ESTADODEMATOGROSSO SECRETARIADEESTADODECIÊCIASETECOLOGIA UIVERSIDADEDOESTADODEMATOGROSSO UEMAT –CAMPUS DE OVA XAVATIA ProgramadePós graduaçãoemEcologiaeConservação

TEORIAECOFISIOLÓGICAPARAADISTRIBUIÇÃODE ODOATA:COSEQUÊCIASPARAAPREVISÃODEPERDA DEESPÉCIESEMFUÇÃODACOVERSÃODEÁREAS ATURAISEMPASTAGEM

LEIZEBATISTACALVÃO

ovaXavantina–MT

Julhode2012

ESTADODEMATOGROSSO SECRETARIADEESTADODECIÊCIASETECOLOGIA UIVERSIDADEDOESTADODEMATOGROSSO UEMAT– CAMPUS DE OVA XAVATIA ProgramadePósgraduaçãoemEcologiaeConservação

TEORIAECOFISIOLÓGICAPARAADISTRIBUIÇÃODE ODOATA:COSEQUÊCIASPARAAPREVISÃODEPERDA DEESPÉCIESEMFUÇÃODACOVERSÃODEÁREAS ATURAISEMPASTAGEM

LEIZEBATISTACALVÃO

DissertaçãoapresentadaaoProgramadepós graduação em Ecologia e Conservação da Universidade do Estado de Mato Grosso – CampusdeNovaXavantina,comopartedos requisitosparaaobtençãodotítulodeMestre daCiência. Orientador: Dr.PauloDeMarcoJúnior CoOrientadora :Dr a.JoanaDarcBatista

ovaXavantina–MT

Julhode2012

ii

DadosInternacionaisdeCatalogaçãonaPublicação(CIP)

GPT/BC/UFG

Calvão,LenizeBatista. C169t Teoria ecofisiológica para a distribuição de [manuscrito]: consequências para a previsão de perda de espéciesemfunçãodaconversãodeáreasnaturaisempastagem /LenizeBatistaCalvão.2012. IV,80f.:il.,figs,tabs. Orientador:Prof.Dr.PaulodeMarcoJúnior. Dissertação (Mestrado)–UniversidadedoEstadodeMato Grosso, Campus de Nova Xavantina, Programa de Pós GraduaçãoemEcologiaeConservação,2012. Bibliografia. Incluilistadetabelasefiguras. Anexos. 1. Odonata–MatoGrosso.2.Zygoptera– Tamanhocorporal.3.Riacho–Integridadebiótica.I.Título. CDU:595.732

iii

TeoriaecofisiológicaparaadistribuiçãodeOdonata:consequênciasparaa previsãodeperdadeespéciesemfunçãodaconversãodeáreasnaturaisem pastagem

LenizeBatistaCalvão

DissertaçãoapresentadaaoProgramadePósGraduaçãoemEcologiaeConservaçãodaUniversidade doEstadodeMatoGrossocomorequisitoàobtençãodotítulodeMestredaCiência.

NovaXavantinaMT,03deJulhode2012.

BACAEXAMIADORA:

______

Dr.PaulodeMarcoJúnior(Orientador)

LaboratóriodeEcologiaTeóricaeSíntese, DepartamentodeEcologiadaUniversidade FederaldeGoiásUFG ______

Dr.RogérioPereiraBastos LaboratóriodeHerpetologiaeComportamento ,DepartamentodeEcologiada UniversidadeFederaldeGoiásUFG ______

Dr.RodrigoDamascoDaud LaboratóriodeEcologiaeFuncionamentode Comunidades,DepartamentodeEcologiada UniversidadeFederaldeGoiásUFG

iv

Grandesconquistasvêmatravésdoesforço,decisãoeprincipalmentedacoragemde poucos....

v

Dedicatória

Aminhafamília,especialmenteaosmeuspaisTerezinhaeAvenir,minhairmãDenizee meus sobrinhos Carlos Eduardo e Ana Júlia. Também dedico esse trabalho a três amigos especiais José Max Barbosa de Oliveira Júnior e José Maria; e uma amiga SimoneGomes.Aprofessoresimportantesquemarcaramminhacarreiraprofissional, PauloDeMarcoJunior,GuillhermeFilho,LeandroJueneJoanaDarcBatista.

vi

Agradecimentos

PrimeiroagradeçoaDeus,portudo.

EmseguidagostariadeagradeceraminhaqueridafamíliaAvenir,Terezinha,Denize, CarlosEduardoeAnaJúliaportodacompreensãoeapoioemminhasdecisões,masque nunca deixaram esquecer minhas origens. Com a presença de vocês os momentos complicadosdesapareciam,poruminstante.Amovocês!

Aosprofessores de graduação Guilherme Filho, AllanValle,RodrigoAssiseCamila Chaves,MarcosVitalquesempreestiverammeincentivandoetorcendopormim.

Meu orientador Paulo De Marco, pela imensurável paciência e dedicação, sempre usandopalavrasadequadasnosmomentoscertos,além de nos mostrar meios para se construir uma sociedade mais justa. Obrigada por me aceitar e pela confiança depositada, acreditando que eu iria cumprir mais esta etapa! Comemorando e se importando com os pequenos avanços, especialmente quando escrevi meu primeiro parágrafo sozinha. Além de intervir em momentos oportunos com muita sabedoria. Obrigadapelosensinamentosacadêmicos,profissionais,devidaepelaoportunidadede estudarconcedida!

MinhaCoorientadoraJoanaDarcquenãosómeorientoumuitobemduranteoscampos, masabriuasportasde suacasa,juntamentecomsua família Handerson e Dayanne, assimagradeçomuitoavocês,inclusivepelaajudadecampodoBiólogoLourivaldo. Joanamuitoobrigadapelosensinamentosacadêmicosedevida!

AoLeandroJuenquemesmolongepareceestartãoperto,sempredispostoaajudar. Obrigadapelascontribuiçõesprestadasàestetrabalho!

A Professora Helena Cabette pela atenção em todos os momentos, e colaboração no processo de aprendizagem científica. Pela paciência de ensinar desde o básico até o maiscomplexo.Obrigadapeloseucarinho!

AopessoaldoLaboratóriodeLimnologiadeGoiâniaMiriamAlmeida,NélsonSilva, Caroline Nóbrega, Karina Dias, Denis Nogueira que contribuíram muito com meu trabalho. As demais pessoas como Paulinho, Daniel etc. que também fizeram parte dessatrajetória.

OpessoaldoLaboratóriodeEntomologiadeNovaXavantina, Leandro Brasil, Tiago Mendes,AndrezzaSayuri,MayllaCoimbraquenãoforam somente companheiros de campo e trabalho, mas se tornaram amigos muito especiais. Gente foi ótimo assistir filmecomvocês,ecomerpastéis.ANúbiapelacompetênciaeamizade.AYuleque paramiméespelhoquandosefalaemdedicaçãoetrabalho.

vii

Todoopessoaldaminhaturma,masespecialmenteClaudinei,PauloMorandi,Carlos Kreutz,Pábio,JoãoPauloeHaidi.

OstodososprofessoresdoMetradodaUnemat,especiamenteoCésarcomquemtivea oportunidadedefazeroestágiodedocência.AatualcoordenadoradocursoBeatrizque sempre se mostrou disposta a ouvir e ajudar a buscar meios para resolver nossos problemas.

As outras pessoas que conheci em Nova Xavantina Lucirene e José Carlos pela amizade.

OLeandroMaracahipespelocompanheirismoeajudaemcampo.

OEdmarpelaamizade.

AosmeusamigosJoséMaria,Simone,Perla,Netília,AndrezzaFernandeseJaqueline Galvãoquefazempartedaminhavidaaumbomtempopela verdadeira amizade de vocêsecompreensãodeminhaausênciaconstante,massãopessoasquemoramnomeu coração.

Bom meu amigo José Max, que trabalhou muito no campo comigo, com bastante dedicação. Simplesmente agradeço pela sua amizade sincera e apoio constante. Obrigadapelosincentivosemmomentosdifíceis,sem você muitas coisas não teriam sidorealizadas!

ACAPESpelabolsaconcedida.

AoprofessorDr.AlexMaiadaUnesppelacontribuiçãometodológicaprestada.

OsprofessoresRogérioBastoseRodrigoDauddaUniversidadeFederaldeGoiás,que aceitaramparticipardaminhabancadedefesa.

AoFredericoLencionipelaconfirmaçãoeidentificaçãodoscomplicadosZygoptera.

Éclaroqueháinúmerasoutraspessoasmaravilhosasquefizerampartedessatrajetória, quenãociteiaqui.

Todosvocêsfazempartedaminhaconquista!

viii

SUMÁRIO RESUMO...... 1 LISTADETABELAS...... 2 LISTADEFIGURAS...... 3 ANEXOS...... 4 INTRODUÇÃOGERAL...... 5 REFERÊNCIAS...... 9 FORMATAÇÃO...... 12 CAPÍTULO1...... 13 ODONATA(INSECTA)DOMUNICÍPIODENOVAXAVANTINAMATO GROSSO:INFORMAÇÃODEDISTRIBUIÇÃODEESPÉCIESENOVOS REGISTROS...... 13 RESUMO...... 14 INTRODUÇÃO...... 15 PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOS...... 16 Áreadeestudo...... 16 Amostragembiológica...... 19 RESULTADOSEDISCUSSÃO...... 19 ErythrodiplaxamazonicaSjöstedt,1918...... 20 ErythrodiplaxjulianaRis,1911...... 21 Oligocladaabbreviata(Rambur,1842)...... 21 PlaniplaxphoenicuraRis,1912...... 22 Gynothemispumilakarsch,1890...... 22 AcanthagrionabunaeLeonard,1977...... 22 AcanthagrionminutumLeonard,1977...... 22 HetaerinacurvicaudaGarrison,1990...... 23 OxyagrionsulmatogrossenseCosta,Souza&Santos,2000...... 23 ProtoneuratenuisSelys,1860...... 23 Telebasiscoccinea(Selys,1876)...... 24 TelebasisgiganteaDaigle,2000...... 24 Tuberculobasisinversa(Selys,1876)...... 24 Agradecimentos...... 31 REFERÊNCIAS...... 32

ix

CAPÍTULO2...... 38 COMOASRESTRIÇÕESNACAPACIDADEDETERMORREGULAÇÃOPODEM AFETARASELEÇÃODEMICROHABITATEMLIBÉLULASNEOTROPICAIS38 RESUMO...... 39 INTRODUÇÃO...... 40 PROCEDIMENTOSMETODOLÓGICOS...... 43 Áreadeestudo...... 43 Amostragembiológica...... 46 MedidasdatemperaturatorácicadasespéciesdeOdonata...... 46 Estimativadaproporçãodeentradadeluznossegmentos...... 47 Análisedaintegridadedehábitatdosriachos...... 47 MedidasmorfométricasdeOdonata...... 48 Análisesestatísticas...... 48 RESULTADOS...... 50 Descriçãogeraldacomunidade...... 50 DependênciaentretemperaturacorporalepesodeZygoptera...... 52 AberturadedosseletamanhocorporaldeOdonata...... 55 DiferençanariquezaestimadadeespéciesdeOdonataparaosambientesalteradose preservados...... 57 IntegridadedosriachoseabundânciadasespéciesdeOdonata...... 60 IntegridadedosriachosetamanhocorporaldeOdonata...... 63 DISCUSSÃO...... 64 CONCLUSÃO...... 69 REFERÊNCIAS...... 71 CONCLUSÕESGERAIS...... 76 ANEXOS...... 77 Anexo1....... 78 Anexo2....... 80

x

RESUMO

O intensificado processo de alterações dos sistemas hídricos nos leva a buscar estratégiaseficazesparaaconservação.Ascomunidadesbiológicasporresponderemas alterações dos ambientes têm sido comumente utilizadas como instrumento de avaliação.AOrdemOdonataérepresentadaporinsetosquevivemassociadosatodos ostiposdecorposd’águadoce,eacomplexidadeemseuciclodevidaostornambons modelos para estudos teóricos e evolutivos. Considerando a capacidade de termorregulação e alguns aspectos relevantes do comportamento, as libélulas são classificadas em dois grandes grupos: os pousadores e os voadores. Os organismos pousadoresapresentammenortamanhocorporalesãoectotérmicos.Jáosorganismos voadores são maiores e produzem calor endógeno. Essa descrição comportamental sugerequeotamanhocorporaltemumpapelessencialnadeterminaçãodashabilidades termorregulatóriasdessasespéciesoqueafetasuarespostaàscondiçõesambientaisea escolha do microhábitat. Nosso objetivo é contribuir com o conhecimento da diversidadeeosaspectosecológicosdaslibélulas,avaliandocaracterísticasfisiológicas emorfológicas,alémdainfluênciadaintegridadefísicadosriachosnadistribuiçãodas espéciesdeOdonata.Paraisso,dividimosotrabalhoemdoiscapítulos:oprimeiroé composto por um inventário de Odonata adultos em riachos do município de Nova Xavantina.OsegundoavaliamosseotamanhocorporaldasespéciesdeOdonataéum bompreditordehábitat.Utilizamosométododevarreduraemáreasfixas,conduzindoa amostragembiológicadurantetrêsdiasemnoveriachosdaBaciaHidrográficadoRio PindaíbaeRibeirãoAntártico,entre10:00e14:00h.,nomunicípiodoNovaXavantina –MatoGrosso,Brasil.Resultadosapontamparaumafaunaaltamentediversanaregião, abrigandoototal8%dafaunajáregistradaparaoBrasile13registros novosparao município de Nova XavantinaMT. Demonstramos que algumas espécies maiores dentro do grupo Zygoptera apresentam evidências de serem heliotérmicas, entretanto essefenômenopodeestarrelacionadoaosgêneros Argia e Protoneura .Aocontráriodo esperado,otamanhocorporalnãofoiumbompreditordehábitat,quandoconsiderado isoladamente.Destaforma,esseestudocontribuiparaoconhecimentotaxonômicoda OrdemOdonata,alémdeinformaçõesimportantessobreabiologiaeecologiadogrupo.

Palavraschave: Odonata Mato Grosso , Zygoptera, Tamanho Corporal, Riacho Integridadebiótica. 1

LISTADETABELAS

Capítulo1

Tabela 1. Locais, coordenadas geográficas e estado de conservação dos córregos amostrados. 16

Tabela 2. Check list de Odonata registrados nos córregos do município de Nova Xavantina,MTBrasil,esuadistribuiçãonaregiãoNeotropicalenoBrasil. 2531

Capítulo2

Tabela1. DadosespecíficosdosRiachosamostrados. 44

Tabela 2 . Resumo das características microclimáticas, estado de conservação dos riachos do Cerrado e estimativa da proporção de entrada de luz nos riachos preservados. 48

Tabela 3. Abundância das espécies de Odonata coletados nos riachos alterados e preservados. 5052

Tabela 4. Coeficientes angulares (Inclinação da reta) dos modelos lineares, entre a abundânciadasespéciesdeOdonataeaberturadedossel. 56

Tabela5. ValoresdasanálisesdeRegressãoLinear(3primeirascolunas)eValoresdas análisesdeRegressãoLogística(3últimascolunas).Entreabundânciadasespéciesde Odonata e o índice de integridade de hábitat dos riachos. Coeficientes angulares das regressões lineares (Inclinação da reta) e coeficientes das regressões logísticas (Inclinaçãodareta). 6162

2

LISTADEFIGURAS

Capítulo1

Figura 1. Locais amostrados na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Antártico (os quatro pontosàesquerda),eaBaciadoRioPindaíba(oscincopontosàdireita). 18

Capítulo2

Figura1. Mapadospontosdecoleta.EvidenciandoaBaciaHidrográficadoRibeirão Antártico(Osquatropontosàesquerda),eaBaciadoRioPindaíba(Oscincopontosà direita). 45 Figura 2. Efeito do tamanho (comprimento do tórax e peso de Zygoptera) sobre diferença entre temperatura ambiente e temperatura interna do tórax (A e B, respectivamente),bem como sobre a diferença entrea temperatura corporal externa e interna(CeD,respectivamente)emespéciesdeZygoptera,nospoleiroscomincidência solar. 5354 Figura3.Efeitodotamanho(comprimentodotóraxepesodelibélulas)sobrediferença entre temperatura ambiente e temperatura interna do tórax (A e B, respectivamente), bem como sobre a diferença entre a temperatura corporal externa e interna (C e D, respectivamente)emespéciesdeZygopteraemáreassombreadas. 55 Figura 4. Efeitodasmedidasmorfométricasdaslibélulassobre a inclinação da reta. (Inclinaçãodaretaexpressaosefeitosdaaberturadedosselnaabundânciadasespécies deAnisoptera (Ae B) eZygoptera(C eD)obtidosatravésdasanálises deregressão linear,verdetalhesnaTabela4). 57 Figura5.EfeitodoestadodeconservaçãosobreariquezaestimadadeZygoptera(A)e Anisoptera (B) em riachos do Cerrado, Brasil. As barras representam o intervalo de confiançade95%. 58 Figura 6. Riqueza estimada de Anisoptera, pelo procedimento jackknife em riachos preservadosealterados.Asbarrasrepresentamointervalodeconfiançade95%.Acima dasbarraséapresentadaaporcentagemdeAnisopteraemcadalocal. 59 Figura 7. Relação entre a riqueza estimada de espécies de libélulas das subordens Anisoptera (A) e Zygoptera (B), e a integridade dehábitat dos riachos preservados e alterados. 60

Figura8.Efeitodotamanhocorporaldelibélulassobrearelaçãodaabundânciacoma integridadedehábitatintegridade.(AinclinaçãodaretaexpressaosefeitosdoIIHna abundânciadasespéciesdeOdonataobtidos através das análises de: regressão linear simpleseumaregressãologística,verdetalhesnaTabela5). 6364

3

AEXOS

Anexo1. Protocolodeintegridadefísica. 7879 Anexo2.Normasgeraisdasrevistascientíficasutilizadaspararedaçãoesubmissãodos artigosquecompõeapresentedissertação. 80

4

ITRODUÇÃOGERAL

Oprocessodemodificaçãodaspaisagensnaturaisvem se intensificando nos últimos anos através das ações humanas (e.g. agricultura, pastagem) de forma mais acelerada do que as perturbações naturais, promovendo a fragmentação dos hábitats comoconsequênciadaatualdinâmicadousodaterra(Brooksetal.2002).Comoos sistemas hídricos apresentam uma importância fundamental para os seres vivos, sua alteraçãoprovocaadiminuiçãodaintegridadee comprometesuautilizaçãoparausos futuros (Agostinho et al. 2005). Assim, com intuito de minimizar os efeitos das alterações ambientais, diversos pesquisadores interessados na conservação dos ambientesaquáticostêmbuscadoalternativasparaidentificarestratégiaseficazesparaa conservação(SanchezFernandezetal.2006;Heinoetal.2005). As comunidades biológicas refletem as condições ambientais, pois são adaptadas a determinadas características, nas quais apresentam limites de tolerância a alteraçõesnoambiente(Goulart&Callisto2003).São essas relações com condições ambientaisquedeterminamasrespostasdegruposdeespéciesaalteraçõesambientais. Assim, os macroinvertebrados aquáticos têm sido utilizados como bioindicadores, na avaliaçãodascondiçõesfísicasdosriachos,poisrespondemasperturbaçõesdohábitat, que modificam a comunidade local, reduzindo a riqueza e possibilitando o estabelecimentodeespéciestolerantesegeneralistas(Galdeanetal.2000;Callistoetal. 2000;Clements1994). Nocontextodacompreensãodessesimpactos,asmatasripáriasdesempenham umpapelfundamentalnaproteçãodosambientesaquáticos,moderandoatemperatura, erosão, entrada de sedimentos na água e proporção deincidênciasolar(Allan2007). EstudosanterioresdemonstraramqueapresençadedeterminadasespéciesdeOdonata, podemindicaralteraçõesambientaisnasáreasdepreservaçãopermanenteaoredordos riachos em sistemas de Mata Atlântica. Isso provavelmente, se deve à dependência dessas espécies às condições ambientais específicas encontradas nas florestas não alteradas (FerreiraPeruquetti & De Marco 2002; FerreiraPeruquetti & De Marco 2002).Outrasespéciesdelibélulastendemadesaparecerlocalmenteemhábitatscom baixaqualidade(Suhonenetal.2010).

