Seleção De Craques Com Qualidade Superior
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1 fadu.pt • segunda-feira • 01 de Fevereiro 2021 fadu.pt • segunda-feira • 01 de Fevereiro 2021 2 SELEÇÃO DE CRAQUES COM QUALIDADE SUPERIOR Da Seleção Nacional de Andebol, que participou por estes dias no Mundial da modalidade que decorreu no Egito, dez foram estudantes-atletas no Ensino Superior. O desempenho de alguns deles no desporto universitário resultou em medalhas de ouro em competições de nível europeu e mundial e a persistência nos estudos é uma porta aberta para áreas como a medicina ou a engenharia raticar desporto ao mais alto nível e ‘Ao longo da nossa carreira desportiva não testes e de ter sessões para esclarecimen- tirar uma licenciatura e até mesmo um temos o mesmo tempo para ir às aulas, mas to de dúvidas. Os colegas também ajudam, Pmestrado é difícil, mas não é impossível. com alguma disciplina individual consegue-se mandam apontamentos e nos trabalhos de Para o provar estão alguns dos atletas que fazer o curso. E se acabarmos um curso de grupo compreendem os nossos horários e integraram a Seleção Nacional de Andebol três anos em quatro ou cinco… desistir é que compromissos’. Também no Minho, Rui Silva presente no Campeonato Mundial disputado nunca!’, frisou, ele que está a uns pozinhos viu o seu nome na lista de alunos de Direito no Cairo por estes dias. Dos vinte eleitos do de se tornar mestre Humberto. ‘Falta-me após concluir o secundário, no entanto as selecionador Paulo Pereira, metade frequen- entregar a tese de mestrado, que atrasou por circunstâncias levaram-no a mudar de cur- tam o ensino superior ou já têm os respeti- causa da pandemia, mas espero entregá-la so. ‘Na altura que temos de escolher é um vos diplomas. São eles: Alexandre Cavalcanti, este ano’. E se a engenharia do emblemático pouco cedo para decidirmos aquilo que vai Alfredo Quintana, Bélone Moreira, Diogo keeper do Minho aguarda a tese final, o título ser o nosso futuro para o resto da vida e tive standby Branquinho, Diogo Silva, Fábio Magalhães, de doutor Bélone Moreira está em influência a nível familiar para ir para Direito. estratégico. ‘Acabei o curso de Medicina e Humberto Gomes, Luís Frade, Miguel Martins Acabei por perceber que não era algo que iria parei, agora tenho de fazer o exame da espe- e Rui Silva. conseguir conciliar por ter uma carga muito cialidade para exercer logo a seguir. Não valia grande de estudo’. Rui Silva mudou então de Atletas de grandes clubes nacionais e a pena fazer logo porque perdia a validade. Já internacionais, têm consciência de que mais fiz algumas pós-graduações, uma em medicina curso e está agora no terceiro ano de Ges- cedo ou mais tarde terão de seguir o plano desportiva, para me ir mantendo atualizando’, tão de Marketing no IPAM em Matosinhos, B, assim ele exista. O veterano Humberto confessou o lateral do SL Benfica, ele que fez e pretende mais tarde ‘fazer a ligação da Gomes, que frente à Noruega – e com ape- o curso de seis anos em oito. Para Luís Frade, área do marketing com a do desporto’, duas nas sete minutos de jogo - foi considerado o a pressão de ser o melhor no andebol não áreas com as quais se identifica. Quanto a homem do jogo, não tem dúvidas de que o se estende ao curso de Economia onde, não semelhanças com o andebol, confessa que ‘o canudo mais tarde ou mais cedo vai dar jeito. querendo ser o melhor, quer cumprir. ‘Já fiz espírito universitário também acaba por ser algumas cadeiras, outras estão a caminho e muito competitivo’. outras nem perto disso, mas pouco a pouco vou conseguir acabar o curso’. Apesar de ter noção da importância de ter qualificações a nível superior, o andebolista do Barcelona O importante é vê no futuro muitas reticências. ‘A Economia é uma coisa que me interessa, mas não me ter um curso, um estou a ver no futuro, depois do dinamismo seguro para que que temos na nossa vida agora, sentado numa secretária todos os dias’. quando deixarem o ande- A pensar na ligação quase umbilical que têm com o desporto, alguns optam por áreas bol, ou outra modalidade, relacionadas. É o caso dos atletas Alfredo Quintana, Miguel Martins, Fábio Magalhães e consigam ter um diploma Diogo Silva, todos a representar atualmente o para seguir outra carreira. FC Porto. ‘Quero acabar o curso de Desporto e depois de acabar a carreira como atleta gos- taria de continuar ligado a essa área. Se não Alfredo Quintana. der, tenho de me fazer à vida! O importante Guarda-redes da Seleção Nacional é ter um curso, um seguro para que quando deixarem o andebol, ou outra modalidade, Seleção Nacional de Andebol. Portugal brilhou no Mundial do Egito com dez jogadores que não deixaram os estudos para trás consigam ter um diploma para seguir outra carreira’, explicou Alfredo Quintana. Já Miguel estimulantes. Diogo Silva fala na