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Paisagem urbana e representatividade histórica das radiais de : a Avenida Osvaldo Aranha

Urban landscape and historical representativeness of Porto Alegre radials: Avenida Osvaldo Aranha

DOI:10.34117/ bjdv6n6-152

Recebimento dos originais: 08/05/2020 Aceitação para publicação: 06/06/2020

Júlia Rodrigues de Azambuja Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul E-mail: [email protected]

Juliana Fontoura Conedera Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul E-mail: [email protected]

Raquel Rodrigues Lima Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul E-mail: [email protected]

RESUMO O presente artigo tem como objetivo o estudo da Radial Avenida Osvaldo Aranha como paisagem urbana e cultural, com ênfase na sua representatividade histórica expressa nas edificações que definem sua identidade na cidade de Porto Alegre. Tendo origem marcada pela Rua Sarmento Leite e fim à Rua Ramiro Barcelos, corresponde a uma das principais radiais da capital do Rio Grande do Sul. O eixo é caracterizado por um conjunto de equipamentos importantes para a cidade, os quais retratam a ação de diversos fatores sociais, econômicos e naturais ao longo do desenvolvimento da metrópole, como o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Parque Farroupilha, este último atuando como principal estruturador da avenida. A evolução urbana deixa marcas no curso de suas vias e a arquitetura reconta a história local. Conhecido como Caminho do Meio, o eixo surgiu como alternativa de conexão entre a capital do estado, Porto Alegre e o município de Viamão. A partir da diversidade do bairro , a paisagem urbana da Avenida Osvaldo Aranha se desenvolveu, os diferentes usos demonstram um panorama urbano de grande vitalidade, cenário que se constrói com a fixação de diferentes povos, o que trouxe características culturais originais, as quais resultaram em edificações de grande valor e influência para a sociedade porto-alegrense. O artigo busca esclarecer como ocorreu a urbanização e verticalização desta radial, destacando os novos modos de morar modernos presentes por meio do estudo da unidade habitacional o que transformou a vida urbana nos anos 50. Serão apresentados estudos de casos de conjuntos de edifícios de habitação coletiva modernos e sua relação com o entorno, produzidos por meio de pesquisa bibliográfica, redesenho das plantas baixas originais, maquetes, bem como fichas de catalogação das edificações selecionadas com análises descritivas.

Palavras-chave: Radial Avenida Osvaldo Aranha, Cidade e Memória de Porto Alegre, Paisagem Urbana.

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ABSTRACT This article aims to study the Radial Avenida Osvaldo Aranha as an urban and cultural landscape, with an emphasis on its historical representativeness expressed in the buildings that define its identity in the city of Porto Alegre. Having its origin marked by Rua Sarmento Leite and ending at Rua Ramiro Barcelos, it corresponds to one of the main radial streets in the capital of Rio Grande do Sul. The axis is characterized by a set of important equipment for the city, which portray the action of several factors social, economic and natural throughout the development of the metropolis, such as the Santa Casa de Misericórdia Hospital, the Federal University of Rio Grande do Sul and the Farroupilha Park, the latter acting as the main structure of the avenue. Urban evolution leaves its mark on the course of its roads and architecture recounts local history. Known as Caminho do Meio, the axis emerged as an alternative connection between the state capital, Porto Alegre and the municipality of Viamão. From the diversity of the Bom Fim neighborhood, the urban landscape of Avenida Osvaldo Aranha developed, the different uses demonstrate a highly vital urban panorama, a scenario that is built with the fixation of different peoples, which brought original cultural characteristics, which resulted in buildings of great value and influence for Porto Alegre society. The article seeks to clarify how the urbanization and verticalization of this radial occurred, highlighting the new modern ways of living present through the study of the housing unit, which transformed urban life in the 1950s. Case studies of collective housing buildings will be presented. and their relationship with the surroundings, produced by means of bibliographic research, redesign of the original floor plans, models, as well as cataloging sheets of the selected buildings with descriptive analyzes.

Keywords: Radial Avenida Osvaldo Aranha, City and Memory of Porto Alegre, Urban Landscape.

1 INTRODUÇÃO Na cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, o desenvolvimento urbano pode ser abordado em cinco fases, segundo Célia Ferraz de Souza. A primeira fase, de 1680 a 1772, refere-se à ocupação do território e formação do núcleo junto ao Porto natural; a segunda fase, de 1772 a 1820, corresponde a produção de trigo; terceira fase, de 1820 a 1890, é identificada pela intensa imigração; quarta fase, de 1890 a 1945, é caracterizada pela industrialização; e a quinta e última fase, de 1945 até os dias atuais, é definida pela metropolização da localidade. Uma nova cidade desenhava-se através de um sistema viário radiocêntrico, constituído de grandes artérias radiais e avenidas perimetrais, segundo André de Souza Silva. O município instalou-se na ponta da península, formando um traçado baseado em razões estratégicas de natureza militar. As ligações com os centros de interesse se estabeleceram pela face norte, no porto, caracterizando uma estrutura em leque, existente até os dias atuais. As cinco grandes radiais são: Avenida Borges de Medeiros, Avenida João Pessoa, Avenida Osvaldo Aranha, Avenida Independência e Avenida Voluntários da Pátria. A Avenida Osvaldo Aranha surgiu como alternativa de conexão entre a capital Porto Alegre e o município de Viamão, sendo inicialmente conhecida como Caminho do Meio. Começa na Praça

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Argentina, no Centro Histórico, e estende-se até a Rua Ramiro Barcelos, no bairro Bom Fim, contornando pelo lado norte o quarteirão universitário e o Parque Farroupilha, a antiga Várzea (Franco, 1988). Em 1930, o eixo recebeu um novo nome homenageando o político rio-grandense Osvaldo Aranha. O bairro que se formou ao redor foi ponto de atração para comerciantes, especialmente os judeus, de origem polonesa e russa, motivo que apelidou o Bairro Bom Fim de bairro judeu de Porto Alegre, a partir da segunda década do século XX. Outras etnias fizeram parte da história do lugar, com os italianos, por volta de 1865 e os negros, em 1888, preenchendo a região de valor cultural. Nas proximidades da Avenida Osvaldo Aranha está o mais antigo parque da cidade: o Parque Farroupilha. Conhecido como parque da Redenção, previsto pelo Plano de Melhoramentos de Porto Alegre, foi palco da Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha, em 1935. Traz diretrizes do projeto do urbanista francês Alfred Agache, e configura 37 hectares de extensão. Atualmente no local, encontramos o Instituto de Educação General Flores da Cunha e o Auditório Araújo Vianna, projeto de Moacir Moojen Marques e Carlos Maximiliano Fayet. No entorno da Avenida estão localizados prédios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o Complexo Hospitalar da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, o Instituto de Educação General Flores da Cunha, a Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim, o Auditório Araújo Vianna, o Mercado do Bom Fim, a Capela do Divino Espírito Santo, o Hospital de Pronto Socorro e o Hospital de Clínicas. Essas edificações integram uma paisagem urbana moderna, com equipamentos diversos que representam variadas temporalidades: arquitetura historicista, arquitetura protorracionalista e arquitetura moderna. O artigo busca esclarecimentos sobre a urbanização e a verticalização da radial Avenida Osvaldo Aranha, com enfoque na representatividade histórica e cultural em escala de bairro do eixo, bem como analisando a célula habitacional.

