volume 17 • número 20 • janeiro/junho de 2015

ISSN 1676-2827

Mediação Belo Horizonte v. 17 n. 20 p. 1-190 jan/jun. 2015

Sumário

Editorial 7

Mídia, representação e raça: o negro na telenovela Avenida Brasil Thais Helen do Nascimento Santos 13

Transformações na representação e na discursividade da novela Amor à vida José Aparecido de Oliveira 27

Quando se joga o Jogo dos tronos, você vence ou morre: representações sociais e disputas pelo poder em Game of thrones Paloma Rodrigues Destro Couto e Luiz Ademir de Oliveira 45

Mídia e suas relações com a violência: relatos de casos no jornal O Liberal Douglas Junio Fernandes Assumpção, Francilene Soares Mourão e Analaura Corradi 61

Corpo nervoso, imagens vibrantes: espectadores no cenário midiático contemporâneo Gabriel Malinowski 73

ISSN 1676-2827

Mediação Belo Horizonte v. 17 n. 20 p. 1-190 jan./jun. 2015 Hackers e sua relação com o surgimento e desenvolvimento da chipmusic Camila Schäfer 85

Dados e participação: pensando APPS de dados públicos como mídias cidadãs Marcelo Crispim da Fontoura 99

O palco e os bastidores: marcas e marketing de produção cultural Lucas Machado Campos Lopes, Luiz Cláudio Vieira de Oliveira e Zélia Miranda Kilimnik 119

Moda como mídia no contexto contemporâneo: o uso das novas tecnologias Vanessa Madrona 143

Políticas públicas e cidadania: experiências do Pronatec em São Borja/RS Cristovão Domingos de Almeida e Kairo Vinicios Queiroz de Souza 157

Que materia! Crítica moderna e os acadêmicos Gedley Belchior Braga 173

ISSN 1676-2827

Mediação Belo Horizonte v. 17 n. 20 p. 1-190 jan./jun. 2015 UNIVERSIDADE FUMEC REITORIA Reitor Prof. Eduardo Martins de Lima Vice-reitora Profa. Guadalupe Machado Dias Pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Prof. Cid Gonçalves Filho Pró-reitora de Graduação Profa. Maria Silvia Santos Fiuza Pró-reitora de Planejamento e Administração Profa. Guadalupe Machado Dias FUNDAÇÃO Conselho de Curadores Prof. Tiago Fantini Magalhães – Presidente Prof. Pedro Arthur Victer – Vice-presidente Conselho Executivo Prof. Mateus José Ferreira – Presidente MESTRADO EM ESTUDOS CULTURAIS CONTEMPORÂNEOS Coordenador Prof. João Victor Boechat Gomide DIRETORIA DA FCH Diretor-Geral Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino Prof. João Batista de Mendonça Filho Jornalismo e Publicidade e Propaganda Coordenadores: Prof. Ismar Madeira Cunha Júnior Prof. Sérgio Arreguy Soares MEDIAÇÃO Corpo Editorial Prof. Rodrigo Fonseca e Rodrigues Prof. Luiz Henrique Barbosa Capa Concepção: Aurélio José Silva – Execução gráfica: Luiz Eduardo de Oliveira Martins Projeto gráfico Daniel Washington e Dunya Azevedo Editoração eletrônica Eduardo Costa de Queiroz – Saitec Editoração Revisão Maria de Lourdes Costa (Tucha) Conselho Editorial Prof. Adriano Duarte Rodrigues (Universidade Nova de Lisboa, Portugal) Profa. Astréia Soares (Universidade FUMEC, Brasil) Prof. Bruno Sousa Leal (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Prof. Eduardo Martins de Lima (Universidade FUMEC, Brasil) Profa. Graziela Valadares Gomes de Melo Vianna (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Prof. Luiz Ademir de Oliveira (Universidade Federal de São João del-Rei, Brasil) Prof. Moisés Adão Lemos Martins (Universidade do Minho, Portugal) Profa. Regina Motta (Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil) Prof. Sérgio Laia (Universidade FUMEC, Brasil) Profa. Thäis Machado Borges (Universidade de Estocolmo, Suécia) Rua Cobre, 200 • Bairro Cruzeiro • CEP 30310-190 Belo Horizonte • Minas Gerais • Tel.: (31) 3228-3090 [email protected] Pareceristas ad hoc da revista Mediação

Ana Karenina Berutti – Faculdade Pitágoras de Administração Superior Bruno Guimarães Martins – Universidade Federal de Minas Gerais Carla Mendonça – Universidade FUMEC Cláudia Siqueira Caetano – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Eduardo de Jesus – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Euclides Guimarães – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Frederico Tavares – Universidade Federal do Rio de Janeiro Jônio Machado Bethônico – Universidade Federal de Minas Gerais Joana Ziller de Araújo Josephson – Universidade Federal de Ouro Preto João Damasceno Martins Ladeira – Universidade do Vale do Rio dos Sinos Júlio César Machado Pinto – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Juniele Rabelo – Universidade Federal de Minas Gerais Laura Guimarães – Universidade Federal de Minas Gerais Leonardo Vidigal – Universidade Federal de Minas Gerais Magda Rosí Ruschel – Universidade do Vale do Rio dos Sinos Márcio de Vasconcellos Serelle – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Maurício Guilherme Silva Junior – Centro Universitário UNI-BH Natacha Silva Araújo Rena – Universidade Federal de Minas Gerais Norval Baitello Junior – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Patrícia Moran – Universidade de São Paulo Vanessa Madrona Moreira Salles – Universidade FUMEC da cultura e da arte que, edaarte da cultura segundoosautores daEscoladeFrankfurt, sub dosfenômenosdemídiaedamercantilização pelaimportância perpassa digitais.interfaces UmdebateaindavitalnosestudosdaComunicação raneidade equeserealizam sobhábitosdefrequentação easmediaçõesnacontempo entre culturais aarte erupturas interfaces consumo eartísticos. debensculturais tambémacolhe as Atemática mídias, com seusregimes dedecisão, criação, divulgação, veiculação e ligadadas àstecnologiaseàinstitucionalização com aarte experiência ção que se propicie um aumento exponencial de acesso e referências a obras cos, telas, interfaces, telecomandos, etc. No âmbitodainternet, mesmo sentes nos diversos espaços que frequentamos, em dispositivos eletrôni Nosso éhojerepleto entorno deimagens, texturas, sonoridadespre e agências denotíciasquenos assediamdemodoubíquoeostensivo. fícies, objetos, ambientes esons projetados por do assinalaarespeito dainvasão Flusser vale aquioque lembrar Vilém mas tambémdasensibilidade estética. espectador, acarretando um aprofundamento não apenas da percepção, não estéticos, umaaproximação quepermitiriam maiorentre eo aobra geradas demeios seriam circunstâncias comnovas aarte deexperiência nomododeinvenção ederecepção estéticas.transformação Para ele, logias dacomunicação estavampromovendo, mesmosemquerer, uma contemporânea. estética experiência Benjaminacreditava queastecno gicos tinham, emcontrapartida, sobre muito asmodalidades adizer da Adorno eHorkheimer, midiáticosetecnoló antecipouqueossuportes ou a imaginação.a criatividade Walter Benjamin, que mais esperançoso àfantasiaeaonão pensamentonenhumadimensão maisdeixaria para artista. doconsumo aesfera para Essatransferência desajeitada daarte midiático eoespecialistaestéticoassumiria, emdiante, deora olugardo no mercado. Toda forçada a passar pelo filtro seria produção artística de marketing e publicidade colocá-las para estratégicas vendo técnicas aumpadrão de dearte metem asobras “gosto bem-sucedido”, desenvol design Se trouxermos o debate crítico para nosso contexto histórico atual, nossocontexto trouxermospara histórico odebatecrítico Se – O dossiêdesta edição – promove como discussõesqueabarcama praxeamotivação para emnossoshábitoscontemporâneos, daonipresença desuper Mediações culturais Editorial : arte, designers design online , publicitários ecomunica e com as ------

7 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 8 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 do de Oliveira notexto do deOliveira mentos socialmentediscriminados. negros dessespersonagens eaestigmatização porfunçõesecomporta Os resultados dos dapesquisaapontam ainvisibilidade para numérica abordagens: numérica, entre sociale interação enegros. função brancos eapresenta dados eSociologia baseando-se emtrêsEstudos Culturais Brasil Avenida Brasil to Santos, notexto ções veiculadas pelastelenovelas brasileiras”. Thais Helendo Nascimen pelo convívio com astecnologias cos, dapublicidade, do cultural, adespeitodosaxiomas da indústria criativa dossistemasmidiáti estética,experiência e de resistência daspossibilidades de invenção artística emcontalevadas asdiferentes artística, condições deexperimentação de microssegmentos passíveis de consumo. pertinente, Será por fim, serem dão margem ainvestimentos menosrentáveis, masquesuprem todosos quandoosfilõesdo viabilizado e,experimental portanto, depúblico, emtermos minoritários somente é daarte.de produção edistribuição Ocusteiodemuitos decariz trabalhos aufere decontrole cultural décadas e emqueaindústria sobre oprocesso ravelmente osincentivos pelomercado (salvo efinanciamentospúblicos) domecenatoéexercidaincontornável numtempoemqueaprática inexo cultural? da indústria dossistemas darubrica ousedesembaraçar podedriblar Como oartista edefrequência àinternet? em temposdehábitoscom mídiasinformáticas indagada por Walter Benjamin: seefetivar poderia como naarte ainovação criativa. aexperimentação para mentos midiáticosumavirtude oesquecimentodoscondicionanossos regimes etornar damemória visibilidades. taiscircunstâncias São quepodem, ironicamente, desarmar dentre umainfinidade eexplorações permeadas porimpre deinterfaces documentos raros, videoclipes, trocam informações, demonstram suasideias, postamaulas, entrevistas, com asredes. criativa nascondições daexperiência danças aí Artistas ederelacionamentos,busca pode, porseuturno, motivaralgumasmu atividade dirigida. meramente Afrequência asites domarketingquiteturas edo econexõessobre entre artistas públicos, talexperiência, submissa àsar Retomamos a questão da resistência ligada à experimentação da arte já Retomamos já aquestão daresistência daarte ligada àexperimentação Este número seiniciacom asdiscussõessobre otema “representa A representação homoafetivaédiscutidapor JoséApareci datemática . nasáreas fazumarevisão Aautora deliteratura deComunicação, , analisaarepresentação donegro natelenovela Mídia, eraça representação

É inegável, noentanto, que háumatensão ainda design Transformações na representação e na discursividade Transformações enadiscursividade narepresentação e das circunstâncias mecanicistas instauradas e dascircunstâncias instauradas mecanicistas design making offs mainstream online digitais, continua reduzida auma e de interface digital. edeinterface rendem lucros excedentes e , performances : onegro natelenovela person to person ouconcertos, Avenida , de ------e construções identitárias. e construções dosmeiosdecomunicação napropagaçãoportância deideias, valores presença desituações contemporâneas nasérie, demonstrandoaim edopodersimbólicodePierreBourdieu,e doscampos a averiguam Thrones. temporadadasérie sentações pelaprimeira sociaiscriadas analisamasrepre DestroAdemirdrigues CoutoeLuiz deOliveira tações sociais e disputas pelo poder em dade homossexual. peloreconhecimento dasociedade brasileira daidenti porparte cabo seengajounoprocesso a brasileira levado queateledramaturgia mostra umamudançanopadrãopara derepresentação detalgênero. Oautor gens Discurso, oautoranalisacomo seconstrói arepresentação depersona da novela hacker hacker os chips, masos equipamentos completos. Para a autora, amicrocultura computadores domésticos antigos, dosquaissão aproveitados não apenas quesão produzidascas sonoro pormeiodochip presente emconsoles e com dacenamusical osurgimentoedesenvolvimento music, damicrocultura relaciona ascaracterísticas Camila Schäfer mento, são percebidas como suatodalidade. percepção. Para ele, essasrepresentações, deumaconteci quesão parte na queprovocaram eamobilização desseseventos midiática imagética Malinowski refleteGabriel acerca dealgumas relações entre aprodução o ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, noGolfo, eaGuerra râneo voso, imagens vibrantes social. gerando umsentimentodeinsegurança uma vez querelativizaosacontecimentos interesses conforme diversos, Os autores apontam queamídia atuacomo umdispositivo depoder, las veiculados nojornal Foucault,chel osautores sobre analisamas matérias violêncianasesco metodologia aanálisedodiscursoevalendo-sepensamentodeMi com aviolência Mourão e Analaura Corradi no artigo lene Soares éapropostapúblicas deDouglasJunioFernandes Assumpção, Franci Em Hackers A representação daviolênciatambéméotemadoartigo Analisar como são produzidos osdiscursosdeviolência nasescolas Em gays . Percorrendo como oatentado algunscasos em permitiu queosadeptospermitiu da Quando sejogaQuando ojogo dostronos, você vence oumorre À luz das teorias da representação social de Erving Goffman darepresentaçãoÀ luzdasteorias socialdeErving ebissexuaisnanovela. Osresultados desuapesquisaapontam Amor à Vida. daAnálise do Adotando aperspectivateórica : relatosnojornal decasos e sua relação com o surgimento e sua relação e desenvolvimento da : espectadores midiáticocontempo nocenário O Liberal , quecircula nacidade deBélem(PA). chipmusic Game of Thrones of Game OLiberal criassem criassem Mídia e suas relações softwares . como Utilizando chipmusic Virginia TechVirginia , Paloma Ro : represen adaptados Corpo ner Corpo Game of , músi hacker chip e ------

9 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 10 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 procura visão daruma nova sobre orelacionamento entre os artistas Braga, este número. finaliza No texto, ensaístico,caráter quetem oautor reta entre acomunicação do programa eatomada dedecisão dosalunos. doSul.Grande Com osdepoimentos, uma relação di pôde-severificar doscursosdoPronatecalunos concluintes Borja, nacidade deSão Rio Borja/RS. Para entrevistasemprofundidade feitas issoforam com os no texto de Souza Queiroz Domingosde Cristovão de Almeida e Kairo Vinicios éoobjetivoda dedecisão dopúblicoaseinscrever noscursosofertados so ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) a toma para contribuíram a comercialização deelementosvestimentares. dewebsitepioneira nodesenvolvimento adivulgação, para aprodução e trabalhos de Pia Myrvold, dePia trabalhos multimídia, artista Manovich,Lev mídiasde denovas definição relacionando-as com os tecnologias, dainternet, particularmente namoda. da parte Aautora tecnologias, tas conhecidos edificultandoadenovos. domercado,da área àlógica cultural favorecendo adivulgaçãodeartis demarketing esubmissão dasferramentas quehásubutilização concluir marcas. Aanálisedodiscursodosentrevistados aos permitiu autores como aprodução deeventos, apropaganda, apublicidade eagestão de compreender oemprego depromoção deferramentas nosetorcultural, empresas deprodução cultural, emBeloHorizonte, MinasGerais, para detrabalho,cado analisadasdemarketing asestratégias detrês foram no mer da dadificuldade instrumental de inserçãomúsica de artistas dores Kilimniknoartigo Miranda eZélia deOliveira Vieira Machado CamposLopes, éoobjetivocultural deLucas Cláudio Luiz secções entre asesferas, são apontadas. particularidades várias promovidasdados por governos. abertos oautoraponte Embora inter brasileiros,amostragem de 17 aplicativos de competições de oriundos entre ediferenças apontar eles. semelhanças Para analisada issofoi uma digitais dedados públicos e produções demídiacidadã nointuitode mídias cidadãs, Marcelo daFontoura Crispim comparaosaplicativos musicais. instrumentos quecomputadorespara econsoles de Em Compreender oemprego depromoção deferramentas nosetor Em Que materia! Que Perceber seasações decomunicação doPrograma Nacional deAces : marcas emarketing deprodução Dados eparticipação Dados Moda como mídia no contexto contemporâneo Políticas públicasecidadania

Vanessa Madrona dousodenovas discuteasimplicações Crítica moderna eosacadêmicos, moderna Crítica : pensando apps de dados públicos como : doPronatec experiências emSão cultural videogame . Partindo daconstatação designer designer funcionassem como

de Gedley Belchior Belchior de Gedley : ousodasnovas O palco eosbasti interdisciplinar, ------

Curso deJornalismo, Prof. IsmarMadeira; ao Coordenador doCurso ePropaganda,Publicidade Prof. Arreguy; ao Sérgio Coordenador do hmy eJoão Filho; BatistadeMendonça ao Coordenador doCursode revista deLima;do Martins atodososmembros da doConselho Editorial rendeedição gratidão ao ReitordaUniversidade Fumec, Prof. Eduar sional arealização darevista eintelectualpara criticados. duramente Bernardelli,tistas como Henrique Amoedo Rodolfo eEliseu Visconti crônicas emquepodemospresenciar inéditasdeManuel Bandeira ar micos. O autor cita como exemplo recentes as publicações de algumas bém, ativistaeagressiva umaposição contraosacadê dosmodernistas acadêmicos contraosmodernistas. No entanto, encontraremos, tam registrada extremamente e retrógrada uma postura radical dos artistas acadêmicos eosmodernistas. Para Gedley, popularficou noimaginário nesta edição. Mark, pelastraduções dos resumos; presentes eatodos os articulistas revisora Tucha; ao Eduardo Queiroz, darevista; peladiagramação ao Daniel Washington Azevedo, eàDunya pelaprodução gráfica, anossa Martins, EduardoLuiz Oliveira danossacapa; ao artística pelacriação Gomide; Boechat João Victor ao Prof. eao Aurélio técnico JoséSilva de MestradoAcadêmicoContemporâneos, emEstudosCulturais Prof. Boa leitura! Agradecemos, como sempre, profis àqueles que nosdão o suporte Mediação ; aos Diretores daFCH, Profs. Antônio Marcos No Rodrigo FonsecaRodrigo eRodrigues Luiz Henrique Barbosa Henrique Luiz Mediação . Avigésima Editores ------

11 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015

Mídia, representação e raça: o negro na telenovela Avenida Brasil

Thais Helen do Nascimento Santos*

Resumo A televisão tem se destacado como a mídia massiva brasileira predomi- nante, a qual, por sua vez, tem a telenovela como principal produto. No prisma da mediação informacional, a mensagem reproduzida pela tele- novela é capaz de incitar a reflexão da audiência acerca de problemáticas das identidades culturais de gênero, raça, faixa etária, classe social, dentre outras. O objetivo com este estudo foi analisar a representação do negro na telenovela Avenida Brasil. Para tanto, a priori, remete-se à revisão de literatura nas áreas de Comunicação, Estudos Culturais e Sociologia; a posteriori, são analisados os dados com base em três abordagens de repre- sentação: numérica, papel/função social e interação entre os personagens (negros e brancos). Os resultados da pesquisa desvelam a invisibilidade numérica dos negros e a estigmatização desses personagens por funções e comportamentos socialmente discriminados. Palavras-chave: Mídia. Estudos Culturais. Telenovela. Representação do negro. Avenida Brasil.

* Doutoranda em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pela Universidade do Porto (UP). Bolsista de doutorado da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduada em Arquivologia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

ta como item de comunicação massiva. Deordem material, seapresen atelevisão sociais.ferenciados grupos (MATTELART; NEVEU, 2004) compreensão da recepção da mídia, da televisão, principalmente pordi da embusca quetrabalhou Hall O pioneiro Stuart nessesestudosfoi disciplinar estánamídiaerepresentação dasidentidades culturais. campo daComunicação. no científicas Aênfasedessediálogo inter a mídiaéumelementosimbólicoecultural. produtores ereceptores/audiência. Assim, (2003)advoga que Santaella demediação infocomunicacionalas mídiasassumemafunção entre os mídias. ecomunicação (LÉVY, deinformação Como suportes 2000), Introdução A opção poresse A opção Rede Globode Televisão entre osmesesdemarço eoutubro de2012. sentação donegro natelenovela gênero, raça, social, classe sexual, opção dentre outros. reprodução ideológica, passível deacentuar asdiscrepâncias sociaisde No seiodosprocessos culturais, Borelli (2001, p. 30)assevera: validação identitária”. (GUIMARÃES; PINTO, 2006, p. 5) depadrõese difusora sociaisecomo um “[...] espaço delegitimação e Do ponto devistasimbólico, seconsolida atelevisão como formadora está acessível noscomputadores pessoais, JENKINS, 2009),( a programação da além da caixa-preta para TV cômodos dacasa. Alémdisso, deconvergência dacultura nocenário o espaço tradicional dasaladeestar, quasetodosos masalcançando Assim, de como oconteúdo sedestaca uminstrumento televisivo A telenovela, porsuavez, produtos éum dosprincipais televisivos. social estacontinua canal como oprincipal (TV), àtelevisão Quanto Nessa perspectiva, as investigações integram os Estudos Culturais A comunicação humanaocorre, essencialmente, das porintermédio No contexto racial, oobjetivo comanalisararepre esteestudofoi ções populares. astradi ecultosquantopara os modelosclássicos tanto para consolidam umpadrão considerado denarrativa dissonante, imagensdesenham novas [...]; propõem e comportamentos até então inconcebíveis: invadem lares; cotidianos; alteram desordens deocasionar aparecem como elementoscapazes eatelenovela,A televisão ordem, fundamentosdeumanova sine quanon corpus de análise se justifica pelos altosíndicesde deanálisesejustifica ao ambientefamiliar, ocupandonão apenas Avenida Brasil iPads , pela exibidano Brasil , tablets e smartphones - - - - - .

15 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 16 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 nada “mancha de óleo do cultural”, do cotidiano. é a cultura cujo cerne de gerações, deidentidade específica. edesubcultura das formas dasrelações discussõesemtorno efecundaram de sociabilidade operária rada nospensamentosdeHoggart, direcionaram oolharsobre asformas Cohen,Phil Paul Gilroy, Paul eoutros. Willis geração, Essanova inspi sadores culturais, Brunsdon, quandoapareceram osnomes deCharlotte em 1972. Nesse mesmoperíodo, asegundageração depesqui eclodiu papers doCentroA decolagem científica ocorre com acirculação dos populares. culturais ouniverso demassapara daspráticas da cultura da cultura, aos produtos clássicas dasobras sua aplicação transferindo ggart, estudo para daliteratura osmétodoseinstrumento quecriticou Birmingham. deHo Osprimeirosestudosnessalinhasão daautoria (CCCS) Studies Cultural daUniversidadeCentre de ofContemporary dos EstudosCulturais. sadores aos Hall pais fundadores ainda acrescentam o nome deStuart eNeveu (2004),Mattelart porém, assinalamquealgunsoutros pesqui dadores: Richard Hoggart, eEdward Raymond Williams Thompson. de1950, nofinaldadécada surgiram com as reflexões dosseuspaisfun comunicação na midiática Culturais Estudos base nessatemática. eapontadossentada aconclusão outrosinvestigativos caminhos com da representação donegro natelenovela negro namídia. Posteriormente, remetemo-nos aumaanáliseconcisa earepresentação nacomunicaçãoEstudos Culturais midiática socialdo entree ainteração ospersonagens enegros). (brancos sentação numérica, adopapelsocialocupado pelospersonagens negros científico,artigo atrês tiposde reportamo-nos representação: a repre vas. daslimitações teóricas, Emvirtude reflexivas equantitativasdeum Sociologia; 2)análisedosdados com baseemabordagens representati nasáreasliteratura deCiência daComunicação, e EstudosCulturais pós-massivas). erepercussão mídiasmassivase emoutras rário) social(inclusive audiência (emcomparação com asnovelas anteriores nomesmoho A consolidação ocorrem e o avanço dos Estudos Culturais com o Historicamente, queosEstudosCulturais Escosteguy(2010)afirma que abordam os emduasseçõesteóricas estáestruturado O artigo A metodologiaempregada dedoismomentos: parte 1)revisão de Na expansão dasproblemáticasdeinvestigação, ocorre a denomi (artigos mimeografados,(artigos uma revista artesanal), que formavam Avenida Brasil . Por fim, éapre working working ------

mica, educacional e de lazer, sendo indissociável a sua análise e compre mídia seconsolidou como ícone semióticodemediaçãopolítica, econô mídias,e nasnovas o público/audiência, nasmídiastradicionais esocialização ainteração texto social, taiscomo: arelação damídiaedoconteúdo midiáticocom emétodosdeapreciação apontamteorias damídianoconturais novas CCCS deBirmingham. (HALL, 2009; MATTELART; NEVEU, 2004) da França, ItáliaeAlemanha, no aausênciadebritânicos sendonotória daárea,em relação dosteóricos àsorigens muitos dosquaissão advindos nia, naresistência enasidentidades. Nesse ínterim, são apontadas críticas lidam noplanoteórico, noescopodosconceitos deideologia, nahegemo eoracismo.des imigrantes Paralelamente, seconso osEstudosCulturais populares,consumidos pelasclasses asquestõesdegênero, ascomunida populares comescolar, ainstituição adiversidade deprodutos culturais são:Os temasdepesquisaquesedestacam arelação dosjovens dosmeios mídia como um instrumento derepresentaçãomídia como uminstrumento social. simbólicocultural. comocionaliza uminstrumento Assim, concebe-se a infocomunicacional pormeiodalinguagem evisual–seopera verbal edarsentidoao mundo.de fazer Destarte, demediação amídia –canal social,simbólicos quecircundam ogrupo istoé, alinguagem éummeio dassuasrelações,atividade humanapartindo emface dosenunciados humana” nossa). (tradução Nesse pensamento, alinguagemda éoefeito linguagem éadaptada no fluxo e desenvolvida incessantedaatividade e não damídia(objeto)emsi. os produtores eopúblico/audiência, pormeiodalinguagem/mensagem pelamediaçãoinfocomunicacionalpersuasiva damídiaéatribuída entre eatravés dosquaistransitam”.corporificam Assim, aintencionalidade meios, istoé, materiais, suportes físicos canais nosquaisaslinguagens se mídias são meios, emeios, como opróprionome diz, são simplesmente p. 53), queasmídiasestão quandoafirma esvaziadas desentido: “[...] (2003,de representação esocialestánaconcepçãodeSantaella simbólica mídia na negro do social Representação nasmídiasmassivas. população negra de representação da percepçãoseguinte trata-se das formas social da ensão pormeiodosEstudosCulturais. Do mesmomodo, (2001, ePhilo Miller p. 1)versam quea “[…] secompreenderNosso para ponto amídiacomo departida elemento Baseando-se nas abordagens dos estudos de mídia, analíticas no item No quedizrespeito àsCiênciasdaComunicação, osEstudosCul Media Litera cy, dentre outros. Não obstanteisso, a ------

17 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 18 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 de Lei n.de Lei 4.370/98(BRASIL, 1998), queinstituicotasraciaiseétnicas velas, programas jornalísticos, deauditório condicionada aexpectativademaiorincidência negros nasteleno representados nadublagem pornegros. No quetange à televisão, foi nas radionovelas compostas, essencialmente, porpersonagens brancos homogêneo.de trabalho Por outro lado, ospreconceitos sedesvelavam de segregação racial, enegros umavez quebrancos ocupavamfunções a televisão. Orádio, porumlado, apresentou-se como umespaço isento pelos negros naliteratura, noteatro, naimprensa, o rádio e destacando uma digressão histórica, apreende aautora ospapéissociaisocupados onegro. ediscriminam queinferiorizam notações simbólicas Mediante PINTO, 2006; LIMA, 2001; GOMES, 2008; PACHECO, 2001) NOHARA, 2008; ROSO sibilidade narepresentação donegro. (ARAÚJO, 2008; ACEVEDO; gem negro, estáestereotipada; natrama suafunção ainvi 2) indicam nas pesquisasconvergem em dois aspectos: 1)aexistência do persona eanalítica,dos métodosdeabordagem teórica osresultados apontados retratos sociaisdonegro namídiamassivabrasileira. Por diferencia os gumas dasinvestigações oobjetivo quedelinearam decaracterizar údos televisivos, Bourdieu (1997, p. 28)escreve: mudanças esituações asociedade para refletir ediscutir.” sociais, comportamentos dealterar não écapaz contudo, “[...] propõe (2001, p. 90)acredita queamensagem pela teledramaturgia transmitida de identidade nacional. persuasiva, Mesmocom suainclinação Lima produtos de mídiamassiva na reprodução deideologiase econstrução No damídia, limiarideológicoeidentitário (re)visitadas foram al dacomunicação persuasivainerente sociológica aosNa conte crítica No brasileiro, caso como atelenovela sedestaca umdosprincipais Pacheco (2001), outrossim, analisarasco para vaialémdatelevisão geiro, [...]. easimplesnarração negativos, como oracismo, a xenofobia, omedo-ódiodoestran etc. sentimentosfortes, dedesencadear capazes freqüentemente tidianos podem estarcarregados políticas, deimplicações éticas, também grupos. Asvariedades, os incidentesouosacidentes co mobilização. existiridéiasourepresentações, Elapodefazer mas crer noquefazver.e fazer de temefeitos Essepoderdeevocação real; oefeito chamam literários ver que oscríticos elapodefazer depoderproduzir o fato dequeaimagem temaparticularidade inerentesOs perigos ao ao devem-se usoordinário datelevisão et al ., 2002; BARBOSA, 2006; GUIMARÃES; , etc., doProjeto emvirtude ------,

ma da novela perpassa um plano de vingança deumajovem contra sua umplanodevingança ma danovela perpassa desempenhou asfunçõesdediretor eroteirista. Sinteticamente, atra João foi EmanuelCarneiro,O autorquedeuvidaàtrama quetambém entre 26demarço e19deoutubro de2012, 179episódios. totalizando negros personagens Avenida Brasil emdiversos contextos brasileira docotidiano.cultural conquistar aaudiênciaem suacapacidadedereprodução daidentidade brasileira,no dateledramaturgia por essanovela édestaque dacrítica representações sociais do negro na telenovela a identidade negra. esão perceptíveis,ciativas foram masaindaestão àmercê derepresentar representativas natelevisão. brasileira àpopulação negra Algumasini ao da encerramento telenovela. share final marcou 51pontos demédianaaudiência, 75%de alcançando meiosdecomunicação brasileiros, jornalísticos principais ocapítulo des. Deacordo com a decorrer dosseus179capítulos, osprópriosrecor ultrapassou atrama a todososprodutos apresentados televisivos com queatelenovela batesserecordesfazendo deaudiênciaemrelação Nesse contexto, opúblicobrasileiro identificousua realidade social, nafamília,brasileira notrabalho, nareunião deamigos, dentre outros. eromances,brigas suspenseserevelações do cotidianodapopulação gens enredam etristeza, momentos dealegria conflito e reconciliação, extrema pobreza, baixaeamédia, altaeaclasse aclasse ospersona os contextos sociaisdeumpaísaindaemdesenvolvimento. Entre a dade debaixarenda doRiodeJaneiro, três ambientesquedemarcam apresentar àex-madrasta eàmãe, respectivamente, onetodela. tro familiar entre a jovem (não mais vingativa) e o marido, quando vão afinal, temcom eleumfilho. Ocoroamentotrama estáno da reencon sultado de um longo amoroso), caso amigos de infância e, que foram estória. com ofilhodasuaex-madrasta(re Ajovem vingativasecasou -se das suas ambições e volta no lixão, a morar da ponto de partida interessada sempre emobterlucros com seusrelacionamentos, redime ex-madrasta. Entre encontros edesencontros familiares, aex-madrasta, Os principais cenários da trama são olixão, datrama cenários Os principais amansão eacomuni A telenovela , ouseja, assistir para avassalouquasetodaapopulaçãobrasileira Diante desse cabedal teórico,Diante desse cabedal noitem seguinte são analisadas as Avenida Brasil : análise da representação social dos dos social representação da : análise Folha deS. Paulo foi exibida pela Rede Globo de televisão exibidapelaRedeGlobodetelevisão foi (ÚLTIMO..., 2012), umdos em Avenida Brasil 2012. Alémdisso, no . Fenôme ------

19 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 20 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 cimento, a cor da pele branqueada ecabelos ela exibeem seus fenótipos Patrícia Melo. Dejesuse Vilma No Nas quedizrespeito Débora àatriz cor dapelenegra: Ailton Graça, Protásio, Cacau André Miranda, Luiz seisatoreszando negros. Entre essesatores, cincosão pela identificados Melo(Conceição), e Jéssica) Vilma totali nomes: Patrícia deDejesus( (AVENIDA...,atores da Wikipédia 2014)constam, ainda, osseguintes (Tessália) eAndré (Valentim). Miranda Luiz parte, Doutra norol de (PauloAilton Graça Silas), Protásio Cacau (Zezé), Nascimento Débora quatro atores negros com osrespectivos nomes dosseuspersonagens: plando outros cincopersonagens, ouseja, 52nomes. enumera (AVENIDA..., 2014)apresenta umalistagem maisdetalhada, contem ototalde47personagens.2014) elenca Emcontrapartida, a Wikipédia personagens de (OLIVEIRA,negra 2004). pos dopovo negro: daidentidade racial acordapeleeautodeclaração mestiçagem,fenóti direcionamo-nos dedoisprincipais àidentificação (SCHWARCZ, 1993). de esgotar as diversas da implicações Longe ocorreu dasociedade brasileira pelamestiçagem -se queaformação representarempara os personagens de dosatoresmomento voltou-se aidentificação negros para elencados entreção ospersonagens enegros). (brancos Para tanto, noprimeiro numérica, opapelsocialocupado pelospersonagens negros eaintera reflexão trêsfoi para tiposde recortada representação: a representação do negro de João na trama Emanuel Carneiro. Metodologicamente, esta selecioná-lavaram nesteestudo, voltamo-nos àanálisedarepresentação brasileira. de origem Brasil nacional melhortelenovela, de2013para oqualnão ficoucom &Ciências Internacional dasArtes Televisivas doPrêmio EmmyInter (AVENIDA..., 2014). adaAcademia foi indicações Umadasprincipais aprêmioscações nacionais einternacionais, conquistando 41deles Latina,países entre América Europa, África, MédioeÁsia. Oriente 2014). licenciada Atelenovela já foi pormaisdecentoevintecinco e/ouestásendovistoem40países(AVENIDA...,sua ex-madrastajáfoi Avenida Brasil mundo, comercializa seusprodutos diversos para países. Node caso Ante essa descrição geral datelenovela,Ante essadescrição sobre fatores quenos moti O sucessodeJoão Emanuel Carneiro recebeu maisde118indi brasileira,A teledramaturgia considerada umadasmelhores do Na listagem apresentada pelaGshow (2014), épossível identificar . Todavia, a apremiação atribuída foi , nãodiferente. foi dajovem contra Oplanodevingança Avenida Brasil

Ante oexposto, recorreu-se àslistagens dos . OsiteoficialdaRedeGlobo(GSHOW, Avenida Brasil Lado alado Lado . isso, Sobre sabe , quetambémé Avenida ------se queaproposta doprojeto deleicitado corresponde àporcentagem detelevisão,gramas háumalacuna demais15%. Destarte, ressalte 4.370/98 (BRASIL, 1998)derepresentação de25%negros empro Comparando-se talfatoaos índicesrecomendados noProjeto n. deLei acentua a negligência em representar o negro nos conteúdos televisivos. tre ospersonagens negros eospersonagens brancos. os negros são 11%. Assim, en umadiscrepância identifica-se numérica na páginadanovela, (AVENIDA..., na Wikipédia 2014), revelam que Por outro lado, os6personagens negros dototalgeralde52mostrados comoidentificados negros, correspondendo a8,5%dospersonagens. lado, dos47personagens pelaGshow elencados (2014), apenas4são das duaspercentagens oprimeiroaspectorepresentacional. para Por um deolhosclaros,descendência africana elábiosfinos. nariz crespos. deumhomem negro, Filha sua Nascimento Débora declara nação dos artefatos simbólicos da cultura africana. simbólicosdacultura nação dosartefatos (ACEVEDO;cultural NOHARA, peladiscrimi 2008)estigmatizada deperiferia,o gosto pelo samba e carnaval quedenotam subalternidade possui seupróprionegócio. Todavia, ao personagem étambématribuído reotipada fogeàregra e, ponto, atécerto ao personagem Paulo Silas, que socialmentedesvalorizadas.de trabalho Nesse aspecto, aimagem este acarretam amoradiaemcomunidades carentes eaocupaçãodefunções gro ebaixa noescopodasdificuldades sociaisdeeducação renda, que enalteceaincidência da Esta afirmativa representatividade socialdone lidade, favela, sujeira, ignorância, analfabetismo, einfelicidade.” feiura de comunicação aimagens negativas, como pobreza, violência, crimina descrevem queosnegros “[...] são constantemente associados nosmeios Jéssica). isso, Sobre delixo ( catadora Acevedo eNohara (2008, p. 133) Conceição), (Tessália), umacabeleireira umgarçom (Valentim) euma dono deboteco(Paulo Silas), e duasempregadas (Zezé domésticas sonagens negros, asseguintes identificadas representações: foram um brasileira. edaaudiência,da crítica traduza “realidade” dapopulação sociocultural visível deJoão na trama EmanuelCarneiro, que, segundocomentários (IBGE,não branca 2010). Dessaforma, in onegro énumericamente censo constata sedeclara quemaisdametade dapopulação brasileira (IBGE),e Estatística de1990. nadécada Não obstanteisso, oúltimo apresentada pelocensogeográficodoInstitutoBrasileiro deGeografia No tocante ao papel social ou à função (cargo) ocupadaNo ao(cargo) pelosper papelsocialouàfunção tocante A médiade9,7%personagens negros natelenovela identificadas,Com duascombinações numéricas contabiliza foram Avenida Brasil ------

21 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 22 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 encontrados indíciosdospersonagens eConceiçãona interação Jéssica dacomunidadegem nocenário debaixarenda. Entretanto, não foram ca. Apesar disso, com suainteração ospersonagens negros érestrita. da telenovela. alta e de pele bran a uma família de classe Este pertence personagem Tessália, temumrelacionamento com opaidoprotagonista ebrancos. socialsuperior mento aosdeclasse intérpretes Doravante, a (dono deboteco),por Silas queoferece melhores condições detrata dacondiçãodeempregado,cos apartir ao papelrepresentado inclusive negros, com há a sua interação os personagens em todos os casos bran sexual damulher negra. (SANT’ANNA, 1985) homens,vários acentuando-se aideologiadasensualidade edovigor mediana, olhos claros, e longos de cacheados aatenção atrai cabelos Nascimento, Débora atriz simpática, acabeleireira magra, deestatura eoutros aelaligados”. atributos Representada pela sensualidade invocar mulher negra sensual, amulata, umsignopara quesetornou termo tipos maisconhecidos, explorados, emprosa decantados everso, éoda negra. Nesse ponto, Lima(2001, p. 92)escreve: “[...] umdosestereó deoutroreafirma aestigmatização aspecto: asensualidade da mulher no chão, por ter sede e fome. fraca Outrossim, o papel da cabeleireira em condições sub-humanas, aparecendo, emuma dascenas, estendida decorpelenegra, defigurantes ção catadora delixo éenfatizada a lixo e à cabeleireira. em que é assídua a atua o lixão um cenário Sendo 1990, estáimutável em analogiacom astelenovelas atuais. Lima (2001), emanálisedetelenovelas entre de1970ea adécada padronizadas por esses personagens. Dessa forma, o retrato exposto por einveja,sonagem estáassociada afofocas reproduzindo características subalterna.negra a priori viés cômico, doseupersonagem. falanteeparticipante Esseselementos, residem ospersonagensde principais mésticas. Entretanto, Zezé, aempregada damansão doméstica emque duas personagens quedesempenhamopapeldeempregadas negras do desejo dospatrões”. Noemanálise, caso érecorrente essaevidência nas bisbilhoteiras, irreverentes sem ‘saber oseulugar’, submissas, objetodo velas, apresentam variações: herdeiras dasmucamas, dasamas-de-leite, te, éassociada àempregada doméstica: presentes“Sempre nasteleno Ainda foram apreciadosAinda foram de osaspectosinerentes catadora ànegra Lima (2001, p. queamulher negra, 92)aindaobserva frequentemen Entre ospersonagens negros, identificou-se quetodoselesintera De acordo com ocupadas as funções de trabalho pelos personagens , umapossível para mudançadaempregada atentaram doméstica A posteriori , constatou-se que acomicidade do seu per Avenida Brasil , distingue-sepelo ------do negro aindaestáestereotipada porfunçõessocialmentedesvaloriza dospersonagens negrosnumérica emrelação aos brancos; 2)aimagem dos personagens negros natelenovela damansão,nos ambientesprincipais dasaladeestar. como éocaso dacozinha, noentorno participação ouseja, dissimulando suapresença Zezé,méstica que tem a mansão de trabalho, como local mas com maior os negros têmcomo espaço deatuação; daempregada ocaso do salvo vela –amansão, acomunidade carente eolixão –, são osdoisúltimosque personagens negros. quecompõem ateleno Dostrêsprincipais cenários levisão. (GSHOW, 2014) atores datelenovela com queosnomes delesnãofazendo estejamlistados nareferência dos dospersonagens areduzida emtodaatrama,tatação seria participação entre osdemaispersonagens negros. essacons Umadashipótesespara a interação coma interação personagens ocorre submissa; brancos deforma eos ocupadastrabalho poresses personagens são socialmentediscriminadas; donegro éinvisível numérica em relaçãoção ao branco; as funçõesde três pilares deanálise, osdados dapesquisa revelaram quearepresenta nagens com esuainteração outros personagens negros ebrancos. Nesses representação numérica, socialocupado opapel/função poressesperso racial. Como recorte, delineados três foram tiposderepresentação: a negro emumestado nacional viver queafirma emplenademocracia nomesmoperíodo,televisivos com vistaarefletir na representação do da Brasil cial. Para o compreender a mídia como de representação um elemento cultural so Conclusão com comunidades de baixarenda. negros, espaços deatuaçãoestão umavez queosprincipais relacionados ligações familiares; entre 6)hámaiorinteração osprópriospersonagens seu corpo; 5)ospersonagens negros estão soltos, istoé, não apresentam alguns casos, aimagem damulher estávinculada negra àsexualidade do demanifestaçõesmusicais consideradas debaixacultura;formas 4)em dadosubalternidade cultural agosto pelosamba, pelo deproeminênciaguma forma nonegro, de características são atribuídas das, taiscomo empregada delixo; ecatadora doméstica 3)quando háal Em síntese, aspectos representacionais assinalam-se como principais fatoque merece ser assinalado dos éo ambiente deinteração Outro Neste estudo, procedeu-se à abordagem para dos Estudos Culturais , recordes queobteve deaudiênciaemrelação aoutros produtos corpus corpus de análise, selecionou-se atelenovela brasileira Avenida Brasil na página oficial da emissora dete na páginaoficialdaemissora Avenida Brasil : 1)ainvisibilidade funk , porexemplo; Aveni ------

23 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 24 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Keywords thesecharacters’stigmatization by socially functionsandbehaviors discriminated. white). theand blacks of invisibility researchreveal the thenumeric results of The approaches: numeric, functionsocial andinteraction among thecharacters (blackand and Sociology; aposteriori, analyzedthedata are withbase representation inthree tomade Communication, theliterature of intheareas revision Cultural Studies representation inthesoap opera AvenidaBrasil. For somuch, is apriori, reference social class, among others. The objective was withthis study to analyze the black’s the audience about thecultural gender, problematic of identities of race, age group, tion, themessage reproduced by thesoap opera iscapable to of incite thereflection turn, hasthesoap opera asmainproduct. media theinformational of Intheprism The excelledtelevision has asthe Brazilian largest mediapredominant, which, in Abstract Media, andrace representation tural, como gênero, social, classe sexual, opção eoutros. faixaetária isso, deidentidade cul formas podeserampliadaoutras para atemática televisivas.imagem donegro publicitárias emcampanhas Não obstante (ACEVEDO;mília edetrabalho NOHARA, 2008)eaassociaçãoda racial); sobre aprofundar ocontexto das representações a crítica de fa (reflexão entre eomitodademocracia aideologiadobranqueamento gro comabordagens: ênfaseemoutras representação daespéciehumana investigações futuras para aanálisedarepresentaçãocaminhos done na telenovela apontadoconforme noitem3. e areflexão daaudiênciasobre sociaisdessaspráticas, asimplicações da potencialidade dessareprodução ideológica, cumpre incitarodebate de racismo, as práticas diretasolução minimizar para noentanto, diante quenãooconteúdo apresente seespera televisivo uma Saliente-se em relação àfamília, àeducação, àsaúde, aoeàcondiçãosocial. trabalho onegro ediscrimina queaindainferioriza simbólicocultural imaginário do negro natelenovela çou-se o objetivo proposto neste estudo: o de analisar a representação baixa renda ouporpreferências culturais. Nessas constatações, alcan aumacomunidadenegros entre sesocializam sipelopertencimento de Neste estudo, não derepresentação seesgota atemática donegro A telenovela, como derepresentação umanarrativa social, revela um : Media. Cultural Studies. Soap Opera. Avenida Brasil Avenida Brasil : the blackinsoap opera . Assim, aponta-se como outros possíveis . Black´s representation.Black´s Avenida Brasil.

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25 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 26 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 ÚLTIMO de capítulo “Avenida Brasil” éoprograma maisvistode2012. – 19870-1930. Paulo: São Companhia dasLetras, 1993. A Enviado em16dedezembro de sil-e-o-programa-mais-visto-de-2012.shtml Disponível em: < SCHWARCZ, LiliaMoritz. Porto Alegre, v. 22, p. 23-32, dez. 2003. SANTAELLA, Lúcia. SANT’ANNA, Affonso Romano de. logia &Sociedade ROSO, Adriane 1-14. DA COMUNICAÇÃO, 24., 2001, CampoGrande. eaimprensa Brasil brasileira. Raça Revista In: CONGRESSO BRASILEIRO DECIÊNCIAS PACHECO, dePaula. Hellen Representatividade daimagem donegro nosmeiosdecomunicação: n. 50, p. 57-60, 2004. OLIVEIRA, Fátima. negro noBrasil: Ser elimites. alcances Media Culture MILLER, David; PHILO, Greg. The wrongactive audienceand inmediastudies. turns ceito em15demaio , Toronto, n. 4, set. 2001. , Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 74-94, jul./dez. 2002. et al http://f5.folha.uol.com.br/televisao/1172364-ultimo-capitulo-de-avenida-bra . eideologia: Cultura amídiarevelando estereótipos raciaisdegênero. Da cultura dasmídiasàcibercultura:Da cultura oadvento dopós-humano. O espetáculo dasraças 2015. O canibalismoamoroso 2014. >. Acesso em: 22fev. 2014. : cientistas, instituiçõesequestão racial noBrasil Anais... . Paulo: São Brasiliense, 1985. CampoGrande: Uniderp, 2001, p. Estudos Avançados Estudos Folha deS. Paulo , Paulo, São v. 18, Journal on Journal Famecos . 2012. Psico - - , Transformações na representação e na discursividade da novela Amor à vida

José Aparecido de Oliveira*

Resumo Neste artigo, analisa-se a temática homoafetiva na representação e no discurso dos personagens homossexuais da novela Amor à vida, exibi- da entre maio de 2013 e janeiro de 2014 pela Rede Globo, à luz da perspectiva teórica da análise do discurso. Com um considerável número de personagens gays e a abordagem da questão da bissexualidade e da homoparentalidade nessa novela, percebem-se inovações discursivas na teledramaturgia brasileira como integrante de um amplo processo na so- ciedade brasileira na luta por reconhecimento da identidade homossexual nos últimos anos. Os resultados demonstram não apenas uma mudança no padrão de representação dos personagens homossexuais, mas também a participação da ficção televisiva e sua apropriação dos espaços que par- tilham a luta dos movimentos que reclamam aceitação da identidade ho- mossexual. Palavras-chave: Telenovela. Homoafetividade. Análise de discurso.