5

Aimportânciadatemperaturanavidadaslibélulaséreconhecidapormuitosautores (Corbet & May 2008; May 1982; May 1991). Considerando a capacidade de termorregulação e alguns aspectos relevantes do comportamento Corbet (1962) classificou as libélulas em dois grandes grupos: os pousadores e os voadores. Os organismos pousadores apresentam menor tamanho corporal, são ectotérmicos e utilizam a luz solar como uma fonte principal de calor, sendo divididos em conformadores termais ou heliotérmicos (May 1991). Já os organismos voadores são maiores e produzem calor endógeno, o que possibilita sua termorregulação independentementedaradiaçãoexterior(Corbet&May2008;Heinrich&Casey1978). Essadescriçãocomportamentalsugerequeotamanhocorporaltemumpapelessencial nadeterminaçãodashabilidadestermorregulatóriasdessasespécies,e,porconseguinte, determina muitas das características das libélulas que afetam suas respostas às condiçõesambientaiseemespecialaescolhadomicrohábitat(DeMarcoetal.2005; Corbet&May2008;DeMarco&Resende2004;DeMarco&Resende2004). Embora o número de estudos abordando temas comportamentais (Resende 2010; Resende & de Marco 2010), seleção de microhábitat (De Marco 1998) e termorregulação(DeMarco&Resende2002;DeMarcoetal.2005)tenhaaumentado nos últimos anos para a libélulas em geral, esses estudos têm se direcionado principalmenteparaasespéciesdasubordemAnisoptera(Mckay&Herman2008;May 1976),possivelmenteporseremmaisabundanteseapresentaremumadistribuiçãomais ampla, o que sugere que elas serão menos ameaçadas de extinção em função das alterações ambientais correntes (De Marco & Vianna 2005) . Por outro lado, a subordemZygopteraapresentaespéciesdemenortamanhocorporalequeapresentam menordistribuiçãogeográfica,sendopotencialmentemaisameaçadas. Emgeralaocupaçãodonichopodeserumacombinaçãodetraçosmorfológicos, anatômicosedecaracterísticasecofisiológicasdasespécies(Lüttge&Scarano2004).O tamanhocorporal,porexemplo,afetadiversosaspectosdavidadosorganismoscomo: desempenho de suas atividades, fitness , fisiologia etc. (Kingsolver & Huey 2008). Estudos prévios mostram que libélulas de maior tamanho corporal tendem a vencer maisdisputasterritoriaisdoqueasmenores,assimessesmachosresidentestemmaior chance de encontrar fêmeas e copular (Irusta & Araujo 2006; Resende 2010). A temperatura, por sua vez, interfere em todas as taxas metabólicas dos indivíduos, determinandoumasériedefenômenosbiológicosquesãoessenciaisàvidadosmesmos

6

(Angilletta2009).Assim,esperamosmudançasnospadrõesecológicoseevolutivosdas espéciesemrespostaaoaumentodatemperatura,aconsequênciadissoseriamudanças significativasnoníveldecomunidade(Oertli2008). Estudosrecentestêmdemonstradoestaassertiva,relacionando características bionômicas de libélulas e sua presença em determinados locais (De Marco & Vital 2008). Algumas espécies como Hetaerina rosea Selys 1853 apresentam tamanho corporal maior do que outros Zygoptera e se comportam como heliotérmicas, aumentandosuaabundânciaemáreasalteradas(FerreiraPeruquetti&DeMarco2002). Enquanto espécies como Heteragrion aurantiacum Selys, 1862 estão relacionadas à ambientes florestados podem desaparecer com o processo de alteração ambiental (FerreiraPeruquetti & De Marco 2002; GonzalezSoriano & Verdugo 1982). No entanto, segundo Hassall et al. (2007), os padrões fenológicos de algumas espécies dessegrupotêmmodificadonosúltimosanosemrespostasamudançasclimáticas. A termorregulação tem sido investigada a muito tempo revelando que o aquecimento dos músculos torácicos é essencial para o desempenho das atividades como o voo, forrageamento e defesa territorial (Heinrich 1993) . Esse mecanismo permitequeosorganismosmantenhamatemperaturacorporalacimadatemperaturado ar,nomínimocercade4°CparaindivíduosdasubordemZygoptera(Shelly1982),essa característicaestáassociadacomaproduçãometabólicadecaloroutrocadecalorcom o ambiente, que acontece através da condução, convecção e radiação (May 1979; Heinrich1993).

Aconvecçãoéaprincipalformadetrocadecalordosindivíduosmenorescom oambiente,oqueostornamaissuscetíveisàsvariaçõesdetemperaturadoar,poissão maisdependentesdeladoqueosindivíduosmaiores(Bartholomew&Heinrich1978). Assim,paraaslibélulasahabilidadedetermorregularéumtraçoecofisiológicomuito importantequemoldaasadaptações,comoohoráriodeatividade(May1976;DeMarco et al. 2005; Shelly 1982), escolha de microhábitats (De Marco 1998) e interações comportamentais(DeMarco&Resende2004;DeMarcoetal.2005).Acomplexidade no ciclo de vida das espécies, ligada a restrições termorregulatórias dos adultos e comportamento reprodutivo, tornamos bons modelos para estudos ecológicos e evolutivos(DeMarco&Resende2004;FerreiraPeruquetti&DeMarco2002).

7

AtualmenteaOrdemOdonatapossuicercade6000espécies(Trueman2007), porém, estimase que existam 7000 espécies, esse déficit ocorre devido a falta de conhecimento da odonatofauna (Kalkman et al. 2008). Apenas duas subordens estão presentes na região Neotropical, os Anisoptera e os Zygoptera, com mais de 1600 espécies já descritas (Pinto & Carvalho 2009), destas apenas 800 espécies são registradasparaoBrasil(Souzaetal.2007).Oterritóriobrasileiroapresentasomente 29%dedadosderiquezaparaasespéciesdessaordem.Essafaltaderegistrodogrupo paraoEstadodoMatoGrosso,pareceaindaserdeterminada pela lacuna do esforço amostral(DeMarco&Vianna2005).Noentanto,esperamosumafaunabastantericade Odonata para este estado, uma vez que ele apresenta uma grande diversidade de ambientesesuaposiçãobiogeográficaestáemconectividadecomváriosoutrosbiomas brasileiros,secomportandocomoumazonadetransiçãoentreoCerradoeAmazônia (Marimonetal.2006). Dessaforma,nóstestamoscombasenateoriaecofisiológica,aprediçãodeque espéciesdemenortamanhocorporaldevemtermaiorsucessoemáreassombreadas,e, portantodominariamasáreaspreservadasdeflorestaciliar,enquantoespéciesdemaior tamanho corporal devem dominar áreas com maior incidência luminosa. Nosso principal objetivo é identificar se o tamanho corporal das libélulas é um preditor de microhábitat. Partimos da premissa de que a resposta das libélulas às alterações ambientaisdeveserprevisível,apartirdotipode seleção de microhábitats que elas apresentam,poisessaseleçãodemicrohábitatéfunçãodiretadesuashabilidadesde termorregulaçãoedeseutamanhocorporal.Aconsequênciadessateoriaéqueespécies demenortamanhocorporalseriammaisameaçadasdeextinçãofrenteàconversãodas áreas de preservação permanente em pastagem. Além de contribuir com informações sobreoconhecimentotaxonômicodaslibélulasdoMatoGrosso.

8

REFERÊCIAS

Agostinho,A.A.,S.M.Thomaz&L.C.Gomes,2005.Conservationofthebiodiversity ofBrazil'sinlandwaters,ConservationBiology19:646652

Allan,J.D.,2007.StreamEcologyStructureandFunctionofrunningwaters,Springer, 436pp

Angilletta, M. J., 2009. Thermal adaptation: a theoretical and empirical synthesis, OxforduniversityPress,Oxford.

Bartholomew, G.& B. Heinrich, 1978. Endothermy in African dung beetles during flight,ballmaking,andballrolling,J.exp.Biol.73:6583

Brooks,T.M.,R.A.Mittermeier,C.G.Mittermeier,G.A.B.Fonseca,A.B.Rylands, W.R.Konstant,P.Flick,J.Pilgrim,S.Oldfield,G.Magin&C.HiltonTaylor,2002. Habitatlossandextinctioninthehotspotsofbiodiversity,ConservBiol16:909923.

Callisto, M., M. Moretti & M. Goulart, 2000. Macroinvertebrados bentônicos como ferramentaparaavaliarasaúdedosriachos.,RevistaBrasileiradeRecursosHídricos6: 7182

Clements,W.H.,1994.Benthicinvertebratecommunityresponsestoheavymetalsin theUpperArkansasRiverBasin,Colorado.,JournaloftheNorthAmericanBenthologic Society13:3044.

Corbet,P.S.,1962.Abiologyof,Witherby,London,247pp.

Corbet,P.S.&M.L.May,2008.Fliersandperchers amongOdonata:dichotomyor multidimensional continuum? A provisional reappraisal, International Journal of Odonatology11:155171.

De Marco, P.& D. C. Resende, 2002. Activity patterns and thermoregulation in a tropicalassemblage,Odanotologica3:129138.

De Marco, P. Jr., 1998. The Amazonian Campina dragonfly assemblage: patterns in microhabitatuseandbehaviorinaforaginghabitat,Odonatologica27:239248.

DeMarco,P.Jr.,A.O.Latini&D.C.Resende,2005.Thermoregulatoryconstraintson behavior:patternsinaNeotropicaldragonflyassemblage,Neotrop.Entomol.34:155 162.

De Marco, P. Jr.& D. C. Resende, 2004. Cues for territory choice in two tropical dragonflies,Neotrop.Entomol.33:397401.

DeMarco,P.Jr.&D.M.Vianna,2005.DistribuiçãodoesforçodecoletadeOdonatano Brasil: subsídios para escolha de áreas prioritárias para levantamentos faunísticos, Lundiana6:1326. 9

DeMarco,P.Jr.&M.V.C.Vital,2008.EcologyofTigriagrionaurantinigrum calvert in response to variations in environmental conditions (Zygoptera: Coenagrionidae), Odonatologica37:111.

FerreiraPeruquetti, P.& P. Jr. De Marco, 2002. Efeito da alteração ambiental sobre comunidadesdeOdonataemriachosdeMataAtlânticadeMinasGerais,Brasil,Revta bras.Zool.19:317327.

Galdean,N.,M.Callisto&F.A.R.Barbosa,2000.LoticecosystemsofSerradoCipo, southeast Brazil: water quality and a tentative classification based on the benthic macroinvertebratecommunity,AquaticEcosystemHealthandManagement3:545552.

GonzalezSoriano,E.&G.M.Verdugo,1982.StudiesonneotropicalOdonata:theadult behavior of Heteragrion alienum Wiliamson (Odonata: Megapodagrionidae), Folia EntomologicaMexicana52:315.

Goulart,M.&M.Callisto,2003.Bioindicadoresdequalidadedeáguacomoferramenta emestudosdeimpactoambiental,Fapam2:19.

Hassall,C.,D.J.Thompson,G.C.French&I.F.Harvey,2007.Historicalchangesin thephenologyof BritishOdonataare relatedto climate, Global Change Biology 13: 933941.

Heino, J., J. Parviainen, R. Paavola, M. Jehle, P. Louhi & T. Muotka, 2005. Characterizing macroinvertebrate assemblage structure in relation to stream size and tributaryposition.,Hydrobiologia539:121130.

Heinrich, B., 1993. The hotblooded : strategies and mechanisms of thermoregulation,HarvardUniversityPress,Cambridge,Massachusetts.

Heinrich,B.&T.M.Casey,1978.Heattransferindragonflies:'fliers'and'perchers',J. Exp.Biol.74:1736.

Irusta, J. B.& A. Araujo, 2006. Reproductive behaviour of Diastatops obscura (Fabricius) in a riverine environment (Anisoptera : Libellulidae), Odonatologica 35: 289295.

Kalkman,V.J.,V.Clausnitzer,K.D.B.Dijkstra,A.G.Orr,D.R.Paulson&J.V.Tol, 2008.Globaldiversityofdragonflies(Odonata)infreshwater,Hydrobiologia595:351 363.

Kingsolver, J. G.& R. B. Huey, 2008. Size, temperature, and fitness: three rules, EvolutionaryEcologyResearch10:251268.

Lüttge,U.&F.R.Scarano,2004.Ecophysiology,RevistaBrasil.Bot.,27:110.

Marimon,B.S.,E.D.S.Lima,T.G.Duarte,L.C.Chieregatto&J.A.Ratter,2006. ObservationsonthevegetationofnortheasternMatoGrosso,Brazil.IV.*Ananalysisof theCerradoAmazonianForestecotone,EdinburghJournalofBotany63:323341. 10

May, M. L., 1976. Thermoregulation in adaptation to temperature in dragonflies (Odonata:Anisoptera),Ecol.Monogr.46:132.

May,M.L.,1979.thermoregulation,Annu.Rev.Ent.24:313349.

May,M.L.,1982.Heatexchangeandendothermyinprotodonata,Evolution 36:10511058.

May,M.L.,1991.Thermaladaptationsofdragonflies,revisited,Adv.Odonat.5:7188.

Mckay,T.&T.Herman,2008.Thermoregulationinthreespeciesof,with notes on temporal distribution and microhabitat use (Zygoptera : Lestidae), Odonatologica37:2939.

Oertli,B.,2008.Theuseofdragonfliesintheassessment and monitoring of aquatic habitats.InA.CordobaAguilar(ed),Modelorganismsforecologicalandevolutionary researchOxfordUniversityPress,Oxford:7995.

Pinto, A. P.& A. L. Carvalho, 2009. On a small collection of dragonflies from Barcarena Municipality, Pará State, Brazil, with the rediscovery of Acanthallagma luteum Williamson&Williamson,BulletinofAmericanOdonatology11:1116.

Resende, D. C., 2010. Residence advantage in heterospecific territorial disputes of Erythrodiplax Brauer species (Odonata, Libellulidae), Revista Brasileira de Entomologia54:110114.

Resende,D.C.&P.deMarco,2010.Firstdescriptionofreproductivebehaviorofthe Amazoniandamselfly Chalcopteryxrutilans (Rambur)(Odonata,Polythoridae),Revista BrasileiradeEntomologia54:436440.

SanchezFernandez, D., P. Abellan, A. Mellado, J. Velasco & A. Millan, 2006. Are waterbeetlesgoodindicatorsofbiodiversityinMediterraneanaquaticecosystems?The caseofthesegurariverbasin(SEspain),BiodiversityandConservation15:45074520.

Shelly, T. E., 1982. Comparative foraging behavior of light versus shade seeking damselflies in a lowland neotropical forest (Odonata: Zygoptera), Physiological Zoology55:335343.

Souza,L.O.I.,J.M.Costa&B.B.Oldrini,2007.Odonata.Online:Identificaçãode larvasdeInsetosAquáticosdoEstadodeSãoPaulo. Froelich, C.G. (org.), Available from:http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guia_online(accessed20April2012).

Suhonen,J.,M.HilliLukkarinen,E.Korkeamaki,M.Kuitunen,J.Kullas,J.Penttinen &J.Salmela,2010.LocalExtinctionofDragonflyandDamselflyPopulationsinLow andHighQualityHabitatPatches,ConservBiol24:11481153.

Trueman, J. W. H., 2007. A brief history of the classification and nomenclature of Odonata,Zootaxa1668:381394. 11

FORMATAÇÃO

Opresentetrabalhoestádivididoemdoiscapítulos: O primeiro capítulo abrange um registro de espécies, em que apresentamos um inventário de Odonata para o Estado de Mato Grosso. Esse capítulo está formatado segundoasnormasdarevistaCheckList. eaindaserásubmetido(Anexo2). Porfim,osegundocapítuloabordaestudosecológicosapartirdateoriaecofisiológica, paraadistribuiçãodaslibélulas,comênfasenosorganismosdasubordemZygoptera, partindo do pressuposto que espécies de menor tamanho serão mais afetadas pelo processoderetiradadasmatasripárias.Objetivouseidentificarseotamanhocorporal das espécies é um bom preditor de microhábitat das mesmas. Esse capítulo está formatado segundo as normas da eotropical Entomology e ainda será submetido (Anexo2).

12

CAPÍTULO1

ODOATA(ISECTA)DOMUICÍPIODEOVAXAVATIAMATO GROSSO:IFORMAÇÃODEDISTRIBUIÇÃODEESPÉCIESEOVOS REGISTROS

Formatadonasnormasdarevista CheckList

13

Odonata(Insecta)domunicípiodeovaXavantinaMatoGrosso:informaçãode distribuiçãodeespéciesenovosregistros

LenizeBatistaCalvão¹;PauloDeMarcoJúnior ²;JoséMaxBarbosaJúnior 3eJoanaDarcBatista 4

¹,3ProgramadePósGraduaçãoemEcologiaeConservação,UniversidadedoEstadodoMatoGrosso,Cx. P.08,CEP78.690–000.NovaXavantina,MatoGrosso,Brasil,email:[email protected]

2LaboratóriodeEcologiaTeóricaeSíntese,DepartamentodeEcologia,UniversidadeFederaldeGoiás, CEP74.001970.Goiânia,Goiás,Brasil,email: [email protected]

4DepartamentodeCiênciasBiológicas,UniversidadedoEstadodeMatoGrosso,Cx.P.08,CEP78.690 000.NovaXavantina,MatoGrosso,Brasil,email: [email protected]

RESUMO : Os Odonata são encontrados em todos os ambientes de água doce, representando uma faunabastante rica e diversa nos ecossistemas aquáticos tropicais. AtualmentenoBrasilhácercade800espéciesdescritasparaordem,massomente29% do território brasileiro apresentam dados de riqueza para esse grupo, a carência de inventáriospareceseroaspectodeterminanteparaafaltaderegistrodeespéciesdesse grupo.Diantedisso,nossoobjetivoéoferecerumalistadeespéciescominformaçãode distribuiçãoenovosregistros,delibélulascoletadasemnovecórregosdomunicípiode Nova Xavantina, Mato Grosso – Brasil. Utilizamos o método de varredura em áreas fixas,conduzindoaamostragembiológicadurantetrêsdiasemcadariachoentre10:00 e 14:00 h. Coletamos um total de 1,065 espécimes de libélulas, distribuídos em 66 espécies,oquerepresenta8%dafaunajáregistradaparaoBrasile13registrosnovos paraomunicípiodeNovaXavantinaMT,Brasil.

Palavraschave: Inventário,Novosregistros,Odonata,MatoGrosso.

14

ITRODUÇÃO

Atualmente a Ordem Odonata possui cerca de 6000 espécies de libélulas descritas no mundo (Trueman 2007), mas devido à falta de conhecimento da odonatofauna,estimasequejáexistam7000espécies(Kalkmanetal.2008).Aregião Neotropical apresenta mais de 1600 espécies já descritas(Pinto&Carvalho2009),e apenas duas subordens de Odonata estão presentes no Brasil, os Anisoptera e os Zygopteracomcercade800espéciesregistradas(Souzaetal.2007)oquecompreende a50%dafaunaneotropical,dasquais220sãoendêmicasdessamesmaregião(Paulson 2004).ConsiderandoqueoBrasiléomaiorpaísdaAméricadoSul,essenúmerode espécies pode ser bem maior, uma vez que somente 29% do território brasileiro apresentamdadosderiquezaparaasespéciesdeOdonata(DeMarco&Vianna2005).

AOrdemOdonataérepresentadaporinsetosanfibióticos,deestágioimaturo aquáticoeadultoterrestre/aéreo.Sãoencontradosemtodosostiposdeáguadoce,em lagos,riosecórregos,tropicaisetemperados(Corbet1999).OsAnisopterasãoinsetos robustos,conspícuoseapresentamàbasedasasasdissimilares,enquantoosZygoptera sãomenosrobustoseapresentamsimilaridadenabasedasasas,emgeralosAnisoptera possuemmaisregistrosdosqueosZygoptera(DeMarco&Vianna2005;Corbet1999). Osmachosadultosdealgumasespécies,emgeral,defendemterritóriosemtornodos cursosd’água(Resende2010).Diantedacomplexidadeemseuciclodevida,diversos autorestêmapontadoàimportânciadogrupoemestudosdeavaliaçãoemonitoramento dascondiçõesdosambienteshídricos(Oertli2008;Silvaetal.2010).

A falta de conhecimento taxônomico e biogeográfico das espécies, denominadodeficiênciasLineanaseWallaceanas(Whittakeretal2005),éamplamente reconhecidacomoumproblemarealquelimitaacapacidadedeestabelecerestratégias eficazes de conservação de espécies para a maioria dosgruposemsistemastropicais (Leite et al. 2008; Whittaker et al. 2005; Diniz et al. 2010), além de dificultar a compreensãodeaspectosglobaisquedeterminamabiogeografiadasespécies(Dinizet al. 2010). No entanto, ressaltase a necessidade de desafiar criativamente essas limitações,sejapelousodenovastécnicascomoamodelagemdedistribuiçãopotencial (e.g. Almeida et al. 2010), ou pela concentração de esforços de coleta em áreas que representam lacunas de conhecimento (Diniz et al. 2010). Muitas das regiões do

15

Cerradosãoatualmenteapontadascomovaziosdecoleta,incluindoogrupoOdonata (DeMarco&Vianna,2005). Emboranosúltimosanostenhamaumentadoonúmerode registrosdeoutrostaxaparaoestadodoMatoGrosso(Shimanoetal.2010;Shimanoet al.2011;Shimanoetal.2010;Nogueira&Cabette2011;DiasSilvaetal.2010;Salles etal.2010;Salles&Batista2004;Sallesetal.2004;Polegatto&Batista2007),para ordem Odonata essa lacuna de conhecimentos ainda persiste (De Marco & Vianna 2005).Assim,nossoobjetivoéapresentarumalistadeespéciesdeadultosdeOdonata, coletadosnoscórregos doCerradonomunicípiodeNova XavantinaMT, mostrando novosregistroseinformaçõesdedistribuiçõesdasespécies.

PROCEDIMETOSMETODOLÓGICOS

Áreadeestudo

Coletamos os adultos de Odonata em nove córregos, afluentes da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Antártico e Bacia Hidrográfica do Rio Píndaíba, ambas pertencentesàBaciadoRiodasMortesnomunicípiodeNovaXavantina,regiãoleste doEstadodoMatoGrosso–Brasil(Tabela1eFigura1).

Tabela 1. Locais, coordenadas geográficas e estado de conservação dos córregos amostrados.

Locais Coordenadasgeográficas Estadodeconservação CórregodoBacaba 14°43’3,4”Se52°21’48,3”W Preservado CórregoBuriti 14°45’01,4’’Se52°33’14,4’’W Preservado CórregoChupador 14°50’08,7’’Se52°30’03,7’’W Preservado CórregoDuílio 14°48’21,1’’Se52°30’08,3’’W Preservado CórregoSucuri 14°49’02”Se52°29’20”W Preservado CórregoBuritizinho 14°46’'10,91”Se52°21’25,90"W Alterado CórregoCaveiraNX 14°40’58’’Se52°23’36’’W Alterado CórregoEsperança 14°44’2’’Se52°25’25’’W Alterado CórregoMurtinho 14°41’0.21’’e52°19’4,84’’W Alterado

16

AregiãoestudadapossuivegetaçãopredominantetípicadoBiomaCerrado,o climaétropicalúmidocaracterizadocomo Aw segundoaclassificaçãode Köppen ,com duasestaçõesdistintas:umperíodochuvoso(outubroamarço)eumperíodoseco(abril a setembro), com temperatura média anual de 24,77°C e precipitação de 1,500 mm (Klink&Machado2005).Aprincipalatividadeeconômicadaregião éapecuáriade corteeagricultura(Alencaretal.2004).

