ANO 4 - Nº 12

ANO 4 - Nº 12 Tomie Ohtake

Uma homenagem aos cem anos da artista plástica que dá nome ao famoso instituto que ilustra esta capa VIVER BEM NUNCA SAI DE MODA .

IMAGEM ILUSTRATIVA

PISCINA OÁSIS

2, 3 OU 4 QUARTOS NO CONDOMÍNIO MAIS EXCLUSIVO DO RECREIO - RJ

A Queiroz Galvão traz para o Rio de Janeiro um condomínio para quemm tem personalidade, exatamente como você. Com uma área de lazer especialmentemente desenvolvida para quem tem estilo. Perto da Av. das Américas, uma das mais importantes avenidas da região e, ao mesmo tempo, longe do barulho,o, com toda a estrutura que o Recreio oferece.

Rua Aldemir Martins, 1.740 - Bairro do Recreio - RJ www.livresidence.com.br Ligue: (21) 3527-0777

www.qgdi.com.br QUALIDADE - SOLIDEZ - CREDIBILIDADE

Todas as perspectivas e plantas contidas neste material são meramente ilustrativas, podendo sofrer alteração de cor, formato, textura, posição, acabamento, metragem. A vegetação será entregue conforme PARA MORAR. especifi cado no projeto do empreendimento, sendo as suas imagens meramente representações da futura fase adulta das espécies. As especifi cações estão contidas no memorial descritivo. Os instrumentos posteriores a serem fi rmados pelos clientes prevalecerão sobre quaisquer especifi cações constantes deste material. Projeto legal aprovado sob o nº 24/0900/2013 A. PREO: Pedro Gomes da Cunha – CREA: RJ PARA VIVER. 162545-D. PRPA: Afonso Kuenerz CREA 43397-D. O empreendimento só será comercializado após o registro do Memorial de Incorporação no Cartório de Registro de Imóveis na forma da Lei nº 4.591/64. CRECI/1195 E xpeditente

Queiroz Galvão

Diretor-presidente: Frederico Pereira

Diretores Corporativos: Administrativo: Arno Stupp Engenharia: Henrique Suassuna Fernandes Financeiro: Fernando Roberto Bitu Moreno Produtos / Projetos: Ricardo Costa Carvalho de Gusmão

Regionais: Regional PE: Múcio Pires de Souto Regional SP: Carlos Roberto Morais Coimbra Regional BA: Luiz Pimentel Regional RJ e DF: Pedro Gomes da Cunha

Editora

JB Pátria Editora Ltda. Presidente: Jaime Benutte Diretor: Iberê Benutte Administrativo / Financeiro: Gabriela S. Nascimento Circulação: Patricia Torre

Premium Magazine

Publisher: Jaime Benutte Conselho editorial: Carol Boxwell, Carol Neves, Cintia Carneiro, Germana Monte, Natália Di Pietro, Michaella Baratz e Ricardo Leal

Editora: Kelly Souza Estagiário da redação: Matheus Jacob Barreto

Projeto gráfico e arte: Belatrix Ltda. Diretor de arte: Marcelo Paton Designer: Sandro Silva

Colaboradores: Amanda Sampaio, Manoela Ferreira, Mauro Nakata, Monalisa Vasconcelos e Vanessa Kiyan

Impressão: Gráfica Santa Marta

Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações, Anatec.

A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma publicação trimestral da JB Pátria Editora Ltda. www.patriaeditora.com.br

Fale Conosco: Queremos fazer uma revista cada vez melhor para você. Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail [email protected]

Os textos assinados são responsabilidade dos seus autores, que não estão autorizados a falar pela revista.

4 E ditorial

ma das inúmeras definições para a palavra arte diz respeito à habilidade de executar algo prático, de forma consciente e racional - outra possibilidade designa o talento, a contri- buição própria da inteligência de um artista.

Podemos, então, dizer que esta edição da revista Premium está permeada de arte. A começar pela participação do renomado designer Zanini de Zanine, que indica quais ob- jetos ele considera mais interessantes no mundo do Design.

Em Brasileiros Ilustres, temos um bate-papo com Antonio Nóbrega, multiartista nascido em Pernambuco na década de 50, que mostra sua versatilidade por meio do canto, da dança e da interpretação.

A chamada primeira arte também aparece: a música é tema das matérias sobre os gran- des musicais estrangeiros que passaram pelo Brasil e de filmes que possuem trilha sonora inesquecível.

Para coroar esta edição, escrevemos pinceladas sobre a vida e a rotina da artista plástica japonesa Tomie Ohtake, que fará cem anos em novembro. Tomie é naturalizada brasileira desde a década de 1960 e, com seu trabalho, ajudou a difundir a arte abstrata por aqui.

E como viver bem também é uma arte, incluímos uma matéria especial sobre cidadania, com dicas do que podemos fazer para melhorar a convivência urbana.

Espero que aproveitem.

Frederico Pereira Diretor-presidente

Premium 5 S umário

Brasileiros Ilustres Decor Paisagismo

14A pluralidade de 26Decore a casa Despertar30 os Antonio Nóbrega, sem sair do sofá: cinco sentidos em multiartista e-commerces de diferentes pessoas seduzido pela decoração estão é o objetivo dos cultura popular cada vez mais jardins sensoriais brasileira populares

Capa: Tomie Othake

Foto: Divulgação e ainda...

8 Spot 12 Top 5 20 Arte ContemporâNea 24 Luxo 44 Guia do viajante Poltronas Zanini de A admiração de Carlos Especialistas assinadas Zanine prioriza profissionais da arquitetura Ferreirinha, ensinam a por designers designers especialista no montar a mala e do design pelas renomados e brasileiros ao marketing para de forma prática objetos com indicar os cinco cidades que colaboram a classe A, fala e com itens material bem objetos que ele com seus trabalhos sobre o desejo básicos trabalhado mais gosta de consumo

6 Capa Destino Arquitetura

36 40Coimbra 58Conheça cinco A vida dela renderia infinitas conversas, democrática: agrada dos 12 estádios mas foi necessário casais, jovens brasileiros que resumir em apenas animados, amantes sediarão jogos na uma matéria: confira de história e do Copa do Mundo de pinceladas dos paladar adocicado 2014 cem anos de vida de Tomie Ohtake

52 Gourmet 56 Bem viver 62 Queiroz Galvão 74 Art Cinema 78 Art Cultura 82 Habitar Aniversários pelo Você é um Empreendimentos Trilha sonora O Brasil no Estamos descobrindo mundo: nativos cidadão de alto-padrão e para cinema circuito dos os prazeres de partir. de diferentes exemplar? Veja da linha Slim da exige um grandes musicais: O que, graciosa países contam o como melhorar o construtora conjunto de célebres peças e gratuitamente, que costumam convívio coletivo são lançados ações para ficar internacionais que nos devolve a beber e comer em grandes na memória dos chegaram aos aconchegante na data cidades em cinco cidades espectadores palcos brasileiros sensação de voltar

Premium 7 S pot

Octogenária A poltrona Cité foi criada em 1930 em uma competição para equipar a residência estudantil da Cité Universitaire de Nancy e, oito décadas depois, ainda tem ares modernos. É uma das obras-primas do início da carreira do designer francês Jean Prouvé. O próprio teve uma dessas poltronas na sala de sua casa. A peça é formada por uma moldura de chapa de aço, encosto e assento de tecido ou couro, e tem 83 centímetros de altura, 68 de largura e 95 de profundidade. À venda na Riccó. Preço sob consulta.

Peças únicas Os produtos da Dinosaur Designs, empresa australiana na vanguarda criativa desde 1985, costumam intrigar, seja pela beleza, seja pela inovação. No caso dos novos produtos da marca, as duas coisas: uma coleção de vasos que mistura resinas e se caracteriza por linhas irregulares e suaves impressões de dedos – o que os torna peças únicas. A coleção tem a direção artística assinada por Louise Olsen e Stephen Ormandy. À venda na Benedixt. Preço sob consulta.

Raiz de Aço Famoso desde os anos 90 por trabalhar com grandes marcas, como Louis Vuitton, Apple, Nike e Bic, o celebrado designer francês Ora-Ïto se uniu à marca Christofle para criar itens para o lar. O resultado é a coleção Arborescence, que contempla diferentes itens para a casa, como mesa, candelabro e pedestal. Prima pela elegância e harmonia dos objetos, que formam uma bonita composição no ambiente. À venda na Christofle. Preço sob consulta.

8 PARA VOAR MAS PODE SENTAR O banco Bird é um exercício para a imaginação: a peça é plana e rígida em seu centro, mas à medida que se chega às suas extremidades, o visual minimalista dá lugar ao caótico. Essa transição gradual nos remete à busca pela liberdade, aos voos da imaginação – daí o nome da peça, “pássaro”. Projetada pelo paranaense Henrique Serbena. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta.

Reinvenção O sofá K2, do designer italiano Alessandro Mendini, é uma nova interpretação do sofá Kandissi (1979), feito pelo mesmo autor, mas concebido com formas diferen- tes. O K2 tem revestimento contemporâneo, de laca, e utiliza madeira amazônica e polietileno. Somados às cores e formas, resultam num sofá moderno, chama- tivo e belo. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta.

Abrasileirado O italiano Paolo Ullian criou o banco Row pensando nos brasileiros e na concepção que o designer tem deles: um povo otimista, que sempre agrega pessoas e valores novos, e acolhe quem pode e não pode. Assim, a peça foi feita para ser maleável, que pode se alongar e encurtar dependendo da necessidade, e que acolhe cada vez mais gente à medida que é esticado. A peça até rendeu ao designer uma menção honrosa no prêmio italiano Compasso d’Oro, que tem grande autoridade no país. À venda na A Lot Of. Preço sob consulta.

Premium 9 S pot

Charles Eames mirim Referência no mundo do design, o casal Charles e Ray Eames deixou um legado criativo que, felizmente, parece não ter fim. A Mesa Torre Infantil é a versão kids da Mesa do Casal, projetada pela dupla. Simples, a peça tem base de inox e tampo de madeira, com acabamento de fórmica. São 60 centímetros de diâmetro e 49 de altura. O tampo tem como opções de cor o azul, o amarelo e o rosa. À venda na Le Design. Preço sob consulta.

Vrumm... Para as crianças que adoram automobilismo – ou os pais que dão um empurrãozinho -, as pratelei- ras em alusão a carros podem agradar. São para- choques de autos clássicos para lá de estilosos, como o Shelby (foto), que emolduram tábuas e tra- zem diversão para o quarto dos pequenos; e, além disso, brinca com a imaginação da criançada. À venda na Hits Kids’n’Teens. Preço: R$ 858,00.

Biblioteca móvel A biblioteca Matt promete tardes e tardes de estudo. A peça tem um recorte circular acolchoado, desenhado para acolher em seu interior uma criança de forma confortável em seus momentos de leitura e lição de casa. Ao redor do círculo, há espaços que servem como estante, onde é possível guardar os livros que a criança lerá. Além de útil, a peça tem um visual clean, feita de MDF na cor branca – a cor da moldura pode variar. À venda na Bododo. Preço sob consulta.

10 Retrô O bom e velho vinil é a matéria-prima destes produtos. Ele é repensado de diferentes modos e funções, que vão desde o relógio ao peso de livro para estante, em peças divertidas e inovadoras. Porta-livro (R$ 64,90, na foto), relógio de parede, porta-copo e kit pizza são algumas sugestões de produtos com a temática. À venda na Imaginarium.

Janela sem vento Feita de ferro com acabamento de verniz, esta escultura artesanal faz alusão a uma janela com galhos de árvore e pássaros pousados. Outros objetos podem ser integrados à peça, como velas. Uma forma simples e lúdica de trazer charme ao ambiente. Está à venda na Ilumi Design, loja que só trabalha com designers e produtos brasileiros. Preço sob consulta.

Móbile verde A peça Assanga foi produzida artesanalmente pelos designers Alessandra Clark e Nuno FS. O nome da peça veio do tupi-guarani e significa “rechonchudo”. Com 13 centímetros de altura, serve para o cultivo de plantas que não precisam estar fincadas no solo para se desenvolver, como as orquídeas, já que esta espécie tem raízes aéreas. O material utilizado pode variar, o que influi no preço: laminado de bambu (R$ 450,00) ou de compensado naval (R$ 250,00). Elástico de cor vermelha e manta de PVC arrematam o visual leve da peça. À venda na Mameluca.

Serpente Em formato de ondas, a Wiggle Stool (1972), alcança uma façanha: a de parecer delicada e simples, mas ter firmeza. Papelão ondulado e longarinas feitas de compensado, natural ou laçado compõem a banqueta. A peça, da série de móveis Edges Easy, do designer Frank Gehry, lembra um pouco assentos africanos. Pela simplicidade e elegância do design, pode ser posta em todo tipo de ambiente. À venda na Riccó. Preço sob consulta.

Premium 11 T op 5 Zanini de Zanine O designer carioca que desponta no cenário nacional e sua jovialidade inspiradora como um dos profissionais mais significantes de sua geração

Com 34 de idade e dez de car- reira, o designer Zanini de Zani- ne já venceu prêmios importan- tes na área na qual atua, como IF Awards Hannover (Alemanha), em 2012, e Museu da Casa Bra- sileira, o mais tradicional do Bra- sil, em 2010. Formado em Dese- Poltrona Moeda nho Industrial pela PUC-Rio, foi estagiário no estúdio do ícone Sergio Rodrigues e já expôs peças em cidades como Nova Iorque, Milão e Londres. Filho de José Zanine Caldas, chamado de “mestre da madeira”, ele herdou do pai o amor pelo material, e, em 2003, passou a produzir móveis de madeira maciça, com peças de demolição. “O interesse surgiu no começo da minha adolescência, vendo meu pai desenhar”, conta. Materiais indus- trializados passaram a fazer parte de sua produção em 2005 e, desde en- tão, ele mostra que gosta mesmo de inovar, como na criação da poltrona Moeda, feita com chapas de moedas de dez centavos usadas pela Casa da Moeda. A pedido da revista Premium, Zanini de Zanine topou apontar quais são as cinco peças de design das quais ele mais gosta. Confira!

Namoradeira, José Zanine Caldas (Brasil) “Por ser simples, sofisticada e com grande brasilidade. Foi a peça que despertou meu olhar para o design.”

12 Poltrona Mole, Sergio Rodrigues (Brasil) “É imponente e confortável, e aplica materiais bem típicos do nosso país.”

Estante, Marc Newson (Austrália) Peças de materiais e aparência high-tech ou inusitada são marcas de Marc Newson. Esta estante de mármore e formato orgânico chamou a atenção de Zanini “pela textura criada e pela complexidade da produção”, diz.

Poltrona Favela, Irmãos Campana (Brasil) “Tem um rico resultado de textura.” Feita de madeira, foi elaborada em 1991 e é fabricada pela italiana Edra.

Ventilador, Maarten Baas (Alemanha) Peça à qual pouca gente presta atenção, um ventilador ganhou formas inusitadas por meio do trabalho de Baas. Zanine define a obra com uma palavra: “organicidade”.