* Doutor em Ciências da Comunicação. Integrante do Grupo de Pesquisas em Comunicação e Linguagem (Coling) e pesquisador-bolsista do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. Editor científico. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix e da Faculdade de Estudos Administrativos de MG (FEAD). E-mail: [email protected].

clamam dopadrão heteronormativoclamam da telenovela emmilhares delares brasileiros, muitos homossexuais re peloamploalcance da visibilidade dacondição homossexual perpetrada ou mesmocenasqueindiquemrelações sexuais. Apesar daampliação não haver entre essespersonagens demonstrações deafeto, como beijo seremsoma-se ofatodequasenunca nomeados como tas, de gosto refinado ebem-sucedidas. A essemodelo de representação recer que os -representados demodo caricato, representados ora pa demodoafazer ga no mercado externo, temrepresentado diferentes personagens ecasais bo, penetração produtora ecom detelenovelas noBrasil forte principal nobre, temcrescido ointeresse pelapesquisanessecampo. ARedeGlo da homoafetividade com maiornúmero depersonagens Introdução 2 Lésbicas, 1 El exibida nocanal Trece. Exitosos Pells tinas exibemdiversas cenasdebeijo redes sociaisexigindoa cena. na últimahora, homossexual em aumentar amobilização oquesófez metido exibirumacenadebeijo telenovelas, ainda não representação havia feito semelhante. Tendo pro da união homoafetiva, em12demaio 2011. (Giselle Tigre). Acenaocorreu umasemanadepois do reconhecimento lésbico entre aspersonagens Marcela (Luciana Vendramini) eMarina ais, anovela aos casais estável homoafetiva em5demaio2011(BRASIL, 2011), ratificando Supremo Tribunal Federal aprovar oreconhecimento (STF) daunião quemelhorrepresentassedo afeto adiversidade homossexual. Após o dade homossexual. justamente numa representação A demanda estaria mentos políticosligados àlutaporemancipação eespaço dacomuni LGBTTI do movimento zantes nacaracterização,variações ointeresse atraiu esimpati dosintegrantes comse alternando aampliaçãodonúmero dospersonagens ealgumas datelenovela. gays a relação sexual eamorosa (RICH, 2010). não como algo natural, mascomo resultado destinado apadronizar deumconjunto depráticas Adiennesadora feminista Rich. No texto, adiscutirheterossexualidade é a primeira aautora O termo deriva,O termo sobretudo, doconceito de compulsória”,“heterossexualidade usado pelapen ys desde2000,ys opadrão alternando-lhes derepresentação sub –ora O problema équeaRedeGlobo, damaioraudiênciade detentora Esse modeloderepresentação brasileira, televisiva daficção que vem atemática passouenfatizar brasileira Desde queateledramaturgia gays gays , bissexuais, travestis, eintersexuais. transexuais Amor erevolução Amor gays ) e2010( os mesmos direitos patrimoniais dos casais heterossexu osmesmosdireitos doscasais patrimoniais e lésbicas são pessoas como e lésbicas as outras, “normais” – cul Botineras , SBT, daemissora exibiuumacenadebeijo Só para se para Só ), ambasda Telefe, eem2013 2 , interessados principais nos desdobra gay 1 nanovela gay darepresentação dospersonagens entre homens desde2009( ter umaideia, novelas argen América (2005), desistiu gays gays , bemcomo no horário nohorário Farsantes Los ------,

29 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 30 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 3 pressiva”, o que quedesdeoséculoXVIII opensadorafirma francês ideológico queFoucault nosalerta. co-econômico-social. identidade degênero políti posiçõesdominantes ameaçam nocampo viés políticodessaluta, poiscidadãos quepodemsereafirmar sobre sua to apenas como a serem limites morais transpostos, mas também pelo eademandadomovimento conservadoras forças preendam domesmo. esevejam apartir entre OatualembatenoBrasil como umaespéciede “dispositivo” quefazcom queaspessoassecom sociais, oconjunto(1988) destaca dediscursos e práticas entendidos discurso eaos interesses doEstado naregulação doscorpos. Foucault estratégico, numcampo clui poisasexualidade sempre ligada esteve ao degênero,do embatenasociedade pelaperformatividade mas se in noBrasil. noria diferentes atores einstituiçõesinteressadas naemancipação dessami demandas peloreconhecimento dadiversidade homoafetiva, quereúne datelenovela umfatorcoadjuvante noamploprocessogens fazem de representação desses persona e também dosdiscursos característicos e sondagem aexibição. daaudiênciapara Asmudançasnopadrão de que deuao temadahomoafetividade, espéciedepreparação doterreno àvida Amor (Nathalia Timberg), deidosasdanovela ocasal Toledo) e o maisrecente entre Teresa () e Estela novela beijo daRedeGlobo.fetividade nateledramaturgia cá, Delápara houve o aemancipação doshomossexuais.novela para Suplicy,sexóloga Marta eministra da acontribuição quesalientaram ao movimento por retratar obeijoentre doishomens, alémdepersonalidades ligadas danovela histórico ocaráter saudaram detelevisão Diversos críticos nas redes sociaisenosmilhõesdelares queacompanhavam atrama eNiko (Thiago (Mateus Solano) causou enorme repercussãoFragoso) danovela oúltimocapítulo rante considerável aceitação. dacena.193 milpessoas oqueacharam Areprovação de55%dos consultados expressa uma àcenadobeijo novamente assistiram A cenaconseguiu 44pontos noibopedeaudiência. No siteGshow quase 1milhão depessoas Ao dessasdiscursividades, tratar atelenovela não apenasparticipa precursorEm quepeseao dacenado beijogay caráter danovela opadrão derepresentaçãoA mudançajátransformou dahomoa A resposta demorou, masocorreu nodia31dejaneiro de2014, du É justamentenesseaspecto discursivo quesustentaoembate gay Em família entre (Tainá Marina Antoneli) (Giovanna eClara na Muller) , podemserpercebidos notratamento traçosimportantes gay , ea como eativistaJean odeputado federal Willys ; entre Cláudio ( José Mayer) e Leonardo (Klebber JoséMayer) (Klebber eLeonardo ; entre Cláudio( gay . Na mesmapágina, umaenquete perguntouamaisde Amor à vida Amor Em contrastecom a re “hipótese . Obeijo Babilônia gay não podeservis gay . entre Felix 3 ------. divíduo. mas deregulá-las, disciplinaecontrole conforme sobre internos oin médicas,classificações noshospitais, com oobjetivo não de reprimir, familiar,depois encerradasnaeducação napedagogia dasescolas, nas terossexuais, comcristão, basenoconfessionário classificadas foram e detalhes dessassexualidades não conjugais, não reprodutivas, não he des periféricas” (FOUCALT, 1988). Emvez dosilênciodarepressão, ocorreu umaespécie de ampliaçãodiscursivasobre foi “as sexualida considerado desviante. de uma identidade fixada, expurgar tudo fosseaquilo que que deveria de, depoder, essaestratégia conforme corresponderia ànormatização edoprazer. docorpo a domesticação Asegregação dahomoafetivida dernos, interessados numcontrole biopolíticodapopulaçãomediante compunham oprocessodosEstadosdeslocamento mo deformação desencorajada(GIDDENS,ção 1993, p. 31). Essaregulação eesse secircunscreverque osexo deveria ao casamento, sendoacontracep essascondutas,desencorajar ànatureza. vistascomo contrárias Daí rotuladas foram como anormais,tir prazer histéricas. necessário Era depois dereconhecidas, reprimidas. foram Mulheressen quequeriam econtrole. seudeslocamento para Asexualidadeeainfantil, feminina A proliferação de discursos sobre o sexo criou mecanismos depoder dediscursossobreA proliferação mecanismos osexo criou CAULT, 1988, p. 26) de reorientação, sobre de modificação o próprio desejo. (FOU analítico, múltiplos efeitos dedeslocamento, deintensificação, sexo; e que se tenha esperado desse discurso, cuidadosamente tante vez maior dodiscursosobre cada o e umavalorização clássica, daépoca a partir cons tenhahavidoumamajoração atado aessatarefatudosobre queconsiste seusexo; emdizer que, [...] queohomem ocidentalhátrês séculostenhapermanecido gredo que sempre setrai. (FOUCAULT, 1988, p. 43-44) porquesem pudoremseurosto consiste eseucorpo emumse insidiosoeindefinidamente ativo;constitui seuprincípio inscrita todo oseuser: subjacente emtodasassuas condutas, postoque asuasexualidade.quilo queeleéescapa Elaestápresente em anatomia indiscreta e, talvez, umafisiologiamisteriosa. Nada da um caráter, devida; umaforma tambémémorfologia, com uma na-se umapersonagem: umpassado, umahistória, umainfância, mais queseusujeitojurídico. Ohomossexual doséculoXIXtor A sodomia um tipo de ato interdito [...] era e ao autor não era ------

31 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 32 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 de uma mulher que atuou como barriga solidária apegar-seàcriança.de umamulher solidária queatuou como barriga deserem osriscos adotadasfrisou crianças, bem como aprobabilidade to dahomoparentalidade em resolve adotar Jayminho (Kayky Gonzaga).tratamen no diferencial O (Danielle Winits).lys Enquantoaguardam agestação dobebêocasal com a ajuda dadermatologista Amari realizar a inseminação artificial e,de amboséterumacriança tal, para para solidária umabarriga buscam que vive com Niko (Thiago Fragoso), dono deum restaurante. Osonho emissora. Eron (Marcello Antony) éumadvogado novelas porcasais moparentalidade –adoção decrianças teus Solano, Félix, ovilão carismático doscapítulos. ocupouboaparte também oprotagonismo –opersonagem de seupapelnatrama deMa como homossexuais.rizados Não apenasonúmero depersonagens, mas constantes. Em deocuparpap também deixaram finais.nos capítulos olhares íntimoseafetuosos, danovela, ocupandoboaparte sobretudo de gays resumiam-seções deafeto apenasacarícias. personagens Osprincipais que representava oshomossexuais demodoassexuado, cujasdemonstra posta daemissora, acenadobeijogay. para caminho abrindo que,testar aaudiênciaeopinião pública poucoapouco, assimilouapro dasociedademomento brasileira, histórico de bemcomo ummecanismo de representação anteriores demonstra-se como umalinhamentocom o até ao protagonismo da trama. diferenciado Essetratamento dospadrões como tambémampliouavisibilidade dospersonagens não dahomoafetividade, somente abordounocampo questõespolêmicas dos Deputadosra com projetos extremamente conservadores. A novela que presidiu aComissão deDireitosdaCâma HumanoseMinorias pastorMarco dodeputadomente apostura federal Feliciano (PSC-SP), dacomunidade dedemandaspolíticas momento histórico to maisamplodaquestão dahomoafetividade nanovela, aum cativo em homossexual temática da ediscursividades Novas representações A exibição dacenadobeijo A exibição Ainda no campo dahomoafetividade,Ainda nocampo Nesse novo padrão derepresentação, ospersonagens homossexuais àvida Amor Senhora do destino Amor àvida– Amor trouxe personagens maishumanizados, longe dopadrão Amor àvida Amor chegaram a onze –trocavam constantemente aonze chegaram (2004) onze personagens foram claramente caracte personagensclaramente onze foram Amor à vida Amor gay

é e is secundários, sendotambémmais ocorreu deumtratamen emrazão Páginas da vida Amor à vida à Amor Amor à vida Amor estánumaabordagem que gays gays (2006), damesma gay , járetratado nas rediscutiu aho bem-sucedido , quechegaram gay , principal ------

aceitação detodaadiversidade dahomoafetividade. maisprofundas transformações eampla vimento políticoquereclama e constituir família,de se casar o que constitui num retrocesso do mo heteronormativo nopadrão –ohomossexual social temdeseencaixar adotar filhoséomesmoqueenquadrarsujeitoshomossexuais ao padrão depessoasdomesmosexo etambémapossibilidade ocasamento de car dentre elesButler(2003a)eMiskolci(2007). Para taisestudiosos, bus o mesmo entendimento dealgunsintelectuais ligados à “teoria heterossexuais queoscasais (BRASIL,trimoniais 2011). Todavia, não é em maiode2011, queconcedeu aos casais estável homoafetiva, aprovado peloSupremo Tribunal Federal (STF) sobre os direitos dos homossexuais como o reconhecimento da união tivas dacomunidade homoafetiva, interessadas noavançodalegislação sais ainúmeros ca dealerta com essestemaspareceu servir preocupação A 4 sexual, familiar ereprodutivo. relação sóéreconhecida seocorrer deacordo com omodeloheteros confundido com aatual padronização domodelofamiliarnaqualuma marginalizados, e minorias conquistas de grupos mas que não ser deve de crianças. Umdireito, semdúvida, asercelebradoquandoobjetode tero” emseus relacionamentos civil e a adoção mediante ocasamento truídas. Daí o esforço dehomossexuais em adotar uma conduta “hé hetero quantohomossexuais elhesimpõeatitudessocialmentecons gêneros. regulador atuatantosobre Ocaráter daheternormatividade mulheres como mulheres mostrar-se devem não para sedeslocaremos a genitália quepossuem. como Homens mostrar-se homens, devem como se apresentem discreta demaneira oupareçam –não secomportem mossexuais, cujodesejohomoerótico évistodemodonegativo, abjeto, trária a qualquer performatividade degênero daconduta sexual. aqualquer performatividade enormatização trária suamilitância con homossexuais caracterizar dos movimentos para apropriada por umaparte de1960. eaossociais dadécada ra movimentos éjustamenteumaresposta pejorativa carga Sua homoafetiva. àordem sexual alinhada surgiu como àcontracultu crítica Essaperspectiva teórica homens emulheresdesignar politicamente tradicionalmente porsuaconduta estigmatizados O termo O termo Esse reforço naquestão dahomoparentalidade condiz com expecta O padrão heteronormativo dasociedade fazcom quesujeitosho gays gays interessados emconstituir família. queer , lésbicas, etc., pareçam conforme demodoqueseuscorpos –estranho, esquisito, anormal, excêntrico, para dopadrãoutilizado –foi fora sexual. Essa concessão a normalização, do Estado intensifica que nãoder demaneira discriminatória, independentedeorientação Estado dasrelações não-heterossexuais e, assim, conce deveria pordireitoA petição procura aooreconhecimento casamento do e parece lésbico domovimento passardespercebida porboaparte gay organizado. (BUTLER, 2003a, p. 224) gays os mesmosdireitos pa queer ”, ------4

33 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 34 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 para o universo LGBTTI anecessidade de discutiraquestão ouniverso longepara LGBTTI dos socialtalcomo aprópriaheterossexualidade,trução bemcomo trouxe possibilidades dahomoafetividade, possibilitando pensá-la como cons os sexos, atelenovela não somente ampliouodebatesobre asdiferentes 24, 46). Ao tratar, ainda que de modo insuficiente, por ambos a atração ordem socialrotula como vergonha (MISKOLCI, ouaberração 2012, p. derelacionamento,formas alémdalutapelaaceitação dossujeitosquea dução, heteronormativa, doslimitesdamoral o prazer aampliação das da “teoria soacomoessencialmente moralista umatrevimento próprio dosestudos questão dentro que luta por espaço e de outra numa sociedade rígida avanço. possateréumsignificativo televisiva umacontrovertida Tratar novela bissexualidade alémdoslimitesdaquestão para dahomoafetiviade na terossexuais quantoporhomossexuais. operadotantopor he aindamaisoespectrolevantando discriminatório esperadaentrenormalmente sexo, desejoegênero (BUTLER, 2003b), dade é objeto de duplo e recíproco preconceito, pois rompe com a ordem homoafetiva.sua orientação Dequalquermodo, dabissexuali aprática sexualidade como desujeitoshomossexuais umaopção emnão assumir abordar aquestão. fundo, é homossexual”, negando, dessa forma, em a escolha da trama provocou que onda enorme deprotestos ao declarar “todo bissexual, no conta desua “recaída” heterossexual. e osdoisserelacionam. Osdoisvãojuntos, morar atéqueEron sedá defertilização,mas tentativasfrustradas seaproxima deEron Amarilys tão dedifícil acomunidade mesmopara enfoque LGBTTI. Após algu A tentativadeampliar–oudeslocar, sepossível –odebatesobre a notemadabissexualidade,A novela tambéminovou ao tocar ques Amor àvida Amor queer NER, 2003, p. 77) diferenciada nomundorarquias e valorização ocidental. (SEFF uma vez queasrepresentações posiçõesdehie experimentam edopoder, com implicações asquestõesdapolítica evidentes interessados eporoutros emseunome, numprocesso quetem sociaiseindivíduos,ções acerca degrupos pelospróprios feitas liga-se estreitamente ao derepresenta processo deconstrução ções estasrepresentações desfrutam. Aprodução das identidades estabelecer quaisasrepresentações aelaassociadas, equeposi Conhecer por amasculinidade bissexualpassanecessariamente ”, interessados pordesvincularasexualidade darepro , com todas aslimitações queaficção edeformações É comum sujeitoshomossexuais sereferirem àbis OpróprioatorMarcello Antony Antony ------posição original: posição vamente gerarreconhecimento, mantendoasrelações depoderemsua discurso hegemônico dadiversidade semefeti quedemandatolerância ou tolerar, mas dar espaço e poder ao outro, ao em contraposição atual (BHABHA,diferença 1998, p. 106), quepressupõe não apenasincluir estereótipos comuns recebe emsuaprópria comunidade. queaprática descobre darejeição deseu paiporsuacondição homossexual: acausa de 26 de novembrocapítulo de2013 (GSHOW, 2013), quando Félix de ediscursividades representações As Transcrição eanálise– Trecho de Para osfinsdestaanálise,foi selecionado do otrecho quefazparte A bissexualidade retratada nanovela também nos remete de à noção verdade enão submeter suasrepresentações aumjulgamento oseuregime construir de dutividade dopodercolonial écrucial (tanto colonizador como colonizado)... Para compreender a pro e dependência, queconstrói colonial osujeitodaidentificação de posições de poder e resistência,com o repertório dominação não deslocá-la, oquesóépossível ao selidarcom sua prévia édescartá-la,com baseemumanormatividade política através dodiscursoestereótipo. Julgaraimagem estereotipada são dos das imagens como umacompreen positivasounegativaspara doimediatoreconhecimento serdeslocado deveria intervenção ção. dodiscursocolonial Minhaleitura sugere queoponto de daopressão diantedosignificado e moralistas edadiscrimina daambivalênciaquestiona asposiçõesdogmáticas A analítica você chorava porqualquer coisa.você chorava um você abria caía Achupeta César: Félix: igualmente César: Félix: ter.o filhoqueeuqueria César: da identidade. doautor) (Grifos contida dadiferença dentro e dafantasiaorigem articulação dade’ que é ao mesmo tempo um objeto de desejo e escárnio, uma valência produtiva doobjetodiscursocolonial –aquela ‘alteri normatizante. então possível torna-se compreender Só aambi mentira, sua. mentira Ofilhopredileto, não é? Eunão soudementir. Mas você, N quandofalodele, Eutambémsorrio euachoqueeleera processos de subjetivação ão, depredileto. não temessahistória Euamavaosdois . Amor àvida Amor tornados possíveis (e plausíveis) Félix, você chorão, era (2013) Amor à vida à Amor eficácia ------,

35 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 36 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 mou, elenão seria crescido noquevocêele não setransfor teria esetransformado César: pado porexistir. Félix: não tinhadentro decasa mim queelaamava. Não éàtoaque euprocurei oqueeu narua César: porque elameamava. seus filhos.Quer dizer, peraí, você sentiuciúmesdaminhamãe Félix: Não euqueelaamava, era você. era tempo todo... naquela umestranho cada. euera eFélix. Pilar Era saiu dadepressão elaficouagarradaem você, elatemimavao César: desse,pela morte desseoutro menino, mesmoeusendoumbebê. Félix: queno, nunca, foi, nunca foi. nunca debola,brincou desdepe ofilhoqueeuqueria foi você nunca César: piscina botarumalona,te passoupelacabeça umcercadinho naquela Félix: César: Félix: César: Félix: filho, Cristiano,caía napiscinaeseafogou... porsuaculpa. Os poucosminutosqueelaficouembalou você nocolo, omeu César: chorando.uma criança Félix: teacudir.babá foi César: Félix: o meufilhomorreu. você chorava, chorava, chorava, chorava... Foi porsuaculpaque problema desdeonascimento. mãe quasemorreu. Sua Edepois César: Félix: sua mãe também. Porque aténissovocê ruim: era você secouoleitede contratar umababá,saída foi aquela mulher. Você mamounela berreiro. Você acordando anoiteinteira chorava agente. Anossa Ah não, eu agora eu sou culpado pelas suas traições, cul N Então essaéaverdade. Você meculpa, sempre meculpou Minhaculpa, Minhaculpa, Minhaculpa, Inconsequente, papai, quebabánão umacriança, acudiria Minhaculpa, minhaculpa? Eu, umbebê, euera pai. Ofato, Félix, équeeuadoravaoCristiano, euo adorava, N Você detremeliques. cheio era Asuamãe, depoisqueela debolacom ele... Eubrincava você Chorou errada. nahora Por suaculpa. J Você eaquela inconsequente daquela chorou nocarrinho ele. Elatinhaleitesuficientepara Você não, foi um você ? Agoraaculpaéminha, minhaporque chorei. . á devia á devia ão, não é ão, elateamavademais, elateamavademais, não a era tá acostumada, porqualquercoisa. você chorava o queacontece com todasasmães queamamos gay não não não, aculpaésuatambém. Por nunca acaso . [Inicia-se . . . música dramática defundo] músicadramática não... você nunca você nunca . - - - eu, companheiro detodasashoras). Todos essesditos, aliados àpostura que reforçam opadrão heteronormativo (macho, debola, brincar como sexual (fresco, tremeliques, chorão, ruim, problema), alémdosadjetivos menções desinônimos denotadores homos dacondiçãoestigmatizante Félix ao amenção termo ocorre cincovezes babá, napiscinaeseafogava. quenão percebeu caíra queCristiano deCristiano.morte Félix embalado quandofoi pela estavachorando sobrecarrega seudesprezo Félix, aresponsabilidade aquematribui pela edofatodeseuúnicofilhohomem ser quando criança homossexual como Félix. Da duplaangústiadeterperdido umfilho cipalmente por acreditar crescido não teria e se tornado que Cristiano porterperdido umfilho,César não apenasrevela suatristeza masprin Solano) ao momento emqueCésar(Antônio Fagundes) revela aFélix (Mateus O primeiroaspectonotrecho emquestão No modopejorativo emque sua mágoa pela morte de seu irmão Cristiano quando criança. de seu irmão Cristiano sua mágoa pela morte César: Félix: como essa.ria Eunão fizaescolha. César: Félix: César: isso? naquelativesse piscina, caído tersobrevivido. éelequedevia É Félix: as horas. um companheiro, umfilho, amigo, umcompanheiro todas para eu tenho certeza. macho, Ele seria como eu, um amigo, seria seria César: pai. fez me apontou odedo, você mepôsum sujeito pode ser másculo e ser você disse, umhomem, podegostaresetornar deboneca eum Félix: César: Félix: assim. foi César: Félix: tos...]. (GSHOW, 2013) Félix: você. eleofilhoqueeuamava. Era [Silêncio. Boquiaberto, esaidasalaaos pran levanta-se Pois, então, faça, agora. faça Então essa é... então que você que eu claro preferia Ficou N Ah não é, não é. Ah, eusei, como équevocê podesaber? É Então eu faço... que ele tivesse eu preferia vivido, enão Não numa histó umacoisa ou outra tem essa de preferir N Estavaerrado esse rótulo? Você é Você sempre assim, foi Ah... agente sabe; ão, não, podetertr masumacriança isso pai? ão temessa . César descreve a orientação sexualde Césardescreve aorientação gay é fresco gay gay , desdepequeno, você sempre . Agora você, desde o início, gay é otomdado dramático , devontades. cheio rótulo , sete alémdeoutras gay , issooquevocê foi . OCristiano, não, emeliques, como gay , Césardes - - - - -

37 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 38 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 quadro aseguirresume os antagonismos presentes notrecho emquestão. umaredençãoiniciará inacreditável até areconciliação com seu pai. O cujos bordões conquistou a simpatiademilhares defãs,caricatural mas teronormativos. vergonha nos padrões de terem alguém que não se encaixa em casa he deinúmeroso desfecho lares queexpulsamosfilhoshomossexuais pela vela. Acenanão somente descreve ahomofobia familiaresocial, como quearepresentação humanizante homossexualum caráter ganhanano dramaticidade dacena, quedurou quasenove minutos, quedemonstra vilão. deseucomportamento da novela como umajustificativa Maséa você. eleofilhoqueeuamava.” Era (GSHOW, 2013) noBrasil:quase diariamente queeletivesse preferia vivido,“Eu enão todo odiferente sejaextirpado, violentaeraivosamente, talcomo ocorre descrever eviolenta–odeque o desejodeumasociedade homofóbica no lugardoirmãoheterossexual. Juntocom osadjetivos, acenaparece visto crescido, mas, sobretudo, odesejodequeFélix tivesse morrido não apenasapreferência porCristiano,declarar ter aquemdesejaria um filho, amigo, umcompanheiro todasashoras. para (GSHOW, 2013) teza. macho, Ele seria como eu, um amigo, seria um companheiro, seria comodirige ofalopaterno. na verdade, arejeição dadiferença, dooutro, daquele cujodesejonão se saída senão querer expurgarseumalcom arejeição deseufilho, que é, roubou atéoamordamulher porsermaissensível, Césarnão vê outra xuais, mastambémemseusfamiliares. afeminado, não deproduzirapenasnossujeitoshomosse capaz feridas – adorado/ruim), do menino da figura o que demonstra a patologização antônimos dopaienvergonhado pelasexualidade dofilho(macho/ filho enojada deCésar, parecem demonstrar arepugnância quesentiupelo Acuado peloconfronto dofilhohomossexual, a César éobrigado Tava errado esserótulo? Você égay. OCristiano, não, eutenhocer Da desventura depossuirumfilhohomossexual, alguémquelhe A partir dessacena,A partir Félix não maisovilão será carismático, afetadoe porFélixA rejeição descoberta passaacompor orestante datrama gay ao longo detodaavida. Háumdestaque especialnoparde CAULT, 1988, p. 43-44). umreincidente,era ohomossexual é, agora, umaespécie(FOU de androginia interior, dehermafroditismo da alma. Osodomita lidade rebaixada da sodomia quandofoi aumasorte daprática A homossexualidade apareceu como da sexua uma das figuras gay ------

respeito datelenovela edoromance dasexualidade: natransformação 2000, p. 156). (1993, Guiddens p. 55)tambémpossui visão favorável a mandasse, um” decada umaopção queissoera (MARTÍN-BARBERO, que demonstraram “o não tinha por que ter todos os filhos que Deus casal dade, com base emnovos costumeserepresentações datelenovela que na Colômbia, sobretudo com respeito àausênciadecontrole de natali doscostumes como etransformação levisão auxiliares namodernização homossexual. reconhecimento quereclamam da identidademovimentos eafirmação homossexualsividade natelenovela sejamapropriadas datemática pelos e aliteratura, écompreensível queacrescente representação eadiscur Conclusão Preferia queeletivessevivido. Um companheiroparatodasashoras. Seria umamigo, umfilho. O Cristiano, não, eleseriamacho, comoeu. Ele nãoseriagay Ele nãoteriacrescidoesetransformado Eu adoravaoCristiano, euoadorava Eu brincavadebolacomele. O “meu”filho. Era ofilhoqueeuqueriater Eu sorrioquandofalodele Era eleofilhoqueeuamava Antagonismos sobre osdoisfilhosdeCésar(Antônio Fagundes) Martín-Barbero (2000)jáhaviadetectado opapeldorádioedate Martín-Barbero entreCom penetração aenorme asmassas, muito maisqueocinema Fonte: GSHOW, 2013. elaborado peloautor: OLIVEIRA, (Quadro 2015) Cristiano –Heterossexual qualquer sentidoumtestemunho depassividade. Oindivíduo românticasO consumo nãoem ávido denovelas ehistórias era QUADRO e Você você semprefoiassim, fresco, cheiodevontades. A gentesabe;gayédesdepequeno. no quevocêsetransformou. Sua mãeteamavademais. A mãeseagarrouavocê, temimavaotempotodo. Você eracheiodetremeliques. Você nuncafoiofilhoqueeuqueria, nuncafoi. Você nuncabrincoudebola. Chorava porqualquercoisa, ababáfoiteacudir. Foi porsuaculpaqueCristianomorreu. Você chorava, chorava, chorava. Era umproblemadesdeonascimento, suamãequasemorreu. Você eraruimesecouoleitedamãe. Você erachorão, choravaanoiteinteira. nãovocê é gay. . Félix –Homossexual - - -

39 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 40 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 apontado. foi suficientemente já televisiva eodiscurso da ficção jurídico discurso como direito aos indivíduosnão heterossexuais. Essarelação entre o brasileiropliar aquilo jáhavia, queoJudiciário tardiamente, postulado Conselho Nacional (CNJ)em2013. deJustiça buscouam Atrama duziu oqueSupremo Tribunal Federal em2011eo jáhaviafeito todo otecidosocial. movimentos, para dodireito posturas academiaecampos quesinalizam amplo quereúne atores, intelectuais, artistas, militantes, instituições, portantes. Não éumatorisolado, mais deummovimento masparte mações emudançassociaisapenasporampliarodebatedetemasim homoafetividade. eaproximarzar aindamaisessespersonagens detodasasnuancesda darepresentação transformações bem sinalizar quevenham ahumani no cinema, noteatro enosdemaisprodutoscultural, daindústria pode homossexual nãotelevisiva, apenasnaficção mastambémnaliteratura, o primeiro risco,Sobre o crescente aumento de visibilidade datemática tos étnicosperderem-se (HALL, naespetacularização 2003, p. 339). no modeloheteronormativo, dalutadosmovimen bemcomo norisco dessespesquisadoresressalva nofatodearepresentação estaria esbarrar luta emprol dopreconceito dasuperação eaceitação dadiferença. A o aumento da visibilidade como na teledramaturgia um fator a mais na No específicodahomoafetividade, caso anovela que a telenovelaNão por si só produz de dizer transfor se trata dospesquisadoresBoa parte sobre homossexualidade concorda com brasileiro. (FADUL, 2013) aprovada foi do divórcio peloCongresso elogo depoisessaLei (1975),calada de Lauro César Muniz, introduziu o problema voltar de70doséculopassado àdécada quandoatelenovela Es etc. Acho atémesmo quealistaébastante longa esepoderia saparecidas, demedula, dostransplantes dasíndrome deDown profundo impacto nasociedade, de dascrianças como ocaso foi [...] muitassociaisapresentadas campanhas têmtido naficção da domesticidade estabelecidacomo oúnicoidealproeminente. perança, umaespéciederecusa. Frequentemente rejeitava aideia dees romântica(eaindaéhoje)tambémumaliteratura tura era navidasocialreal.com aautoidentidade frustrada Masalitera pressão defraqueza, aumacordo umaincapacidadedesechegar deste ângulo, arealidade românticas umaex era dashistórias negado noêxtaseoquelheera mundobuscava comum. Vista Amor àvida Amor tra ------cionamentos furtivos esutis,cionamentos furtivos talcomo naliteratura. mente sejam os homossexuais, restritos a condutas introspectivas, rela relegados. padrão derepresentação Seu podeestarlonge doque real esanatórios,clínicas edonão dosconfessionários lugaraqueestavam podem sairdosguetos, dosprostíbulos, pornográficos, dosinfernos das co a visão demoníaca ebestialdahomoafetividade, pois esses sujeitos oavançodenovos ordenamentostodos osdiasesinalizar jurídicos. porque quetemacapacidade deadentraremmilhõeslares brasileiros pondo transformações. Nesse sentido, atelenovela é umatorem especial edaprópria conjuntura internacional quevemcação háalgunsanosim quepassapeloaumentodarenda,ciedade brasileira doaumentodaedu nanda Paes Leme Secco rah Sabino, AMÉRICA. Autora: Referências Keywords: identity. thehomosexual of acceptance themovementsthatclaim thefightof thespaces thatshare of propriation characters,homosexuals thetelevision butalsotheparticipation of fiction andits ap years. results notjustdemonstrateThe a representation the change inthe of pattern of inthelast identity homosexual in theBrazilianrecognition of for society inthefight ticed discursive intheBrazilian innovations soap operas alarge asmember process of thehomoparenthood andof inthissoap thebisexuality opera, thesubjectof of no are tive speech of analysis. aconsiderable gayWith number of characters andtheapproach 2014by RedeGlobo,May 2013andJanuary perspec thetheoretical inthelightof characters homosexuals discourse of thesoap of opera àvida, Amor displayed between This article,we analyzethehomoaffective representation themeinthe andinthe Amor àvida thesoap of operaTransformations andinthediscursivity intherepresentation Abstract Com odiscursohomoafetivo datelenovela, umpou desmistifica-se Esses avanços est Marcelo Travesso , Murilo Benício Murilo Soap opera. Homoaffective. Speech analysis. , Murilo Rosa Murilo , Marcello Novaes Glória PerezGlória , , Teresa Lampreia Edson Celulari ão , inseridos num contexto de emancipações inseridos da so . Direção: , Cléo Pires , , Christiane TorloniChristiane , Federico Milani. Bonani eCarlo Intérpretes: Marcos Frota Jayme MonjardimJayme , Bruno Gagliasso Bruno , Bruna Marquezine Bruna , Camila Morgado , , Cissa Guimarães Marcos Schechtman , Juliana Knust , Thiago LacerdaThiago , Rodrigo FaroRodrigo , Luciano Debo , Fer ------, ,

41 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 42 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Costa Albuquerque eJ. A. Albuquerque. Guilhon RiodeJaneiro: Graal, 1988. FOUCALT, Michel. capítulos. Alfredo Casero Jorge Bechara. Intérpretes: FARSANTES. Autores: 20/03/2014. Entrevista. news/view/_ed736_nao_se_pode_criticar_a_telenovela_por_preencher_uma_lacuna>. Acesso em: Imprensa FADUL, Anamaria. atelenovela porpreencher Não umalacuna. sepodecriticar Janeiro: RedeGlobode Televisão, 2014. 143 Louise D’TuaniLouise ná Müller Rinaldi Bianca e bino e Teresa Lampreia. Intérpretes: EM FAMÍLIA. Brasileira,vilização 2003b. BUTLER, Judith. S0104-83332003000200010 -83332003000200010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 8jul. 2014. http://dx.doi.org/10.1590/ 219-260, 2003a. Disponível em

I capítulos. : avontade de saber. Tradução deMaria da Thereza e . Argentina: e . RiodeJaneiro: RedeGlobode Televisão, 2015. Ingrid PelicoriIngrid André Filipe Filipe André Mario Segade Mario Adriano Melo, João Boltshauser, Sa Luciano , Chay Suede Reynaldo Boury Reynaldo , , , , Damián deSanto Bruna Marquezine Bruna Nathalia Timberg , como co-protagonistas; Thaís Pacholek e Underground; , , como antagonistas principais. Rio de , Herson Capri Facundo Arana , , Brasília, n. 198, 14out. 2011. Helena Ranaldi Caco Ciocler , Cláudia Jimenez Patrícia deSabrit . Argentina: El Trece, 2013. 125 , Binder; Fiterman; Allan Marco Luisa Arraes Luisa . Direção DanielBarone e , Luiz AntônioLuiz Piá , , , Thiago Fragoso Gustavo HaddadGustavo Isabel Macedo

, Endemol; , Cássio Gabus Mendes , . RiodeJaneiro: Rede Gabriel Braga Nunes Braga Gabriel Natália do ValleNatália , , Benjamín Vicuña Thiago Mendonça , , Bruno Gagliasso Bruno Humberto Mar Humberto , Ângela Vieira Reynaldo Gon Reynaldo Observatório da Observatório

Telefe , eMarcus , Gonzalo Gonzalo Gabriel Gabriel , , 2009. Lúcia Lúcia , Tai y e ------, , ,

Mamberti, PÁGINAS davida. Autores: UFOP, 2012. MISKOLCI, Richard. Pagu MISKOLCI, Richard. Pânicos econtrole morais social: reflexões sobrecasamentogay. o Comunicação MARTIN-BARBERO, J. Comunicação emediações culturais. Hugo Arana. Romero.e Xavier Intérpretes: LOS EXITOSOS Pells. Autor: Ortega. Sebastian Direção: Morales Eric mediações culturais. BeloHorizonte/Brasília: UFMG/Unesco, 2003. HALL, S. “negro” Que In: negra? éessenacultura SOVIK, L. (Org.). paloma-decide-se-separar-de-bruno.html>. Acesso em: 28fev. 2014. nov. 2014. Disponível em: . Acesso em: RICH, A. Heterossexualidade eexistêncialésbica. compulsória Televisão, rah ceito em15demaio , Caco Ciocler , Campinas, v. 28, p. 101-128, 2007. , Deborah Evelyn Deborah , Eduardo Moscovis 2006 Félixrejeitadofoi quesempre por César ao descobrir arrasado fica como protagonistas; Teresa Lampreia , Paulo, São v. 23, n. 1, p. 151-163, jan./jun. 2000. Entrevista. Argentina . 206capítulos. , , , e Fernanda Vasconcellos Débora FalabelaDébora , Thiago LacerdaThiago Vivianne PasmanterVivianne Ary Coslov Ary A transformação daintimidade A transformação Teoria , Derivas da masculinidade Derivas : Underground; Endemol; Marcos Paulo . Autor: AguinaldoSilva. Direção: Sabino, Luciano , Manoel Carlos , queer: umaprendizado pelasdiferenças. BeloHorizonte: Autêntica; Letícia Spiller Letícia Frederico Mayrink . Intérpretes: 2015. Leandra Leal Leandra , , Grazi Carol Castro 2015. , Carla PetersonCarla , Natália do ValleNatália José Mayer , Thiago Rodrigues eFausto Galvão. Direção: Monjardim, Jayme Fabrício e Susana Vieira Susana , Leonardo Vieira Leonardo e : representação, identidade noâmbi ediferença e Luciano Sabino Intérpretes: Sabino eLuciano Telefe Marcello Antony e , : sexualidade, amoreerotismo nassociedades Christine FernandesChristine Lília Cabral , , Mike Amigorena, Diego Ramos Sônia Braga Sônia , 2008. 134capítulos. , , como antagonistas principais. Rio de José Wilker Ana Paula Arósio Bagoas , Marcela Barrozo Revista Brasileira deCiênciasda . RiodeJaneiro: RedeGlobo de como coprotagonistas e , Tarcísio Meira , Natal, RN, v. 4, n. 5, p. 17- Da diáspora . 2013. Cena8de17. 26

, Carolina Dieckmann Leandra Leal Leandra , Marco Rodrigo Edson Celulari , : identidades e Dan Stulbach , Renata Sor , Cadernos Cadernos Regiane José e - - - , , , ,

43 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015

Quando se joga o Jogo dos tronos, você vence ou morre: representações sociais e disputas pelo poder em Game of thrones

Paloma Rodrigues Destro Couto* Luiz Ademir de Oliveira**

Resumo Neste trabalho é estabelecido, primeiro, um contraponto entre arte e pro- duto, com base na Escola de Frankfurt, Teoria Culturológica e Estudos Culturais. Num segundo momento, analisa-se a primeira temporada da série Game of thrones, mais especificamente a família Lannister, à luz das teorias da representação social de Erving Goffman e dos campos e do poder simbólico de Pierre Bourdieu. O intuito é averiguar a presença de situações contemporâneas em um produto midiático específico, demons- trando a importância dos meios de comunicação na propagação de ideias, valores e construções identitárias, uma vez que seus conteúdos são atuais e correspondem à realidade social. Palavras-chave: Arte. Indústria cultural. Representação social. Poder simbólico. Game of thrones.

