CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN

VIRGÍNIA RAMOS CAMPELO DOS ANJOS

Análise gráfica dos elementos e técnicas visuais que compõem os cartazes do

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Caruaru 2017 VIRGÍNIA RAMOS CAMPELO DOS ANJOS

Análise gráfica dos elementos e técnicas visuais que compõem os cartazes do Cirque du Soleil

Projeto de Graduação em Design apresen- tado como parte fundamental para obten- ção do título de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, Cen- tro Acadêmico do Agreste.

Orientadora: Sophia Costa

Caruaru 2017

Catalogação na fonte: Bibliotecária – Simone Xavier CRB/4 - 1242

A599a Anjos, Virgínia Ramos Campelo dos. Análise gráfica dos elementos e técnicas visuais que compõem os cartazes do Cirque du Soleil. / Virgínia Ramos Campelo dos Anjos. – 2017. 58f., il. ; 30 cm.

Orientadora: Sophia de Oliveira Costa e Silva Monografia (Trabalho de conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2017. Inclui Referências.

1. Cirque du Soleil. 2. Cartazes. 3. Design. 5. Comunicação visual. I. Silva, Sophia de Oliveira Costa e (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-049)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

VIRGÍNIA RAMOS CAMPELO DOS ANJOS

“Análise Gráfica dos Elementos e Técnicas Visuais Que Compõem os Cartazes do Cirque Du Soleil”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera a aluna VIRGÍNIA RAMOS CAMPELO DOS ANJOS

[ ] APROVADA [ ] REPROVADA

Caruaru, 08 de fevereiro de 2017

______Profª Sophia Costa (orientadora)

______Profª. Marcela Figueiredo

______Santino Mendes Jr Essa é mais uma vitória na minha vida. Dedico este trabalho a todos que me ajudaram nessa longa jornada, me incentivando, ensinando e tendo muita paciência comigo. Um muito obrigado a todos, principalmente para os meus pais, que fizeram esse sonho possível. Agradecimentos

Estar em frente a uma página em branco e ter mundo de pessoas para agra- decer. Pessoas que passaram pela minha vida me ajudando a chegar onde cheguei, mesmo pensando em desistir várias vezes. Aos meus pais que me ajudaram financei- ramente e me apoiaram (exigiram também) para que eu concluísse o curso. A André Arôxa que desde o primeiro período, teve bastante paciência para me ensinar a matéria de Tércia. A Joyce, que me incentivou a viver um mundo totalmente novo, longe da minha família, amigos e conforto, agradeço mesmo de coração, sem você eu não teria me tornado a mulher que sou, obrigada. A Sophia minha orientadora que me aceitou de braços abertos para me orientar, mesmo eu ficando ausente muitas vezes e adiando o compromisso de me formar. Agradeço aos meus amigos, Rodrigo por ter me dado uma injeção de estímulos pra fechar mais esse ciclo. Ray, principalmente Ray, que me acolheu em sua casa, se tornando uma irmã e me dando forças e várias ajudas nas horas de desespero. Kristhal e Allana, nossa. . . essas meninas se tornaram meu exemplo nessa faculdade, mesmo dando muito trabalho pra quem quisesse acompanhar a gente, elas me aceitaram do jeito que sou e continuam me apoiando sempre! Jeiel e o pessoal do maquinário, que além de me dar apoio, aturaram minhas loucuras e palhaçadas. E o obrigada a mim mesma que insisti na finalização dessa etapa em minha vida e hoje posso dizer para todo mundo, se eu consegui, você também consegue! Se você estiver disposto a jogar a preocupa- ção pela janela e se arriscar, a vista do outro lado é espetacular. Meredith Grey Resumo

O Cirque du Soleil é uma referência para o mundo dos circos e das artes, com sua originalidade e beleza, trazem para as cidades um pouco de suas histórias e magias.