Premium 13 B rasileiros Ilustres

um brincante, muito prazer Ele canta, dança, toca, cria e reinventa: Antonio Nóbrega e sua pluralidade artística

14 le não aparece em programas dominicais, não es- tampa capas de revistas de celebridades, tampouco sua vida pessoal poderia render manchetes em veículos sensacionalistas. Estudou em colégios tradicionais, fez escola de idiomas, foi neto de intelectual e filho de médico. Mistura de um cearense com uma paulista, nasceu pernambu- cano. Tem dois filhos, de 29 e 25 anos, frutos do casamento de três décadas. O que poderia ser o resumo da vida de muitos brasileiros da classe média alta, no caso dele é apenas o come- ço da história. Ele, instrumentista, dançarino e pesquisador, iniciou sua traje- tória musical aos oito anos, tocando música clássica no violino. Mas foi seu encontro com a cultura de raiz, por meio de , que mostrou os elementos que o inspiram a criar seus mais de 20 espetáculos de música, teatro, dança e aula espetáculo – que mistura números de dança com uma conversa sobre o que apresenta. Ele, Antonio Nóbrega, mergulhou no universo da cultura brasilei- ra em meados da década de 70, para estudar as manifestações e os artistas populares. Aprendeu cantorias, toques, danças e o modo de representar dos brincantes e folgazões. A partir disso criou um estilo próprio de conceber arte, apresentado em suas obras. Seus 40 anos de trabalho também resultaram na idealização do Instituto Brincante, um local de cursos, oficinas, mostras e encontros, que dirige junto com sua mulher, Rosane Almeida; além da Companhia Antonio Nóbrega de Dança, ambos em São Paulo. Para 2013 está previsto o lançamento do filme Brincante, uma viagem por sua obra, em um misto de ficção e documen- tário. O multiartista, como é conhecido, transformou o gosto pelo fol- clore brasileiro em seu alimento profissional. Influenciou a car- reira dos filhos. Mas ainda corre à margem da chamada “grande mídia”: “A imprensa brasileira não mostra a diversidade cultural do país”, diz.

Quais são seus projetos atuais? Como está a produção do filme Brincante? Dar continuidade à companhia por meio de espetáculos e con- cluir o filme. Estamos fazendo esforços para que o Brincante saia este ano. Na verdade, há três anos cultivo estes projetos, além da Ocupação Nóbrega [mostra que ocorreu em São Paulo e apresentou ao público os processos criativos do artista e um

Foto: Richer Allan pouco da história dele]. No caminho, surgiu um quarto proje-

Premium 15 B rasileiros Ilustres

to, o Lua [espetáculo musical] dedicado a Luiz Não. Temos muitos músicos bons. Talvez a gente Gonzaga. O patrocínio da Companhia de Dança não conheça todos, mas eles existem, sim. termina em breve e não sei o que vai acontecer. É um espetáculo que depende de um conjunto de Quando se deu seu encontro com a rabeca? pessoas para funcionar, são 13 bailarinos. Estou Comecei aos oito anos, com o violino. A rabeca, pensando em caminhos para trilhar. E tenho uma na verdade, é um nome popular para o violino. nova rodada de trabalho, que é escrever sobre Uma espécie de violino rústico. Quem me apre- a minha experiência com a dança, a codificação sentou foi o Ariano Suassuna, que me convidou que eu faço, essa procura, investigação em torno para integrar o grupo Quinteto Armorial. Mas, na da linguagem brasileira de dança. verdade, eu sempre toquei o violino – a rabeca, por ser um instrumento rústico, não dá para tocar Como você decide os componentes do seu com facilidade. próximo show? O coração que manda, mas pretendo focar na Você já disse que todo brasileiro deveria car- música nas próximas performances. Tenho duas regar consigo um pandeiro. Por quê? ideias de show musical: um de canções autorais, Somos um povo musical, dotados de música. E o absolutamente originais, e outro dedicado a mú- pandeiro é um instrumento fácil de tocar, de brin- sicas de Caymmi [, cantor e com- car com os ritmos. Seria algo prazeroso e bom positor]. para batucar quando estivermos com raiva. Além de não fazer tanto barulho quanto o tambor, por Por que homenagear Gonzaga e Caymmi? exemplo. São dois compositores com os quais eu me iden- tifico muito. Eles têm um conjunto de obras muito Quem é o seu público atualmente? Você tem diversificado, com frevos e baiões, por exemplo. influências populares, mas ao mesmo tempo E isso tem a ver com o meu trabalho, com meu o seu trabalho não é conhecido pela grande gosto. Nas minhas performances, já canto Caym- massa. mi aqui e acolá. E, em 2014, será o centenário Heterogêneo. Nas apresentações feitas no Audi- de nascimento dele, por isso pensei em fazer a tório do Ibirapuera [em maio, em São Paulo], vi homenagem e, ao mesmo tempo, me dar o pra- crianças, jovens e idosos. E não é só etariamente zer de cantar músicas deles. O projeto com novas falando, mas também é um público socialmente canções pode ficar para depois, já que pretendo diversificado, com rendas socioeconômicas varia- curtir vagarosamente, degustar cada canção ao das. Já havia feito apresentações no CEU [Centro máximo. Educacional Unificado, complexo caracterizado como espaço público educacional, esportivo e Como se deu a sua parceria com Walter Car- cultural, em São Paulo] e tive uma recepção ca- valho, um nome de peso? lorosa de pessoas com renda baixa. Meu show Trabalhamos juntos em um especial para a TV atende ao gosto erudito e ao popular. Globo, uns 15 anos atrás, por aí. Surgiu uma em- patia muito grande e celebramos isso por meio de O fato de o seu trabalho não estar nos gran- sucessivos trabalhos em conjunto. O filme Brin- des meios de comunicação é por que você cante coroa essa trajetória de parceria. não tem interesse ou não tem público para isso? Por que você não vai para a televisão, Você acha que falta qualidade para os músi- por exemplo? cos brasileiros? De fato, meu trabalho não aparece em programas

16 como o do Faustão ou do Gugu, por exemplo. Mas existem programas de grande audiência nos quais eu gostaria de me apresentar. O do Sergi- nho Groisman [Altas Horas, misto de entreteni- mento e jornalismo], por exemplo. Mas ele não me deu trela, parece não me querer no programa dele [risos]. Mas eu não iria em programas em que eu teria de condicionar a minha apresentação ao ibope, como ter de encerrar a minha participa- ção porque a audiência caiu.

Você acha que a imprensa brasileira mostra a diversidade cultural do país? Não mostra. Está atrelada ao senso comum mi- diático, o mainstream. A imprensa se tornou uma entidade corporativa, oligopólios. Quase cartéis.

Você refuta o título de artista popular, embora tenha como referência a cultura popular... Refuto completamente. O artista popular que conheço é aquele que nasceu dentro do univer- so que ele pratica. Nasci dentro de uma classe economicamente privilegiada, mas culturalmente desprovido desse universo cultural que trabalho. Tive de estudar, sair do meu universo para entrar no do outro.

Você se considera um multiartista? Este título também te incomoda? É um termo meio invocado, mas pode pôr. Deixa para lá [risos]. Acho que é um termo meio pre- sunçoso, grandiloquente. Mas não encontro ou- tro, então, deixa para lá. Pode ser esse, mesmo. “Tive de sair Como você exprime seu temperamento musi- cal? do meu universo Não tenho domínio... Inspiração é algo abstrato. Tenho uma visão física e espiritual. As coisas têm para entrar no uma razão, a inspiração não baixa, está na gen- te. Talvez a gente crie certas situações para que do outro” esse momento venha à tona. Por exemplo: eu sei que, quando meu corpo está duro para dançar, se eu fizer um determinado tipo de exercício o meu

corpo solta e posso até compor uma coreografia. Carvalho Foto: Walter

Premium 17 B rasileiros Ilustres

“O entretenimento dificulta o discernimento do que é importante” Foto: Foto: Walter

Você põe o seu corpo em uma situação de criação. Seu trabalho exige cuidados com a alimenta- No meu entender, não é mais do que uma figura- ção... ção neurológica que ocorre em certos momentos. Bastante. Sou absolutamente careta nesse senti- Os neurônios trazem uma situação emocional e a do. Meu trabalho me cobra rigor. Tenho 61 anos, gente compõe. Você carrega o patrimônio genético. preciso seguir uma disciplina para que a máquina continue a trabalhar bem. Como é sua rotina? Tenho um estúdio dentro de casa, então pratico Você é religioso? dança quando acordo, um alongamento, vou para Não, não tenho credo. Tenho uma briga entre a a Companhia e no fim da tarde pratico a dança no- “finitude” e a “infinitude”, e ainda não tomei par- vamente. Me identifico com algumas técnicas do tido nem para um lado, nem para o outro. O dia pilates, também. que eu souber de um deus que seja macho e

18 Considerando-se que a maior parte da popu- lação brasileira não tem poder aquisitivo para estudar música, podemos dizer que ter conhe- cimento musical é um luxo por aqui? Não sei se é luxo, mas a cultura popular é tudo me- nos popular. Quando dou palestras espetáculos e pergunto a qualquer pessoa sobre o estilo Galope à beira-mar, ninguém sabe falar a respeito. Mas se eu falar sobre soneto, que é mais erudito, eles sa- bem. Algumas informações da cultura popular se tornam tão eruditas quanto a própria dita erudita. Infelizmente, não acessamos o suficiente os meios de comunicação. É preciso ler, estudar, conversar com pessoas que sabem sobre o assunto.

Que futuro você visualiza para a música popu- lar? Eu espero que a partir das medidas tomadas em relação ao ensino de música nas escolas haja pre- ocupação em entender a função da música. É en- tretenimento? Ou é para acordar na gente mecanis- mos de percepção? O caldeirão rítmico brasileiro oferece recursos para exercitarmos o lado musical, mas esta questão deveria ser colocada em um de- bate, em um fórum. Acho que o Brasil deveria abrir o debate nas escolas. Um país tão musical, tão rico de ritmos, deveria discutir melhor nossos projetos culturais.

Você acha que se a indústria cultural se apode- rasse das manifestações populares, seria uma forma de difundir a cultura brasileira ou não se- fêmea ao mesmo tempo, quem sabe eu me ria benéfico, pois poderia distorcer o objetivo decida. principal, como aconteceu com o Carnaval? O Rio de Janeiro tem marchinhas carnavalescas, Como você passa a admiração pela cultura um bom sinal, pelo que vi pela TV. Pode ser que brasileira para os seus filhos? traga algum componente cultural interessante. Já Eles gostam e já se apresentaram comigo. os sambas-enredo eram mais bonitos, hoje estão Quando eram mais novos, passei para eles vulgarizados. Pernambuco não consegue dinamizar esse sabor, esse interesse, colocando na mão os ritmos locais, que estão em banho-maria. A gen- deles um pandeiro. Hoje eles ainda tocam te sabe que, na Bahia, a indústria cultural se apode- pandeiro e se beneficiaram das informações. rou do Carnaval, tem o bom e tem o ruim. Fica difícil A Maria Eugenia se dedica à dança e o Gabriel passar um diagnóstico. A tendência é, sobretudo, é publicitário. tirar dinheiro fácil das mãos das pessoas.

Premium 19 A rte contemporânea destaques

Luiz Vieira

Formado nos Estados Unidos na década de 80, Luiz Vieira soube, desde o início, unir o que aprendeu na fa- culdade à sua paixão pela natureza. Assim tornou-se um respeitado arquiteto paisagista, com obras espalhadas pelo Brasil, principalmente no nordeste, mas também em Portugal e Angola. Após o curso de arquitetura paisagística, de cinco anos, nos Estados Unidos, terminou o curso de arquitetu- ra e urbanismo na Universidade Federal de Pernambuco, a fim de obter a licença para atuar no Brasil e resolveu traba- lhar exclusivamente na área de arquitetura paisagística, “a arte da intervenção na paisagem”, como ele define. Entre os projetos, são famosos os seus jardins produzi- dos em grandes resorts. “Tenho muitos trabalhos no ramo de hotelaria e condomínios: tem mais procura, é uma ne- cessidade do mercado”, explica. Seu paisagismo tem características bem marcantes e alinhadas à preocupação global pela sustentabilidade e a boa interação entre o homem e o meio-ambiente em que vive. “Buscamos valorizar a vegetação nativa e a paisagem local a exemplo de jardins de areia, na região litorânea. Es- tudamos também os elementos naturais, pois os terrenos “No Recife, faria um mostram potenciais, mas também restrições ambientais.” sistema de parques, Perguntado sobre qual lugar gostaria de modificar por integrando rios, riachos e canais meio do paisagismo, ele responde com a cidade do Re- cife, aonde vive, e onde criaria belas paisagens por meio resultando numa renovação da integração de sistemas de parques e águas. O proje- urbana e uma nova visão to, apesar de ainda não passar de um sonho, seria muito das águas” bem-vindo.

20 Rogério Menezes

Com um estilo que ele próprio define como eclé- tico, Rogério Menezes traz na bagagem muitas ins- pirações sempre que faz uma viagem pelo Brasil ou mundo afora. Isso o ajuda a compor uma linguagem própria, a partir da mistura de diferentes referên- cias arquitetônicas que encontra e aprecia. Lugares como Chicago, Brasília e Barcelona são seus predi- letos. “As viagens fornecem momentos de tranquili- dade para reflexão e imagens para inspiração” diz. Segundo ele, o ecletismo enriquece seu trabalho e, mesmo existindo um abismo entre o estilo e as datas de fabricação de peças diferentes, quando há semelhanças entre dois produtos, eles podem ser integrados em um mesmo projeto. “A harmonia vai surgir da percepção destes traços e da exploração deles na ambientação”, diz. Com 17 anos de trajetória profissional, o baiano também utiliza a multiplicidade na hora de compor as cores de seus projetos, para que as pessoas per- cebam sua assinatura. Seus trabalhos comerciais, residenciais e promocionais não estão restritos ao estado da Bahia. São Paulo, Rio de Janeiro e Bra- “Em Barcelona, vi o pavilhão sília também têm mostras de sua criatividade, além projetado por Mies Van der de Estados Unidos e Alemanha. “Não há um projeto preferido, todos são lembrados com a mesma satis- Rohe [Pavilhão de Barcelona]. Foi fação”, afirma. intrigante e uma grande satisfação E quando se fala em sonhos? O baiano afirma perceber que aquela obra de que já concretizou um deles. “Tinha muita vontade de realizar projetos no exterior e já pude concretizá- tamanho arrojo e sofisticação foi -los”, conclui. idealizada em 1929”

Premium 21 A rte contemporânea

Janaína Leibovitch A então adolescente Janaína Leibovitch gostava de pegar os panfletos de lançamen- tos imobiliários entregues nos faróis de São Paulo quando passeava de carro. O pai, ao volante, ouvia a menina tecer comentários e sugerir melhorias para o projeto exposto no papelzinho. Ela queria ser veterinária. O pai dizia que ela levaria jeito como arquiteta. A mãe achava que ela se daria bem como publicitária. Re- provada em Medicina Veterinária, resolveu se- guir o caminho aconselhado pela mãe, mas, após um semestre de estudos, largou o curso de Publicidade e deu uma chance às reco- mendações do pai: Arquitetura. Anos mais tarde, a já adulta e arquiteta Janaína desenvolve projetos cada vez mais reconhecidos e, ironia do destino, tem esses trabalhos divulgados em panfletos, já que, além de designers de interiores, a profissional cria decorados. Suas criações despertam ex- pectativas tão grandes nos compradores que é comum o cliente que visitou o decorado re- correr a ela para decorar a casa na hora que pega as chaves do apartamento. Profissionalmente estabelecida, o sonho de ser veterinária virou hobby: atualmente ela é criadora e tem vários cães em seu canil, na Foto: Alex Pires chácara onde mora. “Se eu pudesse mudar algo em uma Questionada sobre o que seu pai achou cidade por meio do meu trabalho, do caminho profissional que ela seguiu, Ja- seria valor izar a entrada principal naína responde que ele ficou satisfeito: “Ele gerenciava obras, é administrador e, hoje, ele de Embu das Artes com escult uras cuida do departamento financeiro do meu es- e trabalhos dos diferentes art istas critório. E me incentivou desde o início a ser de lá,remetendo à cult ura local” arquiteta”, diz.

22

M arketing de Luxo Classe O marketing de luxo por Carlos Ferreirinha, especialista no assunto

ormado em Administração, Carlos Ferrei- rinha passou a ter interesse pelo mercado focado no público de alto poder aquisitivo Aquando virou executivo da grife Louis Vuitton na América do Sul. Antes disso, ele já havia passado oito anos em uma multinacional, entre trabalhos no ex- terior e em São Paulo. Atualmente está na área de ne- gócios de luxo, à frente da empresa MCF Consultoria. Confira uma entrevista com o especialista a respeito do mundo dos negócios classe A.

