GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de

Procedimento Administrativo nº MPPR - 0078.20.002399-8

OBJETO: Procedimento Administrativo instaurado com o fim de acompanhamento e fiscalização das contas dos chefes dos executivos dos municípios que integram área de abrangência do GEPATRIA da região de Londrina, a partir dos apontamentos encaminhados pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná.

ARQUIVAMENTO

1. Trata-se de Procedimento Administrativo instaurado por este GEPATRIA da região de Londrina em razão do Projeto Prefeito Ficha Limpa, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público e à Ordem Tributária, relacionadas ao julgamento da prestação de contas anuais dos executivos municipais.

Em razão das informações oriundas da Corte de Contas Paranaense, que indicam inexistência das prestações de contas dos executivos municipais e ausência de comunicação nos julgamentos que integram a área de abrangência deste GEPATIRA da região de Londrina, foram expedidos ofícios requisitórios aos seguintes legislativos: , Astorga, Bela Vista do Paraíso, Cambé, Centenário do Sul, Colorado, , Florestópolis, , Itaguajé, Jaguapitã, , Lupionópolis, Mauá da Serra, , Pitangueiras, Rolândia, Sabáudia, Santa Cecilia do Pavão, Santa Inês, São Jerônimo da Serra e São Sebastião da Amoreira. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Em resposta, manifestaram-se os legislativos de Arapongas, Astorga, Bela Vista do Paraíso, Centenário do Sul, Colorado, Cruzmaltina, Florestópolis, Itaguajé, Jaguapitã, Mauá da Serra, Miraselva, Pitangueiras, Rolândia, Santa Inês, São Jerônimo da Serra e São Sebastião da Amoreira.

Na sequência, após consulta ao portal eletrônico da Corte de Contas do Paraná, foram juntadas informações sobre as prestações de contas dos executivos de Cambé, Iguaraçu, Jaguapitã, Lupionópolis, Rolândia, Sabáudia e Santa Cecília do Pavão.

Diante da ausência de manifestação dos legislativos de Astorga, Arapongas, Bela Vista do Paraíso, Iguaraçu, Jataizinho e Mauá da Serra, houve a expedição de Recomendação Administrativa, visando à tomada das providências necessárias ao julgamento e comunicação das prestações de contas dos respectivos executivos.

Na sequência, foram expedidos ofícios requisitórios aos legislativos de Astorga, Arapongas, Bela Vista do Paraíso, Iguaraçu, Jataizinho e Mauá da Serra para que se manifestassem sobre o acolhimento da Recomendação Administrativa.

Os legislativos de Iguaraçu e Bela Vista do Paraíso pugnaram pela dilação de prazo, para realização das providências necessárias ao julgamento das contas dos executivos, sendo deferido o prazo de 10 (dez) dias úteis. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Em resposta, manifestaram-se com acolhimento integral da Recomendação Administrativa os legislativos de Astorga, Arapongas, Bela Vista do Paraíso, Iguaraçu, Jataizinho e Mauá da Serra.

É o relatório.

2. Registre-se, por oportuno, que todo procedimento investigatório instaurado pelo Ministério Publico – dentre eles, o Inquérito Civil, os Procedimentos Administrativos, as Peças Informativas – tem por escopo coletar elementos demonstradores da ocorrência de ilícito e de sua autoria.

Objetiva-se, portanto, a identificação da existência de lesão ou ameaça de lesão a interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, capazes de legitimar a atuação do Ministério Público, formando a opinio actio de seus representantes, necessária para amparar o manejo da medida destinada à recomposição de danos (sentindo amplo) causados ao patrimônio público e social.

Ademais, para além da atuação materializada pela propositura de ações civis públicas e oferecimento de denúncias, “os membros do Ministério Público, valendo-se de seus instrumentos de atuação extrajudicial, devem, sempre, aprimorar a função de Ombudsman junto aos gestores públicos brasileiros, mediante uma efetiva atuação preventiva, e não apenas repressiva, com a finalidade de estimular nos gestores e decisores políticos as práticas da boa governança, em nome do direito fundamental à boa Administração Pública, conforme parâmetros ditados pela Magna Carta de 1988”1.

1 A importância da atuação preventiva do Ministério Público Ombudsman em prol da boa administração, no combate à improbidade administrativa. Salomão Ismail Filho. Acesso em

Assim, o espectro de atribuição deste Grupo Especializado é absolutamente amplo, exigindo uma criteriosa análise, para verificar, concreta e finalisticamente, a real necessidade de se promover investigações que permitam individualizar comportamento e atribuir-se responsabilidades, com vistas a resguardar, a um só tempo, os princípios vetores da administração pública, com uma atuação permeada pelo princípio da proporcionalidade e razoabilidade.