A relação entre o Design Gráfico e o Cirque du Soleil são expressadas nos cartazes dos espetáculos. Com o intuito de comunicar e promover as apresentações, os cartazes utilizam de elementos e técnicas visuais para construção de uma linguagem eficaz e satisfatória.

Esse trabalho objetivou através de uma análise indutiva, e foi possível identificar os elementos e técnicas da comunicação visual nos cartazes dos espetáculos mais vistos, visando verificar se os cartazes condizem com as apresentações dos espetáculos. Os posteres do Cirque du Soleil nos faz presenciar, refletir e abstrair sentimentos; revela-nos um breve resumo do que vai será exibido nas apresentações.

Palavras-chaves: Cirque du Soleil, cartazes, design, comunicação visual. Abstract

Cirque du Soleil is a reference for the world of circuses and the arts, with its originality and beauty, bring to the cities a little of their stories and spells.

The relationship between Graphic Design and Cirque du Soleil is expressed in posters of the shows. In order to communicate and promote as presentations, posters use visual elements and techniques to construct an effective and satisfactory language.

This work aimed to identify the elements and techniques of visual communication, the graphics of the spectacles and visas, in order to verify if the cards correspond to the presentations of the spectacles. The points of Cirque du Soleil make us watch, reflect and abstract feelings; It gives us a brief summary of what will be shown in the presentations.

Keywords: Cirque du Soleil, posters, design, visual communication. Lista de ilustrações

Figura 1 – Registro fotográfico de La Fête Foraine de Baie-Saint-Paul...... 16 Figura 2 – Iluminação, roupas e acessórios utilizados na apresentação Grand Tour...... 17 Figura 3 – Cartaz do espetáculo transmitido pelo IMAX...... 18 Figura 4 – Cena do espetáculo ...... 19 Figura 5 – Fluxograma das apresentações do Cirque du Soleil...... 21 Figura 6 – Características do ponto, baseado em Dondis (1997)...... 25 Figura 7 – Configuração da linha, baseado em Dondis (1997)...... 26 Figura 8 – As três formas básicas, baseado em Dondis (1997)...... 26 Figura 9 – Forma e direção, baseado em Dondis (1997)...... 26 Figura 10 – Escala tonal, baseado em Dondis (1997)...... 27 Figura 11 – Círculo cromático, segundo Dondis (1997)...... 28 Figura 12 – Exemplo de padrões de textura visual, do livro de Dondis (1997). . . 29 Figura 13 – Equilíbrio / Instabilidade...... 30 Figura 14 – Simetria / Assimetria...... 31 Figura 15 – Regularidade / Irregularidade...... 31 Figura 16 – Simplicidade / Complexidade...... 32 Figura 17 – Unidade / Fragmentação...... 32 Figura 18 – Economia / Profusão...... 33 Figura 19 – Minimização / Exagero...... 33 Figura 20 – Previsibilidade / Espontaneidade...... 34 Figura 21 – Atividade / Estase...... 34 Figura 22 – Sutileza / Ousadia...... 35 Figura 23 – Neutralidade / Ênfase...... 35 Figura 24 – Transparência / Opacidade...... 36 Figura 25 – Estabilidade / Variação...... 36 Figura 26 – Exatidão / Distorção...... 37 Figura 27 – Planura / Profundidade...... 37 Figura 28 – Singularidade / Justaposição...... 38 Figura 29 – Sequencialidade / Acaso...... 38 Figura 30 – Agudeza / Difusão...... 39 Figura 31 – Repetição / Episodicidade...... 39 Figura 32 – Cartaz do espetáculo Alegría...... 41 Figura 33 – Técnica da simetria e repetição...... 43 Figura 34 – Cartaz do espetáculo ...... 44 Figura 35 – Cartaz do espetáculo Kà...... 46 Figura 36 – Técnica da atividade...... 48 Figura 37 – Cartaz do espetáculo Kooza...... 49 Figura 38 – Técnica da fragmentação...... 51 Figura 39 – Cartaz do espetáculo Ovo...... 51 Figura 40 – Técnincas do exageiro e instabilidade...... 53 Figura 41 – Cartaz do espetáculo Kurios...... 54 Lista de tabelas