Qual o objetivo do marketing de luxo? Exercer uma comunicação com o consumidor, que o leve a perceber produtos e serviços extraordinários e que geram um diálogo emocional. É preciso emo- cionar o indivíduo por meio de diversos atributos. Produtos de luxo são consumidos pela vontade, não pela necessidade.

Desde que você começou a atuar neste segmento, você notou alguma mudança no perfil do consumidor? O consumo brasileiro é [de uma faixa etária] jovem, di- ferente do que ocorre em outros países. Isso é muito positivo porque você gera perspectiva de futuro. O pú- blico é educado a ser consumidor desde cedo, o que sugere que ele vai consumir por muito tempo. Outra característica do mercado de luxo brasileiro é a possi- bilidade de crescimento em diferentes regiões do país.

Algumas grifes possuem divisões de marca: uma linha

24 de produção mais exclusiva e cara, e outra mais bási- não para caminhos fáceis e trabalhar com códigos que ca e ‘menos cara’. Uma espécie de luxo intermediário, não estão disponíveis para todo mundo – o que é aces- como faz a Armani. O marketing, neste caso, também sível a todos não é exclusivo, e sim, popular. é segmentado? Algumas marcas criam patamares diversos de aces- O que leva uma empresa a ter sucesso no mercado de sibilidade, e a Armani é um ótimo exemplo, pois ela luxo? dialoga com consumidores de diferentes possibilida- Comprometimento com a excelência, sem abrir exce- des financeiras: o que alcança o topo, e pode nave- ções. Isso não é fácil, nem simples. gar por todas as categorias da grife, e o que navega dentro da mesma marca sem acessar o topo. O ma- O mercado de luxo no Brasil ainda perde para o mer- rketing, em casos assim, normalmente é específico cado internacional, ou essa distância está mais tênue? [para cada público]. O Brasil sempre perderá. Não é China, não é Fran- ça. Dentro da nossa região, nos destacamos como o Qual a importância da tradição no mercado de luxo? principal mercado latino americano, mas não é justo De uma forma geral, para ser tradicional, não é neces- comparar ao mercado norte-americano, por exemplo. sário ser antigo. Você pode criar um diferencial, pro- dutos que alcancem o patamar da excepcionalidade. Quais os próximos desafios do mercado de luxo no A tradição é um dos códigos deste mercado. Uma Brasil? marca que está começando pode se pautar por ou- Dialogar com um Brasil eloquente. O luxo não é mais tros elementos e mostrar para que veio, de que forma só São Paulo, embora a cidade ainda seja a grande veio, qual o diferencial que a destaca, e o que tem de locomotiva deste mercado. As marcas precisam dia- especial e singular em questão de matéria-prima, mão logar com um mundo de possibilidades com as quais de obra ou design, por exemplo. Contar uma história. eles não estão acostumados, em regiões onde os ne- gócios de luxo não são tradicionais. Como marcas de luxo famosas conseguem manter a tradição do status que causa o desejo do consumidor, Para você, o que é luxo? ao mesmo tempo em que se reinventam para não ficar É o patamar absoluto do excepcional. Produtos e servi- para trás? ços que alcançam o especial em todos os níveis. Marcas assim mantêm a inovação contínua alterando lojas, ou trazendo ousadia para seus produtos, por exemplo. Trazer códigos atuais – como convidar ar- Dados divulgados pela pesquisa tistas plásticos e designers contemporâneos para as- O Mercado de Luxo no Brasil – ano sinar a estampa de uma bolsa clássica. Mesclam o VI, feita pela MCF Consultoria em novo e o antigo, têm fôlego contínuo de surpreender parceria com o grupo GFK em 2011 o cliente. O produto é parte disso.

• 44,7% dos brasileiros que consome o luxo está Quando alguma empresa contrata os seus serviços, em compram artigos de luxo na faixa etária de 25 a 45 geral, qual o principal objetivo dela? fora do país; anos (57%);

São dois: conseguir acessar um cliente naturalmente • Entre as empresas do • A divisão de consumo de alta renda e impregnar seu serviço ou produto de mercado de luxo que do luxo é quase fazem divulgação em simétrica: 52% homens forma emocional, para estimular o consumo. E a maior redes sociais, a maioria e 48% mulheres; deste dificuldade é querer resultados imediatos. O luxo toma utiliza o Facebook (98%), público, 77% é atraído seguido do Twitter (64%); pelo glamour, pela tempo de maturação do mercado. Outros pontos di- tradição da marca e pela fíceis são: manter a capacidade de investimento fre- • A maior parte do público exclusividade. quente e o comprometimento com a qualidade, dizer

Premium 25 D ecor

Os produtos que ilustram esta matéria estão à venda nas lojas virtuais citadas no texto

26 E-consumidores

Por Manoela .com Ferreira Lojas virtuais investem em layout atraente, serviços personalizados e produtos criativos para atrair internautas

ojas online de decoração e design com serviços diferenciados ganham força, seja pela praticidade, economia ou benefícios, como simulação de am- biente mobiliado. Sites neste estilo configuram o que é chamado e-commerce, e atraem inclusive profissionais já renomados, como a arqui- teta Fernanda Marques. Ela aderiu a esse mercado em 2011, quando se juntou às empresárias Renata Marques Ruhman e Alessandra Campiglia para lançar a loja virtual SD+Fernanda Marques, visando se aproximar de seus consumidores e admi- radores. Com a curadoria da própria Fernanda, os itens à ven- da seguem o estilo contemporâneo e minimalista da arquiteta. – Sites são os modelos mais eficientes de divulgação e os mais modernos e econômicos de vendas. Vendemos muitas peças de design para todas as regiões, até para cidades que nem conhecíamos –, conta Fernanda. Como diferencial, as arquitetas fazem um esboço personaliza- do do ambiente do cliente. “O internauta pode nos enviar uma planta da casa e nós enviamos a sugestão de layout utilizando nossos produtos”, diz Renata Marques Ruhman.

Planejamento que deu frutos

Inicialmente um blog, o Casa de Valentina ganhou repercussão, cresceu e incorporou ferramentas que auxiliam a navegação. Atualmente são mais de 130 lojas com 17 mil itens expostos. A Fotos: Divulgação

Premium 27 D ecor

Alguns sites de decoração mostram o produto nas opções avulso e ambientado

Conheça outras lojas virtuais que vendem pro dutos de decoração

Desmobília Boa opção para garimpar móveis restaurados e acessórios com estilo vintage. www.desmobilia.com.br

Gift Express Tem objetos desenvolvidos por empresas de design da Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Quando solicitado, os presentes chegam embalados em um pacote caprichado. www.giftexpress.com.br

Meu Móvel de Madeira Começou em 2006 e segue firme vendendo móveis sustentáveis. Tem opção de Vale Presente. www.meumoveldemadeira.com.br

Enjoei O internauta pode comprar ou pôr itens à venda – paga-se uma porcentagem do lucro ao site. www.enjoei.com.br Fotos: Divulgação 28 interação com os internautas fez papel de termômetro ao indi- car o alcance que o site poderia ter se passasse a comercializar os objetos que mostrava. – A área de produtos surgiu da demanda dos leitores, que nos solicitavam informações, queriam saber onde comprar e quais os valores. Percebemos, então, que existia uma lacuna no mer- cado online de objetos de decoração e móveis –, explica Lucila Zahran Turqueto, partner da marca. O planejamento foi essencial: para entender o perfil do leitor com quem interagiam e falar a um público definido, o Casa de Valentina instalou um programa que mapeia a navegação. “O retorno que tivemos superou todas as nossas expectativas em relação ao potencial que enxergávamos no mercado nacional”, diz Lucila. Bruno Berezaga, diretor de marketing do Maria Presenteira, também acredita que a compra feita sem sair de casa é ten- dência: “Ocorrerá cada vez mais, pois a vida está acelerada e a rua caótica. É clichê, porém verdadeiro: para o consumidor o grande diferencial é a comodidade”, opina. Com segmentos que vão da papelaria a produtos infantis e para pets, o Maria Presenteira faz sucesso mesmo é com os objetos decorativos. “Cerca de 60% do faturamento é oriundo de deco- ração”, afirma Berezaga. Boom de e-commerce de decoração

Criação recente, desde 2012, o site iBacana também aproveita a onda de vendas pela internet para oferecer produtos de dife- rentes segmentos, que vão de biscoitos importados a itens es- portivos. Para decorar a casa, há estantes, luminárias, canecas, almofadas, esculturas e enfeites, por exemplo. Com layout atraente e moderno, o site tem atraído público. “Nós nos preocupamos com as fotos e o descritivo de cada item. Já temos uma aceitação excelente pelo pouco tempo de atuação”, afirma Guilherme Marques da Costa, diretor da em- presa. A trajetória do Westwing Home and Living corrobora este pen- samento: apesar de ter começado a atuar no Brasil somente em 2011, o site é considerado o primeiro clube de decoração e design online no Brasil, o que sugere que a guinada do conceito e-commerce voltado para decoração é atual por aqui. Presente em mais oito países, o site tem recebido retornos ani- madores do público brasileiro, o que fez a administração repen-

Premium 29 D ecor

sar sua logística. “Mudamos o centro de distribuição para um lugar quatro vezes maior que o anterior, com o intuito de me- lhorar o serviço, como diminuir o prazo de entrega ao cliente”, diz o CEO da marca no Brasil, Antony Martins. Além de ficar de olho no prazo de entrega dos produtos, o consumidor deve prestar atenção a informações como peso, material e dimensões dos itens, para reduzir a chance de frus- tração. Pesquisar frequentemente e em diferentes lojas tam- bém ajuda a achar lançamentos interessantes, já que muitos sites trabalham com ofertas limitadas em relação a tempo e quantidade. Internet possibilita popularizar o conceito de design

O slogan “Design para todos”, da Oppa Design, já indica que encontrar produtos acessíveis é uma das vantagens de fazer compras no site da empresa. A gerente de relacionamento da loja virtual, Ana Carparelli, confirma a ideia: “Não temos os mesmos custos que as lojas físicas. Produzimos em escala e não agregamos preços aos produtos por não trabalhar com intermediários, já que nossas peças são enviadas direto do produtor para o consumidor final”, explica. Mas nem tudo é benefício no mercado digital: a Oppa Design sentiu necessidade de inaugurar showrooms, mesmo após o sucesso da venda online. “A loja física melhora a experiência de compra dos clientes, pois é onde eles podem interagir, to- car, sentir e conhecer melhor os produtos. É a alternativa para os consumidores que não possuem o hábito da compra digi- tal”, diz Ana.

produto sem grandes dificuldades e que o processo de Segurança na finalização da compra e pagamento seja rápido e com o mínimo de cliques possível”. compra pela internet Ele alerta para os cuidados que o consumidor deve ter ao optar por comprar pela internet: “Não existe um Se livrar de filas na hora das compras parece ótimo, método de verificação 100% eficiente, mas existem vá- porém, ter uma compra tranquila significa pesquisar se rios meios para minimizar o risco. A divulgação de um o site é seguro, checar a opinião de outros compradores telefone fixo junto com endereço, o CNPJ e o domínio nas redes sociais e testar o atendimento ao consumidor. hospedado no Brasil (.br) é um excelente indício. Em Para Marcos Junior, especialista em marketing digital geral, no rodapé desses sites costuma haver alguns se- e responsável por casos de e-commerce bem sucedi- los contendo certificações expedidas por empresas que dos no país, também é importante “que o cliente ache o avaliam a reputação das lojas. Quando clicados, estes

30 Alguns sites de decoração mostram o produto nas opções avulso e ambientado Fotos: Divulgação

selos devem exibir alguma espécie de certificado con- online. A arquiteta Fernanda Marques, por exemplo, tendo o nome da loja junto com a empresa que o atesta”. acredita que a nova legislação do e-commerce é muito Marco Junior afirma que não existe razão para se mais favorável ao consumidor do que ao fornecedor. “A temer as compras online, uma vez que se o titular do compra pode ser devolvida em até sete dias. Para tro- cartão não reconhecer a compra o valor pode ser de- ca de peças, os produtos deverão estar intactos, sem volvido pelo banco emissor integralmente. Além disso, uso e em sua embalagem original. Caso a peça che- muitas lojas virtuais contratam empresas como B-Cash gue com alguma avaria, o consumidor deverá recusar e PagSeguro para intermediar as vendas. Nesse caso, o recebimento e negociar uma nova entrega. Não deve elas garantem o produto entregue ou seu dinheiro de haver multa para devolução dentro desse período e o volta. dinheiro é devolvido ao cliente. O risco grande é do for- O melhor a fazer é ler com cautela as políticas necedor, mas quem ficar fora do e-commerce perderá de cada empresa e usufruir dos benefícios da venda muito mercado. Temos que correr este risco”, conclui.

Premium 31 P aisagismo

Playground projetado por Katya Francisco para a Casa Cor SP 2013 tem iluminação trabalhada Jardim para Eles vão além de uma bela paisagem: os espaços sensoriais despertam sentidos e também emoções se ntir 30 m lugar lúdico, com cores e sons estimulantes, cheiros notáveis, texturas diversas e sabores ao alcance de qualquer um. Onde crianças brin- cam, e adultos também. Seu usufruto é possível não só para diferentes idades, mas também para pessoas em diferentes condições: de cadeirantes a deficientes visuais ou auditivos. De acordo com o paisagista Benedito Abbud, o que caracteri- za os jardins sensoriais é exatamente esta capacidade de ser percebido a partir dos sentidos do corpo humano no contato com a natureza: “O paladar e o tato pela textura das plantas; a audição pela presença da água com seus sons e vegetação que atrai pássaros, por exemplo; a visão, pelas cores, e o olfato pelo aroma das plantas”, enumera. Na hora de compor uma paisagem como esta, é fundamental trabalhar a organização do espaço para que o visitante tenha melhor compreensão e estímulo de sentidos. Para que cadei- rantes possam circular, por exemplo, deve haver distância míni- ma de 90 centímetros de largura entre os elementos utilizados. “Esta medida serve para linhas retas. Em curvas, isso varia um pouco”, informa a paisagista Katya Francisco, responsável pelo Playground da Casa Cor SP 2013, que utilizou elementos sen- soriais. No ambiente, Katya incluiu um piso que simula um tabuleiro de jogo da velha, e esculturas lúdico-interativas para cadeiran- tes. Além de labirintos e um espaço cheio de elásticos, onde o visitante é convidado a atravessar. “São instigantes e desa- fiantes, obrigando as pessoas a lidarem com o desconhecido e a descoberta até encontrarem a saída. Num paralelo com a vida, ensina brincando que primeiro devemos enfrentar o des- conhecido e trabalhar as dificuldades. Espaços democráticos

Segundo Abbud, os primeiros jardins foram intencionalmente feitos para deficientes visuais. Eram canteiros na altura da mão, para que estas pessoas pudessem, por meio do tato, perce- ber as diferentes texturas e, ocasionalmente, aromas. “Isso nos inspirou a ampliar esse conceito, uma vez que o paisagismo é uma das poucas formas de arte que nos oferecem os cinco sentidos. Desta maneira, praticamente qualquer jardim pode ser sensorial. É uma questão de escolha das espécies certas se ntir nos lugares corretos”, diz.