3. Conforme já relatado, o presente Procedimento Administrativo foi instaurado por este GEPATRIA – Região de Londrina com o objeto de acompanhamento e fiscalização das prestações de contas anuais dos chefes dos executivos dos municípios que integram a área de abrangência do GEPATRIA da região de Londrina, a partir dos apontamentos registrados pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, em atenção ao Projeto Prefeito Ficha Limpa, do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público e à Ordem Tributária.

Nesse vértice, cumpre realizar uma análise dos teores das manifestações exaradas pelos legislativos e dos respectivos atos normativos que promoveram a análise na prestação das contas anuais dos executivos integrantes da área de abrangência desta Promotoria Especializada.

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À vista disso, passa-se ao exame do conteúdo das respostas:

I. Comarca de Arapongas

www.conamp.org.br/images/artigos/revista_cnmp_versaoweb-5edicao_salomao.pdf>. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

O Legislativo de Arapongas informou que realizou o julgamento das contas do executivo do exercício de 2003 de José Aparecido Bisca, com desaprovação, conforme Decreto Legislativo 164 de 29.09.2014, com comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná e Tribunal Regional Eleitoral. Informando ainda, que não havia recebido a comunicação da Corte de Contas do Paraná sobre a análise na prestação de contas do exercício de 2013, de Antônio José Beffa. Após, a realização de diligência junto ao Tribunal de Contas, recebeu comunicação do resultado do recurso de Embargos de Declaração 509319/17, proposto pelo ex-gestor Antônio José Beffa, promovendo alteração na análise do parecer prévio, referente à prestação de contas do exercício de 2013, indicando regularidade das contas com ressalvas.

E, que a partir do recebimento da Recomendação Administrativa 08/2020, desencadeou as medidas administrativas para realização do julgamento das contas do exercício de 2013 de Antônio José Beffa, com aprovação, nos termos do Decreto 191 de 3.11.2020, publicado no órgão oficial municipal no dia 11.11.2020, com comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná.

Registrando que promoveu a ciência da Recomendação Administrativa para todos os vereadores, bem como a inserção no portal de transparência do legislativo.

O legislativo de Sabáudia informou que realizou o julgamento das contas do executivo do exercício de 2011 de Almir Batista dos Santos, com desaprovação, conforme Decreto Legislativo 2/2015. Indicou que comunicou o Promotor de Justiça da Comarca de Arapongas mediante ofício 5/2015, para 180ª Zona Eleitoral de Arapongas e ao Tribunal de Contas do Paraná. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

II. Comarca de Astorga

O dirigente do legislativo de Astorga inicialmente informou que se encontrava interinamente no cargo de presidente e que ocorreram várias mudanças nos cargos da Mesa Diretora, desconhecendo os motivos da ausência de julgamento nas prestações de contas do executivo dos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2014, 2016, 2017 e 2018.

Após o recebimento da Recomendação Administrativa 03/2020, encetou as providências administrativas e realizou o julgamento das prestações de contas dos exercícios de 2007 e 2008 de Carlos Abrahão Keide, exercícios de 2010, 2011, 2013, 2014 e 2016 de Arquimedes Ziroldo e exercícios de 2017 e 2018 de Antônio Carlos Lopes, aprovando-as, como indicam os Decretos 01/2020; 02/2020; 03/2020; 04/2020; 05/2020; 06/2020; 07/2020; 08/2020 e 09/2020, respectivamente, acolhendo os pareceres prévios do Tribunal de Contas do Paraná. Consignou que promoveu as cientificações de todos os vereadores sobre a Recomendação Administrativa, realizando a publicação no endereço eletrônico do legislativo, bem como a comunicação dos julgamentos de todas as prestações de contas ao Tribunal Regional Eleitoral e a Corte de Contas do Paraná.

Consignou que a prestação de contas do exercício de 2009, de Arquimedes Ziroldo encontrava-se aprovada, conforme o Decreto 4/2014, ausente comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná, com a realização da devida correção. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

O legislativo de Iguaraçu assim que recebeu a Recomendação Administrativa 07/2020, informou a realização dos julgamentos das prestações de contas dos exercícios de 2007; 2009; 2010; 2012; 2013 e 2016, como indicam os Decretos 9/2019; 5/2019; 6/2019; 1/2015; e 7/2019 respectivamente.

Com os encaminhamentos dos extratos de autuação registrados sob as seguintes numerações 85.0697/19, 85.0654/19, 85.0573/19 e 85.530/19 e petição intermediária 252374/20 ao Tribunal de Contas do Paraná. E registrou que já houve comunicação das referidas prestações de contas ao Tribunal de Contas do Paraná e 67ª Zona Eleitoral de Astorga.

Consignou, que já havia realizado o julgamento das prestações das contas do exercício de 2008 de Ângelo Celso Zampieri; exercício de 2011 de Sebastião Aurélio da Silva, com desaprovação das contas, nos termos do Decreto 4 de 24 de novembro de 2014 e dos exercícios de 2012 e 2014 de Manoel Abrantes Neto com aprovação das contas, conforme os Decretos 1/2015 e 8/2019.