Tabela 1 – Elementos Básicos ...... 41 Tabela 2 – Técnicas Visuais ...... 42 Tabela 3 – Elementos Básicos ...... 44 Tabela 4 – Técnicas Visuais ...... 45 Tabela 5 – Elementos Básicos ...... 46 Tabela 6 – Técnicas Visuais ...... 47 Tabela 7 – Elementos Básicos ...... 49 Tabela 8 – Técnicas Visuais ...... 50 Tabela 9 – Elementos Básicos ...... 52 Tabela 10 – Técnicas Visuais ...... 52 Tabela 11 – Elementos Básicos ...... 54 Tabela 12 – Técnicas Visuais ...... 55 Sumário

Introdução ...... 13 0.1 Objetivo Geral ...... 13 0.2 Objetivos Específicos ...... 13 0.3 Objeto de Estudo ...... 13 0.4 Justificativa ...... 14

1 CAPÍTULO 1- O Circo ...... 15

2 CAPÍTULO 2- Design Gráfico ...... 23 2.1 Breve histórico sobre cartazes ...... 23 2.2 Elementos da comunicação visual ...... 24 2.3 Técnicas visuais da comunicação ...... 30

3 CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto ...... 40 3.1 Análise dos cartazes do Cirque du Soleil ...... 40 3.1.1 Alegría ...... 40 3.1.2 La Nouba ...... 43 3.1.3 Kà ...... 45 3.1.4 Kooza ...... 48 3.1.5 Ovo ...... 51 3.1.6 Kurios ...... 53

4 Conclusão ...... 56

Referências ...... 57 13

Introdução

O Cirque du Soleil foi criado nos anos 80, em uma cidade próxima a Quebec, Canadá, onde muitos personagens eram vistos perambulando pelas ruas chamando atenção e mostrando todo seus encantos e magias. Considerados como circo inovador, eles são uma das maiores referências na área artística, fazendo com que vários outros artistas se inspirem neles para criar suas próprias apresentações. Os cartazes são uma forma de comunicar e divulgar, pois eles tem a função de identificar e promover. O Cirque du Soleil utiliza profissionais do design gráfico para criar uma representação de seus espetáculos nos cartazes, utilizando de ele- mentos, textos e imagens para compor um layout satisfatório. Ambrose e Harris (2009, 127) afirmam que “O uso da imagem é determinado por vários aspectos, incluindo o impacto desejado e o estilo do projeto, o público-alvo, a função da imagem e a ousadia ou o conservadorismo do projeto como um todo.”, o designer ao construir um layout, utiliza elementos e técnicas da comunicação visual para passar a mensagem de forma eficaz. Hurlburt (1980, 133) afirma que “A página impressa possui uma qualidade especial, que influência sua forma, seu conteúdo e a reação do leitor”. Esse trabalho tem como grande área o estudo entre a relação do Design Gráfico e o Cirque du Soleil, tendo em vista verificar se os elementos gráficos dos cartazes passam a mensagem do espetáculo ao qual se referem. A partir deste ponto o trabalho apresenta seus objetivos, objeto de estudo e justificativas.

0.1 Objetivo Geral

Analisar os cartazes do Cirque du Soleil.

0.2 Objetivos Específicos

• Apresentar o histórico do Cirque du Soleil;

• Apresentar a fundamentação sobre os cartazes;

• Fundamentar os elementos gráficos que compõem os cartazes;

• Analisar os cartazes do Cirque du Soleil a partir dos elementos gráficos.