2 A RADIAL E O BAIRRO Em 1833 aconteceu a primeira demarcação do Caminho do Meio, por solicitação do Hospital Santa Casa de Misericórdia para que fosse realizado um arruamento no local para a delimitação da área da Várzea, a qual era um extenso terreno alagadiço que se encontrava aos fundos do Hospital, na parte baixa da cidade. A história do Bairro Bom Fim tem início com o lançamento da pedra fundamental da Capela Nosso Senhor do Bom Fim em 1867. Devido esta obra, a Câmara Municipal modificou o nome de Várzea para Campos do Bom Fim (Franco, 1998). Dois anos após, em 1865, iniciou-se a grande

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35012 Brazilian Journal of Development miscigenação que iria trazer a diversidade cultural ao local com a chegada dos primeiros imigrantes do bairro, os italianos, à cidade de Porto Alegre. Os primeiros grupos destes imigrantes foram direcionados ao interior do estado para dar ocupação aos campos. Primeiramente eram vindos da Europa os moradores rurais, que estavam habituados a executar as tarefas de agricultura, e num segundo momento passaram a vir habitantes das grandes cidades que possuíam profissões específicas e adequadas ao funcionamento de uma metrópole em crescimento, como exemplo dos músicos, pintores, escultores, sapateiros, padeiros, dentre outras profissões, em sua maioria ligados à arte e ao comércio onde demonstraram grande progresso no cenário econômico (Constantino, 1990). Em 1884 o Campos do Bom Fim torna-se Campos da Redenção em função do número de escravos libertos na capital gaúcha, e o contexto histórico envolvido. Tratamos aqui como contribuintes do aspecto de miscigenação cultural do bairro, os africanos. Os movimentos abolicionistas já eram de grande influência na cidade desde 1840. No entanto, é somente entre 1888 e 1912 que ocorre de fato a fixação de um grupo negro entre os bairros Bom Fim e Rio Branco, que ficaria conhecido como Colônia Africana. O que contribui também para a diversidade cultural do bairro (Figura 1) é o número de edificações significativas que podemos observar no mesmo. O principal polo atrativo para a região, fazendo com que pessoas advindas de várias cidades do estado fossem residir juntas aos grupos negros e italianos lá estabelecidos, foi a inauguração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no ano de 1895. Unindo-se aos grupos mencionados acolhidos no Bom Fim, em 1904 teve início a organização da imigração judaica para o Brasil. Mas somente no ano de 1910, com a Fundação Israelita Porto Alegrense, que ocorre de fato a estabilização destes imigrantes no local (Rocha, 2015). Após tanta visibilidade, é no ano de 1916 que ocorre novamente uma mudança no nome da rua, passando a ser então Avenida Bom Fim. Iniciando então o processo de urbanização da mesma por meio da arborização. E após o referido processo, ocorre assim o calçamento da Avenida em concreto e no ano de 1925 os auto-ônibus começam a circular no bairro. A modernização desta radial segue em seus avanços e com ela temos a inauguração do Auditório Araújo Viana em 1927. O mesmo se destaca na paisagem urbana até os dias atuais e no período citado, promoveu grande diversidade cultural através de seus shows e eventos. Um equipamento que marcou a paisagem do local foi inaugurado em 1928, o Mercado Bom Fim. Inicialmente foi construído onde hoje se encontra o Hospital de Pronto Socorro de Porto

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Alegre, o Mercado insuflou vitalidade ao bairro e foi um dos pontos de encontro dos diferentes grupos sociais que compunham o local. O Mercado Bom Fim sofreu uma mudança de local, está hoje junto ao Parque Farroupilha, fato que ocorreu somente em 1938. A edificação foi fechada devido a um incêndio na década de 90, sendo reinaugurado somente em 2000. Desta forma um dos ícones da paisagem urbana e ponto de interação cultural importante da Avenida ficou fechado por quase dez anos. A criação oficial de Bairro Bom Fim se acontece somente em 1959, através da lei nº 2022 de 07 de dezembro.

Figura 1 - Fotos do bairro Bom Fim e seus usos diversos.

Fonte: A - Grupo carnavalesco organizado pela Colônia Africana na década de 1930. Acervo da família Moreira da Silva (SILVEIRA, 2015). B - Colégio Israelita Brasileiro, na Avenida Osvaldo Aranha, na década de 20. Acervo Instituto Cultural Judaico Marc Chagall (BERGER, 1993). C - Sociedade Italiana fundada em 1893. Hoje no local funciona o Centro Ítalo-Brasileiro (BERGER, 1993).

No ano de 1930 a avenida passa a ser reconhecida como Avenida Osvaldo Aranha em homenagem ao político do governo de Getúlio Vargas. O Centenário da Revolução Farroupilha marcou o cenário em 1935, mudando o nome de Campos da Redenção para Parque Farroupilha, o que trouxe um cassino e outros equipamentos para a cidade.

3 EDIFÍCIOS MONUMENTO - REPRESENTATIVIDADE HISTÓRICA A radial é caracterizada por edificações que fizeram parte da consolidação do bairro Bom Fim e que trouxeram novos usos e serviços importantes à localidade. Estes edifícios retratam a ação de diversos fatores sociais, econômicos e naturais ao longo da evolução da metrópole. Com a colonização açoriana, alguns sinais de urbanização e de envolvimento social manifestaram-se ao longo dos anos. A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre é um grande exemplo desses avanços urbanos, fundada em 19 de outubro de 1803 como uma instituição privada, de caráter filantrópico, manteve- se como referência no âmbito das ciências da saúde por mais de dois séculos, e tornou-se modelo de cuidado com o patrimônio arquitetônico, em virtude da restauração da fachada voltada para a Avenida Independência; documental, com a conservação de registros históricos de relevância para

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Porto Alegre; e artístico, em função de frequentes exposições de cunho cultural no Centro Histórico- Cultural do complexo (Conforme site oficial da instituição). Sobre a cidade no século XIX, é pertinente ressaltar que se assemelhava a cidades europeias devido ao bom planejamento das autoridades portuguesas. Esse planejamento trouxe elementos que entrelaçam a Santa Casa com a urbanidade vigente na época, como as representações sociais acerca da caridade, mudanças na abordagem de vida e morte na cidade e as circunstâncias que envolveram a construção do Cemitério extramuros da , fundado em 1850. Outro fator urbano considerável foi o atendimento aos critérios de higiene da época, como o distanciamento dos locais baixos, a fim de evitar contágios, buscou-se então, o ponto alto do município que recebe ventilação avantajada e é posicionado de forma estratégica, na saída e entrada da cidade. A percepção de caridade era descrita como função de assistir órfãos, deficientes e pobres, onde estes eram acolhidos por famílias locais, e dependiam de desconhecidos para sobreviver. Nesse cenário, um hospital de Misericórdia erguido em função da sociedade carente, demonstra um nível mais alto de urbanização alcançado, bem como a construção de novos cemitérios que modificou o modo de encarar a morte e a religiosidade das pessoas. Estabeleceu-se um tripé: Hospital – capela – cemitério, o qual se tornou essencial à cidade (Franco, 2009). Em busca de uma organização uniforme e racional ao ensino superior no estado, elevação do nível da cultura geral e estímulo a investigação científica, o Interventor Federal propôs a faculdade de Farmácia em 29 de setembro de 1895 (Conforme site oficial da instituição). Mais tarde vieram a faculdade de Química, Engenharia, Medicina. A faculdade de Direito iniciou ainda no século XIX, como um marco no início dos cursos humanísticos no Rio Grande do Sul. Os demais cursos surgiram em 1934, com a criação da Universidade do Rio Grande do Sul, logo depois, em 1947 recebeu o nome de Universidade do Rio Grande do Sul, URGS, foi quando incorporou as Faculdades de Direito e de Odontologia de Pelotas e a Faculdade de Farmácia de Santa Maria. No ano de 1950, em dezembro a Universidade foi federalizada, sendo chamada de Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O projeto inicial foi de responsabilidade técnica de Arnaldo Gladosh e o Museu da UFRGS foi projetado por Manoel Barbosa Assumpção Itaqui. O Instituto de Educação General Flores da Cunha permaneceu durante sessenta anos a única escola formadora de professores na cidade de Porto Alegre, foi inaugurado em 1935 e está inserido no Parque Farroupilha. O arquiteto responsável pelo projeto foi Fernando Corona, que na época era projetista da firma Azevedo, Moura e Gertum, encarregada da realização da obra. Anteriormente conhecido como Escola Normal General Flores da Cunha, foi transferido para o edifício que está