* Mestre em Comunicação e Identidades pelo Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Fede- ral de Juiz de Fora. Analista de Qualidade na Affero Lab. E-mail: [email protected]. ** Doutor em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pela Sociedade Brasileira de Instrução (SBI/IUPERJ). Professor adjunto III do Curso de Comunicação Social – Jornalismo – na Universidade Federal de São João del-Rei

(UFSJ). E-mail: [email protected].

mento com pessoas. as outras situa Há papéis a desempenhar em cada função, ao osujeitoserepresenta analisardequemaneira norelaciona ffman (1985), por exemplo, às atribui representações sociais importante de diversas relações com ooutro, estabelecendo algumassituações. Go paradoxalmente, geram reflexões que vão além do mero entretenimento. à luzdosEstudosCulturais, podemospensar queosprodutos damídia, cultural,tria ao masinovam suscitarquestões relativas ao poder. Por fim, intermediária. como Seriados (1997),pensamento deMorin hojeépossível umapostura vislumbrar Escola deFrankfurt. Por outro lado, setomarmos como referência o vez maissofisticados,dutos cada como da osquemantêmatradição sentido, quepensamestamosdiantedepro hácorrentes teóricas asdiscussõesacerca doqueéarte,manecem polêmicas produto. Nesse Introdução representação social de Goffman (1985) e dos campos sociais e poder poder e sociais representação campos social de Goffman (1985) e dos mento, oobjetivo comsobre éanalisaroseriado base nascontribuições quanto arte,ca cultural. de massa e indústria cultura Num segundo mo como sedão asquestões derepresentação tantopelapolêmi levantadas da série temporada ções sociais?Oobjetivo com éanalisaraprimeira estetrabalho easrelações asereminsere estabelecidas. se que em ambiente o ção, ele possui, emdecorrência, diversas identidades, com quevão variar vez queoindivíduorepresenta maisdeumpapel deacordo com asitua pelosEstudosCulturais. trazidas (1985) easquestõesidentitárias Uma quentemente, possuimaispodernorelacionamento social. manter ocontrole dasituação, estando àfrente dosdemaise, conse Bourdieu (1989). Assimcomo emGoffman(1985), oindivíduodeseja depoder, pelaposseemanutenção ca chamado de “simbólico” por ingressarpara nessecampo. Essas relações envolvem, semdúvida, a bus outro equenão podemserpercebidos campo porquemnão formado foi do por meio de objetos de disputas e interesses que diferem daqueles de nosquaisessesindivíduosestão alocados.campos defini seria Ocampo expandindo-as aumpatamarmaior, interaçõesentre jáqueseriam os com seusobjetivos social. deinteração ção, eoindivíduo, assim, de e acordo modifica-se com seuinterlocutor Diante disso, como osprodutos midiáticos estão representando situa Podemos entre umparalelo ospapéisapontados traçar porGoffman Bourdieu (1983)tambémanalisaasrelações entre aspessoas, mas ao indivíduo,Quanto noambiente social, ao serinserido fazparte Na contemporânea, era com oadvento dastecnologiasdigitais, per Game of thrones Game of , comna famíliaLannister, foco entendermos para Game of thrones Game of trazem marcas da indús trazem ------

47 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 48 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 da cultura hegemônica,da cultura poroutro lado, tambémespaços para trazem reflete umavisão paradoxal.Se osestereótiposreproduzem e marcas minoritários, acreditam os EstudosCulturais dasmídias queacultura grupos os constituem umamassapassiva.sobre Aoolhar teceroutro costeguy (2008), vão propor repensar avisão dequeosespectadores críticas, questionamentos ereflexões. sentido, mesmoprodutos considerados padronizados abrem espaço para demassaeprecisacultura dainovação, daarte, semanter. para Nesse cadológica, constitui cultural umdoselementosda aprópriaindústria Mesmo reconhecendo dosprodutos mer seguealógica queboaparte cultural. opoderdaindústria demassatranscende ma queacultura um perfilmenosmaniqueísta. aquisitivo. bemmaiselaboradas, tramas Issoimplica personagens com blico mais elitizado, já que o público que assiste a eles é de maior poder comoseriados um públicomaiselitizado, produtos mais sofisticados. Nesse sentido, os gumentam apenasquesão hierarquizados deacordo com opúblico. Para àsqualidades dosprodutos,Quanto Adorno eHorkheimer (2000)ar responder adeterminados estímulosdafruição. semteraexperiência cer. Asreações são previamente condicionadas eoespectador por acaba um episódio, opróprio produto jáanunciadeantemão oquevaiaconte sa aserprevisível. Nos seriados, porexemplo, quandoseestáassistindoa pe comartística, apossibilidade dacriação tendoemvistaquetudopas compõemcultural umsistemaharmônico, emqueapadronização rom Nesse sentido, cinema, televisão, músicaeossegmentosdaindústria todo o processoideia da racionalidade que permeia produtivo. técnica inovador, tudoquefosse tão aponto grande dedestruir baseando-sena cultural,o poderdaindústria emmercadoria, aarte ao transformar era de Frankfurt de1920. nadécada Para Adorno eHorkheimer (2000), dos ensaioscomdaEscola umviésbastantepessimistadosfilósofos cultural e indústria de massa cultura Arte, caso, ojogo, ouaguerra, épelotrono, simbólicoporsisó. e construções, atreladas arepresentações edisputasdepoder. Emnosso as identidades, fragmentadaspelaglobalização, denarrativas são fruto emquestão nasociedade asérie atual, contextualizarmos para emque simbólico, deBourdieu (1989). Essasanálisesdavidasocialcontribuirão Se para os frankfurtianos a arte virou mercadoria, aarte osfrankfurtianos para Se (1997)afir Morin passouaserrepensado,O conceito dearte principalmente, apartir Por fim, pesquisadores dosEstudosCulturais, Es explica conforme Game of thrones thrones Game of tendem aserdirecionados umpú para ------pensamentos e fornecer subsídios para que o indivíduo construa suas queoindivíduoconstrua subsídiospara pensamentos efornecer diada pelatecnologia. Osmeiosdecomunicação vãovalores, transmitir estabelecem, muitas vezes, pelocontato com ooutro, odiferente. fluidas,cambiantes, eumamesmapessoapossuidiversas delas, quese são múltiplas, resultantes doprocesso deglobalização. Asidentidades são na contemporaneidade, não sepodemaisfalaremumaidentidade; elas discutiraquestão daidentidaderio edarepresentação social. Isso porque, dade contemporânea, como asdisputasdepoder. Por isso, faz-senecessá valores queapontamangústiassão para constantes eatuaisnasocie histórico. Permite ao espectador divertir-se, de mastambémcompartilhar atualidade, mesmosendoumenredo quesepassaemoutro momento tiva, apesardereproduzir estereótipos, emdiscussão questõesda coloca tão em constante mudança de valores. refletem socialecultural ao adinâmica revelarem queosindivíduoses contra-hegemônicos.valores pelos grupos compartilhados Além disso, é deque produzido. em que foi ser associadodeve à época A hipótese do autor preender oqueémostrado naprodução cinematográfica. Ofilme, assim, (1975, p. 5), percebeu-secapaz detestemunhar. queofilmeé ção), doreal. umamáscara Com opassardotempo, deacordo com Ferro iletrados,para voltados asmassas, para daedi manipulados (porcausa os historiadores aanalisarfilmes, senegaram vendo-os como produtos como fonte depesquisahistórica. Por muitos anos, segundooautor, são, noteatro. exemplo. Ocinemaéumgrande tiveram representações emdiversos meios, como naliteratura, natelevi não fogem dessarealidade. Osacontecimentos davidasocialsempre identidades esuasconcepções sobre oOutro. Osprodutos midiáticos Para Ferro (1975), acionar énecessário outros saberes secom para Ferro têm (1975)discuteovalorqueasproduções cinematográficas E como temosacesso aessasdiferenciações? Avida, hoje, estáme não aHistória, umacontra-análise dasociedade. jovem assustada, que história deumaoutra constituem amatéria rua, essesoluço, essejuizdistraído, essepardieiro emruínas, essa tável: queaimagem, significaria asimagens, essespassantes, essa uma frase, esse olhar, um longo discurso, é totalmente insupor desconfiança, dotemor. ser [...]A ideia dequeum gesto poderia do queépreciso que, para dodesprezo, apósahora venha ada máscaras, oinverso mostra deumasociedade, seuslapsus. Émais descobre osegredo,Ela [acâmara] elailudeosfeiticeiros, as tira Game of thrones Game of ,

nessa perspec ------

49 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 50 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 tável, fluido. bém naconcepçãodeidentidade dosujeito. Tudo agoraérápido, mu povos e, com isso, astrocas culturais, intensificar trouxe tam mudanças imutável. Aglobalização, distâncias, ao encurtar aproximar diferentes poder pelo disputas representações, Identidades, soas, nassociedades quevão representadas. seinserir aspes demodelospara naconstrução símbolos emitosquecolaboram nacionalidade, etnia. damídiavaidefinirvalores Acultura fornecer e sua identidade,pessoas possam formar seu sensode classe, construindo queas para materiais damídiavaifornecer queacultura (2001) explica da produção audiovisual, como detelevisão. programas eséries Kellner como potencialinimigo: -americanos dosEstados Unidos em países considerados pelosnorte intervenção ternacional, em2002, pelaCasaBranca lançada direitos assegurava de e sua da época “guerra ao terror” in de política – a filosofia americana cometam seucrime. turo esão antesque acionados detercriminosos para pelasautoridades (2002). No longa, três humanosadquirem acapacidadedeprever ofu a produções hollywoodianas. analisaofilme Zizek filmes vão reproduzir situações atuais, noqueconcerne principalmente Pode-se estendertalcapacidade derepresentação outros para setores (2003,Zizek sem paginação) relaciona a produção ao governo Bush (2003)também acreditaZizek queos cultural ecrítico O filósofo Não atualmente queexisteumaidentidade fixa, sepodedizer rígida, dientemente sinelapoyo internacional. tales ataques,para elderecho actuar para indepen sereservan coalicionestados internacionales Unidosdebenbuscar ad hoc representar enelfuturo unaamenaza previsible; aunquelosEs directaque noplanteanunaamenaza aE.U., pero quepodrían el derecho agolpear ‘preventivamente’, esdecir, países atacar para tiene internacional […]? oficialdepolítica América americana bien, como la públicamente ahora declaró Cheney) ‘filosofía’ ¿no consigue unoelcuadro exacto quela ‘doctrina Bush’ (o, más uno transpone esta premisa a las relacionesSi internacionales, mem, (FERRO, quantoaHistória étantoaHistória 1975, p. 5). que não serealizou, ascrenças, asintenções, doho oimaginário invenção, oupura autêntica aquilo éHistória; opostulado? Que o filme, imagem ounão da realidade, documento ouficção, intriga The minority report The minority ------

ças existentes. ças de suas identidades quevaiapontar asdiferenos sujeitosnaconstrução Outro. emcontatoao entrar comque seintensifica o Éa relação entre identidades estão emconstante mutação, deumprocesso parte fazendo (ruim/bom,binário por exemplo) e não pode ser fixado, uma que as vez comdiferenças ooutro, com aalteridade. não Essemovimento éalgo identidade, medianteoestabelecimentode quevaisendoconstruída do mundo esocial, cultural sendo, portanto, criadas. prontas nanatureza, não são essências; serproduzidas elasdevem dentro identidade como linguísticas, ediferença criações isto é, não existem é brasileira’, istoé, queelanão éoqueeusou”. Oautorentende ainda argentina’, ‘ela não éjaponesa’, etc., deque aafirmação incluindo ‘ela não identidades:tras que “Dizer ‘ela échinesa’ que dizer significa ‘ela não é negativassobre ou dedeclarações pordependerdeuma cadeia acabam comum aosrística sujeitosdomeiosocial). sociedade, quesomos humanos–éirrelevanteporessaserumacaracte essaidentidade.afirmar Oexemplo queoautordáéfalar-se, emnossa imaginário, onde todostivessem amesmaidentidade, sentido não faria (emumlocal sentidoquando existemdiferenças identidade sófazem rem umarelação deestreita dependência. Para oautor, afirmaçõessobre Silva (2011,Silva p. 75)tambémponderaqueafirmações dediferenças ofatodeaidentidadepossuí (2011) atentapara eadiferença Silva é,O indivíduomoderno portanto, fragmentado, assimcomo sua brada como fontedediversidade, heterogeneidade ehibridismo, das como ‘outros’ ouforasteiros. Por outro lado, elapodesercele daquelas pessoasquesão oudamarginalização defini exclusão negativamente–pormeioda podeserconstruída A diferença umaescolha(HALL,zer 2003a, p. 75). de diferentes identidades [...], dentre as quais parece possível fa parecem ‘flutuar’ livremente.Somos confrontados porumagama salojadas –detempos, lugares, etradições específicose histórias interligados, maisasidentidadesdesvinculadas setornam –de imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação globalmente de estilos, lugares eimagens, pelasviagens internacionais, pelas mediada mais a vida social se torna pelo mercado global Quanto p. 50-51). (WOODWARD, adiferença ecelebrar mentos danorma 2011, resgatarciais quebuscam asidentidades sexuaisdosconstrangi sendo vistacomo enriquecedora: so dosmovimentos éocaso ------

51 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 52 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Bourdieu (1989, p. 7), como umtipodepoder oqualsópode “invisível belece um poder simbólico sobre . O conceito expresso foi por cito. Ao querer econseguir terocontrole dasituação, oindivíduoesta social.influência emanutenção Essepoder, porém, podenão serexplí ticipantes”. (GOFFMAN, 1985, p. 23) influenciar, para que sirva de algum modo, qualquer um dosoutros par como toda atividade de um determinado participante, em dada ocasião, em suas ações. Haveria, assim, um desempenho, que “pode ser definido tende queosindivíduos, ao interagirem, seinfluenciam reciprocamente respeito dasrepresentações dosujeitonavidacotidiana. Goffmanen sentido, suasconsiderações como a Goffman(1985)traz contribuição deles éopapeldesempenhado peloindivíduoemseumeiosocial. Nesse (HALL, 2003a) tes dealgumgrupo, algumlocal, ouseja, dealgumlugar. falamosapartir sentidos, experiências. Dessamaneira, como pertencen noslocalizamos trário, hádiversidade cultural, locais, diferentes compartilhando grupos mento. Não existe, apesardaideiadenação, algo unificado; pelocon por serprojetada. algopara maior, a nação, que seria a comunidade. Imaginada, portanto, uma história, dopassado. amemória deprojeção Háummovimento existe umarelação estabelecidacom aqueles com quem secompartilha (2008), aidentidade nacional éuma “comunidade imaginada”, istoé, queaspessoasconstroemrativas suanação. oqueseria Para Anderson do que é ser um determinado tipo de indivíduo. dessas nar E é a partir identidades. deformar presentação capaz cultural A naçãovem carregada desentidos, sendo, portanto, umsistemadere nacionais, porrepresentações. etransformadas maselassão construídas pensa osentidodenação. Para oautor, não nascemoscom asidentidades das relações, são representações quesedão, (2003a), Hall para quandose A construção das identidades leva emconta dasidentidadesdiversos leva fatoresA construção eum Na dessacomunidade formação eopertenci surge aidentificação As identidades, portanto, acerca que sefazem denarrativas são fruto Podemos pensarqueasidentidades, pormeio alémdeconstruídas As interaçõessecaracterizam, então, como umaluta pelopoderde imagens (HALL, quedelassão construídas 2003a, p. 51). nação, queconectam seupresente memórias com oseupassado e Esses sentidosestãoquesão contidoscontadas nasestórias sobre a dos com os quais podemos nos nacionais,As culturas ao produzir sentidossobre ‘a nação’, senti identificar , constroem identidades. ------da série, deGeorge R.R.ria Martin, doprimeiro livro sendootítuloderivado literária ébaseada nasérie A história porDavidBenioffe criada D.B.americana HBO. aemissora Weiss para mais tradicionais de Westeros. possíveis podeserencontrada naanálisedafamíliaLannister, umadas pensamentos deGoffman(1985)eBourdieu (1983)?Umadas respostas série da Contextualização Culturais interacionismo simbólico e dos Estudos de Análise estão sujeitosoumesmoque oexercem”. ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe Lannister governou o Rochedo Casterly, governou o Rochedo Lannister afundando-o em dívidas e prosperou ao longo dosséculos. Foi quando à ruína quaselevada Tytos casas nobres. Afamíliadomina as Terras doOeste, emouro, ricas e pelo nabusca casas Trono deFerro, pelopoder. nabusca Robert, Westeros entre debatalhaumaguerra as ocampo setorna Coster-Waldau), Lannister. ambosdacasa de posterior Com amorte te, Headey)eseuirmãogêmeo, Cersei(Lena pelarainha Jaime(Nikolaj lhas, e lá encontra problemas e conspirações encabeçadas, principalmen Porto Real. Eddard, contrariado, com suasduasfi nacorte vaimorar minação dada conselheiro ao principal do reino, do monarca) na capital convencer para vai atéoNorte Ned Mão asersuanova doRei(deno rei,ra amigo eseu grande Eddard “Ned” Bean). (Sean Stark Arealeza o Trono deFerro. Targaryen perde Baratheon (Mark seu domínio Addy) e Robert ocupa Após guerra, umagrande conhecida como aBatalhado Tridente, aCasa ao rei: Targaryen, Baratheon, Stark, Lannister, Greyjoy, Tully e Tyrell. nação. Com isso, juramentadas setecasas Reinossetornaram osSete eaoque assubmeteuseu àsuacasa Trono deFerro, umasó formando por setereinos independentes, atéserdominada porAegon Targaryen, março de2013; aquarta, emjunhode2014; eaquinta, de2015. emabril de2011;17 deabril asegunda, de2012; em1ºdeabril aterceira, em31de Os primeiros episódios da série tratam darelação tratam entreOs primeirosepisódiosdasérie Robert, ago sepassanailhade A história Westeros, ocupada queera localidade thrones Game of Como assituações vivenciadas em A Casa Lannister de Rochedo Casterly é a mais rica e influentedas éamaisrica Casterly deRochedo A CasaLannister A guerra dostronos A guerra Game of thrones Game (2002) ( A (2010). temporada estreou em Aprimeira

guerra dostronos guerra Game of thornes Game of As crônicas degelo crônicas efogo As sob a ótica do do aótica sob ) é uma série de televisão de televisão ) é uma série seenquadramnos , deauto - - - - -

53 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 54 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 estabelece com(Kit Harington), Jon Snow filhobastardoStark: de Ned poderrepresentar para ca bemafamíliavem àtona emumaconversa que peculiar: éumanão.rística Anecessidade decompensar suacondiçãofísi Dance), (Charles Lannister dafamília, opatriarca epossuiumacaracte earepresentaçãoção dafamílianão sejammaculadas. de todosagiremépontuada damesmaforma porGoffman(1985, p. 76): Westeros. Apreocupação com oagiràfrente dosdemaiseaimportância série, entreeosdemaishabitantesde demarcaadiferença osLannister idiotas” como agimos não Lannister, nós “Somos objeto deanálisesignificativo. sobreda famíliaLannister osdemais. Assim, podeserconsiderada um os rebelados: e ofilhomais velho de Tytos, Tywin, liderou a resistência emassacrou investimentos malsucedidos. Houve uma rebelião dos vassalos da casa, Essa afirmação, Cerseilogo deJamiepara noprimeiroepisódioda contadaA breve história acima demonstra opodereainfluência Tyrion (Peter Lannister Dinklage) éomaisnovo dosfilhos de Tywin Assim, pode agir como idiota, nenhum Lannister que a reputa para Tyrion Jon um participante. alimentada de mais de jeção e mantida pela íntima cooperação de uma pro integral é parte por um determinado participante dasituação Comumente queadefinição projetada verificamos (COGMAN,rainha 2013, p. 72). Trono de Ferro, da filha de fez o rei Robert Tywin, Cersei, sua ordenouLannister osaque dePorto Real. Assimquetomou o no vitória Tridente. Para Robert, para a capital assegurar Tywin neutra,permaneceu masprometeu depoisdesua apoioaRobert Baratheon serebelou contra Aerys,do Robert aCasaLannister dimento com orei, queenlouqueciaprogressivamente. Quan vinte anos, porém renunciou, emprotesto, apósumdesenten durante II uma notavelmente poderosa Mão doReiaAerys devida. àglória nome dosLannister Lorde Tywin como serviu osnegócios eastutamentepara restauraram o política periência Nos anosqueseseguiram, oesplendormilitarde Tywin, suaex : Por quevocê lêtanto? : mimeme digaoquevê. para Olhe ------tros, ocultados. permanecer quedevem tém, deou adivulgação dealgunsfatos em detrimentos oqueimplica definida a situação que sua representação man conservar equipe para representada porelenão sejaafetada. Para isso, em otrabalho entra ser escondidasque devem sobre determinado grupo, que a imagem para Ned descobre Stark queaantigaMão doReihaviapercebido oincesto, procura manterdiantedeseu público”. Com odecorrer datemporada, conhece eesconde, sendo incompatíveis com aimagem desimesma que “segredos ‘indevassáveis’. Consistem emfatosrelativos àequipequeesta da famíliaemrisco. guardar umsegredo que, seviesseàtona, avidaereputação colocaria de amorporCersei. Mas, naverdade, representou umatentativade janela, paraplégico. ficar fazendo-o Segundo Jamie, foi umaatitu essa delas. Para que o segredo não revelado, fosse Jamie empurrou da Bran de suacasa, um de Ned, mantendorelações sexuais. astorres Omeninoestavaescalando Cersei eJamiesão (Isaac flagrados porBran Hempstead Wright), filho real daviagem ao Norte, nomeado emqueNed foi aMão Stark doRei, casal, que não mediu esforços guardá-la. para Ao estarem na comitiva Westeros, seumarido. somente pelo écompartilhada Essainformação ostrêsrainha, filhosda fruto serem queelaafirma deRobert, o reide que CerseieJamiepossuemumarelação incestuosa, quegerou como temporada, odesenrolar para da primeira oprincipal e talvez é ode destrutiva’.fornecem ‘informação (GOFFMAN, 1985, p. 132) inútil a impressãoper ou tornar que ela estimula. Diz-se que estes fatos arepresentação, durante expostos àatenção poderão desacreditar, rom porumarepresentação,que édramatizada hágeralmentefatosque, caso O incestodosirmãos éoqueGoffman(1985, p. 132)denomina possuemsegredos serocultados.Os Lannister quedevem Umdeles, coerênciaDada afragilidadeenecessária expressiva darealidade Goffman (1985)postulaaquestão dossegredos edasinformações (GAME..., 2012). espada requer serafiada. Éporissoqueleiotanto,Snow Jon e eutenhoaminhamente. Eamenteprecisa delivros como a a minha Casa, não é? Mas como? Meu irmão tinha a sua espada do Rei por 20 anos. honrar para a minha parte fazer [...] Devo Casterly.chedo Têm expectativassobre mim. aMão Meupaifoi morrer. para me abandonariam de Ro Masnasci um Lannister Tyrion Jon hobby : Éumabrincadeira? : O que você vê é um anão. eu nascesse um camponês, Se quemantinha, quandoencontrou emuma ocasal - - - - -

55 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 56 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 se estendapelosanos, independentementedequemestejaemevidência. mais atédoqueaos seusmembros, queopodersimbólicodoclã égarantir física,pela força aodemobilização. seuefeito graças Opodersimbólico avisão domundo obteroqueéobtido ma outransforma equepermite queopodersimbólico é afirma aquele quefaz ver efazcrer, que confir do poder, emumprimeiro momento, simbólico. Bourdieu (1989, p. 14) da superioridade: Tywin da família e do ressaltalegado a manutenção para a importância Curiosamente, oveado éosímbolo dafamíliaBaratheon, dorei Robert. doanimal. acarne está retirando ecortando apeledeumveado morto é a conversa entre Jamie e seu pai, Tywin, sobre sua família. O patriarca tação. sobre Umadascenasmaisemblemáticas oqueGoffmanafirma cisa controlar suacondutasaberoquepensasobre para asuarepresen Cersei, tidopelasociedade como olegítimoherdeiro dotrono. deseumarido,morte eNed amandodeJoffrey, édecapitado filhode custa-lheavida,descoberta oprendeapósa poisarainha portraição não são filhasdeRobert, queascrianças conclui esimdeJamie. Essa loiros, marcante do traço físico dos Lannister, característica donde Ned negros,cabelos Robert. incluindo deseustrês Jáoscabelos filhossão que todososdescendentesdafamíliaBaratheon, dorei, clã possuíam Reinosesuasfamílias. dosSete conta ahistória Ned, ao lê-lo, percebe sendo envenenada pelarainha. veio Asolução doestudodeumlivro que A preocupação com afamíliaéchave, então, amanutenção para Para Goffman(1985), oindivíduoqueseapresenta aos outros pre Dessa maneira, imporrespeito representa, ao queafamíliaLannister crença emqueseproduz docampo esereproduzprópria estrutura a exercem o poder e os que lhe estão sujeitos, quer dizer, isto é, na trário. [...]sedefinenuma relação determinada[...] entre osque só seexerce sefor honra. Éafamília(GAME..., 2012). coisaquecontinua aviver.única Não pessoalousua éasuaglória drecerão sob a terra. É o nome da família que continua a viver. A bém, etodososfilhosdela. suairmã Todos mortos, todosapo euestarei morto.Logo Eentão você também, eseu irmãotam Casa não émaisumaCasaasetemer. mãe estámorta. [...]Sua um dosnossoseotemcomo prisioneiro enão épunida, nossa não agemOs Lannister como tolos. Casaprende outra [...]Se . (BOURDIEU, p. 14, doautor) grifo reconhecido , querdizer, ignoradocomo arbi ------sas. dorei, Com amorte objetodedisputaéo oprincipal Trono deFer dentro delas, quesediferenciam daquelesca doshabitantesdasoutras diferente,campo possueminteresses jáqueseusintegrantes emcomum interesse edisputas, emrelação epossuidiferenças aos outros campos. relações sociais. Para oautor, por meiodeobjetos éformado ocampo sociais,campos propostos porBourdieu (1983)como definidores das campos edos tronos dos ojogo Jogando não são deRobert, deumincesto, masfruto Ned confronta arainha: um recém-chegado, eprecisa como jogarojogo. descobrir elutapelopoder,estratégias pelosLannister. encabeçadas Eleé, então, deMãosumir ocargo doRei, emoutro eentra de elesaideseucampo de funcionamento dojogo. Porto Ned vaipara Stark Realas Quando que éoreconhecimento dovalorjogo econhecimento dosprincípios dieu (1983, p. pagar umdireito que elesdevem 91) afirma deentrada disputa pelopoder. influencia o monarca é sua mãe. Assim, a família sai com vantagem na dopai,a morte ésimbólico, jáquequemrealmente toma asdecisõese herdeiros, escudeiro Jamiefoi dedoisreis. Ogoverno de Joffrey, após Mão doReiporvinteanos, Cerseiéarainha, seusfilhossão tidoscomo de governo ea influênciasocial. ro, representa quesimbolicamente não somente oreinado, masopoder Todavia, não éisso o que ocorre. Ao que os filhosdeCersei descobrir questãoéadosrecém-chegados. envolvendo oscampos Outra Bour específico acumulado: possuemumcapital Os Lannister foi Tywin Casasde As Sete Westeros podemserconsideradas, uma, cada um O continente de Westeros pode ser visto como um emaranhado de orienta as estratégias ulteriores (BOURDIEU, asestratégias orienta 1983, p. 89-90). específico que,capital acumulado no curso das lutas anteriores, tituições engajadas nalutaou, sepreferirmos, do dadistribuição é um estado da relaçãocampo entre de força os agentes e as ins putas e pessoas prontas disputar o jogo para [...]. do A estrutura Para funcione, queumcampo épreciso quehajaobjetosdedis com oreino. Jaime Cersei teseguir. irá Robert de homens possível. Porque aonde de querque você vá afúria deles emminhasmãos. Vá o mais longe possível, com omáximo irembora.deverá Você eseusfilhos. Não quero terosangue Ned : Quando o rei: voltar, Quando vou contar a ele a verdade. Então você : Eaminhafúria, Stark? Você Lorde terficado deveria

me contou dodia emquePorto Realcaiu. ------

57 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 58 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 a capacidade que os meios de comunicação possuem como uma vitrine midiáticos atuais, pormeioderepresentações nas narrativas, demonstra Conclusão poder simbólicoedecisório, ojogo etambémvirar eretomar ocontrole. restaura aadesão silenciosadaqueles deseucampo, alémdemanterseu frente de todos que osfilhos deCersei não são herdeiros legítimos), ela sionar Ned (ouaheresia portraição deBourdieu, na jáqueeleafirmou seusatos e sedefender.tentativa dejustificar Por outro lado, ao apri juntos a este mundo, juntos” ficar devemos (GAME..., 2012). É uma muito maisqueirmãoeirmã. Nós oventre. compartilhamos Viemos a paternidade de seus filhos, saindo de seu silêncio:“Jamie e eu somos de heresia. pelorecém-chegadosérie Ned Stark, desubversão, tendemaestratégias daortodoxia.defesa Jáosquepossuemmenoscapital, representados na tronos deconservação, estratégias vencer) para tendemautilizar istoé, caso, específico (emnosso ocapital monopolizam como jogarojogo dos doxia contraaheresia cometida porNed. Osociólogoqueos afirma fundamentais dojogo. Eassimmorreu. cutado. Orecém-chegado não soubereconhecer eseguirosprincípios seguida orei morre prisioneiro eelese torna dosLannister, sendo exe de lidarcom osfatos, vítimadesuaprópria conduta, acaba poislogo em regras doseucampo, dojogo pelotrono. Ned, forma por possuiroutra Por um momento, expõe seus motivos a rainha a Ned, ao confirmar deBourdieu ateoria (1983,Seguindo p. 90), aorto Cerseidefendeu do jogo,Ao Ned para mostrar as cartas também as Cersei mostra A correspondência entre sociaiscontemporâneas e produtos teorias (BOURDIEU, 1983, p. 90) visando arestaurar oequivalentedaadesão silenciosadadoxa. discurso defensivo daortodoxia, pensamento ‘direito’ ededireita, dominantes saiamdeseusilêncio, impondo-lhes aprodução do mente ligada à crise, juntamente com a doxa, que faz com que os É aheresia, aheterodoxia, crítica, enquantoruptura frequente ou morre (GAME..., 2012). Cersei Ned subido aqueles degraus. Umerro triste. Ele estavano Trono deFerro levantar. evocê ofez ter deveria Só : Na minha vida eucometi muitos erros. Masaí eu não errei. : Errou sim. se joga o jogo dos tronos, Quando você ganha - - - - to noconvívio socialeosentraves estabelecidosentre diferentes campos ocidental, deidentidade, hajavistaqueacrise asrepresentações dosujei todaasociedademuitos questõesquecomportam produtos vão trazer destetrabalho,nos exemplos citados cinematográficos naabertura hoje eàideologianorte-americanas,nantemente favoráveis àpolítica como de análise, percebemos que, se antes as representações predomi eram daoutra. odesenvolvimento uma osubsídiopara Com onossoobjeto -lhe apreendê-las edar-lhesseuvalor. ou positivo: são dadas oespectador para representações sociaisecabe 1980 equeserepetem em nossasociedade. Não de algo setrata negativo em seuenredo situações analisadas porsociólogos de desdeadécada deoutras. emdetrimento terminadas características valores edominantes, unilaterais alémdejulgamentosereforço de social. Nem sempre essereflexo épositivo, jáqueamídiapodepropagar thrones. Keywords: to thesocial reality. correspond andthey constructions, once their contentsvalues andidentity current are monstrating theimportance meansinthepropagation thecommunication ideas, of of to contemporary of inaspecific ascertain thepresence situations mediaproduct, de Bourdieu.sentation Pierre thefieldssymbolic and of andof power Theintention is Goffman’sthe Lannister family, Erving of to thetheories thelightof socialrepre isanalyzed, thrones moment, Gameof theseries specifically more thefirstseasonof in theSchool Frankfurt, of andCultural Culturological Studies.Theory Inasecond work,This itisestablished, first,product,art and acounterpoint between with base Abstract in disputes thepower for thethrones, playing the Gameof youWhile win ordies: derna, globalizadas. leituras depermitir queécapaz na disputapelopoderecontrole estão presentes emdiversas nações. Com isso, em identificamos Por isso, vemos como asociedade andamlado eaficção lado, sendo Em nossocaso, porém, vimoscomo umproduto midiáticoatualtraz Art. Cultural Social industry. representation. Symbolic power. Gameof Game of Thrones Game Game of thrones Game of umaprodução pós-mo social and representations ------

59 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 60 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 A Enviado em13deabril . Acesso em: 28jul. 2013. ZIZEK, Slavoj. Vozes, 2011. Tomaz Tadeu da(Org). WOODWARD, Kathryn. Identidade ediferença: econceitual. umaintrodução teórica In: SILVA, Productions; Blue Tulip Productions, color. rell report. MINORITY THE Direção: da (Org.). SILVA, Tomaz Tadeu da. Aprodução socialdaidentidade edadiferença. In: SILVA, Tomaz Tadeu 1997. MORIN, Edgar. Leya, 2010. v. 1. MARTIN, George R. R. dostronos. Aguerra In: ______. KELLNER, Douglas. HALL, Stuart. HALL, Stuart. GOFFMAN, Erving. Unidos: Warner Home Video, 2012. 5DVDs. GAME ofthrones: temporada completa. primeira Direção: DavidBenioffe D.B. Weiss. Estados blica.rj.gov.br/oficinas/historia/reverso/downloads/MarcFerro.pdf>. Acesso em28out. 2013. objetos. RiodeJaneiro: Francisco Alves, 1975. p. 2-19. Disponível em:

Douglas Junio Fernandes Assumpção* Analaura Corradi** Neusa Pressler*** Francilene Soares Mourão***

Resumo Neste artigo, analisa-se como são produzidos os discursos de violência nas escolas públicas no jornal local O Liberal. O discurso é utilizado como uma referência teórico-metodológica de caráter interdisciplinar, atravessando por ele estudos sobre mídia, violência nas escolas, e como base elementar sobre o discurso as ideias de Michel Foucault. Para os enunciados, utilizou-se como referencial teórico-metodológico a análise de discurso, já que ela possibilita observar as construções históricas e ideológicas presentes em um discurso, con- siderando não apenas a materialidade linguística, como também sua exterio- ridade (condições históricas, sociais e ideológicas). Baseando-se na abordagem do imaginário pôde-se entender o caráter concreto dessas representações sim- bólicas, como os heróis e os vilões determinados por certas ocorrências passam a ser referência para o grupo e como a rotina da escola sofre alterações diante daquilo que se pensa, que participa de um imaginário. Palavras-chave: Mídia. Violência. Escola. Análise do discurso.

* Doutorando em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade da Amazônia (Unama). Especialista em Comunicação Empresarial pela Faculdade da Amazônia (FAAM). Graduado em Comunicação Social: Habilitação em Relações Públicas e Multi- mídia pelo Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (Iesam). E-mail: [email protected]. ** Coordenadora do Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura na Universidade da Amazônia, Belém-PA. *** Professora titular I do Curso de Comunicação Social e do Programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia (Unama). Doutora em Ciência Socioambiental – Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA/ UFPA). Doutora em Ciências Agrárias pela Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém-PA. E-mail: [email protected]. **** Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura. Especialista em Gestão e Docência do Ensino Superior e Bacharel em Pedagogia – Ciência da Educação – pela Universidade da Amazônia (Unama).

detêm o poder e a soberania sobredetêm o poder e a soberania eles, de modo que, pela sua condição acontecimento estásobodomínio dasinstituiçõesedeindivíduosque pelasociedade,formatados osdiscursosinterditados efixos, poisseu há denão ditonaquele promove dadesordem aos aaparição discursos seja realizada com baseapenasnosditosdosdiscursos, poisrevelar oque ouseexcluem.mas tambémseignoram (FOUCAULT, 1996, p. 52-53) descontínuas,vem sertratados como práticas porvezes, quesecruzam impensado quesedeveria, enfim, oupensar. articular Osdiscursosde eacontecimentos, emtodasassuasformas çando-se umnão ditoouum enfim, apalavra. Não imaginar, sedeve percorrendo o mundo eentrela equenóstivéssemos restituindo-lhe,e recalcado pormissão descobrir de discursoilimitado, contínuoporelereprimido esilenciosoquefosse queporbaixoalémdelesreine delesapara umgran nãoção querdizer Introdução dos acontecimentos, osoutros não discursosquenão são descartados limitadotorna-o eregular. Ao seatentar, porém, adescontinuidade para ender econsiderar apenasumúnicodiscursoproferido, poistalsituação longo dahistória, prejudicial vistoquesetorna estaanálisecompre para na análisedodiscursoumconjunto deestudosquese desenvolveramao alogia proposta porFoucault (1996)aborda sobre ofatodeconsiderar na mídiaimprensa sobre aviolêncianasescolaspúblicas. Assim, agene duz, com base nosprocedimentos decontrole queestabelecemverdades 2001 e2008. uma reportagem veiculadalise principal local pelo jornal sobre mídia e violência nas escolas públicas, tendo como objeto de aná verdades epelasrelações depoder deste momento histórico. dessessujeitos, experiências dos pelasnovas delineados pelosregimes de epolíticosdiferentes,em momentos históricos masquesão reelabora tamentos epercepções são (re)criados ao longo dotempo, efetivando-se cos queestão atravessados porredes dememórias. ações, Suas compor atuais. Para uma análise discursiva, os sujeitos são seres sociais e históri comres ossaberes advindos deoutros quemesclam temposhistóricos em regras deformação, dentre aexistênciadesabe as quais éinevitável distribuição. ecredibilidade,de autoridade são osresponsáveis pelasua produção e Considera-se relevanteanalisarossentidosqueessareportagem pro Dessa forma, discorre-se, neste trabalho interdisciplinar, de forma Dessa forma, compreende-se queodiscursoseconstrói com base A descontinuidade proposta peloautorfavorece queaanálisenão dedescontinuidade:Um princípio ofatodehaver sistemasderarefa O Liberal , de ------

63 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 64 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 vez que se volta para uma matéria estese apresentavez quesevolta umamatéria constante. para las, algumas reportagens serepetem enunciativo; no movimento ecada na abordagem impresso queojornal análise,tentados portaisdiscursos?Emumaprimeira que observou-se veiculado sobre aviolênciaemquestão?depoder são Equeefeitos sus regimes deverdade têm fundamentamosdiscursosquetaisperiódicos deBelémdo Estado. deviolêncianasescolaspúblicas os casos Que vação, amídia impressa indagou-se dequeforma paraense temexposto de ideologias, mascomo umdispositivo produtor demodossubjeti e recriados. silenciandoeenunciando discursos–criados saber epodersearticulam do discurso, constituindo saberes emque emummomento histórico estabelecimento dessasrelações, eorecriador osujeitoéformador de procedimentos decontrole quepautamasrelações depoder. E, no verdade,uma única massimcomo umaconstituição quesedesenvolve ecomo dizemos;dizemos eletambémnão podeserestabelecidocomo fixaesemdescontinuidades,trutura porque elenão éexatamenteoque estabelecendo como ordem dodiscurso. favor desse próprio poder, e, assim, nosdiscursosese elevai se firmando de verdades, mas de vontades deverdades quev mente, ligada aele. Opoder, porsuavez, aprodução para não contribui averdade de dizer e/ou encontrá-la está,pois a obrigação eminente como verdade ébaseada nopoderdeproduzir verdades nasociedade, eemdadomomento lugar. histórico Ademais, aprodução dodiscurso comportamentos, atitudes, etc., modosdeseremdado determinando -se queodiscursoacontece quandonaconfiguração dosnossos gestos, gens ditasenão ditas. Com Foucault, basenasideiasdeMichel verifica a seleção, ocontrole, e ima depalavras eaclassificação aorganização com basenessaduplaexigência. (FOUCAULT, 1979, p. 179-180) economia dosdiscursosdeverdadepoder semcerta quefuncione dentro e lação efuncionamento do discurso. Não há possibilidade de exercício do dissociar, seestabelecernem funcionar semprodução, acumulação, circu socialequetaisrelações econstituem ocorpo não podemse caracterizam qualquer sociedade, existemrelações múltiplas depoderqueatravessam, interditos dessesdiscursossediversificam. acontecem, os não ditos, afinal, emqueos háuma pluralidade deséries O discursonão serdeterminado ecompreendido deve como umaes Assim, essasrelações depodereregimes deverdades para cooperam que em uma sociedade como a nossa, dizer Quer-se mas no fundo em Seguindo essa lógica eao reprodutora considerarqueamídiaémera essalógica Seguindo O Liberal fazdaviolêncianasesco ão ão ser transmitidas em ser transmitidas ------o tema, aanálisedodiscursodasabordagens fazendo desteveículo co escolas, encontrar ossentidosformulados peloveículo buscando sobre impresso dojornal local matérias impresso.jornal depoder quesustentam osdiscursoscontidos osefeitos no e verificar veiculados nomunicípio deBelémsobre aviolêncianasescolaspúblicas dade quefundamentamos discursoscontidosimpressos nosjornais e cia nasescolaspúblicas”. duzidos portaisjornais, pormeiodasnotíciassobre atemática “violên bem como refletir sobre os processos de subjetivação possivelmente pro de verdadeefeitos e de poder postos em circulação por esses periódicos, namídiaimpressaescolas públicas paraense, visandoproblematizaros como são analisaraforma abordadospara osdiscursosdeviolêncianas um acontecimento eoesquecimento. que tensiona amemória Éela, uma dopresente”cursivo pormeiodoqualéconstruída “história como materializadas.performances objetos, dosujeito, alémdedefinirumaposição bem como situá-loem dendo assim, segundoFoucault (1971), estaremrelação ao domínio de como: controle, limitação, classificação, ordenamento edistribuição, po comoteve basefatores quedão coerência desentidoaele, eefeito tais um dado momento histórico. Assim, essediscurso, então produzido, produzir na teia de sentidos para se destacam seu próprio discurso em histórico todos ospercursos desentidoproduzidos socialmente”. “ninguém consegue enxergar atotalidade significativa, nem compreender e quevão serusados ainda. Por isso, comoGregolin afirma (2007, p. 15), hojeéresultado rimos usados deumconjunto deelementosquejáforam percurso esocialqueessediscursofaz, histórico afinal, tudooqueprofe discursoproduzido oiníciodecada socialmente;certeza oqueocorre éo sujeito, porém, detodoseles, aorigem poisnãocom sepodeafirmar toda textos dasociedade, tantonalinguagem quantonanão verbal verbal. Éo mídia na violência da Discurso municativo. Acontece discursiva érealizada pelosujeito queaconstrução Discute-se, ainda, nos sobre desentidoquesematerializam osefeitos Para atingirosobjetivos pretendidos, das olevantamento fez-se objetivos específicosdesteestudo:São os identificar regimesde ver Assim, oobjetivo geralcom esteestudoédesenvolver umapesquisa Na sociedade contemporânea, dispositivo dis a mídia é o principal , que, porsuavez, algunsacontecimentos podeinterpretar que O Liberal , arespeito daviolêncianas ------

65 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 66 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 “comunidade imaginada” mencionada porGregolin (2007), ao sereferir ainserção de basepara dosindivíduosna todos essesfatores servirão mentos sociais: deagir, maneiras falar, gesticular, atémesmopensar. E sentarem novos paradigmaseestereótipos, alémdenovos comporta dediscurso. impostos processos ritualizada deimitação eforma desses mesmos indivíduos aos quais,constituição identitária agora, são dosindivíduosnasmídias, eaintegração generalização bemcomo a so produzidoeimagens reconfiguradas, pelaspalavras promovem-se a identitários, pois tos históricos, nos quaissão expressas lutasemrelação aos dispositivos LIN, 2007, p. 5), apresenta umconfronto entre osdiscursosdossujei lembrança. junto com osnovos. Assim, oesquecimentoea desteciclo parte fazem emcirculação osdiscursosdopassado,terpretativo quecoloca novamente fomentam novos sentidosediscursos. Ocorre in umnovo movimento que edasimagens materializadas zidos daressignificaçãodaspalavras que,dades históricas necessariamente, se ligamao passado eao presente. as lembranças, novos discursosvãoconstituir identi surgindopara novas por novos elementos, lembranças. novas Assim, com oesquecimentoe damemória,parte findandoemumnovo discursoagora reconstituído ao seesquecerdealgo econsequentemente seperderá enãomais fará aproduçãopara dodiscurso, poiselesefazcomo umelementodiscursivo lugares esituações. sua época. O discurso se (re)produz no percurso em diversos histórico abordado, opoderquediscursopossuinasociedade, independentede presente. (GREGOLIN, 2007, p. 15) constitui, quenosligaao passado eao modelando a identidade histórica medida,em grande quenosatravessa enos ahistoricidade queformata Em seulivro Em GregolinSegundo (2007), osdiscursos quehánamídiasão produ Ademais, destacar, éimportante também, opapeldoesquecimento Com basenesseargumento deGregolin (2007), percebe-se, como Assim, esses novos discursos formam novas identidades novas porapre essesnovos discursos formam Assim, Dessa forma, percebe-se quenamídia, aocom setrabalhar discur ciedade, momento desuahistória. emcerto põem emcirculação asvontades deverdades deparcelas daso táveis e estão reconfiguração. em permanente e Eles sintetizam lecimento deverdades que, sendohistóricas, são relativas, ins [...] osmicropoderes promovem umacontínua lutapeloestabe Microfísica dopoder Microfísica Foucault (1979 apud GREGO ------dos eproduzindo asingularização, deser. maneiras outras criando subjetividade tensivamente, reapropriando-se doscomponentes fabrica emodelada noregistroé fabricada social, masosindivíduosvivem essa tempo, háumatensarelação entre amídiaeseusleitores: asubjetividade também osreconstrói, reformata, propõe identidades. novas Ao mesmo social”.namento docorpo (GREGOLIN, 2007, p. 5) dessas imagens age como um dispositivo de etiquetagem e de discipli de imagens osmodelos. quetêmoobjetivo degeneralizar Aprofusão verdadeira através dacirculação identitária incessante saturação “uma consigo depoder,que levam discursoscomo forma cujaconsequência é pelos indivíduos, enaprofusão mastambémnautilização deimagens como verdade. à concretização darealidade namídia, ouseja, doqueéconsiderado município de Belém-PA de município mídia e escolar Violência nemacabadas.rígidas (GREGOLIN, 2007, p. 10) dições. Como consequência desses movimentos, as identidades não são easdedesterritorialização,lização ambasagindoeprovocando contra entrelaçamentomas um permanente móvel entre de territoria as forças tidos. Acontece que não háagenciamento completo das subjetividades, Jornal Jornal Jornal houvesse somente submissão,Se não produção haveria denovos sen Não hánosdiscursosdamídiaapenasreprodução demodelos–ela inserção, Essa porsuavez, não sedáapenasnodiscursoproferido O Liberal O Liberal tiro com dado umaluno quebrigou o foi como para advertência parou um tiro paro oalto, pânicoentre causando osalunos. ‘O o baleamentodoestudantena saladeaula, umadolescente dis escoladaredeEm outra estadual, uma semanaapósterocorrido (FARIAS, 2001, p. 10) sustar umacolegaque, segundoela, ‘roubou oseunamorado’. aescolaporumaaluna com para oobjetivo levada deas foi nochãoedisparou.uma baladeumrevólver quecaiu Estaarma destaqueganha grande na imprensa. atingido por O aluno foi sala deaulaumaescoladaredeestadual. pública Anotícia Amazônia, cidade deBelém, 2001: estudantebaleado dentro da , 4demaio2001: , de2001: 27deabril : casos ocorridos no no ocorridos : casos ------

67 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 68 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 vel, dentro quandoépraticado dasescolas. umfatoalarmante eissosetorna aviolênciaemseumaisaltoní comuns quemostram publicadas matérias nais quecirculam noMunicípiodeBelém-PA. Tornaram-se vez mais cada Jornal Jornal Reportagens como essas sãonosjor Reportagens encontradas quasequediariamente Amazônia, Amazônia (ESTUDANTE..., 2008, p. 47-48) tes nafamíliadaacusada, masistoaindanão confirmado. foi menor deidade. Também quehátrafican surgiuainformação confirmadas, passagens Edilene já teve pela polícia quando era apuradas pelareportagem eaindanão informações Segundo arespeitasse’, com queSoraya susto efazer relatou adelegada. láemata’.dizendo ‘vai Masaintenção, segundoela, darum era mataraadolescente.que não queria dissequeouviaumavoz ‘Ela bem com Soraya. Entretanto, eladisseàdelegada Ana RitaReis depois, com afaca. A acusada confessouquenão sedavamuito dorecreiosaiu daescolanohorário eretornou algumtempo indignados eacreditam queocolégiotenhaculpa, jáqueEdilene a estudante, masnão houve tempo. Familiares davítimaficaram deaula. ocorreuO crime nohorário Oprofessor tentousocorrer dehomicídio qualificado.autuada pelocrime emflagrante UrbanadaSacramenta, aSeccional para encaminhada onde foi deSoraya.classe Gonçalves, EdilenedosSantos de18anos, foi bairro de Val-de-Cães, emBelém. Aagressora éumacolegade Fundamental e MédioRenatoPinheiroConduru, no localizada da ontem com duasfacadasdentro daEscolaEstadual deEnsino Marinho, Barbosa A estudanteSoraya de15anos, assassina foi DANTE..., 2008, p. 47) Bragança, na cadeia, há tortura denuncia promotora. (ESTU briga.nova atingidacomdecozinha. foi umafaca Soraya Em to PinheiroCunduru. Ontem, motivou umalisante decabelo davam bem hátempos, alunos da Escola Estadual Rena dizem ensino deBelém, RenatoPinheiroConduru. Asduasjánão se aaulaemumaescoladaredede colega desaladurante pública Uma estudante, menor de idade, 15anos, assassinada poruma oportão’.trancou (SAMPAIO, 2001, p. 9) o advertido, protegido poiselefoi daescola, peloporteiro que doautordisparo,primo vistoqueestenão conseguiu alcançar pertencente ao jornal pertencente , de18junho2008: OLiberal , 18dejunho2008: ------

sabia dessasituação, como relataram outros jornais. as adolescentes apresentavam problemas umacom aoutra, eaescolajá produção emqueaconteceusituação. atriste H sensacionalistasformações e desconsidera totalmente as condições de senvolve umdiscursoqueexpõeaidentidade daacusada, seleciona in umainstituição também seria “perigosa”. acreditar era queameninacometeu ocrime “perigosa” eaescola a em circulação que levavam de comunicação informações colocaram agressora davítima. eenaltecerafigura Sobre ofato, alguns veículos aimagem daaluna tendênciaadenegrir quehácerta pode-se observar por umacolegade18anosmesmasérie, nobairro de Val-de-Cães, facadas dentrodeEnsinoFundamental deumaescolapública eMédio de uma aluna de 15 anos com em 2008 acerca duas publicada da morte Tomando como exemplo areportagem veiculada no de opiniões e constróira com discursos que não a realidade. condizem os primórdiosdosconflitos deviolênciaatéosdias atuais emostrou-se desde e opapeldamídiaemnossa sociedade; umaabordagem feita foi contexto socialinfluencianaprodução daviolênciaescolarequalopoder possível quefosse perceber para como do contribuíram a alteração pressos tece oemaranhado noqualaviolênciasefazpossível. relação interpessoal, familiares e condições socioeconômicas, estruturas pautado peladesigualdade eimpunidade, de aliadasformas àsnovas sobreum imaginário a violência escolar. dos centros O caos urbanos, regularidade, socialeformando gerando umsentimentodeinsegurança pormeiodadispersão dodiscurso,violência simbólica bemcomo sua refletindo talaspectonas relações naescola. expressa social maneira e reforça de o certa sentimento de insegurança pretados pelosindivíduos, gerando diferentes compreensões, masque pormeiodesímbolos,sua comunicaçãoeopera écriada quesão inter vez querelativizaosacontecimentos interesses conforme diversos, eque que continuam aproduzir essaviolência. encontradosram nas ocorrências compreender quanto para os caminhos sobre a violência escolar,fo os atos violentos que identificar tanto para Conclusão As pesquisasrealizadas com im acoleta dereportagens dejornais inflando oconceitoEssas questões tratadas pela mídia acabam de Considerou-se queamídiaatuacomo umdispositivo depoder, uma Procurou-se conhecer, ao longo dapesquisa, asdiversas concepções em questão,O jornal apelativas, conhecido por suas matérias de A mídiaimpressa , porém, desconsideraseupapeldeinfluenciado á algumtempo, Jornal Amazônia Jornal porém, ------,

69 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 70 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Keywords: Keywords: thought, one. thatparticipates inanimaginary theschool of andastheroutine changesaccording suffers to the thegroup for reference presentations, as the heroes and the villains determined become by certain occurrences understand can theconcrete characterapproach theimaginary of thosesymbolic of re (conditions historical, as exteriority as well social and ideological). Basing on the inaspeech,and ideological presents thelinguisticmateriality, notjustconsidering the speech analysis, the historical constructions sinceshemakes possible to observe chel Foucault. For thestatements, isusedastheoretical-methodological referential violence intheschools, base about andaselementary thespeech to Mi theideasof character, interdisciplinary of -methodological reference passing by onmedia, studies public schools inthelocal newspaper OLiberal. The speech isusedasatheoretical This article, theviolence inthe thediscoursesof produced are of itisanalyzedhow Abstract O Liberal withtheviolence:Media andtheirrelationships eobem-estarsocial. possibilidades aeducação novas para criar mesmo tempogerador dosproblemaspara daviolênciaeocaminho social, umgrupo queorienta imaginário oqualamídiareforça, éao emcontaeliminarosproblemas serlevada para deve daviolência. O produzida com basenas relações e nassimbologias da rotina escolar, comunidade, etc., afimde reduzir fatores aviolência. para quecontribuem possibilidades deensino-aprendizagem, maiorsocialização, relação com a blema, aodasinstituiçõesescolares mesmotempoemqueseespera novas nas escolasv diante daquilo quesepensa, deumimaginário. queparticipa ecomoser referências arotina ogrupo daescolasofre para alterações como ocorrências osheróis passama evilõesdeterminados porcertas concretopôde-se entender o caráter dessas representações simbólicas, dos sobre aviolênciaescolar. Baseando-senaabordagem doimaginário econtínua. vez maisrápida cada forma adivulgação dainformação, éfeita de queforma aqualéveiculada de Pôde-se entenderqueessaprodução cotidianadaviolência escolar, eoaumentodaviolências A crescente demandasocialporsegurança Assim, amídiaacentua naprodução osfatosecolabora desenti Media. Violence. School. thespeech. of Analysis ê m exigindo do poder público novas medidasdiantedoprom exigindodopoderpúbliconovas reports of cases inthenewspaper cases of reports - - - - -

GREGOLIN, do Rosário V. Maria Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidades. FOUCAULT, M. FOUCAULT, M. de Janeiro: Graal, 2011. FOUCAULT, M. FOUCAULT, M. FOUCAULT, M. rense Universitária, 2000. FOUCAULT, M. FARIAS, Edmar. Baleado nasaladeaula. Polícia. ESTUDANTE matacolegadentro dasaladeaula. tágoras, 2005. ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Garcia. Mary Referências A Enviado em12defevereiro Atualidades. SAMPAIO, Paula. nafrente pânico.Tiro deescolacausa tas.univerciencia.org/index.php/.../6201>. Acesso em: 16out. 2013. Revista Comunicação, MídiaeConsumo ceito em15demaio

As palavrasAs eascoisas Vigiar epunir Vigiar dopoder Microfísica dodiscurso A ordem Microfísica dopoder Microfísica A arqueologiadosaber . Petrópolis: Vozes, 1971. 2015. . Paulo: São Loyola. 1996. . RiodeJaneiro: Graal, 1979 . , Paulo São v. 4, p. 11-25, 2007. Disponível em:

71 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015

Corpo nervoso, imagens vibrantes: espectadores no cenário midiático contemporâneo

Gabriel Malinowski*

Resumo Percorrendo alguns casos como o atentado em Virginia Tech, o ataque às Torres Gêmeas, em Nova Iorque, e a Guerra no Golfo, neste artigo faz- -se uma reflexão acerca de algumas relações entre a produção imagética midiática desses eventos e a mobilização que provocaram nos corpos e na percepção. Palavras-chave: Percepção. Corpo. Imagem. Mídia. Realismo.