0.3 Objeto de Estudo

Cartazes do Cirque du Soleil. Introdução 14

0.4 Justificativa

O Cirque du Soleil tem uma posição privilegiada entre todas as formas de diversões. Eles representam a dinâmica em grupo, onde criam performances diferentes para cada tema, chamando atenção dos espectadores. Eles são os designers do circo, que com criatividade vão trazendo beleza para seus espetáculos, técnicas para seus projetos e se tornando uma das maiores referências para o mundo do circo e da arte. A presente pesquisa é feita para entender como foram elaborados os cartazes dos espetáculos e analisar os elementos e técnicas visuais da comunicação. É impor- tante que esses artistas mantenham uma visibilidade, pois, os mesmos trazem consigo um alto valor cultural e simbólico para os espectadores. Foram escolhidos seis cartazes que marcaram a história do Cirque du Soleil, onde a seleção do material escolhido para analise foram formados a partir de apresen- tações mais populares e datas comemorativas, possuindo diferenças entre dois a seis anos de um espetáculo para outro. A análise desses cartazes são importantes para o design, pois, tem o intuito de mostrar as técnicas e elementos utilizados, onde esses cartazes são a chamada para que as pessoas entendam a mensagem a ser transmitida e tenham interesses em assistir aos espetáculos. 15

1 CAPÍTULO 1- O Circo

Há milhares de anos já se via vestígios das artes circenses. Foi encontrado na China, há 5.000 anos, pinturas de contorcionistas, acrobatas e equilibristas, essas artes eram utilizadas como treinamento para os guerreiros que assim trabalhavam a força, flexibilidade e agilidade. Quase todas as civilizações antigas praticavam algumas dessas artes, como forma de entreter a população. O circo, como conhecemos hoje em dia, veio se formar no Império Romano com o Circus Máximos que tinha a capacidade de suportar 150.000 pessoas. Haviam apresentações de engolidores de fogo, gladiadores e espécies exóticas de animais. O local era frequentado pelos plebeus que se reuniam para assistir as atrações que eram organizadas pelas autoridades imperiais. Houve um grande incêndio que o destruiu, e no local foi criado o Coliseu que hoje é um dos cartões postais de Roma. Com o início da era medieval os artistas passaram a apresentar suas habilidades como malabarismos e magias em praças, feiras e entradas de igrejas, em busca de algumas contribuições. De acordo, com Luiz Rodrigues Monteiro, “Nasciam assim as famílias de , que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro.”(MONTEIRO, apud ESTRANHO, ). Em meados dos anos 80, em uma cidade próxima a Quebec no Canadá, um grupo de artistas apresentavam suas artes e cores pela cidade fazendo malabarismos, soprando fogo, andando de perna de pau e tocando músicas contagiantes. Eles eram um grupo teatral chamados Les Échassiers de Baie-Saint-Paul (os Equilibristas de pernas de pau de Baie- Saint-Paul), fundado por Gilles Ste-Croix. Os habitantes da cidade, incluindo Guy Laliberté, que mais tarde se tornaria o fundador do Cirque du Soleil, ficaram encantados e intrigados com tanto encanto e beleza. Em 1982, eles se uniram a trupe performática “Le Club des Talons Hauts” (O clube dos Saltos Altos), uma organização sem fins lucrativos criada para promover artes circenses e de rua. Com essa parceria, eles fizeram a primeira apresentação que foi chamada de “La Fête Foraine de Baie-Saint-Paul”, uma grande feira que foi realizada em 1982 onde artistas de rua de toda parte se reuniram a fim de trocar experiências e animar as ruas da cidade. O evento fez tanto sucesso que foi repetido em 1983 e em 1984, aumentando a ambição de executar um grande sonho: criar um circo de Quebec e sair viajando pelo mundo para apresentar seus espetáculos. Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 16

Figura 1 – Registro fotográfico de La Fête Foraine de Baie-Saint-Paul.