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35015 Brazilian Journal of Development hoje em março de 1937, segundo IBGE. A edificação foi tombada pelo município em 1997 e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE) em 2006. Outro marco na história da radial Avenida Osvaldo Aranha é o Auditório Araújo Vianna (Figura 2D). Assim como o Instituto de Educação General Flores da Cunha também estabelece forte relação com o Parque Farroupilha. Foi concebido pelos arquitetos Carlos Maximiliano Fayet e Moacyr Moojen Marques durante o movimento de vanguarda da arquitetura moderna brasileira, em 1950. Quando decretada a desativação da primeira versão do auditório, que ficava na Praça da Matriz, os responsáveis técnicos tiveram que buscar um local para a sua implantação, desenvolver o projeto arquitetônico e administrar a obra. O auditório tem capacidade para 3500 pessoas e foi coberto por um pórtico metálico construído na década de 1990, este pórtico, logo depois passou a suportar uma cobertura rígida formada por treliças com forro de madeira termo acústico sobrepostas por uma manta de borracha, ao invés da antiga lona tensionada (Revista AU, 2017). A intenção foi mesclar a obra à paisagem do parque, com forte atuação da topografia e da geometria volumétrica, a nova cobertura interferiu visualmente nesse conceito. Assim como a Santa Casa de Misericórdia, surgiram outros hospitais de grande importância para a região. O Hospital de Pronto Socorro (Figura 2E), projeto de Paulo Aragão (Weimer, 1998), foi erguido em 1898 em um endereço diferente do atual: Avenida Montevidéu. Os serviços prestados foram inovadores no Brasil por volta de 1944, o Hospital dispunha de instrumentos para suturas, talas para fraturas, perdas de sangue, drenagens e até veículos de transporte com tração animal, bem como médicos e atendentes capacitados para o atendimento de urgência. Hoje, a unidade conta com 4.500 metros quadrados e sete pavimentos, possui salas de aula, biblioteca, sala de residência, bloco cirúrgico e farmácia hospitalar, bem como outras dependências (Conforme site oficial da instituição). Outro Hospital de grande relevância é o Hospital de Clínicas. Começou como um Hospital-escola em 1898 e passou por diversas redefinições projetuais desde então. O primeiro atendimento registrado foi no setor de Endocrinologia, em primeiro de fevereiro de 1972. Logo depois foi inaugurada a especialidade de Nefrologia e Urologia, bem como os primeiros transplantes de rins, em 1973 (Conforme site oficial da instituição). O bairro possui uma característica muito peculiar: a capacidade de reunir cultura e trazer pessoas para os arredores do Parque Farroupilha. Conhecido como Mercado do Bom Fim (Figura 2F), este conjunto de lojas é referência cultural, juntamente com o Brique da Redenção, de amplo significado para o bairro. Ambos configuram uma manifestação de grande vitalidade urbana ao lado do Parque mais antigo da capital. Pessoas de toda a cidade comparecem ao ambiente para desfrutar

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35016 Brazilian Journal of Development deste evento organizado pela própria população, que ocorre durante todo o final de semana e envolve artes plásticas, artesanato, antiquários e alimentação.

Figura 2 - Fotos do bairro Bom Fim e seus equipamentos públicos.

Fonte: D - Auditório Araújo Vianna. E - Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre. F - Mercado do Bom Fim e Igreja Santa Teresinha e do Santíssimo Sacramento ao fundo. Fotos de Juliana Conedera.

O Mercado do Bom Fim existe desde 1928 e estava localizado onde atualmente está o Hospital de Pronto Socorro, com 49 bancas. Dez anos depois, foi transferido para o Largo Dr. José Faibes Lubianca. Na década de 90, a prefeitura de Porto Alegre interditou o mercado, devido a riscos de desabamento e incêndio. Foi construído um novo prédio, inaugurado em 2000, com uma área de 670 metros quadrados (SMIC). Em um panorama religioso, destacam-se duas capelas no eixo. A Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim é a mais antiga, surgiu em 1867 e acabou estendendo o seu nome ao próprio bairro, valorizando a atuação como símbolo religioso no lugar. Foi restaurada, expressando o cuidado que a população local tem com o seu patrimônio. Há registros históricos que em 1870, devido à devoção que se instalava nos arredores, a Capela denominou o então Campo da Várzea, de “Campo do Bom Fim”, que em 1884 com a libertação de escravos, seria chamado de Campos da Redenção e em 1935 tornou-se conhecido como Parque Farroupilha. Até 1930, a própria Avenida Oswaldo Aranha era designada de Avenida Bom Fim. A Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim foi tombada pelo município de Porto Alegre e em 1983 sua restauração teve início (conforme Caderno de Restauro II - Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim, 1989). A restauração da Capela significou o resgate de uma função que o bairro precisava, bem como do valor arquitetônico ali presente. A pedra fundamental da Igreja Santa Teresinha e do Santíssimo Sacramento foi lançada em 1924, sua construção levou 6 anos. Localizada na Avenida José Bonifácio, possui caráter arquitetônico gótico e é projeto do frei Ciríaco de São José, arquiteto da ordem das carmelitas (Franco, 2012).

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Figura 3- Fotos do bairro Bom Fim e seus usos diversos. G - Instituto de Educação General Flores da Cunha.

Fonte: H - Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. I - Capela Nosso Senhor Jesus do Bom Fim. J - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. K - Igreja Santa Teresinha e do Santíssimo Sacramento. Fotos de Juliana Conedera.

A segunda capela de destaque é a Capela do Divino Espírito Santo, edificada em substituição à antiga, em estilo neogótico, que se situava ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora Madre de Deus, ambas demolidas em 1929 para no local construir a atual Catedral Metropolitana de Porto Alegre. O projeto da Capela foi solicitado pela Irmandade do Divino Espírito Santo, a ser construída na José Bonifácio, esquina Av. Bom Fim (atual Osvaldo Aranha), teve como arquitetos o austríaco Egon Weindorfer e o italiano Agnello Nilo de Lucca e a construtora Azevedo Moura & Gertum se responsabilizou por sua execução. Estes equipamentos (Figura 3) desempenham diversos papéis dentro do bairro, bem como fazem referência a própria localidade frente à cidade. Carregados de identidade, estes prédios contam a história local, expondo as consequências da urbanização em função das demandas urbanas ao longo dos anos do crescimento da capital, e preenchendo a rotina das pessoas. Construímos uma cidade em função da população que vive nela, considerando suas necessidades e anseios. O grande Parque Farroupilha distingue o cotidiano de quem mora no bairro Bom Fim, assim como todas as obras abordadas anteriormente, transforma a vida dos cidadãos e reafirma um presente em constante desenvolvimento, sem apagar o passado que se renova a cada dia.