Premium 31 P aisagismo

A Praça dos Sons (abaixo) projetada por Eduardo Mera para a Casa Kids 2010 ganhou uma versão residencial no playground do Aquarela Paulistana (ao lado), empreendimento da QGDI em São Paulo

Um dos pioneiros em projetos de jardins para deficientes visuais, o Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro contempla plantas com ca- racterísticas medicinais, um pequeno chafariz para estímulo auditivo com es- pécies aquáticas, placas em braile e pisos direcionais. O número de visitan- tes não é estimado. Atualmente aguarda uma grande obra que visa reformar pisos, verificar leis de acessibilidade e revitalizar o espaço como um todo. – Teve o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e, em seguida, o Parque Ibira- puera trouxe esta experiência para São Paulo. Outros também copiaram. Em alguns locais, estes espaços ficaram totalmente abandonados, pois de al- guma forma eles eram segregacionistas. Acreditamos que ele deva ser para todos, de forma mais democrática –, opina Abbud. Exposto em 2010 no evento Casa Kids (Casa Cor SP), o Jardim dos Sons, projetado por Eduardo e Beatriz Mera, saiu da mostra direto para o Parque Ibirapuera, onde tornou-se atração fixa. Na mostra, tubos de PVC de diferen- tes tamanhos e alumínio formavam brinquedos sonoros, e dividia o espaço de 350 metros quadrados com um piso em formato de teclas de piano. “A intenção era dar uso para as sobras dos materiais de construção, princi-

Veja alguns elementos que compõem um jardim sensorial

• Para estimular a visão, a vegetação deve ser composta tirando partido Labirinto e da sua floração intensa, texturas diferenciadas e principalmente co- espaço de res de folhas contrastantes. Uso de convivência no materiais com tons variados e tam- Playground de Katya Francisco

32 Espaço sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro passará por reforma palmente aos canos de PVC. Tivemos de fazer algumas adaptações para o parque, como reforçar a estrutura dos brinquedos, já que lá as peças têm muito mais circulação e uso do que na exposição”, explica Eduardo Mera. Jardins sensoriais em residências

O projeto passou ainda por uma terceira adaptação, onde a área sensorial foi reduzida com relação à inicial, desta vez para compor o playground do empreendimento localizado no centro de São Paulo Aquarela Paulistana, da Queiroz Galvão. “Pais e filhos podem se divertir juntos na área dos canos sonoros. Sabe aquela brincadeira antiga, de passar um barbante entre duas latas, que ficam em dois extremos e as crianças se comunicam como se fosse um telefone? É esse o efeito”, explica Mera. A manutenção, segundo

Abbud, se resume à rega e à retirada de ervas daninhas. Aroma de canela Katya Francisco faz coro, mas alerta sobre os gastos gerais do projeto: “É e esculturas interativas viável, com certeza, projetar um jardim destes em casa. Serve como o fundo compõem o do quintal, onde é possível almoçar ao ar livre. Mas os gastos com ilumina- projeto de Katya ção trabalhada, piso e grama, por exemplo, são bem caros” diz ela.

Jardim projetado por Benedito Abbud tem espelho d’água para bém do mesmo material em tamanhos e composições variadas; massagear os pés

• Para o olfato, espécies de flores ou fo- lhas perfumadas; • Para o tato, diferentes texturas, tanto das espécies vegetais quanto dos ma- teriais de revestimento;

• Para o paladar, uso de frutíferas, tem- peros e chás;

• Para a audição, o murmúrio das águas em fontes, repuxos e cascatas. As fru- tíferas vão trazer os pássaros que com- porão a trilha sonora do jardim.

Premium 33 C apa

Dona Tomie Prestes a fazer cem anos, a japonesa Tomie Ohtake tem trajetória de sucesso no restrito cenário de mulheres no mundo das artes plásticas abstratas Por Kelly Souza

36 uando era criança, Ricardo Ohtake, filho caçu- la da artista plástica japonesa Tomie Ohtake, divertia-se com um costume nipônico muito pe- culiar: sempre que saía de casa, em São Paulo, para ir à escola, a mãe ficava no portão esperando que o filho alcançasse a esquina. Lá chegando, ele deveria virar-se e dar tchau. Só então ela entrava em casa. – É um gesto de carinho, feito pela dona da casa a quem sai –, explica Ricardo, que atendeu à revista Premium e falou sobre a rotina e os hábitos de dona Tomie. Hoje em dia, quase oito décadas depois, quando Ricardo se despede de sua mãe após uma visita, vê o hábito do “tchau- zinho” perseverar, mesmo após tantos anos de convívio diário da artista com a cultura brasileira. A forte presença da cultura oriental na casa de Tomie Ohtake vai além das tradições. Há 77 anos morando no Brasil – 60 deles dedicado à arte –, ela ainda não consegue falar portu- guês com fluência. Costuma dizer que se não aprendeu até agora, não aprenderá mais. Mas isso não é um obstáculo Fachada (acima) para a artista plástica, que não precisa de palavras para se e interior (ao fazer entender. A maior parte de suas obras, por exemplo, lado) do Instituto Tomie Ohtake não tem títulos.

O início

Tomie veio ao Brasil no ano em que completou 23 anos de idade, para visitar um irmão que aqui morava. No ano se- Tomie Ohtake entre os filhos Ruy (à esquerda) e Ricardo guinte, casou-se com Ushio Ohtake (colega de seu irmão) e acabou ficando em São Paulo. O pincel passou a ser seu instrumento de trabalho somente aos 39 anos, quando um artista plástico japonês a incentivou. “Ela começou em 1952 e, em 54, já fazia obras abstratas. Deste período em diante, ela se manteve uma artista abstrata”, diz Ricardo. Aos quase cem anos, já não faz diferença ela ter iniciado seu trabalho artístico somente próximo aos 40, já casada e com os dois filhos – além de Ricardo, ela é mãe de Ruy Ohtake, ambos arquitetos. Por aqui, Tomie construiu uma carreira sólida, como poucos artistas nacionais conseguiram, com trabalhos abstratos que variam entre pinturas, gravuras e es- culturas, com diferentes fases e composições. De tanto ser convidada para representar o Brasil em eventos

no exterior, ela naturalizou-se brasileira no final da década de Fotos: divulgação

Premium 37 C apa

Sem título (1961). Óleo sobre tela Painel de tapeçaria feito a convite de integra o cenário do auditório do Memorial da América Latina, em São Paulo

60, período que coincidiu com a maturação de seu trabalho originário da pintura abstrata informal. “Ela estava na primeira Sem título (1988). Água-tinta e linha da arte abstrata. Para o artista, o importante é ser ori- água-forte ginal, e você tem de ser inédito também na forma de ver o mundo. No caso dela, o abstracionismo”, conta Ricardo. – O trabalho de Tomie é uma grande contribuição para a arte brasileira: é coeso, contínuo e variado acerca das possibilida- des da pintura abstrata não geométrica. Ela tem a rara com- binação do desejo de superação com a calma e a paciência –, define Paulo Myiada, curador de arte contemporânea. Sem título (2012). Óleo sobre tela As tonalidades de Tomie

Sempre vestida de preto, ela guarda as cores para suas obras, frequentemente monocromáticas. Para esculturas em espaços públicos, prefere utilizar o vermelho; se for para es- paços fechados, o branco. E, quando chegou em Santos, em São Paulo, vinda do Japão após uma longa jornada de 45 dias em uma viagem de navio, a primeira impressão que teve do país foi referente a uma cor: achou o Brasil amarelo. – Trabalhos monocromáticos permitem a transparência, a luz por trás. E ela quer qualificar um determinado tipo de luz, e se você colocar muita cor, essa luz desaparece. O uso da cor não é por gosto, é uma escolha extremamente racional e objetiva –, explica Ricardo.

38 Filha caçula

Nascida em 1913, Tomie foi criada entre as duas grandes guerras mundiais, como irmã caçula de cinco homens. “A mãe dela era uma pequenininha enérgica, que tocava a casa. E a Tomie é mandona, embora não assuma [risos]”, conta Ricardo, que não chegou a conhecer a avó. A matriarca morreu em 1951, durante uma visita de Tomie a sua terra natal, Kyoto. “Elas estavam conversando quando minha avó teve algo no coração. Provavelmente ela esperou minha mãe voltar, então, ficou mais tranquila e morreu”, su- gere Ricardo.

Escultura de aço, homenagem da artista aos 100 anos da Rotina inclui imigração japonesa no Brasil, localizada no aeroporto de “almoço de domingo” Cumbica, em Guarulhos, SP (2008)

Tomie acorda por volta das 6h30 e fica na cama por um tem- po, enquanto faz um pequeno alongamento e organiza o dia Escultura de e os pensamentos. Até o ano passado, conta Ricardo, mes- aço com 60 toneladas, mo beirando os 99 anos, ela gostava de andar com as pró- no Parque prias pernas. “Independente como ela sempre foi, como iria do Emissário Submarino, praia andar de cadeiras de rodas? Não usava!”, diz ele. Mas seus José Menino, em passinhos vagarosos viram mais vantagem na rapidez do Santos, SP (2008) acessório, e a cadeira de rodas passou a fazer parte da rotina

Escultura de aço com 20 toneladas, no Parque Escultura de concreto armado, no Parque de Industrial da Companhia Brasileira de Metalurgia Esculturas do Museu Metropolitano de Arte de e Mineração, em Araxá, MG (1999) Curitiba (1996) Fotos: divulgação

Premium 39 C apa

Escultura de aço com 10 metros de altura e A arte no Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto, SP, foi feita com 8,5 toneladas no Hotel Blue Tree Alvorada, duas cúpulas de gesso estrutural, uma delas recortada para Brasília (2001) vazar a luz das lâmpadas afixadas (1996)

da artista, que tem também a ajuda de uma “cuidadora”.

Escultura Seu dia segue tranquilo, porém ativo: toma banho, toma o de concreto café da manhã e só depois das 9 horas começa a pensar armado feita em comemoração em trabalho. As telas e maquetes de esculturas são feitas aos 80 anos no ateliê de Tomie, espaço projetado pelo primogênito Ruy de imigração japonesa ao Ohtake na residência da artista, no Campo Belo, bairro Brasil, na avenida na zona sul de São Paulo. “Todos os dias ela vai ao ate- 23 de Maio, em São Paulo (1988) liê. Nem sempre ela pinta, mas faz outras coisas ligadas à arte”, diz Ricardo.

Painel com 1.500 metros de ferro pintado, no salão As Quatro Estações (1991), quatro painéis de pastilhas da piscina do Sesc Vila Mariana, em São Paulo (1997) vitrificadas na estação de metrô Consolação, em São Paulo

40 Fotos: divulgação

A artista plástica na juventude, ao lado da mãe Tomie com Ricardo e Ruy Ohtake adolescentes

Ela finaliza o trabalho por volta das 17 horas, descansa um pouco e faz uma refeição bem leve. Tomie não faz die- ta, embora coma pouco durante a semana. O apetite fica para os domingos, quando os parentes estão todos perto dela no tradicional almoço familiar, e Tomie acaba “comen- do um pouquinho com cada um de nós”, conta o caçula. O cardápio é nacional: embora o idioma português não esteja cem por cento, o paladar de Tomie foi totalmen- te adaptado. “Ela conta que adorou comer bife a cavalo quando chegou ao Brasil. No dia a dia ela só come comida O primogênito brasileira”, diz Ricardo. Ruy ainda bebê, no colo da mãe A mãe Tomie Ohtake coisas da vida –, diz Ricardo. – Todo arquiteto tem grande contato com as manifesta- Quando completou 90 anos, Tomie Ohtake pintou em um ções de arte. Seja pintura, fotografia, escultura, música quadro uma sequência de noves traços fortes e mais al- ou literatura. A expressão humana se concretiza. Assim guns bem fracos. Depois dos 90, disse ela, não se sabe também é na arquitetura. Convivendo familiarmente com mais quantos anos virão. “A gente acha que vai durar para Tomie, a arte participou no ambiente da minha infância. sempre”, diz Ricardo, afastando de si a ideia. Isso me foi muito importante, por exemplo, para cultivar a O sorriso discreto de sempre, os trajes negros e o cabe- intuição –, descreve Ruy Ohtake. lo há anos cortado religiosamente na altura do pescoço Para comemorar o centenário da artista, três exposições e pintado de preto são alguns traços do minimalismo do foram planejadas para 2013: duas já ocorreram, e a ter- lado pessoal da artista. ceira será em novembro, mês de aniversário de Tomie. O – Para pintar, Tomie é mais razão. Na vida, é uma mis- local é o Instituto Tomie Ohtake, do qual Ricardo é diretor. tura de razão e emoção. A verdade é que sempre há Para quem estiver em São Paulo no período, será uma boa assunto para conversar com ela, seja profissional ou oportunidade para conferir parte do talento da artista.

Premium 41 Destino Internacional

Surpreenda-se com coimbra

em posicionada no centro do território Serenatas e tragédia lusitano está Coimbra, capital do distrito romântica homônimo que congrega o maior núcleo urbano do país. A cidade é um convite ao No alto da colina onde viveram seus primeiros reis, no paladar requintado e à História, com cenários que ins- Paço das Escolas, está a tradicional Universidade de piraram a obra de artistas em diferentes épocas. Coimbra, uma das mais antigas em atividade na Europa. Localizada entre os distritos de Aveiro e Viseu, a cida- Fundada em Lisboa, ela foi transferida para a cidade em de está no centro da espinha dorsal de Portugal, às 1537. Entre seus corredores circulam atualmente cerca margens do encantador rio Mondego. Fica a apenas de 22 mil estudantes, sempre em trajes acadêmicos (a 208 quilômetros da capital, Lisboa, e a 110 quilôme- habitual capa preta). Somados a eles, estudantes de ou- tros de Porto. tras instituições públicas e privadas de ensino superior É berço e túmulo do amor proibido entre Dom Pedro e formam um número aproximado de 35 mil jovens que Dona Inês de Castro, dos milagres de Santa Isabel – a perpetuam um repertório de rituais intimamente ligados rainha que dedicou sua vida à caridade –, e da forma- à tradição das serenatas de Fado. ção cultural e intelectual de Portugal. À mesa, a cidade A Biblioteca Joanina, construída no século 13 por ordem de nos adoça, graças à influência de importantes conven- D. João V, é uma grande riqueza da Universidade, em acer- tos, que deram origem a doces típicos inigualáveis. vo e arquitetura. Anuncie sua chegada tocando a campai- No ar do clima mediterrâneo que se respira por suas nha que fica na entrada. A porta abre a cada vinte minutos. ruas, as palavras da canção batizada com seu nome Ao entrar, prepare os olhos para a inspiração barroca e para e eternizada por no álbum Omaggio A as pinturas trompe l’oeil – técnica artística que cria ilusão Federico e Giulietta, definem com maestria seu legado ótica –, que dão a impressão de que o teto é arredondado. singular: “Coimbra é uma lição de sonho e tradição”. Nas estantes, dispostas em dois andares, estão mais de

42 O Mondego é um dos mais belos rios a cruzar uma cidade coimbra Se o destino é Portugal, um roteiro com história, gastronomia e diversão pode estar além de Lisboa Por Monalisa Vasconcelos

250 mil obras, que curiosamente são conservadas com a ajuda de uma colônia de morcegos que habita a biblioteca e se alimenta dos insetos durante a noite. Antes de visitar o Paço das Escolas, é preciso adquirir o seu bilhete na Loja da Universidade, no átrio da Biblioteca Geral (Largo da Porta Férrea, em frente à Faculdade de Letras). Os preços variam de 5,50 a 10 euros. A ligação da Alta à Baixa da cidade, onde se concentra o centro histórico, tem declives, mas vale conhecer a Quebra Costas, uma longa escadaria entre as duas partes e que se tornou por si só numa atração turística. No caminho encon- tramos ruas animadas, recheadas de restaurantes típicos, bares e charmosos cafés. O amor proibido entre D. Pedro e Inês de Castro, que cul- minou na trágica morte dela, morta a mando do pai do príncipe, foi eternizado na literatura, na poesia e na músi- ca como um dos maiores mitos da Língua Portuguesa. O Mosteiro de Alcobaça guarda duas monumentais arcas tu- Biblioteca mulares de seus corpos, construídas por ordem de D. Pe- Joanina, dro. Lenda e história se fundiram, dando origem a um dos construída no século 13: pontos turísticos mais românticos de Coimbra, na Quinta Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção Turística de Portugal Turística Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção riqueza de das Lágrimas. A área é composta por um palácio do século acervo e de arquitetura

Premium 43 Destino Internacional Mosteiro Santa Clara: hoje ruínas, foi um dos primeiros a ter arquitetura gótica no país

19 – restaurado a partir da década de 1980 e requalificado Coimbra foi habitada pela primeira vez durante os séculos como hotel de luxo –, por um jardim de espécies raras e 8 e 9 a.C., tendo emergido como uma sociedade próspe- valiosas, e pelas Fonte dos Amores e Fonte das Lágrimas. ra apenas durante a ocupação romana na segunda meta- Os jardins da Quinta das Lágrimas são abertos ao público, de do século 2 a.C. Na visita ao museu é possível contem- com visitas de uma hora. plar as muralhas da cidade, os mosaicos, exemplares de Outra atração que revela a beleza típica da região é a modernos sistemas fluviais e vários edifícios. Mata Nacional do Choupal, plantada durante o século Na margem sul do rio está o museu Portugal dos Pe- 18 para deter o rio Mondego. Hoje, os visitantes podem quenitos, onde visitantes de todas as idades podem ex- desfrutar da sua tranquila localização à beira-rio, praticar plorar as réplicas de aldeias tipicamente portuguesas, esportes e passear a cavalo. A duração média das visitas monumentos nacionais e construções em miniatura é de duas horas. que representam os países colonizados por Portugal. Aproveite o passeio nas redondezas para conhecer as intrigantes ruínas do Mosteiro de Santa-Clara-a-Velha, Origem histórica e arquitetônica que apresenta os primeiros exemplares da arquitetu- ra gótica do país. Sua história remonta diretamente à Uma rede de 15 museus abrange todo o contexto his- emblemática figura de Santa Isabel. Após a morte de tórico e cultural da cidade. Famoso, o Museu de Co- seu marido, o rei D. Dinis, a rainha Isabel de Aragão nimbriga constitui um dos maiores complexos de ruínas dedicou o resto da sua vida à religião, foi canonizada romanas de Portugal. após a sua morte e tornou-se uma das santas mais Os artefatos descobertos nas escavações indicam que veneradas de Portugal.