Em 1984, para a comemoração do 450º aniversário da descoberta do Canadá por Jacques Cartier, o governo precisava de uma festividade que alcançasse toda a província. Guy Laliberté apresentou um projeto chamado de Cirque du Soleil, o circo do sol, com sua proposta aceita, o circo nasce com a ajuda do governo de Quebec. O espetáculo foi nomeado de “Le Grand Tour Du Cirque Du Soleil”, baseado num novo conceito. Eram apresentações com luzes mágicas, uma mistura de artes circenses tradicionais com espetáculos teatrais, danças, fantasias extravagantes e músicas originais. O primeiro espetáculo foi apresentado em uma pequena cidade de Quebec, Gaspé, e em seguida foi para outras 10 cidades. O Grand tour abriu a porta das oportunidades para o Cirque, com o sucesso das apresentações, a companhia teve que estabelecer metas para levar seu show para todos os lugares e contratar novos artistas, fazendo com que o Cirque du Soleil não parasse mais. Após o sucesso estrondoso do Grand Tour, eles garantiram o financiamento para um segundo ano de espetáculo, Laliberté queria renovar o Cirque du Soleil e contou com a ajuda de Guy Caron, eles criaram uma apresentação que foi intitulado de Le Magie Continue, passando por sete cidades do Canadá, onde fizeram parte das festividades da Expo’86 em Vancouver. Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 17

Figura 2 – Iluminação, roupas e acessórios utilizados na apresentação Grand Tour.

O circo fez sua primeira turnê fora do Canadá com o espetáculo Le Cirque Réinventé (ou We Reinvent the Circus) , em 1987. Apresentaram-se no Festival de Artes de , em busca pela reação do público californiano, foi a primeira visita a seus vizinhos da América e um marco importante na sua história. O festival foi um sucesso, tanto financeiramente quanto nas críticas, fazendo com que eles continuassem com o espetáculo em 1987, 1988 e 1989. O circo continuou sua turnê após uma breve participação nos Jogos Olímpicos de Inverno de Calgary, onde foram alvo de grandes elogios. Em Montreal criaram uma nova produção chamada de Nouvelle Expérience, onde quebram todos os recordes de venda de bilheterias e se tornando o espetáculo mais popular até o momento. Conforme na entrevista de Caldas (2008) com o vice- presidente sênior de Marketing do Cirque du Soleil, Mario D’Amico. “. . . o Cirque du Soleil escolheu capacitar os seus criadores e fazer da criação o ponto focal de suas atividades. A criatividade é a força propulsora por detrás do crescimento contínuo da organização”. Em 1992, o Cirque du Soleil vai para o Japão afim de conquistar a região. Foi criado o espetáculo Fascination, uma combinação dos melhores atos de Le Cirque Réinventé e Nouvelle Expérience, sendo apresentado apenas no Japão. Enquanto isso na Suíça, o Cirque faz uma parceria com o Circus Knie e apresentam seu show em mais de 60 cidades em todo o país. Mystère foi o primeiro grande espetáculo com estadia permanente na cidade de Las Vegas, sendo o primeiro de 5 espetáculos, O, , KÀ e , a ter sede fixa anos mais tarde. Para a celebração dos 10º aniversário, em 1994, o circo cria uma nova Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 18 produção intitulada de Alegría. A apresentação tem como tema principal o mau uso do poder político, sem um líder, dando inspiração para tornarmos pessoas melhores e capazes de trabalhar em conjunto. No ano de 1998, o primeiro show aquático do Cirque du Soleil, com residência permanente em Las Vegas, a apresentação foi nomeada “O”. Sendo um novo grande marco na história da empresa e conhecido internacionalmente. Com o circo se expandindo rapidamente e apresentando 15 espetáculos simul- taneamente em quatro continentes, a quantidade de artistas e funcionários aumentou, passando de 73 artistas em 1998 para mais de 3.500 empregados de vários países. Um novo marco na história do Cirque du Soleil passa a existir no ano 2000, pela primeira vez sua apresentação é transmitida nos cinemas em uma tela IMAX, com sua produção Journey of Man , distribuído pela Sony Pictures Classic, entrou em cartaz no mundo inteiro. Para diversificar seus produtos a empresa cria a Cirque’s Multimedia Division, dedicada a produção de televisão, vídeos, cinema e música. Em 2002 a Cirque du Soleil Images produz a primeira série de televisão, Cirque du Soleil Fire Within, onde foi televisionado apenas para os canadenses e norte americanos. No ano de 2003 houve uma nova filmagem de televisão, Solström, dessa vez produzido inteiramente pela empresa, visando o mercado internacional de televisão. Neste mesmo ano um novo projeto foi criado e intitulado de Zumanity, um show para o público adulto e com apresentação permanente em Las Vegas.