17

Figura 1 . Locais amostrados na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Antártico (os quatro pontosàesquerda),eaBaciadoRioPindaíba(oscincopontosàdireita).

18

Amostragembiológica

ColetamososadultosdaordemOdonata,nosmesesdeabrileagostode2011, usandoométododevarreduraemáreasfixas(scan )(DeMarco&Resende2002;De Marco&Vital2007).Demarcamostransectosde100mparalelosàmargemdireitados córregos,ecadaumdelessubdivididoem20segmentosdecincometros.Coletamosas libélulascomoauxíliodeumaredeentomológica,durantetrêsdiasemcada córrego entre10:00e14:00h.Parafixaçãoeacondicionamentodosespécimesbaseamonosna metodologiadeLencioni(2005).Omaterialbiológicoencontraseinseridonacoleção Zoobotânica “James Alexander Ratter”, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Nova, Laboratório de Entomologia, Departamento de Biologia, Nova XavantinaMT, Brasil. Para identificação utilizamos chaves especializadas(Borror1942;Garrisonetal.2006;Lencioni2005;Lencioni2006).

RESULTADOSEDISCUSSÃO

Coletamos um total de 1065 espécimes de libélulas, distribuídos em seis famílias de Zygoptera (n=736): Calopterygidae (n=85), Coenagrionidae (n=611), Dicteriadidae(n=1),Perilestidae(n=3),Polythoridae(n=2)eProtoneuridae(n=34).A subordemAnisopterafoirepresentadaapenaspelafamíliaLibellulidae(n=329)(Tabela 2).Registramos66espécies,oquerepresenta8%dafaunajáregistradaparaoBrasil, destetotal,13sãoregistrosnovosparaomunicípiodeNovaXavantinaMT,Brasil.

A família Libellulidae se mostrou bastante diversa, possivelmente devido à capacidadededispersãoehabilidadedetermorregular(May1991;May1979).Dentre os Zygoptera a família Coenagrionidae foi a que apresentou maior número de indivíduos, representados principalmente pelo gênero Argia (Rambur, 1842), esse gêneroébemdistribuídoemtodooNovoMundo,comgrandediversidadenaregião neotropical (Caesar & Wenzel 2009), provavelmente devido ao comportamento dos

19

indivíduos desta família como oviposição endofítica e hábito escalador dos imaturos (Fulan&Henry2007).

Emboranosúltimosanostenhamaumentadoonúmerodeestudosabordando temascomportamentaisparaespéciesdaordemOdonata(Resende2010;Resende&de Marco 2010), seleção de microhábitat (De Marco 1998), efeito do ambiente nas comunidadesdeOdonata(FerreiraPeruquetti&DeMarco2002)etermorregulação(De Marco &Resende2002;DeMarcoetal.2005),acarênciadeestudosdeinventários paraaordemOdonatanoMatoGrosso,jámencionadoporDeMarcoeViana(2005), ainda parece ser o aspecto determinante para a falta de registro das espécies. Além disso, a falta de conhecimento de seus padrões biogeográficos e potencialidades de endemismorepresentaumproblemanoprocessodeescolhadeespéciesbioindicadoras.

Oxyagrion (Selys,1876)contém23espéciescomocorrênciaparaAméricado Sul, sendo que 18 ocorrem no Brasil (Dalzochio & Rodrigues 2009). O gênero Oligoclada Karsch,1890édistribuídoprincipalmentenaAméricadoSul,commaior riquezanaregiãoAmazônica.Recentementeaespécie Oligocladaxanthopleura Borror, 1931foiregistradanosestadosdoParáeMatoGrosso (Pinto & Lamas 2011). Esse aumento substancial de novos registros deve se ao fato do aumento de esforços de coletas em diversas regiões do Brasil. Entretanto, alguns gêneros como Argia, Acanthagrion e Telebasis abriga uma quantidade enorme de espécies coletadas e depositadasemcoleçõesentomológicas,masqueainda não foram descritas (Paulson 2009).

Esteestudocontribuiparaoconhecimentodacomposiçãodaodonatofaunado municípiodeNovaXavantina,MT–Brasil,bemcomooregistrodeumnovogênero queestásendodescritoporLencioni,F.A.A.(Informaçãopessoal). ovosRegistros:

Erythrodiplax amazonica Sjöstedt,1918 MaterialExaminado:2 ♂ [n°9913,9916](aseco)MatoGrosso:municípiodeNovaXavantina,córregoBuriti 28/VII/2011 e 29/VII/2011, 14°45’01,4’’S e 52°33’14,4’’W, Col.; Calvão,L.B. e Oliveira,Jr.J.M.BeCastro,L.A.eCalvão,L.B.

20

Distribuição:Trinidad&Tobago,Guiana,GuianaFrancesa,Peru,Venezuela,AM,PA ROeMT.(novoregistro). Esta espécie em particular utiliza folhas iluminadas pelo sol, em riachos tropicais menos alterados, sua larva é descrita (Garrison etal.2006;Heckman2006; Lencioni2006;Lozanoetal.2011).

Erythrodiplax juliana Ris,1911 MaterialExaminado:19♂ [n°7707,7716,7719,7720,7723,7793,7795,7802,7803,7818,7819,7829,7880,8017,8920, 8921,8973,9020,9912](aseco)MatoGrosso:municípiodeNovaXavantina,córregos: Buriti e Sucuri, 27/IV/2011, 28/IV/2011, 29/IV/2011, 01/V/2011, 04/V/2011, 05/V/2011,09/V/2011e29/VII/2011,14°45’01,4’’Se52°33’14,4’’We14°49'02"Se 52°29'20"W,Col.;Batista,J.D.eCastro,L.A.eCalvão,L.B.eOliveira,Jr.J.M.B. Distribuição:Colômbia,Venezuela,Peru,Bolívia,Argentina,AM,MG,ES,SP,TOe MT.(novoregistro). Esse gênero é bem distribuído na região Neotropical com 56 espécies registradas,tantoemambienteslênticosquantolóticos. Esta espécie possui sua larva descrita (Garrison et al. 2006; FerreiraPeruquetti & De Marco 2002; Lozano et al. 2011).

Oligoclada abbreviata (Rambur,1842) MaterialExaminado:4♂ [n° 9445,9630,9637,9647] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córregoEsperançaeCaveiraNX11/V/2011Col.;Calvão,L.B.eOliveira,Jr.J.M.B. Distribuição:Equador,Peru,Venezuela,Guiana,GuianaFrancesa,SurinameeAM, RO,PA,RR,MG,SP,RJ,ES,BA,PEeMT(novoregistro).

Conhecidaanteriormentecomo O.raineyi (Pinto&Lamas2011),essegênero ébemdistribuídonaAméricadoSulcomaltadiversidadenaregiãoAmazônica(Borror 1931).Osadultosdessegrupoécompostoporespéciesazulados,encontradosaolongo doscanaisderiachos,poçaselagos(Garrisonetal.2006).

21

Planiplax phoenicura Ris,1912 MaterialExaminado:2♂ [n° 9141,9181] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Buritizinho04/V/2011, 14°46’10.91”Se52°21’25.90”W,Col.;Calvão,L.B.eOliveira, Jr.J.M.B. Distribuição: América Central, Trinidad & Tobago, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Suriname,MG,ES,SP,RJ,eMT.(novoregistro). Excepcionais voadores as espécies desse gênero vivem em poças com vegetaçãomarginal(Garrisonetal.2006).

Gynothemis pumila karsch,1890 Materialexaminado:1♂ [n° 7881] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Duílio 01/V/2011,14°48’21,1’’Se52°30’08,3’’W,Col.;Batista,J.D.eCastro,L.A. Distribuição:Colômbia,Guiana,GuianaFrancesa,Peru,VenezuelaTrinidadeTobagoe MT(novoregistro). Osadultosdessaespécievoamaumaalturadacabeçaemclareirasdafloresta(Garrison etal.2006).

Acanthagrion abunae Leonard,1977 Materialexaminado:1♂ [n ° 9891] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Buriti 29/VII/2011,14°50’08,7’’Se52°30’03,7’’W,Col.; Calvão,L.B.eOliveira,Jr.J.M.B. Distribuição:Guiana,Paraguai,RondôniaeMT(novoregistro). GêneroNeotropicalcom39espéciesdescritasdasquais22ocorremnoBrasil(Lencioni 2006;vonEllenrieder&Lozano2008).

Acanthagrion minutum Leonard,1977 MaterialExaminado:9 ♂

22

[n°9150,9162,9192,9201,9204,9213,9241,9343,9349] (aseco)MatoGrosso:município de Nova Xavantina, córrego Buritizinho 04/V/2011, 05/V/2011 e 06/V/2011, 14°46’10,91”Se52°21’25,90”W,Col.;Calvão,L.B.eOliveira,Jr.J.M.B. Distribuição:Peru,Bolívia,VenezuelaeSP,eMT(novoregistro).

Hetaerina curvicauda Garrison,1990 MaterialExaminado:2♂ [n°8971,9073](aseco)MatoGrosso:municípiodeNovaXavantina,córregoMurtinho 04/V/2011e06/V/2011, 14°41’0,21’’e52°19’4,84’’W,Col.;Calvão,L.B.eOliveira, Jr.J.M.B. Distribuição:Peru,Bolívia,ROeMT.(novoregistro). As espécies desse gênero tem sido bons modelos para estudos de territorialidade dos machos e comportamento reprodutivo (GuillermoFerreira & Del Claro 2011). Entretanto, pouco se sabe sobre o comportamento e a distribuição geográficadestaespécie.

Oxyagrion sulmatogrossense Costa,Souza&Santos,2000 Materialexaminado:1 ♂ [n° 9872] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Buriti 28/VII/2011,14°45’01,4’’Se52°33’14,4’’W,Col.;Castro,L.A.eCalvão,L.B. Distribuição:MS,PReMT(novoregistro) Algumasespéciesdessegênerosãoencontradasemambientescomágualímpida(Costa etal.1984).

Protoneura tenuis Selys,1860 MaterialExaminado:4 ♂2♀ [n° 7800,8934,9857,10216] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córregos Chupador, Buriti e Bacaba 28/IV/2011; 09/V/2011, 28/VII/2011 e 09/VIII/2011, 14°45’01,4’’S e 52°33’14,4’’W e 14°43’3,4”Se 52°21’48,3”W, Col.; Batista,J.D. e Castro,L.A.; Calvão,L.B. e Oliveira, Jr.J.M.B.; e Castro,L.A e Calvão,L.B. 23

Distribuição:Trinidad&Tobago,Venezuela,Peru,PA,RO,eMT.(novoregistro).

Telebasis coccinea (Selys,1876) MaterialExaminado:1 ♂ [n° 9004] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Murtinho 05/V/2011, 14°41’0,21’’e52°19’4,84’’W,Col.;Calvão,L.B.e Oliveira,Jr.J.M.B. Distribuição:Paraguai,BA,MG,TOeMT.(novoregistro). Telebasis (Selys,1865) apresentam 57 espécies distribuídas na região Neotropical,dessas25sãoregistradasparaoBrasil(Machado2010).

Telebasis gigantea Daigle,2000 MaterialExaminado:3♂ [n° 9883,9884,9885] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Buriti28/VIII/2011,14°45’01,4’’Se52°33’14,4’’W,Col.;Castro,L.A.eCalvão,L.B. Distribuição: BolíviaeBrasil(novoregistro). Algumas espécies desse gênero são encontradas em ambientes menos alterados, possivelmente pelo fato de seus imaturos apresentarem hábito escalador (Fulan&Henry2007).

Tuberculobasis inversa (Selys,1876) MaterialExaminado:1 ♂ [n° 8970] (a seco) Mato Grosso: município de Nova Xavantina, córrego Murtinho, 04/V/2011,14°41’0.21’’e52°19’4,84’’W,Col.;Calvão,L.B.e Oliveira,Jr.J.M.B. . Distribuição:AM,PA,RO,eMT.(novoregistro). Anteriormentedescritocomo Leptobasis Selys,1877,éregistradoparaAmérica doSuleCentral,noentanto,poucoconhecido(Machado2009).OregistronoBioma Cerrado para a espécie Tuberculobasis inversa corrobora o modelo já proposto por Almeidaetal.(2010).AnteriormenteregistradaapenasnoAmazonas,ParáeRondônia (Machado2009).

24

Tabela 2. Check list de Odonata registrados nos córregos do município de Nova Xavantina,MTBrasil,esuadistribuiçãonaregiãoNeotropicalenoBrasil. Espécies Ocorrência*

AISOPTERA eotropical Brasil Libellulidae Diastatopsintensa Peru, Paraguai, Argentina e PA,MT,MS,SP,RJeRS. Montgomery,1940 Uruguai.

Diastatopsobscura (Fabricius, Colômbia,Venezuela, PA,RR,MG,MA,BA,MT,MS, 1775) Guiana,Guiana,Francesa, ES,SP,RJ,TOeRN. Peru,Bolívia,Paraguaie Argentina. Dythemismultipunctata Kirby, Venezuela,Colômbia,Guiana MT,ES,RR,RJ,MS,SPeSC. 1894 Francesa,ArgentinaePeru.

Elasmothemiscannacrioides AmericaCentral,Trinidad& MT,MG,ES,RR,RJeSP. (Calvert,1906) Tobago,Colômbia, Equador,Peru,Venezuela, GuianaFrancesaeArgentina.

Erythrodiplaxamazonica Trinidad&Tobago,Guiana, AM,PA,ROeMT(novoregistro). Sjostedt,1918 GuianaFrancesa,Perue Venezuela.

Erythrodiplaxbasalis (Kirby, Colômbia,Argentina, RO,ES,RR,AM,MA,PA,MT, 1897) Venezuela,Peru, MS,SPeRJ. Equador,GuianaeGuiana Francesa. Erythrodiplaxfusca (Rambur, AmericaCentral,Colômbia, AM,PA,RO,RN,BA,ES,MG, 1842) Equador,Peru,Venezuela, SP,RJ,SC,RS,MTeMS. Guiana,GuianaFrancesa, Suriname,Bolívia,Paraguai, México,UruguaieArgentina.

Erythrodiplaxjuliana Ris,1911 Colômbia,Venezuela,Peru, AM,RJ,MG,ES,TO,SPeMT BolíviaeArgentina. (novoregistro). Erythrodiplaxlatimaculata (Ris, Venezuela,Guiana,Argentinae MG,BA,RJ,SP,AMeMT. 1911) Bolívia.

Erythrodiplaxochracea Argentina,ParaguaieBolívia. BA,MG,ES,SP,RJ,MTeMS. (Burmeister,1839)

25

Tabela2Continuação... Espécies Ocorrência*

AISOPTERA eotropical Brasil Libellulidae Erythrodiplaxparaguayensis Argentina,Paraguai,Guiana, MG,RJ,RR,MA,SP,RS,MTe (Förster,1904) Suriname,BolíviaeVenezuela. MS.

Gynothemispumila karsch, Colômbia,Guiana,Guiana MT(novoregistro). 1890 Francesa,Peru,Venezuela TrinidadeTobago. Macrothemishemichlora AméricaCentral,Trinidad& RJ,ES,PR,SC,RS,MT,MS,GO (Burmeister,1839) Tobago,Colômbia,Equador, eSP. Peru,Venezuela,Suriname, GuianaFrancesaeArgentina.

Micrathyriaatra (Martin,1897) AméricaCentral,Trinidad& MT,PA,AM,BA,PE,ES,RJe Tobago,Equador,Peru, AP. Venezuela,Suriname,Guiana, GuianaFrancesaeArgentina.

Micrathyriahesperis Ris,1911 VenezuelaeArgentina. PA,PI,CE,PE,BA,ES,MG,RJ, SP,PR,SC,RS,GO,MTeMS.

Micrathyriapirassunungae DF,GO,ES,MG,RJ,SPeMT. Santos,1953

Micrathyriaspuria (Selys, Venezuela,ParaguaieArgentina. PR,RR,RJ,SP,MG,MTeMS. 1900) Oligocladaabbreviata Equador,Peru,Venezuela, AM,RO,PA,RR,MG,SP,RJ,ES, (Rambur,1842) Guiana,GuianaFrancesae BA,PEeMT(novoregistro). Suriname.

Oligocladawalkeri Geijskes, Trinidad&Tobago,Guiana, PA,ESeMT. 1931 GuianaFrancesa,Peru, Venezuela,EquadoreSuriname. Oligocladaxanthopleura AM,PAeMT. Borror,1931 Orthemisdiscolor (Burmeister, AméricaCentral,Colômbia, RJ,ES,MA,SP,MG,MTeMS. 1839) Venezuela,GuianaFrancesa, Guiana,Suriname,Equador, Peru,Bolívia,Paraguai,Chile, ArgentinaeUruguai. 26

Tabela2Continuação... Espécies Ocorrência*

AISOPTERA eotropical Brasil Libellulidae Perithemiselectra Ris,1930 AméricaCentral,Trinidad&Tobago,Colômbia, MTeES. Equador,Peru,Venezuela,GuianaFrancesa, ParaguaieBolívia.

Perithemislais (Perty,1834) Trinidad&Tobago,Colômbia,Equador, SP,ES,RR,MA, Peru,Venezuela,Guiana,GuianaFrancesa,Bolíviae PA,AM,MTe Argentina. MS.

Perithemismooma Kirby,1889 México,AméricaCentral,Colômbia,Equador,Peru, MG,ES,SP,RJ, Venezuela,Guiana,GuianaFrancesa,Bolívia, SC,MSeMT. Paraguai, ArgentinaeUruguai.

Perithemisthais Kirby,1889 CostaRica,Trinidad&Tobago,Equador,Peru, SP,RJ,ES,PA, Venezuela,Guiana,GuianaFrancesa, AM,MTeMS. Paraguai?EArgentina.

Planiplaxphoenicura Ris,1912 AméricaCentral,Trinidad&Tobago,Venezuela, MG,ES,SP,RJ Guiana, eMT(novo GuianaFrancesaeSuriname. registro).

Uracissiemensi Kirby,1897 Equador,Colômbia, PA,AM,RO, Peru,Venezuela, MT,MA,GO, GuianaFrancesaeSuriname. MGeSP. ZYGOPTERA Calopterigydae

Hetaerinacurvicauda Garrison, PerueBolívia. ROeMT(novo 1990 registro). PA,ROeMT. Hetaerinalaesa HageninSelys, Peru,Venezuela,Guiana,SurinameeGuiana 1853 Francesa. Peru,Bolívia,Paraguai, RO,ES,MG,RJ, Hetaerinarosea Selys,1853 UruguaieArgentina. SP,RS,MT,MS eBA.

27

Tabela2Continuação... Espécies Ocorrência*

ZYGOPTERA eotropical Brasil Calopterigydae Hetaerinawestfalli Rácenis, AM,RR,ROe 1968 Venezuela. MT.

Mnesareteguttifera ParaguaieArgentina. MG,MT,GO, (Selys,1873) SP,BA,DFePR. Coenagrionidae

Acanthagrionabunae Guiana,ParaguaieRondônia. MT(novo Leonard,1977 registro)

Acanthagrionapicale Selys, Venezuela,Guiana,GuianaFrancesa,Colômbia, PA,AM,MT, 1876 Equador,PerueBolívia. MSeRO.

Trinidad&Tobago, SC,AM,MS, Acanthagrionascendens Colômbia,Venezuela, AP,SP,GO,MT Calvert,1909 Guiana,Suriname,Equador, eRO. Peru,ParaguaieArgentina.

Acanthagrionchacoense Venezuela,PerueBolívia. MSeMT. Calvert,1909

Acanthagriongracile (Rambur, México,AméricaCentral,Colômbia, BA,ES,SP,RJ, 1842) Equador,Peru,Bolívia,Paraguai,Uruguaie RS,MSeMT. Argentina.

Acanthagrionminutum Leonard, Peru,Bolívia,VenezuelaeArgentina. SPeMT(novo 1977 registro). Acanthagriontemporale Selys, ArgentinaeVenezuela. RR,ES,BA, 1876 MG,SPeMT.

Acanthagriontruncatum VenezuelaeGuiana. MT,MG,SPe Selys,1876 TO.

Argiachapadae Calvert,1909 MTeTO.

Argiahasemani Calvert,1909 Argentina. AM,BAeMT.

28

Tabela2Continuação...

Espécies Ocorrência*

ZYGOPTERA eotropical Brasil Coenagrionidae Argialilacina Selys,1865 Paraguai,UruguaieArgentina. MT,ES,MG, TOeSP.

Argiamollis HageninSelys, Bolívia,ParaguaieArgentina. AM,RO,MT, 1865 MGeSP.

Argiareclusa Selys,1865 Argentina,BolíviaeParaguai. PA,AM,MG, SP,RSeMT.

Argiasmithiana Calvert,1909 Bolívia. MT,MGeGO.

Argiasubapicalis Calvert,1909 Bolívia. MTeMA.

Argiatinctipennis Selys,1867 Peru. AMeMT

Cyanallagmaferenigrum De MTeTO. Marmels,2003

Ischnuracapreolus Colômbia,Equador,Peru,Venezuela,Trinidad& PA,PE,BA,MT, (Hagen,1861) Tobago,Guiana,Suriname,GuianaFrancesa, ES,RJ,SPeRS. ParaguaieArgentina.