No Parque Verde Mondego é possível utilizar as bicicletas disponibilizadas pela Câmara Municipal

44 Cidade vista a partir da torre do relógio da Universidade de Coimbra

Os principais pontos de interesse do Centro Histórico da cidade podem ser visitados a pé. Os parques e jardins da Pastéis de Santa Clara margem do rio Mondego são também locais muito agra- A gastronomia portuguesa é tão rica e variada dáveis para uma caminhada. Para quem gosta de pedalar, quanto as especificidades geográficas do país. a dica é pegar uma das bicicletas disponibilizadas pela No município de Coimbra a especialidade nos res- Câmara Municipal no Parque Verde do Mondego, aos taurantes e tabernas é a “Chanfana”, conhecida fins de semana. Se a opção for pegar um ônibus, é válido como “Carne de Casamento”. O segredo de seu comprar em hotéis, postos de turismo ou mesmo a bordo sabor está no cozimento, sempre em caçoilas de os bilhetes diários para turistas, que custam três euros. barro tampadas com folhas de couve. A Praça da Com o mesmo bilhete é possível pegar um dos “Pantufi- Portagem, agitada pelos bares, restaurantes e ca- nhas”, uma linha de transporte elétrico que percorre o nú- fés é um ótimo destino para um jantar delicioso e cleo medieval da cidade. Para conhecer de uma só vez os uma visitinha às doçarias. principais pontos turísticos de Coimbra, você pode subir a As principais raízes da culinária de Coimbra estão em bordo do Funtastic, um ônibus panorâmico. seus tradicionais doces conventuais, que abarcam Mas dois meios de transporte podem dar um toque di- uma grande variedade de massas folhadas e recheios ferente ao seu dia. O primeiro é o Elevador do Mercado com doce de ovos. Entre os mais procurados estão Municipal Dom Pedro V., que também pode ser utilizado os pastéis assados de Tentugal e de Santa Clara, o com o bilhete pré-comprado. E o segundo, o Basófias, Barriga de Freira, com um recheio cremoso de amên- que oferece percursos fluviais no Mondego. Há também a doas, e a Queijada, que une o queijo fresco à base possibilidade de alugar canoas para um passeio pelo rio. original de gema e açúcar. Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção Turística de Portugal Turística Fotos: Paulo Magalhães / Agência Regional de Promoção

Pátio da Universidade de Coimbra, uma das mais tradicionais

Premium 45 G uia do Viajante Foto: Divulgação/ TUMI

46 De mala pronta Confira dicas de roupas e acessórios básicos para levar em uma viagem e, de quebra, aprenda a organizar a bagagem

primeira coisa a fazer na “Não adianta levar uma blusa que só hora de montar a mala é fica boa com um determinado sutiã levar em consideração ou pôr vestidos na mala quando se a duração da viagem – está acostumada a só andar de cal- o que ajuda a deduzir a quantidade ça”, exemplifica a também personal de roupa necessária –, e o clima da stylist Maria Heloisa Porcel. cidade de destino. Se bater a vontade de levar metade Pensar em looks para as diferen- do guarda-roupa na viagem, é bom tes ocasiões das quais o viajante lembrar: um dos benefícios de uma irá usufruir também é importante: mala enxuta é a possibilidade de fa- resorts e navios, por exemplo, têm zer compras durante a viagem sem programações específicas, algumas pagar excesso na volta. com dress code que exige roupa de Reunimos as dicas das stylists e da gala. “Separe peças mais sofistica- grife de luxo Louis Vuitton e mon- das, para eventos sociais, jantares tamos um guia prático para quem e passeios noturnos elegantes, e quer aprender a arrumar a própria outras mais confortáveis e práticas, bagagem. para os passeios diurnos de turis- mo”, resume a consultora de moda Sapatos e personal stylist Bia Kawasaki. Grosso modo, a dica é levar poucas O que levar: um bom look casu- peças, que combinem entre si, com al para passeios turísticos começa o estilo da pessoa e que possam ser pelos pés. Escolha calçados con- utilizadas em diferentes ocasiões. fortáveis, como sapatilhas, ou, em

Premium 47 G uia do Viajante

Camisas e camisetas podem ser empilhadas entrelaçadas, abotoadas e com as golas levantadas. Acessórios que amassam ou quebram devem ir em suportes como porta gravata ou necéssaire

levar sempre o dobro de partes de cima em relação às de baixo (seis blusas para cada três calças, ber- mudas ou saias, por exemplo). “Cal- ças chamam menos atenção e são mais difíceis de sujar”, explica. Como organizar: podem ser empi- lhadas por tipo e cor, entrelaçadas, com as golas levantadas, os botões abotoados e as mangas dobradas para trás.

temporadas mais frias, botas de a viagem ocorrer em dias frios, vale Casacos e terno montaria. Não leve sapatos novos, usar segunda pele ou roupas térmi- que podem machucar, e evite sal- cas por baixo. O que levar: mesmo em época de tos pesados. “Prefira o preto bási- Como organizar: na mala, as cal- calor, é bom levar cardigã, suéter ou co, que vai com tudo”, indica Maria ças vão esticadas e com as pernas blazer. No inverno, blusas térmicas Heloisa. para fora. Ponha outras peças por podem salvar o passeio: além de Como organizar: coloque-os no cima e só então dobre as pernas serem quentes, não fazem volume. fundo da mala, recheados com pa- das calças, com cuidado para não Ternos só são necessários se o ro- pel de seda. gerar vincos. teiro contemplar reuniões ou pas- seios formais. Calças Camisas Como organizar: ternos ficam em e camisetas uma capa, dobrados. Já um casaco O que levar: ao menos uma opção mais pesado deve ser posto aberto mais clara e outra mais escura. E se O que levar: Maria Heloisa indica na mala, com gola ou capuz levan-

48 Peças de malha e casacos leves, como suéter, devem ser enrolados. Acessórios como lenços e luvas podem ficar dispostos nos espaços vazios da mala tado. Sobre ele, coloque as calças esticadas e empilhe as blusas sem dobrá-las, com as golas levantadas. Dobre as pernas das calças e, em seguida, as laterais e mangas do ca- saco. Preencha os espaços vazios com os cardigãs, suéteres e malhas enrolados e, se a mala tiver faixas de proteção, prenda as roupas.

Vestidos Fotos: divulgação/ Louis Vuitton

O que levar: peças discretas. Se a Acessórios xadas nos espaços vazios. Itens mais programação incluir um evento no- leves também devem ir bem embala- turno mais formal, Bia indica levar o O que levar: cintos, lenços e biju- dos, dentro da nécessaire. tradicional tubinho preto elegante. terias têm a vantagem de não gerar “É versátil: pode ser utilizado com muito volume na mala e dar origina- Roupa íntima um scarpin e uma bela joia, para lidade às composições. Para o frio, uma combinação social, ou com sa- cachecol, gorrinho e luvas. Porta gra- O que levar: duas calcinhas ou cuecas patilha e bolsa, para um almoço”, vata ajuda a manter o acessório im- por dia, e sutiãs nas cores bege, preto exemplifica. pecável. Óculos devem ir na caixa e e branco – esta dica não vale para via- Como organizar: disponha o vesti- na bagagem de mão. gens de lua de mel. Os tipos e quanti- do de maneira reta, deixando a parte Como organizar: objetos pesados, dades de meias devem ser escolhidos inferior suspensa. Ponha a saia por como caixa de joias, devem ir no fun- de acordo com o estilo dos sapatos. cima (se for levar a peça) e só então do da mala. Os cintos – enrolados –, Como organizar: ocupe os lugares dobre a parte inferior do vestido. as meias e as luvas podem ser encai- vazios da mala com estas peças.

Premium 49 G ourmet

Festa Cultural

Confira curiosidades gastronômicas sobre a comemoração de aniversários em diferentes países

uuum, brigadeiro! Invariavelmente é este o doce que vem à mente de muitos brasilei- ros quando se pensa em aniversário. Soprar velinhas enfileiradas no topo de um bolo cheio de cobertura e recheio, distribuir bebidas, coxinhas e canapés entre os convida- dos parece ser a coisa mais natural do mundo quando se trata de festa de aniversário. Pode até ser, mas só em alguns lugares. Em cada país, as pessoas celebram a data de uma forma diferente. Reunimos entrevistas exclusivas com nativos de seis países, que contam as peculiarida- des de cada cultura na hora de comemorar mais um ano de vida.

China África do Sul

Em geral, os aniversariantes ingerem um macar- O cardápio das festas infantis lembra o brasileiro: rão chinês bem comprido, que simboliza a longe- tem bolo de aniversário, cachorro-quente, san- vidade. Não há, necessariamente, comemoração duíches, balas, pirulitos, chocolates, biscoitos, com muitos amigos e parentes. “Chinês não cos- marshmallow, sorvetes, salgadinhos, batatinha tuma fazer festas de aniversário, com exceção frita, suco e refrigerante. para crianças de um ano e idosos”, explica Enny De acordo com a cônsul de política Salome Masuku, Wu, nascida em Taiwan e professora de manda- do Consulado da África do Sul, os adultos comemo- rim da escola brasileira Nin Hao. O prato, diz a ram com bolo, saladas, arroz, suco, cerveja e vinho. professora, não é igual às tradicionais macarro- Pratos típicos prevalecem: tem o mielie pap (uma nadas brasileiras, cheias de molho e ingredien- polenta branca), o chakalaka (cozido de legumes ao tes. “O preparo deve variar de acordo com a re- molho de chilli beans), braai (churrasco sul-africano), gião”, diz. samosas (uma espécie de pastel indiano), melktert (torta de leite), um brownie com creme de baunilha, chamado de malva pudding, e a cerveja mqomboti, à base de milho.

50 Japão

Antigamente, na ilha, quando a criança comple- Japão, depois da Segunda Guerra Mundial, de- tava um ano exato de vida, isso era comemorado vido à influência do Ocidente, a comemoração com um bolinho de arroz chamado mochi, mas passou a ter um bolo com velinhas para o aniver- depois desse primeiro ano os japoneses consi- sariante. Geralmente é uma massa de pão de ló deravam que todos ficavam um ano mais velho comprado em confeitaria, enfeitado com creme e juntos, no primeiro dia de cada ano, e não havia frutas, e uma mensagem escrita com chocolate. festa. Mas quando a criança completava certa A festinha geralmente é realizada em casa, ou, idade, os pais a levavam a um templo budista ou no caso de crianças menores, em lojas de fast santuário xintoísta para comemorar seu cresci- food. Diferenças geracionais existem: os idosos mento. Isso acontecia, por exemplo, quando elas costumam comemorar o aniversário preparando faziam três, cinco ou sete anos. Nesses casos, peixes e sekihan (um prato tradicional feito com elas iam para um santuário no mês de novembro arroz e feijão azuki) ao invés de bolo. Acredita-se para celebrar comendo um doce especial chama- que os aniversários de 60, 70, 77 e 88 anos são do chitose ame, que simboliza longevidade. especiais, por isso a família toda se reúne para De acordo com informações do Consulado do comemorar.

Premium 51 G ourmet

Pavlova com frutas vermelhas

A marca Santo Grão ensina a fazer o doce que está presente nas festas neozelandesas

Ingredientes • 240 g de clara de ovo • 2 g de sal • 500 g de açúcar refinado • 5 ml de vinagre branco • 60 g de amido de milho

Modo de preparar Na batedeira, em velocidade baixa, bater as claras com uma pitada de sal até que espume. Aumente a velocidade e continue batendo. Quando estiver firme, junte gradualmente o açúcar, batendo após cada adição, até o merengue ficar espesso e brilhante. Com uma espátula, misture ao merengue delicadamente o amido e o vinagre. Com o auxílio de um saco de confeiteiro e um bico perlê 1A

Foto: Divulgação faça as pavlovas com cerca de 100 gramas cada. Leve ao forno preaquecido, a 130 graus por 40 minutos.

Ingredientes do coulis de frutas vermelhas • 200 g de framboesa • 200 g de amora • 120 g de açúcar

Modo de preparar Leve ao fogo todos os ingredientes até reduzir e ficar uma calda grossa.

Ingredientes do chantili • 300 ml de creme de leite fresco • 50 g de açúcar • 1 fava de baunilha

Modo de preparar Bater todos os ingredientes até Nova Zelândia o ponto de chantili. Manter na Bolo, balas, sucos e refrigerantes compõem a mesa do geladeira. aniversário infantil no país. Um doce parecido com me- Montagem final rengue também faz sucesso nas festas. Trata-se da pa- Depois que a pavlova esfriar, vlova, que intercala fatias de suspiro com chantili e frutas montar em um prato desenhado com o coulis. Cobrir a pavlova como morango e kiwi. Outro doce característico é o hokey com chantili e frutas frescas como pokey, uma espécie de sorvete de baunilha com favos de morango, amora, framboesa e blueberry. Finalizar com folhas de mel. Salsichas – no formato “enroladinho” ou com molho hortelã e servir gelada. –, gelatina e sucos completam o cardápio.