Figura 3 – Cartaz do espetáculo transmitido pelo IMAX.

Para a comemoração do seu 20º aniversário, em 2004, foi lançado o livro 20 Years Under the Sun, que conta o passo a passo da história do Cirque du Soleil. Neste mesmo ano eles ganham o primeiro Guinnes World Record, o recorde para o Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 19 maior número de pernas de pau no mesmo tempo e lugar, com 544 andarilhos das alturas. Com um novo projeto de residência permanente na cidade de Las Vegas, o Cirque du Soleil cria a apresentação KÀ, que conta a história de dois irmãos gêmeos que se lançam numa aventura para realizar seus destinos. O circo prepara mais dois espetáculos, uma nova apresentação itinerante chamada de que estreou em 2005, e um quinto show com sede fixa na cidade de Las Vegas intitulado de LOVE, para celebrar o legado musical dos Beatles que estreou em 2006. Afim de fazer seu nome na América do Sul, eles apresentaram o seu espetáculo no Chile, Argentina e Brasil. O Cirque du Soleil assinou um acordo exclusivo com a empresa CKX Inc., empresa responsável pelos direitos autorais de Elvis Presley, através de subsidiários da Elvis Presley Enterprises para a criação, desenvolvimento, produção e promoção do projeto Elvis Presley, em shows de estadia permanente. Em fevereiro de 2007 o Cirque du Soleil se apresenta no pré jogo do Super Bowl XLI em Miami, nos trajes encontramos os desenhos de Romero Britto. No mesmo ano é lançado um livro de ficção intitulado de The Spark, escrito por John Bacon. No ano de 2008 a empresa lança mais três espetáculos de residência permanente, na Macau (China), em Tóquio e CRISS ANGEL Believe em Las Vegas. Para a comemoração do seu 25º aniversário o Cirque lança a produção OVO, produzido pela brasileira Deborah Colker, inspirado no mundo dos insetos, e estreou em Montreal no ano de 2009. Outras atividades para comemorar o aniversário da trupe estão o lançamento de um livro sobre as fantasias do Cirque e também um CD duplo contendo suas músicas copiladas.

Figura 4 – Cena do espetáculo Ovo.

Novos projetos foram criados nos anos de 2009 a 2011, com 3 shows itinerantes e 3 espetáculos de estadia permanente. Banana Spheel teve sua estreia em novembro de 2009, passando por Chicago, Nova York e Toronto, porém dessa vez a apresentação não foi tão bem recebida pelo público, fazendo com que seu show fosse cancelado em Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 20