Ischnurafluviatilis Selys,1867 Argentina,Chile,Bolívia,Paraguai,Uruguai, PA,MG,ES, VenezuelaeGuianaFrancesa MA,RJ,SP,RS eMT

Homeouranepos (Selys,1876) Peru,Bolívia,Venezuela,GuianaFrancesae AM,PAeMT. Paraguai. Gêneronovo QuerênciaMT. 29

Tabela2Continuação...

Espécies Ocorrência*

ZYGOPTERA eotropical Brasil Coenagrionidae Oxyagrionchapadense Costa, ArgentinaeParaguai. BA,GO,MG, 1978 SP,PReMT. Oxyagrionsulmatogrossense MS,PReMT Costa,Souza&Santos,2000 (novoregistro).

Oxyagrionfernandoi Costa, MT. 1988 Telebasiscoccinea (Selys,1876) Paraguai. BA,TO,MGe MT(novo registro)

Telebasisgigantea Daigle,2000 Bolívia. MT(novo registro).

Tigriagrionaurantinigrum Argentina,ParaguaieBolívia. Calvert,1909 MT,MGeSP.

Tuberculobasis inversa AM,PA,ROe MT(novo (Selys,1876) registro). Dicteriadidae amazona Selys, Colômbia,Equador,Peru,Venezuela,Guiana, SP,ES,MG,GO 1853 Suriname,GuianaFrancesa,ParaguaieArgentina. eMT.

Perilestidae Perilestessolutus Williamsom Venezuela RR,RO,MTe &Williamsom,1924 PA. Polythoridae Chalcopteryxrutilans (Rambur, Peru,ArgentinaeBolívia. 1842) 30

Tabela2Continuação... Espécies Ocorrência*

ZYGOPTERA eotropical Brasil Protoneura Epipleoneurametallica Rácenis, Venezuela. MT,ES,TOe 1955 MA.

eoneurasylvatica Hagenin Venezuela,ArgentinaeBolívia. BA,MG,RJ,SP, Selys,1886 RO,TO,MSe MT. PA,ROeMT Protoneuratenuis Selys,1860 Trinidad&Tobago,VenezuelaePeru. (novoregistro). * Abreviatura dos Estados brasileiros: AM = Amazonas; BA=Bahia; CE=Ceará; Distrito Federal=DF; ES=Espírito Santo; GO=Goiás; MA=Maranhão; MT=Mato Grosso; MS = Mato Grosso do Sul; MG = MinasGerais;PA=Pará;PB=Paraíba;PR=Paraná;PE=Pernambuco;PI=Piauí;RJ=RiodeJaneiro; RN=RioGrandedoNorte;RS=RioGrandedoSul;RO = Rondônia; RR = Roraima; SC = Santa Catarina;SP=SãoPauloeTO=Tocantins.*BaseamosnosparaaocorrênciadosOdonatanosseguintes autores:(Heckman2008;Heckman2006;Garrisonetal.2006;Lencioni2006;Lencioni2005;Irusta& Araujo2006;Garrison2009;Pinto&Lamas2011;Dalzochioetal.2011a;DeMarco2008;Dalzochioet al.2011b;Assisetal.2004;Dalzochio&Rodrigues2009;vonEllenrieder&Muzon2008;Machadoet al.1991;Costa&Oldrini2005;AnjosSantos&Costa2006;Costa&Santos2009;Borror1931;Juen& DeMarco2011;GonzálezSorianoetal.2008;FerreiraPeruquetti&DeMarco2002;DeMarcoetal. 2005;Muzónetal.2008;PalacinoRodríguez2009;Pintoetal.2012;Côrtesetal.2011).

Emgeral,oconhecimentoecológicoetaxonômicodabiodiversidadedafauna aquática éessencialparaomonitoramentoe avaliaçãodossistemashídricoseparao estabelecimentodeaçõeseficazesdeconservação.Assim,o checklist aquiapresentado contribui com informações importantes que subsidiará os pesquisadores em futuros estudosdedistribuiçãodasespéciesdessegrupo.

Agradecimentos

Nós agradecemos ao Frederico A. A. Lencioni pela confirmação da identificação das espécies. À FAPEMAT, Proc. nº 465866/2009eaoCNPq,Proc.nº 162309/20112 (PELD), pelas bolsas Pósdoc de J.D. Batista, e PROCAD/UNEMAT/UNB 109/2007,pelo fomento aosprojetosebolsas.Oprimeiro autorégratopelabolsadeMestradoCAPESeaoLaboratóriodeEntomologiadeNova Xavantina(ProfessoraHelenaS.R.Cabetteeestagiários)pelosuportelaboratorialeao

31

BiólogoLourivaldoA.deCastropeloauxílioemcampo.P.DeMarco,éfinanciadopor umasequênciadebolsasdeprodutividadedoCNPq.

REFERÊCIAS

Alencar,A.,D.Nepstad,D.McGrath,P.Moutinho,P.Pacheco,M.D.C.V.Diaz&B. S. Filho, 2004. Desmatamento na Amazônia: indo além da "emergência crônica", InstitutodePesquisaAmbientaldaAmazônia,Belém,85pp.

Almeida,M.C.,L.G.Côrtes&P.J.DeMarco,2010.Newrecordsandanichemodel for the distribuition of two Neotropical damselflies:Schistolobos boliviensis and Tuberculobasis inversa (Odonata: Coenagrionidae), Insect Conservation and Diversity 15.

AnjosSantos,D.&J.M.Costa,2006.Arevisedchecklist of Odonata (Insecta) from Marambaia,RiodeJaneiro,Brazilwitheightnewrecords,Zootaxa3750.

Assis,J.C.F.,A.L.Carvalho&J.L.Nessimian,2004.Composiçãoepreferênciapor microhabitatdeimaturosdeOdonata(Insecta)emumtrechodebaixadadorioUbatiba, MaricáRJ,Brasil,RevistaBrasileiradeEntomologia48:273282.

Borror, D. J., 1931. The genus Oligoclada (Odonata), University of Michigan MiscellaneousPublications22.

Borror,D.J.,1942.ArevisionoftheLibellulinaegenusErythrodiplax(Odonata),The OhioStateUnivesityColumbus.

Caesar,R.M.&J.W.Wenzel,2009.APhylogeneticTestofClassicalSpeciesGroups inArgia(Odonata:Coenagrionidae),EntomologicaAmericana115:97108.

Corbet,P.S.,1999.Dragonflies:behaviorandecologyofOdonata,ComstockPubl. Assoc.,Ithaca,NY,829pp.

Côrtes,L.G.,M.C.Almeida,N.S.Pinto&P.DeMarco, 2011. Fogo em Veredas: Avaliação de impactos sobre comunidades de Odonata (Insecta), Instituto Chico MendesdeConservaçãodaBiodiversidade128145.

Costa, J. M., J. Jurberg & W. De Souza, 1984. Contribuição ao conhecimento da morfologia de Oxyagrion terminale Selys, 1876 com um estudo sobre a genitália externa(Odonata,zygoptera,coenagrionidae),MemoriasdoInstitutoOswaldoCruz79: 273292.

32

Costa,J.M.&B.B.Oldrini,2005.DiversidadeedistribuiçãodosOdonata(Insecta)no EstadodoEspíritoSanto,Brasil,Publ.Avul.Mus.Nas.115.

Costa, J. M.& T. C. Santos, 2009. Description of the larva of Orthemis schmidti (Odonata,Libellulidae),Iheringia(SerieZoologia)99:129131.

Dalzochio,M.S.,J.M.Costa&M.A.Uchoa,2011a.DiversityofOdonata(Insecta)in lotic systems from Serra da Bodoquena, Mato Grosso do Sul State, Brazil, Revista BrasileiradeEntomologia55:8894.

Dalzochio, M. S.& M. E. Rodrigues, 2009. Descrição da larva de último estádio de Oxyagrion sulmatogrossense Costa, Souza & Santos (Odonata, Coenagrionidae), EntomoBrasilis2:7375.

Dalzochio,M.S.,L.O.I.Souza,M.A.Uchoa&J.M.Costa,2011b.Firstrecordsof Odonata (Insecta) from the Bodoquena Mountains, Mato Grosso do Sul, Brazil, EntomoBrasilis4:135138.

De Marco, P.& D. C. Resende, 2002. Activity patterns and thermoregulation in a tropicaldragonflyassemblage,Odanotologica3:129138.

DeMarco,P.&M.V.C.Vital,2007.Ecologyof Tigriagrionaurantinigrum Calvertin response to variations in environmental conditions (Zygoptera: Coenagrionidae), Odanotologica37:111.

De Marco, P. Jr., 1998. The Amazonian Campina dragonfly assemblage: patterns in microhabitatuseandbehaviorinaforaginghabitat,Odonatologica27:239248.

De Marco, P. Jr., 2008. Libellulidae (Insecta: Odonata) from Itapiracó reserve, Maranhão,Brazil:newrecordsandspeciesdistributioninformation,ActaAmazônica 38:819822.

DeMarco,P.Jr.,A.O.Latini&D.C.Resende,2005.Thermoregulatoryconstraintson behavior:patternsinaNeotropicaldragonflyassemblage,Neotrop.Entomol.34:155 162.

DeMarco,P.Jr.&D.M.Vianna,2005.DistribuiçãodoesforçodecoletadeOdonatano Brasil: subsídios para escolha de áreas prioritárias para levantamentos faunísticos, Lundiana6:1326.

DiasSilva,K.,H.S.R.Cabette,L.Juen&P.DeMarco,2010.Theinfluenceofhabitat integrity and physicalchemical water variables on thestructureofaquaticandsemi aquaticHeteroptera,Zoologia27:918930.

Diniz,J.A.F.,P.deMarco&B.A.Hawkins,2010.Defyingthecurseofignorance: perspectives in insect macroecology and conservation biogeography, Insect ConservationandDiversity3:172179.

33

FerreiraPeruquetti, P.& P. Jr. De Marco, 2002. Efeito da alteração ambiental sobre comunidadesdeOdonataemriachosdeMataAtlânticadeMinasGerais,Brasil,Revta bras.Zool.19:317327.

Fulan,J.A.&R.Henry,2007.TemporaldistributionofimmatureOdonata(Insecta)on Eichhornia azurea (Kunth) stands in the Camargo Lake, Paranapanema River, Sao Paulo,RevistaBrasileiradeEntomologia51:224227.

Garrison,R.W.,2009.Asynopsisofthegenus Telebasis (Odonata:Coenagrionidae), InternationalJournalofOdonatology12:1121.

Garrison,R.W.,N.V.Ellenrieder&J.A.Louton,2006.DragonflygeneraoftheNew World An illustrated and annotated key to the anisoptera, The Jonhs Hopkins UniversityPress,368pp.

GonzálezSoriano,E.,F.A.Noguera,S.ZaragozaCaballero,M.Á.MoralesBarrera,R. AyalaBarajas,A.RodríguezPalafox&E.RamírezGarcía,2008.Odonatadiversityin atropicaldry forestof Mexico,1.SierradeHuautla,Morelos,Odanotologica37:305 315.

GuillermoFerreira,R.&K.DelClaro,2011.ResourceDefensePolygynybyHetaerina rosea Selys (Odonata: Calopterygidae): Influence of Age and Wing Pigmentation, Neotrop.Entomol.40:7884.

Heckman, C. W., 2006. Encyclopedia of South American aquatic insects: Odonata AnisopteraIllustratedkeystoknownfamilies,genera, and species in South America, Instituteforhydrologyandfisheryscience,Hamburg,Germany,730pp.

Heckman, C. W., 2008. Encyclopedia of South American aquatic insects Odonata Zygoptera ,OlympiaWashington,USA,687pp.

Irusta, J. B.& A. Araujo, 2006. Reproductive behaviour of Diastatops obscura (Fabricius) in a riverine environment (Anisoptera : Libellulidae), Odonatologica 35: 289295.

Juen,L.&P.Jr.DeMarco,2011.Odonatebetadiversityinterrafirmeforeststreamsin Central Amazonia: On the relative effects of neutral and niche drivers at small geographicalextents,InsectConservationandDiversity4:265274. alkman,V.J.,V.Clausnitzer,K.D.B.Dijkstra,A.G.Orr,D.R.Paulson&J.VanTol, 2008.Globaldiversityofdragonflies(Odonata)infreshwater,Hydrobiologia595:351 363.

Klink, C. A.& R. B. Machado, 2005. A Conservação do Cerrado brasileiro, Megadiversidade1:19.

Leite,F.S.,F.A.Juncá&P.C.Eterovick,2008.Statusdoconhecimento,endemismoe conservação de anfíbios anuros da Cadeia do Espinhaço, Brasil, Megadiversidade 4: 158176.

34

Lencioni,F.A.A.,2005.DamselfliesofBrazil,anillustratedindentificationguide:I ThenonCoenagrionidaefamilies,AllPrintEditora,SãoPaulo,Brazil,324pp.

Lencioni,F.A.A.,2006.DamselfliesofBrazil,anillustratedindentificationguide:II Coenagrionidaefamilies,AllPrintEditora,SãoPaulo,Brazil.

Lozano, F., J. Muzón & A. D. Palacio, 2011. Description of final stadium larva of Erythrodiplax connata and E. basifusca and redescription of that of E. minuscula (Odonata:Libellulidae),InternationalJournalofOdonatology14:127135.

Machado, A. B. M., 2009. Denticulobasis and Tuberculobasis , new genera close to Leptobasis ,withdescriptionoftennewspecies(Odonata:Coenagrionidae),Zootaxa1 36.

Machado, A. B. M., 2010. Seven new species of Telebasis from Brazil (Odonata: Coenagrionidae),Zootaxa5364.

Machado,A.B.M.,H.G.Mesquita&P.A.R.M.Machado,1991.Contribuiçaoao conhecimento dos odonatos da estação ecológica de Maracá Roraima, Acta Amazônica21:159173.

May,M.L.,1979.Insectthermoregulation,Annu.Rev.Ent.24:313349.

May,M.L.,1991.Thermaladaptationsofdragonflies,revisited,Adv.Odonat.5:7188.

Muzón,J.,N.VonEllenrieder,P.Pessacq,F.Lozano,A.Garré,J.Lambruschini,L. Ramos&M.S.Munoz,2008.OdonatafromIberáwetlands (Corrientes, Argentina): preliminaryinventoryandbiodiversity,Rev.Soc.Entomol.Argent.67:5967.

Nogueira,D.S.&H.S.R.Cabette,2011.Novosregistros e notas sobre distribuição geográfica de Trichoptera Kirby, 1813 (Insecta) do Estado de Mato Grosso, Brasil, BiotaNeotropical11:347355.

Oertli,B.,2008.Theuseofdragonfliesintheassessment and monitoring of aquatic habitats.InA.CordobaAguilar(ed),Modelorganismsforecologicalandevolutionary researchOxfordUniversityPress,Oxford:7995.

PalacinoRodríguez, F., 2009. Dragonflies (Odonata: Anisoptera) of the collection of the instituto de ciencias naturales, Universidad Nacional de Colombia, Boletín del MuseodeEntomologíadelaUniversidaddelValle10:3741.

Paulson, D. R., 2004. Critical species of Odonata in the Neotropics, International JournalofOdonatology7:163188.

Paulson, D. R., 2009. A new species of Leptobasis from Costa Rica (Odonata: Coenagrionidae),Zootaxa6268.

Pinto, A. P.& A. L. Carvalho, 2009. On a small collection of dragonflies from Barcarena Municipality, Pará State, Brazil, with the rediscovery of Acanthallagma luteum Williamson&Williamson,BulletinofAmericanOdonatology11:1116.

35

Pinto,A.P.&C.J.E.Lamas,2011. Oligocladamortis sp.nov.fromRondôniaState, Brazil,anddistributionalrecordsofotherspeciesofthegenus(Odonata:Libellulidae), InternationalJournalofOdonatology14:291303.

Pinto,N.S.,L.Juen,H.S.R.Cabette&P.DeMarco,2012.FluctuatingAsymmetry andWingSizeofArgiatinctipennisSelys(Zygoptera:Coenagrionidae)inRelationto RiparianForestPreservationStatus,NeotropicalEntomology110.

Polegatto, C. M.& J. D. Batista, 2007. Hydromastodon sallesi , new genus and new species of Atalophlebiinae (Insecta: Ephemeroptera: Leptophlebiidae) from West and NorthofBrazil,andnotesonsystematicsof Hermanella group,Zootaxa1619:5360.

Resende, D. C., 2010. Residence advantage in heterospecific territorial disputes of Erythrodiplax Brauer species (Odonata, Libellulidae), Revista Brasileira de Entomologia54:110114.

Resende,D.C.&P.deMarco,2010.Firstdescriptionofreproductivebehaviorofthe Amazoniandamselfly Chalcopteryxrutilans (Rambur)(Odonata,Polythoridae),Revista BrasileiradeEntomologia54:436440.

Salles,F.F.&J.D.Batista,2004.Thepresenceof Varipes LugoOrtiz&McCafferty (Ephemeroptera: Baetidae) in Brazil, with the description of a new species, Zootaxa 456:16.

Salles,F.F.,J.D.Batista&H.S.R.Cabette,2004.Baetidae(Insecta:Ephemeroptera) de Nova Xavantina, Mato Grosso, Brasil: novos registros e descrição de uma nova espéciede Cloeodes Traver,BiotaNeotropica4:18.

Salles,F.F.,R.Boldrini,Y.Shimano&H.S.R.Cabette,2010.Reviewofthegenus Aturbina LugoOrtiz & McCafferty (Ephemeroptera: Baetidae), Ann. Limnol. EDP Sciences124.

Shimano,Y.,H.S.R.Cabette,F.F.Salles&L.Juen,2010.Composiçãoedistribuição dafaunadeEphemeroptera (Insecta) emáreadetransiçãoCerradoAmazônia,Brasil, Iheringia100:301308.

Shimano,Y.,F.F.Salles&H.S.R.Cabette,2011.Ephemeroptera(Insecta)ocorrentes noLestedoEstadodoMatoGrosso,Brasil,BiotaNeotropical11:239253.

Silva, D. P., P. de Marco & D. C. Resende, 2010. Adult odonate abundance and community assemblage measures as indicators of stream ecological integrity: A case study.,Ecol.Indic.10:744752.

Souza,L.O.I.,J.M.Costa&B.B.Oldrini,2007.Odonata.Online:Identificaçãode larvasdeInsetosAquáticosdoEstadodeSãoPaulo.Froehlich,C.G.(org.),Available from:http://sites.ffclrp.usp.br/aguadoce/guia_online(accessed20April2012).

Trueman, J. W. H., 2007. A brief history of the classification and nomenclature of Odonata,Zootaxa381394.

36

VonEllenrieder,N.&F.Lozano,2008.BluesfortheredOxyagrion:aredefinitionof the genera Acanthagrion and Oxyagrion (Odonata : Coenagrionidae), International JournalofOdonatology11:95113.

Von Ellenrieder, N.& J. Muzon, 2008. An updated checklist of the Odonata from Argentina,Odonatologica37:5568.

Whittaker,R.J.,M.B.Araujo,J.Paul,R.J.Ladle,J.E.M.Watson&K.J.Willis, 2005. Conservation Biogeography: assessment and prospect, Diversity and Distributions11:323.

37

CAPÍTULO2

COMOASRESTRIÇÕESACAPACIDADEDETERMORREGULAÇÃO PODEMAFETARASELEÇÃODEMICROHABITATEMLIBÉLULAS EOTROPICAIS

Formatadonasnormasdarevista eotropicalEntomology

38

Comoasrestriçõesnacapacidadedetermorregulaçãopodemafetaraseleçãode microhabitatemlibélulasneotropicais

LenizeBatistaCalvão¹;JoséMaxBarbosaJúnior²;JoanaDarcBatista 3ePauloDeMarcoJúnior 4

¹,2 ProgramadePósGraduaçãoemEcologiaeConservação,UniversidadedoEstadodoMatoGrosso,Cx. P.08,CEP78.690–000.NovaXavantina,MatoGrosso,Brasil,email: [email protected]

³DepartamentodeCiênciasBiológicas,UniversidadedoEstadodeMatoGrosso,Cx.P.08,CEP78.690– 000.NovaXavantina,MatoGrosso,Brasil,email: [email protected]

4LaboratóriodeEcologiaTeóricaeSíntese,DepartamentodeEcologia,UniversidadeFederaldeGoiás, CEP74.001970.Goiânia,Goiás,Brasil,email: [email protected]

RESUMO : Há necessidade de compreender quais características inerentes às espécies devem ser consideradas na busca por medidas eficazes de conservação. Assim, para avaliarseotamanhocorporaldasespéciesdeOdonataéumbompreditordehábitat,em umaabordagemecofisiológica,testamosasseguinteshipóteses (i) Espéciesmenoresda subordem Zygoptera apresentam menor variação de amplitude entre a temperatura torácicaeatemperaturadoar,sendoassim,sãomaissensíveisàvariaçõestermais. (ii) espéciesmaioresdeOdonataapresentammaiorprobabilidadedeocorreremáreascom perdadedosselcontínuo; (iii) eessassãobeneficiadascomaretiradadasmatasciliares. Realizamos este estudo em seis riachos preservados e quatro alterados do Cerrado matogrossense,utilizandométododevarreduraemáreasfixas,amostrandoentre10e14 horas e registrando a temperatura do ar. Para testar à primeira hipótese medimos a temperaturadalateralexternaeinternacentraldotóraxdosZygoptera,comtermômetro MT600,emtrêsriachospreservados.Paraasegundafotografamosaaberturadedossel, emquatropreservados,eparaaterceiraavaliamosaintegridadedetodososriachoscom o Índice de Integridade de Hábitat. Algumas espécies maiores de Zygoptera mostram evidências de serem heliotérmicos, corroborando a primeira hipótese, entretanto esse fenômenopodeestarrelacionadoagêneroscomo Argia e Protoneura emfunçãodasuas habilidades de termorregular. O tamanho corporal não foi um bom preditor de distribuiçãodasespéciesdeOdonatanosriachos,nãocorroborandoasoutrashipóteses. Possivelmente,aspectosinerentesàcomunidadedeAnisopteraeZygopteradeterminam suaseleçãodemicrohabitat,tornandoessesgruposbonsbioindicadoresemriachos.