4 A VERTICALIZAÇÃO E OS ANOS 50 Nas vias estruturais de Porto Alegre, as radiais, encontram-se edifícios de apartamentos que compõem uma paisagem urbana com características próprias, no que se refere à identidade dos bairros e aos modos modernos de morar, expondo as modificações feitas na cidade ao longo dos anos. Morar em apartamentos possuía, nas décadas de 1950 e seguintes, o significado de aliança ao progresso, instituindo hábitos que foram conquistados passo a passo, por meio de modificações e adequações às moradias tradicionais. No bairro Bom Fim o processo de mudanças na paisagem

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35018 Brazilian Journal of Development urbana, especialmente nos conjuntos de casas, muitas destas construídas por imigrantes italianos no início do século XX, destaca-se a verticalidade dos edifícios, na sua maioria de apartamentos projetados na metade do século XX. Dessa forma a paisagem moderna da arquitetura na Radial Avenida Osvaldo Aranha é configurada especialmente por alguns edifícios de apartamentos, poucos deles configurando conjuntos de edificações. Destacam-se, muitos exemplares situados na avenida em frente ao Parque Farroupilha, e outros exemplos importantes destes edifícios localizam-se na rótula da Avenida Venâncio Aires, esquina com a Radial em estudo. Dentre esses, destacam-se dois grupos de edifícios de apartamentos: as torres, edifícios cuja ênfase à verticalidade caracteriza os modos de morar nas alturas, enfatizando a modernidade urbana; e os edifícios modernos constituídos de volumes mais baixos, com cerca de cinco pavimentos, organizando uma paisagem urbana harmônica, cultivando a ideia de criar cidade com gabarito semelhante e expressivo quanto à modernidade de Porto Alegre. Entretanto são os edifícios em altura, as torres, que se apresentam em maior número, cerca de uma dezena. São edificações que cumpriram com a função de oferecer moradia aos grupos sociais que buscavam na localização o fácil acesso ao centro da cidade, usufruir dos benefícios oferecidos pela natureza abundante do Parque, assim como se sentirem entusiasmados com a sensação de modernidade ao habitar nas alturas. Entretanto, são projetos sem excepcionalidades com relação à arquitetura moderna, construções que, com mais de dez pavimentos, despontam no panorama visual do eixo. Na maioria das vezes ocupando as divisas dos terrenos, as torres da Avenida Osvaldo Aranha são importantes exemplares da arquitetura moderna que retratam os modos modernos de morar nas alturas. Todavia, no nível dos pedestres, o pavimento térreo é quase sempre ocupado por atividades comerciais e de prestação de serviços, o que estimula a ocupação da via tornando-a rica em vivências e sociabilidades urbanas nos café, bares e lojas. A inexistência dos pilotis confirma o uso e o trânsito diurno e noturno dos moradores do bairro e visitantes. Os Edifícios Caraíba, Jane, Los Angeles e Vienna, situados na Avenida Osvaldo Aranha, e os edifícios Milka e Juazeiro, situados na Avenida Venâncio Aires, junto à rótula da radial em estudo, são alguns dos grandes personagens que exemplificam a presença da modernidade nesta radial de Porto Alegre (Figura 4).

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Figura 4 - Fotos de Edifícios de apartamentos situados na Radial Avenida Osvaldo Aranha, ou próximos da radial.

Fonte: L - Condomínio Milka. Endereço: R. Augusto Pestana esq. Av. Venâncio Aires, 25. Foto de Juliana Conedera. M - Edifício Caraíba. Endereço: Av. Osvaldo Aranha, 244. Fonte: Google Maps. N - Edifício Jane. Endereço: Av. Osvaldo Aranha, 522. Fonte: Google Maps. O - Edifício Juazeiro. Endereço: R. Augusto Pestana esq. Av. Venâncio Aires, 10. Fonte: Google Maps. P - Edifício Los Angeles. Endereço: Av. Osvaldo Aranha, 828. Foto de Deivison Abreu. Q - Edifício Vienna. Endereço: Av. Cauduro, 11. Foto de Deivison Abreu.

5 HABITAÇÃO MODERNA, IDENTIDADE E MEMÓRIA O desenho inovador das fachadas principais dos edifícios de apartamentos determina uma nova fase na linguagem arquitetônica da paisagem da Avenida, o que não é novidade nas demais construções dedicadas à mesma função nas radiais de Porto Alegre. Os prédios possuem estrutura independente, conforme indica a cartilha moderna, expressam o esqueleto estrutural por meio do ritmo das aberturas e/ou pela malha estrutural e trazem sacadas, aberturas interessantes à composição e ao dia a dia dos moradores. Segundo a análise de Menegotto (2011), a busca por elementos novos persiste naquele contexto. Vários exemplares expressam outro tipo de linguagem, uma linguagem associada à modernidade, edificações que exaltavam elementos arquitetônicos oriundos do classicismo, sempre predominantes em habitações unifamiliares ou coletivas. Os ambientes e as conexões internas das casas e edifícios de apartamentos são muito semelhantes à configuração das pequenas casas implantadas em lotes estreitos dos oitocentos, mesmo com os modos de vida sofrendo alterações graduais ao longo do tempo. Uma das alterações pode ser observada nos edifícios em altura, na maioria dos casos, onde a situação dos dormitórios foi sendo priorizada, dispondo suas aberturas para as fachadas de frente. Quanto aos modos modernos de morar no século XX, surgem alterações na privacidade dos edifícios de apartamentos, relacionados à circulação horizontal e vertical que são compartilhadas

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35020 Brazilian Journal of Development por todos os usuários da edificação, principalmente os acessos às unidades habitacionais. Uma das grandes novidades na organização dos espaços do apartamento desde a década de trinta se dá na localização da área de serviço. Na distribuição do espaço, uma inversão torna-se frequente: a localização do setor de serviço torna-se próxima à entrada do apartamento e não mais nos fundos do mesmo, essa inovação possibilita uma ocupação mais eficiente do espaço. Importante destacar a busca da funcionalidade e privacidade aliada a uma continuidade espacial. Segundo Machado (1998), essa continuidade espacial entre diversos elementos seria um indício identificador de modernidade. Modernidade que segue um processo de desenvolvimento ao longo dos anos cinquenta e sessenta do século XX em Porto Alegre. Os Edifícios Caraíba, Jane, Los Angeles, Vienna e Embaixador Osvaldo Aranha, situados na radial Avenida Osvaldo Aranha, são alguns dos grandes personagens que exemplificam a presença da modernidade nesta radial de Porto Alegre (Figura 5).

Figura 5 – Edifícios selecionados para análise: Imagem das fachadas da Av. Osvaldo Aranha dos Edifício Caraíba, Jane, Los Angeles, Embaixador Osvaldo Aranha e Viena, da esquerda para a direita, respectivamente.

Fonte: Fotografias do Google Maps.

Figura 6- Mapa com a Implantação das edificações em estudo.

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda - 1 - Ed. Caraíba; 2- Ed. Jane; 3- Ed. Los Angeles; 4- Ed. Embaixador Osvaldo Aranha; 5- Ed. Viena.

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Quadro 1 – Quadro síntese das edificações em estudo.

OBRA LINGUAGEM/RESPONS. TÉCNICO ENDEREÇO FILME Ed. Caraíba Modernista Av. Osvaldo Aranha, 232 33211/54 Ed. Jane Modernista Av. Osvaldo Aranha, 522 32473 Ed. Los Angeles Modernista Av. Osvaldo Aranha, 824 6472 Ed. Viena Modernista - Max e Henrique Gutfreind Av. Cauduro, 11 Ed. Embaixador Osvaldo Aranha Modernista - Max e Henrique Gutfreind Av. Cauduro, 16 Fonte: Realizado pelas autoras.

5.1 EDIFÍCIO CARAÍBA (1954) O Edifício Caraíba está localizado na radial Avenida Osvaldo Aranha, número 232, foi construído no ano de 1954 na linguagem modernista, por Rfreitas & Wierzchowski. Possui 15 pavimentos no total, em sua base encontra-se loja e sobreloja, acesso ao residencial e acesso de garagem com dois pavimentos. Do 2º ao 14º pavimento localizam-se as unidades habitacionais, 5 unidades por pavimento com variados tamanhos (1,2 e 3 dormitórios). No 15º e último pavimento, está localizado o apartamento do zelador e terraço. A edificação conta com dois elevadores e uma escada que atende do térreo ao 15º pavimento. Não há distinção entre circulação social e de serviço, porém alguns apartamentos possuem acesso de serviço através da cozinha. As áreas sociais da base da edificação, lojas e acesso ao residencial, são diferenciadas das áreas de serviço através dos pilares circulares.

Quadro 2 – Quadro resumido com informações sobre o Ed. Caraíba

Fonte: Realizado pelas autoras com base no livro de Günter Weimer: Levantamento de projetos arquitetônicos Porto Alegre – 1829 a 1957.

