlamentares mica vigente, e que pretendem criar de tendência claramente socialista ou uma nova agremiação. Os parlamen­ socializante que permaneceram tares, que se dizem a "ala socialista" abrigados no PMDB. do PMDB, apresentaram a Ulysses Mas a palavra socialismo acabou um documento em que criticam o sendo cuidadosamente evitada pelo governo Sarney, o arrocho salarial grupo porque a ele se juntaram (afirmam que os salários estão 30% personagens que não têm o mais abaixo do valor de outubro de 1986) remoto parentesco com essa linha­ as altas taxas de juros e as desvalori­ progre88iHtaH gem político-ideológica. É o caso do zações cambiais. A reunião foi no senador Affonso Camargo (PR), que apartamento da deputada Rose de tista Roberto Saturnino Braga, que se Houve, depois, um revezamento migrou da Arena e foi articulador Freitas (ES), e teve a presença de 25 dispôs a esperar o fim dos trabalhos dos parlamentares nas queixas con­ político e ministro de Tancredo deputados e dois senadores —Affonso do Congresso constituinte para fun­ tra o governo e ao apoio irrestrito que Neves (antônimo de radicalização). Camargo (PR) e Mansueto de Lavor dar com eles o novo partido. lhe tem dado o presidente do partido, Até o senador Ruy Bacelar (BA) (PE). No encontro com Ulysses, que o próprio Ulysses. frequentou reuniões do MUP, embora durou duas horas, falou inicialmente Em certo momento, impaciente, o tenha sido, em 1977, o porta-voz O encontro foi pedido pelo próprio pelo grupo o deputado Nelton Frie- senador Affonso Camargo perguntou parlamentar do então ministro do Ulysses, interessado em evitar dissi­ drich (PR), que falou dos erros do a Ulysses: "Presidente, qual a razão Exército, general Silvio Frota. dências no PMDB e preocupado com governo na condução da política de o senhor defender um mandato de Convém deixar claro que o senador os trabalhos do Congresso constituin­ económica, da aproximação do Bra­ cinco anos para Sarney, se o com­ Mário Covas (SP) não é membro do te, segundo explicou aos membros do sil com o FMI, do descumprimento promisso da Aliança Democrática e MUP, ainda que este o considere um grupo. Os parlamentares do MUP sistemático do programa do partido, de Tancredo Neves era pelos quatro "aliado estreito", categoria que in­ fizeram, na véspera, uma reunião das represálias que o governo vem anos?" Ulysses respondeu que, pes­ clui os governadores Carlos Bezerra preparatória no apartamento do de­ promovendo contra os deputados soalmente, sempre achou que em (MT), Miguel Arraes (PE) e Waldir putado Vilson de Sousa (SC), que "progressistas" e que defendem regime presidencialista o mandato Pires (BA). (CR) durou sete horas e teve a presença do mandato de quatro anos para o deveria ser de cinco anos, inclusive prefeito do , o ex-pede- presidente Sarney. para Sarney. Ulysses tenta controlar 'grupo do consenso Da Sucursal de Brasília Sistematização, senador Afonso Ari- rados" já enxugaram a nova Consti­ Cabral estava no Rio de Janeiro e nos (PFL-RJ). Dos quatro relatores- tuição de duzentos artigos, escreven­ chegaria atrasado ao encontro. Preocupado com o crescimento e -adjuntos de Cabral, apenas o depu­ do uma texto alternativo ao projeto Esta será a segunda reunião de fortalecimento do "grupo do consen­ tado Nelson Jobim (PMDB-RS) foi Cabral. so" (articulação suprapartidária que convocado. O ministro do Trabalho, Ulysses, Cabral e peemedebistas em está conduzindo um amplo processo Almir Pazzianotto, e o jurista Miguel Ulysses não acredita que Bernardo menos de quinze dias. Na última, o de negociação dos pontos polémicos Reale Júnior também integravam o Cabral consiga assumir o controle senador Mário Covas não foi convi­ da nova Constituição), o deputado grupo. O líder do governo na Câma­ dos trabalhos diante de propostas tão dado, tendo sido posto de lado no Ulysses Guimarães, presidente do ra, deputado Carlos SanfAnna, foi divergentes, e teme que ele seja processo de negociação idealizado PMDB e do Congresso constituinte, convidado, mas estava fora de Brasí­ atropelado pelo escasso tempo que por Ulysses. Agora, o presidente do convocou uma reunião-jantar para às lia. Embora estimule e apoie for­ dispõe para redigir seu substitutivo. Congresso constituinte reaproxima- 19h30 de ontem, onde cobraria defini­ malmente o "grupo do consenso", Apesar de também estimular os se do líder peemedebista. ções do deputado Bernardo Cabral, Ulysses teme perder o comando do grupos suprapartidários, o relator da relator da Comissão de Sistematiza­ processo de negociação no Congresso Comissão de Sistematização não tem Da mesma maneira, o "grupo do ção, e procuraria impor seu controle constituinte. acompanhado diretamente a ativida- consenso" convidou Reale Júnior direto sobre o grupo. de dos parlamentares que integram para a próxima reunião, marcada Além de Cabral, foram convidados Além do grupo suprapartidário, esses grupos. para 5 de agosto, numa clara tentati­ os líderes do PMDB na Câmara, va de aproximar Ulysses dessa que congrega constituintes do PMDB, Ulysses pediu que Cabral levasse à articulação. O jurista é o principal Senado e Congresso constituinte, res­ PFL, PDS, PDT, PT, PSB e PCB, os reunião de ontem um primeiro esbo­ pectivamente, deputado Luiz Henri­ assessor do presidente do PMDB "moderados" do Congresso consti­ ço do substitutivo que vem preparan­ para assuntos constitucionais. que (SC), senadores Fernando Hen­ tuinte constituíram um outro grupo do para iniciar um processo de rique Cardoso (SP) e Mário Covas que está fazendo o mesmo trabalho negociação com os outros partidos. Leia a opinião do Folha no editorial "Constituinte e (SP), e o presidente da Comissão de do "grupo do consenso". Os "mode­ Ulysses se irritou ao saber que negociação", napóg. A 2 Scalco é um dos principais articuladores do PMDB j MAURO LOPES grupo de peemedebistas e pefelistas. janela. Criado em Guaporé, interior Guimarães, transformando-se num Repórter da Sucursal de Brasília Scalco estava lá, e foi escolhido como do Rio Grande do Sul, mudou-se para de seus articuladores preferidos. coordenador da articulação, que hoje Francisco Beltrão (540 km a sudoeste Vestido sem qualquer apuro, gran­ já incorpora parlamentares do PDS, de Curitiba-PR), em 1959, fugindo da Entre 1983 e 1985 Scalco ficou des orelhas de abano, bigode de PT, PDT, PCB e PSB. pressão familiar para que seguisse a afastado do Congresso Nacional, co­ matuto e passo sempre apressado, o Scalco foi eleito para a direção carreira política do pai, prefeito de mo chefe da Casa Civil do governo deputado Euclides Scalco (PMDB- nacional do MDB em 1980 e recondu­ Guaporé entre 1956 e 1960. Mas não José Richa no Paraná. Eleito com PR), 54, não costuma ser seguido no zido para a direção do PMDB em 1982 conseguiu. Em 1960, elegeu-se verea­ 64.209 votos no último ano, retornou a Congresso Nacional pela corte de e em 1985 —sempre em cargos dor em Francisco Beltrão pelo PTB, Brasília e se afastou progressiva­ jornalistas que cerca as grandes reservados a articuladores: no antigo convidado pelo médico proprietário mente de Ulysses, transformando-se estrelas como Ulysses Guimarães, MDB, foi 1.° secretário da Executiva do hospital onde fora trabalhar como no principal articulador do grupo do Mário Covas ou . Mas o Nacional; no PMDB, 2o secretário e farmacêutico. O médico era Valter senador Mário Covas. coordenador do "grupo do consenso" depois 1.° secretário, cargo que Pecoits, que havia liderado uma Scalco se define como "socialista (iniciativa impulsionada pela "es­ exerce atualmente. revolta de posseiros no sudoeste democrático, de centro-esquerda". À querda positiva") é um dos princi­ Procurado pela Folha ontem de paranense em 1957 e se elegeu afirmação de parlamentares para­ pais articuladores peemedebistas. manhã, Scalco recusou-se a conceder prefeito de Francisco Beltrão, tam­ naenses de que teria indicado três "O grupo surgiu em função da uma entrevista sobre o "grupo do bém pelo PTB, em 1960. Em 1963, diretores de? Incra (Instituto Nacional perplexidade de diversos companhei­ consenso". "Há um consenso no Scalco elegeu-se prefeito do municí­ de Colonização e Reforma Agrária), ros em relação à Constituinte e da grupo de que ele não deve ser pio, para completar o mandato de ele responde enfaticamente: "Não constatação que ninguém tem hege­ utilizado para projetar ninguém, que Pecoits, que se elegera deputado participei do sorteio de cargos fede­ monia aqui dentro, e que será o objetivo é chegar a pontos de estadual e, no ano seguinte, nova­ rais feito na bancada paranaense em necessário chegar a um projeto acordo, e não fica bem eu falar em mente vereador. abril, quando fizeram uma tabela que negociado que corresponda ao pen­ nome do grupo", argumentou. O Até 1974, quando foi eleito suplente pontuava cada cargo e cada deputado samento da sociedade", diz Scalco retraimento e a discrição são carac­ do senador Leite Chaves (MDB), podia atingir x pontos, de acordo 1 para explicar como surgiu o "grupo terísticas incorporadas ao seu estilo Scalco manteve-se afastado dos car­ como valor atribuído a cada cargo". do consenso". político. Quando é convidado para gos eletivos. Entre 1975 e 1979 foi Após a promulgação da Constitui­ As primeiras discussões começa­ palestras ou debates no Paraná fora presidente do Diretório Regional do ção, Scalco tem um cargo reservado ram há quase dois meses, inaugura­ de sua base eleitoral, circunscrita a MDB no Paraná e, em 1978, elegeu-se para si no governo paranaense, a das com uma conversa entre o líder 21 municípios do sudoeste do Estado, para o primeiro mandato como Secretaria de Desenvolvimento Ur­ do PMDB no Congresso constituinte, Scalco invariavelmente consulta o deputado federal, pelo MDB, reele- bano. Álvaro Dias nomeou o vice-go- Mário Covas (SP), e os deputados parlamentar peemedebista com base gendo-se em 1982 e 1986. Depois de vernador, Ari Queróz, para o cargo, e Jayme Santana (PFL-MA) e Miro na cidade para indagar se não há uma rápida passagem pelo grupo espera apenas o fim dos trabalhos do Teixeira (PMDB-RJ). Logo depois, nenhum inconveniente político. "autêntico" do MDB, Scalco se ligou Congresso constituinte para substituí- \ reuniam-se na casa de Santana um Scalco entrou na política pela ao presidente do partido, Ulysses -lo por Scalco. 'i