Palavraschave: Ecofisiologia, Tamanho corporal, Temperatura torácica, Integridade deriachoseOdonata.

39

ITRODUÇÃO

Conhecerosaspectosecofisiológicosecomportamentaisquelevamasespécies aselecionarmicrohábitatsadequadospodeproporcionarumamaiorcompreensãosobre seupadrãodedistribuiçãoemescalalocaleregional,principalmentese levarmosem consideração a capacidade de termorregular como um prérequisito para o estabelecimentoemnovosambientes(May1979;HilfertRuppell1998).Emgeral,os insetos dispõem de diversos mecanismos de termorregulação para manter sua temperatura corporal, que incluem características anatômicas (e.g. coloração), comportamentais (e.g. postura que maximizam ou minimizam a exposição aos raios solares)efisiológicas(e.g.produçãometabólicadecalor)que evoluíramaolongode milhõesdeanospossibilitandosuasobrevivêncianasregiõesmaisextremasdomundo (Heinrich1993;CloudsleyThompson2001;May1979).

A temperatura corporal de diversos grupos de insetos é influenciada por aspectosinerentesaosorganismos,taiscomo:coloraçãoemorfologia(May1976;Joern 1981),mastambéméafetadaporfatoresextrínsecoscomocaracterísticasdoambiente (e.g. heterogeneidade ambiental) devido à especificidade de algumas espécies (Chovanec & Waringer 2001), e condições microclimáticas, como: umidade e temperatura do ar (Prange & Hamilton 1992). Assim, algumas espécies selecionam hábitatsadequadosdeacordocomsuaamplitudedenichopossibilitandoaestabilização datemperaturacorporalemseunichofundamental,principalmente devido aos traços morfológicos estarem associados à utilização do microhábitat (Prange & Hamilton 1992; Chapperon & Seuront 2011). O tamanho corporal, em conjunto com outras característicascomoclimaecomportamento,podemdeterminaratemperaturacorporal dos insetos e seus mecanismos de termorregulação (May 1976; Heinrich 1993). Em abelhas, por exemplo, as espécies maiores conseguem manter sua atividade de voo duranteosperíodoscomaltaumidadedoar,enquantoespéciesmenoressedistanciam dessecomportamentodevidoasuasexigênciasdetermorregulação,essalimitaçãogera uma partição temporal de recursos (Bruijn & Sommeijer 1997; Hilário et al. 2000; CarvalhoZilseetal.2007;Borges&Blochtein2005).Adescriçãocomportamentalde libélulas sugere que o tamanho corporal das espécies determinam suas habilidades

40

termorregulatórias o que desperta o interesse em relação à seleção de microhábitat dessegrupo(DeMarco1998).

Nesseestudo,vamosanalisaraspectosdatermorregulaçãodeOdonataesuas implicaçõesparaaseleçãodehábitatsearespostaaalteraçõesambientais,comênfase às espécies da subordem Zygoptera. De acordo com Corbet (1962) os adultos de libélulaspodemserclassificadosemdoisgrandesgrupos:osvoadoreseospousadores. Os voadores possuem maior tamanho corporal, apresentam menor razão superfície/volume e são capazes de produzir calor endógeno. Os pousadores são menoreseapresentammaiorrazãosuperfície/volumeedependemdemeiosexternosde calor,comoirradiaçãoeconvecção,paraaqueceremseuscorpos(May1976;Corbet& May 2008; Corbet 1999; De Marco et al. 2005). Esses indivíduos são ectotérmicos utilizando a luz solar como fonte de calor e, por sua vez, podem ser divididos em heliotérmicoseconformadorestermais.Osheliotérmicosdependemdaincidênciasolar diretaemseuscorpos,enquantoosconformadorestermaisdependemdatemperaturado ambiente para aquecer seus corpos para que consigam iniciar suas atividades. Essa dependência dos atributos físicos do hábitat é o que faz com que essas espécies busquemáreascomcondiçõesadequadasdemicroclima(DeMarco&Resende2002; Shelly1982;Corbet2006).Essepadrãodecomportamentosugereque adistribuição destes organismos no ambiente pode ser influenciada pela sua habilidade de termorregular, o que por sua vez afetaria a capacidade de seleção de microhábitat destasespécies,comoapontadoporDeMarco(1998).

A relação entre tamanho corporal e termorregulação é fundamental para a determinaçãodeaspectoscomportamentaisem Odonata,epossivelmentesãoestasas característicasqueafetamsuadistribuiçãoeescolhademicrohabitatdasespécies(De Marco &Resende2004).Entretanto,essesestudostêm se restringido às espécies do grupodosAnisopteraqueemgeralsãomaisabundantes,conspícuase,portanto,mais fáceis de serem estudadas (De Marco & Vianna 2005; Mckay & Herman 2008). Tambémsãoespéciesquegeralmenteapresentamumaampladistribuiçãogeográficae, portanto,sãomenosameaçadasdeextinçãodoqueespécies da subordem Zygoptera, geralmente menores e associados a riachos florestados (Oppel 2005), devido suas restriçõesecofisiológicasebaixacapacidadededispersãoalongasdistâncias(Conradet al.1999).Issolimitaacapacidadedestasespéciesemutilizaráreasabertaseosfazem

41

mais suscetíveis à extinção em função da retirada da vegetação ripária (Samways & Steytler1996),dacanalizaçãoquealteraadinâmicafluvialnosriachos(Oertli2008),e aoutrosimpactoshumanos.Aremoçãodasmatasciliares, é o principal impacto em riachos florestados (Allan 2007), pois afeta diretamente as condições de luz proporcionadaspelodosseleaumentaaentradadesedimentosenutrientesnosriachos (Naiman et al. 1993). Tais perturbações alteram a estrutura física do hábitat, e em resposta, as diferentes espécies que compõem as comunidades locais podem reagir aumentando ou diminuindo em abundância, mudando a estrutura e composição da comunidade(Nessimianetal.2008;FerreiraPeruquetti&DeMarco2002;Silvaetal. 2010). Nesse cenário, as espécies podem selecionar hábitats específicos ou podem restringirse a um determinado local, e em consequência das alterações ambientais e retiradasdasmatasripáriasasespéciesdeZygopteraseriammaissusceptíveisdeserem afetadasdoqueasespéciesdeAnisoptera,devidoassuasrestriçõesecofisiológicas(De Marco&Vital2007;Oppel2005).

Embora todas as espécies possam dispersar em resposta às modificações de estrutura do hábitat e das condições termais, aquelas com características que lhes conferem algum nível de especificidade a determinado hábitat tendem a ser mais afetadas.Porexemplo,asespéciesdogêneroMnesarete sãogeralmenteencontradasem áreasmenosalteradasecomalgumacoberturavegetalsegundoLencioni(2005),elogo, podemdesaparecernoprocessodeperturbaçãodosriachospreservados.Poroutrolado, a baixa capacidade de dispersão dos indivíduos menores pode atuar como um fator limitante,comoporexemplo,paraaespécie Chalcopteryxrutilans (Rambur,1842)que viveassociadagalhosetroncosdavegetaçãomarginalderiachosíntegros(Resende& DeMarco2010),ambasasespéciespodemserlevadasàextinçãolocal,noprocessode alteração das áreas naturais em função de seus diferentes atributos morfológicos e ecológicos(Sahlén2006;Clausnitzer2003;Corbet1999;Costa2005;Paulson2006).A relaçãoentregraudeespecialização,capacidadededispersãoetamanhocorporalnãoé totalmenteentendidaemOdonata,masasevidênciassugeremumarelaçãodiretaentre tamanhocorporalecapacidadededispersão(Angelibert&Giani2003)pelomenosem Anisoptera. Não existe uma generalização clara para a relação entre nível de especialização de hábitats e tamanho corporal, mas, existem fortes evidências que a capacidadedetermorregulaçãodevedesempenharumpapelimportantenessarelação.

42

Partindo do pressuposto que libélulas menores tendem a ser ectotérmicas, esperamosque arespostadacomunidadedeOdonataàsperturbaçõesambientaisseja previsívelcomosconformadorestermaismaissensíveisàsmodificaçõesdetemperatura do hábitat, do que os indivíduos maiores que são menos dependentes do ambiente térmico,sendoestasespéciespossivelmentebeneficiadascomáreasdemaiorincidência solar(Resende2010;DeMarco1998;DeMarco&Resende2002).

Destaforma,nósavaliamosseotamanhocorporalpodeinfluenciarnaseleção demicrohábitatdaslibélulasdasubordemZygoptera.Oprincipalobjetivoéidentificar se o tamanho corporal de adultos de Odonata é um preditor do microhabitat de ocorrência de Odonata em riachos, sendo essa relação explicada pelas características ecofisiológicas das espécies. Para isso, testamos as seguintes hipóteses: (i) Espécies menores da subordem Zygoptera apresentam menor variação de amplitude entre a temperaturatorácicaeatemperaturadoar,sendoassim,sãomaissensíveisàvariações termais. (ii) Espécies de maior tamanho corporal da ordem Odonata têm maior probabilidadedeocorreremáreascommaiorincidêncialuminosa. (iii) Considerandoo gradiente de luminosidade e a relação entre as alterações ambientais, as espécies de menortamanhocorporalserãoasmaisafetadaspeloprocessodeconversãodasmatas ciliaresempastagem.Porfim,faremossugestõessobreasensibilidadedosmesmosao hábitat,baseandonamorfologiaenosaspectoscomportamentaisdaslibélulas.

PROCEDIMETOSMETODOLÓGICOS

Áreadeestudo

RealizamosascoletasdosadultosdeOdonataemnoveriachos,sendocinco preservados e quatro alterados, afluentes de duas Bacias: Bacia Hidrográfica do Ribeirão Antártico a margem direita do Rio das Mortes que apresenta mosaicos de cerradorupestreprincipalmentenosmorros,comáreasdegradientesdecamporupestre àcampocerradonasencostas,matasdegaleriatípicasseguindooscursosd’água.Bacia HidrográficadoRioPíndaíbapertencenteaBaciadoRiodasMortesqueselocalizase 43

naregiãoSudoestedoMatoGrosso,nomunicípiodeNovaXavantinaregiãolestedo Estado do Mato Grosso – Brasil (Figura 1 e Tabela 1). Os riachos preservados são perenesebemcanalizados,eemgeralapresentamumleitorochoso,comumamatade galeriaintactaconstituídadevegetaçãociliardensade,nomínimo,10metrosdelargura nasduasmargensecontinuaçãocomáreasdecerrado sensustricto adjacentesaelas, semapresentarevidênciasdaentradadegadoefogo.Osriachosalteradosapresentam leitopedregosoouarenosocomporçõesdeareiaformandomeandros,eamataciliarse encontra ausente em pelo menos uma das margens, com fortes sinais de pisoteio de gado.

Tabela1. DadosespecíficosdosRiachosamostrados.

Estadode Riachos Coordenadasgeográficas conservação BaciaHidrográfica Bacaba 14°43’3,4”Se52°21’48,3”W Preservado RioPindaíba Buriti 14°45’01,4’’Se52°33’14,4’’W Preservado RibeirãoAntártico Chupador 14°50’08,7’’Se52°30’03,7’’W Preservado RibeirãoAntártico Duilio 14°48’21,1’’Se52°30’08,3’’W Preservado RibeirãoAntártico Sucuri 14°49'02"Se52°29'20"W Preservado RibeirãoAntártico Buritizinho 14°46'10.91"Se52°21'25,90"W Alterado RioPindaíba CaveiraNX 14°40’58’’Se52°23’36’’W Alterado RioPindaíba Esperança 14°44’2’’Se52°25’25’’W Alterado RioPindaíba Murtinho 14°41’0.21’’e52°19’4,84’’W Alterado RioPindaíba

AregiãoestudadapossuivegetaçãopredominantetípicadoBiomaCerrado,o climaétropicalúmidocaracterizadocomo Aw segundoaclassificaçãode Köppen ,com duasestaçõesdistintas:umperíodochuvoso(outubroamarço)eumperíodoseco(abril a setembro), com temperatura média anual de 24,77°C e precipitação de 1.500 mm (Klink & Machado 2005). Em geral, Nova Xavantina e suas adjacências estão principalmente ocupadas por fazendas, em que a atividade econômica se baseia na pecuária de corte e agricultura de grãos, sendo as áreas florestadas representadas por reservaslegaisdestaspropriedades(Alencaretal.2004).

44

Figura1. Mapadospontosdecoleta.EvidenciandoaBaciaHidrográficadoRibeirão Antártico(Osquatropontosàesquerda),eaBaciadoRioPindaíba(Oscincopontosà direita). 45

Amostragembiológica

ColetamososadultosdaordemOdonata,duranteosmeses de abril a agosto (2011),usandoométododevarreduraemáreasfixas(DeMarco&Resende2002;De Marco&Vital2007).Demarcamostransectosde100metrosparalelosàmargemdireita dos riachos, e cada um deles subdividido em 20 segmentos de cinco metros, onde realizamosascoletas.Aslibélulasforamcoletadasentre10:00e14:00hdurantetrês diasemcadariacho,utilizandoumaredeentomológicaeacondicionadasemenvelopes de papel vegetal no campo. Em seguida os envelopes contendo os bichos, foram mergulhadosemacetonaP.A.,durante12horasparaZygopterae48a72horaspara Anisoptera,parasuafixação(Juen&DeMarco2011;Carvalho2007).Apósasecagem, porevaporação,colocamososmesmosemenvelopesplásticossobrepapelcartãoeos inserimoscomomaterialtestemunhonacoleçãoZoobotânica James Alexander Ratter daUNEMATUniversidadedoEstadodeMatoGrosso,CampusUniversitáriodeNova XavantinaMT, Brasil. Para identificação com chaves especializadas (Borror 1942; Garrison et al. 2006; Lencioni 2005; Lencioni 2006) e material testemunho de comparaçãodacoleção.

MedidasdatemperaturatorácicadasespéciesdeOdonata

Medimosatemperaturacorporaldetodasaslibélulas da subordem Zygoptera amostradas em três riachos preservados Bacaba, Buriti e Sucuri. Medimos tanto a temperaturadasuperfícielateralcentralexternadotórax,comoatemperaturainternado tórax. Para medir a temperatura externa do tórax das libélulas utilizamos um TermômetroDigitalMT600comsondaTipoT(3mmde diâmetro e precisão 0,1% com variação 0,7°C), e a sonda Tipo K (2 mm de diâmetro e precisão 0,1% com variação0,7°C)paramediratemperaturainternadotóraxdosmesmos.Paraisto,ao capturamososinsetoscomarede entomológicamedimos rapidamente a temperatura dosmesmos,paraevitardanosfísicosetrocadecalorcomasondadeinserçãointerna, comocuidadodemanterocontatofísicoapenascomasasasdosindivíduos.Assim, padronizamosacoletadosdadosemumintervalodemenosde10segundosdeacordo com procedimentos descritos por May (1977), descartando a medida da temperatura 46

quandootempoeraexcedidoouquandohaviacontatodiretocomotóraxdoinseto. Para atender estas exigências, seguramos rapidamente o inseto pela asa apoiando o mesmo a um plástico (material não condutor) medindo primeiramente a temperatura externa,elogoemseguidaatemperaturainternadotórax.

Calculamosadiferençaentretemperaturadoambienteetemperaturainternada porção central do tórax das libélulas, tratada neste estudo como (T Ar – TInt. ), e a diferençaentreatemperaturadasuperfícieexternadotóraxeatemperaturainternado tóraxdaslibélulas(T Ext TInt. ),eutilizamosamédiaparacadaespéciecomovariável respostapararealizarasanálises.Ointervalodetemperatura(respostasdatemperatura torácica)obtidodasdiferençascitadasacimaéumparâmetroparaindicarafacilidade de transferência de calor entre o animal e o ambiente. Desta forma, utilizamos esse método como controle para diminuir os efeitos da variação de temperatura corporal entreosinsetoseatemperaturadoambiente.

Estimativadaproporçãodeentradadeluznossegmentos

Emquatroriachospreservadosfotografamosodosseldavegetaçãonocentro decadasegmentoporvoltadomeiodiaaumaaltura de um metro acima da lâmina d’água,paraavaliaraproporçãodeentradadeluz,comumacâmeradigitalCANON, PowerShot A650 IS. As fotos de dossel foram digitalizadas de forma que os pixels escuros representassem a presença de vegetação, enquanto os claros a ausência. Utilizamosaproporçãodepixelsescurosnasfotos digitalizadas como estimativa da coberturavegetal(Tabela2).

Análisedaintegridadedehábitatdosriachos

Avaliamos a integridade dos riachos aplicando o Índice de Integridade de Hábitat(IIH)(AnexoI),umaanálisebaseadanoprotocolodeNessimianetal.(2008), com12questões:padrãodeusodaterraedavegetaçãoribeirinha;larguraeestadode preservaçãodamataciliar;dispositivosderetençãoesedimentosnocanal;estruturado barrancodorio;escavaçãosobreobarranco;aparênciadosubstratodepedra;leitodo rio; características da vegetação aquática e detritos. Durante a amostragem, posicionamos no centro de cada transecto um aparelho sensorial Data Logger Hobo pararegistraratemperaturadoar(°C)àcadacincominutos(Tabela2). 47

Tabela 2 . Resumo das características microclimáticas, estado de conservação dos riachos do Cerrado e estimativa da proporção de entrada de luz nos riachos preservados.

Aberturadedossel Estadode (%) Temperaturadoar Riachos conservação IIH (°C) BacabaP1 Preservado 30±0,896 BacabaP2 Preservado 31±0,977 Buriti Preservado 0,96 27,069±83,640 27±0,000 Chupador Preservado 0,96 32,402±88,909 26±1,012 Duílio Preservado 0,96 23,338±80,596 29±3,537 Sucuri Preservado 0,81 20,145±75,161 24±3,135 Buritizinho Alterado 0,38 0 41±2,043 CaveiraNX Alterado 0,3 0 31±1,555 Esperança Alterado 0,47 0 34±0,798 Murtinho Alterado 0,57 0 36±4,438

MedidasmorfométricasdeOdonata

Medimos epesamos 10 indivíduos de cada espécie de Odonata de todos os riachos,quandopossível.Medimoscomumpaquímetro(Mutitoyo®)ocomprimentoe larguradotórax,eocomprimentodocorpodosinsetos,tratadosnestetrabalhocomo tamanhocorporal.Pesamosaslibélulasemumabalançaanalítica(MettlerAE100)30 diasapósoprocedimentodefixaçãoemacetonaesecagemporevaporação.Utilizamos estas medidas morfométricas como variáveis preditoras e as relacionamos com as variáveisambientaiscoletadasemcampo(aberturadodosseleintegridadedehábitatdo hábitat),paraavaliarseotamanhocorporalpodeserutilizadocomoumbompreditorde distribuiçãodasespéciesdeOdonata.

Análisesestatísticas

Emtodasasanálisesnósutilizamosasespéciescomo réplicas. Para testar a primeira hipótese de que espécies menores de Zygoptera apresentam menor variação entreatemperaturatorácicaeatemperaturadoar,utilizamosasanálisesdasrespostas dadiferençaentretemperaturainternatorácicadaslibélulaseatemperaturadoar(T Ar –

48

TInt. );edadiferença entreatemperaturaexternaeinternadotórax(T Ext TInt. )como variáveisrespostas.Easmedidasmorfométricasdasmesmascomovariáveispreditoras, pormeiodemodelosderegressãolinearsimples(Zar1999).Esperávamosumarelação negativa entre as duas diferenças (T Ar – TInt. e TExt TInt. ) e suas respectivas medidas morfométricas.Corroborandonossahipótesedequeosindivíduosmenorestivessema temperaturacorporalmaispróximaàtemperaturadoardoqueosindivíduosmaiores dessemesmogrupo,devidosuasrestriçõesecofisiológicas.

Para testar a segunda hipótese de que espécies de maior tamanho corporal da ordem Odonata apresentam maior probabilidade de ocorrer em áreas com maior incidênciasolar,primeirorealizamosumaregressãolinearsimplesentreabundânciade Odonataeaberturadodosseldosriachos.Emseguidarealizamosoutraregressãolinear utilizando os coeficientes angulares (Inclinação da reta) da primeira análise como variávelresposta,eopesoealarguradotóraxcomovariávelpreditora.Destaforma, esperávamosumarelaçãopositivaentreoaumentodainclinaçãodaretacomoaumento dopesoedalarguradotóraxdosindivíduos,corroborandonossahipótesedequeas espécies maiores de Odonata estivessem aumentando mais o tamanho de suas populaçõesemáreascommaiorluminosidade.

EstimamosariquezadeespéciesdeAnisopteraeZygopteraseparadamente,para cada riacho, aplicando o procedimento jackknife de primeira ordem (Colwell & Coddington 1994). Realizamos a diferença entre riqueza estimada de Odonata nos riachos alterados e preservados por um teste T. Avaliamos também, a relação entre riqueza estimada e o índice de integridade dos riachos, para Anisoptera e Zygoptera atravésdeumaregressãolinear.