Observando a implantação e a volumetria da edificação é perceptível que remata uma esquina importante de ligação com a Rua da Conceição, relacionando-se em altura com a torre presente na Rua Sarmento Leite. A volumetria acompanha a hierarquia de fachadas, trazendo para o interior da quadra as fachadas menos importantes e exaltando a fachada que está em frente a Avenida Osvaldo Aranha, a fachada principal. A fachada da rua da Conceição apresenta reentrâncias

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35022 Brazilian Journal of Development e saliências devido ao balanço das áreas de serviço (anexas a cozinha) em relação ao restante da edificação. A fachada principal da edificação possui em sua base as lojas, sobrelojas, o acesso ao residencial com planos de vidro e o acesso a garagem. Os pilotis com acabamento arredondados da fachada frontal se projetam em frente às lojas e ao acesso da edificação, criando uma proteção ao pedestre e oferecendo escala à base. O corpo da fachada principal apresenta revestimento com pintura e tijolos à vista. Nos dormitórios dos pavimentos tipo, nas extremidades, estão presentes pequenas sacadas pertencentes aos demais dormitórios dos apartamentos, o que gera uma leveza ao corpo da edificação, valorizando ainda mais a verticalidade do edifício. No pavimento térreo do Edifício Caraíba encontram-se diversos pilares circulares que não estão em sua totalidade dentro das paredes, indicando a intenção de planta livre, ou seja, uso de estrutura independente na edificação. Ainda, existem espaços dedicados a lojas, além da circulação vertical centralizada, com dois elevadores e uma escada. Os medidores, o lixo, os reservatórios e a garagem dividem o mesmo espaço, a parte leste do pavimento, onde os pilares, em sua maioria, são retangulares. A garagem destaca-se pela atitude moderna em seu projeto, possui dois pavimentos e está acomodada nos fundos, com acesso lateral, onde não perturba a fachada de maneira bruta e não perturba o acesso a parte residencial, bem como permite a convivência com as duas lojas no térreo, dividindo espaço também com parte da infraestrutura como reservatórios e máquinas.

Figura 7- Redesenho de planta baixa do Pavimento Térreo do Ed. Caraíba

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes em planta: 01- Loja; 02- Sanitários; 03- Hall acesso residencial; 04- Depósito de lixo; 05- Reservatório; 06- Bombas; 07- Medidores; 08- Estacionamento.

O pavimento tipo busca simetria em certos aspectos, sem interferir na funcionalidade do conjunto, o que é percebido na distribuição dos ambientes em planta baixa, apesar de não ser uma atitude rígida e inflexível. A partir da circulação vertical centralizada, dá-se o acesso à cozinha dos apartamentos, um toalete e uma despensa comum que está do lado da fora do apartamento mais próximo. Logo abre-se um estar ao lado da cozinha, mas não conectado diretamente a mesma. Ao

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35023 Brazilian Journal of Development fundo, os banheiros centralizados distribuem o morador para a área íntima, que envolve os quartos, e também para a área social, onde estão a cozinha e o estar.

Figura 8- Redesenho de planta baixa do Pavimento Tipo do Ed. Caraíba

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes em planta: 01- Sala de estar; 03- Cozinha; 04- Dormitório; 05- Banheiro social; 06- Despensa.

Figura 9- Plantas baixas originais dos pavimentos do Ed. Caraíba.

Fonte – Arquivo Municipal de Porto Alegre

Figura 10- Imagem da fachada da Av. Osvaldo Aranha do Edifício Caraíba

Fonte: Fotografias do Google Maps.

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5.2 EDIFÍCIO JANE (1956) O Edifício Jane está localizado na radial Avenida Osvaldo Aranha, número 522, foi construído no ano de 1956 na linguagem modernista, por Chwartzaman & Gerchman. Possui 12 pavimentos e na base, loja e sobreloja. A base do conjunto apresenta o acesso residencial centralizado, junto de dois pilares que o separam de duas lojas e sobreloja que o envolvem. Do 2º ao 12º pavimento estão as unidades habitacionais, quatro unidades por pavimento de variados tamanhos, possuindo três dormitórios ou dois dormitórios e sala de costura. A planta é distribuída de forma a buscar uma simetria, e os apartamentos possuem vestíbulo de acesso, os quartos são valorizados por estarem nas fachadas e não no interior da edificação. O edificício possui dois elevadores e uma escada, e não há distinção entre circulação social e de serviço.

Quadro 3 – Quadro resumido com informações sobre o Ed. Jane

Fonte: Realizado pelas autoras com base no livro de Günter Weimer: Levantamento de projetos arquitetônicos Porto Alegre – 1829 a 1957.

A sua implantação no terreno é diferenciada da edificação anterior. O Edifício Jane está em um meio de quadra, rodeado por outros edifícios, a oeste encontram-se prédios baixos, que trazem uma quebra de volumetria abrupta, já a leste, a altura dos volumes diminui gradativamente. O pavimento térreo conta com espaço para lojas, com o acesso residencial centralizado, dois pavimentos comerciais e não possui garagem. O pavimento tipo conta com sacadas salientes na fachada principal, circulação vertical centralizada na planta baixa, uma escada e dois elevadores. Há uma busca por simetria, visando a funcionalidade do todo, distribuindo os ambientes adequadamente. Na entrada dos apartamentos, próximo ao corredor comum de circulação horizontal, encontram-se o estar e o jantar, nesse momento já conectados, sem divisória direta ou paredes, o que indica uma inovação na relação entre quem cozinha ou se alimenta e quem permanece no estar. Há uma maior e melhor convivência, a questão de igualdade de direitos se reafirma, o que vai ser ainda mais impactante quando a cozinha passar a ser junto do estar, mais a frente no tempo.

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Novamente os banheiros estão centralizados e distribuem o usuário para os dormitórios, na área íntima, que se localiza a oeste na planta baixa, bem como levam de volta ao estar situado a leste.

Figura 11- Redesenho de planta baixa do pavimento tipo do Ed. Jane

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes da planta baixa: 01-Sala de estar; 02-Jantar; 03-Cozinha; 04- Dormitórios; 05-Banheiro Social; 06-Quarto de costura; 07-Despensa; 08-Sacadas.

A fachada principal da edificação, na Avenida Osvaldo Aranha possui em sua base lojas com sobreloja e o acesso ao residencial com planos de vidro e pilares aparentes no nível das lojas. Estão presentes no centro do corpo da edificação, na fachada principal, aberturas dos dormitórios de dois apartamentos dos pavimentos tipo. Nas extremidades, estão presentes pequenas sacadas pertencentes a outros dois dormitórios dos mesmos apartamentos, o que gera uma leveza ao corpo da edificação valorizando ainda mais a verticalidade do edifício. E as linhas horizontais das vigas, valorizadas pelo vazio das sacadas, marcam claramente os pavimentos. Por caracterizar-se como um edifício de meio de quadra, as fachadas norte, leste e oeste são menos valorizadas e permanecem menos destacadas quanto à sua composição e revestimentos.

Figura 12 – Modelagem 3D do Pavimento Tipo do Edifício Jane

Fonte: Realizado pelas autoras.

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Figura 13- Maquete física do Pavimento Tipo do Edifício Jane de plástico imprimida em uma impressora 3D a partir da modelagem computadorizada.

Fonte: Realizado pelas autoras.

Figura 14 - Imagem da fachada da Av. Osvaldo Aranha do Edifício Jane

Fonte: Fotografias das autoras e do Google Maps.

Figura 15- Planta baixa original do Pavimento Tipo do Ed. Jane.