52 Rússia No país que ocupa a maior área do planeta, a co- mida exerce um papel fundamental nos aniversá- rios, que são comemorados em um longo jantar com poucos convidados, “para que todos tenham lugar à mesa”, explica Elena Vássina, explica Elena Vássina, natural de Moscou e professora de Letras Russas na Universidade de São Paulo. Segundo Elena, o menu inclui muitos tipos de en- tradas típicas – cerca de dez –, todas bem capri- chadas. Caviar vermelho, “por ser mais barato que o escuro”; salada; pasteis de forno; peixe defuma- do e legumes são alguns exemplos. Alimentos em conserva fazem parte da cultura russa e estão pre- sentes na festa: “Os russos colhem cogumelos sel- vagens, diversos tipos deles. E preparam pepinos Peru salgados durante todo o outono, para consumir no inverno”, explica. Fãs de abacate, os peruanos consomem a fru- Para acompanhar os petiscos, fartura de bebida: ta nos aniversários em recheios de sanduíches “Para começar, muita vodca”, adianta. “A bebida como o Triplo, feito com três fatias de pão de for- serve para acompanhar os aperitivos, diferente ma e complementos variados – além do abaca- do consumo no Brasil. E, para crianças, suco e te, podem levar tomate, frango, queijo ou ovos, refrigerantes”, explica. Vinho, conhaque e cham- por exemplo. Segundo os cônsules adjuntos do panhe também são muito frequentes nas come- Consulado Geral do Peru em São Paulo Eduardo morações, principalmente a última, que é servida Pérez Del Solar e Fernando Alvarez Gamboa, as pura e serve para os muitos brindes que ocorrem Butifarras também são comuns nos aniversários. ao longo do jantar. “É muito importante brindar, e Trata-se de sanduíches com alface, salsa, cebola inúmeras vezes. É um dos momentos de desejar roxa, pimenta e um presunto típico do país. E coisas boas e ressaltar as virtudes do aniversa- se a festa for infantil, não pode faltar gelatina, riante”, conta Elena. garantem. Bolo também é essencial, e, segundo Já o prato quente da noite costuma ser carne Gamboa, o importante é que ele seja bem confei- com batatas, feita de forma elaborada, normal- tado, bonito e, às vezes, engraçado. mente assada. Pode ser porco, frango ou pato, Segundo o cônsul, muitas das bebidas servidas por exemplo. Há exceções: de acordo com a têm receitas típicas da região, como o Souer, professora, por motivos religiosos, muitos russos com limão, açúcar e clara de ovo “para fazer fazem quatro jejuns anuais com restrição a ali- espuma”, e a Chica, feita com milho dos Andes mentos de origem animal. – um milho roxo –, água bem quente, pele de Desfecho do jantar, a sobremesa tem influência abacaxi e canela, que é servida gelada. “Tem francesa: “Costuma ser uma torta grande, como também a Inca-Kola, que chama a atenção de a Torta Napoleão, de mil folhas”, diz. E quando muitos turistas, por ser um refrigerante amare- todos acabam de comer, a festa chega ao fim. lo”, diz Gamboa. A bebida lembra um caramelo Mas, e o bolo? “Bolo é comida de café da ma- líquido. Os adultos podem saborear também a nhã, seria muito simples para um aniversário”, alcoólica Pisco, uma espécie de aguardente de finaliza graciosamente. uva, muito comum no Peru.

Premium 53 B em Viver Gentileza urbana Escolhas individuais, vitórias coletivas: viver bem em grandes cidades exige esforço de todos nós Iluatração: Adrian Hilman/123rf.com

54 fim de tarde e crian- ças aglomeram-se na porta da escola à espera dos adul- tos que chegam para buscá-las. Os carros dos pais vêm vagaro- Gentileza urbana samente, um veículo para por “cinco minutinhos”, o de trás para também e, em questão de tempo, uma fila dupla se forma em frente aos portões do colé- gio. Disputam espaço carros, pedestres, transporte coletivo e vans escolares. Se para alguns o resultado de situações como esta é estresse e atraso, para outros, ele vem em forma de multa. Para Ligia Marques, consultora de etique- ta, muitas medidas legais são elaboradas quando as pessoas não conseguem perceber que poderiam viver sem estas impo- sições se considerassem o bom senso. “Como exemplo temos as leis Seca e Antifumo, os ra- dares para controlar excesso de velocidade, a proibição de uso de celular para motoristas etc.”, enumera a consultora. O ciclo não para. Mas o lado bom é que as boas ações tam- bém podem gerar boas ações. E para dar uma mãozinha à ci- dadania, a revista Premium pin- celou dicas de atitudes simples que ajudam a melhorar a con- vivência em diferentes âmbitos: familiar, profissional e social. Co- mecemos já!

Premium 55 B em Viver

Em casa No trabalho

• Dizer “bom dia”, “por favor” e “obrigado”. O ci- • Respeitar as diferenças de credo, raça e idade de dadão que dá bom exemplo é aquele que tem colegas, subordinados e superiores; atitudes positivas não só no trabalho e na rua, • Respeitar também a privacidade para que as pessoas vejam, mas também den- dos colegas; tro de casa, sem esperar nenhum elogio; • Não fazer fofocas e julgamen- • Se preocupar com o meio ambiente e com o tos e não tecer comentários planeta no qual as pessoas viverão dentro de negativos de colegas a ter- anos, mesmo que não esteja mais presente ceiros; para conhecer as futuras gerações: apagar as • Evitar discussões fora de luzes ao sair de casa, fechar bem as torneiras e hora; separar o lixo para reciclagem; • Ajudar a manter a higiene • Coisas “invisíveis” têm efeitos positivos, como dos ambientes compartilha- estar de bom humor e receptivo às pessoas que dos: cuide de seu lixo e não nos cercam; bagunce o banheiro. • Levar em consideração que crianças e adoles- *Colaborou: centes estão em uma fase de descobrimento. Amanda Farisco, Se forem tratados com carinho, esses jovens diretora cidadãos passarão adiante todas as boas lições executiva da que aprenderem; Dor­nelles • Evitar barulhos excessivos, para não incomo- & Farisco dar os vizinhos. Se houver problemas, converse Con­sultoria educadamente ao invés de iniciar uma discus- em RH são. *Fonte: Portal do Brasil

56 Em público No trânsito

• Não furar filas; Motoristas • Jogar o lixo no lixo; • Respeitar as regras do código de trânsito, regular os • Ao ouvir música no carro, respeitar as pessoas ao faróis, parar antes dos cruzamentos e não estacio- redor: o rádio deve estar em um volume razoável. nar na faixa de pedestre; No transporte coletivo ou ambiente público, utili- • Usar o celular ao dirigir um veículo pode distrair o zar fones de ouvido; motorista. Que tal ligar antes de sair, ou depois de • No supermercado, respeitar as filas que restrin- estacionar? gem o volume de compras, bem como as filas • Não se esqueça de acionar a seta antes de virar. preferenciais. Não violar embalagens de produtos; Outros motoristas e pedestres precisam saber para • Recolher a sujeira do animal de estimação feita que lado você vai; em vias públicas; • Ao atravessar um cruzamento tenha certeza que • Em bancos e transporte coletivo, respeitar os as- você não vai bloquear a passagem de outros carros. sentos reservados a idosos, pessoas com defici- • Oferecer carona a quem precisa. Assim você ajuda ência, gestantes e mães com criança de colo. a diminuir o número de carros na rua e a poluição em sua cidade; • Ficar atento ao sair de garagens ou postos de ga- solina. Calçada é área comum com pedestres e a preferência é sempre de quem está a pé.

Pedestres • Esperar na calçada o momento certo para atraves- sar a rua, utilizar passarelas em locais sem sinaliza- ção e nunca atravessar em local proibido; • Ajudar idosos a atravessar a rua; • Fazer contato visual com o motorista antes de atra- vessar a rua – colabore para prevenir acidentes; • Os adultos devem zelar pela segurança das crianças no trânsito. Segurá-las pelo punho é mais prudente que pela mão. *Fonte: Portal do Brasil

Premium 57 A rquitetura Toque brasileiro

Estádios que receberão a Copa do Mundo em 2014 se preparam para manter a sustentabilidade ambiental como marca do evento

Por Amanda Sampaio

menos de um ano para a bola da Copa do Mundo rolar nos gramados brasileiros, a curiosidade sobre a construção dos está- dios ainda parece ser maior que a ânsia por ver a seleção canarinho entrar em campo. Junto a isso, a comparação com a infraestrutura de outros países que já sediaram o evento é inevitável – em toda edição. Desta vez, o carro-chefe para mon- tar arenas modernas, bonitas e dignas de Copa do Mundo será a sustentabilidade, pitada nacional que foi dada lá atrás, na aprovação dos projetos. O foco, além de preservar o meio-ambiente, é também finan- tégias como construir coberturas que captam água ceiro, uma vez que, depois de prontas, construções da chuva para reutilizá-la em banheiros, irrigação de deste tipo geram economia e retorno dos gastos de- gramados e limpeza; instalação de estruturas que positados nas obras. convertem energia solar em elétrica, além de proteger – A sustentabilidade não se justifica por si só: a eco- os torcedores do excesso de calor e frio; ventilação nomia é sempre bem-vinda. Se um estádio, que tem natural, entre outras. consumo alto, diminuir os gastos ao longo dos anos, A onda sustentável para o Mundial de 2014 se iniciou trará um retorno para a Receita –, opina Daniel Fer- com o Estádio Mané Garrincha, projetado como uma nandes, arquiteto dos projetos do Maracanã e da Are- “ecoarena” pelos arquitetos Eduardo e Vicente de na Pernambuco, ambos já inaugurados. Castro Mello. A partir disso, as 12 cidades-sede (Belo Se comparados com estádios tradicionais, a redução Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Ma- de gastos anuais com as “ecoarenas” pode chegar naus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Sal- à cifra dos milhões. Isso é possível graças a estra- vador e São Paulo), tiveram de pensar em soluções

58 Resta, então,aproveitar. shows, feiras,exposições e muitoentretenimento. tebolísticos, mastambém eventos diversos,como capazes dereceber nãosomenteespetáculosfu- foram projetados emformadearenas multiúso, quando aeuforiadafestaterminar, algunsestádios caros famosos“elefantesbrancos” nãosetornem Para queessesempreendimentos gigantescose para liberarosempréstimos paraasobras. tal Design).OBNDEStambémexigiuessacertificação do SeloLEED(LeadershipinEnergyandEnvironmen- ção paraconquistarpelomenosonívelmaisbásico “verdes” eparticiparamdeumprocesso decertifica- Maracanã –RiodeJaneiro tenção eelevadavidaútil. LED, quesãomaiseconômicas, debaixamanu- ainda, 23,5millumináriascom lâmpadasde da chuvaparareutilização. Foramimplantadas, disso, oestádiocontacomcaptação deágua lor paratransformaremenergiaelétrica.Além condições deluzuniforme,tambémseguraca- pante etranslúcida,que,alémdepossibilitar apresentando no teto uma membrana autolim- deixou desepreocupar comasustentabilidade, de movimento.Ogigantecariocatambémnão de amarelo, azulebranco,quedãoimpressão chamam aatençãoporterem assentosemtons Nacional. No quesito beleza, as arquibancadas pelo InstitutodoPatrimônioHistóricoeArtístico tendo apenasaestruturadafachada–tombada racanã foipraticamentetodoreformulado, man- ArquitetosLima, doFernandes Associados eLuisHenriquedeDaniel HopfFernandes Arquitetos responsáveis (projeto executivo): Capacidade: 78.838torcedores O maistradicionalestádiobrasileiro, oMa-

Foto: Erica Ramalho Premium 59 A rquitetura Mineirão – Belo Horizonte

Capacidade: 65.960 torcedores Autores do projeto: Volking Marg, Hubert Nienhoff e Martin Glass, do Von Gerkan, Marg and Partners

A fachada do Mineirão não pode ser modificada por ter sido tombada pelo patri- mônio histórico de Belo Ho- rizonte, mas a área interna teve mudanças para suprir algumas exigências da Fifa. Uma delas foi o rebaixamen- to do campo em quase qua- tro metros para melhorar a visibilidade. A terra retirada deste rebaixamento foi reuti- lizada – na pavimentação de ruas da cidade, por exemplo. Os entulhos provenientes da obra e a água da chuva também são reaproveitados. Arena Pernambuco – Recife Os banheiros contam com torneiras inteligentes e au- tomáticas, para evitar o des- perdício de água. O Mineirão também produz uma quan- tidade suficiente de energia

Foto: Galuber Queiroz / Portal da Copa Foto: Galuber Queiroz elétrica para abastecer 1,2 mil residências. Divulgação

A cidade de Recife conta com uma arena moderna e inteligente. A preocupação com o meio-ambiente existiu desde a fase de construção até o resultado final. O canteiro de obras contou com uma estação de tratamento de esgoto própria e co- leta seletiva. O estádio também é dotado da capacidade de reutilizar água da chuva, promover ventila- ção natural e transformar energia Capacidade: 46 mil torcedores solar em elétrica. Com a chamada Arquitetos responsáveis: “Usina Solar” ali presente, a ener- Daniel Hopf Fernandes, Luis gia não utilizada no abastecimento Henrique de Lima e Paulo da arena é direcionada para a rede Eduardo Jr., do Fernandes pública e consumida por cerca de 6 Arquitetos Associados mil pessoas.

60 Estádio Nacional Mané Garrincha - Brasília

Capacidade: 72 mil torcedores Arquitetos responsáveis: Eduardo e Vicente de Castro Mello, do Castro Mello Arquitetos

Pioneiro na busca por saídas sustentáveis, o estádio da bertura também captará a água da chuva, canalizando-a capital federal busca o selo LEED Platinum, maior patamar para cinco reservatórios, onde será filtrada e tratada com que pode ser atingido. Para isso, apresenta diversos benefí- o objetivo de ser reutilizada nos vasos sanitários e na ir- cios. Entre os mais interessantes está a cobertura, revestida rigação do campo. A película ainda consegue capturar a por uma membrana que a torna autolimpante. Além de re- poluição referente a mil carros por dia. O primeiro projeto do fletir os raios ultravioletas e reter 15% da luz amarela, essa estádio foi feito na década de 70 por Ícaro de Castro Mello, película isola o calor, melhorando a sensação térmica, o que pai de Eduardo, que hoje é o arquiteto responsável pela reduz a necessidade do uso de ar refrigerado. A mesma co- reforma, junto com seu filho Vicente (neto de Ícaro).

Arena Pantanal – Cuiabá

Capacidade: 44 mil torcedores Autor do projeto: Sérgio Coelho, do GCP Arquitetos

Localizada em uma rica área de fauna e flora, a Outro ponto positivo do estádio cuiabano é referente à Arena Cuiabá não poderia deixar de se preocupar com preocupação com a qualidade do ar e do solo, cons- construção e manutenção sustentáveis. Toda a madei- tantemente monitorada. Após a realização da Copa do ra usada no projeto é certificada e os resíduos de ma- Mundo, a Arena poderá servir de espaço multiúso para teriais são reciclados e reaproveitados na própria obra. receber eventos.

Premium 61 Q ueiroz Galvão | São Paulo

Ilustração artística da fachada do Essence Residencial xpansão Sucesso de empreendimentos da Queiroz Galvão em Campinas confirma a assertividade da empresa ao estender sua atuação à cidade

ma análise sobre o bem-estar nas principais Ciência e Tecnologia Observatório das Metrópoles, base- Eregiões metropolitanas do Brasil colocou ado no Censo de 2010 do IBGE e divulgado em agosto Campinas no topo do ranking, com a melhor de 2013, o estudo levou em consideração itens como in- avaliação. Feito pelo Instituto Nacional de fraestrutura, condições ambientais e mobilidade urbana. 62 Tipologia dos apartamentos

2 torres acopladas com 19 pavimentos (térreo + 18)

4 apartamentos por andar (2 apartamentos no térreo)

3 ou 2 quartos (1 suíte)

72 apartamentos de 78 m²

Garagem: 2 vagas

2 quartos (1 suíte)

72 apartamentos de 64 m²

Garagem: 1 vaga

Ilustrações artísticas do fitness e living do Essence Residencial

Campinas tem mais de dez bosques, além de parques, praças, lagoas e reservas naturais. Entre as opções cul- turais, destacam-se museus, bibliotecas, monumentos e patrimônios que formam resquícios da antiga econo- mia cafeeira responsável por parte da riqueza da cidade, como estações e complexos ferroviários e oficinas de locomotivas. Neste agradável cenário da Região Metropolitana de Cam- pinas estão os recentes lançamentos da Queiroz Galvão, o Essence Residencial e o Villa Matão Residencial. A empre- sa prepara outros dois lançamentos na cidade para 2014

e mais um em Paulínia para este ano. Ilustrações: divulgação Essence Residencial O Essence está localizado no Jardim Aurélia, um bairro da Área de lazer zona norte de Campinas predominantemente residencial, xpansão mas com a infraestrutura necessária para uma vida confortá- Além de praças, terraços e pergolados, o paisagista vel. É uma região consolidada que tem recebido grandes in- Eduardo Mera, responsável pelo projeto do Essence, vestimentos e atualmente conta com shoppings, supermer- criou também no residencial espaços para os adep- cados, universidades e restaurantes, além de possuir fácil tos de esporte: “O terraço descoberto do fitness torna acesso a rodovias e demais regiões da cidade. Ou seja, con- possível fazer exercícios ao ar livre, e o bicicletário fica ta com a base necessária ao bem-estar. O empreendimento próximo ao estacionamento e aos vestiários, para faci- ocupa um terreno com mais de 4.400 metros quadrados e litar a chegada dos ciclistas”, diz. tem projeto diferenciado, com apartamentos que integram o Por causa da movimentação que a área social terá, a living à cozinha e à varanda grill. O Essence foi um sucesso e quadra gramada foi construída em um nível abaixo do encontra-se com 90% das unidades vendidas, 50% destas térreo, para evitar que o barulho incomode os mora- comercializadas no pré- lançamento, no início do ano. dores.