E ainda, que promoveu as cientificações de todos os vereadores, bem como publicação da referida Recomendação Administrativa no endereço institucional, tendo comunicado os julgamentos das contas ao Tribunal de Contas do Paraná e ao Ministério Público da Comarca de Astorga.

O legislativo de Pitangueiras informou que realizou o julgamento das contas do executivo do exercício de 2012 de Cristovan Videira Ripol, com desaprovação nos termos do Decreto Legislativo 3 de 15.10.2015. Consignou a comunicação ao Promotor de Justiça da Comarca de Astorga e ao GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Tribunal de Contas do Paraná, não constando registro ao juízo eleitoral da Comarca de Astorga.

III. Comarca de Assaí

O legislativo de São Sebastião da Amoreira informou a desaprovação das contas do exercício de 2007 de Jorge Takasumi com o Decreto Legislativo 4/2014 e que comunicou a Procuradoria Regional Eleitoral em 22.12.2014. Em relação à prestação de contas do exercício de 2012 de Luiz Fernandes também foram rejeitadas pelo Decreto Legislativo 3/2019, consignou comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná e a Promotoria de Justiça da Comarca de Assaí.

IV. Comarca de Bela Vista do Paraíso

O legislativo de Bela Vista do Paraíso informou que tomou ciência de que havia pendências de julgamentos das contas dos exercícios de 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2015, após o recebimento de comunicação do Tribunal de Contas do Paraná, na data de 05 de agosto de 2019.

Registrou que já havia realizado o planejamento do segundo semestre de 2019, optando por iniciar os julgamentos para o primeiro semestre de 2020. Entretanto, logo após o recesso parlamentar, por motivo de força maior, devido expansão da pandemia do COVID-19, publicou a portaria 09/2020, como medida de enfrentamento no âmbito interno, limitando o acesso às dependências da câmara, restando autorizados apenas os vereadores, servidores ativos e prestadores de serviços, a fim de evitar aglomerações e evitar a transmissibilidade do vírus. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

E que após o Recebimento da Recomendação Administrativa 4/2020, promoveu a ciência de todos os vereadores e a publicação no endereço institucional do legislativo. Informando que já havia realizado o julgamento das contas do exercício de 2008 de Antônio Roberto Pereira Pimenta com desaprovação, conforme o Decreto 7/2015. E para os exercícios de 2009; 2010; e 2011 de Antônio Roberto Pereira Pimenta, pela regularidade com ressalvas nos termos dos Decretos 6/2020; 05/2020 e 4/2020. E nos exercícios de 2012 e 2015 de João de Sena Teodoro Silva como regulares, nos termos dos Decretos 3/2020 e 2/2020. Com a realização de comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná.

V. Comarca de Cambé

O legislativo de Cambé informou que realizou o julgamento das contas do executivo do exercício de 2008, de Adelino Margonar com desaprovação, conforme Decreto Legislativo 2 de 12.08.2016. Com realização de informação ao Tribunal de Contas do Paraná, sem indicação de comunicação ao Ministério Público e ao juízo eleitoral da Comarca de Cambé.

VI. Comarca de Centenário do Sul

O legislativo de Centenário do Sul informou que realizou o julgamento das contas do executivo dos exercícios de 2010 e 2011 de Veralice Pazotti, com desaprovação conforme as Resoluções 2/2013 e 3/2013. Com comunicação ao Promotor de Justiça da Comarca de Centenário do Sul, Tribunal de Contas do Paraná e Justiça Eleitoral da Comarca. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

O legislativo de Lupionópolis informou que realizou o julgamento das contas do executivo do exercício de 2010 de José Carlos Tibério, aprovada nos termos do Decreto Legislativo 8/2019. Com comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná, sem registro da informação ao Ministério Público e Tribunal Regional Eleitoral.

VII. Comarca de Colorado

O legislativo de Colorado informou que realizou o julgamento das contas do executivo dos exercícios de 2008 e 2011 de Marcos José Consalter, com desaprovação conforme os Decretos Legislativos 6/2014 e 7/2015 e do exercício de 2014 de Joaquim Horácio Rodrigues, também com desaprovação, nos termos do Decreto Legislativo 27/2019. Pontuou o envio de informação aos Promotores de Justiça da Comarca de Colorado, considerando que a comunicação ao Ministério Público Estadual supriria o envio à Justiça Eleitoral e que promoveu as comunicações ao Tribunal de Contas do Paraná.

O legislativo de Santa Inês informou que realizou o julgamento das contas do executivo dos exercícios de 2011 e 2012 de Clodoaldo Alves Moreira, com desaprovação conforme os Decretos Legislativos 5/2019 e 7/2016 e do exercício de 2013 de Marcel Andre Regovuchi também com desaprovação como indica o Decreto Legislativo 5/2018. Informando comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná e Justiça Eleitoral. Não há registro prestação de informações ao Ministério Público Estadual.