Paratestaraterceirahipótesedequeespéciesdemenortamanhocorporalserão as mais afetadas pelo processo de conversão das matas em pastagem, primeiro realizamos uma regressão linear simples entre abundância de Odonata e o Índice de Integridadedos riachos.Realizamostambémumaregressão logística, entre índice de integridade de hábitat dos riachos e a dicotomia presença/ausência das espécies. Em seguida realizamos outra regressão linear utilizando os coeficientes angulares (Inclinação da reta) da primeira análise, e os coeficientes dos modelos logísticos (Inclinaçãodareta)comovariáveisrespostas,eocomprimentocorporaldasespéciesde

49

Odonata como variável preditora. Assim, esperávamos uma relação negativa entre a diminuiçãodainclinaçãodaretadeambasasanálisescomcomprimentocorporaldas espécies,corroborandonossahipótesedequeosindivíduosmenoresdaOrdemOdonata sãomaisabundantesemambientesíntegros.

RESULTADOS

Descriçãogeraldacomunidade

Coletamos um total de 1065 espécimes de libélulas, distribuídos em seis famílias de Zygoptera (n=736) Calopterygidae (n=85), Coenagrionidae (n=611), Dicteriadidae(n=1),Perilestidae(n=3),Polythoridae(n=2)eProtoneuridae(n=34).Já Anisoptera foi representada apenas pela família Libellulidae (n=329). Nos ambientes alterados coletamos 746 indivíduos de seis famílias: Calopterygidae (n=29), Coenagrionidae(n=387),Dicteriadidae(n=1),Perilestidae(n=3),Protoneuridae(n=26), eLibellulidae(n=300).Nosambientespreservadosforamcoletados319indivíduosde cinco famílias Calopterygidae (n=56), Coenagrionidae (n=224), Polythoridae (n=2), Protoneuridae(n=8)eLibellulidae(n=29)(Tabela3).

Tabela 3. Abundância das espécies de Odonata coletados nos riachos alterados e preservados. Espécies Alterado Preservado AISOPTERA Libellulidae Diastatopsintensa Montgomery,1940 1 0 Diastatopsobscura (Fabricius,1775) 47 1 Dythemismultipunctata Kirby,1894 1 2 Elasmothemiscannacrioides (Calvert,1906) 5 0 Erythrodiplaxamazonica Sjöstedt,1918 0 2 Erythrodiplaxbasalis (Kirby,1897) 79 0 Erythrodiplaxfusca (Rambur,1842) 79 0 Erythrodiplaxjuliana (Ris,1911) 2 17 Erythrodiplaxlatimaculata Ris,1911 3 0 Erythrodiplaxochracea (Burmeister,1839) 1 0 Erythrodiplaxparaguayensis (Förster,1904) 2 0 Gynothemispumila karsch,1890 0 1 Macrothemishemichlora (Burmeister,1839) 1 0 Micrathyriaatra (Martin,1897) 1 2 Micrathyriahesperis Ris,1911 1 0

50

Tabela3Continuação... Espécies Alterado Preservado Micrathyriapirassunungae Santos,1953 0 1 Micrathyriaspuria Selys,1900 8 0 Oligocladaabbreviata (Rambur,1842) 4 0 Oligocladawalkeri Geijskes,1931 1 0 Oligocladaxanthopleura Borror,1931 8 0 Orthemisdiscolor (Burmeister,1839) 3 0 Perithemiselectra Ris,1930 1 0 Perithemislais (Perty,1834) 42 0 Perithemismooma Kirby,1889 5 0 Perithemisthais Kirby,1889 3 1 Planiplaxphoenicura Ris,1912 2 0 Uracissiemensi Kirby,1897 0 2 ZYGOPTERA Calopterygidae Hetaerinacurvicauda Garrison,1990 2 0 Hetaerinalaesa HageninSelys,1853 0 3 Hetaerinarosea Selys,1853 27 5 Hetaerinawestfalli Rácenis,1968 0 15 Mnesareteguttifera (Selys,1873) 0 33 Coenagrionidae Acanthagrionabunae Leonard,1977 0 1 Acanthagrionapicale Selys,1876 0 3 Acanthagrionascendens Calvert,1909 11 0 Acanthagrionchacoense Calvert,1909 1 0 Acanthagriongracile (Rambur,1842) 107 0 Acanthagrionminutum Leonard,1977 9 0 Acanthagriontemporale Selys,1876 1 0 Acanthagriontruncatum Selys,1876 110 1 Argiachapadae Calvert,1909 0 1 Argiahasemani Calvert,1909 0 1 Argialilacina Selys,1865 24 7 Argiamollis HageninSelys,1865 0 41 Argiareclusa Selys,1865 13 21 Argiasmithiana Calvert,1909 2 27 Argiasubapicalis Calvert,1909 0 4 Argiatinctipennis Selys,1867 2 105 Cyanallagmaferenigrum DeMarmels,2003 12 0 Ischnuracapreolus (Hagen,1861) 22 0 Ischnurafluviatilis Selys,1867 2 0 Homeouranepos (Selys,1876) 8 0 Gêneronovo 3 0 Oxyagrionchapadense Costa,1978 6 6

51

Tabela3Continuação... Espécies Alterado Preservado Oxyagrionfernandoi Costa,1988 8 0 Oxyagrionsulmatogrossense Costa,Souza&Santos,2000 0 1 Telebasiscoccinea (Selys,1876) 1 0 Telebasisgigantea Daigle,2000 0 3 Tigriagrionaurantinigrum Calvert,1909 44 2 Tuberculobasisinversa (Selys,1876) 1 0 Dicteriadidae Heliocharisamazona Selys,1853 1 0 Perilestidae Perilestessolutus Williamsom&Williamsom,1924 3 0 Polythoridae Chalcopteryxrutilans (Rambur,1842) 0 2 Protoneuridae Epipleoneurametallica Rácenes,1955 3 0 eoneurasylvatica HageninSelys,1886 23 3 Protoneuratenuis Selys,1860 0 5

DependênciaentretemperaturacorporalepesodeZygoptera

A diferença entre a temperatura do ambiente e a temperatura interna mostra uma relação negativa com o comprimento do tórax, tanto para os indivíduos que coletamos em ambientes com incidência luminosa direta em seus corpos (Fig 2A, r²=0,543; p=0,001), quanto na sombra (Fig 3A, r² = 0,373; p=0,045). Observamos a mesmarelaçãoutilizandoopesocorporalcomovariávelresposta,paraosindivíduos diretamenteexpostosàluz(Fig2B,r²=0,415;p=0,007).Entretantonãosignificativona sombra(Fig3B,r²=0,318;p=0,070).

Adiferençaentreatemperaturaexternaeinternadotórax,dosindivíduosque coletamosemambientescomincidênciasolar,estánegativamente relacionada com o comprimentodotóraxdosmesmos(Fig2C,r²=0,340;p=0,017),enãoestárelacionada com o peso (Fig 2D, r²=0,172; p=0,109). Ao passo que, para os indivíduos que coletamosempoleirossombreados,nãoexisterelaçãoentreadiferençadatemperatura da superfície e interna do tórax, com o comprimento do tórax (Fig 3C, r²=0,024; p=0,646)eopeso(Fig3D,r²=0,030;p=0,608).

52

Considerandoasestimativasgeradaspelosmodeloslineares apresentados na Figura 2, a temperatura interna do tórax dos indivíduos coletados em poleiros com incidênciasolarfoiaproximadamente3°Cmenordoqueatemperaturadoambiente,e cerca de 0,5°C acima da temperatura da superfície externa do tórax, para espécies menores( ≈3,7mmcomprimentodotóraxou ≈0,003gdepeso).Osindivíduosmaiores (≈7,0mmcomprimentodotóraxou ≈0,025gdepeso)apresentaramemmédia5°C acimadatemperaturadoambiente,eemmédia1°Cacimadatemperaturaexternado tórax. Esses resultados sugerem que os indivíduos menores possuem temperatura internamaispróximadoambiente,doqueosindivíduosmaiores.

Usando o mesmo procedimento na Figura 3 observamos que a temperatura interna do tórax dos indivíduos coletados em poleiros sombreados, apresentaram em média4°Cabaixodatemperaturadoambiente,e0,5°Cacimadatemperaturaexternado tórax para espécies menores. Já os indivíduos maiores apresentaram em média 2°C acimadatemperaturadoar,aopassoquenãoapresentamdiferençaentreatemperatura internaeexternadotórax.

A B

6 2 6 r =0,543;p=0,001 r 2=0,415;p=0,007

P.tenuis P.tenuis 4 A.ascendens 4 A.gracile A.ascendens A.lilacina A.lilacina A.gracile O.sulmatogrossense O.sulmatogrossense 2 C) 2 (°C) A.apicale A.chapadae A.apicale A.chapadae H.Westfalli INT.(° A.reclusa H.Westfalli INT A.reclusa A.smithiana H.rosea H.rosea 0 O.chapadense A.smithiana 0 O.chapadense Temp. Temp. AR AR M.guttifera 2 M.guttifera 2 Temp. Temp. A.tinctipennis A.tinctipennis A.mollis A.mollis 4 4

H.laesa H.laesa 6 6 3,5 4,0 4,5 5,5 5.5 6,0 6,5 7,0 7,5 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 0,022 0,024 Peso(g) Comprimentodotórax(mm)

53

C D

1,2 1,2 2 r2=0,340;p=0,017 r =0,172;p=0,109 1,0 P.tenuis A.lilacina 1,0 P.tenuisA.lilacina 0,8 A.gracile 0,8 A.gracile

0,4 A.reclusa H.Westfalli 0,4 A.reclusa H.Westfalli A.apicale A.apicale 0,2 O.sulmatogrossense O.sulmatogrossense

.(°C) 0,2 .(°C) INT INT 0,0 0,0 0,2 0,2

Temp. H.laesa H.laesa

O.chapadense .Temp. O.chapadense EX. 0,6 A.ascendens EX 0,6 A.ascendens A.smithiana 0,8 A.tinctipennis 0,8 A.smithiana A.tinctipennis Temp. 1,0 Temp. 1,0 A.chapadae A.chapadae 1,2 A.mollis H.rosea 1,2 A.mollisH.rosea 1,4 1,4 1,6 M.guttifera 1,6 M.guttifera 1,8 1,8 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 0,022 0,024 Comprimentodotórax(mm) Peso(g)

Figura 2 . Efeito do tamanho (comprimento do tórax e peso de Zygoptera) sobre diferença entre temperatura ambiente e temperatura interna do tórax (A e B, respectivamente),bem como sobre a diferença entrea temperatura corporal externa e interna(CeD,respectivamente)emespéciesdeZygoptera,nospoleiroscomincidência solar.

54

A B

6 r2=0,373;p=0,045 6 r2=0,318;p=0,070 A.ascendens A.ascendens A.apicale A.apicale P.tenuis P.tenuis 4 A.gracile T.gigantea H.rosea 4 A.gracile T.gigantea H.rosea

2 H.Westfalli 2 H.Westfalli .(°C) .(°C) IN IN

0 0 M.guttifera .Temp. .Temp. A.abunae A.abunae O.chapadense M.guttifera O.chapadense AR AR 2 2 Temp. Temp.

H.laesa H.laesa 4 4

6 6 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 0,022 0,024 0,026 Comprimentodotórax(mm) Peso(g)

C D

2,5 2 2,5 r =0,024;p=0,646 r2=0,030;p=0,608 2,0 T.gigantea 2,0 T.gigantea

1,5 1,5

1,0 1,0 .(°C) .(°C) IN IN 0,5 A.gracile 0,5 A.gracile P.tenuis P.tenuis M.guttifera H.Westfalli M.guttifera H.Westfalli A.ascendens A.ascendens .Temp. .Temp. 0,0 0,0

EX H.laesa EX H.laesa H.rosea H.rosea 0,5 A.apicale 0,5 A.apicale Temp. Temp. 1,0 1,0

A.abunae A.abunae 1,5 O.chapadense 1,5 O.chapadense

2,0 2,0 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 0,022 0,024 0,026 Peso(g) Comprimentodotórax(mm)

Figura3.Efeitodotamanho(comprimentodotóraxepesodelibélulas)sobrediferença entre temperatura ambiente e temperatura interna do tórax (A e B, respectivamente), bem como sobre a diferença entre a temperatura corporal externa e interna (C e D, respectivamente)emespéciesdeZygopteraemáreassombreadas.

AberturadedosseletamanhocorporaldeOdonata

AlgumasespéciesdeOdonatacomo: Erythrodiplaxjuliana , Argiasmithiana, Argia tinctipennis e Protoneura tenuis aumentaram sua abundância em relação a proporçãodeentradadeluzdentrodosriachos(Tabela3).Possivelmenteessasespécies necessitam de fontes externas de calorpara aquecerem seus corpos e realizarem suas atividades. 55

Tabela 4. Coeficientes angulares (Inclinação da reta) dos modelos lineares, entre a abundânciadasespéciesdeOdonataeaberturadedossel.

Espécie Coeficientede Valordep Inclinaçãodareta determinação(r²) Erythrodiplaxamazonica 0,000 8,440 0,000 Diastatopsobscura 0,001 0,584 0,000 Erythrodiplaxjuliana 0,068 <0,001 0,009 Gynothemispumila 0,000 0,994 3,751 Micrathyriapirassunungae 0,003 0,437 0,000 Perithemisthais 0,002 0,526 0,000 Uracissiemensi 0,000 0,954 3,971 Acanthagrionabunae 0,000 0,744 0,000 Acanthagrionapicale 0,001 0,728 0,000 Acanthagriontruncatum 0,003 0,372 0,000 Argiachapadae 0,003 0,440 0,000 Argiahasemani 0,007 0,202 0,001 Argialilacina 0,000 0,961 6,341 Argiamollis 0,000 0,916 0,000 Argiareclusa 0,002 0,513 0,002 Argiasmithiana 0,093 <0,001 0,018 Argiasubapicalis 0,000 0,845 0,000 Argiatinctipennis 0,052 <0,001 0,021 Chalcopteryxrutilans 0,000 0,995 4,461 Hetaerinalaesa 0,011 0,100 0,001 Hetaerinarosea 0,010 0,123 0,002 Hetaerinawestfalli 0,015 0,060 0,004 Mnesareteguttifera 0,004 0,326 0,003 eoneurasylvatica 0,002 0,452 0,001 Oxyagrionchapadense 0,001 0,655 0,001 Oxyagrionsulmatogrossense 0,000 0,846 9,521 Protoneuratenuis 0,017 0,042 0,003 Telebasisgigantea 0,000 0,828 0,000 Tigriagriagrion aurantinigrum 0,001 0,697 0,000

NãoexisteefeitodopesoedalarguradostóraxdaslibélulasnaInclinaçãoda reta,ouseja,arelaçãoentreaberturadedosseleabundânciadasespéciesdeOdonata (Inclinaçãodareta)nãoaumentoucomopeso(r²=0,009;p=0,838)ealarguradotórax dosindivíduosmaioresdasubordemAnisoptera(r²=0,249;p=0,208)(Fig4AeB)que estavampresentesnosriachos.

56

AvaliamosamesmarelaçãoparaosZygoptera,mastambémnãoencontramos associaçõesentre a Inclinaçãodaretacomopesoe a largura do tórax dos mesmos (r²=0,017;p=0,555er²=0,019;p=0,533)(Fig4CeD)respectivamente.

A B

0,010 0,010 r 2=0,294;p=0,208 r2=0,009;p=0,838

0,008 0,008

0,006 0,006

0,004 0,004

Inclinaçãodareta 0,002 Inclinaçãodareta 0,002

0,000 0,000

0,002 0,002 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 0,010 0,015 0,020 0,025 0,030 0,035 0,040 0,045 0,055 0.055 0,060 Larguradotórax(mm)deAnisoptera Peso(g)deAnisoptera

C D

10 10 r 2=0,017;p=0,555 r 2=0,019;p=0,533

8 8

6 6

4 4

Inclinaçãodareta 2 Inclinaçãodareta 2

0 0

2 -2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,8 0,000 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,012 0,014 0,016 0,018 0,020 0,022 0,024 Larguradotórax(mm)deZygoptera Peso(g)deZygoptera

Figura 4. Efeito das medidas morfométricas das libélulas sobre a inclinação da reta. (Inclinaçãodaretaexpressaosefeitosdaaberturadedosselnaabundânciadasespécies de Anisoptera (A e B) e Zygoptera (C e D) obtidos através das análises de regressão linear,verdetalhesnaTabela4).

DiferençanariquezaestimadadeespéciesdeOdonataparaosambientesalterados epreservados

57

A subordem Anisoptera apresentou diferença na riqueza estimada entre os ambientesalteradosepreservadoseessadiferençanãoéexplicadaapenaspeloacaso (t=3,906,gl=6ep=0,007).Oslocaisalteradosapresentaramemmédianoveespéciesa maisdeAnisoptera,doqueosambientespreservados(Fig5A).Issosugerequeesses indivíduos são beneficiados pela alteração das áreas naturais, em função de sua habilidade de termorregular. Já a riqueza estimada para os indivíduos da subordem Zygoptera não difere nos riachos alterados e preservados (t=1,254; gl=6 e p=0,256) (Fig5B).

A B

22 26 20 24 ) ) 18 22 16 20 jackknife jackknife 14 18 12 16 10 14 8 12 6 10 8 4 6 2 RiquezaestimadadeZygoptera(

RiquezaestimadadeAnisoptera( 4 0 2 2 Alterado Preservado Alterado Preservado

Figura5.EfeitodoestadodeconservaçãosobreariquezaestimadadeZygoptera(A)e Anisoptera (B) em riachos do Cerrado, Brasil. As barras representam o intervalo de confiançade95%. Encontramosmaiorproporção(%)deAnisopteraemambientesalterados(Fig 6).Ariquezaestimadaparaessegruposemostroumaiorno:BuritizinhoeEsperança (16,8±35,162 riqueza estimada + intervalo de confiança e 16,7±34,953 respectivamente), seguido de CaveiraNX (12,85±26,895) e Murtinho (9,9±20,720). Nos riachos preservados, observamos a maior riqueza estimada no Buriti e Duílio (7,85±16,430e7,8±16,325),seguidodeChupadoreSucuri(2,95±6,174e1,95±4,081).

Encontramosmaiorproporção(%)deZygopteraemambientespreservados.A riquezaestimadaparaessegruposemostroumaiorno:Buriti(23,6±49,395),seguidode ChupadoreDuílio(14,85±31,081e14,8±30,976)eSucuri(10,85±22,709).Nosriachos

58

alterados,observamosamaiorriquezaestimadano:Murtinho(15,85±33,174)seguido deBuritizinhoeCaveiraNX(14,9±31,186e6,95±14,546),eEsperança(9±18,837).

60 RiachosAlterados 50% 52% 50 ) 62% 40 RiachosPreservados 38% jackknife 30 23% 26%

20 14% 12% 10

0

10

RiquezaestimadadeAnisoptera( 20

30 Buriti Chupador Duílio Sucuri Buritizinho CaveiraNX Esperança Murtinho

Figura 6. Riqueza estimada de Anisoptera, pelo procedimento jackknife em riachos preservadosealterados.Asbarrasrepresentamointervalodeconfiançade95%.Acima dasbarraséapresentadaaporcentagemdeAnisopteraemcadalocal. Houve uma relação negativa entre a riqueza estimada de Anisoptera com o aumentodaintegridadedohábitat,maisumavez,sugerindoqueessesindivíduossão beneficiadospeloaumentodaincidênciasolardentrodosriachos,eissonãopodeser explicado simplesmente pelo acaso (r²=0,749; e p=0,011) (Fig 7A). Enquanto a subordem Zygoptera não se mostrou afetada pela integridade do hábitat (r²=0,062 e p=0,552)(Fig7B).

59

A B

20 26 r²=0,749;p=0,011 r²=0,062;p=0,552 ) ) 18 24

16 22 jackknife jackknife 14 20

12 18

10 16

8 14 12 6

RiquezaestimadadeZygoptera( 10 RiquezaestimadadeAnisoptera( 4 8 2 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 ÍndicedeIntegridadedoHábitat(IIH) ÍndicedeIntegridadedoHábitat(IIH)

Figura 7. Relação entre a riqueza estimada de espécies de libélulas das subordens Anisoptera (A) e Zygoptera (B), e a integridade dehábitat dos riachos preservados e alterados.

IntegridadedosriachoseabundânciadasespéciesdeOdonata

Diversas espécies responderam significativamente a integridade dos riachos, algumas espécies como Diastatops obscura, Erythrodiplax fusca , Erythrodiplax paraguayensis, Micrathyria spuria, Orthemis discolor, Perithemis mooma, Acanthagrion gracile, Acanthagrion truncatum e Tigriagrion aurantinigrum aumentaram sua abundância em ambientes alterados (relação negativa com a integridade dos riachos). Enquanto espécies como Argia tinctipennis e Mnesarete guttifera (relaçãopositivacomaintegridade)aumentaramsuaabundânciaemambientes preservados indicando sua relação com o meio físico, obtivemos esses resultados atravésdemodeloslinearessimpleseestasdiferençasnãosãoexplicadassimplesmente peloacaso(Tabela5).

Através de modelos logísticos, amostramos também outras espécies como: Erythrodiplaxbasalis,Erythrodiplaxlatimaculata,Oligocladaabbreviata,Michratyria spuria,PerithemislaiseCyanallagmaferenigrum associadascomambientesalterados .

60

Já espécies como : Erythrodiplax juliana, Argia mollis, Argia subapicalis, Hetaerina westfallieProtoneuratenuis associadasaambientespreservados(Tabela5).

Tabela5 .ValoresdasanálisesdeRegressãoLinear(3primeirascolunas)eValoresdas análisesdeRegressãoLogística(3últimascolunas).Entreabundânciadasespéciesde Odonata e o índice de integridade de hábitat dos riachos. Coeficientes angulares das regressões lineares (Inclinação da reta) e coeficientes das regressões logísticas (Inclinaçãodareta).