* Mestre em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense-RJ. Professor dos cursos de Jornalismo e Publicidade da Universidade Veiga de Almeida-RJ.

porâneos de existir das sociedades de capitalistas pressupõem, de existir das sociedadesporâneos de capitalistas vez cada ma ao mesmotempoqueseumododeexistência”. osmodoscontem Se históricos, depercepção dascoletividades aforma humanassetransfor de cores, temposeformas. condições o cognitivaspara “processamento” incessante dessavariação queasuporta,respaldo umcorpo dedisporenergia, queécapaz de dasimagens.leitura Essarecepção emnovos dispositivos possuicomo plataformas, novas rimenta janelasdeexibição, novas novos modosde filme narrativo deaproximadamente duashoras), atualmenteeleexpe espectador dodispositivo cinema(sentado com emumasalaescura um esecoadunam. semesclam zes oiníciodoséculoXIXviunascer Se xos deimagens –docinema, datelevisão, –quemuitas dainternet ve contemporâneas napercepção. Nós, espectadores, porflu transitamos Introdução Wii Fit Wii mais recentemente, essemesmo do quelheéapresentado nateladatelevisão. ainda que, Cabelembrar não se mantém em pé, porém, obedece aos comandos do jogo simula Wii de menosdoisanosidade jogatênispeloconsole dovideogame po excitado nos dias atuais. Nesse vídeo caseiro, um pequeno japonês equerepresentajeção bem osestímulos visuaisquemantêmumcor temporalidade e hiperestímulo Corpo, todo omomento, com essasimagens “vibrantes”. desse espectador atualdenossassociedades dainformação, que lidam, a ecomunicação.transporte Emseguida, algunspredicados esboçam-se comnidade aexpansão eseusmodosdevidaurbanos dosmeiosde corpos. analisadas, São inicialmente, da moder históricas as formações nos queprovocaram eamobilização desseseventos midiática imagética faz-seumareflexãoartigo acerca dealgumas relações entre aprodução que às Torres Gêmeas, emNova noGolfo, Iorque eaGuerra neste inventado –jáfoi eestáemplenofuncionamento.operatórios tipos, mododever éporque edeser–com seuscomandos umcerto mais, umarelação com asimagens dosmídia, dastelasdosmaisdiversos De saída, tome-se como referência pro umvídeoqueganhoucerta Percorrendo algunscasos, como oatentado em Benjamin (1994, p. 169)disseque, “no períodos degrandes interior Neste artigo, são analisados das relações alguns efeitos imagéticas . Ogaroto não consegue produzir inteiras, frases tampoucoquase . Nessa versão, não somente ogarotinho, como todaafamília, videogame lançouumaversão chamada Virginia TechVirginia , oata ------

75 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 76 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 tais como transporte, e crescimento populacional. industrialização Singer do”; osocioeconômico, quedizrespeito às mudançastecnológicas, sociais, que se refere do a interpretação para à racionalidade instrumental “mun tiona evalores asnormas domundo tradicional esagrado; ocognitivo, dos quais se costuma pensar a modernidade: e político, omoral que ques excitado. dessecorpo dução algunsconceitos Oautorenfatiza por meio chegará. nunca atentos, eantenados, perplexos constante naespera deum estar prontos informação, qualquernova para atônitos permanecendo e “desligados”, “desinformados”, “desinteressados”. Ao contrário, devemos podemos perder nenhummomento, considerados sob pena desermos tos, osvídeos. Fomos do tragados porumanarrativa “real”, daqualnão especulações. Maistarde, enfim, asimagens deCho, oassassino,fo as disparadas asimagens profissionais das redes detelevisão: entrevistas, tela, vez o âncora, outra o mapa da universidade. em seguida são Logo dovídeo,ferior a vídeo, doâncora, asinformações in miúdascorrendo asletras naparte como um filme por vir. se ele fosse Primeiramente, asimagens desse daCNN.repetidas televisivo nocanal Acompanhávamos oincidente registrou atragédia. Alémdisso, incessantemente essasimagens foram havia registrado 1,8milhão devisitasao vídeoamador doestudanteque 2007, porexemplo, diadatragédia em Virginia Tech, o site mente informacional edeconvergência. de Até anoitedodia16deabril inescapavel pormeiodeespaço-tempo lógica própriodanova corpos dos são osexemplos deentorpecimento quecorroboram essecenário deinformação. nossasdosesdiárias camos No âmbitotelevisivo, muitos tecnologias,novas desuasrepresentações. exatamente na lógica cabendo Chegamos aser, porumaconta muito exata, oequivalentedaschamadas atodosseusestímulosse rapidamente visuais, sonoros, informacionais. portos, não reagis nossocorpo inteligível salasdejantarnão caso seria emelevadores,das telaslocalizadas portarias, telefones celulares, aero e amadorasdemodonada metafórico. provinda Aimagem-informação reage central aessasimagens virtuais,Nosso sistemanervoso midiáticas queacompanham dasrepresentaçõestubos catódicos alógica midiáticas. algo compatível ocorpo aos quetornam estratégias outras ofereceriam. exercícios fazer aeróbicospoderia oumusculares queasimagens dojogo Com essa “necessidade” deestímulos, somos nósmesmosquebus queabarcam esse As práticas Singer (2001)propõe acercaSinger algumasreferências dapro históricas logo do iReport videogame em um canto superior dessamesma superior em umcanto devem ser vistas em meio a devem CNN.com bits the end , pixels que e já ------e homens, quesão representadas, também, mediações, pornovas novas entredo medoquevivemos articulações máquinas seinstalaemnovas máquinas nasfábricas. palmente, osterrores nacidadeeosacidentes dotrânsito moderna com vida nacidade moderna. sobressaltavam, Ostemasdos jornais princi deépoca,jornais aansiedade quemostravam com relação aosda perigos desse estado decoisas, dos analisaasilustrações ecaricaturas Singer de vidamodernos. Pesquisando manifestações culturais asprimeiras desses predicados jáplenamentearraigados, segundoSinger, nosestilos derno”. eaintensidade dosestímulos Asobrecargasensorial são alguns ao homem quesecostumaatribuir contemporâneo,dicados “pós-mo A análisedeSinger, curiosamente, vaiao encontro demuitos dospre dosestímulos”“bombardeio cidades modernas. dasprincipais nasruas ca postula, então, conceito possível: umquarto a constituídos.” atabalhoada Umexemplo dessasuspensão autilização foi com queemgeralserecobre:-lhe asmáscaras ossentidospreviamente retransmitidos aoforam vivo intensificou ovaziodesentido, retirando p. 184-185), “o queaconteceu nolapsode tempoemqueosatentados interceptados foram mídia trabalham esuspensos. Para Ferraz (2002, alguns instantes, econsagrados com ossentidospartilhados osquais na comunicação –como(1992)–, expressou Deleuze umavez que, por 11 desetembro, produzindo, emumprimeiro momento, umvacúolo gundo Ferraz, tambémpelos terroristasnosatentados do usurpada foi como umnovo (1993), Virilio racteriza naqualoarsenalmidiáticopassaaserpensado imagens dessa podem sertidascomo asprimeiras “tele-ação”, como ca valor das “armas” midiáticas. doGolfo, Asimagens daGuerra porisso, detelevisão,os canais bemcomo americano, oGoverno o entenderam guerre). tos dePaul nolivro publicados Virilio sando, então, narelação entre etelevisão, guerra apoia-seemalgunstex relação àsociedade vinculaessaintrincada doespetáculo.autora Pen desses temasemrelação aos atentados de11setembro. Desaída, a pos, Franco Cristina Maria Ferraz (2002)realizaumareflexão acerca em questão asrelações entre guerra, esuperexcitação televisão doscor dessa recepção nosdiasdehoje. que coloca Emuminstiganteartigo tembro de2001, exemplar analisarosefeitos para sejaumcaso talvez estéticas. Oatentado às Torres GêmeasdeNova Iorque, em11dese . Nessa perspectiva, o (2001)enfatiza Singer “choque donovo” eo Hoje, nossostemores são produzidos matrizes. pornovas Acultura Ferraz que, (noslembra do daGuerra Vietnã, com odesfecho front front de batalha. que, midiática Éessamesmaarma se L’écran (chroniques de la du désert modernidade neurológi modernidade ------

77 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 78 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 tico. opensamentode Paul Utilizando Virilio, Ferraz retoma algumas dade oabalonas basesdojogo ourepetição propriamente polí –seria das imagens –tantosuaretransmissão ao vivo quantosuainstantanei dessa superexcitação atrelada plicações dos corpos àessa temporalização que deumareflexão ecompreensão deum “fato noticioso”. Umadasim dosreflexos,mobilização fomento quesevaleumaisdodasemoções do o “fato” ou “notícia” emsuspenso –, Ferraz argumentaquehouve uma vivoao de temporalização. Em relação ao 11desetembro, emsua retransmissão chamadas televisivas. produzirpara suasprimeiras e essevídeomencionado, aliás, osrecursos pelaCNN foram utilizados dante a enviar um vídeoao site da CNN. dosalunos Essas informações sites epáginasderelacionamento. oprimeiro estu OalunoJamalfoi eimagens informações em apublicar venciavam atragédiacomeçaram notíciasdocaso. onde circularamo local asprimeiras Osalunos quevi Yorque, essarecepção extrapolou viatelevisão. Issoporque ainternet foi sacre de oscorpos. queentorpeceu essa transmissãonervosa Alémdisso, omas seja, obviamente, magnitude. deoutra umevento Nos doiscasos, houve relações 11desetembro,tém certas com ocaso aindaqueesteúltimo mundo, Ferraz fazoseguintediagnóstico: espaço natelevisão. que,ciólogos ecientistassociais –grupos habitualmente, não têmesse resgatada não somente porjornalistas, mas, sobretudo, deso porvozes aautora,lembra acomunicabilidade dofatopelamídiafoi, emseguida, missões, logo substituídaspor “ataques terroristas”. Claro que, como nos das legendas “ataques palestinos”, nosprimeiros momentos dastrans Com essasreferências, queocaso pode-sedizer Em relação àrecepção dosatentados pelosespectadores detodo Cabe enfatizar, também, dimensão outra dessarecepção: seumodo – queinterrompeu por alguns instantesafalatelevisiva, deixan Virginia TechVirginia bélicos. (FERRAZ, 2002, p. 188) deestimulantes) conflitos eaeventuais (também detodasorte superexcitados,do corpos adequados ao consumo desenfreado gamam-se assimnasatuaissociedades doespetáculo, forman bélicas. eextrema amal estimulação Entorpecimento doscorpos gesto reflexivo a eapromoveradesão pública respostas forte uma afetos, excita-os de modo a dificultar – senão –o inviabilizar oscorpos, entorpecer efeito ao mesmotempoestimula certos [...] talbombardeamento deimagens se, porumlado, tempor , cincoanosapósosatentados àstorres deNova Virginia TechVirginia man ------ço-temporal. Deambososlados, amador docinegrafista ao espectador espa espessura quesedánessapouca informação signos mediantepura no terreno dosclichês, dacomunicação fácil, de docompartilhamento acerca doporvir. edifusão, Nesses modosdecaptura recai-sefacilmente aoque implodemoespaço passado, queasligaria bemcomo àsreflexões to. Deoutro, oconsumo dessasimagens instantaneamenteproduzidas, gens dopresente, imagens queparecem querer secolarao acontecimen de temporalidade. Deumlado, queéincitado aproduzir umcorpo ima FERRAZ, 2002, p. 182)afirma, porexemplo: francês.instigantes passagens dos textos dourbanista (2002 Virilio pressão queabarcadiversas manifestações culturais. afirmam Conforme desses vídeos, não é uma exclusividade essa estética mas, antes, uma ex por essaimagem trepidada, nervosa, “viva”. notartambémque Deve-se uma tensão aos enunciados, aos acontecimentos, ainda queoschapando sugerem, proporciona ao discurso midiático uma quase clarividência, pelosmídia.principalmente Esse “realismo sujo”, como algunsautores nais/amadoras atuais, aliás, maisvalorizadas, éumdesuascaracterísticas os formam. das imagens Essadimensão televisivas/informacio estética realista (FELDMAN, nasimagens que 2008)quepodeserverificado real do O choque de agenciamento político. mulado eatento, elesemantém, geralmente, passivo, edesprovido inerte paradoxal: apesardeessecorpo, deesseespectador, estarconectado, esti poralidade queessasimagens ensejam. Assim, aumarelação chega-se agitado. Essaintensidade parece serfruto, emparte, daprópriatem doquedeumestado dassociedades efetivamente dainformação lógica rexcitado, vale-semaisdeumaintensidade na latentequeseinstaura osafetos,mação queentorpece emconstante mobilização. colocando-os confunde com uma dessas imagens, deordem, emvigor entra umaespéciedepalavra quese Uma característica marcante de todos esses eventos citados marcantedetodos esseseventos éoapelo Uma característica emconsideração que, levar Deve-se supe quandosefalaemcorpo Essas imagens amadoras participam, invariavelmente, desseregime te... Umademocracia do temporeal épossível? que vemos já aconteceram. reagir E é necessário imediatamen po dareflexão. Hojenão temosmaistempopara refletir, ascoisas Não possível navelocidade há política daluz. éotem Apolítica imagem deordem. Essa duplaordenação éumainfor apud ------

79 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 80 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 cos, separados poraproximadamente uma década, possuem umarelação municabilidade dessesjovens tambémoé. sempre presente nosfilmes, namesmamedidaemqueotema dainco e atuações naturalistas. Éinteressante notarque, otematecnologiaé sites como o de relacionamento socialetambémreflexo do voyeurismo em praticado doséculo21,sensibilidade característica decorrente domodelo Lim (2007, queosintegrantes sem paginação) afirma uma “evidenciam improvisada, ecenografia ras quetêmestreado nocircuito americano. ções de baixíssimo orçamento, digitais amado realizadas com câmeras e a mídia,que os críticos de modo geral, essas produ vêm classificando nosdiasatuais,ricanos o de um filão que cinematográfico vem se desenvolvendojovens por ame desuaépoca.como einstrumento efeito éamesma estética Essamatriz como propostas não circunscrever no as matrizes Voto de Castidade 95” produções para com omesmogesto dogmático). Contudo, não há mento, de2002, apartir tenhapassado aconceder Dogma “Certificado direta emnossosdias, ummodeloqueganhaadeptosomovi (embora comuns navisualidade contemporânea. Não queelesejaumainfluência prerrogativas demarcabemcertas queomovimento elugares -se dizer pelo grupo, como narrativo clássico. cos” oefeito contestavam efalso” principalmente “ilusionista docinema entendido como umarecusa aos hollywoodianos, cânones os “dogmáti davisualidadede produção cinematográfica. eestetização Podendo ser apresentadas: perspectivasemodelosqueapontavam novos modos para Kragh-Jacobsen. e Søren vring Na ocasião, são do movimento asbalizas 95 sobre ofuturo dasétima arte, Trier ao públicoasideiasdo lança dinamarquês: von Lars Trier. questionamentos eperspectivas Lançando docinema,nário em1995. Dentre osconvidados, umpromissor cineasta daFrança.Cultura Tratava-se emcomemoração ao deumevento cente ocorreu da emumsimpósiointernacional peloMinistério organizado brar, porexemplo, osmovimentos emidiática”. deexpressãoformas artística Nodocinema, caso lem cabe parece corresponder vez maior pelo cada a uma atração ‘real’ em diversas Lins eMesquita(2008, p. 8), “[...] ointeresse porimagens ‘reais’ [...] , quecontava, grupo ainda, com Vinterberg,Thomas Le Christian Passados anosdosprimeirosfilmeslançados poucomenosdedez Pode-se queoaparecimento do dizer Poder-se-ia dizer, assim, cinematográfi queessesdoismovimentos youtube Festa emFamília ”. Trata-se defilmescom diálogos improvisados Mumblecore Dogma 95 (1998) e ou “geração resmungo”. Éassim Dogma 95 e Os idiotas Mumblecore ao público grande (1998), pode . myspace Dogma ------apresentação eestetização. LinseMesquita(2008, Segundo p. 8), epropósitos tenhamefeitos tos cinematográficos diferentes. deummesmosolo, quepartem tecnológicas aindaqueessesmovimen entre subjetivas, elesdeterminadasbalizas culturais, e epistemológicas Contudo, que lhes é comum, da historicidade na esteira encontram-se um regime detemporalidade distintodasimagens amadorasdosmídia. rece um mesmo apelo realista. sugerir Claro que esses filmes lidam com pa naspredisposições dosdoismovimentos estilísticas que severifica te, baixo custoeusodeequipamentosbaratos. Para alémdisso, arelação muito próxima pressupostos: emseusprincipais produção independen se entrecruzam, (2007, segundo Jaguaribe p. 99-100), “cultura do medo, saltos, massacres, cenaseróticas. Nesses modosdeapresentação doreal relevância na retratação da violência social: violações, assassinatos, as direta com ocorrências davivência metropolitana, tendoumaparticular catártica.intensidade edescarga do real umarelação Ochoque teria de ummundo plausível, verossímil, o “choque doreal” visaproduzir ou porquaisqueroutros protocolos narrativos, reforçar atangibilida do real” busca, pelo detalhe da ambientação, pelo fluxo da consciência atreladariamente àideiade “efeito doreal”, porém, enquantoo “efeito do real, como (2007). nomeia Jaguaribe o espectador, fomentandosuasemoções. Provoca-se, assim, umchoque realismo que, delidarcom ovisível, com eformas seusartifícios arrebata cepção, deixando-osemestado dealerta. Trata-se deumchoque, deum “real” que, oudeoutra, deumamaneira ossentidoseaper mobiliza esse realismo, invariavelmente, em um tempo a uma recepção calcada essasrepresentaçõesde experiência possibilitam?Ora, associar devemos que nosinteressa, com basenessasconstatações, éaseguinte: quetipo que envolve novos meiosdeprodução percepções. enovas Aquestão A noção de A noção “choque doreal” propostaestánecessa porJaguaribe Como sepodeobservar, dedeterminadoregime trata-se deimagens de formas dessas novas Os programas também participam televisivos anos 90. atéoiníciodos notelejornalismo queimperava assepsia estética limitadade maneira e ‘domesticada’ –um ‘efeito derealidade’ à amadoras etelefones celulares, –ainda que imprimir buscando qualidade registradas com microcâmeras, devigilância, câmeras planos-sequênciastremidos eimagens debaixa tas coberturas às imagens estáveis ebemenquadradas, emmui utilizando eprogramas nãoos telejornais devariedades selimitammais ------

81 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 82 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 tica queasdistinguedasimagens docinema,tica porexemplo. Ocinema, acompanham. Essa não narração, essa falta de edição, é uma caracterís imagens propriamenteditas, queas poder-se-ia notarafaltanarrativa lísticos, familiares, sexuais, etc. Entretanto, setomassem apenasas caso noGolfo,Guerra surgem járevestidas jorna pordiversos significantes tado em Conclusão efórmulas quesimulamformas seuencerramento. pelotodo.a parte Resume-seacomplexidade deumacontecimento a umarelaçãotaria maisfundamentalcom oreal. Toma-se, nessecaso, traduzido como atotalidade deumacontecimento. Essapaixão dificul uma paixão verdadeira poressereal queéapreendido nastelas, equeé abarcassem todaarealidade. Apaixão falsa peloreal nada maisédoque gens tremidas, trepidadas, queacompanham umasituaçãoconflituosa, de choque,efeito como se a eleestivéssemos colados, como seessasima dosacontecimentos,chapamento emconta, queleva sobretudo, esse emumplanoestético-político: e suasimplicações uma argumentaçãoquetraduz, modo, decerto essarelação dentro/fora de seulivro ções dentro/fora própria ao nosso tempo. Em uma luminosa passagem deflação sejamaisum dasexemplo nasreflexiva talvez mudanças rela perspectivascríticas. quenão deinformações sedimentariam tição Essa relacionadadessas imagens estaria eàrepe àsuadescontextualização e fatigam” JAGUARIBE, ( 2007, p. 105). Aqualidade espetacularizada Para aautora, “a produz deimagens televisão queespantam dosesdiárias leitor semqueissoacarrete, necessariamente, umagenciamento político. doreal aneutralidade doespectador/que ochoque quer desestabilizar (2002) acerca da temporalidade ensejadas por essas imagens,Virilio é real’ pelousodochoque”. midiática,saturação de um e intensificação urbana incerteza de ‘efeito Esse não confrontamento com oreal podeserentendidocomo o A questão, aautora, para acompanhando a perspectivajáexpostade Essas imagens “nervosas” aqui doseventos analisados, asaber, oaten Virginia TechVirginia O deserto doreal rênciasevitar oconfronto éoestratagema definitivo para com ele. xão falsa, dasapa doRealqueháportrás emqueaimplacável busca fato deelaserumapaixão peloReal, massimofatodeserumapai O problema com a ‘paixão peloReal’ própriaao séculoXX não éo , oataque às Torres Gêmeas, emNova Iorque, ea , (2003, opensador esloveno Zizek p. 39)faz ------

e asconsomem sedesdobrem em “novos corpos”, saindodosautomatis queasproduzem mundos com possíveis? queessescorpos Como fazer nuances, doaparente denovas hajaaformação simples captura denovos um novo olhar com essasimagens, quedessa nossasimagens? Como fazer tal, enfrentar, deve-se antes detudo, ospróprios limites. Como produzir para,movimentos quem sabe, pós-midiática.inventar-se uma arte Para ressam, bemcomo depotencializá-las, aspossíveis formas de ampliarseus asedificam,forças poisconhecendo-as, pode-senotaraquemelasinte gens dado ofatodeelasnão serem narrativas. Deve-se, antes, perceber que essanão extrapolar narração,queira como noscinemasdevanguarda. e “vibrantes” nãonarrativa, possuemforça tampoucooutro regime que sujeito easociedade que lhe deunascimento. Essasimagens amadoras deumconjunto defatoresrazão queserelacionaram diretamente com o de umanarratividade. decompreender Essaforma em ocinemaseforjou é bom lembrar, não tinhase, necessariamente, serelaboradoem função São Paulo:São Brasiliense, 1994. BENJAMIN, Walter. Referências Keywords: tion thatprovoked inthebodies andintheperception. relationships among the production thoseevents media image andthe mobiliza of in New York, War, andtheGulf some to concerning areflection ismade inthisarticle Traversing as the attack some cases in Virginia Tech, the attack in the Twin Towers, Abstract body,Nervous vibrant images sas asquestõesquesetemdetentarresponder. linguagem midiática, espetacularizada, es São esemespessura? chocante meio deimagens que, com suasupostalivre apropriação, sóreforçam uma tico, aos regimes subjetivos hegemônicos? Como produzir por alteridades esentidospreestabelecidos,mecanismos capitalís aosignificante grande comaos queessasimagens Comoescapem mos ecatatonismos? fazer Contudo, não desconsideraraspossíveis dessasima sedeve leituras Perception. Body. Image. Media. Mágica etécnica,Mágica arte epolítica : spectators in the of media scenery contemporary spectators mediascenery intheof : da cultura ensaios sobre ehistória literatura Realism. ------.

83 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 84 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 A Enviado em23dedezembro de cionadas. Paulo: São Boitempo, 2003. ZIZEK, Slavoj. ro: Cosac eNaif, 2001. NEY, Leo; SCHWARTZ, Vanessa R. (Org.). SINGER, Ben. Modernidade, hiperestímulo eoiníciodosensacionalismo popular. In: CHAR (117 min.), digital, todasaszonas, para aberto son., color, legendado, din, port, esp. OS IDIOTAS. râneo. RiodeJaneiro: Zahar, 2008. LINS, Consuelo; MESQUITA, Cláudia. Acesso em: 3jan. 2015. ponível em: . LIM, Dennis. Ageneration findsits mumble. JAGUARIBE, Beatriz. gital, todasaszonas, para aberto son., color., legendado, din, port, esp. FESTA emfamília. Direção: dasdiferenças ensão acerca dosatentados de11setembro de2001. In: PORTO, Dayrell (Org.). Sérgio FERRAZ, Franco. Cristina Maria Guerra, esuperexcitação televisão doscorpos: ensaiodereflexão Alegre, v. 36, p. 61-68, 2008. FELDMAN, . Ilana DELEUZE, Gilles. ceito em15demaio

Direção: Bem-vindo ao deserto doreal Bem-vindo ao : 11desetembro emNova York. Brasília: IESB, 2002. p. 177-189. Conversações. O apelo realista O choque doreal

Lars Lars Von Trier. Dinamarca, Itália, Noruega, Suécia, França, 1998. DVD

Thomas Vinterberg.Thomas Dinamarca,Suécia, 1998. min.), di DVD (105 2015. São Paulo: São Ed. 34, 1992. : uma expressão da biopolítica. estética : estética, mídiaecultura. 2014. Filmar oreal Filmar : cincoensaiossobre desetembro oonze edatasrela The New New Times York The O cinemaeainvençãodavidamoderna : sobre brasileiro contempo o documentário

Rio deJaneiro: Rocco, 2007. , Nova Iorque, 19ago. 2007. Revista Famecos . RiodeJanei A incompre , Porto Dis ------Hackers e sua relação com o surgimento e desenvolvimento da chipmusic

Camila Schäfer*

Resumo Objetiva-se com este artigo relacionar as características da microcultura hacker com o surgimento e o desenvolvimento da cena musical chipmu- sic. Para isso, utilizam-se dados divulgados amplamente sobre a cena chipmusic internacional, além de entrevistas com um grupo de músicos brasileiros. Por fim, conclui-se que tanto a microcultura hacker como o desenvolvimento da tecnocultura atual têm criado nas pessoas o desejo de explorar os limites de hardwares e softwares, o que, por sua vez, acaba dando origem a cenas como a chipmusic, objeto deste trabalho. Palavras-chave: Chipmusic. Hacker. Tecnocultura.

* Jornalista. Mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

conhecimento. Comobaseado meucontato com essetipodemúsicaera tes doColetivo Chippanze, brasileiro, único grupo de demestrado,dissertação realizadas entrevistas com foram osintegran aoutrosde experimentação artistas. litando o processo dos músicos de criação e expandindo a possibilidade pamentos antigos naweb ecompartilhados pelosprogramadores, faci deáudio por diversos canais sons de notas, digitaispormeiodeumsistemaorganizado separadas na maioria dasvezes,na maioria pelasmáquinasanteriores. dedécadas Dynacom, quereproduz Dingoo,como oconsole portátil pela de2010noBrasil produzido apartir manipulados equipamentos atuais (ainda que por pouquíssimos artistas), Commodore 64(de1982)eCommodore Amiga (de1985). Também são Nintendo Family Computer –Famicom, de1983)eoscomputadores sole tambémconhecidocomo noBrasil Nintendinho enoJapão como deogames GameBoy daNintendo (console de1986), portátil NES (con mas osequipamentoscompletos. Dentre osmaisutilizados, estão osvi de1980e1990.mente das décadas Não são aproveitados apenas os chips, sonoro presente emconsoles ecomputadores domésticos antigos, geral leitor entenda, na àcenamusical conhecidacias quedeuorigem como Introdução: 3 2 1 música, quesejainstalado neleum énecessário nasmáquinas originais. buscam são queosusuários Além disso, como são restringindo acomposição,acabariam totalmenteautoral. quenão seria não reproduzem fielmente a sonoridade dos equipamentos e os osmúsicos. para éamenosatrativa opção eles, Segundo osemuladores mentos antigos sonoros oudospróprioschips dessasmáquinas, masessa lados emqualquercomputador esimulam ofuncionamento dosequipa compor asmúsicassão osemuladores, programas quepodem serinsta (SAWAYA, 1999, p. 475) nomundo dousuário real, eorientação aposição dica easrelacionam com omundo virtual” Nesse caso, de adefinição Trecho deumamúsica. ou fragmento conjunto restritode pessoas. desímbolos evalores deumgrupo “sub”. Portanto, neste trabalho chipmusic subculture comunicar, suas normas, e softwares. artefatos Na verdade, os termos o autor utiliza (2008)analisaa Carlsson Para aos chegar dados nesteartigo, utilizados da queéumrecorte Na Além do Neste propõe-se artigo queamicrocultura chipmusic , assimcomo otermo “subcultura” doprefixo pelautilização inferioridade podeindicar , porém considero o termo “cultura” muito descrever abrangente para os hardware , criar para queoequipamentopossaserutilizado para a chipmusic chipmusic tracker chipmusic softwares original, outro recurso e disponível tocar para a samples preferência não nainformática: éamesma utilizada “dispositivo quein , asmúsicassão produzidas pormeiodochip 3 como umamicrocultura, com dese suaprópriamaneira . Essesprogramas são instalados nosequi

, eles não o desafio e a diver ofereceriam 2 . Contudo, apreferência dosmúsicos é, é pelo o uso do termo o usodotermo 1

hacker tracker, software “ chipmusic microcultura éumadasinfluên chipmusic . Para queo ” , o porindicar , quetive que cria quecria hackers samples culture culture e a ------e - .

87 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 88 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 acentuou oprocesso deglobalização. Nem todasessasmudanças pode da troca deinformação, bemcomo amobilidade, que damesma forma dutor/consumidor edetrabalho, e alterou a velocidade da comunicação demodificações, umasérie permitiram especialmentenas relações pro mais perceptíveis contemporânea. natecnocultura emaisaclamadas Elas darede mundial decomputadores são asmudanças desenvolvimento o Microcultura emqueessasmáquinas surgiram. histórica da época semelhante àquela característica uma estética em suas criações buscam abstratas. Mesmoqueos equipamentosantigos,VJs não utilizem eles imagens de de produzida. aleatórias, desdefiguras geométricas utilizadas São até imagens visuais, sempre buscando uma aproximação com a sonorida sicos, o dos VJ procura emular ascaracterísticas imagens mixadas asapresentações durante ao vivo. Assimcomo osmú deo jockeys independente Chippanze. pais músicos do país. o evento, Durante oficialmente o selo lançado foi realizado em2009. Intitulado GameMusic, reuniu oevento osprinci Brasília, masaquele queéconsiderado brasileiro oprimeiro festival foi ções de dasmúsicas pelainternet. gratuita mediante adistribuição Apresenta tações eno eoficinasdivulgaostrabalhos noBrasil realizados mundo portrêsformado visual. músicos eumartista realizaapresen Ogrupo Valentine (AL), alémdocoletivo Chippanze, quesurgiuem2008eé Chiptots (MG), Vox (ES), Castoridae (RJ), Iury MyMidi Ruggery (SP),Sonicbeat (RJ),The Industrialism (SP),System Sound Reset (SP), Droid-on (SP), pmusic o coletivo reúne 8bitpeoples algunsdosprojetos maisconhecidos da nomes conhecidos,incluindo como BitShifter, Nullsleep eGlomag. Já ao queéditoemtextosde sitesoumesmoemartigos. realizadores, possuemopiniõesdivergentes quemuitas emrelação vezes minhaaproximação essenciaispara realizado eforam noBrasil com os detomar ciênciadoqueestavasendo umaboaforma trevistas foram apenas em textos e, principalmente, estrangeiros, em trabalhos as en Em Nova Iorque, acena O surgimentodosmeiosdigitais, especialmentedocomputador, e Em algunsdessescoletivos existem também no mundo. No Brasil, os projetos de chipmusic (VJs), dosálbunsepelas responsáveis dascapas pelasartes videogames já aconteceram em São Paulo, jáaconteceram emSão noRiodeJaneiro eem hacker Ghouls’n’Eggs (SP), Escaphandro (SP), , imagens que lembram : chipmusic explorando as tecnologias explorando as é uma das mais fortes domundo, éumadasmaisfortes chipmusic games designers designers hardwares são o Pulselooper são o Pulselooper , pixelart gráficos e gráficos antigos nas e figuras efiguras Subway Subway chi vi ------sentirem-se pertencentes. Éavolta dasrelações tribalizadas, confor umacomunidade parte,pessoas aindabuscam daqualpossamfazer sagem epodemanotá-la, comentá-la e acumulando emaisconteúdo. comentários Aspessoasrecebem amen entre locais, pessoaseequipamentose, elavaise movendo, conforme vai da mensagem. Elanão temmaisumdestinofinal, continua circulando depois. éamobilidade etransformados dificados característica Outra rede, onde elestambémtêmacesso aos conteúdos quepodemsermo hoje temosmaisconsumidores produtores setornando na epublicando comunicação controlados umnúmero para muito maiordereceptores, número deprodutores queenviavam de asmensagens através decanais demensagens. ecompartilhamento ção antestínhamosumpequeno Se terem relação com a rão sercontempladas nestetrabalho, masalgumaspodemsercitadas por universitários dos Estadosuniversitários Unidos, como noMassachussets Instituteof de 1950queoschamados presencial deforma ouviacorreio.volviam nofinaldadécada Masfoi e pesquisadores oscódigos dosprogramas compartilhavam quedesen do surgimento das redes de computadores e da internet, programadores madores, a vontade esses sistemas e até melhorá-los. de explorar Antes doprograma),pagando pelalicença começou a surgir, entre osprogra e tuitas. Com os computadores e o monopólio dos sistemas operacionais pessoas que tentavamburlá-los, ligações gra fazer especialmentepara dos, produzi-los. mastambémaos para equipamentosutilizados contemporâneaenão da tecnocultura estárestritaapenasaos conteúca e estéticas.característi é Essapossibilidade deapropriação emodificação institucionalizada eoperem sobre deordens elestransformações técnicas queseapropriem deprodutoso potencialpara gerados culturais naesfera bastantesrestritos.de interesse culturais denichos emtorno com outrosidentificação usuários, apontoformarem desecomunidades individual, énacirculação oreconhecimento queaspessoasbuscam ea número depessoas. sejaumatoexclusivamente Mesmoqueacriação circular umgrande produtos para sibilidade efazê-los decriar culturais softwares (1964). McLuhan me afirmava Por exemplo, o acesso a computadores, softwares Desde que surgiram osprimeiros sistemastelefônicos,Desde quesurgiram háregistro de Da mesmaforma, oacesso facilitado àstecnologiasdeuaos indivíduos Apesar deasociedade parecer vez maisindividualizada, cada as O séculoXX trouxe mudanças nos processos de produção, recep de criação erede decriação computadores deuaos indivíduos apos ,caso, odesejodeobtervantagens (nesse financeiras afora não chipmusic hackers . passaram asereunir passaram emambientes remixá-la. JENKINS, 2009) ( ------

89 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 90 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 microcultura algo autênticoesurpreendente, odesejodesesuperar). com ooutro (apoioerespeito ao próximo) (desejodecriar ecriatividade deconhecimentos einformações);lização atividade (ativismo); cuidado cimento dasatitudes estilo devidapessoaleprofissional); e reconhe valorsocial(importância poraquilo quesefaz);cípios como paixão (prazer liberdade (como um SGANZERLLA, 2009)complementou aética da. finlandêsHimanen(2001 Ofilósofo nossas vidasemalgo melhor, ecompartilha criativa seusados deforma no computador; e beleza arte ecomputadorescriar podem transformar descentralização; serlivre; deve a toda ainformação desacredite e promova aautoridade a 2009), queregistrou dessaética: osprincípios oacesso acomputadores e (1984 Levy jornalista motivações eumcódigo éticoespecífico. Aética comum, os mos ideais, ecolaborarem compartilharem informações emprojetos em deuso. licenças opagamentodascaras evitar para Por possuírem osmes aumentaronúmerofez depessoasinteressadas essasegurança emquebrar gramas, naverdade, arelação entre somente fortaleceu osprogramadores e dedesenvolvedores.no trabalho dealgunssistemas,fragilidades nasegurança auxiliandoindiretamente operacional Unix. Os área dainformática, como alinguagem deprogramação Ceosistema operacionais eredes decomputadores, desenvolvendo a inovações para madores dispositivos, continuaramtransformando em risco.compartilhamento Mesmo com essas restrições, os progra docódigo deseus so emodificação hacker quepossuíamcomputadores osúnicoslocais eram emrede. Otermo Technology e no (MIT) O bloqueioao acesso aos queasdesenvolvedorasimpuseram seuspro Na de1980, década arestringir oaces asdesenvolvedoras passaram O ativismo é um dos princípios mais relevantes e que está na raiz da da maisrelevantes equeestá na raiz O ativismoéumdosprincípios é oriundo da palavra dapalavra éoriundo hackers de lência técnica, executado foi diz-se que esse trabalho com talento alguém produz criativo, umtrabalho inovador, com estiloeexce talhar, talhardetalhesemmadeira, com preciosismo. Quando hacker hacking hackers criaram em torno desiumacomunidade emtorno criaram com ideologia, . Osprogramadores aideia deinformação defendem hacker . (ASPIS, 2009, p. 53) hackers hackers apud devem serjulgados devem segundoseusatos; você pode Xerox juntoàcomunidade); (trocaesocia abertura hack PAIXÃO; MENEZES; SGANZERLLA, também já ajudaram na identificação de naidentificação também jáajudaram Palo Alto Research Center ( , queeminglêssignifica softwares apud PAIXÃO; MENEZES; , do aprática colocando hacker hacker hacker softwares adicionando prin foi propostafoi pelo PARC , sistemas ), pois ------três acinco, enquantoossequenciadores exemplo: a)com onúmero deáudio, limitado decanais geralmentede músicos do Coletivo Chippanze, eles revelaram que precisam lidar, por ções dos como umdesafioaser vencido, na damicrocultura volvimento e grupos,movimentos como a mentos esuasfuncionalidades, outros einfluenciaram disseminaram-se mais voltados aprodução, para comoosequipa odesejodeexplorar se fazepelaliberdade. Algunsdeseuspreceitos, especialmenteaqueles nocomputador, ebeleza arte possível criar pormeiodapaixão peloque de queé doprincípio como parte eaexperimentação de acriatividade quando falamosemmicrocultura eativista,essa veia política aatenção que geralmenteéaquemaischama livre, eautoritária. deumaapropriaçãoprivada principalmente Afora 4 que podeser associada a umaespécie de espírito conhecimentos emcomputadores econsoles de com as limitações relativas ao programas não oferecem amesma sonoridade dos edesafiadora etambémporque dasmúsicas maisdivertida os a criação no lugardosemuladores deconsolessonoros echips porconsiderarem dosprogramaso quefacilita decomposição musical. autilização instalado nocomputador, omúsico temàsuadisposição maisdesafiadora. eefeitos) gerarinstrumentos (para Emumprograma quatro.outras aexecução decomandos Issotorna específicos no GameBoy, por exemplo, direcionais e mais que possui apenas as teclas sujeitas; d)com aslimitações noscontroles dosequipamentos, como o compatibilidade dearquivos eos computadores atualmente; possuemesse tipodegravação c)com ain em computadores antigos (como ST), oAtari sendoquepouquíssimos utilização precisaaposterior emdisquetespara serfeita algumas vezes tocadas; b)com dosarquivos agravação (músicaseprogramas), que dos esforço empregadoUm grande era sonoras nacomposição dastrilhas te três, dascinconotas, ao podemsertocadas mesmotemponoNES. o número denotasquepodemserexecutadas simultaneamente. Somen des maiores, tantodecanais, quanto deinstrumentos. limitaçãoé Outra 2004, p. 300). gravar,que permite editar ereproduzir (DOURADO, sinais emúsicasemlinguagem MIDI 1. Dispositivo eletrônico e reprodução gravação para de dados em linguagem MIDI. 2. Assim como osprogramadores, queveem osbloqueiosnos Os músicos reforçaram sua preferência pelosequipamentosantigos games hardwares antigos, ailusão dequemaisnotasestavamsendo criar para antigos. Por meio de entrevistas realizadas com os hacker hardware chipmusic, bugs hacker . chipmusic aqueasmáquinas antigasestão antigo, os músicos seus utilizam 4 , tambémdefen omovimento modernos oferecem modernos quantida que surgiu logo apóso desen odesafiosão aslimita videogame hacker hardwares eacriatividade, mouse , o de explorar . Para lidar eteclado, softwares tracker Software ------

91 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 92 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 automáticas. Foco, exposição, balançodecor, tudoéprogramado pela funcionamento desseequipamentoeaindaestásujeito àspossibilidades mágica,caixa deproduzir capaz imagens. Elenão conhece overdadeiro comum queousuário afirma filósofo vêoaparelho apenas como uma ouovalorconceitual.dução como exemplo, afotografia Utilizando o aelassementender-lhesoperação,das máquinas queserve arepro “apertador debotões”, (2011), deFlusser naspalavras umfuncionário os equipamentos oferecem, um mero ohomem se tornando acabou O problema éque, emmeioatantaspossibilidadesque automáticas cisa conhecer seu funcionamento, a caixa-preta. ou branquear decifrar doaparelho,na lógica ouseja, jogamcontra ele. programadores ou inventam modificam algo não previsto originalmente microcultura contra trabalhador ( nosentidotradicional.trumentos Ohomem queosmanipulanão é o filósofo, osaparelhos enão podemser considerados ins brinquedos aproximamFlusser (2011). dasreflexões propostas por De acordo com funções,do novas tantoos criado.mento foi aquelas o qual o equipa para funções afora outras desejo de explorar composição demúsicas( musical ganhamaispossibilidades.ção Ainda, de acriação adicionais, tercanais issopara músicos fazem pois assim, acomposi contornada pormeiodousodedoisGameBoys ligados entre si. Alguns uso quedelesequerfazer: equipamento atésuaúltimapossibilidade eadaptá-lo deacordo com o Quando procuram esgotar aspossibilidades dos Quando A limitaçãorelativa sonoros, àquantidade decanais porexemplo, é No entanto, queohomem para jogue contra oaparelho, elepre oaparelho, enão vida (Levy, 2001). (HORA, 2011, p. 2) dascondições de eoaprimoramento estética a experimentação lhada, edoemprego dopoderdescentralizado datecnologiapara livre ecomparti deapologiadainformação seguem umaética de uso.funções imprevistas em manuais e termos Tais práticas funcionalidades dehardwares aexecuçãode para esoftwares (Raymond, 2001; Stallman, 2010). éaadaptação efeito das Seu valores doslimitesdopossível deexploração edoadmissível as eseus ações doshackers tecnologia peloqualidentificamos éadenominaçãoO hackeamento dotipodeabordagem da homo faber hacker daideiade ), masjogador ( trackers com hackers ele. Mota(2012)tambémaproxima a homo ludens ) para essasmáquinas) para demonstraum quantoosmúsicos da homo ludens deFlusser, umavez queos ), aquele quebrinca hardwares chipmusic softwares , buscan de se ------(2006) explica que a única forma efetiva de intervenção nomundo en deintervenção efetiva forma queaúnica (2006) explica esimulação. cálculos para virtual, semperceber quehaviaumamáquina baseada emalgoritmos Consequentemente, imersonumasuposta realidade ficaria ousuário jetivo manterimperceptível era afronteira entreeequipamento. usuário acostumando com dasmáquinas. asopçõesautomáticas relho, fotografias. defazer umapessoa é capaz Eassim ohomemfoise botão. seja, Ou mesmosemconhecer ofuncionamentodoapa interno câmera, (homem) eofuncionário sóprecisa o posicioná-la eapertar e asfinalidades doaparelho: emquestionamento damáquinaopadrão afunção ecoloca que subverte ções acionadas entre emáquinas. usuários não apenas determinadas pelas máquinas,gicas mas também pelas rela com outros meiosquantopelosusuários. Podemos perceber, assim, ló regras, códigos, quesãotantonasinterações ambientaise modificados atecnologia. dever eutilizar formas novas para Oequipamento traz dascaixas-pretas (MOTA, eobranqueamento tura 2012), mastambém caixa-preta, jogarcontraoaparelho. Ojogo é, assim, aaber achave para predeterminadasforam emsuaconcepção, estão tentandoadentrar a os equipamentos ou cam Da mesmaforma, os volve conhecer e tentar solapá-las ou superá-las. suas leis de operação Para Machado (2001, p. 36), opoetadosmeiostecnológicos éaquele Ao aideiade defender “pensamento como intervenção”, Zielinski Com oscomputadores acontece omesmo. Na de1990, década oob de funcionamento. (ZIELINSKI, 2006, p. 283) produzidosos efeitos poreles, enão temosacesso ao seumodo escura; como umacâmara rios com trabalhamos eles, apreciamos Os computadores eram, eaindasão, projetados seususuá para tecnológicos precisam estarsendoconstantemente reinventados Para amesmiceerepetição, evitar asmáquinas eosprocessos CHADO, 2001, p. 14). de seapropriardeumamáquinaa maneira enunciadora. (MA der edelidarcom essemeio. reinventasse Écomoobra secada cífico deummeio, deenten redefinem anossa maneira própria ao invés de ‘esgotar’ determinadas possibilidades do ‘código’ espe Poderíamos verdadeiramente queas obras então criativas, dizer hackers softwares eosmúsicos da para que executem para funções que não chipmusic , quandomodifi ------