Fonte: Arquivo Municipal de Porto Alegre

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5.3 EDIFÍCIO LOS ANGELES (1957) O Edifício Los Angeles está localizado na radial Avenida Osvaldo Aranha, número 824, em lote de meio de quadra, de autoria de Chwartzmann & Gerchman LTDA, no ano de 1957. O térreo reconhece o caráter comercial da movimentada Avenida Osvaldo Aranha, onde abriga duas generosas lojas de dois pavimentos que ladeiam o acesso do edifício, que se encontra centralizado na fachada principal.

Figura 16- Redesenho da planta baixa do 2º Pavimento do Ed. Los Angeles realizado pelas autoras.

Legenda dos ambientes: 01-Sala de estar/jantar, 02-Cozinha, 03-Depósito, 04- Dormitórios, 05-Banheiro social, 06- Comedor, 07-Sacadas.

Logo após as lojas, no piso nomeado de 2º pavimento, inicia-se a distribuição dos apartamentos residenciais, que se destacam por possuir generosas sacadas nas fachadas leste - oeste. Ora sacada, ora área de serviço, os apartamentos voltados à face oeste da edificação e um dos apartamentos a leste fazem desta zona descoberta uma grande sacada integrada à sala de estar do apartamento, enquanto uma das unidades ocidentais utiliza o setor da planta como área de serviço, por possuir a sua sala conectada à fachada sul, que se encontra orientada para o parque Farroupilha. Orquestrados por uma circulação vertical de uma escada ao lado de dois elevadores ao sul da implantação temos dois apartamentos de dois e três dormitórios, dois de dois dormitórios ao norte e um em frente ao bloco de circulação, na fachada oeste, com distribuição simplificada em relação aos demais apartamentos. Explorando o corredor de circulação que conecta os apartamentos, observamos que três dos apartamentos possuem entradas distintas de caráter social e serviço e dois dos apartamentos possuem um único acesso, porém logo ao adentrar o apartamento, o vestíbulo de acesso já setoriza a área social e de serviço da residência, deixando esta distinção funcioanal bastante clara.

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Ao Sul, temos um dos apartamentos com três dormitórios, sendo destes três dormitórios, dois voltados à fachada sul, com a bela visual que revela suas janelas para o Parque Farroupilha, e os outros quatro apartamentos com apenas dois quartos, sempre locados nas fachadas. Ao adentrar, pelo único acesso da unidade, no apartamento com três dormitórios, na face sul da edificação, notamos a divisão clara da moradia em área de serviço, estar e íntimo, com a grande sala integrada à generosa sacada, antes mencionada, descoberta na fachada oeste. A mesma sacada integra-se também ao bloco de serviços do apartamento, composto por cozinha, sanitário de serviço e depósito. Já a área íntima possui dois quartos, localizados na fachada sul da edificação, que recebem o aporte da bela vista para o Parque Farroupilha, enquanto o outro quarto possui abertura para a sacada. No apartamento de dois dormitórios mais ao sul da implantação, observamos três portas de acesso. Uma para o setor social – sala de jantar, onde eram realizados os eventos e jantares para convidados especiais; outra para o “comedor” – destinado também a refeições, de cunho mais íntimo e familiar; e a terceira para um generoso vestíbulo de serviço que conecta “comedor”, cozinha e saleta, estas que por sua vez se abrem diretamente para a sacada da fachada leste que também abriga um grande depósito e sanitário de serviço. O acesso social do apartamento chega à sala de jantar integrada a sala de estar – que apresenta sacada voltada para o Parque Farroupilha -, integração esta muito avançada para a sua época. Da área social do apartamento está uma porta, que leva a um pequeno corredor, que setoriza a área social, composta por dois dormitórios ladeados pelo banheiro social. O apartamento localizado em frente à circulação vertical do edifício, na fachada oeste, possui planta ortogonal bastante simplificada. Seu acesso social se dá por meio de pequeno vestíbulo que direciona para o setor íntimo - composto por dois dormitórios ladeando o sanitário social distribuídos em pequeno corredor - ou para o setor social, composto pela sala de estar. A sala, por sua vez, conecta-se com a cozinha que possuí acesso independente de serviço. A sala e a cozinha se abrem para a sacada da fachada oeste que se estende por toda extensão do apartamento. O apartamento vizinho à unidade habitacional do miolo do edifício volta-se principalmente para a fachada norte. Possui somente um único acesso, porém como já descrito anteriormente, o vestíbulo de acesso direciona o visitante para a área de serviço, composta por cozinha e sanitário voltados à sacada de serviços da fachada oeste ou para a sala social, direcionada para um pequeno corredor que abriga o setor íntimo do apartamento – composto por dois dormitórios e sanitário social.

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O outro apartamento a ocupar a fachada norte, já possui dois acessos distintos: o de serviço, com ligação para a cozinha e que se conecta a área de serviço onde se articula também o depósito e sanitário de serviço; e o acesso social, que oferece ligação para a sala. A área íntima do apartamento adota a mesma solução dos demais apartamentos: um pequeno corredor conectado à sala que atende dois dormitórios e o sanitário social.

Figura 17- Redesenho da planta baixa do Pavimento Tipo do Ed. Los Angeles

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01 – Sala de estar/jantar, 02 – Cozinha, 03 – Depósito, 04- Dormitórios, 05- Banheiro social, 06 – Sacada.

Do 3º ao 15º pavimento está localizado o pavimento tipo, que é muito similar ao 2º pavimento, porém sem as generosas sacadas das fachadas leste - oeste. Todas as plantas baixas dos apartamentos se mantêm, exceto do apartamento de dois dormitórios localizado na fachada sul da edificação, que agora passa a abrigar três dormitórios. A cozinha deste apartamento situado no pavimento inferior, localizada na fachada leste, é deslocada para a divisa com o corredor, ocupando o local onde antes havia o vestíbulo de serviço. A sala que antes abrigava o generoso comedor passa a abrigar parte do novo dormitório e da copa que se conecta a cozinha. O terceiro dormitório ocupa parte da fachada leste da edificação.

Figura 18- Imagem da fachada da Av. Osvaldo Aranha do Edifício Los Angeles demonstrando amarcação de base e corpo presente na torre.

Fonte: Fotografias das autoras.

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A fachada do Edifício Los Angeles possui base e corpo bastante demarcados. Sua base é composta pelos dois pavimentos de comércio e apresenta os pilares demarcando a estrutura. Os fechamentos em vidro com esquadria metálica do segundo pavimento das lojas se destacam por sua linguagem moderna. O corpo da edificação, que abriga os apartamentos, avança em relação à base, fortalecendo ainda mais a separação da fachada em duas grandes partes. O corpo da edificação é bastante discreto, recebendo maior destaque na faixa central vertical, que abriga as sacadas da sala de estar de um dos apartamentos, que se projeta levemente em relação ao plano construído.

Quadro 4 – Quadro resumido com informações sobre o Ed. Los Angeles.

Fonte Realizado pelas autoras com base no livro de Günter Weimer: Levantamento de projetos arquitetônicos Porto Alegre – 1829 a 1957.

5.4 EDIFÍCIO VIENA (1959) O Edifício Viena, projetado em 1959 com forte linguagem modernista, de autoria de Henrique e Max Gutfreind, está implantado no número 11 da Avenida Cauduro, na esquina com a Avenida Osvaldo Aranha, em frente ao Auditório Araújo Viana, num dos principais eixos do Parque Farroupilha.

Figura 19- Redesenho da planta baixa do Pavimento Térreo do Ed. Viena.

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Loja, 02- Sanitários, 03- Hall acesso residencial, 04- Incinerador / depósito de lixo, 05- Reservatrório, 06- Área externa.

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Figura 20- Redesenho da planta baixa do Pavimento Tipo do Ed. Viena.

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Sala de estar, 02- Cozinha, 03- Despensa, 04- Área de serviço, 05- Comedor, 06- Dormitórios, 07- Banheiro social, 08- Sacada.