Coef.De Inclinaçãoda Qui Inclinaçãoda determinação Valorde reta(Modelo quadrado Valorde reta(Modelo Espécies (r²) p Linear) (χ²) p Logístico) AISOPTERA Diastatopsintensa 0,184 0,287 0,546 1,828 0,176 8,792 Diastatopsobscura 0,636 0,017 260,000 1,910 0,167 4,095 Dythemismultipunctata 0,062 0,552 0,666 0,059 0,807 0,771 Elasmothemis cannacrioides 0,023 0,715 0,979 0,191 0,661 1,832 Erythrodiplaxamazonica 0,169 0,310 104,000 2,209 0,137 193,286 Erythrodiplaxbasalis 0,337 0,130 300,000 11,090 0,001 95,183 Erythrodiplaxfusca 0,755 0,005 400,000 11,010 0,001 95,183 Erythrodiplaxjuliana 0,408 0,087 8,49 4,743 0,029 7,630 Erythrodiplax latimaculata 0,446 0,07 178,000 8,997 0,002 301,565 Erythrodiplaxochracea 0,023 0,715 195,000 0,191 0,661 1,832 Erythrodiplax paraguayensis 0,555 0,033 123,000 8,997 0,002 301,565 Gynothemispumila 0,169 0,310 0,523 2,203 0,137 228,691 Macrothemishemichlora 0,090 0,471 0,380 0,765 0,381 4,065 Micrathyriaatra 0,044 0,619 0,389 0,357 0,550 1,714 Micrathyriahesperis 0,185 0,288 0,546 1,828 0,176 8,792 Micrathyria pirassunungae 0,169 0,310 0,523 2,209 0,137 193,286 Micrathyriaspuria 0,482 0,055 4,81 8,997 0,002 301,565 Oligocladaabbreviata 0,411 0,087 2,460 4,249 0,039 11,371 Oligocladawalkeri 0,089 0,471 0,381 0,765 0,382 4,065 Oligocladaxanthopleura 0,228 0,231 366,000 1,709 0,191 4,673 Orthemisdiscolor 0,523 0,042 19,000 8,997 0,002 301,565 Perithemiselectra 0,090 0,471 0,380 0,765 0,381 4,065 Perithemislais 0,421 0,081 222,000 11,090 0,001 95,183 Perithemismooma 0,502 0,048 302,000 8,997 0,002 301,565 Perithemisthais 0,025 0,703 0,617 0,059 0,807 0,077 Planiplaxphoenicura 0,184 0,287 109,000 1,828 0,176 8,792 Uracissiemensi 0,196 0,310 104,000 2,209 0,137 193,286 ZYGOPTERA Acanthagrionabunae 0,169 0,311 0,523 2,209 0,137 193,286 61

Tabela5Continuação... Coef.De Inclinaçãoda Qui Inclinaçãoda determinação Valorde reta(Modelo quadrado Valorde reta(Modelo Espécies (r²) p Linear) (χ²) p Logístico) Acanthagrionapicale 0,233 0,224 1,292 1,978 0,160 5,580 Acanthagrionascendens 0,089 0,471 4,181 0,765 0,381 4,065 Acanthagrionchacoense 0,184 0,287 0,546 1,828 0,176 8,792 Acanthagriongracile 0,627 0,019 52,431 11,090 0,001 95,183 Acanthagrionminutum 0,184 0,287 4,914 1,828 0,176 8,792 Acanthagriontemporale 0,185 0,288 0,546 1,828 0,176 8,792 Acanthagriontruncatum 0,578 0,023 55,606 1,909 0,167 4,095 Argiachapadae 0,038 0,645 0,247 0,320 0,571 2,525 Argiahasemani 0,169 0,310 0,523 2,209 0,137 193,286 Argialilacina 0,001 0,945 0,843 1,801 0,179 4,209 Argiamollis 0,414 0,085 19,536 11,090 0,001 129,065 Argiareclusa 0,164 0,319 6,439 2,455 0,117 4,982 Argiasmithiana 0,203 0,262 12,837 3,397 0,065 5,913 Argiasubapicalis 0,296 0,163 2,092 5,178 0,023 169,667 Argiatinctipennis 0,628 0,018 46,775 5,928 0,014 1,093 Chalcopteryxrutilans 0,169 0,311 1,046 2,209 0,137 228,691 Cyanallagmaferenigrum 0,391 0,097 5,096 5,928 0,014 10,930 Epipleoneurametallica 0,024 0,715 0,587 0,191 0,661 1,832 generonovo 0,185 0,288 1,638 1,828 0,176 8,792 Heliocharisamazona 0,023 0,715 0,195 0,191 0,661 1,832 Hetaerinacurvicauda 0,023 0,715 0,391 0,191 0,661 1,832 Hetaerinalaesa 0,233 0,224 1,292 1,978 0,159 5,580 Hetaerinarosea 0,079 0,498 6,856 0,261 0,609 1,619 Hetaerinawestfalli 0,275 0,181 7,321 5,178 0,023 185,590 Homeouranepos 0,184 0,287 4,368 1,828 0,176 8,792 Ischnuracapreolus 0,184 0,287 10,373 1,828 0,176 8,792 Ischnurafluviatilis 0,185 0,288 1,092 1,828 0,176 8,792 Mnesareteguttifera 0,568 0,030 16,152 11,090 0,001 129,065 eoneurasylvatica 0,152 0,339 6,731 1,909 0,167 4,095 Oxyagrionchapadense 0,000 0,993 0,002 1,909 0,167 4,094 Oxyagrionfernandoi 0,185 0,287 4,368 1,828 0,176 8,792 Oxyagrion sulmatogrossense 0,169 0,311 0,523 2,209 0,137 193,286 Perilestessolutus 0,090 0,471 1,140 0,765 0,381 4,065 Protoneuratenuis 0,344 0,126 1,568 5,178 0,023 185,590 Telebasiscoccinea 0,024 0,715 0,195 0,191 0,661 1,832 Telebasisgigantea 0,169 0,311 1,568 2,209 0,137 193,286 Tigriagrion aurantinigrum 0,782 0,003 19,428 1,978 0,160 5,580 Tuberculobasisinversa 0,024 0,715 0,196 0,191 0,661 1,832

62

IntegridadedosriachosetamanhocorporaldeOdonata

Não existe efeito do comprimento do corpo dos indivíduos de Odonata na Inclinaçãodareta,ouseja,arelaçãoentreintegridadedosriachoseaabundânciadas espécies de libélulas (Inclinação da reta) não diminui com o aumento do corpo dos indivíduos presentes nos riachos, para as subordens analisadas separadamente: Anisoptera (r²=0,047; p=0,342) e Zygoptera (r²=0,069; p=0,137) (Fig 8 A e B respectivamente). Utilizando uma os coeficientes da regressão logística para as duas subordensAnisoptera(r²=0,000;p=0,992)eZygoptera(r²=0,000;p=0,994)(Fig8CeD respectivamente), também não encontramos efeito do comprimento do corpo dos indivíduosdeOdonatanarelaçãoentreaintegridadedosambienteseaabundânciadas espéciesdelibélulas(Inclinaçãodareta)presentesnosriachos.

A B

20 r 2=0,047;p=0,342 60 r2=0,069;p=0,137 10 40 0 20 10

0 20 Inclinaçãodareta

30 Inclinaçãodareta 20

40 40

50 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 20 25 30 35 40 45 50 55 Comprimentocorporal(mm)deAnisoptera Comprimento do corpo (mm) de Zygoptera

63

C D

300 r2=0,000;p=0,992 250 r2=0,000;p=0,994 200 200

100 150

0 100

100 50

Inclinaçãodareta 0 200 Inclinaçãodareta 50 300 100 400 15 20 25 30 35 40 45 50 55 150 0 10 20 30 40 50 60 Comprimentocorporal(mm)deAnisoptera Comprimentocorporal(mm)deZygoptera

Figura8.Efeitodotamanhocorporaldelibélulassobrearelaçãodaabundânciacoma integridadedehábitatintegridade.(AinclinaçãodaretaexpressaosefeitosdoIIHna abundânciadasespéciesdeOdonataobtidos através das análises de: regressão linear simpleseumaregressãologística,verdetalhesnaTabela5).

DISCUSSÃO

Emboranossosresultadosnãomostraramumarelação clara entre apresença dasespéciesdemaiortamanhocorporaleaberturadedosseldosriachos,etambéma presençadasespéciesdemenortamanhocorporalcomoaumentodaintegridadefísica dos riachos, nós demonstramos que existe uma variação na forma de aquecimento associada ao tamanho dentro de Zygoptera, compatível com a fisiologia dos heliotérmicos.EssefenômenojáhaviasidoestudadoparaogrupoAnisopteraporMay (1976)epodeserdemonstradoagoratambémparaZygoptera.Paraasespéciesmenores desse grupo, no entanto, se aquecem através do processo de convecção, e como consequênciaganhamouperdemcalorrapidamenteparaomeioexterno(Corbet1962), dadasuaaltarazãosuperfície/volumeemaiorcondutância.

Desta forma, nossos resultados corroboram o modelo de termorregulação proposto por May (1976), através de duas evidências: (i) a diminuição da diferença entreatemperaturaambienteetemperaturainternadotórax,bemcomoadiminuiçãoda diferençaentreatemperaturaexternaeinternadotóraxcomoaumentodocorpodas 64

libélulas,quandoessesindivíduosseencontrampousadosempoleiroscommanchasde sol.Essadiminuiçãopodeserumarespostadocomportamentoheliotérmico,umavez que espécies maiores conseguem manter a temperatura interna do tórax acima da temperaturadoaredatemperaturaexternadotórax,quandoestãoexpostasdiretamente aos raios solares. Diferentemente das espécies menores que mesmo em poleiros ensolaradosapresentaramatemperaturainternaabaixoemaispróximadatemperatura do ar, suportando o argumento de que essas espécies são mais dependentes da temperaturadomeiodoqueaincidênciasolarparaaquecerseuscorpos,eassim,mais sensíveis à variações termais aos diferentes períodos do dia. (ii ) Em poleiros sombreadososindivíduosmaioresapresentaramatemperaturainternadotóraxmuito próximaàtemperaturaexternadotórax,esseresultadosugerequeperdemcalorparao meioquandonãoexpostosaluz,masnãodissipamcalor rapidamente, em função de umaquantidadedemassacorporalmaior,baixacondutânciaerazãosuperfície/volume (Corbet 1999). Enquanto os indivíduos menores aumentaram sua diferença entre a temperatura interna com a temperatura externa do tórax e do ambiente, evidenciando assimquenasombraondetemperaturadoarémenoressasespéciesperdemcalormais rapidamenteparaomeiodoqueasespéciesmaiores.Oaumentodatemperaturainterna éessencialparaoaquecimentodosmúsculosdovooafetandodiretamentesuaeficiência (Heinrich 1993; Marden 1989; Samejima & Tsubaki 2009) e, consequentemente, as atividades de defesa de território e dispersão, desempenhada pelas espécies. Esses resultados caracterizam as habilidades termorregulatórias das espécies do grupo Zygoptera,entretantosabemosquerespostassemelhantesdeespéciespróximas,podem serdevidoàautocorrelaçãofilogenética.Umavezque,nesteestudoapresentamosdados obtidosdiretamentedocamposemrealizarqualqueranálisedecunhofilogenético.

Comoessasdiferençasnãoforamsuficientesparaestabelecerumaassociação preditiva entre a presença de espécies maiores de Odonata e a abertura de dossel do ambiente é possível que o comportamento heliotérmico dentre os Zygoptera esteja associadoapenasparaalgunseventospontuaisdeespéciescomo Argiasmithiana,Argia tinctipennis e Protoneura tenuis que aumentaramsuaabundânciacom oaumentoda entradadeluzdentrodosriachos.Essesresultadoscorroboramasanálisesencontradas porShelly(1982),emque Argiadifficilis éencontradaempoleiroscomincidênciasolar direta e mantém a temperatura interna cerca 4°C acima da temperatura do ambiente.

65

Possivelmenteporseremmaiores,essesindivíduosnecessitamficarexpostosaaosraios solares para aquecerem seus corpos e realizarem suas atividades. Estudos comportamentaispréviosdeoutrasespéciesdentrodogrupoZygopteracomo Hetaerina rosea e Mnesarete guttifera podem ajudar a avaliar essa possibilidade, ambas são libélulas tropicais e apresenta muita semelhança morfológica e ecológica, pois estão associadas a ambientes lóticos e são encontradas em poleiros com manchas de sol. Porémestaúltimaéencontradaemáreasmenosdegradadas(Machado1996;Lencioni 2005;Garrison2006;DeMarco&Peixoto2004).Essadescriçãoébastantesimilarcom as características comportamentais dos organismos que termorregulam heliotermicamente.

Épossívelqueessasrestriçõesecofisiológicasatravésdocomportamentodas espéciesdentrodaOrdemgeremlimitaçõesespaciaisimportantesparasuadistribuição eutilizaçãodosrecursos.Dessaforma,esperamosqueespéciesmenoresiniciemsuas atividadesmaiscedoeterminemigualmentemaiscedo,explorandoumnichodiferente das espécies heliotérmicas (De Marco & Resende 2002; Heinrich 1993). Isso já foi demonstrado para espécies como Ischnura elegans que diminui sua abundância nos horáriosmaisquentesdodia(HilfertRuppell1998).Poroutrolado,espéciesmaiores deAnisopterapermanecemmaistempoematividadesdepatrulha,defesaterritorial e podemgastarmaistempoematividadesreprodutivas(DeMarcoetal.2005).Assim,o tamanhocorporalpodeserumacaracterísticamaisimportantedoqueesperamosparaas libélulas, pois além de aumentar suas chances de sobrevivência, sucesso de acasalamento, fitness ,proporcionavantagensnasdisputasterritoriais(Sokolovskaetal. 2000;Resende2010),écapazdegerarrestriçõestermorregulatóriasecomportamentais entre as espécies conformadoras e heliotérmicas. Provavelmente isso, minimiza a sobreposição espacial e temporal do nicho térmico, porque enquanto as espécies de maior tamanho corporal como Mnesarete guttifera e Hetaerina laesa pousam em poleiros altos pela manhã, os conformadores termais pousam na vegetação marginal próximoàlâminad´agua(Obs.Pessoal),quandoaincidênciasolaraumentadentrodos riachos por volta de meio dia, os heliotérmicos buscam por manchas de sol mais próximasaoriacho(Obs.Pessoal).

Considerandoqueaseleçãodemicrohábitatestejaassociadaàsuacapacidade determorregular,podemospredizerqueasespéciesquedependemdaincidênciasolar

66

diretamente em seus corpos, pode se beneficiar com a alteração das áreas naturais. Enquanto espécies que dependem inteiramente da temperatura do ambiente podem desaparecer no processo de conversão de áreas naturais em pastagem, bem como modificarsuafenologia,emconsequênciadasalteraçõesclimáticascomoapontadopor (De Marco & Vital 2007; Hassall et al. 2007; FerreiraPeruquetti & De Marco 2002; Silvaetal.2010).Oprocessoderetiradadasmatasripáriastemseintensificadonos últimosanosevemcausandomudançasfísicasnosriachos, aumentando a incidência luminosa e a temperatura, modificando os parâmetros físicoquímicos da água, a hidrologia,afetandoodesenvolvimentodosimaturosdeOdonata,ocomportamentodo adulto e possibilitando a invasão de espécies exóticas (Corbet 1999; McGeoch & Samways 1991; Samways 2006; FerreiraPeruquetti & De Marco 2002). Devido às exigências ecofisiológicas das libélulas ectotérmicas dependerem dos atributos do hábitat físico, estas se tornam particularmente sensíveis às consequências termais das modificações causadas na estrutura física do ambiente, especialmente a abertura do dosseldasflorestas(Pringleetal.2003).Comoesperado, a resposta das espécies de Odonataforamdiferentesquantoàintegridadedoambiente.Entretanto,estasrespostas parecem estar mais associadas a fatores intrínsecos às diferenças entre Zygoptera e Anisoptera (Samways & Steytler 1996), do que ao tamanho corporal considerado isoladamente. Houve uma menor proporção de Zygoptera nos ambientes alterados, suportandooargumentodequeaincidênciasolaréumfatorlimitanteaessasespécies, fazendocomqueessesindivíduosbusquemporambientesmaissombreadosemenos alteradoscomomostradopara Heteragrion (Shelly1982;Clark&Samways1996;De Marco & Peixoto 2004). Já a presença de sombra constante reduz a abundância dos Anisoptera, pois são heliotérmicos e dependem da incidência solar direta para aqueceremseuscorpos, comomostram(Remsburgetal.2008;DeMarco&Resende 2002;Samways2006;May1976;May1977).

Ao final, uma análise dos padrões observados nessas comunidades permite apontar algumas espécies potencialmente como indicadoras ambientais: Diastatops obscura, Erythrodiplax fusca , Erythrodiplax basalis, Erythrodiplax latimaculata, Erythrodiplax paraguayensis, Oligoclada abbreviata, Micrathyria spuria, Orthemis discolor , Perithemis mooma, Perithemis lais, Acanthagrion gracile , Acanthagrion truncatum, Tigriagrion aurantinigrum e Cyanallagma ferenigrum, encontradas em

67

riachosalterados.Emgeral,oaumentodadiversidadedafamíliaCoenagrionidaenesses riachospodeestarrelacionadoàoviposiçãoendofíticadasespéciesdestegrupo,naqual osovossãopostosdentrodotecidodemacrófitas,estandomenosexpostosasalterações doambiente(Fulan&Henry2007).Oaumentodaentradadeluzcausadopelaperdade umdosselcontínuopodefavoreceroaparecimentodeplantasadequadasàoviposição na margem dos riachos e favorecer essas espécies. Essa hipótese ainda não foi completamente avaliada, mas parece ser uma possibilidade interessante para futuros estudos.Poroutrolado,algumasespéciesdeAnisoptera se agregam nessas áreas em função da sua habilidade de termorregular como apontado por De Marco & Resende (2002),edesuacapacidadedecolonizarnovosambientes(Angelibert&Giani2003; Conrad et al. 1999). Além disso, a invasão de espécies do gênero Erythrodipax, Orthemis e Diastatops nos ambientes lóticos, suporta o argumento dessas espécies seremindicadorasdeambientesalterados,poissãogênerosdeambienteslênticos,que vem sendo registrados em diversos trabalhos em riachos (FerreiraPeruquetti & De Marco2002). Paraosriachospreservadospodemosdestacartambémalgumasespéciescomo indicadorasambientais: Argiatinctipennis,Argiasubapicalis,Argiamollis,Hetaerina westfalli,Mnesareteguttifera , Protoneuratenuis, e Erythrodiplaxjuliana . ParaCorbet (1999)aseleçãodohábitatéumprocessoafetadopelacomplexidadeeheterogeneidade doambiente,estandoàdimensãoqueumaespécierequeremumhábitatdiretamente ligadaàmobilidadedoestágioadulto.Defato,aheterogeneidadedehabitatdeveserum fatormuitoimportanteparadeterminaroestabelecimentodeespéciesdeZygopteranos ambientespreservados,comoavariaçãodeplantasaquáticas(flutuantesesubmersas), poisservemdesubstratoparaoviposiçãodosovos,vegetaçãomarginal,características hidrológicas e exposição ao sol. Como um exemplo, o aumento da abundância de Chalcopteryxrutilans emambientesíntegrosestárelacionadoàsuabaixacapacidadede dispersão, da fuga no espaço das altas temperaturas ao longo do dia, bem como da necessidadedehábitatsespecíficoscomvegetaçãomarginaletroncosparaoviposição (Resende&DeMarco2010).Paraalgumasespéciesde Oxyagrion eTelebasis ,emque seusimaturosapresentamhábitoescalador,sãoexemplosdegênerosquebuscamlocais maisprotegidosdeperturbaçãoambiental(Fulan&Henry2007).

68

Umaabordagemsintéticacomoaaquiapresentada,ligandotraçosbionômicos como tamanho corporal, capacidade de termorregulação levando a uma associação preditivadasespéciesaseushábitatsespecíficos,podeserútilparapredizeraspectosda distribuição geográfica e potencialidade de endemismos, que são aspectos essenciais utilizadosemgestãode conservação (Clark &Samways1996;Nóbrega &DeMarco 2011;Simaika&Samways2009).Alémdisso,asespéciesdeZygopteraeAnisoptera podemserutilizadascomoindicadorasdaintegridadebióticadosriachos,poiscoma maior proporção de Anisoptera encontrada nos ambientes alterados, esperamos um aumentoemsuaabundânciacomperdadavegetaçãociliar.EnquantoosZygopterasão vulneráveis as alterações do hábitat em função das suas restrições ecofisiológicas e dependênciadohábitatfísicoparatermorregulareovipositar,alémdabaixacapacidade de dispersão de algumas espécies, sendo que a resposta individual deste grupo a luminosidade, pode estar relacionado a outros fatores fisiológicos não mensurados. Assim, as espécies bioindicadoras da Ordem Odonata devem ser selecionados provavelmenteutilizandofatoresadicionaisalémdotamanhocorporal,respeitandosuas característicasecofisiológicas.

COCLUSÃO

Encontramos fortes evidências de que algumas espécies maiores dentro do grupoZygopterasãoheliotérmicas,atravésdarelaçãoentreatemperaturatorácicados indivíduos e suas medidas morfométricas, o que suporta nossa hipótese de que as espéciesmenoressãomaissensíveisàsvariaçõesdetemperaturadoambiente,porque dependem dela. Provavelmente essa característica parece estar associada a alguns eventospontuaisdeespéciesdogênero Argia eProtoneura ,quedemonstrambastante similaridade comportamental com os organismos que termorregulam heliotermicamente,suportandoaindamaisoargumentodanossaprimeirahipótese.