dificuldade direitinho na parte da faculdade, conseguir tinham sido vice-campeões da Champions - e Martins optou por Gestão do Desporto e está que é encaixar os treinos, as viagens para fazer tudo nos anos que é suposto, mas o agarrei a oportunidade. Em França dá-se muito agora no terceiro ano: ‘é um curso ligado ao competir, as aulas e os exames, no entanto fundamental é ir continuando a fazer’, frisou, mais importância ao andebol, os pavilhões desporto, mas ao mesmo tempo não é tão sublinha a compreensão que tem da maior sem esquecer a importância da família no es- estão sempre cheios e há mais imprensa’. prático, as cadeiras são um pouco mais teóri- parte dos professores e é otimista quanto tímulo à prossecução dos estudos. Também Para Cavalcanti, o enriquecimento pessoal cas e consigo fazê-las a partir de casa, dá para ao sucesso de uma carreira dual. ‘Acredito Fábio Magalhães, que trocou a enfermagem na adquirido com a experiência, complementa conciliar com o andebol’, disse, consciente de que uma grande maioria consegue manter as Universidade do Minho pela Administração e aquele que a sala de aula também dá. ‘É uma que o curso lhe oferece saídas profissionais duas atividades, claro que é difícil levar tudo Gestão Desportiva na Universidade Autónoma cultura e língua diferentes e enriquece-me de Lisboa, falou do incentivo dos mais próxi- muito enquanto pessoa e enquanto jogador’. mos. ‘A minha mãe, principalmente, chateava- E se há quem opte por seguir uma -me muito a cabeça para fazer o curso, mas carreira lá fora, há outros que competem ao Ao longo da nossa car- eu também sempre tive esse objetivo e é um mais alto nível em Portugal, sem abrir um curso relacionado com o desporto’, contou, reira desportiva não abismo na conciliação de uma carreira dual. reconhecendo alguma boa vontade de todos Diogo Branquinho, licenciado em Engenharia os que o rodearam no percurso académico. temos o mesmo tempo para ir e Gestão Industrial, vê coisas em comum. ‘As ‘Tive bastante ajuda, os colegas foram incríveis, vidas académicas e desportiva coincidem em os professores também ajudaram’. às aulas, mas com alguma dis- muitas coisas. Na camaradagem, espírito de ciplina individual consegue-se No leque da oferta do ensino superior liderança, combate às adversidades, otimis- há quem escolha explorar outras áreas. Após o mo e confiança, coisas que ganhamos e que fazer o curso. 12º ano, Alexandre Cavalcanti optou por seguir podemos usar nas duas vertentes’. Com o di- o curso de Gestão de Empresas na Lusófona, ploma assegurado, Diogo enaltece o contexto que agora está em pausa. Há cerca de ano propício que encontrou. ‘Apesar de não ter um Humberto Gomes. e meio mudou-se para a cidade francesa de curso de Desporto, a Universidade do Minho Guarda-redes da Seleção Nacional Nantes. ‘Desde que comecei a jogar profissio- tem uma cultura desportiva muito grande nalmente tinha o sonho de ir para fora, surgiu e quase todos os professores nos apoiam a oportunidade de ir para o HBC Nantes – eles e valorizam. Dão-nos a hipótese de adiar 3 fadu.pt • segunda-feira • 01 de Fevereiro 2021 fadu.pt • segunda-feira • 01 de Fevereiro 2021 4 COMPETIÇÕES UNIVERSITÁRIAS TEM OUTRA LEVEZA 1 ALFREDO ruto da idade e das circunstâncias, acrescentaram-me tempo de jogo, de- mas não foi o principal. Foram ambas O PERCURSO DE QUINTANA ram-me mais amizades, acrescenta- boas experiências - uma em Portugal é comum associar-se às experiên- Clube: FC Porto cias proporcionadas pelo desporto ram-me mais riqueza a nível cultural e e outra na Coreia - e esta segunda foi F QUEM NÃO DESISTE Posição: Guarda-redes universitário alguma leveza, mas tam- foi sempre um grande orgulho repre- o mais perto de uns Jogos Olímpicos Idade: 32 anos bém muita importância na criação de sentar a Universidade do Minho’. Já se em que já estive’. Fábio Magalhães, Curso/IES: Ciências do Desporto DA CARREIRA DUAL (Faculdade de Desporto da Uni- rotinas de jogo e no enriquecimento sabe que o desporto dá amigos para a lateral esquerdo do FC Porto, foi me- versidade do Porto) pessoal. Muitas vezes proporcionam a vida, e assim foi também com Bélone. dalha de ouro no europeu universitário Competições universitárias: Medalha de ouro na Universíada estes atletas a primeira grande expe- ‘Vamos não só para ganhar, mas para em 2011, na Croácia, e não esquece a de 2015 (Gwangju) riência a nível internacional, algo que nos divertirmos, trocarmos experiên- experiência. ‘Foi muito interessante. O não esquecem, passem os anos que cias e jogar com pessoas que também espírito de grupo que vivíamos no dia passarem. Quintana, medalha de ouro estão a estudar. O título soube bem e a dia era muito bom e depois conse- na Universíada de Gwangju em 2015, foi reconhecido por algumas pessoas, guirmos conciliar isso com o resultado, fala desses tempos com saudosismo.