O legislativo de Itaguajé informou a reprovação das prestações de contas do executivo relativas aos exercícios de 2014 e 2015 de Jairo Augusto Parron com os Decretos Legislativos 1/2017 e 1/2018 e que houve GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

comunicação ao Ministério Público, Tribunal de Contas do Paraná e juízo eleitoral da Comarca de Colorado.

VIII. Comarca de

O legislativo de Cruzmaltina informou desaprovação da prestação de contas do executivo do exercício de 2012 de Mauricio Bueno de Camargo com o Decreto Legislativo 9/2015 e que comunicou Tribunal de Contas do Paraná e Tribunal Regional Eleitoral.

IX. Comarca de Jaguapitã

O legislativo de Jaguapitã manifestou-se mediante ofício nº 40/2020, esclarecendo que a Lei Orgânica do Município de Jaguapitã, de 05.04.1990, estabelecia no art. 32, inciso VII, alínea b, bem como no art. 49, § 2º, a determinação de que as contas do executivo sejam julgadas pela câmara municipal, no prazo máximo de 60 (sessenta) após o recebimento das conclusões do Tribunal de Contas do Paraná, e havendo o decurso deste prazo, as conclusões permanecerão na forma constante do parecer prévio encaminhado pelo Tribunal de Contas.

Art. 32 – Compete privativamente à Câmara Municipal exercer as seguintes atribuições, dentre outras:

(....) GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

VII – tomar e julgar as contas do Prefeito, deliberando no pra- zo máximo de 60 (sessenta) dias, a contar do seu recebimen- to, observados os seguintes preceitos:

(....)

b) decorrido o prazo de 60 (sessenta) dias, sem deliberação pela Câmara, as contas serão consideradas aprovadas ou re- jeitadas, de acordo com o parecer do Tribunal de Contas.

Art. 49 -

(....)

§ 2º - As contas do Prefeito e da Câmara Municipal prestadas anualmente, serão julgadas pela Câmara dentro de 60 (ses- senta) dias após o recebimento do parecer prévio do Tribunal ou órgão estadual a que fique atribuída essa incumbência, considerando-se julgadas nos termos das conclusões desse parecer, se não houver deliberação nesse prazo.

E que tal dispositivo encontra-se também reproduzido no Regimento Interno do legislativo de Jaguapitã, Resolução nº 04 de 10.12.2001, art. 32, inciso X, alínea “b”:

Art. 32 - é de competência exclusiva do Plenário, como órgão soberano, as atribuições seguintes, dentre outras previstas no artigo 32 da Lei Orgânica do Município: GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

(....) X – Tomar e julgar as contas do Município, deliberando sobre parecer do Tribunal de Contas do Estado, no prazo de ses- senta (60) dias de seu recebimento, observando-se, todavia, o seguinte:

(.....)

b) Decorrido o prazo acima, sem deliberação da Câmara, as contas serão automaticamente, consideradas aprovadas ou rejeitadas, de acordo com a conclusão do Tribunal de Contas do Estado cuja decisão será adotada;

Dessa forma, tendo transcorrido os decursos dos prazos, a partir dos envios dos pareceres prévios do Tribunal de Contas do Paraná, ocorreu a consequente manutenção das manifestações técnicas da Corte de Contas sobre as prestações de contas do executivo relativas aos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2011 e 2012 de Luiz Carlos Trapp e do exercício de 2010 de Luiz Augusto Vieira. Registrou que todas as prestações de contas foram consideradas regulares pelo Tribunal de Contas do Paraná, algumas com ressalvas, mas sempre com aprovação.

Enfatizando, que não houve desídia ou omissões pelos membros dos legislativos, à época que receberam os envios das comunicações do Tribunal de Contas, pois se encontravam amparados nas legislações municipais. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Destacou, que no ano de 2016, Supremo Tribunal Federal, proferiu julgamento dos Recursos Extraordinários nº 848826 e 72977, com reconhecimento da repercussão geral, de que compete as câmaras realizarem os julgamentos das prestações de contas anuais dos executivos, e que as desaprovações, surtirão os efeitos de inelegibilidades. Mas, que não houve o controle concentrado ou difuso das normas municipais de Jaguapitã, sendo que falta de julgamento pela câmara, não implica nos efeitos do art. 1º, I, alínea “g” da Lei Complementar 64/90.

Ao final, esclareceu ainda, que os julgamentos das contas não foram realizados na forma do art. 31, § 2º da Constituição Federal. Sem registro da comunicação dos julgamentos ao Tribunal de Contas do Paraná, Ministério Público e Tribunal Regional Eleitoral.

X. Comarca de Jataizinho

O legislativo de Jataizinho informou que desconhecia as informações sobre ausência de análise na prestação de conta de seus antecessores. Mas, que já está tomando as providências para realização do julgamento das prestações de contas do exercício de 2011 de Wilson Fernandes.