Essepadrãonãofoisuficientepararelacionarapresençadasespéciesdemaior tamanho corporal e abertura de dossel do ambiente, o que não corrobora a nossa hipótesedequeasespéciesdemaiortamanhocorporaldaordemOdonataocorremem áreas com maior incidência luminosa. Entretanto encontramos várias espécies de Odonata como: Erythrodiplax juliana , Argia smithiana, Argia tinctipennis e

69

Protoneura tenuis aumentando sua abundância em locais com maior proporção de entrada de luz. A presença das espécies menores em áreas mais abertas pode estar relacionada com outras características das espécies como oviposição endofítica, favorecendo alguns grupos de Zygoptera, e isso pode ter um efeito maior do que a termorregulaçãoparaessasespécies.

Essepadrãotambémnãofoisuficientepararelacionarapresençadasespécies menoreseaintegridadedehábitatdosriachos,oquenãocorroboranossahipótesede que espécies de menor tamanho corporal seriam as mais afetadas pelo processo de conversão das matas ciliares empastagem. Entretanto a integridade do ambiente teve grandeinfluêncianarespostadasespéciesdogrupoOdonata,eestasrespostasparecem estarmaisassociadasafatoresintrínsecosdascomunidadesdeZygopteraeAnisoptera, do que ao tamanho corporal considerado isoladamente. Como consequência algumas espécies de Odonata como: Diastatops obscura, Erythrodiplax basalis, Erythrodiplax fusca , Erythrodiplax latimaculata, Erythrodiplax paraguayensis, Micrathyria spuria Oligoclada abbreviata, Orthemis discolor , Perithemis mooma, Perithemis lais Acanthagriongracile , Acanthagriontruncatum,CyanallagmaferenigrumeTigriagrion aurantinigrum, eaumentaramsuaabundânciaemambientesapenasalterados.Enquanto espécies como: Erythrodiplax juliana Argia tinctipennis, Argia mollis, Argia subapicalis,Hetaerinawestfalli,MnesareteguttiferaeProtoneuratenuis aumentaram sua abundância em ambientes preservados indicando sua relação com o meio físico. Demonstramosumaassociaçãopreditivaentreamaior proporção de Anisoptera com perda da vegetação ciliar, e com as alterações ambientais correntes. Enquanto os Zygoptera apresentaram menor proporção nos riachos alterados, consequentemente podem ser mais vulneráveis as alterações do hábitat em função das suas restrições ecofisiológicasedependênciadohábitatfísicoparatermorregulareovipositar,doque osAnisoptera.

Destaformaaoconsiderarmosqueaseleçãodemicrohábitatestejaassociadaà sua capacidade de termorregular, esperamos que as espécies que dependem da incidênciasolardiretamenteemseuscorpos,podemserencontradasemáreasalteradas. Enquantoespéciesquedependeminteiramentedatemperaturadoambientecomoalguns Zygopterapodemdesaparecernoprocessodeconversãodeáreasnaturaisempastagem.

70

REFERÊCIAS

Alencar,A.,D.Nepstad,D.McGrath,P.Moutinho,P.Pacheco,M.D.C.V.Diaz&B. S. Filho, 2004. Desmatamento na Amazônia: Indo além da "Emergênica Crônica", InstitutodePesquisaAmbientaldaAmazônia,Belém,88pp.

Allan,J.D.,2007.StreamEcologyStructureandFunctionofrunningwaters,Springer, 436pp.

Angelibert, S.& N. Giani, 2003. Dispersal characteristics of three odonate species in patchyhabitat,Ecography26:1320.

Borges, F. V.& B. Blochtein, 2005. Atividades externas de Melipona marginata obscuriorMoure(Hymenoptera,Apidae),emdistintasépocasdoano,emSãoFrancisco dePaula,RioGrandedoSul,Brasil,RevistaBrasileiradeZoologia22:680686.

Borror,D.J.,1942.ArevisionoftheLibellulinaegenusErythrodiplax(Odonata),The OhioStateUnivesityColumbus.

Bruijn, L. L. M.& M. J. Sommeijer, 1997. Colony foraging in different species of stinglessbees(Apidae,Meliponinae)andtheregulationofindividualnectarforaging, Insectessoc.44:3547.

Carvalho, A. L., 2007. Recomendações para a coleta, criação e colecionamento de larvasdeOdonata,ArquivosdoMuseuNacional,RiodeJaneiro65:315.

CarvalhoZilse,G.,E.L.Porto,C.G.N.Silva&M.F.C.Pinto,2007.Atividadesde vôo de operárias de Melipona seminigra (Hymenoptera: Apidae) em um sistema agroflorestaldaAmazônia,Biosci.J.23:9499.

Chapperon, C.& L. Seuront, 2011. Spacetime variability in environmental thermal propertiesandsnailthermoregulatorybehaviour,Functionalecology25:10401050.

Chovanec, A.& J. Waringer, 2001. Ecological integrity of riverfloodplain systems assessment by dragonfly surveys (Insecta : Odonata), Regulated RiversResearch & Management17:493507.

Clark,T.E.&M.J.Samways,1996.Dragonflies(Odonata) as indicators of biotope qualityintheKrugerNationalPark,SouthAfrica,J.Appl.Ecol.33:10011012.

Clausnitzer,V.,2003.DragonflycommunitiesincoastalhabitatsofKenya:indication of biotope quality and the need of conservation measures, Biodiversity and Conservation12:333356.

CloudsleyThompson, J. L., 2001. Thermal and water relations of desert beetles, Naturwissenschaften88:447460.

71

Colwell, R. K.& J. A. Coddington, 1994. Estimating terrestrial biodiversity through extrapolation,Phil.Trans.R.Soc.London345:101118.

Conrad, K. F., K. H. Wilson, I. V. Harvey, C. J. Thomas & T. N. Sherratt, 1999. Dispersal characteristics of seven odonate species in an agricultural landscape., Ecography22:524531.

Corbet,P.S.,1962.Abiologyofdragonlies,EntomologyResearchInstitute,Research Branch,Canada,DepartamentofAgriculture,Ottawa..

Corbet, P. S., 1999. Dragonflies Behavior and ecology of Odonata, University of Edinburghscotland,U.K..

Corbet, P. S., 2006. Forests as habitas for dragonflies (Odonata).Forests and Dragonflies.FourthWDAInternationalSymposiumofOdonatology,July2005Adolfo CorderoRivera,Pontevedra(Spain):1336.

Corbet,P.S.&M.L.May,2008.Fliersandperchers amongOdonata:dichotomyor multidimensional continuum? A provisional reappraisal, International Journal of Odonatology11:155171.

Costa,J.M.,2005. Chalcopteryxmachadoi sp.n.daregiãonortedoBrasil(Zygoptera: Polythoridae)comumachaveparaasespéciesdogênero.,Lundiana6:3739.

De Marco, P., 1998. The amazonian campina dragonfly assemblage: patterns in microhabitat use and behaviour in a foraging habitat (anisoptera), Odanotologica 27: 239248.

DeMarco,P.,A.O.Latini&D.C.Resende,2005.Ecology,BehaviorandBionomics Thermoregulatory constraints on behavior: Patterns in a neotropical dragonfly assemblage,NeotropicalEntomology34:155162.

De Marco, P.& D. C. Resende, 2002. Activity patterns and thermoregulation in a tropicaldragonflyassemblage,Odanotologica3:129138.

DeMarco,P.&M.V.C.Vital,2007.Ecologyof Tigriagrionaurantinigrum Calvertin response to variations in environmental conditions (Zygoptera: Coenagrionidae), Odanotologica37:111.

DeMarco,P.Jr.&P.E.C.Peixoto,2004.Populationdynamicsof Hetaerinarosea and its relationship to abiotic conditions (Zygoptera: Calopterygidae), Odonatologica 33: 1725.

De Marco, P. Jr.& D. C. Resende, 2004. Cues for territory choice in two tropical dragonflies,Neotrop.Entomol.33:397401.

DeMarco,P.Jr.&D.M.Vianna,2005.DistribuiçãodoesforçodecoletadeOdonatano Brasil: subsídios para escolha de áreas prioritárias para levantamentos faunísticos, Lundiana6:1326.

72

FerreiraPeruquetti, P.& P. Jr. De Marco, 2002. Efeito da alteração ambiental sobre comunidadesdeOdonataemriachosdeMataAtlânticadeMinasGerais,Brasil,Revta bras.Zool.19:317327.

Fulan,J.A.&R.Henry,2007.TemporaldistributionofimmatureOdonata(Insecta)on Eichhornia azurea (Kunth) stands in the Camargo Lake, Paranapanema River, Sao Paulo,RevistaBrasileiradeEntomologia51:224227.

Garrison,R.W.,2006.Asynopsisofthegenera Mnesarete Cowley, Brioplathanon gen. nov.,and Prmenoplebia gen.nov.(Odonata:Calopterygidae),ContributionsinScience 506:184.

Garrison,R.W.,N.V.Ellenrieder&J.A.Louton,2006.DragonflygeneraoftheNew World An illustrated and annotated key to the anisoptera, The Jonhs Hopkins UniversityPress,368pp.

Hassall,C.,D.J.Thompson,G.C.French&I.F.Harvey,2007.Historicalchangesin thephenologyof BritishOdonataare relatedto climate, Global Change Biology 13: 933941.

Heinrich, B., 1993. The hotblooded insects strategies and mechanisms of thermoregulation,600pp.

Hilário,S.D.,V.L.ImperatrizFonseca&A.M.P.Kleinert,2000.Flightactivityand colonystrengthinthestinglessbee Meliponabicolorbicolor (Apidae,Melioponinae), Rev.Brasil.Biol.60:299306.

HilfertRuppell, D., 1998. Temperature dependence of flight activity of odonata by ponds,Odonatologica27:4559.

Joern, A., 1981. Importance of behavior and coloration in the control of body temperature by Brachystola magna girard (Orthoptera: Acrididae), School of life Sciences,Lincoln,NebraskaUSA117130.

Juen,L.&P.J.DeMarco,2011.Odonatebiodivesityinterrafirmeforeststreamletsin central Amazonia: on the relative effects of neutral and niche drivers at small geographicalextents,InsectConservationandDiversity4:265274.

Klink, C. A.& R. B. Machado, 2005. A Conservação do Cerrado brasileiro, Megadiversidade1:19.

Lencioni,F.A.A.,2005.DamselfliesofBrazil,anillustratedindentificationguide:I ThenonCoenagrionidaefamilies,AllPrintEditora,SãoPaulo,Brazil,324pp.

Lencioni,F.A.A.,2006.DamselfliesofBrazil,anillustratedindentificationguide:II Coenagrionidaefamilies,AllPrintEditora,SãoPaulo,Brazil.

Machado, A. B. M., 1996. Mnesarete mariana nova espécie de libélula da chapada diamantina,Bahia,Brasil(Odonata,Calopterygidae),Revtabras.Zool.13:621624.

73

Marden,J.H.,1989.Bodybuildingdragonflies:costsandbenefitsofmaximizingflight muscle,PhysiologicalZoology62:505521.

May, M. L., 1976. Thermoregulation and adaptation to temperatures in dragonflies (Odonata:Anisoptera),EcologicalMonographs46:132.

May,M.L.,1977.Thermoregulationandreprodutiveactivityintropicaldragonfliesof thegenus Micrathyria ,Ecology58:787798.

May,M.L.,1979.Insectthermoregulation,Annu.Rev.Ent.24:313349.

McGeoch, M. A.& M. J. Samways, 1991. Dragonflies and the thermal landscape: Implicationsfortheirconservation(Anisoptera),Odonatologica20:303320.

Mckay,T.&T.Herman,2008.Thermoregulationinthreespeciesofdamselflies,with notes on temporal distribution and microhabitat use (Zygoptera : Lestidae), Odonatologica37:2939.

Naiman, R. J., H. Décamps & M. Pollock, 1993. The role of riparian corridors in maintainingregionalbiodiversity,Ecol.Applic.3:209212.

Nessimian,J.L.,E.M.Venticinque,J.Zuanon,P. DeMarco,M. Gordo, L. Fidelis, Batista.J.D.&L.Juen,2008.Landuse,habitatintegrity,andaquaticinsectassemblages inCentralAmazonianstreams,Hydrobiologia115.

Nóbrega,C.C.&P.J.DeMarco,2011.Unprotectingtherarespecies:anichebasedgap analysisforodonatesinacoreCerradoarea,DiversityandDistribuition17:491505.

Oertli,B.,2008.Theuseofdragonfliesintheassessment and monitoring of aquatic habitats.InA.CordobaAguilar(ed),Modelorganismsforecologicalandevolutionary researchOxfordUniversityPress,Oxford:7995.

Oppel, S., 2005. Habitat associations of an Odonata community in a lower montane rainforestinPapuaNewGuinea,InternationalJournalofOdonatology8:243257.

Paulson, D., 2006. The importance of forest to neotropical daragonflies.Forest and DragonfliesFourthWDAInternationalSymposiumofOdonatologyPontevedraSpain: 79101.

Prange, D. H.& G. B. Hamilton, 1992. Humidity selection by thermorregulating grasshoppers,J.Therm.biol.17:353355.

Pringle, R. M., J. K. Webb & R. Shine, 2003. Canopy structure, microclimate, and hábitatselectionbyanocturnalsnake, Hoplocephalusbungaroides ,EcologicalSociety ofAmerica84:26682679.

Remsburg, A. J., A. C. Olson & M. J. Samways, 2008. Shade alone reduces adult dragonfly(Odonata:Libellulidae)abundance,InsectBehaviour19.

74

Resende,D.&P.J.DeMarco,2010.Firstdescriptionofreproductivebehaviorofthe Amazonian damselfly Chalcopteryx rutilans (Rambur) (Odonata, Polythroridae), RevistaBrasileiradeEntomologia54:436440.

Resende, D. C., 2010. Residence advantage in heterospecific territorial disputes of Erythrodiplax Brauer species (Odonata, Libellulidae), Revista Brasileira de Entomologia54:110114.

Sahlén, G., 2006. Specialists vs. generalists among dragonflies the importance of forestenvironmentsintheformationofdiversespeciespools.ForestsandDragonflies. FourthWDAInternationalSymposiumofOdonatology,Pontevedra(Spain),July2005 PensoftSeriesFaunisticaNo61,Bulgária:153179.

Samejima, Y.& Y. Tsubaki, 2009. Body temperature and body size affect flight performanceinadamselfly,BehavEcolSociobiol64:685692.

Samways,M.J.,2006.Threatlevelstoodonateassemblagesfrominvasivealientree canopies. In A. C. Rivera (ed), Forests and Dragonflies Fourth WDA International SymposiumofOdonatology,Pontevedra(Spain).July2005PensoftSeriesFaunistica No61,Bulgaria:209224.

Samways, M. J.& N. S. Steytler, 1996. Dragonfly (Odonata) distribution patterns in urbanandforestlandscapes,andrecommendationsforriparianmanagement,Biological Conservation78:279288.

Shelly, T. E., 1982. Comparative foraging behavior of light versus shade seeking damselflies in a lowland neotropical forest (Odonata: Zygoptera), Physiological Zoology55:335343.

Silva, D. P., P. de Marco & D. C. Resende, 2010. Adult odonate abundance and community assemblage measures as indicators of stream ecological integrity: A case study.,Ecol.Indic.10:744752.

Simaika,J.P.&M.J.Samways,2009.Aneasytouseindexofecologicalintegrityfor prioritizing freshwater sites and for assessing habitat quality, Biodivers Conserv 18: 11711185.

Sokolovska, N., L. Rowe & F. Johansson, 2000. Fitness and body size in mature odonates,EcologicalEntomology25:239248.

Zar, J. H., 1999. Biostatistical analysis, PrenticeHall, Englewood Cliffs, N.J., New Jersey.

75

COCLUSÕESGERAIS

Contribuímosparaoconhecimentotaxonômicodaodonatofaunadomunicípio deNovaXavantina,MT–Brasil,adicionando13registrosnovosparaaregião,dentre osquais,ressaltaseapresençadaespécie Telebasisgigantea querepresentaoprimeiro registroparaoBrasil,eaocorrênciadeumnovogênero que já está sendo descrito. Apesar da diversidade encontrada, acreditamos que háumafaunamuitomaisdiversa para este estado, uma vez que ele apresenta uma imensa extensão territorial, alta diversidadedeambientes,esuaposiçãobiogeográficaestáemconectividadecomvários outrosbiomasbrasileiros.

Encontramos evidências de que algumas espécies maiores dentro do grupo Zygopterasãoheliotérmicas,masissonãofoisuficientepararelacionarapresençadas espéciesmaioreseaincidêncialuminosadosriachos,nemasmenoreseaintegridade físicadosriachos.Entretanto,encontramosváriasespéciesdeOdonatacomabundância alta em locais com maior proporção de entrada de luz. Enquanto a integridade do ambientetevegrandeinfluêncianarespostadasespéciesdogrupoOdonata,indicando sua relação com o meio físico. Assim, demonstramos que existe uma associação preditivaentreamaiorproporçãodeAnisopteraemambientescomperdadavegetação ciliar. Enquanto há uma menor proporção de Zygoptera nos riachos alterados, o que sugere que esses indivíduos podem ser mais vulneráveis as alterações do hábitat em função das suas restrições ecofisiológicas e dependência do hábitat físico para termorregulareovipositar,doqueosAnisoptera.

76

AEXOS

77

Anexo1. Protocolodeintegridadefísica Local:Data:// Coordenadas: 1)PadrãodeUsodaTerraalémdazonadevegetaçãoribeirinha 1.CultivosAgrícolasdeciclocurto 2.Pasto 3.CultivosAgrícolasdeciclolongo 4.Capoeira 5.FlorestaContínua 2)LarguradaMataCiliar 1.Vegetaçãoarbustivaciliarausente 2.Mataciliarausentecomalgumavegetaçãoarbustiva 3.Mataciliarbemdefinidade1a5mdelargura 4.Mataciliarbemdefinidaentre5e30mdelargura 5.Mataciliarbemdefinidacommaisde30m 6.Continuidadedamataciliarcomaflorestaadjacente 3)EstadodepreservaçãodaMataCiliar 1.Cicatrizesprofundascombarrancosaolongodoseucomprimento 2.Quebrafreqüentecomalgumascicatrizesebarrancos 3.Quebraocorrendoemintervalosmaioresque50m 4.MataCiliarintactasemquebrasdecontinuidade 4)EstadodaMataciliardentrodeumafaixade10m 1.Vegetaçãoconstituídadegramaepoucosarbustos 2.Mescladegramacomalgumasárvorespioneirasearbustos 3.Espéciespioneirasmescladascomárvoresmaduras 4.Maisde90%dadensidadeéconstituídadeárvoresnãopioneirasounativas 5)Dispositivosderetenção 1.Canallivrecompoucosdispositivosderetenção 2.Dispositivoderetençãosoltomovendosecomofluxo 3.Rochase/outroncospresentes,maspreenchidascomsedimento 4.Canalcomrochase/outroncosfirmementecolocadosnolocal 6)Sedimentosnocanal 1.Canaldividoemtrançasouriocanalizado 2.Barreiradesedimentoepedras,areiaesiltecomuns 3.Algumasbarreirasdecascalhoepedrabrutaepoucosilte 4.Poucoounenhumalargamentoresultantedeacúmulodesedimento 7)Estruturadobarrancodorio 1.Barrancoinstávelcomsoloeareiasoltos,facilmenteperturbável

78

2.Barrancocomsololivreeumacamadaesparsadegramaearbustos 3.Barrancofirme,cobertoporgramaearbustos. 4.Barrancoestávelderochase/ousolofirme,cobertodegrama,arbustoseraízes 5.Ausênciadebarrancos 8)Escavaçãosobobarranco 1.Escavaçõesseverasaolongodocanal,comquedadebarrancos 2.Escavaçõesfreqüentes 3.Escavaçõesapenasnascurvaseconstrições 4.Poucaounenhumaevidência,ourestritaaáreasdesuportederaízes 9)Leitodorio 1.Fundouniformedesilteeareialivres,substratodepedraausente 2.Fundodesilte,cascalhoeareiaemlocaisestáveis 3.Fundodepedrafacilmentemóvel,compoucosilte 4.Fundodepedrasdeváriostamanhos,agrupadas,cominterstícioóbvio 10)Áreasdecorredeirasepoçõesoumeandros 1.Meandroseáreasdecorredeiras/poçõesausentesouriocanalizado 2.Longospoçõesseparandocurtasáreasdecorredeiras,meandrosausentes 3.Espaçamentoirregular 4.Distintas,ocorrendoemintervalosde5a7vezesalarguradorio 11)VegetaçãoAquática 1.Algasemaranhadasnofundo,plantasvascularesdominamocanal 2.Emaranhadosdealgas,algumasplantasvascularesepoucosmusgos 3.Algasdominantesnospoções,plantasvascularessemiaquáticasouaquáticasao longodamargem 4.Quandopresenteconsistedemusgosemanchasdealgas 12)Detritos 1.Sedimentofinoanaeróbio,nenhumdetritobruto 2.Nenhumafolhaoumadeira,matériaorgânicabrutaefinacomsedimento 3.Poucafolhaemadeira,detritosorgânicosfinos,floculentos,semsedimento 4.Principalmentefolhasemateriallenhosocomsedimento 5.Principalmentefolhasemateriallenhososemsedimento

79

Anexo2. ormasgeraisdasrevistascientíficasutilizadaspararedaçãoesubmissão dosartigosquecompõeapresentedissertação.

• Capítulo1 :Capítuloformatadodeacordocomasnormasdarevista CheckList , cujasnormasestãodisponíveisnoseguinteendereçoeletrônico: http://www.checklist.org.br/guidelines • Capítulo2 :CapítuloformatadodeacordocomasnormasdaRevista eotropicalEntomology ,cujanormasestãodisponíveisnoseguinteendereço eletrônico:

http://www.scielo.br/revistas/ne/pinstruc.htm

80