Premium 63 Q ueiroz Galvão | São Paulo Villa Matão Residencial O Villa Matão é o primeiro empreendimento Slim da QGDI em São Paulo – trata-se da linha econômica da construtora

Ilustração artística da fachada do Villa Matão

64 Está localizado no Bairro do Matão, um subdistrito do Tipologia dos apartamentos município de Sumaré, na Av. Emilio Bosco, principal via do distrito, a apenas 17 minutos do Centro de Campinas. 10 torres com 8 pavimentos (térreo + 7) Um bairro em constante desenvolvimento, está próximo 2 quartos de grandes universidades e possui fácil acesso as prin- 8 apartamentos por andar cipais rodovias, Anhanguera, Bandeirantes e D. Pedro. 620 apartamentos de 45 m² O empreendimento conta com 640 unidades, 100% co- mercializadas em apenas 4 meses. 20 apartamentos de 1 quarto – terraço jardim

Devido ao sucesso de vendas do Villa Matão, a QGDI Garagem: 1 vaga por unidade antecipou o lançamento do Villa Matão 2, que ocupa um terreno com área de 34.783 mil metros e que, assim como o primeiro, integrará segurança, lazer e conforto. Área de Lazer

No Villa Matão, a área social tem salão de festas, quadra poliesportiva, quiosques com churrasqueira e piscinas de adulto e crianças, além de áreas de contemplação. De acordo com a paisagista responsável pelo projeto, Nathália Vitachi, da Buriti Paisagismo, o diferencial dos ambientes de convívio é a preocupação com o bem- -estar do morador: “O espaço disponível permitiu a ar- borização das ruas e distribuição de vagas de estacio- namento de maneira eficiente. As áreas de estar e lazer, como as piscinas adulto e infantil e a quadra, dispõem de um bom espaço para árvores de grande porte, que permitem maior qualidade térmica para as atividades Ilustração artística do living do Villa Matão externas”, explica. Ilustração artística da piscina do Villa Matão Ilustrações: divulgação

Premium 65 Q ueiroz Galvão | Pernambuco Maria Emília Residencial da Queiroz Galvão em bairro nobre de Recife segue o conceito Urban Living

novo empreendimento da Queiroz Galvão em parceira com a Galvão Engenharia em Recife fica em Boa Viagem, local que agrega a praia urbana homônima e concentração de serviços de variados seguimentos. Batizado de Maria Emília, o resi- dencial adere ao conceito Urban Living, para quem gosta de usufruir da infraestrutura que um local como Boa Viagem ofe-

Ilustração artística da fachada do Maria Emília 66 rece, sem deixar de lado o conforto e a qualidade de vida. uma vez que o empreendimento contará com bicicletário e Logo na entrada, os futuros moradores serão recebidos por um espaço fitness com tatame para a prática de muay thai um boulevard de seis metros de largura em frente ao empre- e vista para uma imensa área verde do manguezal. Todos endimento, integrado ao projeto paisagístico do residencial esses ambientes – e as demais áreas comuns sociais do pré- Maria assinado pelo renomado arquiteto Benedito Abbud. dio – terão Wi-Fi. Os apartamentos têm plantas versáteis, de 56 a 81 metros quadrados (ver detalhes no box Tipologia dos apartamentos), Ganhe tempo para o lazer que se adaptam a diversos perfis, de jovens e recém-casa- dos a famílias. O futuro morador poderá escolher entre três A mobilidade necessária em uma grande cidade também Emília opções de tamanho de planta, número de quartos e disposi- é uma vantagem do Maria Emília: a rua em que está locali- ção dos espaços, de acordo com a sua necessidade. zado o empreendimento dará acesso à futura Via Mangue, As áreas de lazer também agradam diferentes perfis, com- sistema viário que permitirá rápido deslocamento entre os posta por piscina para adultos com borda infinita e spa na eixos norte e sul da cidade. Serão 4,5km de extensão, sem água, piscina infantil com deck molhado, playground, brin- semáforos e cruzamentos. quedoteca interligada ao salão de festas infantil e salão de Com a economia no deslocamento, sobrará mais tempo festas com dancing interligado ao espaço gourmet. Os adep- para aproveitar a praia, o shopping e tudo mais que fica tos de esportes serão muito bem-vindos ao Maria Emília, bem ali ao lado. Ilustrações e foto: divulgação

Piscina do empreendimento – imagem sujeita Tipologia dos a alterações apartamentos

1 torre 29 pavimentos com seis apartamentos por andar

Três quartos Apartamentos de 81,51 m² Garagem: duas vagas

Dois quartos Apartamentos de 56,42 m² Apartamentos de 59,43 m² Garagem: uma vaga Boulevard com calçada de 6 Obs.: as plantas permitem diferentes arranjos metros de largura em frente ao empreendimento

Premium 67 Ilustração artística do Playground | Salvador Q ueiroz Galvão do Hemisphere Norte

emisphere A sensação de estar em uma casa de veraneio todos os dias do ano

cordar e, da janela, admirar o mar é privilé- com a segurança e a qualidade de vida de seus mo- Hgio de poucos. Ter um pouco de verde por radores. O Hemisphere 360º poderia muito bem ser perto, com um parque logo à porta de casa, descrito como a concretização de Shangri-La, criação também é. No Hemisphere 360º, novo resi- literária de James Hilton de título Lost Horizon (Horizonte dencial da Queiroz Galvão em Salvador, é possível ter Perdido): um lugar dito paradisíaco, situado nas mon- os dois: vista para a praia e para o parque de Pituaçu. tanhas do Himalaia, onde o ambiente é de felicidade e São dois condomínios: o Hemisphere Norte e o He- saúde, com a convivência harmoniosa entre as pessoas misphere Sul, com acessos independentes. Antonio das mais diversas procedências – descreve. Caramelo, arquiteto responsável pelo projeto, destaca algumas características do empreendimento: “O ganho funcional, o conforto e a economia, tendo o homem Bem-estar e diversão como escala em todos os sentidos”, diz. Se bater vontade de usufruir a natureza do lado de fora – Existiu uma verdadeira preocupação da Queiroz Gal- dos muros do empreendimento, opções não faltam: vão durante o processo de concepção deste projeto além das belas paisagens que o ladeiam, a região tem 68 Ilustração artística do Playground do Hemisphere Sul

Ilustração artística da Ilustração artística da vista do apartamento Praça de chegada do de 165 m2 Hemisphere 360º

vizinhos apreciáveis, como instituições de ensino renomadas, restaurantes, shoppings e, para os fãs de futebol, o Estádio Tipologia dos apartamentos Roberto Santos. Os moradores poderão também apreciar diariamente o grande Todos os apartamentos por andar possuem 4 quartos 2 coberturas duplex cartão-postal do bairro de Pituaçu, o seu Parque Metropolita- Garagem: 3 vagas no, com 400 hectares de extensão. Nele há uma incrível lagoa Torres com (apartamentos tipo) e 4 apartamentos de 140 e vagas (coberturas) cercada de diferentes espécies, algumas raríssimas, da flora 142 m² e fauna brasileiras, e rodeada por 16 quilômetros de ciclovia. 4 apartamentos Torre com partamentos por andar de 200 m² No Hemisphere 360º, chegar em casa pode ser sempre um Garagem: 2 vagas 2 apartamentos momento prazeroso: os apartamentos são amplos, com ta- por andar Torres com 2 coberturas duplex manhos que vão de 140 a 200 metros quadrados, e todos apartamentos de 165 m² Garagem: 4 vagas possuem quatro quartos (ver detalhes no Box Tipologia dos (apartamentos tipo) 2 apartamentos e 5 vagas (coberturas) apartamentos). É a integração da praticidade da vida urbana com o conforto de uma casa de veraneio.

Premium 69 Q ueiroz Galvão | Distrito Federal

arpe Diem Moradia e comércio no mesmo lugar: residencial da Queiroz Galvão em C Taguatinga capta a cultura da cidade

Ilustração artística da churrasqueira com forno de pizza Ilustração artística da piscina

70 onsiderada a capi- Tipologia dos endimentos de Taguatinga que tal econômica do apartamentos tem a segurança de um condo- Distrito Federal, Ta- mínio fechado aliada a uma am-

guatinga tem uma 3 torres de 15 pla área de lazer. característica peculiar que a pavimentos cada O residencial tem porte cochère

torna também o maior polo mer- 2 quartos e o acesso se dá pelo hall social cantil da região: a força do co- Unidades que variam com pé-direito duplo. “Em um de 55 a 57 m² mércio de rua. Não à toa, uma empreendimento misto como das principais artérias da cidade, 3 quartos este, é necessária a setorização Unidades de 67 m² que concentra infraestrutura de dos acessos, para que mora- lojas e serviços, tem o nome de Espaços comerciais dores e comerciantes tenham 36 lojas de 40 m² avenida Comercial, coroando a a 96 m² conforto no seu ir e vir diário. cultura de lojas a céu aberto que O acesso aos apartamentos é tanto agrada os moradores. exclusivo para moradores e a A cidade, a apenas 19 quilômetros de Brasília, é localização do mall de lojas é estratégico para o local escolhido pela Queiroz Galvão para lan- proporcionar privacidade e toda a conveniência çar seu primeiro empreendimento no Distrito Fe- necessária ao dia a dia”, ressalta Eduardo Estre- deral, o Carpe Diem, localizado especificamente la, arquiteto do projeto. em Taguatinga Norte. A construtora captou a es- Segundo ele, o condomínio reflete o estilo de sência do local e a solidificou em um edifício de vida da região: prático, para uma família jovem. uso misto, que integra o conforto da residência São três torres residenciais, com dois ou três Ilustração à praticidade de ter serviços por perto, por meio quartos, suíte e varanda (ver detalhes no Box artística do mall de lojas localizadas no térreo do prédio. de lojas no térreo Tipologia dos apartamentos). “Os apartamentos do Carpe Diem foram concebidos de modo a favorecer o con- Lazer, segurança vívio familiar, com ambientes dimensionados para proporcionar o conforto essencial”, diz. A e praticidade área social possui brinquedoteca, salão infantil, Além do benefício de poder usufruir de lojas em fitness, espaço gourmet, playground, sala de jo- seu próprio edifício, o futuro morador terá a ex- gos, salão de eventos, churrasqueira com forno clusividade de residir em um dos poucos empre- de pizza, street ball e piscinas, por exemplo. Ilustrações: divulgação

Ilustração artística do Espaço Gourmet Ilustração artística da sala

Premium 71 Q ueiroz Galvão | Rio de Janeiro

Imagens ilustrativas da fachada (acima) e área de lazer (ao lado) do LIV

Tipologia dos apartamentos

Exclusividade: apenas 94 unidades em um terreno de 11.700 m2

Garden 2 e 3 quartos de 101 m2 a 121 m2

Tipo 2 e 3 quartos de 74 m2 a 86 m2

Coberturas 3 e 4 quartos de 150 m2 a 172 m2

72 Queiroz Galvão escolheu para criar o empreendimento LIV – Lifestyle Residence. Plantas versáteis

O condomínio, projetado pelo celebrado arquiteto Afonso Kuernerz, tem quatro prédios e somente 94 unidades, o que dá um caráter de exclusividade. São três opções de apartamentos (ver detalhes no Box Ti- pologia dos apartamentos), e áreas de lazer feitas para Livnovo empreendimento quem tem estilo, como a piscina “Oásis” – com raia de da Queiroz Galvão 25 metros –, fitness, casual lounge, SPA com sauna úmida, repouso e ducha com cromoterapia, churras- reinventa o jeito de queira e forno de pizza. morar no Rio de Janeiro Os apartamentos térreos, chamados de Garden, têm jardim privativo, que oferecem ao morador a sensação ada dia mais valorizado, o Recreio dos de estar em uma casa. No segundo andar, o destaque Bandeirantes deixou de ser apenas uma são as amplas varandas, com kit opcional de churras- alternativa à sonhada Barra da Tijuca, vi- queira gourmet. zinha cobiçada, e passou a ser reconheci- As coberturas são duplex e a área íntima fica reser- do como uma região com potencial qualidade de vida, vada: os quartos ficam no primeiro pavimento e sala com grandes marcas e serviços. e cozinha no segundo, garantindo mais privacidade, O Recreio conta ainda com umas das mais belas praias pois os elevadores dão acesso aos dois pavimentos, preservadas do Rio de Janeiro, sinônimo de tranquili- permitindo receber os convidados sem passar pela dade e exclusividade. E foi este o cenário único que a área íntima do apartamento.

Imagem

ilustrativa do Ilustrações: divulgação SPA, com vista para a piscina

Premium 73 A rt Cinema Trilha sonora A importância da música, dos efeitos sonoros e Bonequinha de Luxo lançou a canção da voz no cinema “Moon river”

74 arion Crane entra no banheiro e joga algo art will go on”, que embalou o romance dos protagonistas no vaso sanitário. O som da descarga Jack e Rose e a emoção de milhares de espectadores – e ecoa enquanto ela vai em direção ao enjoou o ouvido de tantos outros – na voz de Celine Dion. boxe. Liga o chuveiro e toma conta do ambiente o barulho da água caindo em abundância sobre Qual é o segredo? seu corpo enquanto ela se ensaboa. Surge um homem segurando uma faca. Marion grita. Um som alto e sinis- Uma série de fatores pode ajudar a tornar célebre a trilha tro de violinos nasce, parecendo gritar junto com ela e a sonora de um longa-metragem. De acordo com Mauricio acompanha até o momento da morte na banheira, quando Esposito, docente do curso de Cinema e Audiovisual da atinge notas mais baixas e lentas, assim como os gritos da Universidade Anhembi Morumbi, um destes elementos é protagonista. a escolha de um compositor ou cantor consagrado. A cena clássica do filme Psicose (1960), de Alfred Hi- Caso dos brasileiros Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), tchcok, representa o assassinato mais famoso da histó- de Bruno Barreto, e Cidade de Deus (2002), de Fernan- ria do cinema. Sem ter um único diálogo e sem mostrar do Meirelles, que entre suas canções têm “O que será?”, nenhum golpe de faca, valeu-se da interpretação da atriz de na voz de Simone, e “No caminho do Janet Leigh unida a uma trilha sonora marcante, composta bem”, de Tim Maia, respectivamente. “A qualidade geral por Bernard Herrmann. O resultado foi a cena fictícia de do filme, a adequação do som à narrativa e estratégias de terror mais inesquecível das telonas, com os chamados marketing são outros pontos”, diz o professor. “violinos gritantes”. O momento histórico na época em que o filme é lançado A lista de filmes que conseguiram causar grande comoção também é importante. “Blackboard Jungle (1955), de Ri- junto ao público por meio da união do som ao vídeo é ex- chards Brook, ajudou o rock a invadir o cinema. A estória tensa. Titanic (1997), de James Cameron, por exemplo, foi do professor de uma escola repleta de problemas com vencedor de muitas estatuetas do Oscar, entre elas duas a rebeldia dos alunos ao som de ‘Rock Around the Clo- pela trilha sonora: uma pelo score (música que é original- ck’, tema interpretado por Bill Hally, popularizou o tema mente composta para o filme) e outra pela canção “My he- rock’n’roll”, conta a pesquisadora sobre trilha sonora Már- cia Carvalho. O casamento rítmico e visual convida o espectador a se deixar levar pelo clima das ações, por isso, é comum – mas não é regra – perceber o som de um piano ou músi- cas pop em romances, notas ligeiras para cenas de ação ou lúgubres para sinistras, por exemplo.