O Edifício possui Bloco A e B, com funcionamentos completamente independentes, e separados fisicamente somente por junta de dilatação. O Bloco A é uma torre de 14 pavimentos locada na esquina das duas avenidas e o Bloco B, uma edificação com 6 pavimentos localizada na Av. Cauduro.

Quadro 5 – Quadro resumido com informações sobre o Ed. Viena.

Fonte: Realizado pelas autoras com base no livro de Günter Weimer: Levantamento de projetos arquitetônitecos Porto Alegre – 1829 a 1957.

O Bloco A O bloco A apresenta em sua base generosas lojas, o acesso à edificação e parte da infraestrutura da torre. Do 2º ao 14º pavimento estão localizadas três unidades habitacionais por andar de dois e três dormitórios. Junto à casa de máquinas se localiza o apartamento do zelador com dois dormitórios.

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Figura 21 – Redesenho da planta baixa do Pavimento térreo do Bloco B - Ed. Viena.

Fonte: Realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Loja, 02- Sanitário comércio, 03- Hall acesso residencial, 04- Incinerador de lixo, 06- Área externa.

O pavimento térreo da torre abriga duas amplas lojas voltadas para a Avenida Osvaldo Aranha, possuindo a loja de esquina abertura para ambas as avenidas. Na Avenida Cauduro, se dá o acesso aos apartamentos da torre por um nobre hall, com bloco de circulação vertical dotado de uma escada e dois elevadores, localizados em um patamar superior em relação ao acesso da edificação. Próximo à escada de acesso aos pavimentos se encontra o incinerador de lixo com conexão para uma pequena área externa no limite leste do terreno. Há ainda uma terceira loja no bloco com acesso voltado para a Avenida Cauduro, ao lado do hall de acesso da edificação.

Figura 22- Redesenho da Planta baixa do Pavimento Tipo do Bloco A - Ed. Viena.

Fonte: Efetuado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Sala, 02- Cozinha, 03- Despensa, 04- Área de serviço, 06- Dormitório, 07- Banheiro social, 08- Sacada.

O pavimento tipo do Bloco A possui três apartamentos por andar. Não há distinção de circulação social e de serviço na edificação, porém todos os apartamentos possuem acesso social por meio de vestíbulo e acesso de serviço por meio da cozinha. Dois apartamentos possuem três

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35033 Brazilian Journal of Development dormitórios e um apartamento possui dois. Todos os apartamentos contam com um banheiro social – localizado próximo aos dormitórios, no setor íntimo da habitação, living, cozinha com despensa, área de serviço e banheiro de serviço. As relações entre os ambientes e os fluxos internos dos apartamentos são variadas, visto que cada apartamento possui uma planta única, ainda que bastante similares. O apartamento voltado para a Avenida Osvaldo Aranha, que ocupa a totalidade da fachada sul, se difere dos demais por possuir maior metragem, “comedor” integrado ao living e sacada em um dos dormitórios e no living.

Figura 23- Fotografia da fachada do Bloco A do Ed. Viena.

Foto esquerda fonte: autoras e foto direita fonte: Google Street View.

A torre do Bloco A se distingue do entorno imediato a leste por sua verticalidade e se relaciona com a torre do Edifício Los Angeles a oeste. Possui uma marcação de base e corpo e um reconhecimento de esquina com um chanfro ao longo de toda a edificação. A base possui amplas lojas, protegida por marquise, se estende ao longo dos dois blocos, com marcação dos pilares bem definidos na fachada do térreo. O corpo da torre é marcado por uma grelha, que destaca o jogo de cheios e vazios formados pelas sacadas da fachada voltada ao Parque Farroupilha. A cerâmica de tons azuis que reveste a torre ganha destaque com o avanço da grelha em relação ao plano que revestem. A fachada da torre localizada na Avenida Cauduro também possui grelha destacando os cheios e vazios do projeto,

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35034 Brazilian Journal of Development porém o que recebe maior destaque são os planos alaranjados de cobogós cerâmicos que ventilam as áreas de serviço.

O Bloco B O bloco B apresenta em sua base duas generosas lojas ladeando o acesso à edificação e uma pequena parte de infraestrutura. Do 2º ao 6º pavimento estão localizadas duas unidades habitacionais por andar, de dois e três dormitórios.

Figura 24- Redesenho de planta baixa do Pavimento Térreo do Bloco B - Ed. Viena.

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01 – Loja, 02- Banheiro comércio, 03- Hall acesso residencial, 04- Depósito de lixo, 05- Reservatório.

O Bloco B também possui térreo com forte caráter comercial, apresentando o acesso ladeado por duas generosas lojas. O acesso à edificação é mais simplório se comparado ao Bloco A, não possuindo um hall de acesso, mas sim um corredor que direciona para o bloco de circulação vertical, composto por elevador em frente à escada, que por sua vez é ladeada pelo depósito de lixo.

Figura 25 - Redesenho da planta baixa do Pavimento Tipo do Bloco B - Ed. Viena.

Fonte: Efetuado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01 – Sala, 02- Cozinha, 03- Despensa, 04- Área de serviço, 06- Dormitório, 07- Banheiro social.

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No pavimento tipo apresentam-se dois apartamentos por andar, onde um deles possui três dormitórios e outro dois. O apartamento de três dormitórios deste bloco se difere dos demais apartamentos do Edifício Viena por não possuir acesso social e de serviço separados. Assim como o outro apartamento do mesmo bloco, possui living, banheiro social, cozinha, despensa, área e banheiro de serviço.

Figura 26 - Imagem das fachadas da Av. Cauduro do Bloco B (esq.) e Bloco A (dir.)

Fonte: Google Street View.

O Bloco B também apresenta em sua fachada frontal grelhas iguais ao Bloco A, mantendo os mesmos alinhamentos horizontais e sugerindo continuidade nos volumes, visto que visualmente não há separação entre os distintos blocos, gerando um plano contínuo. O Bloco B apresenta duas faixas de cobogós cerâmicos que são responsáveis pela ventilação dos sanitários dos apartamentos da planta tipo.

5.5 EDIFÍCIO EMBAIXADOR OSVALDO ARANHA (1966) O Edificio Embaixador Osvaldo Aranha, projetado por Henrique e Max Gutfreind, datado de 1966, situado no número 16 da Avenida Cauduro esquina com a Avenida Osvaldo Aranha possui dois blocos separados por um vazio de 4,8m.

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Figura 27- Redesenho da planta baixa do Pavimento Térreo do Ed. Embaixador Osvaldo Aranha.

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Loja, 02- Banheiro comércio, 03- Hall acesso residêncial, 04- Garagens. 05- Contadores, 06- Bombas, 07- Reservatório.

Figura 28- Redesenho da planta baixa do Pavimento Tipo do Ed. Embaixador Osvald Aranha.

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01 – Sala, 02- Cozinha, 03- Dormitório de empregada, 04- Dormitório, 05 – Banheiro social, 06- Área de serviço, 07- Sacada.

O Bloco A, com tipologia de torre – oito pavimentos -, está situado na esquina das Avenidas e o Bloco B está locado na Avenida Cauduro com tipologia de bloco, com quatro pavimentos, terraço jardim e garagem no seu térreo com 18 vagas de estacionamento, o que demonstra funcionalidade moderna e arrojada para a época.

Quadro 6 - Quadro resumido com informações sobre o Ed. Embaixador Osvaldo Aranha.

Fonte: Realizado pelas autoras com base no livro de Günter Weimer: Levantamento de projetos arquitetônicos Porto Alegre – 1829 a 1957.

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Bloco A

Figura 29- Redesenho da planta baixa do Pavimento Térreo do Bloco A - Ed. Embaixador Osvaldo Aranha.

Fonte: realizado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Loja, 02- Banheiro comércios, 03- Hall acesso residencial, 04- Garagem, 05- Contadores, 06- Bombas, 07- Reservatório.