Na sequência ao recebimento da Recomendação Administrativa 5/2020, informou que havia ocorrido o julgamento das contas do exercício de 2011 de Wilson Fernandes, com desaprovação, conforme o Decreto Legislativo 4, de 12 de agosto de 2020. Com comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná e ao Tribunal Regional Eleitoral. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

XI. Comarca de Marilândia do Sul

O Legislativo de Mauá da Serra informou que as reprovações das prestações de contas do executivo relativas aos exercícios de 2013 e 2014 de Nicolau Muniz Júnior ocorreram com os Decretos Legislativos 01/2016 e 02/2016 e que do exercício de 2016 de Nicolau Muniz Júnior encontra-se em análise, após o receber o parecer prévio do Tribunal de Contas em 24 de março de 2020. Entretanto, por motivo de força maior, devido expansão da pandemia do COVID-19, e que foram suspensas as sessões a partir de 24.3.2020 em atendimento ao Decreto Estadual 423/2020 e Decreto Municipal 21/2020, com a publicação da portaria 10/2020, como medida de enfrentamento no âmbito interno, limitando o acesso às dependências da câmara, a fim de evitar aglomerações e evitar a transmissibilidade do vírus.

E que após a flexibilização das medidas sanitárias, consignou que o promoveu o julgamento das prestações contas do exercício de 2016 de Nicolau Muniz, com desaprovação, nos termos do Decreto 2, de 14 de julho de 2020. Informando comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná e Tribunal Regional Eleitoral.

XII. Comarca de Porecatu

O legislativo de Florestópolis informou que a reprovação da prestação de contas do executivo relativa ao exercício de 2008 de Nelson Gonçalves Correia com o Decreto Legislativo 1/2014 e que houve comunicação GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

ao Tribunal de Contas do Paraná, Promotoria de Justiça da Comarca de Porecatu, sem registro de comunicação ao juízo eleitoral da Comarca de Porecatu.

O legislativo de Miraselva informou que a reprovação da prestação de contas do executivo relativa ao exercício de 2010 de João Marcos com o Decreto Legislativo 3/2012, com comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná, Promotoria de Justiça da Comarca de Porecatu e o juízo eleitoral da 65ª Zona Eleitoral de Porecatu.

XIII. Comarca de Rolândia

O legislativo de Rolândia informou a reprovação da prestação de contas do executivo do exercício de 2013 de João Ernesto Johnny Lehmann com o Decreto Legislativo 6 de 11.12.2018. Com a realização de comunicação ao Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal de Contas do Paraná. Encaminhou certidão de óbito de João Ernesto Johnny Lehmann, expedida em 25.3.2018, pelo 1º Ofício de Registro Civil da Comarca de Londrina.

XIV. Comarca de São Jerônimo da Serra

O legislativo de São Jerônimo da Serra informou que realizou o julgamento das contas do executivo dos exercícios de 2008, 2010 e 2013 de Adir dos Santos Leite, com desaprovação, conforme os Decretos Legislativos 2/2016, 3/2017 e 1/2018, respectivamente. Comunicando o Tribunal de Contas do Paraná. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

O legislativo de Santa Cecília do Pavão informou aprovação da prestação de contas do executivo relativa ao exercício de 2009 de Edimar Aparecido Pereira dos Santos com o Decreto Legislativo 2 de 15.12.2015 e que não houve comunicação ao Tribunal de Contas do Paraná, Ministério Público e juízo eleitoral de São Jerônimo da Serra.

Diante do contexto probatório, revela-se que os legislativos promoveram análise das contas anuais, com desaprovação, dos seguintes executivos: Sabáudia do exercício de 2011, gestão de Almir Batista dos Santos; São Sebastião da Amoreira do exercício de 2007, gestão de Jorge Takasumi e do exercício de 2012, gestão de Luiz Fernandes; Cambé do exercício 2008, gestão de Adelino Margonar; Centenário do Sul dos exercícios de 2010 e 2011, gestões de Veralice Pazotti; Lupionópolis do exercício de 2010, gestão de José Carlos Tibério; Colorado dos exercícios de 2008 e 2011, gestões de Marcos José Consalter e do exercício de 2014, gestão de Joaquim Horácio Rodrigues; Santa Inês do exercício de 2013, gestão de Marcel Andre Regovuchi; Itaguajé dos exercícios de 2014 e 2015, gestões de Jairo Augusto Parron; Cruzmaltina do exercício de 2012, gestão de Mauricio Bueno de Camargo; Florestópolis do exercício de 2008, gestão de Nelson Gonçalves Correia; Miraselva do exercício de 2010, gestão de João Marcos; São Jerônimo da Serra dos exercícios de 2008, 2010 e 2013, gestões de Adir dos Santos Leite; Mauá da Serra exercícios de 2013 e 2014, gestões de Nicolau Muniz Júnior e Iguaraçu exercícios de 2007, 2008, gestões de Ângelo Celso Zampieri, exercícios de 2009 e 2012, gestões de Manoel Abrantes Neto e do exercício de 2015, gestão de Sebastião Aurélio Silva. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Observa-se, que foram julgadas e aprovadas as contas dos seguintes executivos: Arapongas do exercício de 2003, gestão de José Aparecido Bisca Astorga dos exercícios de 2007 e 2008, gestões de Carlos Abrahão Keide, dos exercícios de 2010, 2011, 2013, 2014 e 2016, gestões de Arquimedes Zirolo; dos exercícios de 207 e 2018, gestões de Antônio Carlos Lopes; Bela Vista do Paraíso dos exercícios de 2008, 2009, 2010 e 2011, gestões de Antônio Roberto Pereira Pimenta e dos exercícios de 2012 e 2015, gestões de João Sena Teodoro Silva; Lupionópolis do exercício de 2010 de José Carlos Tibério; Jaguapitã dos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2011 e 2012, gestões de Luiz Carlos Trapp e do exercício de 2010, gestão de Luiz Augusto Vieira; e Santa Cecília do Pavão do exercício de 2009, gestão de Edimar Aparecido Pereira dos Santos.