93 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 94 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 6 5 objetos eacontecimentos, pelafotografia, informados poisesteseram mento da imprensa com que os escritores já não fez descrevessem mais mundo real, assumidapelafotografia. quefoi forma, Damesma osurgi expressionismo abstrata, e à arte sem a responsabilidade de representar o mento da fotografia, por exemplo, os pintoresao a sededicar passaram configurações eposições” (MCLUHAN, 1964, p. 199). Com osurgi osvelhos meios, cessadeoprimir nunca atéqueencontre elesnovas para não odeixaempaz, oferecendo depensá-lo. sempre formas novas “Ele czynski ainda pode ser fonte de experimentações, como em putadores atéqueestestambémevoluíssem. Nas mídias, novas o presenteesteve dos edesenvolvimento naorigem sendoabandonada foi ocinemasedesenvolveu, conforme a técnica mas cita como exemplo o never go away: disappear they onlyto inonearea comebackinanother que afirma cinemaevídeo. defazer forma a dificaram mo queposteriormente técnicas novas o aparelho criando eacabaram elas,ções para essesexperimentadores tambémestavamjogandocontra DO, 2001) na verdade, como surgiram explorações dosequipamentos. (MACHA daimaginação.delirantes nocinema, Hojenaturalizados essesefeitos, ao visível, trazer para ótica damáquina, com aintervenção asimagens danormalidade deestranhamento tismo ounanismoetodasasformas cimento edesaparecimento repentino depessoas, alevitação, ogigan mento, ainversão demovimentos, lentaouacelerada, acâmera oapare máquina, suas funçõesefinalidades. inverter ocongela Elesutilizaram osdesviosda explorar buscavam Smith eGeorge Albert Williamson apenas um (uma senhora idosa quepegaabolado meninoesaidasala). apenas um (umasenhora sala, o final, para ovídeoseencaminha cada com personagem deixando oespaço atéque reste sua ação( total são 36 personagens em oito minutos de animação. Todos eles passam pela sala e repetem como adamulher e, umadelastermina, quandocada umnovo personagem emcena. entra No por umadasportas. umbebêentra gurando Aaçãodomeninoserepete constantemente, assim pela mesmajanela. Acenavolta aserepetir e, assimqueomeninodeixaasala, umamulher se menino quejogaumabolapelajanela dasala. poressajanela, Ele entra pegaabola, esaidasala acontece emumapequena sala com umajanelaetrês portas. imagem éadeum Aprimeira comexperimentações éconhecido Rybczynski O polonês Zbigniew mas retornam emoutra Na dasmídias, história “as limitações de Para McLuhan, umnovo meionão sesoma aumvelho, mastambém Ao explorarem osdesviosdasmáquinas epensarem fun emnovas é clássico.O exemplo docinematógrafo Georges Méliès, James 6 . loop the history of new mediatells new limitations of usthatthehardware the history ) sematravessar oespaço deoutro personagem. todosjáestão dentro da Quando dear oprogresso dopensamento. e/ou subvertidos, demodoaacompanhar, mastambémdesenca hardwares ”. (Tradução nossa) loop. e Empregada pré-cinematográficas, nasformas softwares hardware de captação e montagem. de captação Em , principalmente nunca somem: nunca elasdesaparecem em umaárea, Manovich (2001,Manovich p. 265) , por suas obras deanimaçãoe porsuasobras Tango videogames , de Zbig Ryb Tango , toda a ação e com 5 . loop Ele ------

(geralmente movidos a pilhas) e sintetizadores baratos para transformá a pilhas) e sintetizadores para (geralmente movidos baratos porReedGhazala,Batizada brinquedos consiste emutilizar atécnica essedesejopelo ilustrar para serve os velhos meios podemserressuscitados erefuncionalizados. queosnovos meiospodemsedesenvolver,É dessaforma mastambém botões”, possibilidades novas surgemesseequipamentooutécnica. para tanto, quandoohomem deixadeserumfuncionário, um “apertador de (1971 eFiore deMcLuhan palavras hardwares nharem novos papéis. Énessesentidoquepodemosentendercomo os queosdeúltimageração,experiência tensionados elesforam atéga chipmusic pensados oscomputadores para econsoles antigos, hojena utilizados computadores, veremos queelaéresponsável, também, pelosnovos usos pelo cinemaerádio. dos naevolução pensarmos Se 7 tem papelfundamental. dasociedade contemporâneas,sintomática ecultura emqueo musicais.de videogamefuncionem como instrumentos Tal é prática do hardwares PARIKKA, 2012) eletrônica/digitalpela cultura epelo consumidores contemporânea, épeculiar datecnocultura caracterizada sons diferentes e únicos. nos papéis de produtores Essa transformação e manipular som equerem suaspróprias ferramentas, criar queproduzam música eletrônica oude entediadas comdefazer osmétodosnormais aumaparelho função e darumanova eletrônico. Aspessoas parecem dedescobrirem quepodemmodificar essas pessoaséapenasaalegria que não entende seu funcionamento interno, o que motiva muitas vezes ousuário, tecnologiassão para Como vez maisasnovas fechadas cada elétrica, porexemplo, quantopessoassemessetipodeconhecimento. que envolve tantopessoascom conhecimento técnicoemengenharia que produzamsons deacordo com avontade dousuário. Éumaprática quedos são desmontados erecebem interruptores, botõesesensores para musicais e geradores-los em instrumentos de áudio caseiros. Os brin 2 abr. 2015 analog future. pt.wikipedia.org/wiki/DIY> e detroca deinformações. A comunidade DIYcresceu com ainternet, pormeiodetutoriais, colaborativos vídeosefóruns pessoaesemapoiofinanceiro deprojetos tratar por umaúnica externo. para tocados é utilizado concertos, eprodução gravação dosálbuns, atéomarketing epublicidade. Atualmente, otermo porcontadeterminada bandafaziatodo otrabalho própria, ouseja, de desdeaorganização surgidocom acena teria O termo Outro fenômeno quepodeserligado àmicrocultura Outro Todavia, o softwares . Como osequipamentosantigos jánão oferecem amesma no caso da nocaso na utilizados ) são eadaptados criados que computadores para econsoles Disponível em: hackeamento chipmusic . (DIY. In: Acesso em: 2abr. 2015; bending, CIRCUIT moddingand the chipmusic . Acesso em: não está ligado pura e exclusivamente aos não estáligadoeexclusivamente pura punk Wikipédia: . tambémestápresente Essalógica quan , pós-punk se modificaram filogeneticamente, se modificaram nas a enciclopédia livre. aenciclopédia Disponível em: hackeamento apud do ityourself e movimentos emovimentos MACHADO, 2009). Por underground (DIY) é o circuit bendingcircuit 7 videogames hacker . (HERTZ; . (HERTZ; , que dizer para software eque

95 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 96 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 a group of Brazilian of musicians.a group Finally, itisendedthatasmuch microcul thehacker published widely about theinternational chipmusic with scene, asinterviews aswell emergence anddevelopment thechipmusic of scene musical. For this, useddata are relateIt isaimedwiththisarticle thecharacteristics withthe microculture thehacker Abstract Hackers cenas emovimentos, oferecendo umolhardeoutro ângulo. volvimento, depontapéaanáliseoutras inicialpara maspodeservir softwares diferentes formas, dos limites de seja na exploração deste artigo, amicrocultura porusuários;sugeridas dentre outras. Na cena de indústria ouaproveitar dedriblar os hoje pensamemformas les. Vemos e cinematográfica, seus reflexosfonográfica nasindústrias que institucionalizada são gerados alguns de acessar na esfera para materiais deideias,partilhamento deprodutos gratuita ealiberdade adistribuição cker Conclusão pmúsicos, quetemiamacomercialização dessetipodemúsica. a revela como onovo a colocando um artigo colm McLaren, empresáriodabanda quefoi munidade eempresas comerciaisartistas não temsidovistocom bons olhosna co gratuitamente, nainternet sejamdistribuídos trabalhos pelos autilização créditos osdevidos aosderam chipmúsicos responsáveis. Mesmoqueos yes zaram trabalhos. Podemos do deartistas citaralgunscasos nos coletivos, quesão contraapropriações ecomerciais privadas deseus adotadoanticapitalista pormuitos programadores tambémépercebido músicos da , Furtado de2005)eNelly (namúsica Percebemos atéaqui quediversas ações epreceitos dacomunidade Por fim, doprocesso queos criativo característica não éapenasessa acabaram afetando outros afetando setores acabaram dasociedade edacultura. Ocom samples and its relationship with the emergence and development of the withtheemergenceanddevelopmentof anditsrelationship . Adiscussão éaindamuito preliminar enecessitamaiordesen chipmusic chipmusic softwares de chipmusic . aconteceu fatocurioso em2003, Outro quandoMal tomam emprestado da microcultura , seadaptandoreceber queacabou para melhorias 8-bit punk. chipmusic emsuasmúsicas, (namúsica como Beck hacker em evidência namídia. emevidência McLaren(2003) Essa declaração perturbou muitos chi perturbou Essa declaração temdeixado rastros deinfluência Do it punk chipmusic , de2006). Ambos não Sex Pistols, Sex escreveu downloads mainstream hardwares, , oobjeto quefoi hacker naweb; na queutili seja na de seja na de chipmusic . O ideal Hell Hell ha ------VT: Ashgate, 2008. p. 153-162. Pac-Man CARLSSON, Anders. Chipmusic: low-tech datamusic sharing. In: COLLINS, Karen. html>. Acesso em: 15jun. 2015. BECK. p. 53-67. PRETTO, (Org.). Nelson DeLuca ASPIS, RenataLima. como resistência Hackerismo política. In: AMARAL, Ferreira Sérgio do; Referências Keywords: toup giving rise scenesasthechipmusic, thiswork. objectof andsoftwares, tothehardwares the desire which, thelimitsof explore inturn, ends technoculture have as the development the current been ture in the peopleof creating MACHADO, Irene. Ecologia das extensõesculturais. Ed. Universidade Paulo, deSão 2001. MACHADO, Arlindo. LEVY, Steven. S. LEVY, 2009. JENKINS, Henry. sites.itaucultural.org.br/rumosartecibernetica/pdf/Paper_Daniel-hora.pdf>. Acesso em: 14abr. 2015. MOS ITAÚ CULTURAL ARTE CIBERNÉTICA, Paulo, São 2011. HORA, Daniel. Multimodalidades hackeamento. e transversalidades da arte_ In: SIMPÓSIO RU Rio deJaneiro: Campus, 2001. HIMANEN, Pekka. method HERTZ, Garnet; PARIKKA, Jussi. media: Zombie into an art circuit bending media archaeology -it.html>. Acesso em: 15jun. 2015. FURTADO, Nelly. Paulo: Annablume, 2011. FLUSSER, Vilém. DOURADO, Autran. Henrique Acesso em: 2abr. 2015. DIY. In: net/feature.aspx?1327>. Acesso em: 2abr. 2015. bending,CIRCUIT moddingandtheanalogfuture. le/5837/4231>. Acesso em: 15jun. 2015. Disponível em:

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97 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 98 Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 A Enviado em15deabril ouvir. ZIELINSKI, Siegfried. STALLMAN, R. SAWAYA, Márcia Regina. 15 jun. 2015. RYBCZYNSKI, Zbig. revolutionary. Cambridge, EUA: O’Reilly, 2001. RAYMOND, E. a educação ética PAIXÃO, Dalton; MENEZES, Moreira; Karina SGANZERLLA, Sérgio. Aprendendo com a 213-222. KILPP, Suzana. MOTA, Regina. Brincando Martins. RiodeJaneiro: Record, 1971. McLUHAN, Marshall; FIORE, Quentin. MCLUHAN, Marshall. natari. Paulo: São Cultrix, 1964. MCLUHAN, Marshall archive/11.11/mclaren.html>. Acesso em: 7abr. 2015. MCLAREN, Malcolm. MANOVICH, Lev. ceito em15demaio hacker São Paulo:São Annablume, 2006. . Campinas: FE/UNICAMP, 2009. p. 38-52. . In: AMARAL, Ferreira Sérgio do; PRETTO, (Org.). Nelson DeLuca Impacto mídias no estatuto dasnovas da imagem. The cathedralThe andthe bazaar Free software free society. Free free software The language of new media new The language of Tango. Arqueologia damídia Arqueologia Os meios de comunicação comoextensõesOs meiosdecomunicação dohomem 8-Bit punk. Os meios de comunicação comoextensõesOs meiosdecomunicação dohomem. Dicionário de informática einternet. deinformática Dicionário contra 1980. Disponível em: . Acesso em: 2015. 2015. os aparelhos. In: MONTAÑO, Sonia; FISCHER, Gustavo; Wired 2. ed. Boston: Free Foundation, Software Inc., 2010. Guerra e paz na aldeia global Guerra , 2003. Disponível em:

Marcelo Crispim da Fontoura*

Resumo Neste artigo, exploram-se as semelhanças e diferenças entre os aplicati- vos digitais de dados públicos e produções de mídia cidadã. Baseando-se na ideia de cidadania de Mouffe e Rodriguez, bem como no resgate da noção de mídia cidadã e mídia participativa de diferentes autores, estabe- leceram-se critérios qualitativos que foram aplicados a uma amostragem de 17 aplicativos brasileiros, oriundos de competições de dados abertos promovidas por governos. A contraposição dos critérios (relacionados ao caráter conversacional, contextualização/comentário da informação, mo- netização, âmbito dos aplicativos, etc.) demonstra uma adoção parcial, o que traz diferenças quanto à relação dos dois fenômenos. Embora possu- am formatações diferentes, ambos envolvem lógicas subjacentes próximas. Esta é uma pesquisa exploratória, com o objetivo de contribuir para os estudos de hacking de dados abertos no Brasil. Palavras-chave: Aplicativos. Dados abertos. Participação. Mídia cida- dã. Mídia digital.

* Jornalista. Mestre em Comunicação Social pela PUCRS. E-mail: [email protected].

de dados abertos promovidosde dados por órgãos abertos governamentais. Essas cons ses dedados públicos, escolhidosaqui osproduzidos emcompetições (BRASIL, 2009) de comotada a Lei por meio de mecanismos Transparência brasileira. tal, eexecu preocupação vez maior nassociedades cada democráticas (2009), (2011); Benkler(2006)eShirky eatransparência governamen mo com nomenclaturas, outras porautores como Jenkins(2009), Bruns a participação (LEVY, 2010; COLEMAN, 2012), dainternet; umadasformadoras porque dessa forma dos relacionagura de participação a lógica departicipação cursos eformas digitais,ferramentas surgem vez maisexpressões cada dousodessesre Introdução dos própriosdireitos. Umaunião de lealdade. Aatuação eaparticipação adequação àsregras comuns, não ainteresses ouàdefesa particulares da cidadania com como aideiade identificação gem dacidadania como algo maisligado àatuaçãodaspessoas. A visão diferentemente deacepções essencialistasanteriores, fazumaaborda entende porcidadania. ospreceitos (1992), deMouffe Seguem-se que, cidadã Mídia mantidonopresente. foi artigo dasmanifestações,uma demonstração daefemeridade masotom do no dosaplicativos. pesquisados Algunsdosaplicativos não existemmais, tes, diversas, masformatações consequênciasofenôme oquetraz para demídiacidadãadesão éparcial, aos critérios com intensõessemelhan aumaamostragem de17appsbrasileiros.aplicados Verificou-se quea a produção para de mídia cidadã,tabelecidos critérios então que foram Paraao mesmofenômenooupossuemparticularidades? isso, es foram dos são exemplos diretos precisamente demídiacidadã? Vinculam-se semelhantes. apergunta: Masfica osappsdedados públicosinvestiga profissional de veículos estabelecidos. àparte vista, Àprimeira parecem também sãoporatores discursosmidiáticosfeitos semenvolvimento comA interseção amídiacidadã acontece àmedidaqueosaplicativos de transparência, “brincando” com visualizações. os dados e criando são por feitas truções Antes deabordar amídia cidadã, faz-seumbreve resgate doquese Assim, são pormeiodeba estudados digitaiscriados aplicativos Com opassardotempoe aapropriação contínua dasociedade das online, naideiademídiacidadã, como abordada, mes hackers , de atuação à ideia suas lógicas aplicando online . Oobjeto deste estudoseconfi respublica abrangeuma hackers hackers ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 cionalidade, àreligião ouàsexualidade, podendo, deacordo com anoção sobre o local. dades odiálogogoverno para eafiscalização de oportuni (2007)são acriação mencionados napesquisa deSchaffer alhures, seusvalores. emevidência colocando Osdoismaiores valores os laços dascomunidades umponto devistanão efornecer disponível (2007) argumenta que o diferencial destas iniciativas está em fortalecer comunidade, seusvalores destacando (RODRIGUEZ, 2001). Schaffer os mesmos. so são borradas, ou seja, os sujeitos nas duas pontas são praticamente tes nosquaisaslinhasentre noticio produção eaudiênciadematerial estámuito participativo ligadoargumenta queojornalismo aambien conversacional reside nocaráter importância daprática. (2009) Bruns em si. do que uma narração frutífera Para (2003), Bowman e Willis a A perspectivaédequeconversação detemaspodesermais emtorno tante dopúblico, ouadições mediantecomentários maiscomplexas. tivas, coletivo. umtrabalho cons Háumestímulo acontribuição para com “furos”. e disseminarainformação, muito alémdeapenascoletaretrabalhar diferentes,ticipativa envolve umagama de práticas com atosdeanalisar afins. ticas cidadãojornalismo participativo, ejornalismo por sejulgarquesão prá que resulta nousodeumreferencial relativo teórico aexpressões como JENKINS, 2009).cia ( doconceito são amplas, Asmaterializações o de comunicação estabelecidos, daconvergên emumacultura inseridos por membrosmidiáticos criados da audiência, aveículos externamente seranalisado,deve enão presumido. visões de mundo. novas produzem Mas esse tipo de comportamento empresas, quemanuseiampodere, apráticas ela pode darorigem assim, da audiência. das pessoas, Oriunda não sendocentrada noEstado ou que existeumpotencialcidadão namídiaproduzida pelosmembros sociais. Com esseentendimentodecidadania ecidadão, considera-se decódigos simbólicos,estão atransformação asidentidades easrelações queentredemanusearessepoder (2001)coloca asformas Rodriguez dadania (MOUFFE, 1992). Trazendo demídia, aesfera essaideiapara em âmbitopúblicodeacordo com essespreceitos aideiadeci forma As coberturas demídiacidadã ocorrem colabora emformatações As coberturas Primeiramente, que a mídia par (2003) destacam Bowman e Willis Tem-se então de mídia cidadã a noção ou participativa: discursos Essas iniciativas não estão vinculadas obrigatoriamente àetnia,Essas iniciativas não estão vinculadas obrigatoriamente àna em uma ponto da mídia cidadã central é situar as práticas Outro ------profissional, (2009). como expõe Bruns Ademais, ci muitas coberturas acontecem deacordocas muitas relacionadas vezes com lógicas àmídia deixando emsegundoplanosuaspropriedades. Alémdisso, essaspráti base no que não é, simplesmente como alternativo a algo colocando-o e tradicional,cação pois, (2001), Rodriguez conforme issoodefinecom de sucesso, maisdoqueofinanceiro. dacomunidadeque construção eosvalores aparecem como requisitos (2007),Schaffer ementrevistas com protagonistas dosprojetos, afirma tos, ereceita umavez queapenasalcance não contam todaahistória. (2001) argumentam, assim, osucessodessesproje queédifícil auferir deiniciativasparticipativas.cios formados (2007)eRodriguez Schaffer sem acarretar lucros. Issoaindaacontece, mastambémexistemnegó diferentes naturezas, inclusive fluida depoder(RODRIGUEZ, 2001),grupos de em ser verificadas mídia cidadã: confrontarcipais para e compreender osaplicativos suarelação com a ções maisextensas. programas deuma equilibrariam aplicativos. daMaratona, Optou-sepormaisaplicativos poisassimse próximas, em épocas alizadas homogeneizando o conjunto. Foram 17 escolhidas,Essas competições foram também, porterem sidotodasre nãoaplicativos disponíveis nomomento deanálise(outubro de2013). Aberto). Governo dores emençõesdacategoria Foram desconsiderados 8ª(PRÊMIO...,Covas 2011)e9ªPRÊMIO..., 2012)edições(vence Apps (RIO..., 2013) (vencedores e menções honrosas) e Prêmio Mário Paulo de São mara (DESAFIOS..., 2012)(todos os apps inscritos), Rio pação dedados deaplicativos públicosé,o cenário como éhabitualnapartici adequadaforma dereunir em umaamostragem, aplicativos umavez que lecionados de competições de dados abertos, pois julgou-se essa uma tado delesnocontexto dedesenvolvimento nacional. Todos se foram Metodologia colaborativa.nando-lhe umacamada ouanálisesdamídiaprofissional, decomentários dadãs partem adicio As competições daCâ selecionadas a1ªMaratona Hacker foram Investigou-se entender o es brasileiro para de aplicativos o cenário Não sevê o fenômeno simplesmente como “alternativo” àcomuni Finalmente, não amídiacidadãprofissional, temseuiníciodeforma Com basenoresgate teórico, definidoscincopontos prin foram online , intrínseca. ecom umaefemeridade totalmentedistribuído online hackathon . , maisbreve, edecompeti ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 não muito clara. mais amplo ou,detalhar seusignificado às vezes, algumainformação cazes, apenas nos dados emsi, enquantooutros focando acabam sem situar osdados, relevante para contextualização maisefi tornando-os ocorre emcercada metade.distribuição uma Algunsexemplos trazem eparticipação. pública nação deinformação são promovidas, noentanto, acombi para sugerem frutíferos caminhos agem unidirecional. como umcanal Assituações emquecolaborações está presente empoucomaisdametade estudados: dosaplicativos dez amídiacidadã.para dados públicos, nesteenquadramento relativo, comofronteira umanova aindadifere.isso ématerializado Épossível de pensarnos aplicativos aspessoasdiretamente.questões quetocam No entanto, como aforma disso, ambos se dão, das vezes, namaioria em nível local, provocados por gerar umdiscursosobre social. umtemacorrente edeimportância Além gumas preocupações tambémencontradas namídiacidadã, como ade ser umbraçodooutro. al dedados Osaplicativos públicosencarnam números parecidos. apenas respostas positivas. mantiveram Combinações intermediárias não emnenhumquesitoetrêsaplicativos seenquadraram apresentaram todos ounenhumdessestrês critérios, permanece. adistribuição Quatro de deaplicativos acordo com quaispreenchem aclassificação observa em cerca demetade da amostragem, variação. com pouca se Quando parcial.forma identificadas questões listadas Astrêsforam primeiras cidadã emídia públicos dados de Aplicativos riores, possibilitandoumaanálisemaisampla. houve umapreocupação emcontrapor osdados com momentos ante é uma Nota-se queosdoisfenômenosestão relacionados, maisdo que um De modogeral, naamostragem ocorre de aadoção doscritérios A questão deenvolver umresgate do passado deinformações não • Âmbito: local, estadual ounacional? • Envolve aparente? algumamonetização • Envolve resgate dopassado? deinformações • Permite conversacional interação com opúblico? • Envolve e/oucomentário? contextualização Quanto aenvolver ounão oucomentário, uma contextualização Quanto a O incentivo ao diálogo deoutros não eàscontribuições usuários condição sinequanon condição demídiacidadã. se Oobjetivo verificar foi - - - - Fonte: FONTOURA, 2014. GRÁFICO 1 – Aplicação de critérios na totalidade da amostra. da totalidade na critérios de 1–Aplicação GRÁFICO Fonte: FONTOURA, 2014. Radar Parlamentar Geolocalização deProjetosLei Fala Câmara Vereadores.org CamaraVisual Para ondefoimeuDinheiro Minha Escola Governo Eletrônico Queremos Saber Educação emfoco: Notíciajáeinformaçãoemumsólugar Navegantes dainformática Adote umPolítico Rio deBicicleta Alerta ChuvaRio Easy TaxiBeta Não precisaanotar Obras Rio Rio_Saúde Os dados completos seencontram noQUADRO dosaplicativos 1. Nome Amostragem totaldeaplicativos Amostragem QUADRO 1 Rio Apps Rio Apps Rio Apps Rio Apps Maratona HackerCMSP Maratona HackerCMSP Maratona HackerCMSP Maratona HackerCMSP Maratona HackerCMSP Premio MarioCovas8ªEdição Premio MarioCovas8ªEdição Premio MarioCovas8ªEdição Premio MarioCovas9ªEdição Premio MarioCovas9ªEdição Premio MarioCovas9ªEdição Rio Apps Rio Apps Competição Contextualização/ comentário Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Diálogo Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Resgate do passado Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Monetização Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Estadual Variável Variável Variável Variável Âmbito Local Local Local Local Local Local Local Local Local Local Local Local

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 governamentais não permaneça fechada,governamentais não permaneça não apenas masfiqueaberta possibilitamquearealidade com dadosexperiências abertos dos dados àdiscussão” inacabadaeaberta permanecer nossa). (tradução Defato, as e aindamaisarealidade reportada nasnotícias, precisa necessariamente recursos decolaboração. de textorelacionado. Oconteúdoemapenas éorganizado sentido”.“um teúdo, ao lidarcom filtros, masnão com outros usuários, algumtipo criando plos deformatação “isolada” dainformação. Épossível com interagir ocon (PROJETOS..., (não mais disponível) são 2011) e Câmara exem Visual estáinteressadasariamente nadiscussão. oconteúdo com compartilha umaredevez queousuário quenão neces aplicativo. Pode-se dadiscussão, questionar aforça quantoissotira uma conversa nasredes, mas, nessescasos, ao issoaconteceexterna deforma via. Claro, o que épossívelexibido, compartilhar o que pode gerar uma estáticas,experiências emapenasuma nosentidodequeéumaexposição conversacional.de interação queelessãoformatadoscomo Issosignifica eofomento deaplicativos. dascompetições acriação para importância temporalmente,calizada com umincentivo específico. Nota-se, assim,a algunscriadorespara não deumaaçãocontínua, setrata masmaislo coincidindocom otempodesuacompetição.por vezes Issosugere que conteúdo. específica, Elesexibemdados de umaépoca sematualização, exibem osdados, essevalor. semdestacar pública.e socialdadivulgaçãoinformação Outros, porsuavez, apenas política cidadão eaimportância seupróprio caráter iniciativas destacam um negócio, gratuito. mascomo umserviço Nesse sentido, algumasdas equenão aparece maislocal atéomomento deforma como os usuários arrecadação de dinheiro. Geralmente, de umprojeto trata-se que impacta respeitoos appsdedadosao públicos dizem município enão envolvem tivos estão emnível municipal. Com basenaamostragem, normalmente RKY, 2011; LEVY, 2010; COLEMAN, 2012). não aremuneração, algo queencontrabasenopensamento queosobjetivos doscriadores claro passamporoutros incentivos que Fica de receita aparente, comoevoluntárias. iniciativasgratuitas colocando-se Na amostragem, não 10de17aplicativos apresentaram possibilidade de estão emmatéria Ressalte-se quealgunsaplicativos desatualizados evidente,Ficou também, dolocal. aimportância Do total, 12aplica àmonetização,Quanto 12dos17projetos não envolvem obtenção Há um paralelo com Bruns (2009, comHá umparalelo Bruns p. 316), que queafirma “a realidade, O QUADRO 2ao lado três traz exemplos quepossuem deaplicativos Paulo deSão daCâmara daMaratonaHacker GeoLeis Os aplicativos hacker hacker (SHI ------Fonte: FONTOURA, 2014. 1 contexto eopiniõesquantoao conteúdo. seu público.para Mas no paradigma da mídia cidadã é comum haver tagonistas deveículos cidadãos: informação aorganizar ambossededicam te, apenasadivulgação dainformação. não envolvem nada além dosdados públicosretrabalhados graficamen ou comentário, algum tipo decontextualização zem eosnove restantes do quedivulgá-los?Édifícil divisaromotivo. uma necessidade maior dos projetos de dados públicos de explicá-los, mais do público em compreender de interesse informações público, indicando sível dasinformações. hermetismo deumalacuna estaumaevidência Seria ainda queopúblicoemgeralnão possuiinteresse nisso, denotandoumpos não estãodemodoaproporcionar organizadas constante, umainteração ou maisconsistente.contribuições hipótesessão dequeasestruturas Outras de aindanãoque estesaplicativos têmacesso umfluxo suficientepara gerar exemplo, do Vereadores.org edoMinhaEscola. Issopodeserumsinalde os usuários, não hámuitos nemsinaisdemuito comentários uso, caso, por não muito eram utilizados. com entre Emaplicativos espaçosinteração para (RODRIGUEZ, 2001; MOUFFE, 1992). pormeiodeaçõestante emumaideiadecidadania queéconstruída ao escrutínio, masàdiscussão pelaspessoas. impor Essaéumaposição Queremos Saber Minha Escola Vereadores.org QUEREMOS saber. Disponível em: . Acesso em: 24abr. 2015. Quanto àcontextualização,Quanto aproporção ésimilaràanterior: oitotra Mas verificou-se, de modo em geral, quetais recursos de participação Há certo paralelo entre paralelo peloscriadores areformataçãofeita epelosproHá certo Aplicativo 1 Três comcolaboração aplicativos buscada e/ouopedido. tação sobrecomooespaçopodeserutilizadoparaaprimorarainformação ções podemseracompanhadaspublicamenteecomentadas, comorien Plataforma pararealizarrequisiçõesdeacessoàinformação. As requisi público. serviço com contribuiçõesevidenciaoslaçosechamaaatençãoparaumbem/ pacidade informativa. A combinaçãodeinformaçõespúblicasrelevantes a interaçãoeadiçãodeconteúdopelosusuários, potencializandoaca ex-aluno, porexemplo. Complementa-seodadopúblico, poispossibilita de escolas públicas. É possível comentar e avaliar a escola, como pai ou Reúne informaçõesdeinfraestruturaedesempenho(IdebProvaBrasil) tar.sã Votos votações; opçãodevotaremcadaaçãodoparlamentar, alémdecomen Possibilidade de “seguir” vereadores de São Paulo, acompanhando suas o públicos QUADRO 2 . Descrição ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Para ondefoimeudinheiro Radar parlamentar Rio debicicleta Queremos saber Aplicativo 3 4 3 2 noQUADROse podeobservar 3: conta própria, masnãonopróprio aplicativo. oempodera maisdetalhespor buscar ousuário subsídiospara certos sentada efornece (amigavelmente)”, etc. pública, Ainformação nessecaso, éapenasrepre tipos desituaçãodostrabalhos, como “Aceito”, “Concluído”, “Rescindida as siglasdosdepartamentos, sobre enão háumaexplicação osdiferentes dacidade,públicas descontextualizadas. masqueacabam Não são abertas tado, também, Rio, Obras noaplicativo sobre queexibeinformações obras no legislativo éimportante, tantoquantooresultado emsi. consta Ficou próprio sentidodosdados. Neles, entendercomo funcionam asvotações contexto. Dependendodocaso, entendero para issopodesernecessário 4 abr. 2015. de.bike/>. Acesso em: 20abr. 2015 abr. 2015. Disponível apenasocódigo-fonte. RADAR parlamentar. Disponível em: . Acesso em: 23 RIO debicicleta. Disponível em: . Acesso em: 23 Existem alguns casos que trazem contextualizações relevantes, quetrazem Existem algunscasos como eCâmara Visual,GeoLeis porexemplo, nenhumtipode não trazem 2 Exemplos deappscomcontextualização desde questõessimples, comotodocidadãotemdireitoaexigirinformações, até caz, esobreasrespostasdogovernopossíveisrecursosainterpor. Abrange como fazerrequisições, escolheroórgãoaencaminhar, dicasparatorná-laefi e contextualiza. Possuiinformaçõessobrealeidatransparênciaeguias Não secolocaapenascomointermediárioentredadosepúblico, masinforma pública. orçamento nacional. Oappproporcionaummaiorentendimentodainformação “Entenda comofuncionaoOrçamentoPúblico” temvídeossobrediretrizesdo ensão dosagrupamentosesubdivisõesdasdespesassuasrelações. A seção acostumados comfinançasorçamentárias, fornecendosubsídiosparacompre mentários, comoFunções, Programas, Valor liquidado, etc. Évoltadaaosnão São Paulo). Além dadivisão por áreas, explica como funcionam os níveis orça Representa adistribuiçãodoorçamentopúblico(governofederaleEstadode também, umaideia: votosparlamentaresdevemserabertos. ticipação políticadoscriadorespodecaminharcomosaplicativos. Eleexpressa, Inclusive disponibilizam banners de apoio para blogs. Isto evidencia como a par bém, opinião, poisintegraumacampanhaafavordovoto abertonolegislativo. Exibe representaçõesgráficasdosresultadosdevotações. Demonstra, tam ferença entrecicloviaeciclofaixa, porexemplo). Contextualizaçãomaissimples. tações dealugueleciclovias. Informaaumníveltécnico, comum glossário(di Guia paraciclistasnoRiodeJaneiro, mapeandopontoscomobicicletários, es assuntos avançados. QUADRO 3 Descrição ------Estado. a informação, opiniõesecompreender formar temaseaatuaçãodo em voga. a qual se recorrer uma fonte para Ele se torna digerir para pares, deinformações. diantedaatualavalanche de sentido e entendimento junto aos como ção umespaço acriação para (2003,Willis p. depensaracolabora 40)járessaltavam aimportância em: 23 abr. Acesso 2015.aberto/>. Fonte: RADAR parlamentar. Disponível em:

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 dados de esferas diferentes.dados deesferas umsedavaanível estadual. Somente variável. aconjuntos de amesmavisualização queelesaplicavam Significa município. como deâmbito classificados foram dessesaplicativos Quatro 12programas,Eram local, daesfera tratando amaioria ouseja, anível de sugere osfinsdacompetição. apenaspara formatado quefoi votos colocarem oatualemperspectiva. No entanto, tão exíguo período ao maiorconhecimento deos levar sobreanteriores poderia atrajetória tações municipais, mascom dados apenasdemaio2012. Ver padrões órgãos maisprocurados,cando assuntosvisados eórgãos querespondem. vindo como edesta umrepositóriodepedidosacesso àinformação sabermantémasrequisições antigas, deinformação O Queremos ser o passar do tempo. conforme as informações ro verificar permitem maiscomuns que aspalavras foram “rua”, “denominação”, dentre outras. autor. Consultando overeador Ushitaro Kamia, porexemplo, tem-se Paulode São de1948a2013, por palavras-chave, buscando e período ckathon retratos maisfidedignos,se criem caso do como no Fala Câmara, da sentam essetipoderecuperação 10dos17aplicativos. passadasformações ousesomente correntes. exibeminformações Apre O requisito analisadoâmbito: era local, estadual, nacional ouvariável. éumexemplo contrário. O Câmara Visual das Eleexibegráficos vo Da mesmaforma, ePara parlamentar Radar ondemeudinhei foi A facilidade emlidardigitalmentecom dados que anteriores permite Há, ainda, aquestão envolvem deseosaplicativos umresgate dein Fonte: FONTOURA, 2014. apps. dos 2–Âmbito GRÁFICO de São Paulo. deSão Eleresgata projetos deleidiscutidosnaCâmara ha ------

dade acontece quando as pessoas, efetivamente, apropriam-se das fer ocidadãoimpermeáveis para comum, quepodenão sentirumaligação. mais podetorná-las asinformações para ouumacontextualização ção monstrar umlaço entre comunidades epessoas. Não envolver participa como émaiscomum namídiacidadã, não osaplicativos parecem de maior apelo. navidacotidiana,mais visualizado área onde dados municipais possuem prática, –não necessariamente vida dosusuários mascujoimpacto seja maispróxima usocostumamenvolverpara algumtipodeaplicação da uma preocupação com ogoverno local. Osdados públicospreferidos bito municipal, como algunsdefatonão ofizeram. Essepadrão sugere e noRioapps. No entanto, doâm quesetratasse nãoobrigatório era cidades, o que se nota, principalmente, da CMSP na Maratona Hacker 6 5 possuir espaço àarrecadação. dedicado emsiaques Algunsdestacam comissão dascorridas. Demodoemgeral, osprogramas não aparentam dade online. O quinto, Easytaxi modo dearrecadação dedinheiro. delessão pormeiodepublici Quatro aparente.espécie demonetização Apenas cinco de17apresentam algum seus governos locais. erelaçãonando como maisumrecurso daspessoascom deinterligação menores, esferas quando (e se) estatendência se estender para funcio dedadosaplicativos públicoscom amídiacidadã podesermaisforte (SCHAFFER,muita midiática atenção 2007). Assim, aconexão dos floresçamemcidades oucontextosdã local menores, quenão recebem cidades,to agrandes metrópoles. Éfrequente demídiacida quecasos problemas locais. nãoção apenasao dado, mas acomo eleresponde eserelaciona com Entretanto, suaformatação, seassumaesteobjetivo, caso daraten deve pode serumrecurso poderoso ligarcomunidades para egoverno local. contextos dessanatureza,experiências apesardeexistirem assimemoutros casos a simesmos. Por enquanto, aindanão essesaplicativos têmestimulado pelosquais passamaver demídiaeusam-nascomo ramentas prismas competição como eleemprega públicas. informações Acesso em: 23abr. 2015. mente. Nyc. (LIVING Lots Disponível em: . Acesso em: 23abr. 2015) desuso nacidade sobre deNova comunitaria Iorque apopulação local como utilizá-los eorienta EASY taxi. Disponível em: .claro ouna noaplicativo Não fica 596acres éumbom exemplo. norte-americano O aplicativo públicosem Elemapeialotesdeterra O últimoponto apreciado alguma envolviam seosaplicativos foi Há tambémofatodequeosexemplos registrados respei aqui dizem (2001)argumenta,Como Rodriguez amídiacidadã pelacomuni Como osappsnão colaborativamente, são construídos como visto, Isso acontece tambémdada aênfasedascompetições naspróprias 5 . Aênfasedestesprogramas enaurbanidade nalocalidade 6 , detáxis, aplicativo ganhadinheiro por ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 7 mascom umapreocupação comde informática questõesbásicas. do fenômeno, emumcontexto demenosacesso inserida àsferramentas diversa.as expõe de forma Esta pode ser, assim, brasileira uma formatação com basesdedados, e com públicas masaindaassim trabalha informações diversas fontes, deassuntosquejulganão serem cobertos. seja não lida Ou pecialmente pública, Paulo. noestado deSão notícias de Elarepublica cidadã, com sobre umaprofessoradivulgando informações educação, es rosa doPrêmio demídia éumexemplo 9ªedição claro Covas Mario guns momentos. Oprojeto emfoco: Educação noticiasjá as duasmanifestações. possível constatar quehá, detodamaneira, umarelação próxima entre sendopreenchidos.divisão com apenasalgunscritérios No entanto, é públicos naideiademídiacidadã acontece relativa. deforma Háuma participação. da entenderessaatuaçãonacultura para tituem umfatorimportante com dados abertos. (SHIRKY, Asmotivações intrínsecas 2011)cons motivaçõesExistem outras alémdaremuneração daatuação emtorno como os inspirações para (2010) coloca nos moldes do que Levy livre a difusão na sociedade, para dainformação decontribuir intenção econcorrer. apertado umprojetode criar com umprazo Há, ainda, a co, destaque nacomunidade de deatingirsucesso, formas por outras como reconhecimento pelo públi esocial. política importância uma preocupação com atransparência edeumentendimento desua manipularosdados,apenas pelatecnologiapara maspeloaumento de assim. de experiências criação não subjacente vai se modificar O cenário dogoverno,um processo dediscrição histórico queimpossibilitavaa Essa ocorrência ainda introdutória acontece, também, de acordo com ções noBrasil, maispassageiras. como aindalevadas experiências talvez também emprega publicidade. e participação, comoodiscursoengajado mostra doMinhaescola, que Mas possuirreceita não éincoerente com asintençõesdetransparência saber,Queremos comsobre suasexplicações pedidosdeinformação. edo dovoto com aberto suapáginadeapoioàcampanha parlamentar tão daliberdade eparticipação, dainformação doRadar como éocaso ticaseducacionaisnobrasil.blogspot.com.br/>. Acesso em: 20abr. 2015. EDUCAÇÃO emfoco: noticias já, emumsólugar. e informação Disponível em: . Acesso em: umvereador.ADOTE Disponível em: . Acesso em: Tem-se, com basenaanálise, quearelação entre o Já com etendênciasdosaplicativos, relação aimperfeições diversos Nesses doiscasos, asrelações estão napró com amídiaparticipativa projeto quedialogacom estapropostaOutro éoNavegantes daIn hacker , dentro colaborativo. daideiadedesenvolvimento 8 , vencedor doPrêmio Covas, Mário 9ª hackers. blog 9 docoletivo hacking Apps Apps de de de ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 atores colocam o foco desuacomunicaçãoatores ofoco emsimesmos, colocam emseusvalores. dessefenômeno.aplicação ta, a visualizar datecnologiainvestigada para anatureza éimportante lugar deoutro, maisbemestruturado. (2005)argumen Como Williams vo aos dados disponíveis eescolhadeumconjunto em deinformações necessidade dereformatar osdados, adequação daproposta doaplicati divulgados pelogoverno tambémpodeacarretar perda detempo pela representações e gráficos. inadequadoeventualformato dos dados O duzido, funções maisbásicas, privilegiar necessário tornando como as tação dainformação, executada com afinco. necessário, bem como osdados, contextualizar darepresen ao contrário um ambientedediscussão podeaindanão ecolaboração parecer algo tivos podem refletir aspreocupações doscriadores –porexemplo, gerar da mídia cidadã mais conhecida.portante entre As diferenças os aplica emexporasinformações,se concentrar unicamente im uma diferença mas analisados possuitaistiposdeestrutura, enquantooutros preferem ções expostas, aconteceparcial. deforma Cercademetade dosprogra aplicativos, bemcomo e/oudiscussão acontextualização dasinforma em jogo.particularidades do diálogo entre dos usuários A incorporação não daoutra, ésimplesmenteumdesmembramento vistoquehácertas outrosbase para estudossobre de eserve dosaplicativos umapercepção para dasparticularidades tribui delascomtraste osappsnão possuíabaseacadêmica. Estapesquisacon iniciativascidadãs.derá-las opúblico,para éumaaçãodessegênero, enessamedidapode-seconsi nidades. asinformações, Escrutinar edestacando-as hierarquizando-as de umacidadania sersustentada quedeve emações desujeitosecomu e a recirculação constituem a materialização públicas de informações dogoverno,passa-se aestarmaisperto emsentidosimbólico. Oacesso públicas,informações conhece-se como funcionam públicose trâmites da, dealgo queéconstruído, enão dado. Por com meiodainteração as complexo, diversos poisreúnem fatores. emumaconstrução Conclusão Como verificado, possuemintersecções, asduasesferas porém uma a mídia cidadãEmbora possua uma pesquisa mais extensa, o con A atuaçãodoscriadores dialogacom aideiadecidadania emprega dedadosconstituemOs aplicativos públicosnoBrasil umfenômeno No quetange ao conteúdo, équenamídiacidadã umadiferença os Além disso, muitos projetos de tempo re são em umperíodo feitos hacking dedados públicos. ------se inserem nessa trajetória histórica esocial, histórica se inserem nessatrajetória elasaindaestão emfase dese romper.governamental que é trabalhosa Como estas iniciativas a própriademocraciabrasileira. dediscrição Resideaíumahistória ter inicial. Atransparência governamental aindaémuito nova, como dos seuspares, dereformatação. aessaspráticas eleselançam do-se nasmotivações amplasdecriar, seentreter eganhar meio destaatuação, asuacomunidade integrar-se deinteresse. Basean ximas. Os diálogo nessegrupo. Pode serum dado do qualsepode estabelecer um inicialemtorno ções dogoverno sobre ações realizadas ediagnósticosdeproblemas. que a comunidadeículo para fale de si mesma, por meio das informa entanto, governamental podeseconfigurarcomo um ainformação ve ênfasenoqueogoverno dizouanalisa. colocam Já osaplicativos No Keywords: Keywords: open of data hacking of inBrazil. thestudies for jective contributing of involve approximate logics. underlying exploratoryThis isan research, withtheob phenomena.formattings, thetwo the relationship of possess Although different both application ,of etc.) demonstratesfor adoption, apartial as what bringsdifferences conversational character, context/comment theinformation, of monetization, scope openof data promoted by governments. (related thecriteria The contrast of to the competitions of applied 17Brazilian theasample of applications, from originating authors, different of qualitative settleddown were media participatory that criteria citizenmediaand andRodriguez, thenotionof Mouffe wellrescue of asthe of as public datations of and citizen media productions. citizenship Basing on the idea of thedigital between applica This article, anddifferences explored thesimilarities are Abstract Data andparticipation: manifestações. de organização, haver, devendo com otempo, maisocorrências dessas As experiências com dados abertos no Brasil aindapossuemcará noBrasil com dadosAs experiências abertos As intençõesdasduasmanifestaçõespodem, assim, pró caminhar Applications. Open data. Participation. Citizenmedia. Digital media. hackers hackers que seenvolvem com dados públicosprocuram, por thinking the apps of public data as citizen media publicthinking theapps data of ascitizen status diante ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 RODRIGUEZ, Clemencia. de.bike/>. Acesso em: 20abr. 2015. RIO debicicleta. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2015. RADAR parlamentar. Disponível em: . Acesso em: 23 abr. 2015. QUEREMOS saber. Disponível em: . Acesso em: 24abr. 2015. geoleis.herokuapp.com/>. Acesso em: 20abr. 2015. PROJETOS deleipromulgados Paulo. MunicipaldeSão pelaCâmara Disponível em: . Acesso em: 20abr. 2015. PRÊMIO Covas: Mário projetos vencedores. 2012. Disponível em: . Acesso em: 20abr. 2015. PRÊMIO Covas: Mário projetos vencedores. 2011. Disponível em: . Disponível apenas (Org.). MOUFFE, Chantal. community. andthepolitical citizenship Democratic In: MOUFFE, Chantal Nyc.LIVING Lots Disponível em: . Acesso em: 23abr. 2015. LEVY, Steven. JENKINS, Henry. seducacionaisnobrasil.blogspot.com.br/>. Acesso em: 20abr. 2015. EDUCAÇÃO emfoco: noticiasjá, emumsólugar. einformação Disponível em: . Acesso em: 23abr. 2015. ponível em: . Acesso em: 20abr. 2015. DESAFIOS dedados abertos: 1ªmaratona COLEMAN, E. Gabriella. BRUNS, Axel. lcp131.htm>. Acesso em: 14abr. 2015. daUnião Oficial daUnião, efinanceira orçamentária dosEstados, doDistrito edosMunicípios.Federal adisponibilização,de determinar emtemporeal, sobre aexecução pormenorizadas deinformações voltadas a públicas para responsabilidadefinanças na edáoutras gestãoprovidências, fiscal afim Complementar n.centa dispositivos à Lei 101, de 4 de maio de 2000, de que estabelece normas BRASIL. Presidência daRepública. Complementar n. Lei 131, de27maio2009. Acres www.hypergene.net/wemedia/download/we_media.pdf>. Acesso em: 14 abr. 2015. and information. The MediaCenteratthe American Press Institute, 2003. Disponível em: . Acesso em: Referências Dimensions of radicalDimensions of democracy Gatewatching Hackers , Brasília, 28maio2009. Disponível em:

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O palco e os bastidores: marcas e marketing de produção cultural

Lucas Machado Campos Lopes* Luiz Claudio Vieira de Oliveira** Zélia Miranda Kilimnik***

Resumo Observa-se, na crítica cultural, um gap no estudo da relação entre música instrumental e marketing cultural, tema analisado neste artigo. Busca-se compreender o emprego de ferramentas de promoção no setor cultural, a produção de eventos, a propaganda, a publicidade e a gestão de mar- cas, como parte da estratégia de marketing de três empresas mineiras de produção cultural para a música instrumental. Apesar da expansão desse setor, torna-se difícil a divulgação da música instrumental. Analisou-se a percepção de gestores de três empresas de produção e de quinze artistas agenciados, especializados na música instrumental. A análise do discurso dos entrevistados permitiu concluir que há subutilização das ferramentas de marketing e submissão da área cultural à lógica do mercado, favore- cendo a divulgação de artistas conhecidos e dificultando a de novos. Palavras-chave: Marketing cultural. Estratégias de marketing. Música instrumental.