No pavimento térreo da torre há uma generosa loja que ocupa toda a extensão da fachada da Avenida Osvaldo Aranha, ladeando a loja, na Avenida Cauduro está o acesso ao hall residencial, em frente à circulação vertical do Bloco A e à área técnica da edificação. Já ao lado do hall de acesso da torre, há três vagas de garagem com acessos individuais e sem conexão direta ao hall do edifício. O espaço vazio de 4,8m que separa os blocos do edifício serve como entrada para garagem para mais nove veículos e atende ambos os blocos.

Figura 30- Redesenho do Pavimento Tipo do Bloco A - Ed. Embaixador Osvaldo Aranha.

Fonte: efetuado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Sala, 02- Cozinha, 03- Quarto de empregada, 04- Dormitório, 05- Banheiro social, 06- Área de serviço, 07- Sacada.

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Do 2º ao 8º pavimento da edificação estão localizados dois apartamentos por andar com acesso social e de serviço - que se dá pela cozinha - distintos. Cada apartamento possui três dormitórios, sala de estar - ou living room, como descrito na planta original -, um banheiro social, generosa cozinha, área de serviço, dependência de empregada e banheiro de serviço. Os apartamentos com frente para a Avenida Osvaldo Aranha destacam-se por suas exuberantes vistas que contemplam o Parque Farroupilha. Estes possuem uma sacada em L, que é compartilhada por um dormitório e pela sala social.

Figura 31- Imagem do Bloco A do Ed. Embaixador Osvaldo Aranha localizado na esquina das Avenidas Osvaldo Aranha e Cauduro.

Fonte: Foto das autoras.

A torre reconhece a esquina com sua volumetria marcada por um chanfro que segue por toda a altura da edificação, valorizado pela presença de parte metálica vazada em guarda corpo da sacada, ao invés do padrão em alvenaria, possibilitando ao pedestre a observância do tratamento de fachada dada à esquina por completo. O pavimento térreo possui um ritmo bem marcado conforme pilares aparentes na fachada, tendo uma grande loja voltada para a Avenida Osvaldo Aranha, reconhecendo assim o seu caráter comercial. Para a Avenida Cauduro, ao lado da loja está o hall social sucedido por três entradas independentes dos estacionamentos, unidos por uma marquise que se arredonda na esquina e prolonga-se por toda a base da torre, possibilitando dessa maneira, a variação da fachada visto que se trata de uma Avenida de pequena escala, aproximando dessa maneira, a escala humana ao edifício. A partir do segundo pavimento há uma forte marcação de linhas horizontais dada pela continuidade dos fechamentos de parte da sacada e que fornecem um forte ritmo a edificação,

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35039 Brazilian Journal of Development fazendo assim a marcação dos pavimentos. A fachada da Avenida Cauduro segue os mesmos princípios compositivos, tendo a única diferenciação dada pelo plano de cobogós cerâmicos no tom natural do barro, que, ainda que interrompido pelas linhas horizontais contínuas da fachada, valoriza a verticalidade da edificação e relaciona-a com o Edifício Embaixador Osvaldo Aranha localizado em frente a edificação, que por sua vez, também faz uso da parede de cobogós em tons terrosos.

O Bloco B

Figura 32- Redesenho da planta baixa do Pavimento Térreo do Bloco B - Ed. Embaixado Osvaldo Aranha.

Fonte: efetuado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 03- Hall de acesso residecial, 04- Garagem.

O Bloco B, implantado na Avenida Cauduro, não possui caráter comercial em sua base, tendo no térreo o acesso à edificação centralizado e ladeado por três vagas de garagem fechadas independentes de cada lado. É importante ressaltar que a circulação vertical deste bloco se dá somente por meio de escada.

Figura 33- Redesenho do Pavimento Tipo do Bloco B do Ed. Embaixador Osvaldo Aranha.

Fonte: efetuado pelas autoras. Legenda dos ambientes: 01- Sala, 02 – Cozinha, 03- Quarto de empregada, 04- Dormitórios, 05- Banheiro Social, 06- Área de serviço.

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A planta baixa tipo deste Bloco é simétrica, possui dois apartamentos por andar que apresentam a mesma solução arquitetônica. Ambos possuem dois acessos, um social, e outro de serviço, onde o acesso social faz-se pela sala de estar e o de serviço, diretamente pela cozinha. Ainda em planta, o apartamento contempla três dormitórios, sanitário e a sala, já citada, para o setor social. No zoneamento de serviço, os modos de morar contemplam a cozinha, uma pequena área de serviço que conecta o sanitário e o dormitório de empregado.

Figura 34- Fotografia da fachada principal do Bloco B do Ed. Embaixador Osvaldo Aranha localizado na Av. Cauduro

Fonte: Google Street View.

A fachada deste Bloco relaciona-se diretamente com a fachada do Bloco B do edifício Viena, localizado no terreno em frente. Os pilares do pavimento térreo estão aparentes e situam-se avançados em relação aos fechamentos em madeira das garagens, dando um forte ritmo à fachada. A grelha, com predominância de linhas horizontais, avança sobre o plano de cobogós cerâmicos que reveste a parede da circulação vertical, relacionando os dois Blocos do Edifício Embaixador Osvaldo Aranha entre si e também com o Edifício Viena, de mesma autoria, formando um importante conjunto para a esquina das Avenidas Osvaldo Aranha e Cauduro.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os novos modos de morar precisaram conviver com realidades já existentes no espaço das cidades. Em Porto Alegre, e na Radial Avenida Osvaldo Aranha, havia espaços já consagrados e tradicionais; edifícios antigos e de importância social e religiosa para a comunidade, e que desde a abertura da rua propuseram o desenvolvimento local; ali também existiam espaços abertos, com marcantes acontecimentos ao longo de sua história. Quando se fala em equipamentos públicos e edifícios privados da década de cinquenta na Avenida Osvaldo Aranha, não se pode deixar de relacionar com as expressões: tradição e modernidade. Que o edifício de habitação coletiva nos bairros de Porto Alegre era uma novidade

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35041 Brazilian Journal of Development neste período não se tem dúvida. Porém, vários aspectos novos apareceram com relação aos já existentes em Porto Alegre. Foram integrados aos hábitos já tradicionais da sociedade porto- alegrenses, inserindo novas rotinas ao cotidiano familiar. Os equipamentos de diversos tipos e funções instalados no bairro, mantém a identidade e representatividade da comunidade da própria localidade frente à cidade. Imbuídos de identidade, estes prédios contam a história local, expondo as consequências da urbanização em função das demandas urbanas ao longo dos anos do crescimento da capital, e preenchendo a rotina das pessoas. A vegetação presente na radial é memorável e agrada aos olhos, o renque de palmeiras acompanha a lógica da radial vizinha, a Avenida João Pessoa, reforçando sua importância na identidade cultural e memória social. Nas vias estruturais de Porto Alegre apresentam-se edifícios de apartamentos que compõem uma paisagem urbana com características próprias de um modo de morar moderno. As radiais expressam a modernidade vivenciada pela sociedade gaúcha dos anos de 1950, entre outros aspectos, por meio de seus edifícios de apartamentos. Os modos de morar em apartamento foram conquistados passo a passo por meio de alterações às moradias tradicionais. Embora seja identificada uma volumetria urbana de forte descontinuidade na Radial Avenida Osvaldo Aranha, o tema nos instiga com muitas e diferentes indagações sobre um saber viver na modernidade, próprio de um período, que caracterizou um estilo de vida. Progresso, inovações, movimento, urbanidade e sociabilidades modernas eram condições específicas e almejadas por habitantes de cidades brasileiras, tais como Porto Alegre, na metade do século XX. É preciso compreender o passado para criar cidades adequadas e coerentes. A arquitetura deve voltar às suas origens para se manter original.

Figura 35 – Fotografia do eixo de palmeiras da Avenida Osvaldo Aranha.

Fonte- Cesar Lopes/PMPA

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