Os elementos probatórios angariados indicam de que os legislativos de Colorado dos exercícios de 2008 e 2011 de Marcos José Consalter e do exercício de 2014 de Joaquim Horácio Rodrigues; Florestópolis do exercício de 2008 de Nelson Gonçalves Correia; São Jerônimo da Serra dos exercícios de 2008, 2010 e 2013 de Adir dos Santos Leite; e São Sebastião da Amoreira do exercício de 2012 de Luiz Fernandes, não comunicaram as referidas desaprovações das contas anuais à Justiça Eleitoral, para fins do art. 1º, inciso I, alínea “g”, da Lei Complementar 64/1990 e Lei Complementar 135/2010.

Observa-se que os legislativos de Arapongas exercício de 2003 de José Aparecido Bisca; Iguaraçu exercício de 2015 de Sebastião Aurélio da Silva; Santa Inês exercício de 2013 de Marcel Andre Regovuchi; GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Cruzmaltina exercício de 2012 de Mauricio Bueno de Camargo; e São Jerônimo da Serra exercícios de 2008, 2010 e 2013 de Adir dos Santos Leite, não informaram as referidas desaprovações das contas anuais aos Promotores de Justiça Naturais, impedindo assim a análise e a tomada de providências que julgarem cabíveis, uma vez que as questões implicam diretamente em reflexos na esfera da defesa do patrimônio público.

Em que pese os legislativos de Cambé, Lupionópolis, Rolândia, e Sabáudia não informarem a existência da comunicação no julgamento das prestações de contas anuais para Corte de Contas do Paraná, não se vislumbra providências especificas, diante da consulta realizada no endereço eletrônico do Tribunal de Contas do Paraná, na aba controle social, seção de prestação de contas, que indica os registros das informações sobre a desaprovação do exercício de 2008 do executivo de Cambé em 12.8.2016; do exercício de 2010 do executivo de Lupionópolis em 6.11.2019; do exercício de 2013 do executivo de Rolândia em 11.12.2018; do exercício de 2011 do executivo de Sabáudia em 5.2.205, portanto, supridas eventuais irregularidades.

Com relação à inconstitucionalidade apresentada na legislação municipal de Jaguapitã, Lei Orgânica de 5.4.1990, reproduzida na Resolução 04/2001, regimento interno da casa de leis, que permitem o julgamento ficto das prestações de contas anuais do executivo, em virtude da inércia dos edis, com o decurso do prazo de 60 (sessenta) dias e adoção do parecer prévio da Corte de Contas, os fatos devem ser remetidos ao Procurador-Geral de Justiça, o qual possui a legitimidade para propositura de ação visando o controle concentrado de constitucionalidade da legislação municipal, uma vez que as legislações encontram-se frontalmente em incompatibilidade aos vetores GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

expressamente dispostos nos arts. 74, § único e 75, I da Constituição do Estado do Paraná, referentes à fiscalização contábil, financeira e orçamentária, conforme normatização simétrica disposta na Constituição da República de 1998.

A prestação de contas é dever constitucional daqueles que utilizam, arrecadam, guardam, gerenciam ou administram bens e valores públicos.

A Constituição Federal de 1988 determina no art. 70, parágrafo único:

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pela Assembleia Legislativa, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno de cada Poder..

Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

A Constituição do Estado do Paraná reproduz a previsão normativa federal sobre o sistema de fiscalização das contas públicas: GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Art. 74. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Estado e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pela Assembleia Legislativa, mediante controle externo e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único - Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiro, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária.

Verifica-se nas leis orgânicas municipais a reprodução obrigatória dos referidos dispositivos por força do princípio da simetria constitucional.

Nesse passo, devem prestar contas tanto o executivo, quanto o legislativo e outras pessoas que se enquadram nos dispositivos acima citados, ou seja, todos aqueles responsáveis pela res púbica.