* Mestrando do Curso de Mestrado em Administração da Universidade Fumec. ** Professor dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Administração, Mestrado em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento, Mestrado em Estudos Culturais Contemporâneos da Universidade Fumec. *** Professora dos Cursos de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Fumec.

tal], nofuncionamento daestrutura temocasionado alteraçõesseveras relação compositor, públicoeproduto [provocado pelarevolução digi público àmúsica. (2013, Saldanha Segundo p. 9), há ainfluênciadouniverso digital, quede formas acesso do mudou as dasprodutoras culturais. porparte deferramentas aplicação Alémdisso, eartistas,de grupos haver gargalosnomanuseio e oqueevidenciou mentação do poucopúblico apreciador e abaixa consolidação de nomes fonográficas, pelasindústrias demanda demúsicasinstrumentais afrag mercado detrabalho. Essadificuldade provém defatores como abaixa damúsicainstrumental,artistas agenciados porempresas dosetor, no marcas. dapercepção dadificuldade Otemaoriginou-se deinserção de como aprodução deeventos, apropaganda, apublicidade eagestão de compreender oemprego depromoção deferramentas nosetorcultural, presas deprodução cultural, emBeloHorizonte, MinasGerais, para Introdução nados à instabilidade estrutural –asequipesdeprofissionaisnados àinstabilidade envolvidos estrutural culdades administrativaseestratégicas. Deum lado, problemas relacio não convencionais, ouseja, modelosadministrativos novos, difi criando nefícios tambémexpandidos aos Estados emunicípios. turais, pré-aprovados (BRASIL, daCultura peloMinistério 1991), be destinassem recursos financeiros aimplementação deprojetos para cul que meio daconcessão debenefícios apessoasou jurídicas fiscais físicas complexo. por noBrasil doincentivo Aleitratava àprodução artística edaeconomia” dotrabalho cultura (FUNDAÇÃO..., 2010, p. 1) realizado em2010pelaFundação João Pinheiro, aindase “dissocia a segundo o economicamente (LAMPEL; LANT; SHAMSIE, 2009). Entretanto, to, asatividades relacionadas relevantes aoasetornar setorpassaram valoresde valorespara pós-materialistas. materialistas Nesse contex processos de emergência da sociedade do conhecimento e da transição finem como“virada cultural”. Elaseria, segundoosautores, dos oriunda passado, dada a ocorrência do fenômeno que Wood Jr. muitos anos. Aexpansão dosetorsomente sedeunofinaldoséculo jetos, peças, espetáculos emgeral– eeventos promoção econsecutiva comercialização –shows, debensculturais pro de mercado, consumo eprodução musical”. daobra As empresas deprodução sãoresponsáveis cultural organizações pela Neste artigo, são analisadasdemarketing asestratégias detrês em A constituiçãodessemercado culminouemconfigurações gerenciais Em 1991, com a lei Rouanet, mais o mercado se tornou cultural Diagnóstico da cadeia produtivaDiagnóstico dacadeia emBelo damúsica Horizonte nomercado brasileiro, há onovo paradigmada et al. (2009) de ------,

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 eventos”; apercepção dos identificar resultadosferramentas, dousodessas cionais “gestão demarca”, “propaganda epublicidade” e “produção de sicistas instrumentais, emrelação ao emprego promo dasferramentas empresas de produção cultural, no agenciamento especializadas de mu brasileiro;setor cultural apercepção dosgestores de três caracterizar sim, osobjetivos específicos:principais do as problemáticas identificar agenciados, na música instrumental. especializados Configuram-se, as percepção degestores detrês empresas deprodução ede15artistas promocionaisde ferramentas no setor cultural, por meio da relação da damúsica instrumental de artistas promocionais asferramentas utilizam demarketing noagenciamento o problema depesquisa: asempresas dequeforma produção cultural 2012). Osaspectosabordados entenderasituação eapresentar permitem dos, oinvestimento queatraiam para depatrocinadores (PROJETO..., tivo éacapacidade depromover seusagenciados, conheci tornando-os produtoras convivem culturais nessecenário, cujodiferencial competi jáconhecidos,marca aartistas com maiorretorno sobre o patrocínio. As é também um desafio, já que os patrocinadores preferem associar sua relação àoferta: que aponta égerada queademanda dosbensculturais comem atraso be-se queháumaimprevisibilidade nademandadosprodutos culturais 1995, 1998, 2005, 2008; LAMPEL; LANT; SHAMSIE, 2009). Perce das produtoras com omercado consumidor (SARKOVAS, dacultura Além disso, háproblemas dasrelações relacionados estratégica àparte agenciadas poressasempresas.postas ainvestir nasiniciativasartísticas daCultura,Ministério derecursos edacaptação deinstituiçõesdis custear esseselementosdependedaaprovação deprojetos, do porparte no processo deprodução; deoutro, físicadasprodutoras, aestrutura pois A busca porempresasA busca interessadas empatrocinar projetos culturais O objetivo geral neste artigo consisteO objetivo emcompreender geral nesteartigo oemprego de teatro, marchands dequadros (BOURDIEU, 2007, p. 104). dedifusão,dos detentores dosinstrumentos editores, diretores meio dosíndicesdevenda edaspressões, explícitasoudifusas, da que, sempre feita comemrelação atraso à oferta, surge por às leisdomercado debenssimbólicos. Vale dizer, aumademan se lhesrevela formal, sendoapenasacondiçãodesuasubmissão retas umaliberdade [...]propicia eao aoartista quelogo escritor ou aummecenase, demodogeral, emrelação àsencomendas di dosvínculosdedependênciaemrelação aumpatrão A ruptura ? ------

seja, não materiais, àquasetotalidade referindo-se dosprodutos artísti dos anos1990, [...]”. osequipamentos culturais multiplicaram-se [...]explodiunaúltimadécada. deBeloHorizonte cultural cado Apartir Avelar (2013, p. o 30)destaca res, evidenciando, dessaforma, socialdessesbensculturais. aimportância dereferência asdiversas para gerações deconsumido século temservido produzido ecomercializado artístico neste queomaterial Isso significa nasatitudes,influência significativa valores eestilodevidadosindivíduos. taque, demeados doséculoXX atéoiníciodoséculoXXI, exercendo produtos relacionados (bensculturais), àcultura papeldedes assumiram rais, ouseja, oconjunto deempresas oucomercializam queproduzem quisadas. agenciadospercepção com dosartistas adosgestores dasempresas pes agenciados poressasempresas; dosartistas por parte correlacionar a o produtor cultural. (AVELAR, 2013) Administrador Cultural Regional Paulo deAdministração deSão (CRA-SP) lançouo dos pesquisadores daadministração. em1999, Somente oConselho e/oudegestão porparte dução têmrecebido atenção cultural pouca (2009),wrence e Phillips que asempresas que afirmam de pro privadas cultural. Além disso, nocontexto aviabilidadeadministrativas deteorias verifica de produtos eosrecursosnainternet. não materiais depublicitários depromoçãoo manuseiodeferramentas emambientecultural, avenda demarketing, oentendimentodedeterminados mecanismos para como presentes nela”.fazem nismos easdiversidades sociais, eeconômicas também se políticas vez quesuasexpressões (2009,e Vieira p. 17), queomercado écomplexo, afirmam cultural uma dos gestores. porparte passaaexigirhabilidadesrais) específicas Simões debenstangíveis.cialização Agestão (bens cultu debensnão materiais trativas, desenhadas, queforam emsuamaioria, lidarcom para acomer naproduçãofoco devalorestéticoouexpressivo. de cunhointelectual. etêm Essesbensnão utilitária possuemfunção cos veiculados, comercializados outransferidos, aquelas obras incluindo Reforçando a relevância acadêmica doestudo, arelevância acadêmica Reforçando valerecorrer aLa de marketing contribui no setor cultural A análise das ferramentas adminis tradicional deteorias alógica subvertem Os bensculturais Os bensculturais, (1972), segundoHirsch são bensintangíveis, ou De acordo com Lampel, (2009), eShamsie Lant cultu asindústrias , a necessidade daAdministração indicando para são criadas “no jogo dasrelações, osantago boom cultural deBeloHorizonte: cultural “O mer Perfil do Perfil ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 2007). Pontes eprojeção (AAKER, mercadológica deconstrução de ações estratégicas desuasdiversassenvolvimento expressões, pormeiodogerenciamento ao planejamentoeimplantação damarca, com nocontrole foco ede A marcaserelaciona com agestão demarcas. que públicosdistintosreagem melhoraalgumasmarcas doqueaoutras. sendo empregada dediferenciação esegmentação, como instrumento já do composto manutenção de marketing, para marca pode ser utilizada (ALEXANDER, 1960, p. 8). e Nemer (1993) acrescentam Souza que a dor, devendedores, oudeumgrupo eadiferenciá-los dosconcorrentes” mentos, deum vende osprodutos com vistaaidentificar eserviços um termo, umsinal, ouumdesenho, ouumacombinação destesele receptor, de compra. quanto a suas escolhas diárias a orientá-lo de forma cias, associadas aos respectivos benefícios emocionais, o podem fidelizar reaispor experiências ouvirtuais, objetivasousubjetivas. Asexperiên de valor específico dada ainteração gerada possibilitando a atribuição almente, ougeralmente, éacompanhado porumsímbolooulogotipo, produção deeventos. jeto desteestudo, ouseja, gestão demarca, publicidade epropaganda e Fundamentação teórica de novos conhecimentos, papelnaeducação. edesempenhaimportante sociais, deopinião enacriação dada naformação arelevânciadacultura recursos financeiros pontuais. Alémdisso, possuidestaque nasquestões de reputação emtermos emídia,a organização principalmente, ede doempresariado.cial porparte Tem opotencialdegerar retorno para deresponsabilidade depráticas so alémde instrumento público-alvo dor devalores entre simbólicospartilhados patrocinador, patrocinado e humano. navitalidade afé doespírito taurando sociedade, asproduções asgerações eres para vindouras preservando entre indivíduoscom diferentes formações, registrando osaspectosda sobre acomunidade esobre omundo ao redor, facilitando odiálogo sociais. queensinam ecivilizadoras Elasatuamcomo educativas forças deinovações dades ededesencadeamento criativo dedesenvolvimento Para deMarketing, aAssociação Americana “a marca éumnome, A marca, (2007), deacordo com Strunck éumnome queeventu Fez-se de marketing (promocionais), nas ferramentas um recorte ob Barroso Neto quemarketing éummedia (2001)afirma cultural Para eFélix Baracho (2002), ampliamaspossibili eacultura aarte A gestão demarcas, tambémconhecida como et al . (2009)ressaltam que agestão deumamarca não tem branding, dizrespeito ------é aimagem doartista, umpúblicoespecífico, para dirigida receptor das intangível, ocrescimento para equecontribui dosseuslucros”. Amarca conceitua como: “[...] tudoaquilo queumamarca possui, detangível e de marcas exige conhecimento edomínio do tos, opiniões, espaços. Para (2011, Zenone p. 10), oprocesso degestão de um processo semiótico, roupas, e mistura e este inclui comportamen lacionada ao estilomusicalaqueseassocia. parte Marca eestilofazem inconsciente doconsumidor. é, Cada artista elepróprio, umamarca, re -se diretamente agenciado àimagem ocupano queamarcadoartista produção porque cultural a venda de shows, liga discos e bens culturais e àprópria marca. edesconstrói àorganização daorganização discursoscontrários serviços ferramenta, aliada àpublicidade, aqualidade deprodutos evidencia ou tivo, impactando fornecedores, e funcionários sua ação limitada ao consumidor final, corpora abrangendosignificado de marketing, de atuar com uma ampla gama de consumidores. capaz a promover e, ou, proteger aimagem deumaempresa ouseus produtos”. p. 586), umaatividade que “envolve de programas umavariedade destinados Já a atividade de relações é, públicas de acordo com (2006, Kotler e Keller do consumidoratitudes mais favoráveis em relação por parte à empresa. que esta última atua em conjunto com as relações públicas, incentivando edepromoção,trial alémdaquela institucional. (1999)afirma Sant’Anna publicidade deproduto, varejo, serviços, cooperativa, comparativa, indus publicidade e, ou, pelapropaganda. um processo deespelhamento, daimagem daexploração pela eapartir pos deextensão variada, provocando aadesão àimagem doartista, por ouindivíduos.de outros grupos Oprocesso sobre semióticoatuará gru deliberada,maneira comnageraçãodeinfluênciasobre foco a opinião tação deopinião, deindivíduos, emitidaporindivíduosougrupos de persuasão”. (1990)aponta quepropaganda éumamanifes Quintero de comunicação naqual “a éconvertida emargumentode informação distintos.cados Para Gomes (2003, p. 35), apublicidade éumaforma paganda que, mesmosendofacilmente confundidos, possuemsignifi CHARAUDEAU, 2009, 2010). ótico em quese insere (SANTAELLA, 2002; COMPAGNO, 2009; mensagens enviadas peloartista, musicalmente oupeloprocesso semi A publicidade, deacordo (1990), com Pinho em podeserclassificada publicidadeA marca/imagem epro étrabalhada pelasferramentas dasempresas ferramenta de A gestão demarcas éumaimportante A propaganda, porsuavez, domix éumcomponente importante stakeholders brand equity emgeral. Essa , queoautor ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 exposto por Canton (1997), ao considerar a produção um de eventos entre eum público(SIMÕES, determinada organização 1988). deuma ohistórico relação da com demodificar afinalidade específica eplanejamento,ganização como umaocorrência cria caracterizando-se ser dada como umacontecimento espontâneo, umavez queenvolve or finalidade mercadológica. No entanto,eventos aprodução não de pode acontecimento espontâneo ouorganizado, deserexplorado com capaz atividades deinteresse comum. Dessaforma, pode serdefinidoporum reunião dedeterminado público, ouconjunto depúblicos, queexerce de eventos. é, Umevento deacordo com Costae Talarico (1996), uma (1990),de Gomes (2003)eQuintero apresentadas previamente. Contudo, dimensõesdesteartigo, para adotadas foram asperspectivas paganda dificultamadefinição ferramenta precisa dessa promocional. científicos, sedemonstra duvidosanasociedade. cujanatureza finalidade ocontrole fins dosindivíduospara não do comportamento mais severa,ótica posicionando-a que tem como como um mecanismo éde1927, edição primeira descreve apropaganda por meiodeuma propaganda emerge apósarevolução industrial: promoção deideias, porumpatrocinador identificado”. bensouserviços que “propaganda pagade apresentação équalquer forma impessoal e de na compreensão dessessímbolos. (2006, KotlereKeller p. 554)defendem designificados,buição doconsumidor, porparte baseada, principalmente, pulação desímbolos. Assim, apropaganda dependediretamente daatri (1980), como o direcionamento de atitudescoletivas por meio da mani deles. mudanças ounovidadesnascaracterísticas além deinformar de conhecimentoção do público em relação aos produtos ou serviços, decustoelevado.ção empregada Énormalmente comnaconstru foco nas significativo vendas. Todavia, apropaganda depromoforma éuma bemelaborada,Quando depersuadir eproporcionar écapaz aumento As diversas doconceito perspectivasemtorno depublicidade epro Dobb (1948), todavia, (1971), àdeLasswell posterior emobra cuja Casas(1993,Las p. 386)comentada queanecessidade dautilização O conceito depropaganda édefinido,Lasswell, por Speier e Lerner Com ointuitodeaprofundar oentendimento, o pode-sedestacar Por fim,cabível discutirconceitos é produçãorelativosferramenta à midores sercomprado. soubessemoqueexistiapara isso, da propaganda, utilizaram-se que esses consu permitindo com osconsumidores; vez maiordosfabricantes tato cada para Com oadvento industrial, daera umcon necessário tornou-se ------Metodologia táculo artístico. fontes derendauma dasprincipais dasempresas deprodução: oespe nalidade mercadológica. possibilitaa melhor compreensão Essaótica de que considera apossibilidade doacontecimento deexploração com fi monstrou maior compatibilidade com o estudo em questão, uma vez um evento. No entanto, aperspectivadeCostae Talarico (1996)de dedefinircom precisãopazes asatividades naprodução envolvidas de da ocasião, com ousemfinalidade mercadológica. estabelecer umconceito, recuperar umpúblico-alvo, determina celebrar obstante isso, aprodução podeterfinalidade deeventos distinta, visando to deprodutos, aapresentação depessoas, empresas ouentidades. Não umpúblico-alvo, perante equalificados ficados envolvendo olançamen conjunto deações profissionais, comfocoem criadas resultados quanti de estrutura, máximodopesquisador. mas doenvolvimento narrativa.natureza Essetipodepesquisanão necessita, especificamente, Dessa maneira, são coletados ede eanalisados dados pouco estruturados números comevitam etrabalham interpretações darealidade social. (2013) apontame Gaskell que as pesquisas qualitativas são aquelas que tando dedescrever acomplexidade humano. docomportamento Bauer deaspectosmaisprofundos,sui como aanáliseeinterpretação foco tra que, aindadeacordo com Marconi (2010), eLakatos éaquele quepos ceitos, qualitativa, deumestudonatureza optou-se pela elaboração o objetivo –conhecimentos válidoseverdadeiros [...]”. Dados essescon eracionais que,cas eeconomia, com maiorsegurança alcançar permite (2005,Lakatos p. 83), ométodoé “o conjunto dasatividades sistemáti procedimentodo objetooudesenvolver ouação. certo Para Marconi e quais épossível conhecer determinada realidade, produzir determina notrabalho.pesquisa eaanáliseenvolvidos amostra, ouniverso, de decoletadados eosinstrumentos astécnicas versos. Emseguida, são abordadas presentes asvariáveis noestudo, a escolha dométodo, baseada nosconceitos porautores defendidos di metodológicos empregados napesquisa, apontando, primeiramente, a mas previamentepropostos. Neste item, são apresentados osdetalhes derespostasracional éaobtenção proble esistemáticocujofoco para O método, (1999), Oliveira para éumconjunto deprocessos pelos De acordo com Gil(2012), pesquisaétodoequalquerprocedimento O queépossível perceber équeasperspectivasapresentadas são ca ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 diversas dimensões, configurando-secomo umconjunto demétodosque quepesquisadorpermite reforce aanálisedeseusestudos. TOS, 2005). Osautores afirmam, ainda, que essetipodeabordagem produzidoque foi sobre determinado assunto” (MARCONI; LAKA Dessa forma, “objetiva o pesquisador em contato colocar com tudo o sobre jádesenvolvida oassuntoempauta(OLIVEIRA,científica 1999). ta. temporfinalidade conhecer a Apesquisabibliográfica contribuição principais: apesquisabibliográfica,campo eaentrevis apesquisade entrevistados.não foram e ocronograma depesquisa do pesquisador. Osagenciados 4, 6, 11e15 mentos, pelaincompatibilidade entre aagenda deshows desses músicos pesquisa. Jánoquetange aos artistas, registrados foram quatro cancela anos deagenciamento pelamesmaprodutora cultural. otempomínimodedois entrevistados implica osartistas para critério a150milreais superior anuais.agenciados bruto efaturamento Jáo Minas Gerais, epossuempelomenoscincoanosdemercado, 10artistas empresa C. sa A, de11a15pela de6a10pelaempresa Beosartistas osartistas agenciados. Dessa forma, de 1 a 5 são agenciados os artistas pela empre estudadas eosnúmeros compreendidos entre 1e15, osartistas para osnomes deA,atribuídos BeC, respectivamente, asempresas para (5 respondentes produtora). cada para so, selecionados, foram também, agenciados instrumentais 15artistas naexecução ecomposiçãodemúsicas instrumentais.lizados Alémdis de produção cultural, no agenciamento de musicistas focadas especia pesquisa seiniciapelostermos “qual”, “como” ou “por que” 1989). (YIN, casos, que, deacordo (1989, com Yin p. 23), deuma trata-se Das três empresas selecionadas, da aparticipar todassedispuseram Todas asempresas são sediadas nacidade deBeloHorizonte, em aidentidade dosrespondentes,Com ointuitodepreservar foram No específicodesteartigo, caso selecionadasforam três empresas Ainda segundooautor, quandoaperguntade essemétodoéindicado ométododeestudomúltiplos realizadoO estudofoi utilizando A pesquisadecampo, (1996), eBervian deacordo com Cervo possui detrês pelautilização métodos A coletadedados secaracterizou tiplas fontes de evidência são utilizadas.tiplas fontes deevidência eonde asmúl evidente fenômeno eocontexto não éclaramente dentro deumcontexto davidareal, quandoafronteira entre o que investiga um fenômeno contemporâneo empírica inquirição ------

Triviños (1987, p. 146), desteestudo,caso aentrevista semiestruturada, foi que, deacordo com mente profissional. deentrevista adotada Atécnica pelopesquisador, no sobre determinado assunto, pormeiodeumaconversa decunhogeral (2010), o encontro entre pessoas com o objetivo de obter informações dados não acessíveis bibliográficos. pelosmeiospuramente pesquisa decampo, de objetivo tendocomo olevantamento principal como visitas realizadas àsempresas deprodução secaracterizam cultural o contato direto com arealidade. Dessaforma, queas épossível inferir e de conhecimentos relativos aumproblema quedemandaobservação vez, com éutilizada frequência aobtenção queapesquisadecampo para rentes ao objetodeestudo. Marconi (2010)destacam, eLakatos porsua têm como objetivo orecolhimento eoregistro ordenado dedados refe das abordagens estruturalistas posteriores,das abordagens estruturalistas (1972, Barthes que incluem (2006),análise com de Saussure base na obra considerada a fundadora referenciar apenas os mais significativos. a Todos esses autores fizeram di (2006, 2007a, 2007b)Machado (1998, 2008), (2012), Oliveira para (1995,e Charaudeau 2009, 2010), naFrança. No Brasil, porOrlan Pêcheux (1969, 1990), Mainguenau (1989, 1996, 2001, 2006, 2011) agenciados.nistradores deprodutoras edosartistas culturais com osdiscursosdos os dadosadmi obtidosnapesquisabibliográfica análise baseada dosdados, nainterpretação oautorbuscoucorrelacionar das relações entre eempíricos. dados teóricos Dessaforma, ao optarpela dosdados trata queainterpretação nas ciências sociais aplicadas inferir doiníciodaetapa dainterpretação. emfunção acaba Todavia, écorreto ou seja, com precisão não se pode aferir emque ponto a etapada análise correlacionados, doslimitesdesuaintercessão; dificultandoadefinição dosdados,terpretação que, deacordo com Gil(2012), são processos A Análise porautores desenvolvida do Discurso (AD) foi como dos resultadosO tratamento da pesquisa se deupela análise e in A coletadedados porentrevista é, deacordo com Marconi eLakatos taneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências taneamente alinhadeseupensamentoesuasexperiências do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espon hipóteses quevão surgindo, àmedidaquerecebem asrespostas guida, de interrogativas, oferecem amplo campo de novas fruto ehipótesesqueinteressamem teorias àpesquisa, eque, emse questionamentos básicos, decertos é aquela queparte apoiados participar na elaboração doconteúdo naelaboração dapesquisa.participar peloinvestigador, colocado dentro principal dofoco a começa ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 de seu grupo musical,de seugrupo alémdasapresentações deamigos. Inicialmente, seassociarcomtas decidiram afinalidade depromover apresentações diretamente relacionados com oescopodapesquisa. ferentes ao fluxo deprocessos dasorganizações, uma quenãovez estão dasprodutoras.estrutural Dessaforma, não são abordados detalhesre uma dasempresas pesquisadas. Oobjetivo éabreve contextualização dos entrevistados emrelação promocionais. ao usodasferramentas rencial dasempresas e, emseguida, aprofundando naanálisedosdiscursos emsubtópicos,truturada descrevendo, primeiramente, aconfiguração ge resultados dos eanálise Apresentação seguida, propostas analisadas medianteastécnicas pelaAD. total de14entrevistados, gravadas, cujasfalasforam e, transcritas em sentes naprodução discursivadeumtexto. Apesquisacontou com um linguístico, háelementospragmáticos, econtextuais pre intertextuais autor eleitor, falanteeouvinte. dodiscurso Alémdosentidointratextual respectivos contextos em queserealizam, narelação estabelecidaentre produzidas assignificações que aADtrabalha emdiferentes textos, nos diferentemente dodiscurso: so. Alíngua, segundoele, volta-se simesma, para suaestrutura, para dieu (1989, 2007, 2008)e Todorov (1971, 1979). 1974, 1979, 1980, 1984a, 1984b), Foucault (1967, 1972, 1979), Bour Com ointuitodefacilitar acompreensão doleitor, es foi estaparte (2012)eOliveira,Oliveira (2013)corroboram KilimnikeOliveira (2009),Charaudeau retomando Foucault, distinguelínguaediscur A produtora cultural A foi fundadaA produtora Afoi em1993, cultural quandodoismusicis A Empresa Neste item, são apresentadas asconfigurações gerenciaiscada de los. (CHARAUDEAU, 2009, p. 40) consiste, portanto, emproceder aumacorrelação entre doispo tradiscursivas queproduz sentido. Descrever sentidodediscurso dascondições extradiscursivas edasrealizações in imbricação ções físicas datroca) compelaqualsefala. amaneira É, pois, a se dirige, arelação deintencionalidade queosligaeascondi ou escreve (aidentidade daquele quefalaedaquele aquemeste deusodalíngua.gras Resultadascircunstâncias emquesefala Já odiscursoestásempre voltado coisaalémdasre outra para ------começaram a surgir dificuldades de captação de asurgirdificuldades de recursos. começaram um administrador financeiro. perdurou Essaestrutura até2008, quando de recursos egestão dosprojetos, financeira respectivamente, alémde cionários, sendoquetrês deprojetos, naelaboração alocados captação atividades, dasnovas das oriundas contratados maisquatro foram fun baseadosturais emleisdeincentivo àcultura. Para seadequar àsdeman governamental,esfera pormeiodaproposição egestão deprojetos cul a proteção dedireitos autorais, diversas. jurídicas alémdeorientações (INPI),Industrial análise de contratos de apresentações para e trâmites das marcas dosagenciados oInstitutoNacional perante dePropriedade agenciados.tas egrupos Tais aproposição edefesa incluíam serviços advogado, aos artis jurídica deassessoria epassouaenglobarserviços eventos, não contemplando demaisatividades dosetor. as atividades daempresa eàdivulgação de selimitavamàorganização des, referente aparte àprodução fonográfica, inclusive sob queficava inicial, deixando a cargo dosativida própriosdas parte grande sócios funções variadas, dosprojetos. deelaboração inclusive atividades, aempresa contratouseuprimeiro funcionário, queocupava de projetos baseados em leisdeincentivo àcultura. noiníciodas Logo produção fonográfica, produção deespetáculos eexecução eelaboração música instrumental. Aagenciatora 16artistas, sendoque, desses, 9são na especializados namédiade590milreais.recebimentos brutos Atualmente, aprodu pesquisa. No quetange ao faturamento, aempresa, em2012, registrou a estrutura, composta por 12 funcionários, até a data da que se manteve dedemissõesecontratações, emrazão de funcionários semprejudicar empublicidadeespecializados nainternet. responsável pelaprodução dediscosdosagenciados; edoispublicitários, sáveis pela negociação evenda deapresentações; uprodutor musical, tes, seteprofissionais, dentre eles, quatro agentes, respon queficaram privada,tégias naesfera contratando, ao longo dostrês anossubsequen A produtorafundada Bfoi em1995, jácomematividades foco de B Empresa Ao longodaorganização, dahistória houve mudançasnoquadro Em 2009, passouainvestir, aorganização então, noreforço àsestra Em 2004, deatuaçãona osgestores oportunidades vislumbraram Posteriormente, em1996, contratou seu primeirofuncionário, um Durante ostrês primeirosanos,Durante aempresa suaestrutura manteve ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 nais: Gestão deMarcas, Gestão deCarreiras, ePropaganda Publicidade tados osachados umadasprodutoras. dapesquisa emcada dos gestores emrelação ao conceito uma. decada Aseguir, são apresen emprego e manuseio dessas ferramentas, bem como do entendimento estudo. Contudo, encontradas diversas foram divergências de naforma gestão de marca e produção de eventos, que constituíram o escopo deste promocionais as ferramentas que utilizam de publicidade e propaganda, deempresasculturais dainiciativaprivada. namúsicainstrumental.lizados Alémdisso, gerencia algunsprojetos reais. Atualmente, aempresa agencia 13artistas, sendoque 8especia decargos. dedistribuição mantendo suaestrutura deexistência, período demissões econtratações noseucurto todavia, sar dopequenoquadro funcional, aempresade passouporumasérie promoção doseventos, emgeral. eartistas atividades artísticas Ape eexecuçãodeprojetos naelaboração alocados edoisresponsáveis pela projeto deleiincentivo.importante dastro Nacional dePessoas aexecução deum (CNPJ)para Jurídicas sócio, um produtor autônomo, cultural um registro no Ca formalizou 13 artistas, namúsica instrumental. 11delesespecializados oscilaçãonosúltimostrêspouca anos. Atualmente, aempresa agencia de 378milreais brutos, valorque, deacordo com oentrevistado, sofreu quadro funcional permaneceu, então, inalteradaatéadatadesteestudo. auxiliaradministrativo. eumpara dutor deeventos Aconfiguração do opostodepublicitário,dois para umpara subsequentes, ocupados cinco novos cargos, foram sendo que, desses, com o intuito de aumentar sua capacidade de agenciamento. Nos anos estúdio degravação. responsabilidadea de um dos empresários, dono também era de um O faturamento daempresa,O faturamento em2012, afaixade230mil alcançou Em seusquatro anosdeexistência, contratoucincofuncionários, três A produtora Ciniciousuasatividades em2009, quandoseuúnico C Empresa daprodutoraO faturamento B alcançou, em2012, amédiaanual de1999,A partir aprodutora passouacontratar maisprofissionais, A empresa promocio Aapontou ousodasseguintesferramentas A Empresa asentrevistas,Durante os gestores dastrês afirmaram organizações designer gráfico, pro umpara ------rádios, Relações Públicas, Promoção de Vendas (dosdiscosdosagencia depromoção:ferramentas ePropaganda Publicidade eem nainternet eeventos: nosveículos desuaexibição publicitários da manutenção ciado, oposicionamentodesigndamarca, tantopara quanto além alegou agen usaragestão aidentidade demarcas ao doartista construir eSorteios. Públicas em meiosimpressos edigitais(internet), Produção deEventos, Relações ram apresentadasram seguintemaneira: asrotinas daferramenta deutilização pressos edigitaisRelações Públicas. àProdução deEventos, Quanto fo de Eventos, Gestão de Marcas, ePropaganda Publicidade emmeiosim tados entre ediferença asmídias, afirmou: além deanúnciospagos noFacebook. debusca, pagas nosmecanismos ferramentas como oGoogleAdWords, respeito àinternet, largo uso, fazer afirmou porutilizar principalmente dos agenciados edivulgação deapresentações eeventos. Jánoquediz ficos, rádios dediscose veiculando nas somente lançamentos DVDs o entrevistado dissequedireciona especí seusesforços eventos para dos), Gestão deMarcas eProdução de Eventos. A empresa C utiliza as seguintes ferramentas promocionais:A empresaasseguintesferramentas Cutiliza Produção C Empresa Em relação ao retorno sobre investimento (ROI), dosresul medição Ao serquestionado ePropaganda, sobre dePublicidade aferramenta A empresa B utiliza, de acordo com o respondente, as seguintes B Empresa Tratando-se oestudo, relevantespara dasferramentas oentrevistado Estamos monitorando. sempre vema marca logo nacapa. Issosemcontar comotrabalho dedesign. jeito vai tocar, jogamos notelão; amarca seépara umdisco, prensar [...] Agente fazquestão decuidarbem domúsico. damarca Seosu camarim eaparte legal,camarim quandoenvolve prefeitura. Se falta gente o aluguel dos equipamentos, montagem do palco até preparação do quefechamosumevento,Assim toda, cuidamosdaorganização desde balha instrumental. commúsica nosso público, umavezqueamaiorparte dosnossosagenciados tra A rádio dáumbom retorno, principalmente porque jáconhecemos ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Insatisfação comousodaferramentaProduçãodeEventosesuasderivações Insatisfação comousodaferramentaPublicidadeePropagandasuasderivações Insatisfação comousodaferramentaGestãodeMarcasesuasderivações Aplicação daferramentaProduçãodeEventosnasdiversasáreasatuaçãoempresa Aplicação daferramentaPublicidadeePropagandanasdiversasáreasdeatuaçãoempresa Aplicação daferramentaGestãodeMarcasnasdiversasáreasatuaçãoempresa Bom aproveitamentopráticodaferramentaProduçãodeEventos Bom aproveitamentopráticodaferramentaPublicidadeePropaganda Bom aproveitamentopráticodaferramentaGestãodeMarcas Entendimento conceitualdaferramentaProduçãodeEventos Entendimento conceitualdaferramentaPublicidadeePropaganda Entendimento conceitualdaferramentaGestãodeMarcas Fonte:Dadosdapesquisa. Qualidade do manuseio das ferramentas promocionais sob domanuseiodasferramentas Qualidade 1 ficou nítidoobaixo conhecimento conceitual em ferramentas relação às dasferramentas, deentendimentoouutilização oscritérios mar cumprir organizacional percebida. dasempresas Apesar afir deamaiorparte nãoalegações correspondem dosinquiridos com precisão àrealidade selecionados. critérios respondentes; à direita, os as empresas cumprir indicam-se que afirmam apontam-se critérios, nacolunaàesquerda, relativos àsalegações dos comum encontrado nosdiscursosdosrespondentes.pertório Assim, deum adefinição para re utilizadas dasferramentas to ouutilização a ótica dosgestores dasempresasa ótica pesquisadas Profissionais específico, contratados aexecução deumtrabalho para trabalhista. sem vínculo Baseando-se naanálisedosdiscursosgestores, infere-se queas No QUADRO 1, são apresentadas asrecorrências deentendimen Critério com agentesempre para o trabalho, fazer chamamos uns QUADRO 1 . Empresas quealegamcumpriro freelancers A, BeC A, BeC A, BeC A, BeC A, BeC A, BeC A, BeC critério ------A eC A eC B eC B

, 1 que trabalham - - -

ras, jogos olímpicos, concertos); interativo (computadores, CD-ROM, presso direto (catálogos, que apresenta deveículos publicitários: diversas categorias cupons; im gestores. Para corroborar com essaideia, bastarecorrer (2001), aSissors se daremdiversos considerados veículos pelos quenemsequerforam tem sidopoucoexplorada emsuasdiversas áreas, uma vez quepode ePropaganda,ta Publicidade apesardasafirmações deboautilização, porcompleto osprocessos noseventos. envolvidos riza Aferramen gestor daempresa dominar Bafirma suautilização. No entanto, tercei preensão conceitual. Produção daferramenta Jánocaso de Eventos, o nenhuma dasorganizações, oquepodeestarrelacionado àfalta de com não parece em dessamesmaferramenta suficientementeeficaz zação à suaconceituação. ePropaganda,Publicidade osdiscursospareceram confusos emrelação Gestão deMarcaportodos osgestores. No queserefere de àferramenta necessário, doescopoestudo, ocumprimento para abordar apercepção arespeito dasferramentas. dautilização de conclusões Todavia, faz-se daprodutora B.por parte Osdados coletados podemgeraramplagama ainda, maisabrangente dosrecursos dainternet autilização derivados uso desse veículo emespecífico.presas fazer demonstraram Énotável, blicidade ePropaganda àinternet, aplicada umavez quetodasasem em questão. creditar oveículo nocenário valorpara quandoutilizado faz-se razoável AeB,dutoras umavez que, seumaprodutora obtémbons resultados, das pro deficiências nomanuseioporparte das afirmações podeindicar queomeionão omercadoafirmam éefetivo para delas. Ocruzamento resultados com apublicidade impressa, enquantoasprodutoras AeB ículo. Oqueocorre équeaprodutora C, porexemplo, terbons afirma resposta dopúblicoao estímulo publicitário, dove oudasubutilização uso dealgumasferramentas, poroutro lado, damá podeseroriunda mação, resultado oqueseria deumbom planejamentodemídia. emcontapropaganda diversas deveicular levar maneiras ainfor deve (calendários, camisetas, canecas, imãs); telemarketing (ativo ou passivo). barco, lixeiras, pedágios); (aeroportos, emlocais bares, estádios); prêmios e acabo); arlivre ( quiosques); mídiademassa(jornais, revistas, rádio); (aberta televisão De outro lado, épossível perceber ocrescimentoPu daferramenta A insatisfaçãoapresentada poralgunsentrevistados em relação ao Esse autorafirma, ainda, depublicidade queumaboaestratégia e ao aproveitamento prático,Quanto queautili épossível verificar outdoors folders , ônibus, caminhão, metrô, táxi, trem, avião, ); fatores (recibos); externos (fei eventos ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Insatisfação comousodaferramentaProduçãodeEventosesuasderivações Insatisfação comousodaferramentaPublicidadeePropagandasuasderivações Insatisfação comousodaferramentaGestãodeMarcasesuasderivações Aplicação daferramentaProduçãodeEventosnasdiversasáreasatuaçãoempresa Aplicação daferramentaPublicidadeePropagandanasdiversasáreasdeatuação empresa Aplicação daferramentaGestãodeMarcasnasdiversasáreasatuaçãoempresa Bom aproveitamentopráticodaferramentaProduçãodeEventos Bom aproveitamentopráticodaferramentaPublicidadeePropaganda Bom aproveitamentopráticodaferramentaGestãodeMarcas Entendimento conceitualdaferramentaProduçãodeEventos Entendimento conceitualdaferramentaPublicidadeePropaganda Entendimento conceitualdaferramentaGestãodeMarcas Fonte:Dadosdapesquisa. Qualidade do manuseio das ferramentas promocionais domanuseiodasferramentas Qualidade quadamente em relação aos serviços quelhessão prestados.quadamente emrelação aos serviços Issopode conhecimento sobre asferramentas, ouseja, ade não são instruídos agora sobaperspectivadosagenciados: básicosdemanuseiodasferramentas, doscritérios cumprimento vista recursos queelasoferecem. Apresenta-se, aseguir, amesmatabelade presas encontra-se limitado, possibilidades não e abrangendo várias em diversos pontos, detrabalho: emseuescopoprincipal a promoção. nuseio dessasferramentas.claro équeas produtoras falham, Oquefica uso dasferramentas, oquegerapossibilidades dereflexão sobre oma dos, adivergência presente emdiversos aspectosnoque diz respeito ao a seguir. agenciados sobredos artistas oemprego dasferramentas, tematratado É possível perceber, ainda, nas três que o uso das ferramentas em É possível destacar, com basenaanálisedosdiscursosentrevista Um ponto relevanteéo fato dequeosagenciados possuempouco Critério sob a ótica dos artistas agenciados dosartistas sob aótica QUADRO 2 Empresas quecumprem ocritério (De acordo osagenciados) A, BeC B eC A eC A eC A eC

– B A – A B A

- - - - sica instrumental,sica dedireitos ea aquedadosganhosoriundos autorais da cultura,atuantes no cenário tais como a falta de demandapela mú dosetorcultural. dológica veitamento dastecnologiasdemarketing merca nacadeia envolvidas agenciados refletir epermitiu àdosartistas sobreorganizações oapro desuasatividades,volvimento contrapôsasvisõesdosgestores dessas empregam promocionais asferramentas demarketing odesen durante Horizonte/MG, compreender para como a maneira essas organizações Conclusão crível. presa deprodução como umtodo, hipótesequesedemonstrou mais envolvem ou, suacarreira deoutro lado, afaltadepreparação daem indicar, deumlado, onão interesse doagenciado pelosprocessos que como fazer frentecomo aesse gigantismo queimpõepreferências, fazer nomes, nais, representando mineiros, artistas músicos instrumentais, não têm Brasil, Bradesco, entre outros (SARKOVAS, 2008). Asagências regio as seguintes empresas:o fizeram Natura, Votorantim, Itaú, Bancodo socialmente comprometida por meio de uma atitude de marca, tal como crativo epeloquepermite, ao patrocinador, concretizar umaimagem preferência peloconhecido, pelomaioroumaisevidente, pelomaislu domercado debensmateriais,obedece àlógica emquepredomina a marketing. Por outro lado, apontou queomercado debenssimbólicos por umlado, de dasferramentas odesconhecimento easubutilização dade dereformulação ouampliação dasações promocionais. dastecnologiasdemarketing pesquisadas,lização anecessi indicando mentas. Odiscursodosagenciados acusou, por diversas vezes, asubuti determinadasferra relação como utilizam àmaneira asorganizações tais comoeaPropaganda aPublicidade emmeios impressos. monstraram, ainda, algumnível deinsatisfaçãocom algumasferramentas, entre osagenciados, gestores eequipes deprodução. Asprodutoras de rketing e o nível deconhecimento demarketing edifusão dainformação de emprego a maneira promocionais das ferramentas aprimorar dema incentivo. depatrocinadorescaptação de dificuldadeverbas de ligados àsleisde A contraposição dodiscursodeagênciasA contraposição edeagenciados indicou, aos agenciados,Quanto altonível deinsatisfaçãoem evidenciou-se Foi queasempresas possível deprodução necessitam verificar cultural Perceberam-se diversos obstáculos, enfrentados pelasorganizações A análisedetrês empresas deprodução cultural, situadas emBelo ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Keywords: Keywords: artist. thenew dissemination of themarket,logic of artists’ theknown the favoring disseminationandhindering themarketing tools of utilization under- thecultural andsubmissionof to area the music. are allowed to endthatthere thespeechThe analysisof the interviewees of fifteen production artists,panies andof of brokered specialized intheinstrumental music. theinstrumental of Was com three analyzedtheperceptionmanagers of mental music. thissector, Inspite theexpansionof of it becomes difficultthedisclosure companies three theMinasGerais cultural of of theinstru productionstrategy for the advertising, and the brand the publicity management, the marketing of as part toolsunderstand promotion theuseof inthecultural sector, events, theproduction of music and culturalinstrumental marketing, theme analyzed in this article. Seek to It isobserved, inthecultural critic, agap therelationshipbetween of inthestudy Abstract The stage and backstage: eoempregoos ganhosdasorganizações dedeterminadas ferramentas. tando onúmero deempresas a pesquisadasrelação entre everificando pesquisasqueampliemesteestudo,novas intensivo, decaráter aumen dos dados. Sugere-se, dada a relevância do tema, ode desenvolvimento aprofundamento decoleta,necessário emtermos análiseeinterpretação zido número deempresas pesquisadas, oque, contudo, não impediuo no setor. Dentrelimitações dapesquisa, asprincipais oredu destaca-se agenciados emrelaçãoartistas ao emprego promocionais deferramentas lacionou apercepção degestores detrês empresas deprodução e cultural demarketing.ferramentas recursos patrocinadores, dosgrandes sejapelosobstáculos nousodas dos, ele não funciona, na prática captação de seja pela dificuldade na oportunidades, deixandoespaçomúsicos para iniciantesedesconheci jáconhecidos.marcas deartistas oconsumo dedeterminados produtos,tendências equecria ouseja, de Pode-se seusobjetivos, queoestudoalcançou dizer umavez quere Se, por um lado, o discurso corrente amplas vislumbrar permite Cultural

marketing.

brands andcultural marketing production

Marketing strategies.