Premium 75 A rt Cinema Cidade de Deus teve música de Tim Maia

“My heart will go on” embalou o romance de Jack e Rose Foto: César Charlone

vidual inserida na história dos Estados Unidos, vivencian- Música, efeitos do a Guerra do Vietnã ou a morte do presidente Kennedy, de som e narração reconstitui-se um pouco a história da canção americana, com a inserção de fonogramas de Elvis Presley, Joan Baez, Segundo Márcia, o áudio de um filme é composto por três Bob Dylan e The Doors”, explica a pesquisadora. elementos principais: música, efeitos sonoros (sons reco- A música apresenta o tom e o gênero da estória nos cré- nhecíveis e irreconhecíveis ou ruídos) e voz (falas e narra- ditos iniciais. Constrói a continuidade das cenas e pode ções). “Por isso que o cinema [mudo] não se tornou so- reforçar emoções do personagem e, por que não, do es- noro, e sim, falado, pois ele nunca foi silencioso”, explica. pectador. “Muitas vezes é difícil controlar o choro quando Forrest Gump, O Contador de Histórias (1994), de Robert a trilha domina uma cena de reconciliação, por exemplo, Zemeckis, é um bom exemplo de pesquisa sonora: “Na ou se acalmar quando os sons nos dão a entender que medida em que o protagonista narra a sua trajetória indi- o mistério está próximo”, opina o cinéfilo e professor de línguas estrangeiras modernas Thomas Castegnaro. E, no fim das contas, é a música que nos embala para casa nos créditos finais do filme.

Forrest Gump é um bom exemplo de pesquisa sonora

76 O peso da trilha

Relembre ou conheça alguns filmes com trilha sonora histórica

• Quando o cinema se tornou falado impulsionou Costa, e “Bat Macumba”, de Caetano Veloso e uma febre de produção de filmes musicais, no . Brasil e no mundo. “Um número musical ines- • Muitos dos personagens importantes na his- quecível e belo é o de Carmen e Aurora Miranda tória cinematográfica não são lembrados pela cantando ‘Cantores do rádio’, em Alô, Alô Car- sua caracterização sonora. Mas há casos como naval! (1936)”, cita a pesquisadora Márcia Car- Tubarão (1975), de Steven Spielberg, em que o valho. tema musical do peixe assassino dispensa sua • Casablanca (1942) imortalizou a canção “As time presença na tela. goes by” na voz de Dooley Wilson. • Bete Balanço (1984), tem música homônima de • Nos anos 60, o filme Bonequinha de Luxo (1961) e Frejat, conhecida pelo público até hoje. lançou a canção “Moon River”, que rendeu prê- • Lisbela e o Prisioneiro (2003), dirigido por Guel mio e fama ao compositor Henry Mancini e ao Arraes, teve a voz de Caetano Veloso na consa- letrista Johnny Mercer. grada “Você não me ensinou a te esquecer”. “Os • As canções da tropicália marcam o filme Copa- elementos do Nordeste, principalmente a parte cabana me Engana (1969. Ao som de “Baby”, do cordel, me atraem muito”, diz o cinéfilo Tho- de Caetano Veloso, com a interpretação de Gal mas Castegnaro.

Premium 77 A rt Cultura Música

Cena de O Rei Leão

78 para assistir O Brasil ganha força no circuito de países que recebem célebres peças de teatro musical Por Matheus Jacob Música urante anos a imaginação do público brasileiro foi habitada por per- sonagens fantásticos de grandes musicais americanos, em filme ou no teatro, como O Rei Leão, Hairspray e A Família Addams, para ci- tar alguns. Quem não se lembra de “Somewhere over the rainbow”, cantada pela antológica Judy Garland no filme musical de O Mágico de Oz? Hoje em dia, no entanto, estas produções estão cada vez mais próximas do públi- co nacional, não sendo preciso pegar um avião para assistir a uma peça instigan- te, divertida e bem feita. Ainda que os ingleses e americanos sejam hoje grandes expoentes do teatro musical, países como o Brasil têm conquistado seu espaço. – Acredito que o público brasileiro sempre esteve preparado [para receber grandes musicais], mas em dado momento não tinha escolhas. O Brasil tem diversidade cultural rica, miscigenada e eclética. Essa realidade faz com que aqui qualquer expressão cultural seja bem aceita e democratizada –, opina Anne Crunfli, diretora de espetáculos da XYZ Live, empresa que trouxe, entre outros musicais, Shrek. – O teatro musical já é uma realidade sólida –, faz coro Dan Rosseto, sócio-diretor da Applauzo Produções. – Há dez anos mais ou menos que o sonho de muitos artistas virou realidade e uma nova oportunidade se abriu para empregar músicos, atores, bailarinos e técnicos. É notório o crescimento deste mercado assim como a oferta de espetáculos, sejam eles franquias ou produções nacionais inéditas –, acrescenta. O interesse brasileiro pelos musicais é, em grande parte, causado pelo sucesso dos musicais dos Estados Unidos – não só entre os americanos, mas entre tanta gente e tantos países. “A força dos musicais da Broadway é impressionante. Nós crescemos diante da televisão e do cinema, vimos vários musicais virarem filmes e o contrário também aconteceu. Os americanos produzem musicais há mais de 60 anos e eles são impecáveis no acabamento e nos detalhes. Com isso o público é sempre beneficiado com grandes produções cheias de requintes e canções mun- dialmente conhecidas”, diz Rosseto. Peças famosas são mais visadas

Segundo Anne, da XYZ, na hora de ir em busca de uma peça que possa ser repro- duzida no Brasil, a empresa leva em consideração três elementos: o gosto da po- pulação, chamada de zona de conforto cultural; a fama universal do espetáculo em questão, que ajuda a vender o produto sem muitas explicações; e a logística, que

Foto: João Calda / Disney facilita ou limita. “Por mais que tenhamos o desejo de trazer determinado conteúdo,

Premium 79 A rt Cultura

O musical Shrek, que até agosto passará por três capitais brasileiras Patrocínio é essencial

Para valer a pena o investimento de tempo e dinheiro nos espetáculos, os números que se referem a público e turnê devem ser, preferencialmente, igualmente grandio- sos. “Já trabalhamos em teatros com capacidade média de até duas mil pessoas”, diz Anne. “Geralmente tenta- mos trabalhar um período mínimo de três meses com cada peça, em, pelo menos, duas grandes capitais. A equipe fixa fica em torno de 30 pessoas como suporte em cada cidade pela qual passamos”, acrescenta. Felizmente para aos fãs de teatros musicais, a cons- ciência do interesse que o brasileiro nutre por este tipo de conteúdo atrai incentivo financeiro público e privado para que espetáculos como estes possam ser trazidos ao Brasil. Alexandre Nogueira, diretor do Grupo Bradesco Seguros, que investe em musicais como Shrek, O Rei Leão e Cats, explica: “O Grupo recebe inúmeras solicitações de pa- trocínio durante todo o ano. Os investimentos são feitos a partir de verbas destinadas a patrocínios e pelas leis de incentivo à cultura, contemplando áreas como dança, música erudita, artes plásticas, teatro, concertos de mú- sica, exposições”, diz. Seja como for, o deslocamento da rota dos grandes mu- sicais é ótima notícia, e traz para a realidade o sonho de se tivermos que importar todos os instrumentos, toda a equi- tantos brasileiros de assistir às histórias que lhes ficaram pe e o cachê for altíssimo, vamos pensar duas vezes”, diz. na memória, com gostinho de infância. Nada melhor do Com os musicais estrangeiros fazendo tanto sucesso, dá que, pertinho de casa, mergulhar no mundo fantástico para imaginar o quão difícil é também conseguir os direitos da música e da dança, como se estivesse sentado numa autorais para produzir um deles. E, quando conseguem das famosas poltronas da Broadway. comprar esses direitos, os produtores chegam a ficar com eles anos a fio até que haja verba o suficiente para de fato produzir a peça, já que, na maioria dos casos, o espetáculo O musical O Mágico de Oz deve seguir um roteiro pré-estabelecido e figurinos a respei- tar, de acordo com a obra original. A medida serve tanto para atender às expectativas do público quanto para controlar a qualidade do que será apresentado. – Em alguns casos, é possível negociar para que o musical sofra ajustes, como inclusão ou exclusão de canções, assim como adaptações no texto –, explica Rosseto. Para Anne, mesmo com imposições de fidelidade à obra ori- ginal, toda apresentação é singular: “Arte é algo vivo e vive da manifestação de quem a interpreta, não tem como não ser particular e única em cada uma de suas versões”, diz.

80 E ndereços

A lot of Hits Kids’n’Teens Le design Oppa Design Al. Gabriel Monteiro da Silva, Al. Gabriel Monteiro da Silva, Rua Lauriano Fernando Rua Aspicuelta, 153 - São 256 – São Paulo (SP) 958 - São Paulo (SP) Junior, 225 – São Paulo (SP) Paulo (SP) Tel.: (11) 3068-8891/3068- Tel.: (11) 7806-3629 Tel.: (11) 2359-2788 Tel.: (11) 2738-0555 9370 www.hits.com.br www.ledesign.com.br http://www.oppa.com.br www.alotof.com.br iBacana Marcelo Faisal Paula Almendra Benedixt www.ibacana.com.br/ Av. São Gualter, 1889 - São Rua do Pilar, 40 - Salvador Rua Haddock Lobo, 1584 - Paulo (SP) (BH) São Paulo (SP) Ilumni Tel.: (11) 3021-2665 Tel.: (71) 3113-1182 Tel.: (11) 3081-5606 Rua Roque Petrella, 305 – www.marcelofaisal.com.br www.almendrapaula.com www.benedixt.com.br São Paulo (SP) Tel.: (11) 3539-2931 Mameluca Pavlova Bia Kawasaki www.ilumidesign.com.br Rua Teresa Guimarães, 35 – Rua Pereira da Costa, 56 – Tel.: (11) 98153-0136 ou (11) Rio de Janeiro (RJ) Recife (PE) 97358-4814 Imaginarium Tel.: (21) 2531-8137 Tel.: (81) 3034-3344 / 3314- www.biakawasaki.com.br R. Dr. João Santos www.mameluca.com.br 5044 Filho, 255 - Recife (PE) www.pavlova.com.br Bododo Tel.: (81) 3268-3587 MCF Consultoria Rua Girassol, 231 - São www.imaginarium.com.br/ Alameda Jaú, 1717, casa 2 - Riccó Paulo (SP) São Paulo (SP) Av. Rio Branco, 26, 12º andar Tel.: (11) 2337-0707 Jardim Botânico do Rio Tel.: (11) 3088-7258 - Rio de Janeiro (RJ) www.bododo.com.br de Janeiro www.mcfconsultoria.com.br/ Tel.: (21) 2223-2450 Rua Jardim website www.ricco.com.br Christofle Botânico, 1008 - Rio de SAC Brasil: (11) 3864-4288 Janeiro – RJ Mera Paisagismo Rogério Menezes www.christofle.com Tel.: (21) 2294-6619 Rua Gomes de Carvalho, 921 Av. ACM, 1298, sala 109 - www.jbrj.gov.br - São Paulo (SP) Salvador (BA) Companhia de Dança Tel.: (11) 3842-9072 / 3842- Tel.: (71) 3276-1687 Antonio Nóbrega Katya Francisco 6762 Rua Purpurina, 414 - São Rua Antonio Macedo, 143 - www.mera.com.br SD+Fernanda Marques Paulo (SP) São Paulo (SP) www.sdonline.com.br/ Tel.: (11) 3031-7624 Tel.: (11) 2295-8387 Nika Zupanc http://antonionobrega.com. www.katyafrancisco.com.br Mašera Spasiceva, 8, 1000 - Westwing Home and Living br/ciadedanca/ Ljubljana (Slovenija) www.westwing.com.br Tel.: +386 (1) 565 47 44 www.strlesvetila.com

Premium 81 C rônica Inconfundível voz do ninho por Monalisa Vasconcelos

gente viaja. Aliás, no Brasil, nunca tanto quanto agora. Passagens aéreas cada vez mais baratas, roteiros cada vez mais caseiros, investimentos cada vez mais animados. E assim, ano a ano, seguem cada vez mais acelera- dos e anis, numa estrada ascendente e reta, os números do Turismo em nos- so país. Estamos descobrindo novas possibilidades e os eternos prazeres de partir. O que, graciosa e gratuitamente, nos devolve a precisa e aconchegante sensação de voltar. Em férias de julho, dezembro ou feria- dos possíveis, lá em casa a gente sem- pre ia pra praia mais próxima ou casa de parente quando podia viajar. Isso sempre foi uma certeza. A outra é que fosse qual fosse o destino, ou a dura- ção da temporada, bastaria por os pés pra fora do carro, anunciando a nossa chegada de volta, que a minha mãe di- ria: “Ir é muito bom. Mas voltar é melhor ainda!”. Tudo bem que Dona Monica repete alguns bordões mais do notas exclusivas e uma quase ansiedade. É quando você se que Esqueceram de Mim em véspera de Natal. Mas, como ouve dizer “cheguei” pela primeira vez. A segunda vem de- sempre, tinha lá suas razões pra estar certa. Mesmo pra pois de abrir as janelas, por a roupa pra lavar e comer alguma aqueles que carregam um repertório de viagens mais colo- coisa: quando, feito isso, você entra no banho. Eu não sei rido que o da minha infância, tem três coisas no mundo que o que colocam na nossa água, mas definitivamente tomar só existem na casa da gente: o cheiro dela, o chuveiro dela banho no nosso chuveiro, depois de uma temporada sob ou- e a nossa cama. Sabores que a rotina tende a apagar. E que tros, é algo único. Posto o pijaminha e programado o retorno só o regresso ilumina. às atividades normais no dia seguinte, dormir na nossa cama Cada casa tem um cheiro. A nossa tem o nosso. Anfitrião é como baixar uma versão horizontal do colo materno. E, por como poucos, ele abraça a gente bem na porta, com suas fim, sonhar ao som da inconfundível voz do ninho.

82 O primeiro lançamento da Queiroz Galvão em Brasília. E já é um sucesso. Imagem Ilustrativa

Fachada

2 e 3 quartos com suíte, varanda e lazer completo. Além de um mall com 36 lojas. Tudo isso em Taguatinga, uma região com crescente valorização no DF.

Carpe Diem Mall Piscina Churrasqueira e Forno de Pizza Espaço Gourmet

Incorporação e Construção Informações: 61 3354 -1009 | condominiocarpediem.com.br

Em atenção às Leis Federais nº 4.591/64 e nº 8.078/90, informamos que todas as imagens apresentadas neste material publicitário são meramente ilustrativas do imóvel a ser construído pela Queiroz Galvão DF1 Desenvolvimento Imobiliário Ltda. (CNPJ n°13.636.752/0001-95), cujas especi cações detalhadas constam do Memorial de Incorporação registrado sob o nº R6 - 329118 do 3º O cial do Registro de Imóveis do Distrito Federal. Os móveis são de dimensões comerciais e os objetos de decoração, os acabamentos e alguns pontos de iluminação são meramente ilustrativos e constituem sugestão de decoração, não fazendo parte integrante da promessa de compra e venda das unidades, as quais serão entregues conforme o Memorial de Incorporação. An_Queiroz Galvao-Oka_205x275mm.indd 1 22/08/13 11:10