A Constituição Federal estabelece no art. 31, § 1º a quem deverá ser apresentada as contas públicas:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

§ 1º - O controle externo da Câmara Municipal será exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver.

A obrigatoriedade na prestação de contas encontra-se também insculpida na Lei Complementar 101/2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

Observa-se, que as contas prestadas pelos executivos no âmbito municipal constituem as denominadas contas de governo, as quais apresentam os resultados gerais do exercício financeiro-orçamentário, com o cumprimento dos programas orçamentários no período, o nível de endividamento, destinação dos recursos às áreas prioritárias e cumprimento dos deveres de gastos mínimos obrigatórios, observância dos limites de gastos com pessoal e demais informações que permitam avaliar globalmente as contas e a aderência ao planejamento governamental. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Constata-se, que o foco na avaliação pelos legislativos da gestão municipal ocorre de forma ampla, em seu aspecto macro, mitigando a relevância de minúcias e aspectos formais.

Ressalta-se, que o julgamento dessas contas é, portanto, suscetível de avaliação de cunho político. Nesses casos, o parecer prévio do Tribunal de Contas do Estado do Paraná atua como parâmetro e deve subsidiar e fornecer elementos de convicção técnica para que os vereadores adotem na sua análise a devida fundamentação, visando o aprimoramento técnico nos julgamentos realizados pelos legislativos municipais.

Dessa forma, o julgamento das contas anuais municipais se reveste de ato administrativo, visto que não permite discricionariedade dos integrantes dos legislativos, ou seja, é indeclinável a necessária fundamentação da decisão dos vereadores, que deverão justificar a deliberação de aprovação ou reprovação com esteio no ordenamento jurídico.

Salienta-se, que o parecer prévio emitido pela Corte de Contas não tem caráter vinculativo, é meramente opinativo, exigindo-se o quórum qualificado de 2/3 dos vereadores, para que seja possível adotar decisão diversa daquela que consta do parecer prévio, conforme estabelece a Constituição da República, no disposto no art. 31, § 2º:

Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

sistemas de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei.

(.....)

§ 2º - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Na análise das contas, pelo Tribunal de Contas emite-se o pronunciamento prévio sobre a gestão do responsável, como orientações que podem ser: regularidade, regularidade com ressalvas e recomendação ou irregulares.

Com apreciação das prestações de contas, poderá também exigir o ressarcimento do débito e aplicar outras medidas sancionatórias cabíveis, em razão do descumprimento de prazos na entrega das informações, conforme regramento próprio da Corte de Contas.

Cabe, nesse passo, enfatizar que o ordenamento jurídico pátrio não admite o julgamento ficto de contas, por decurso de prazo, sob pena de, assim se entendendo, permitir-se ao legislativo municipal a delegação do julgamento ao Tribunal de Contas, que é órgão auxiliar e de orientação aos legislativos, além de se criar a hipótese de sanção ao decurso de prazo, normatização inexistente na Constituição da República de 1988.

Deste modo, adotando-se entendimento de que o parecer conclusivo do Tribunal de Contas geraria efeitos imediatos, que se tornariam GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

permanentes no caso do silêncio dos legislativos, implicaria na inversão das competências para o julgamento das contas, com ofensa aos regramentos basilares sobre a fiscalização contábil, financeira e orçamentária previstos na Carta da República de 1988.

Adotando-se, tal entendimento ocorreria transformação da natureza precária do parecer prévio, passível de aprovação ou rejeição, em decisão definitiva.

Nesse sentido, na análise das contas dos executivos, os Tribunais de Contas emitem parecer prévio, consubstanciado em pronunciamento técnico, sem conteúdo deliberativo, com o fim de subsidiar as atribuições fiscalizadoras dos legislativos, que não estão obrigados a se vincular à manifestação opinativa daquele órgão auxiliar do legislativo.

Dessa forma, os gestores públicos somente se exonerarão de suas responsabilidades, após a análise do Tribunal de Contas que se convertam em aprovação das respectivas prestações de contas pelos legislativos municipais.

É importante sublinhar, ademais, que, no julgamento das contas anuais do executivo, não há julgamento do próprio agente político, mas deliberação sobre a exatidão da execução orçamentária, programas e políticas públicas, demonstração da situação financeira e patrimonial do ente público e o cumprimento das metas fiscais. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

A rejeição nas prestações de contas tem o condão de gerar, como consequência, a caracterização da inelegibilidade do responsável pelas contas públicas.

A Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa) alterou a Lei Complementar 64/1990, e acrescentou novas hipóteses de inelegibilidade avaliando a vida pregressa dos candidatos, inclusive com base em condenação à suspensão dos direitos políticos em ação de improbidade administrativa por enriquecimento ilícito e lesão ao erário (com trânsito em julgado ou colegiado) e no julgamento de contas com irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, in verbis:

Art. 1º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

(...)

g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição; GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

(...)

I) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena;

Ademais, registre-se, que, no caso do legislativo promover aprovação das contas do responsável do executivo, o que se afasta é apenas sua inelegibilidade. Os atos apurados no processo político-administrativo poderão dar ensejo à sua responsabilização civil, criminal ou administrativa, observadas garantias constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório, inerentes ao regime republicano.

Observa-se, que para cada exercício, são definidas as regras próprias para apreciação das prestações de contas, mediante expedição de Instrução Normativa pelo Tribunal de Contas, que estabelece o escopo de análise para as prestações de contas anuais dos municípios, compreendendo os legislativos e executivos, suas administrações direta e indireta, consórcios intermunicipais, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Assim, com o julgamento das prestações das contas, evidenciada hipótese de proteção à probidade administrativa e a moralidade no exercício dos mandatos eletivos dos executivos municipais.

Em síntese, buscou-se demonstrar com análise das informações prestadas pelos legislativos integrantes da área de abrangência deste GEPATRIA – região de Londrina, apuração e correção de eventual demora injustificada por parte das casas legislativas em realizar o julgamento das contas dos executivos, ou inércia na comunicação do resultado do julgamento aos órgãos competentes, para que nos limites de suas competências adotem as providências cabíveis.

Nesse vértice, em razão em razão do objeto encontrar-se solucionado e de restarem esgotadas as diligências cabíveis, não se mostra razoável a conversão do presente Procedimento Administrativo em procedimento investigatório com vistas a subsidiar eventuais medidas judiciais por parte deste GEPATRIA – Região de Londrina.

Portanto, em razão das considerações expostas o arquivamento é medida que se impõe.

4. Circunscrito ao exposto, promove-se, com fulcro no disposto no art. 100, parágrafo único do Ato Conjunto nº 01/2019 da Procuradoria- Geral de Justiça do Paraná, o ARQUIVAMENTO destes autos de Procedimento Administrativo registrado sob nº MPPR – 0078.20.002399-8 junto a este GEPATRIA – Região de Londrina. GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

5. Expeça-se ofício ao Excelentíssimo Subprocurador-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, para as providências que julgar cabíveis, diante do flagrante vício material constatado na Lei Orgânica de Jaguapitã de 5.4.1990, reproduzida no Regimento Interno da Câmara de Jaguapitã, Resolução 4/2001, que estabelece a hipótese de julgamento ficto das prestações de contas dos entes municipais, diante da inércia dos vereadores, no prazo de 60 (sessenta) dias, após o recebimento da comunicação do Tribunal de Contas do Paraná, com a manutenção da aprovação ou desaprovação das contas, conforme indicação do parecer prévio, por trata-se da inconstitucionalidade de ato normativo municipal diante do parâmetro expresso na Constituição Estadual do Paraná, que dispõe sobre a fiscalização contábil, financeira e orçamentária, conforme normatização simétrica da Constituição Federal de 1998;

6. Expeça-se ofícios aos Promotores de Justiça Naturais com atribuição na área da defesa do patrimônio público das Comarcas de Arapongas, Astorga, Colorado, Faxinal, Jaguapitã e São Jerônimo da Serra, para no exercício de suas atribuições, respeitada a independência funcional, para adotarem as providências que julgarem cabíveis, por decorrência da não comunicação da análise com desaprovações das contas anuais dos executivos de Arapongas no exercício de 2003 de José Aparecido Bisca; Iguaraçu no exercício de 2015 de Sebastião Aurélio da Silva; Santa Inês no exercício de 2013 de Marcel Andre Regovuchi; Cruzmaltina exercício de 2012 de Mauricio Bueno de Camargo; e São Jerônimo da Serra nos exercícios de 2008, 2010 e 2013 de Adir dos Santos Leite. E ainda, diante das ausências de comunicação de aprovação das contas ao Tribunal de Contas do Paraná pelos municípios de Jaguapitã dos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2011e 2012 de Luiz Carlos Trapp e do exercício de 2010 de GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina

Luiz Augusto Vieira e Santa Cecília do Pavão do exercício de 2009 de Edimar Aparecido dos Santos.

7. Cientifiquem-se os interessados da presente promoção de arquivamento, conforme disposto no art. 100, parte final, do caput, do Ato Conjunto 001/2019 da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Paraná e Corregedoria-Geral do Ministério Público do Estado do Paraná;

8. Nos termos art. 100, parágrafo único, do Ato Conjunto 01/2019 da Procuradoria-Geral de Justiça e Corregedoria-Geral de Justiça do Paraná, comunique-se o Conselho Superior do Ministério Público do Estado do Paraná, encaminhando cópia da presente manifestação;

9. Comunique-se o Centro de Apoio Operacional de Apoio das Promotorias do Patrimônio Público e à Ordem Tributária, encaminhando cópia da presente manifestação.

Londrina, 15 de março de 2021.

Renato de Lima Castro Promotor de Justiça GEPATRIA – Região de Londrina GEPATRIA – Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa Região de Londrina