Instrumental

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Moda como nova mídia no contexto contemporâneo: o uso das novas tecnologias1

Vanessa Madrona*

Resumo Neste ensaio, são discutidas as implicações do uso de novas tecnologias, particularmente da Internet, na moda, que levam ao estabelecimento desse fenômeno como uma nova mídia. Consideram-se as definições de novas mídias de Manovich, relacionando-as com os trabalhos de Pia Myrvold, artista multimídia, designer interdisciplinar, pioneira no de- senvolvimento de website para a divulgação, produção e comercialização de elementos vestimentares. Palavras-chave: Tecnologia. Moda. Novas mídias. Cybercouture. Pia Myrvold.

1 Agradecemos o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) ao projeto.

* Doutora mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Professora da Universidade Fumec. E-mail: [email protected].

Para socialépreciso seentenderaespecificidade dessalógica sublinhar regulados poressaestrutura, (2008)eLipovetsky (1989). como Simmel socialevestimenta,turação umdentreoutros vários fenômenossociais também estabelecem diferenciação entre moda como coisas, àárea seaplica dovestuário”. é ummecanismo, ouumaideologiageralque, umalógica entre outras analisar amoda: “Podemos queelase afirmar refere ouque ao vestuário neste ensaio. apresentaremos utilizado aseguirosentidodemodaeindumentária de moda eindumentária nificado indumentária, imprescindível torna-se apresentar ao leitorqualosig dada apolissemiaqueenvolve osfenômenosrelacionados àmodae res. dedifícil Éumvocábulo definição. De acordo com Barnard (2003), Introdução minar a forma de organização social e de estruturação do meio ambiente. domeioambiente. socialedeestruturação deorganização minar aforma automação dosprocessosa quepassamadeter e massas das surgimento contemporânea Cultura rem emtodasasáreas davidasocial. como atodoinstanteinovaçõesenvolvendo avançostecnológicosocor daefemeridade,pelo ritmo daflutuação eda mutação. Ésurpreendente a elementos demoda,que anoção aqui considerada, nológicos. Oque estána “moda” é atecnologia. Insiste-seemdestacar ciedade contemporânea éaproliferação dousodeprocedimentos tec temporâneo, queumdosfenômenos mais observa-se porquepassaomundo transformações conconsiderando asgrandes instabilidade, davolubilidade, daobsolescênciaenovidade. dade moderna, sobosignodafluidez, queoperam dainconstância, da menos considerados osmaisatuais, com basenaconsolidação dasocie queapreenda defuncionamentonição emtodaselas. aforma moda serefere aáreas muito diversas, éimpossível estabelecer umadefi privilegia: onovo. No entanto, ressalta (2010), Svendsen como apalavra o tipodetemporalidadequearegula: que aatualidade eoprincípio No entanto, tomando-se aacepçãodemodacomo a “mais atual”, Parte-se, portanto, de deumanoção (2010,Svendsen p. 12), distintivaspara estabeleceduascategorias Habitualmente, relaciona-se a palavra “moda” Com a Revolução Industrial,Com aRevolução era. inicia-seumanova o Destaca-se vestimentares, socialregulada masadeterminadafunção é adotado. Háoutrosdamodaque teóricos moda não serefere exclusivamente como designaçãode Seguindo este conselho, Seguindo a práticas a práticas up todate forma deestru forma vestimenta daso

fenô à ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 culturais” mídiascomo e asnovas tecnologias. Estabelecidosestesdois de tendênciaspuramente vas mídiascomo oucodificação rearticulação duas dimensões de abordagem compreendê-las: que permitem “as no ções”, “cultura dasmídias”, etc. (SANTAELLA, 2003, p. 14) cultura”, “cultura virtual”, “cultura telemática”, “mídia dastelecomunica “redes midiáticas”, “globalização dossistemasdecomunicação”, “ciber consideração essesrecursos –porexemplo, asnoçõesde “cultura midiática”, em contemporânealevam dacultura definição de tentativas várias que centrostina dosgrandes contemporâneos, tão edemaneira imperiosa quepossibilitamacomunicação adistânciaemtemporeal.ticas softwares, etc. Asrelações cotidianassucumbemàsredes sociaistelemá dados viasatélite, óticas, fibras cabo, comutadores, sistemasde redes, solidada compossibilidades esediversifica asnovas detransmissão de XX, quandoaonipresença dosmeiosdetelecomunicações jáestá con contemporâneas. dainternacionalização,efetivação damundializaçãoeglobalização DES FILHO, 1994), condição depossibilidade a tornando-se para frentes:várias nacultura, naeconomia, napolítica, etc. (MARCON questão, masquenão discutidaaqui. será (Cf. GIANETTI, 2006) primorosa emsuasrespostasaessa de1950foi A década científicas gico ecomo reproduzir numamáquina acapacidadehumanadepensar. decomunicação entreformas osistemabiológicoetecnoló a comunicação. Torna-se urgente, então, estabelecer e compreender as darconta para dosingularprocessoteorias entre amáquina eohomem: um novo contexto socialqueexige oestabelecimentodeconceitos e e, assim, controlar aprodução (GIANNETTI, 2006, p. 24). Há, pois, deprocessar a informação mais rapidamente capazes vos mecanismos automatizados, tendocomo consequência abusca, pelaciência, deno nacapacidade decontrole surgiuumacrise dosprocedimentosnização industrial. massas epeloestabelecimentodocapitalismo na consolidação marcada deumacultura pelaemergência eatuaçãodas ligeireza dotransporte, urbano, naprópriaconstituição dotransporte relações deprodução edetrabalho, damalhaurbana, naorganização na retou da vida e trouxe a aceleração do ritmo mudanças substanciais nas O recorte temporal,O recorte nesteartigo, circunscreve-se ao finaldoséculo Os tentáculos da “nova ordem tecnológica” atingem a sociedade em doséculo XIX,A partir dosprocessos com a intensificação de meca Interessa aqui, particularmente, queacar aengenhosidade mecânica Mas o que são as novas mídias? Manovich (2005,Mas oquesão mídias?Manovich asnovas p. 40)distingue Tornou-se a presença de recursos generalizada tecnológicos na ro ------

moda veiculada nainternet. desses argumentos, detalhados aseguir, auxiliar de1960;década e10)noséculoXXI, éavanguarda. osoftware Alguns enacomputação deideiassimilares da paralela naarte da articulação vanguarda modernista, constituem-se como metamídias; 9)decorrem mente executados manualmente; daspropostas 8)como codificação da cação; previa dealgoritmos deexecução maisrápida 7)são aforma mídiasetecnologiasdecomuniestágio inicialdetodasasmodernas as convenções dosoftware; queacompanha 6)constituem aestética o softwares; 5)resultam do de informação; 3)são dados digitais controlados porsoftwares; 4) são computacional; 2)são tecnologiacomputacional usadadistribuição para mídias:as novas 1)concentram-se, prioritariamente, e cultural naesfera a assimilação do que apontasão considerações para dez determinantes mídias, denovas dadefinição ainclusão para campos (2005) Manovich administração e das técnicas de manipulação de mídia acabaram por demanipulação demídiaacabaram administração edastécnicas bilidades deacúmulo de registros demídiaea “gradual automação da corrente na produção decênios depois,prática cultural poisaspossi entanto, desses pioneiros o que nos trabalhos a exceção tornou-se era das pecial destaqueosmovimentos para do século XX, pelas vanguardasdimentos utilizados artísticas com es rede emtemporeal eocontrole emtemporeal”. Oautorsalienta: hádoisoutrosalgoritmos empregos importantes: “a comunicação em com tecnologias. ousodeoutras No entanto, alémdessaaceleração de velocidade inigualável quando comparada com a execução manualou ao usodocomputadorgraças digital, aexecução dasações sedánuma Com as novas mídias torna-se possível a potencialização de proce possívelCom mídias torna-se a potencialização as novas Ao mídiascomo asnovas ideias, tratar que, (2005)mostra Manovich (MANOVICH, 2005, p. 46) terativa, jogos decomputador, síntesemusicalemtemporeal. arte, instalações interativas, computadorizadas multimídia in mídias: emnovas ecultura possíveis muitasdearte net formas máquinas edispositivos modernos, etc. Elastambémtornam ras, o controle industrial, ouso de microcontroladores em várias comunicações telefônicas, ainternet, financei asinterligações – tituem as a própria fundação de nossa sociedade de informação (sensores, motores eoutros computadores) emtemporeal cons seres humanos em tempo real e de controlar tecnologias várias em tempo real,te localizados decomunicarmo-nos com outros oucontrolar[...] acapacidade de interagir dados remotamen mix entre convenções existentese culturais década ão a ão s de1920e1960. No discussão sobre a ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 hardwares, tecnológicos, em nossaera, são aqueles quedesenvolvem osprogramas, novidade éoquedefineaarte, os utilizando recursos quemdefatoinova mídiasébastanteprovocativa:novas eleargumentaquesedefatoa mação. (MANOVICH, 2001) tação, acesso emanipulaçãodedadosconvenções easnovas daprogra tem ointercâmbioentre convenções tradicionais culturais derepresen mundo. a programas manipular, que permitem graças e moldaresse transformar Há um “mundo virtual” interativa, deforma doqualpodemosparticipar derealidades enãotrução maissomente arepresentação darealidade. micos.” (MULDER, 2002, [s.d.]) sociaispolíticoseeconô como instrumentos vez maisimportantes cada denar, hierarquizar, eavaliar[osmetadados] dinamizar têmsetornado vez, “inteligentes”. semântica, com aoperar dadosque passaram quetêmestrutura são digitais controlados porsoftware, mastambémsão software, umavez lecer aespecificidade das “novas” mídias. mídiassão Asnovas dados dados, como imagens, sons, textos, etc.), problemático torna-se estabe de estruturas devárias humana(poisépossívelcultural adigitalização daprodução dousodacomputação adistribuição para a generalização computador” (MANOVICH, 2005, p. 46)sãomídias. novas Mas, com -ROMs eoDVD, especiaisgerados arealidade eosefeitos por virtual tes, a multimídia decomputadores, os jogos de computadores, os CD daprodução eexposição cultural a distribuição que essas são mostra uma tecnologia computacional russo para utilizada muito-moderna diferente”. (MANOVICH, 2005, p. 46) pós emumaestética etransformá-la modernista a estética recodificar Outra característica importante das novas mídias é queelaspermi das novas importante característica Outra mídiaspermitem,As novas vez maisintensa, cada deforma acons Os dados constituem digitalizados umarede dedados que, porsua Refletindo sobre mídias, dasnovas adimensão tecnológica A últimaresposta (2005) deManovich são monitorados, por organizados etc. aarte: Astecnologiassuperaram ginalmente pelosartistas. (MANOVICH, 2005, p. 49) artistas, muito mas ampliaram-nas mais do que o imaginado ori dos projetose semfio) –concretizaram as ideias portrás dos texto, amultimídia computadorizada, deredes aformação (com de computadores, homem-máquina, gráfica ainterface ohiper [...] nãomídias–aprogramação apenasastecnologiasdasnovas metadados. “Como meio de or à perguntaoquesão : “[...] ainternet, ossi o teórico oteórico ------

moda utilizam seus recursos inaugurando uma nova forma de divulga seus recursos forma uma nova moda utilizam inaugurando ociberespaçolizam como espaço atroca deinformações. socialpara recursosmoda eutilizam tecnológicos. Ealgunsdessesprofissionais uti nea, umatendênciatambémentre tornou-se aquelescom quetrabalham diversas,formações contemporâ projetos emvários dearte evidenciada Cybercouture menos: aveiculação demodaemmeiosdigitais. decomunicação emrede.formas Trata-se aseguirdeumdessesfenô respeito aos fenômenossociaisrelacionados novas eaoutras àinternet advindos dastecnologias de comunicação emrede, acibercultura diz ecriadora.criativa pode mostrar, conceber interativa. ecomercializar designdeforma impacto namoda, emquese plataforma nova rapidamente tornando-se eoobjetivoevento principal: comercial. autoral, anecessidade demostrar “novidades”, do aespetacularização uso dociberespaço porpessoasligadas ao universo damoda: ocaráter Worth mostra, emParis, devestidos suacoleção emantôs: (1989, p. 71-72), nofinaldoséculoXIX, oinglêsCharles-Frédéric demoda. altacostura davertente inauguração Lipovetsky Segundo um doselementosdistintivos deumestilistafoi presentecriação na eveiculaçãoção desuasproduções. Há, aqui, queserãodiscutidasnaanálisesobre o algumascategorias diferenciadaO estabelecimentodeumaforma deapresentação da Nesse ambienteamodaalia-seàtecnologiaealgunsdesignersde deprofissionais queenvolve colaborativa aparticipação de A prática mídiasinvestigamEnquanto asnovas osnovos objetosculturais A ciênciaocupaacondição de ponta epressupõe umainvestigação No contexto atual, temexercido queainternet grande observa-se mas tambémdeespetáculo publicitário moderna; à era a moda chega uma empresa tornou-se de criação, quins, denominados naépoca ‘sósias’. ainiciativa de Sob Worth, usados eapresentados pormulheres jovens, osfuturos mane e deque Worth éaindaoiniciador: osmodelos, com efeito, são além disso, nacomercialização damoda capital deumainovação das. noprocesso Revolução decriação, acompanhada, quefoi eexecutados apósescolha,luxuosos aos clientes emsuasmedi cedência e mudados frequentemente, são apresentados emsalões vez,[...] pela primeira modelos inéditos, preparados com ante ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 2 suaproposta derecursosevidenciam deexploração diversos. posições, performances, instalações, composições musicais, etc. de odesenvolvimento website,propostas diversificadas queincluem ex tradicional pintura. interdisciplinar, dessapoética Emrazão desenvolveu ces interdisciplinar ouso de vídeos,vem suapoética que implica a confluência, ainterconexão mídias. devárias Seus projetos desenvol diversos “suportes” estabelecendocomo proposta defundoaintegração, Pia Myrvold Myrvold. Pia danorueguesa ostrabalhos utilizados virtuais, etecnologiasvisuaisfuturísticas. ficçõescientíficas cultado com dasrealidades oestabelecimentodeinterface asubcultura conquistam reconhecimento. o criador.também para Jovens suas ideiascomunicadas visualmentenassuperfícies têxteis. entrediálogo crítico artistas, escritores, músicos pormeiode eteóricos música. Owebsite apresenta-se como queestimula espaço editorial um deroupa comconstrução ideiasdaarte, da arquitetura, dafilosofiae justapostas.nos eram a mescla-se Na porela desenvolvida plataforma de umaantigamáquina tecnológicosmoder deescrever com artefatos napassarela, dramaticamente moviam-se nacional norueguês imagens projetadasforam ao longo dapassarela. dobalé Enquantodançarinos oportunidade, imagens dosite eapresentada em2001. Myrvold porPia desenvolvida coleção Nessa do como pelocomprador.que podemsermodificadas fenômenofoi cunha Esse doespectadorinteração comdeindumentária odesfileecom aspeças apresentado aqualquerinstante–passarelas digitais, modelosvirtuais, globaleopúblicopodeacessar odesfileequeneleé a seremescala contém –imagens,plataforma filmes, sons, textos, etc. passa Oalcance ners com/intro/>. Acesso em:20mar. 2015. Cf. MYRVOLD, Pia. , planejamentourbano, designdeinteriores, designdemoda, alémda Como caso de exemplificação da utilização dociberespaço dautilização foram deexemplificação Como caso Do ponto estéticas, devistadaspossibilidades deconstruções éfa Na internet, e doacesso ousuário éválidapara ademocratização As possibilidades dociberespaço são exploradas poralguns Atuante de 1980, desdeadécada que detrabalhos umasérie realizou edesigner,Artista de umadaspioneiras nautilização foi Myrvold Pia . Na dacoleção, exibição outros àspeças recursos quea mesclam-se cybercouture Pia Myrvold . inicialmentecomo utilizado títuloda foi Otermo : artist,designer. www.cybercouture.com designers podem veicular suas coleções e Disponível em:. Acesso Post Machine á “comprando”, podeexperimentar The interactive studio ,

em 1998, emqueosmodelos Interfaces Clothes asPublishing The new medialab.The new Interactive de , onde asco , cujodesfile á -las sobre 2 . ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 5 4 relevantes. e assimilado contextos podeserusadacriar novos e para informação com entradasesaídas, inúmeras quefacilita acompreensão decomo a cinema, terativo. Como no ser utilizadas, emprocessos dedesignin eincentivandoaparticipação tadores, estimulando a compreensão de como mídias podem as novas assim, deusarcompu forma ejovens emumanova introduzir crianças podem serusados como motivos emumprocesso dedesign” dos nocybercouture.com –ouseja, paletascom baseemconteúdo que ejovens, crianças de mídiapara “com basenosmesmosprincípios, usa roda.nova podesergerado um som,um clique umaimagem, umfilmeouuma interações lúdicas, estabeleça que o usuário permite que com de maneira eoprograma randômica Delaunay deforma semovimentam Robert jogo com possibilidades randômicas. dasmáquinas,que apostamnopotencialcriativo umaespéciede cria Pia como “a daspossibilidades desconhecidas” memória edavisão futurista (http://www.cybercouture.com/newmedialab/index.html) vestimentares,também deformas queéoprojeto em 2007,criado que indiretamente relaciona-se à moda porque usa enafuncionalidade.dos pensandonoconforto (QUINN, 2002, p. 80) eostextos. apenasaspeças alterando Os “croquis” debasesão desenha coleção, cada para eomesmoformato mente usaamesmaplataforma eformas. atenderaumagamamaisampladetiposcorpo para Geral reais, amedidascorporais indumentária vistoqueosprojetos são feitos apresentadoscorpo nas e autonomiaérestrita. dousuário Mas, acontrapelodospadrões de ções disponibilizadas pelosite. Aproposta aindividualidade degarantir com gostos específicos. No entanto, suasescolhassão limitadas àsop duto acabado. em queodesignernão assume totalresponsabilidade emrelação ao pro seconstitua emespaço queaplataforma interativo decriação bui para dialab/index.html>. Acesso em:20mar. 2015. MYRVOLD,Pia. medialab/index.html>. Acesso em:20mar. 2015. Cf. MYRVOLD, Pia. Os objetivos dessaproposta são didáticos: umnovo laboratório criar e deSonia No futurista linkrodas inspiradasnapintura coloridas Partindo dadaístas, dacompreensão dosartistas daideiadememória Vale aqui oprojeto indicar apresentado nolink seuguarda-roupa personalize Esse processo queousuário permite contri O diretoenvolvimento da peça do comprador na construção à arquitetura eaos novos híbridos. É, portanto, umaplataforma The newmedialab. The newmedialab. cybercouture fashion weeks

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Paulo: Companhia dasLetras, 1989. LIPOVETSKY, Gilles. C/Arte, 2006. GIANNETTI, Claudia. Paulo: Hucitec, 1985. FLUSSER, Vilem. 2003. BARNARD, Malcolm. R Keywords: clothing. elements of of commercialization designer, inthewebsitedevelopmentpopularization, pioneer for production and vich, works, multimedia, artist relating them with Pia Myrvold’s interdisciplinary Mano Lev mediaof new of media. thedefinitions nomenon asanew considered Are theInternet, of cularly inthefashion, to thatleading theestablishment thatphe of In thisrehearsal, technologies new theuseof discussed, theimplicationsof are parti Abstract Fashion mediainthecontemporary context: asnew além daqueles relacionados ao comércio vestimentares. deformas adesenvolver didáticoeartístico, projetos decaráter tas como Myrvold derecursoscom umasérie midiáticos. gradas pelosistemadamodaagoraveiculadas adornadas nainternet a inovação.de recurso tecnológico não caracterizou consa formas São condição deespaçovenda também para demercadorias, somente ouso que agradaaos olhoseéde fácil assimilação. Talvez, pelasexigências da de uma estética a supervalorização mostram tabelecida por Myrvold em pressupostos dadaístas efuturistas. projetos éexplicita areferência garimpados doMediaLab aprincípios davanguarda éacodificação modernista.proposições deMyrvold Nos eferências Provavelmente, pelaliberdade équedireciona abusca criadora artis eacomercialização como pormeiodainternet es A distribuição mídias que se explicita em algumas das novas Uma característica Technology. Fashion. Newmedia. Cybercouture Filosofia da caixa preta da Filosofia O império doefêmero O império Moda ecomunicação Estética digital : sintopiada arte, aciênciaetecnologia. BeloHorizonte; : fotografia. filosofia da uma futura ensaios para São : amodae seudestinonassociedades modernas. São . Tradução Olinto. deLúcia RiodeJaneiro: Rocco,

the use of the new technologies thenew the useof . PiaMyrvold. ------SANTAELA, Lúcia. QUINN, Bradley. lab/index.html>. Acesso em: 20mar. 2015. MYRVOLD, Pia. intro/>. Acesso em: 20mar. 2015. MYRVOLD, Pia. 20 mar. 2015. MYRVOLD, Pia. ting>. Acesso em: 20mar. 2015. MULDER, Arjen. 1994. MARCONDES FILHO, Ciro. Tendências do ano 2000. MANOVICH, Lev. novas_10def.pdf>. dias. Paulo: São Senac Borges.Carlos In: LEÃO, (Org.). Lucia e o caleidoscópio: O chip reflexões sobre mí as novas MANOVICH, Lev. Novas mídias como tecnologiaeideia: definições. dez Luís de Tradução A Enviado em8deabril Zahar, 2010. SVENDSEN, Lars. Lisboa: Texto &Grafia, 2008. SIMMEL, Georg. ceito em15demaio Techno fashion The new medialab.The new Acesso em: 20fev. 2015. Filosofia da moda e outros ensaios damodaFilosofia eoutros Pia Myrvold Cybercouture Data knitting Moda The language of new media new The language of Cultura dasmídias São Paulo, São 2005. Disponível em: < : umafilosofia. Luiza Tradução deMaria X. de A. Borges. RiodeJaneiro: : artist, designer. Disponível em: . Acesso em: 2015. 2015. . Oxford: Berg, 2002. . 2002. Disponível em:

Disponível em:

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Políticas públicas e cidadania: experiências do Pronatec em São Borja/RS

Cristóvão Domingos de Almeida* Kairo Vinicios Queiroz de Souza**

Resumo Neste artigo, revela-se como as ações de comunicação do Pronatec contri- buíram para a tomada de decisão do público a se inscrever nos cursos ofer- tados. Optou-se por uma abordagem crítico-reflexiva, utilizando como técnica metodológica entrevista em profundidade com os alunos concluin- tes dos cursos do Pronatec. Com base nas análises realizadas, pôde-se per- ceber que a comunicação possui relação direta com a tomada de decisão dos alunos. Além disso, verificou-se que as pessoas que concluem os cursos têm melhores oportunidades profissionais de inserção no mercado de trabalho e também a possibilidade de desenvolvimento educacional, ampliando as possibilidades na conquista da cidadania. Palavras-chave: Comunicação. Cidadania. Estratégias de comunicação.

* Doutor em Comunicação e Informação pela UFRGS. Mestre em Educação. Graduado em Comunicação Social. Professor adjunto na Universidade Federal do Pampa. E-mail: [email protected] ** Mestrando em Comunicação na Unisinos. Graduado em Relações Públicas pela Unipampa. E-mail: [email protected].

inscreverem peloPronatec noscursosofertados oscursos edequeforma atomadade comunicação para contribuem dedecisão dosalunosquese de avaliação doscursosdoPronatec. são realizadas asmatrículas, oacompanhamento dosalunoseoprocesso talecer arede deProteção local. Básica Social Assistente Social Borja, o Pronatec é facilitado pela atuação dos Centros de Referência de municípioprefeitura decada onde oprograma éimplantado. EmSão são fi encontra emvulnerabilidadesocial. peloPronatec Oscursosofertados em 2011, apopulaçãoquese queoferece para cursostécnicosgratuitos ao Ensino Técnico eEmprego (Pronatec), Federal peloGoverno criado doSul,do RioGrande éatendidopeloPrograma Nacional deAcesso Introdução 1 ção. (2011, Rodrigues p. 47)considera que eimplanta complexasuacriação para mas quepassaporumaestrutura combater desigualdades eotrabalho, sociais queenvolvem aeducação de cidadania Comunicação e políticas públicas como geradora têm acesso aelas, gerando, com isso, pordireitos. abusca pessoaleprofissional odesenvolvimento para trabalho dosindivíduosque edo daeducação quetratam públicas daspolíticas entender aimportância fere peloprograma ao e, preenchimento dasvagas ofertadas também, para a compreender anecessidade eaefetividade dacomunicação noquesere cação, quenosauxiliem porinformações emconsideração abusca levando pelanecessidade dediagnósticodas pesquisa sejustifica ações decomuni gratuitamente. oscursosofertados pessoas queconcluíram Dessaforma, a dacidadania das profissionalizante auxiliamna de qualificação construção e acompanhar oscursos doPronatec. nicípios e DF. No município Borja, deSão é responsável ainstituição asmatriculas porefetivar (SUAS) ÚnicodeAssistênciaSocial Sistema nasáreas socialdosmu de vulnerabilidade erisco socioassistenciais daProteção do Básica Social dosserviços epela oferta sável pelaorganização O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social respon da O política CRAS estatal descentralizada é uma unidade pública O Pronatec Federal doGoverno pública éumapolítica quepretende comO objetivo esteartigo principal O municípioBorja, deSão nafronteira oestedoEstado localizado nanciados Federal pelo Governo com e viabilizados oapoioda governamentais), deacordo com alei. ações, legítima(ouinstituições daautoridade tomadas porparte atividades constituem-se de sistemas complexos de decisões e visam atender posto porumconjunto deatividades (‘etapas’ ou ‘estágios’) que são concebidas públicas como umprocesso[...] políticas com 1 (CRAS), efor objetivos são cujosprincipais articular à s demandaseaos interesses dasociedade. Essas é compreender como asações É pormeiodoCRAS que ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 pública esuas pública voltadas adivulgação. para O pessoas. Deacordo (2010, com Secchi p. 8) É nessemomento queasações serdivulgadas devem econhecidas pelas (2011)denomina cipalmente naetapaqueRodrigues “implementaç públicas. implantação daspolíticas exemplo, eosefeitos gerados com a técnica doscursosdequalificação daspessoas,permanência daproposta, apertinência aqualidade, por as fasesdasetapas, necessita-seda “avaliação”, naqualsão analisadas a aoqualidade públicodeinteresse. dasações ofertadas E, completar para ea públicas daspolíticas ajustespontuaisodesenvolvimento para lizar mento, possíveis naimplementação e mudanças rea afimdeobservar pessoas exige aetapadomonitoramento, seuacompanha efetivar para e concretude. concreta pública edisponível Apolítica nocotidianodas pública,da política quandoasações planejadas ganhammaterialidade A etapada “implementação” dizrespeito, principalmente, prática àparte como asnegociações possíveis apróxima feitas para earticulações etapa. são formuladas públicas eplanejadas,etapa emqueaspolíticas bem tos e/ouprogramas. No terceiro momento, érealizada a “formulação”, É seja, oconjunto deinteresses nosanosdemandatoeletivo. doGoverno políticos, umasegundaetapa, para parte-se chamada combatê-lo.soluções para Após a decisão dos atores tomada por parte algum problema, ouseja, existealgumproblema ser criadas edevem oenfrentamento para que acontece doGoverno de adecisão porparte Das etapas, éa aprimeira “preparação dadecisão política”. te, aatividade decomunicação. emqualdelasestáinserida identificar queaautora públicas das políticas nesse período que são inseridas as prioridades que se tornam proje quesetornam asprioridades quesão inseridas nesse período Na pública, perspectiva da política acomunicação está presente prin salientaremrelação aessasetapassobreÉ importante aconstrução Observa-se que Observa-se formais e informais com einformais formais de ações deumarede deatores, gastopúblicodireto, contratos mentais, rotina administrativas, decisõesjudiciais, coordenação cos, eorganizacionais, inovações tecnológicas subsídiosgoverna projetos delei, publicitárias, campanhas públi esclarecimentos em ação. Políticas deprogramas tomam públicos, forma Públicas sejamtransformadas ediretrizes queasorientações mentos para usodediversos instru podemfazer públicas [...] Aspolíticas ações é fundamentalqueexistam ações decomunicação e benefícios serconhecidos sociaisdevem pela Pronatec, porexemplo, éumapolítica stakeholders, as destaca para,as destaca posteriormen dentre outros. Agenda setting Agenda É nessa etapa , ou ão ”. ”. ------

relações numdeterminado território. No contexto doPronatec tituições querealizamedesempenhamatividades, ou, então, mant local, osatores são osagentes sociaiseeconômicos, indivíduoseins respeito aoszem atores sociais. (1991, Deacordo com Souza p. 54) população, nestecaso, os mento humano, issoépreciso epara daroportunidades nasociedade.dos indivíduosinseridos pois ela e,se transformarem isso, para acomunicação desempenhapapelcentral, dacidadania. construção etambémna públicas a comunicação auxilianadivulgaçãodaspolíticas pessoas queestão ao redor deles. Énessesentidoquesecompreende que ao seingressarem neles, avidadas etransformar possamsetransformar oscursose, queosindivíduosconheçam fundamentalpara que setorna sua efetividade beneficiados com apolítica atores, dapopulaçãoqueestaemvulnerabilidade social, parte queserão Neste artigo, acidadania Para (2002, Sabourni p. 402), dodesenvolvimento naterminologia Desse modo, pelacidadania sedámedianteodesenvolvi abusca é fruto deumprocesso histórico,é fruto socialepolítica departicipação tidos políticos, jornais, rádios, detelevisão, emissoras igrejas etc. instituições tambémpodemseratores sociais: umsindicato, par ideia de “ator” sociais, não selimitasomente apessoasougrupos social,uma categoria podemseratores sociais. umgrupo Masa ção, umprojeto, umapromessa, umadenúncia. social, Umaclasse ogrupo,(para aclasse, uma ideia, opaís)encarna umareivindica duo éumatorsocialquandoelerepresenta algoasociedade para um enredo, derelações. deumatrama Umdeterminado indivi O atoréalguémquerepresenta umpapeldentro de queencarna plena dacidadania. com igualdade serdesfrutadas eliberdaderiam a realização para e todasasdemaisbenessesgeradas noprocesso deve histórico etecnológicas, científicas descobertas aeducação, asartes olazer com igualdade. Assimsendo, socialmenteproduzida, ariqueza as dedireitosforma edeveres. Cidadania social édesenvolvimento são com expressospelo grau que esses princípios e exercitados na dade, de e uma sociedadeo desenvolvimento pode ser medido básicos da cidadania são[...] os princípios a liberdade e a igual é importante que seja feita ampla quesejafeita é importante stakeholders é entendidacomo a pública implantada.pública queocorra Maspara citados por Secchi (2010), citados porSecchi quedi Peruzzo (2007, p. 52)afirma: possibilidade de as pessoas possibilidade deaspessoas ação dedivulgação, à s pessoas para s pessoaspara são esses ê m ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 despertando a consciência crítica eapossibilidade degerar conquistas aconsciência crítica despertando mentos aprendidos narealidade egerar transformações em quevivem, osensina so deconhecimento querecebem emprática podemcolocar vas. Aqueles quepensam, problematizam suacondição socialeoproces níveis educacionais. novos possibilidade deinserção nomercadooudealcançar detrabalho conquistas queoutras sejamadquiridas, para ciso avançar dentre elasa com isso, acomunicação geraprocessos deesclarecimentos, masépre seinseriremnomercadoe alutarpara detrabalho. Vale ressaltar que, denovos conhecimentosdizagem incentiva aspessoasaseenvolverem desses direitos mediados pelacomunicação bem como aampliaçãodedireitos. Para Peruzzo (1998, p. 296), abusca sobrelevantes oprotagonismo dessaspessoasnomercado detrabalho, re geram informações apósaconclusão adquiridas as transformações docursocom acertificação.e tambémnafinalização As conquistas e nos cursos. Háumacompanhamento doaluno acapacitação durante osalunosse inserirem para dacomunicaçãoefetivamente ção contribui ações do Pronatec no município. Nesse contexto, o processo demedia dos cursos.com a oferta A comunicação conhecidas ajuda a tornar as gradativa deacordo deforma desenvolvida pública deumapolítica ção Pronatec doprocesso deimplanta nomunicípioBorjafazparte deSão decisões de tomada na auxilia A comunicação (FREIRE,também dalutadoOutro 1993). da suacondiçãodeseres passivos protagonistas para dassuaslutase cultura, ouseja, sair acesso quelhespermitam àsdiversas oportunidades ter acesso ao seuredor. énecessário essastransformações queocorram Maspara asimesmaseaosciência dequeépreciso outros transformar queestão etomar suasnecessidades consque tenhamcondições básicas de suprir O trabalho decomunicação/divulgação do O trabalho doscursosgratuitos Para Freire (1993), nacomunicação aspessoasnão podemserpassi De acordo com aautora, umdireito conquistado pormeiodaapren à educação, receptora dosbenefícios histórico. dodesenvolvimento dade queveja oserhumanocomo motivadora, força propulsora e dania edaconquista deumasocie da hegemonia naconstrução deumaampliação dosdireitos decida democrática uma cultura [...] representa uma necessidade no processo de constituição de à s aprendizagens profissionalizantes, ao lazer, à ------

ção dacidadania.ção tificar, informações, percepçõesque auxiliamnaconstru eexperiências peloPronatecex-alunos doscursostécnicosofertados possível foi iden compreender nossacondição humana” uma dasmaiscomuns tentar para epoderosas queutilizamos maneiras qualitativo.de caráter (2010, Deacordo com Duarte p. 62), “e como metodologiaaentrevistaemprofundidade,optou-se porutilizar ções doPronatec navidadosindivíduosassistidospeloprograma? –, dacidadania,quisa –noquetange aconstrução quaissão ascontribui queaconquista dacidadania passapelo tem verificar acesso ao trabalho. quesurgem comoportunidades aqualificação? Tais indagações permi na vidadosindivíduosqueacessam oscursosPronatec?são as Quais em umdireito. Essas reflexões algumasquestões.geram O que muda navidadosindivíduoscom efetivas base dade degerar transformações de direitos. Não transferência desaberes, émera esimumapossibili posta eao entrevistador ajustarlivremente asperguntas” (DUARTE, da definir os termos está à flexibilidade res depermitir ao informante estatística” procura intensidade nas respostas, não quantificaç Fonte: ALMEIDA; SOUZA, 2014. apesquisadeacordoestruturou-se com oquadro aseguir: rem a colher mais detalhes. conduzir as entrevistas de forma Para tanto, o entrevistado tivesse liberdade nasrespostas eospesquisadores pode com questõessemiestruturadas, ouseja, com roteiro simples, que para quisa tem cunhoqualitativo. Foram realizadas entrevistas semiabertas selecionados cinco entrevistados, egressos dediferentes cursos. Apes meiro semestre de2013e ofimdoprimeirosemestre de2014. Foram Borja,natec emSão correspondente noperíodo entre oiníciodopri peloPro algumdoscursosofertados o entrevistado tivesse concluído Qualitativa Pesquisa Duarte (2010,Duarte p. queessaabordagem 62)afirma depesquisa “[...] selecionada foi A amostra aleatoriamente; exigência que foi a única responder para Dessa forma ao segundoproblema destapes central e completa: “entre qualidades dessa abordagem as principais Semiestruturadas Questões Estrutura metodológica dapesquisaqualitativa metodológica Estrutura Semiaberta Entrevista QUADRO 1 , ouseja, com baseemrelatos de Modelo Roteiro ão ou representação Em profundidade Abordagem ntrevista é ------Indeterminadas Respostas

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 em locais escolhidospelosprópriosentrevistados,em locais quesesentissem para agendadasforam as entrevistas, realizadas presencialmente que foram pudessem semanifestar. Após algumasinterações noambiente digital, programa, queosindivíduosinteressados para emrelatar aexperiência Pronatec. postado Inicialmentefoi um pelo realizarcontatos comnecessário ex-alunosdoscursosofertados tabelecidas (MARCONI, 1990). Para aescolhadosentrevistados foi de acordo es com aconveniência do pesquisador eascaracterísticas conveniência”, ouseja, selecionados foram os elementosdaamostra do Pronatec cursos dos voz na sujeitos dos egressos cidadania da aconquista para obtidas transformações As cidadania queossujeitosobtiveram. relacioná-las,posteriormente emconsideração asconquistas de levando umquadro criar respostas para dasquestõesanalisadas para necessárias entrevistados. obtidas as Com base na proposta foram metodológica vãoquestões eoutras surgindodeacordo com oposicionamento dos aotura interesse depesquisa”. Para Triviños (1990, p. 146), ela emumamatriz,tem origem umroteiro dequestões-guiaquedão cober são suasexpectativasprofissionais ofuturo? epessoaispara 6) Quais do curso?5)Oquemudou nasuavidadepoisdaconclusão umcursodoPronatec?cidiu fazer arealização 4)Comodurante foi Pronatec? 2)Como você ficousabendodocurso?3) Por que você de atividade realizada era porvocê antesderealizar ocursodo 1) Que os cursosdoPronatec. dacidadania pelosindivíduosqueconcluíram fluenciam naconstrução respostasperam-se livres e, com basenelas, entenderosfatores quein 2010, p. 62). Por (2010), meiodessaliberdade expostaporDuarte es Ou seja,Ou mesmo com questões iniciais, novas podem ser articuladas (2010,De acordo com Duarte p. 64)esse “modelo deentrevistaque Foi realizado umroteiro deentrevias com asseguintes questões: Na pesquisa de campo foi utilizada a técnica atécnica utilizada Na foi “não pesquisadecampo probabilísticapor informante. teses que vão surgindo à medidaquese recebem as respostas do de interrogativas,oferecem amplo campo hipó de novas fruto ehipótesesqueinteressamorias àpesquisaeque, emseguida, questionamentos básicos, decertos [...] parte apoiados emte banne r digitalno fanpage do ------

ticipantes, dediferentes idades ecursos, QUADRO conforme 2: um.cada Dada alimitação destetrabalho, selecionados foram cincopar dosentrevistadosA seleção sedeu, principalmente, de pelafaixaetária responder para mais confortáveis àsquestõeseexporsuasexperiências. são os meios mais eficazes para adivulgaçãodoscursosofertados. para são osmeiosmaiseficazes Afala sabendodoscursosdo ficaram Pronatec, acompreensão para dequais relações sociais, oseusalário, real tornando asuacondição decidadão. se conquista acidadania, ouseja, recebe aparcela quetemdireito nas base dosdireitos, poisépormeioda inserção ao mundo que dotrabalho (2000, p. 7), são elementos que constituem e a educação a o trabalho acesso ao trabalho, dosdireitos elenão podegozar plenos. Para Portela expectativa ouregularidade Issoporque umavez queocidadão não tem fissional estáàmercê de “oportunidades” quesurgirem, semqualquer Gomes, 27anos, Industrial. alunono cursodeEletricista da deparentes oueram cinco entrevistados estavam desempregados, sustentavam-se com a aju atividade antesdoingresso nocursotécnicopeloPronatec. dos Quatro Fonte: ALMEIDA; SOUZA, 2014. Aluno 5 Aluno 4 Aluno 3 Aluno 2 Aluno 1 A voz de Wallace pro como mostra umindivíduosemqualificação questão dizrespeitoA primeira ao queosex-alunosrealizavam como Durante asentrevistas,Durante questionados osex-alunosforam sobre como Pedro Assis J Pedro Assis Walace Gomes Marlene Lima Maria IldaFigueiredo Daniele Almeida dosSantos quando pintava umaoportunidade. pedreiro, naslanchonetes, panfleteiro e, às vezes, como porteiro; isso, de civilcomoservente quebra-galho ondeeuatuava naconstrução carteira etrabalhava assinada ondemechamavam. Euera como Antes ocursoeuvivia defazer fazendo ‘bicos’, estava não coma Relação dealunosentrevistados Nome ú nior freelancer QUADRO 2 esporadicamente, como relata Wallace Idade 33 27 57 35 24 Operador decomputadores Eletricista industrial Gastronomia Confeiteiro Cuidador deidosos Curso - - -

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 mações obtidasnavidadosex-alunos, ouseja, noâmbito profissional e vistas. Wallacedestaca: IFF, validade aomencionado pôde-seatribuir quefoi asentre durante porinstituiçõesdeensinoreconhecidas,ofertados como Senai, e Senac didático e outros fatores. emconsideração que os cursossão Levando sos aspectos, como infraestrutura, dosprofessores, qualificação material doscursoscomo boaemrelação ascondições adiverram easofertas “Como arealização doscursos?” foi Todos osentrevistados qualifica Santos, de24anos, dessaquestão: trata A faladaex-alunadocursodecuidador deidosos, DanieleAlmeida dos profissionalqualificação queomercadotrabalho exige cadavez mais. de constantes nasrespostas: éafaltadeemprego aprimeira esegunda, a indivíduos asematricularem noscursos, entretanto duasquestõessão essaquestão,zar queépessoaleintransferível. Vários fatoresos levam deacordopossui variações com indivíduo; cada não hácomo generali osex-alunosarealizarem oscursosdoPronatec.que levaram Aresposta dacomunicação.ciam naeficácia e as condições que influen elementos como socioculturais a faixa etária de Wallace e quetodososmeiossão importantes visualizar nospermitiu A quarta questão ésobreA quarta oaproveitamento doscursosdoPronatec: A terceira questão nasentrevistas refere-se levantada aos motivos O principal objetivo com esta entrevista foi identificar astransfor objetivo com identificar O principal estaentrevista foi e amigos, ganhei um “dinheirinho”. no curso, pequenos dosmeusvizinhos comeceiafazer nascasas reparos usandoosassuntos unstrabalhos queaprendi a fazer nomeubairro nhei otransporte ealimentação para irestudar. Semfalarquecomecei muito boa, amaneira deensinarémuito legal deaprender, e fácil ga Durante muito foi ocurso tudo bom. tem é queoPronatec Aestrutura interessante, resolvifazer. a pra você senão indicar consegue nada, não tiver esenão qualificação tem Borjaémuito tudo trabalho queter emSão difícil, umapessoa ceiramente em casa, tinha perspectiva não de nada. de O mercado Eu estava desempregada, tinhacomoajudarmeuspais enão finan fazer; achei interessante minhainscrição. eresolvifazer amigos.versas umcursoeindicoupra entre Meuvizinhofez mim Através daspropagandas natelevisão, viainternet, enascon jornais í fica mais difícil ainda. Comoeutinha tempoachei maisdifícil e fica livre ocurso ------fica desempregadofica quando seencontra umaatividade produtiva remunerada, quandonão se sentido, Ferreira (1990, p. 90)dizqueo “direito aoéassegurado trabalho deinserção nomercadoque eletenhaaoportunidade detrabalho; Nesse deseusdireitos.dentro deobtenção deumalógica Assim, énecessário, nomercado detrabalho;e seinserir daí, apartir elepassaaseperceber oalunoquesequalifica,para éconquistar direitos aprincipal mudança pessoal, asconquistas queobtiveram. saberquaisforam Demodogeral, ção noBrasil:ção dapessoa; a)plenodesenvolvimento b)seupreparo para tecnicamente. ou continuarum novo grau sequalificando oscursosdoPronatecconcluem pensamemseguirseusestudos, iniciar prioridade. se torna nesse sentido a educação Os alunos que iniciame mente, conseguindo promoções, emprego novas para ousequalificar e nafaladosentrevistados:tacam ambosfalamsobre crescer profissional mar-se também ajudam quem está ao redor deles. Dois pontos se des suas expectativasemrelação àssuasconquistas, pois, alémdetransfor Essas vozes revelam oqueosalunospretendem ofuturo,Essas vozes para quais Wallace, Industrial, docursodeEletricista aponta também: O art. 205 daConstituição Federal aponta asfinalidades daeduca minha carteira e quero comprar um carro embreve.minha carteira comprar equero umcarro depender dospais écomplicado. Agora estou maisindependente, tirei sair, comprar básicas, suas coisas de necessidades ecom 24 anos ainda vida, ter não pra dinheiro nada, àsvezeséhumilhante, sepode não trabalharadoro lá. desempregada Ficar éapiorcoisaqueexiste na hospital. básicos, cuidados São masquepara elesimportantes; são eu e estou trabalhando até hoje lá: entradano cuidodosidososquedão em casa. Depois queterminei ocurso, consegui emprego nohospital a transformar, jácomeceiaganhar epoder salário ajudarmeuspais cuidar deumaidosa, adonaItália, lánoasilo, a Bom, euconsegui emprego durante doCurso. arealização Comeceia comigo e com meufilho. por minhacabeça. Até minhaautoestima melhorou, estou maisfeliz para acreditar queterei férias; algunsmesesatrás issonempassava quetodo trabalhador necessita.além detodos osbenefícios Demorei ‘bico’. em saber seamanhãoudepois deamanhãterei queprocurar outro e comcarteira quefizocurso. naárea assinada mepreocupoNão mais Muita coisamudoue para melhor. Consegui umemprego fixo Agora seiquetodo começo demêstenho naconta, meusalário ”. ”. Dessa forma, emsuaexperiência: Danieledestaca í minhavidacomeçou - - - -

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 da cooperativa, sobre suaspretensões ofuturo, para eela destacou: ao consumo da população. a Dona Marlene, Questionou-se presidente mento depeixe, com produtos oobjetivo dopeixe defornecer derivados peixe. Foi eprocessa decriação umacooperativa assimqueelascriaram um cursodegastronomia, opreparo voltado para especificamente do res inícioaumprocesso deram quedurou com três anos equefinalizou simultaneamente, oensinomédio. concluir Foi assimqueessasmulhe cativeirode seprofissionalizar depeixes com em um cursodecriação e, demulheres,grupo portradição, todaspescadoras aoportunidade teve em umaviladepescadores emItaqui, Borja. cidade vizinhadeSão Um gastronomia peloPronatec. ofertado mulheres Elaeoutras queresidem Lima,Marlene pescadora, 57anos, quesequalificouemumcursode nalutapelaconquista dedireitos.da união deumgrupo da Éocaso suas condições devida, como sepercebe nasfalasseguintes. em edemelhorias dos indivíduosnumaperspectivadetransformações vida. OPronatec quetemcomo baseaeducação pública éumapolítica provê-la opresente, apenaspara masconstante, a epara otrabalho para otrabalho, para ção imediata, masnão umaqualificação nosentidode to sobre seus direitos a sociedade perante e sua qualifica e obrigações da cidadania. Assim, épossível queosindivíduostomem conhecimen dos osaspectos, avida, sejapara oexercício oupara otrabalho sejapara indivíduo atingirseuplenodesenvolvimento; ouseja, prepará-lo emto 1988). Assim, compreender comoo énecessário meiopara aeducação o exercício dacidadania; (BRASIL, otrabalho para c)suaqualificação Dentre asentrevistas easdiversas experiências, destacou-se aforça sim, ó, euconheço avidadepescador, oquepassa um pescadorpra praticamente nascidanomato. nomato, Nós criados fomos então as Olha, issoa paratudos queele possa, futuramente, entrar emumaUniversidade. profissional.expectativa Eminha pessoal é apoiar meufilhonos es carreira na minha nova e dar continuidade Elétrica Engenharia especializar. Tenho muita vontade umafaculdade, defazer algo como e felizmente estou gostando. Agora posso não parar eme deestudar Minha expectativa profissionalmente que eu escolhi é crescer na área ganhar mais, comprar e ter uma casa mais segurança na minha velhice. cidade, para afaculdade; fazer maseupretendo meespecializar epoder tem Borjanão essecurso,São meplanejar preciso melhor para mudarde estudar,Eu quero porque em aqui enfermagem; fazer quero édifícil í nasceunomeucoração porque eusoufilhade pescador, ------inseridas apossibilidade decrescimentoinseridas pessoaleprofissional etambém transfere a essas pessoas que nele estão nidade por esse grupo adquirida a socialização. e fazer a fim de transformá-la vida da natureza A oportu ativamentena de oserhumanoparticipar éaprópriaforma o trabalho balhar maisetercondições desobrevivência. Para Gomes (1989), direitos. quecom ospescadores Eladestaca acooperativa podemtra ao qual pertence, do grupo defesa conquistar para eampliar trabalha Fonte: ALMEIDA; SOUZA, 2014. um quadro-resumo: dosex-alunosdoPronatecrelação àsvozes Borja, emSão construiu-se a conquista dacidadania plena. Aproveitamento docurso Informações sobreo Perspectivas futuras Tomada dedecisão Mudanças obtidas Baseando-se nasanálisesrealizadas enasconsiderações apontadas em Dona Marlene, apesardaidade, com baseemsuavivência elutaem Atividade anterior curso tiver funcionandoédarumapoio para eles ecomo hojepresidentepescadora quequan dacooperativa paldo que agente daquilo produzir. Essa respaldo; eles colocarão seu trabalho ali, seu produto ali e terão res pra aquelesqueseassociarem nacooperativa eles terão retorno, terão res, porque acooperativa, ela vai ter um retorno para ospescadores, ção; levarsaúdealimentos aos daspessoas pescado elevarajudaaos sobreviver. Omeudesejocomissoécolocar saúde namesadapopula Motivos financeiros Entrou nomercado Continuidade nos Desempregada de trabalho Facebook Aluno 1 estudos Ótimo Quadro-resumo dasentrevistas Quadro-resumo Divulgação nasescolas Entrou nomercadode Continuar trabalhando Motivos financeiros e sustentandoa Desempregada Aluno 2 trabalho família. Ótimo QUADRO 3 . é minha intenção comoé minhaintenção específicos/ Abertura de específicos/ Abertura Presidir acooperativae Trabalho dedivulgação auxiliar naqualificação pescadores daregião. com aassociaçãode pescadores deItaqui uma cooperativa profissional dos Conhecimentos Especializar-se Pescadora Aluno 3 Ótimo do es Entrou nomercado Facebook er Desempregado Especializar-se estudando e trabalhando de trabalho Continuar Televisão, Aluno 4 ------Ótimo ádio galgar novossonhos Qualificar-se maise qualidade devidae trabalha e, assim. Foi promovidona Especializar-se empresa onde melhorou sua a dafamília Empregado Facebook Aluno 5 Ótimo

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 as pessoas participem do engajamentosocial.as pessoasparticipem Essaslutasengajadas implantadas pelosgestores públicas políticas públicosefazcom que mundo dotrabalho, arenda melhorando-lhes eavidafamiliar. conquistas,outras como aprofissionalização, visando ta dacidadania; neleso interesse realizarem para asegunda équedesperta eprocedimentos naconquis lhesrevelar para novos horizontes contribui processo deaprendizagem emrelação àspessoas: aprimeira Na perspectivadoPronatec duasdimensõesno podemseridentificadas municação como inerente ao processo deimplantação dessapolítica. Conclusão nocotidianodaspessoas. transformações deiras conquistá-la épreciso lutarconstantemente, poiséelaquegeraverda pressão “é sóocomeço”, revelando queacidadania éprocesso, epara irem para a realidade além, àspessoasasegurança ederam numa ex eosnovos saberesdizagem osolhares, expandiram deencarar aforma percebessem como cidadãos, imbuídosdedireitos edeveres. Aapren O acesso aos cursosprofissionalizantes queosindivíduosse permitiu doserhumano. voltadas avalorização públicas para ações depolíticas a conquista dacidadania, das aqui revelam aimportância masasvozes emumcursodenível técniconão aoa especialização garante indivíduo igualdade, desseprocesso. eacomunicação fazparte queapenas Écerto oscursosdoPronatecram resultaram socialcom emdesenvolvimento melhor queacidadania”. social.organização Para Demo(2000, p. 5), “não sepodeterumestado tido, com atomada aposta-senastransformações deconsciência ea com protagonismo se inserir des sociais para na sociedade. Nesse sen e, umacooperativa criar juntas, conseguirsuasasvulnerabilida superar nos conhecimentos adquiridos, pôde, com pessoas, oauxíliodeoutras exemplo, Lima, podeserpercebida nafaladaMarlene que, baseando-se organizadas. epoliticamente temente educadas Essaorganização, por cidadania, depessoassuficien organizada aparticipação conclamando o crescimento econômico, mas, sim, da pela construção a busca para quegeraoPronatec: pública política não maisvoltada aeducação para pode-se enfatizar, também, aquestão daeducação, da como éocaso Assim, navidadaspessoasquefize ocorridas essastransformações Ao com odesenvolvimento basenasoportunidades, sedestacar A comunicação auxiliaaspessoasatomarem conhecimento das Entender oPronatec éreconhecer pública como aco umapolítica à inserção delas no inserção delasno é que o ensino que oensino ------

the socket thepublic’s of courses. decisionenrollingintheoffered Optedfor acritical for Pronatec contributed This article, of communication revealedactions of itisasthe Abstract politicsPublic andcitizenship permanecerem os cursosdoPronatec. econcluírem fundamental natomada dedecisão dosindivíduosao sematricularem, Nesse processo, dacomunicação percebe-se eseupapel aimportância constrói pelasações avidadosindivíduosenvolvidos decomunicação. E énessarelação deassimilaçãoetrocaconhecimento quesere vez mais. cada uma vez queaspessoasalmejamconhecer eseinformar dadania, alémdesetornarem umespaço deconteúdos informacionais, epromovem daci geramtransformações aconstrução coletivamente Paulo: Cortez, 1989. GOMES, Minayo Carlos FRIGOTTO, Gaudêncio. raiva, 1990. v. 1. FERREIRA, ManoelGonçalves. de1988. àConstituição brasileira Comentários Paulo: São Sa Métodos etécnicas depesquisa emcomunicação DUARTE, Jorge. Entrevista emprofundidade. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Org.). zes, 2000. DEMO, Pedro. htm>. Acesso em: 16out. 2014. do Federal, 1988. Disponível em:

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 A Enviado em9demarço TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. SOUZA, H. J. Cengage Learning, 2010. v.133. SECCHI, Leonardo. p. 21-37. rurais res. In: SABOURIN, E.; TEIXEIRA, O. A. (Org.). SABOURIN, E. eabordagem territorial: territorial Desenvolvimento conceitos, eato estratégias RODRIGUES, M. Maria Assumpção. 16 out. 2014. MG, v. 24, 2000. Disponível em: < deAnísio (Centenário não éprivilégio educação Teixeira): programas eresumos. 23. Caxambu, ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEPÓS-GRADUAÇÃO EM EPESQUISA EDUCAÇÃO: PORTELA,L. Josania Relação: REUNIÃOeducação, ANUAL ecidadania. In: trabalho DA cidadania PERUZZO, CiciliaM. K etransformadora.uma perspectivadialógica Paulo: São Summus, 2007. p. 45-58. CH, Krohling; Margarida KUNSCH, Waldemar. PERUZZO, CicíliaM. Krohling. Cidadania, comunicação social. edesenvolvimento In: KUNS depesquisa,técnicas elaboração, dedados. análiseeinterpretação Paulo: São Atlas, 1990. MARCONI, deA. Marina ceito em15demaio : conceitos, controvérsias, experiências. Brasília: Informação Embrapa Tecnológica, 2002. . Paulo: São Vozes, 1998. Como sefazanálisedeconjuntura Políticas públicas . Comunicação nosmovimentos populares . Comunicação Técnicas depesquisa 2015. 2015. http://23reuniao.anped.org.br/textos/0918t.PDF Introdução à pesquisa em ciências sociaisIntrodução conceitos, esquemasdeanálise, práticos. casos Paulo: São Políticas públicas. : planejamentoeexecução depesquisas, e amostras . 11. ed. Petrópolis: Vozes, 1991. Relações públicas comunitárias Planejamento e desenvolvimento dosterritórios São Paulo: São : a participação na construção da naconstrução aparticipação Publifolha, 2010. . Paulo: São Atlas, 1990. :

a comunicação em . Acesso em: - -

Que matéria! Crítica moderna e os acadêmicos

Gedley Belchior Braga*

Resumo Os artistas acadêmicos e seus defensores foram acusados de serem extre- mamente radicais e retrógrados contra os modernistas. O que se procura evidenciar neste artigo é a existência de uma posição ativista e agressi- va dos modernistas contra os acadêmicos, situação encontrada com mais frequência do que se divulgou até o momento. Um bom exemplo está nas publicações recentes de algumas crônicas inéditas de Manuel Bandeira, que foram eliminadas pelo próprio poeta de suas Obras completas. Artis- tas como Henrique Bernardelli, Rodolfo Amoedo e Eliseu Visconti foram duramente criticados pelo poeta. Em alguns trechos, aproveita-se a oca- sião para justapor a crítica de Mário Pedrosa sobre as mesmas questões. Palavras-chave: Crítica de arte. Modernismo. Acadêmicos. Manuel Bandeira. Mário Pedrosa.

* Professor adjunto da Universidade Federal de São João del-Rei, Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Artes Aplicadas (DAUAP – UFSJ). Artista multimídia. Doutor em Ciências da Informação e mestre em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Especialista em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis pelo CECOR- UFMG. Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte. E-mail: [email protected].

de tudo o que não se encaixava norelatode tudooquenão seencaixava hegemônico doModernismo. que resultaram, modo, decerto eesquecimento emuma marginalização deafirmação modernas pensamento queprocuraasestratégias mostrar seus autores, geralmenteemjornais. Essetextoseinsere emumalinhade e crônicas por publicadas demonstradomo foi amplamente em críticas dido orastro demuitas (COLI, obras 2005, p. 9-10). Esseautoritaris promovendo artística, da alteridade a exclusão a ponto de hoje se ter per autoritarismo, porum grande deumnovo regimeposição caracterizado Coli, dessesnovos valores abatalhapelaafirmação aim gerando acabou “acadêmico” ou “realismo retrógrado”. deJorge aspalavras Reiterando E tudoquenão suficientemente era “moderno” considerado era como aquilo quenão parecia estar deacordo com osparâmetros modernistas. moderno, não deixou de exercitar uma vontade de eliminação de tudo deumativismoque,ca dopensamento alémdeexaltarasuperioridade foi, dessemovimento cemos queavitória muitas vezes, àpráti devido julgamento das inegáveis qualidades literárias do trabalho do poeta e de do trabalho julgamento das inegáveis qualidades literárias publicada. originalmente foi Não no deentrar hánenhumaintenção doséculoXX,décadas aqui mencionados dosartigos quandoboa parte aindaestavamemplenaatividade as primeiras durante Esses artistas 1936), Amoedo (1866-1944)eRodolfo (1857-1941). Eliseu Visconti culo XIX. Foram escolhidos, emespecial, Bernardelli (1857- Henrique iniciadas na segunda metade foram do Sé cujas carreiras alguns artistas versando deBandeira sobre expor algunstrechos dessaatuação crítica “apregoou” eprocurou noBrasil. omodernismo explicar é Aintenção da parte “tropa dechoque” que, emsuasprópriaspalavras, “defendeu”, mo. De acordo com um trecho apresentado mais adiante, fez Bandeira no Brasil, oqueserevela como umbom exemplo dessetipodeativis dafase inicial domodernismo boaparte em diversos durante jornais Bandeira, alémdepoeta, tambémexerceudearte regularmente acrítica Pedrosa de Mário alguns contatos com a crítica aos mesmosartistas. sobreBandeira esses “acadêmicos” e, emalgunsmomentos, ressaltamos ampliação nainteligência doolharcontemporâneo” (COLI, 2005, p. 11). século XX, eporissomesmo noBrasil] “é indispensável proceder auma doséculoXIX” eculturais fenômenos artísticos metade do [eprimeira umacompreensão geraçõesinsuficientespara ram mostram-se largados p. 48-49). Para Jorge Coli, “os e seletivos que educa formais critérios ouomissãoprocurado essamarginalização (DUARTE, corrigir 2014, Pedro relacionou que têm algumasdessaspesquisashistóricas Duarte Neste artigo, dopensamentodeManuel especificamente tratamos damodernidade,Em ummomento emque vivemos otriunfo esque ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 próprios protagonistas: idealdomodernismo,de umahistória esta, história porseus escrita a inversão extremamente dasituaçãofoi proveitosa aconstrução para de tolices” (CHIARELLI, 1995, p. 19-27). Como Chiarelli, mostra de1942,1917 atéumapalestra como um classificando-o “chorrilho deMonteiro Lobato,crítica estendendoarepercussão de detalartigo de Andradeumabatalhadepreciação daopinião começa pública injusto, cruel, iconoclasta, “mau pintor” de 1920. jánadécada Mário Desse modo,Lobato como impiedoso, classifica MenottiDelPicchia fatti, umfenômeno ampliado especialmente com opassardotempo. novilão responsávelde transformá-lo pelorecuo estéticodeAnita Mal dosmodernistas.ação porparte consegue oefeito deLobato Acrítica envolvendo oaproveitamento oassuntoemostra dessasitu estratégico de Anitaposição Malfatti. Tadeu Chiarelli expõe e discute todo o caso deMonteiro crítico Lobato,do artigo em1917, publicado contraaex 1874. No Brasil, mais conhecido desse tipo de o caso “radicalismo” éo impressionistas, dosartistas exposição cussão negativadaprimeira em umainovação,sinalizava doepisódiodareper apartir principalmente ou moderno contratudooqueera e defensores dastradições artísticas mia”. dos dossimpatizantes aspublicações foram “acadêmicos” Radicais da sofreu por parte que o modernismo perseguição uma grande “acade Nos outros achocacete.” (BANDEIRA, 2009, p. 258) do Brasil, que meagrade mais. Maseugosto dePortinari... emPortinari. favorito:o seuartista “Portinari éótimoenão há pintor, vivo oumorto, p. 318). Antes disso, em1941, quePortinari elejáhaviaesclarecido era não estão já constituindo um novo academismo?” (BANDEIRA, 2009, ca. muito geral,“Há academismonaseção masestas ‘portinarices’ [...] mencionou sercontraadivisão emduasseções, eacadêmi moderna de 1942, admitidos jáeram noevento, quandoosmodernos Bandeira admirava inicialmente. exemplificar, para Só emumacrônica ao salão eatéalgunsacadêmicosqueeletanto modernos sobre artistas osvários um longo nodecorrer espaço contraporseusescritos dotempo para deManuelBandeira, porparte das artes necessário atéporqueseria aquise trata deumestudoexaustivo doexercício daatividade crítica trechos inteiros esuavizando rando queaqui são citados. Portanto, não dasemoções, aofeitas calor sejarealmente reescrevendo, omitindo, alte de opinião ao longo desuavida, sejarejeitando muitas desuascrônicas sermencionadona pesquisaequedeve mudou équeManuelBandeira nacional. naliteratura sua importância constatado Umfatoimportante No imaginário popular das escolas modernas o que mais se afirma é oquemaisseafirma No populardasescolasmodernas imaginário ------

ganizado pelaENBA,ganizado queaquela nãoasua enfatizando era “turma”, 1928, fazumaresenha Bandeira dosalão de1928, or periódico evento pintar”, em originalmente publicada (AIBA). deBelasArtes Imperial Na crônica queinsisteem “O Brasil tes (ENBA), queporsuavez, aherdeira era republicana daAcademia tistas querepresentavam daEscolaNacional umatradição deBelasAr sobre dosar deste movimento oudecadência asupostamediocridade deumdiscurso afirmação apartir noBrasil tação domodernismo algumas dessascríticas “ativistas” queajudamacompreender aimplan edições decoletâneasousua “obra completa”, podemosencontrar inéditas, muitas delasrejeitadas de porocasião porManuelBandeira (PEDROSA, 2004, p. 136). em êxtase”. demodoirreparável” contraídoomalmodernista “Haviam adesão de “três ouquatro rapazes” que “entraram edepois emdelírio episódio da “crítica injuriosa” deMonteiro Lobato, com aconsequente citandoo Moderna deArte inicia umdeseustextossobre aSemana (BANDEIRA, 1997, p. 571). Domesmomodo, Pedrosa Mário também entre osquaisestavamsrs. de Andrade eOswalddeAndrade” Mário “suscitaram escritores, derapazes ointeresse entusiásticodeumgrupo ou tificação Paranoia”? [ “escândalo” porMonteiro escrito Lobato, doartigo cujotítuloera “Mis com deAnitamento modernista acitaçãodaexposição Malfattieo e companheiro de “batalhas”. Eleiniciaumdostextossobre omovi Em publicações recentesEm publicações decompilações dealgumasdascrônicas endossa a versão de Andrade,Manuel Bandeira de Mário seu amigo (CHIARELLI, 1995, p. 27) arrependida,tista moderna domovimento. mascomo amártir estratégia, deservistacomo umaar orisco Malfattinão corria moderna. emrelaçãosuas opiniõescontrárias àarte Com essa ponsabilidade pelorecuo deMalfatti, umavez queeleexternara grupo, vinhamuito apossibilidade deimputar-lheares acalhar ao não seus posicionamentos aderir revira para Já que Lobato vel deser usada pelosopositores. ideal. dasuahistória ção demonstrar umafragilidade passí Era nomovimento,contradição interna aconstru deobstruir capaz mais convencional. uma Reconhecer evidenciar talsituação era de protagonizar de 1917, a mostra optando por uma produção antes dessecaminho jásedesviara brasileira moderna artista ra interessante reconhecer queaquelaconsiderada queera aprimei Paulo de São do ambiente artístico-cultural e do Brasil, não seria Para históricos, osmodernistas empenhados natransformação sic .], alémdecitarqueaqueles quadros expostos A província de13setembro de ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 nhores”, queambosestão deixandoclaro “em completa decadência”. Bernardelli,Amoedo eHenrique tratadosostensivamentecomo “se compatível com otítuloostentado deuma “capital federal”. visuais por volta de 1928 no Rio de Janeirodo meio das artes não era recusados queforam de trabalhos naquele ano. Arealidade econômica representava doaumentonúmero umaatividade considerável apartir simas exposiçõesrealizadas pelosartistas, apesardeconstatar queosalão compradores expostas, as obras para tanto nos salões como nas pouquís nomeioartístico,trânsito aproveitou abordar para aquestão dafaltade entre prêmios pública. eexposição ManuelBandeira, quetinha umbom jornalísticas: resultado oescasso siões emsuascríticas mercadológico seu “sensohumorístico”: tesca” deum “monótono realismo anedótico” aonde exercer eleiapara o emseupróprio textoqueosalãouma era deixando claro “atividade gro sentados ali. isentadepreconceitos, Elenão umacrítica pretendia fazer pois os pintores que ele admirava, “os modernos”, não estavam repre Importante notar,Importante notrecho citado, algo queapareceu oca emoutras No mesmoartigo, expõe seupensamentosobre Bandeira Rodolfo desenho como na corhesitantesefrouxos. ao traz Cada cabeça de suasdiscípulas, todossemparecença, semcaráter, etantono cultor seu irmão. de perfis uma série Está simplesmente ridícula deretratos,ção oauto-retrato e o do es dosquais só escapam Bernardelli] mandouumanumerosaO último[Henrique cole Amoedo] doprimeiro[Rodolfo pareceO Cristo umaoleografia. plástica, emoção, poesia. (BANDEIRA, 2008, p. 132) Gomide, Cícero Dias, énosquadros destesqueencontro fantasia expõem naEscola. Tarsila doAmaral, Ismael Nery, DiCavalcanti, no realismo anedótico. Os pintores que admiro são outros e não pode interessar aquela deummonóto maneira exibição deoutra grotesca aonde vou exercer mais para o senso humorístico. Não me visitam osalão. Para mim, bementendido, osalão éumagaleria nomeuponto devistapessoalaspessoasposseque se colocasse prar, ninguém compra. compreender Eu poderia essa abstenção, minguados prêmios pelojúri. deconsolação distribuídos Com Essa atividade nãorecompensa encontraoutra palpável senão os considerável. subiu aquatrocentos. Assim, osalão representa umaatividade detelas. cobertas cam Esteanoonúmero recusados detrabalhos Escola deBelas-Artes. salascujasparedes seisgrandes fi São insisteempintar.O Brasil Aprova dissoéosalão anualdanossa ------criatividade. do àsobras “senhor Quanto Bernardelli”, classifica ocrítico dro, provavelmente [pessoal?]ounenhuma semnenhumtoqueoriginal deAmoedo queaobra seassemelhaaumareproduçãozer deoutro qua “Cristo” Amoedo. doRodolfo Pode-se di queira imaginarqueBandeira A palavra “oleografia” comofoi utilizada algo descrever pejorativo para o acadêmica, ser mais fácil diferenciar poderia entre antigo e moderno. representar.riores poderiam Talvez, com umafidelidade aessatradição delesumcompromissobrar ante com quesuasobras eterno atradição artistas, adequado, elesnão ointerlocutor encontraram queparecia co sentavam pudessem representar uma tentativa de “modernização” dos os para xa opção “decadentes senhores”. queelesapre ostrabalhos Se te, de eledeixabementendidoestartratando “retratos”, “porque háos são comocaçadores”. grandes Por outro lado, adian emumparágrafo que marcam numa fisionomia”, acrescentando que “os bons retratistas em volumes quecolocam “destaque expressivo osdetalhes quecontam, umbompara retrato, aexigência quantoàrelação exatadaslinhasedos evento. Nesseumdeseuspadrões textoeledeixaclaro dereferência convidado foi é que o próprio Bandeira ser membro do para do júri tão diretor onovíssimo daEscola Nacional deBelasArtes. Fato curioso Portinari, enviados Costa, ao polêmicosalão porLúcio organizado en 1931, escreveu sobre seusretratosporFrederico feitos Maron eCândido PauloSão (MICELI, 2003, p. 91-93). ManuelBandeira, emcrônica de em Miceli aodasituaçãodosmodernistas como tratar apontou Sergio dia, “estreitando devislumbre aquepodiamseaventurar”, oshorizontes “parecenças” dos “retratos”, oufrear oudesuavizar osimpulsosdeousa ou mecenas, com os clientes ticamente no quesito das principalmente denegociar este tambémapresentouno Brasil apeculiarcaracterística sarcasmo. No entanto, não podemosnosesquecerdequeomodernismo mos testemunhar oexercício anunciado deseu “senso humorístico” ou tantoadmiravaeque, queBandeira tas modernos nessetrecho, pode na questão tão importante “simplificação plástica” exercitada pelos artis reconheceria osmodelos. que Sabemos “parecença” seruma não deveria ao lado onome da perfiltrazer de cada retratada, poissenão ninguém tanto nodesenhocomo nacor, ressaltando ironicamente aimportância como “ridícula” e “sem caráter” deperfis“hesitantes efrouxos”, asérie Uma das questões a se pensar sobre essa crítica équeoautornão dei Uma dasquestõesasepensarsobre essacrítica 2008, p. 133) porque senão ninguémreconheceria osmodelos. (BANDEIRA, lado o nome daretratada na própria pintura, louvável precaução ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 Rodolfo Amoedo:Rodolfo Ele volta dos asedeternasobras “senhores” Bernardelli e Henrique que fazpena”andam numadecadência (BANDEIRA, 2008, p. 234-235). sionismo”, alémdeinsistirque “os velhos mestres pintar quejásouberam que “aserva dominante éaindaoresíduo técnica teimosodoimpres que Bernardelli em “ridícula” e “sem caráter”. sito maisimportante, “sem parecença”, deHenri asérie transformaram fracos,portanto tantonodesenho como nacor, e, provavelmente oque na paisagempermitidos de Pancetti, mas perfis“hesitantes efrouxos”, despojado” e “originalidade eespontânea” forte subjetivos critérios eram máscula”,“Lógica “tons baixos, efrancos”, tristes um “desenho direto e eespontânea” forte de umaoriginalidade (BANDEIRA, 2009, p. 257). do queoartista “é umaalma sem complicações, masqueseadivinha efrancos,tristes omesmodesenhodireto edespojado”, acrescentan suas paisagens com “a máscula, mesmalógica osmesmostons baixos, Bernardelli, ao Núcleo associação do artista de elogiando a construção prêmio de viagem ao estrangeiro do salão daquele ano, mencionando a escreveuManuel Bandeira crônica em1941, recebeu o quandooartista Sigaud, eJoséPancetti, Lechowski Bruno entre outros. Pancetti, Sobre Manoel Santiago, Joaquim Tenreiro, Ado Malagoli, Eugênio Proença daépoca: modernista ciados Edson pelacrítica Motta, Milton Dacosta, desse grupo, podemoscitaralgunsnomes aserbemapre quepassaram vam aparecendo” [...](MORAIS, 1982, p. 30-32). Dentre osintegrantes queesta novos espaços osartistas para eabrir Regulamento doSalão e renovar o ensino de arte,de democratizar introduzir no modificações deestudoscom onome um grupo Bernardelli”“Núcleo com “o objetivo noRiodeJaneiro, quefundaram por algunsartistas emjunhode1931, mais liberdade deatuação. Por issomesmo, homenageados elesforam solicitando sua reformulação comBelas Artes] a finalidade dehaver contraoensinodaEscola[EscolaNacional publicamente surgiram de de1920. dadécada a partir Eleeseuirmão, Bernardelli, Rodolfo in acadêmicoourealista, umexemploera idealdeartista especialmente quando não aprovam oquadro” (BANDEIRA, 2009, p. 28) que numretrato sóveem oquadro. Estescondenarão sempre oretrato Outro fato importante a mencionar é que Henrique Bernardellinão amencionar équeHenrique fatoimportante Outro No anoseguinte, ao salão de1929, nacrítica ManuelBandeira, ob na salados devisaropatéticoesublime.que traem aintenção Na peque équeescolhamassuntoscomo essedosbandeirantes O curioso hors-concours defrontam-se ossenhores Amoedo e ------

Rodolfo Amoedo.Rodolfo tentavam, Osartistas namedidadopossível, atender respondências trocadas entre Affonso Taunay, Bernardelli e Henrique texto osdetalhesdarelação conflituosa entre osartistas, cor incluindo essespersonagens históricos.glorificar expõeemseu Christo Maraliz doMuseuPaulista interna adecoração para aos de artistas naintenção d’Escragnolle das encomendas que Affonso parte fizeram fez Taunay vo da Fundação Procópio, Museu Mariano Juiz de Fora, na realidade, “Varação deCanoas” [ tela, 230,8 x 155, 2 cm. Amoedo: Rodolfo Gato) ou (Borba Bandeirante Bernardelli:sões semelhantes(Henrique Bandeirante, Chefe óleosobre osalão. para criadas foram obras No entanto, essasduastelasdedimen rias para verificar essesares de verificar para mudanças. rias oportunidade, ao longo dessesartistas desuastrajetó estudosdasobras com emsuasobras.e Amoedo flertavam mudanças Caberia, emoutra e asrelações cromáticas maisacentuadas queBernardelli evidenciavam pintura “acadêmica”.formais, Assimplificações evidentes aspinceladas deuma jánão estavammaisnoterritório queosartistas -se conferir dos anos1920”. Apesquisadora conclui: muito enquanto vencedor, nítida do bandeirante o paulista espelho para histórica,tica imposiçõesde Taunay, nosentidodeconstruir visão “uma às rigorosas quecontrolavam especificações todaa representação temá Se tais obras foram iniciadas porvolta foram de1922, taisobras Se pode formalmente apensarqueessas élevado deManuelBandeira lêacrítica Quem (BANDEIRA, 2008, p. 235) dessemundo.senhor Amoedo conseguiu pintarapiorcascata Bernardelli emduasdessastentativas de vaziateatralidade. O p. 144-155) Procópio. doMuseuMariano te ao acervo (CHRISTO, 2014, simultaneamen incorporados reira [...] [e posteriormente] Lage Nesse salão de1929, porAlfredo adquiridas Fer foram asobras deproduçãocom dosmesmos. operíodo por que adatapresenteexplica nos quadros (1929) não coincide de 1929 [...] de Belas Artes enviá-los Geral à Exposição Tal fato de 1920.da década Uma vez recusados, por optaram os artistas pelodiretorda feita doMuseuPaulista eexecutados ao longo Procópio,seu Mariano deumamesmaencomen originaram-se que BernardelliedeRodolpho Amoêdo [ queosquadros evocadores dosbandeirantes,Vimos deHenri sic ], óleosobre tela, 229,8x156,5cm), hojeacer sic ], presentes noMu ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 nossa pintura. um retardatário”“impressionista quenãonada haviatrazido denovo à teto do Teatro MunicipaldoRiodeJaneiro, como alémdeclassificá-lo haviaexecutado o para queoartista decorativas aspinturas criticar para irreverência. No entanto, não Bandeira resistiu emusaraquela ocasião que elehaviaapresentado não ointeressavam enemprovocavam sua naquele evento, oúnicoquesesalvava era completando queasobras aparentemente parece que, poupar Eliseu Visconti “dos velhos mestres”, mente, como sepodeconstatar nestetrecho: o oposto, como ocorreu deAmoedo, naexposição Pedrosa dura critica aos acadêmicos; quandoalguémcomo Osvaldo Teixeira fazexatamente seja,Ou dosmodernistas podiamcontrapor aobra modernos oscríticos contrapor aquele professor [Amoedo] aos pintores do “modernismo”. destepaís”, culturais escândalos tui umdospermanentes porpretender instituição, Osvaldo Teixeira, “cujo postodeDiretor doMuseuconsti assimcomo contraodiretorlar suaopinião tantocontra oartista da Nacional em1957, deBelasArtes Pedrosa Mário ocrítico desti irá trospectiva do artista, comemorando o centenário no Museu ocorrida Voltando ao deManuelBandeira salão de1928, àcrítica oautor Amoedo, deRodolfo aobra Sobre algunsanosmaistarde, nare provocam a irreverência. (BANDEIRA, 2008, p. 133) todo ocaso, assuastelassenãoainteressar, chegam tambémnão impressionista, naqualaté hojepersistecomo retardatário. Em como desenho,ficante e colorido, construção adotou a técnica voltou àEuropa executar para oteto doMunicipal, tão insigni hoje representam [...]Depoisqueoartista omelhordasuaobra pintou sobainfluênciadospré-rafaelitas algumastelas que ainda Esse pintornada trouxe denovo ànossapintura. moço Quando mente no mico. (PEDROSA, 2004, p. 115). [Crônica original publicada ainanidade, mostrar para doaprendizado aesterilidade acadê ensinar nosdiasdehoje. poroutra, masnegativamente, Ou serve o homem podedespertar, emnada nospode deartista suafigura ele – medíocre. para característica outra Apesar da simpatia que homem parecia respeitável, masquecomo pintoré–enão há dovelho aobra acadêmicocentenário,temporânea quecomo deapresentarEis aíumapéssimamaneira àsensibilidade con desses meios acadêmicos, tambémaparece amesma intenção. Aliás, outros sobre emvários escritos aexposição, provenientes Jornal doBrasilJornal , 14dez. 1957]) ------

culo deexportamanhabobagem”. mestre” não tivesse encontrado umamigoque franco “o doridí salvasse apresentava deimbecil”,de cara Visconti “uma admirando que o “velho de ummodelo “coisa pequenaeruim”, escrevendo queoautorretrato exibidas.pequenas dimensõesdasobras como autor Eleelegeu Visconti comova todaaexposição uma “mediocridade simpática” das porcausa aconteceu dosalão naocasião de1933. Dessavez, considera ocrítico relação apresentadas naquele àsobras ano, peloartista omesmonão te deveriam ter norteado sua carreira (Gioventù, suacarreira ternorteado te deveriam Oréadas, S. Sebastião), bastante. admiradas Asobras porBandeira, cujosmodelossupostamen [A Manhã, 30 de setembro de 1942]. (BANDEIRA, 2009, p. 329-330) obras, especialmente aquelas enviadas osalão para de1942, “datam”. hesita emreconhecer como Visconti “mestre”, quesuas masdeixaclaro cisos. Não mudou mais: nunca nem recuou nemavançou”. todos oscontornos, sejadomeio-diaviolentooudoscrepúsculos inde recia asualinhaingênita, sefixardefinitivamentenaluzque apaga para inquietação danovidade”, ascostas aumidealquepa Visconti “virou quecível desuajuventude. Entre o “choque danossaluztropical oua que parece serumressentimento pessoalemrelação ao encontro ines ao aadesão doartista ele volta acriticar “impressionismo”, emumtom osseusolhosestremecerem anos.que fez aos dezessete Por outro lado, inesquecível ao deslumbramento contemplar a “pequenina obra-prima” sionismo” retardatário dopintor. Gioventù, Sobre confessao Bandeira e oS. (1898), Sebastião noentanto, para mantendoacrítica “impres entre Gioventù (1898),ção ostrabalhos oselogiospara Oréadas (1899) mais contido, porjáestarnafaixados56anos, talvez umaoscila mostra Ainda sobre Eliseu Visconti, nove anosdepois, umManuelBandeira foi em1928ManuelBandeira Se “suave” em com Eliseu Visconti Sobre Eliseu Sobre Visconti, Pedrosa eMário ManuelBandeira divergem nalmente no bobagem. (BANDEIRA, 2009, p. 72. [Crônicaorigi publicada deexportamanha doridículo um amigoqueosalvasse franco ideais...em figuras queo Admira velho mestre não encontrasse palheta que arde se vão e o fumo das chamas a compor no alto artista, de imbecil que ele não tem, com uma cara a segurando háumquadroquena eruim impagável de Visconti: opróprio preparação trabuzanas. dasgrandes Como modelodecoisape telas pequenas. Não secontava com salão; não houve tempopara este ano.tante simpática porque em Digo simpática se exprime No reina bas salão umamediocridade daEscoladeBelas-Artes Estado deMinas , 24ago. 1933])

Bandeira nãoBandeira ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 capaz deencontrar ressonânciacapaz nouniverso dopoeta: que “apaga os contornos”, enfim, que diluio desenho, parece não ter sido suamaiorsensibilidade ao desenhodoqueàpintura.declara Umapintura é de1954. Neste caso, ao falardesuasinfluências extraliterárias, opoeta em seulivro autobiográfico, Manuel Bandeira, adicional háumaexplicação quepodeserencontrada modernos. pelosartistas compartilhado No entanto, específicode nocaso tenhasidolamentavelmente [concordandotalvez Pedrosa] com Mário rio” pode ajudar acompreender que de umsentimentodeépoca Visconti um contato maisaprofundado com de aobra Visconti: p. 128). Pedrosa Écurioso não lamentarofatodosmodernistas terem tido esvoaçam perdidas, semdestaques nemprivilégios” (PEDROSA, 2004, mais) dosrosas eazuis, nomeiodosquaisasfiguras, pobres, plasticamente cromática dividida,ção dafatura amelodia (anossogosto adocicada de sedefendem,em parte dostons, eissomesmoapenaspelaleveza avibra contornos”?] mesmoemrelação àsdecoraçõesdo Teatro Municipal, “só eprincipal”,acessórios “entre fundosepersonagens”, queapagaos [a “luz senho é “insignificante” (PEDROSA, 2004, p. 124). A indistinção “entre acadêmico erevelar-se como paisagista, sensualistadacor”“um cujode pintura” (PEDROSA, 2004, p. 119) ao romper com as rotinas do meio um foi “pintor denossa ahistória para quetrouxe contribuição autêntica do artista,na carreira na opinião dePedrosa. Para este último, Visconti a ser realmente oqueviria relevante para não transições passam demeras A implicância de Manuel Bandeira com deManuelBandeira o A implicância retardatá“impressionismo pois da irrupção moderna.pois dairrupção (PEDROSA, 2004, p. 132) opróprio para fecundo Visconti, queaindaviveu vinteanos, de mas nãoe um nome corrompido, vitorioso nem exausto, sido teria senvolvimento. E, por sua vez, esse contato de jovens iconoclastas brasileiro preciosas indicações ofuturo para esusceptíveis de revoluções. Encontrariam, certamente, dovelho napintura mestre contiana aquele sensodecontinuidade, indispensável atodasas outros, detalento, todoselesartistas vis naobra talvez achariam àsinovações.blemas eaberto Tarsila, DiCavalcanti, Portinari e e dasensibilidade com deummestre osseuspro familiarizado com anatureza, filtrada através daexperiência jápictoricamente maisdepressa tê-lo-ialevado acomunicar-se de A lição Visconti Europa, com raro intercâmbiomaisdireto com mestres modernos. da apenasdeideiasimportadas mo brasileironutrido não seteria dida diretamente naescoladoneo-impressionismo. Omodernis velho artista, maisexperimentado, daluz, senhorda técnica apren [...] Osseusprecursores tidomuito teriam queaprender com o Itinerário para Pasárgada , edição cujaprimeira ------

Bandeira maiscontido vez revelandoBandeira e cada menos suas opiniões sobre p. 292-293). Bernardelli(BANDEIRA, expostadeHenrique de marinha 2009, mãos Bernardelli”, confessandoumacomoçãodiantedegran irmãos Bernardellinacrônica Ir dagaleria dereabertura “Sessão enemmesmoquerer plásticas entender.de artes dopéssimonosalão daENBAo ruim de1941ediznão entendernada visuais, dasartes confessar umcansaço expõeadificuldade emdistinguir da rua” (BANDEIRA, 1997, p. 232-234). crônica, Emoutra parecendo Pedrosa,rio aaconselhar aescrever chegando para ocrítico “o homem moderna, aarte teoricamente passam adefender odeMá inclusive dosdiscursosque eoshermetismos atémesmoosmodernismos criticar dileção, os “modernos”. Com a opassardotempoeletambémcomeça visuais,as artes emgeral, atémesmosobre depre aqueles seusartistas A partir das décadas de1940e1950, dasdécadas A partir testemunhamos umManuel Em 1942, com os parece Manuel Bandeira aspazes querer fazer morta. (BANDEIRA, 2012, p. 63) porque numdesenhoouverso estalinhaéviva, aquela é res. Não demais, seiseestousutilizando masétão difícil explicar parcelacada porsuasressonâncias dafrase anterioreseposterio musical, vibrar cujosfonemasfazem senão apalavra enão serve precisa, temumafunção vra intelectivo oupuramente decaráter pala estánoseulugar exatoecada aquele palavra emquecada compreendi queobom fraseado não éofraseadoredondo, mas boa linhadodesenho, istoé, umalinhasemponto morto. Cedo como quefosse a no queescrevia umalinha de frase mim buscar do Renascimento, especialmentedeLeonardo. intuitivo Efoi em mestres desenhosdosgrandes dava maravilhado diantedecertos momentos daminhameniniceemqueme ainda decertos fuimaissensívelSempre ao desenhodoqueàpintura. Lembro-me publicada originalmente em originalmente publicada Nem quero entender. (BANDEIRA, 2009, p.266-267). [Crônica [...] Averdade émesmoessa: plásticas. não entendonada deartes do pintura! péssimo no meio de tanta tinta e de tão pouca ruim detodososanos. acambulhada E foi Como édifícil distinguir o fora:para –Entreaatenção! chamar quemquiserefalealtopara deadmissão muitojúri eram maislargas. Parece gritou queojúri Geral, impressão aprimeira quesetinhaénestaasmalhasdo aDivisão sepassavadaDivisão para Moderna noSalão Quando A Manhã , 12out. 1941]) ------

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 de JúlioCastañon Guimarães. Paulo: São Cosac Naify, 2008. BANDEIRA, Manuel[1886-1968]. Referências Keywords: Pedrosa theMário aboutof the sameissues. by thepoet. Insomestretches, takes advantage theoccasion to of juxtapose thecritique harshlycriticized Henrique Bernardelli, Rodolfowere Amoedo andEliseu Visconti Bandeira, eliminated thatwere by thepoet hisComplete of himself works. as Artists A good some unpublished Manuel chronicles publications of example of is the recent thanitwaspublished to the moment.demics, frequency withmore found situation against the modernists of existence an activist position the aca of and aggressive against themodernists.retrograde issoughtto isthe What inthisarticle evidence and extremely accused of being radical were and theirdefenders artists academic The Abstract theme! Which fazumbalançodeseupercurso.Bandeira Eleexplica: de uma confissão, presente de 1954, na autobiografia quando Manuel Para encerrar, apresento outro texto, tambémàsemelhança escrito Art Critic.Art Modernism. Academics. Modern critics andtheacademics critics Modern ‘Que matéria!’.‘Que bre odetalhegostado, oque, traduzido empalavras, querdizer: do gostam, com um arabesco o dedo so se limitando a fazer algumacoisadeobjetivo,pintor soubessedizer todoseles, quan poeta –Baudelaire. Como se, diantedeumatela, algumnosso plásticas, porexemplo, alguémtivesse maisdoqueum acertado Caso contrário, não passamos de poetas. Como se, sobre artes etas, falarsobre para aautoridade elesquandooslisonjeamos. o entusiasmo. sónos reconhecem, Éque osartistas anóspo pouco, porém, fuiperdendo não sóapresunção como também músicos, pintores, escultores earquitetos modernos. Pouco a que defendeu, apregoou de nova eprocurou aarte explicar plásticas. sobre diária artes seção datropa decho parte Fiz Manhã N’A ção, andeiescrevendo sobre plásticas. músicaesobre artes [...] Tempo houve em que, por necessidade, parte por presun parte , convidado porCassianoRicardo, mantive uma (BANDEIRA, 2012, p. 127) Crônicas inéditasCrônicas I : 1920-1931. Organização, posfácio enotas Manuel Bandeira. Pedrosa. Mário ------

Paulo. Paulo: São Companhia dasLetras, 2003. MICELI, Sérgio. 2014. DUARTE, Pedro. Pensar, 17). COLI, Jorge. Paulo: doEstado, Pinacoteca 2014. [Catálogo deexposição]. FernandoCuradoria e Pitta Valéria Piccoli; Christo deCastro textosMaraliz Vieira desalinhados. In: COLEÇÕES emdiálogo: Procópio Paulo. MuseuMariano deSão ePinacoteca CHRISTO, deCastro Maraliz Vieira. Procópio: noMuseuMariano histórica Apintura discursos Brasil. Paulo: São Ed. Universidade Paulo, deSão 1995. CHIARELLI, Tadeu. BANDEIRA, Manuel[1886-1968]. Júnior. Newton tação enotasCarlos 7. ed. Paulo: São Global, 2012. BANDEIRA, Manuel[1886-1968]. de JúlioCastañon Guimarães. Paulo: São Cosac Naify, 2009. BANDEIRA, Manuel[1886-1968]. A Enviado em15deabril Arantes. 1. reimpr. Paulo: São Ed. Universidade Paulo, deSão 2004. PEDROSA, [1900-1981]. Mário theke, 1982. MORAIS, Frederico. ceito em15demaio Como estudar a arteComo estudar brasileira do século XIX? Nacional estrangeiro A palavra modernista Núcleo Bernardelli Um nos jeca Vernissages 2015. 2015. Acadêmicos emodernos Acadêmicos Crônicas inéditasCrônicas II Itinerário para Pasárgada. Seleta deprosa. : história social e cultural do modernismo artístico em São emSão : artístico domodernismo socialecultural história : vanguarda emanifesto : nosanos30e40. brasileira arte RiodeJaneiro: Pinako : nacional e o no desejo de uma arte Monteiro Lobato RiodeJaneiro: Nova Fronteira, 1997. : 1930-1944. Organização, posfácio enotas : textosescolhidosIII. Otília Organização São Paulo: São Ed. Senac, Livre 2005(Série Estabelecimentodetexto, apresen . RiodeJaneiro: CasadaPalavra, et al. . São . São - -

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Mediação, Belo Horizonte, v. 17, n. 20, jan./jun. de 2015 da revista, depublicação. em caso do autor, e endereço, oenvio para de3(três) exemplares incluindo telefone revistas/index.php/mediacao/index no qualconstaoseuartigo. 5892; NBR6028e6024. Mediação aavaliação daComissãogo para aserencaminhado Executiva doperiódico vem serconsideradas, integralmente, noquese refere àapresentação doarti correio eletrônico. pede-se queessefatosejaregistrado namensagem pelo deenvio dematerial Caso tenham sido divulgados(comunicação, dequalquermaneira palestra, etc.) aos quaistambémémantidoosigiloemrelação aos nomes dosarticulistas. emitidos. Nesse processo, osnomes em sigilo, dos pareceristas permanecem junto publicação. Osautores receberão, ocaso, sefor comunicação relativa aos pareceres minado, aserem efetuadassegundoaconcordância doautor, com vistaàpossível terações, acréscimos dotextoexa ouadaptaçõesao aprimoramento necessárias da Comissão Executiva. Dospareceres emitidos, podemconstar sugestões deal Conselho Editorial, enviado otrabalho avaliado será porpareceristas membros Executiva.Comissão adequado previamenteestabelecidapelo àlinhaeditorial Se serão enviadas aos autores. gua, respeitando, porém, oestilodosautores. não Asprovas finaisdosartigos normativa, egramatical, ortográfica com vistaamanteropadrão cultodalín queforem selecionados originais publicação, para artigos alterações de ordem Comissão Executiva da 14) As colaborações devem sersubmetidas14) Ascolaboraçõesdevem nosite 13) deNormas daAssociação Brasileira 12) Asnormas Técnicas de (ABNT) sejaminéditos. submetidos publicação para 11) Oidealéqueosartigos a para encaminhados 10) Ostrabalhos 9) AComissão Executiva da 8) Após aanáliseeapreciação doartigo, independentementedoparecer, a Publicado o texto, o autor receberá até 3 (três) exemplares do fascículo . Sugere-se consultar: NBR6022; NBR10520; NBR12256; NBR Mediação não devolverá os originais enviados avaliação. os originais para não devolverá Mediação , acompanhados deumminicurrículo se reserva odireito deefetuar, sereserva nos Mediação http://www.fumec.br/ serãoavaliados pela - - - - -