2010. O espetáculo foi o primeiro show itinerante concebido para se adaptar a vários espaços como arenas e Big Top, teve sua estreia mundial em Montreal. Michael Jackson: The Immortal World Tour, estreou em 2011, com uma produção eletrizante apresentado em formato de concerto de rock, uma combinação de emoção e inovação das músicas e coreografias do Rei do Pop com o Cirque du Soleil, transformando-se em uma criatividade inigualável. Os novos espetáculos com sede fixa foram VIVA ELVIS, IRIS e Zarkana. VIVA ELVIS foi um show em homenagem ao Rei do Rock, Elvis Presley, com 2 anos de duração no Aria Resort & Cassino em Las Vegas, que atualmente abriga Zarkana. O espetáculo IRIS foi criado exclusivamente para o teatro Dolby, anteriormente conhecido como Kodak, em Los Angeles. Em 2010 o Cirque du Soleil se juntou a novas forças criativas, James Cameron e Andrew Adamson, para produzir projetos teatrais em 3D. Em 2012, a companhia desenvolveu um novo serviço de criatividade e produção dedicada a artistas, a Pop Star Madona teve o suporte do Cirque du Soleil, onde forneceram direção artística para desenvolver sua performance para a apresentação no intervalo do Super Bowl XLVI. Neste mesmo ano a trupe lança , o espetáculo que homenageia o feminino, teve sua estreia em Montreal. No ano de 2013 o circo homenageia mais uma vez o Rei do Pop, com Michael Jackson: One, dessa vez a apresentação tem como residência permanente em Las Vegas. Uma nova produção foi anunciada, Kurios – Cabinet of Curiosities deu início a sua turnê em Montreal em abril de 2014, foi recebida com grandes elogios. O México foi o local escolhido para ter o primeiro show residente, da trupe, na américa latina. Joyà é uma mistura de espetáculo teatral com culinária que os espectadores tem a opção de degustar um menu especial. Um novo projeto itinerante foi realizado, chamado de Toruk- The First Flight, inspirado pelo filme Avatar de James Cameron. O ano de 2016 é marcado pelas novas apresentações: Paramour, , La Fourge Aux Étoiles e Tribute to Charlebois. O Cirque Du Soleil é um circo de referência até os dias de hoje, estão sempre se superando e enfrentando novos desafios. A seguir temos um fluxograma em ordem cronológica mostrando sua história. Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 21

Figura 5 – Fluxograma das apresentações do Cirque du Soleil.

Como meio de convidar o público para seus espetáculos o circo conta com a Capítulo 1. CAPÍTULO 1- O Circo 22 ajuda das artes publicitárias para ganhar mais visibilidade. São utilizados cartazes, banners, sites e outros meios de divulgação. Segundo Bridi e Camargo (2012, 2):

“A imagem inicialmente, mostra, explora o visual e transporta o receptor para o cenário; é apreensão da beleza estética, das formas, das cores, de maneira que se pretende ser mais real e fiel que descrição feita com palavras”.

Dessa forma observamos que todo o espírito lúdico das apresentações faz parte dos cartazes, este espírito esta presente nas cores utilizadas, nas formas, na disposição das imagens e até na tipografia escolhida. 23

2 CAPÍTULO 2- Design Gráfico

2.1 Breve histórico sobre cartazes

Na era da revolução industrial, o processo de industrialização fez com que hou- vessem mudanças nos métodos produtivos e no estilo de vida, havendo um crescimento urbano, onde foram criados novos bairros e residências, pessoas tinham que pegar transportes coletivos com desconhecidos para ir trabalhar. Com uma população alfabe- tizada, e o aumento do número de pessoas capazes de consumir mais, fez com que houvesse uma expansão do consumo dos impressos de todas as espécies. A impressão tipográfica em xilogravura foi o primeiro método de impressão comercial, onde a superfície em alto relevo era entintada e pressionada contra o papel formando assim a impressão. Com o avanço tecnológico o processo de impressão foi se tornando mais mecânico, tornando a impressão em xilogravura, obsoleta e fez com que os artistas plásticos e os artesãos fossem trabalhar nas fábricas, criando um vínculo com o comércio, produzindo os impressos com alta qualidade, com novas fontes, cores e layout. Cardoso (2008, 47, 48) afirma que “Diversos avanços de ordem tecnológica vieram juntar-se nessa época à ampliação do público leitor, possibilitando não somente a expansão de meios tradicionais, como livros e jornais, mas também a criação de veículos impressos novos ou pouco explorados anteriormente, como o cartaz. . . ”. Os designers gráficos precisavam se destacar na qualidade e originalidade dos projetos e não apenas na habilidade da execução. Os pôsteres eram criados para apresentar e promover de forma econômica e de fácil memorização, eles precisavam atrair compradores para os produtos, e públicos para os entretenimentos. Os primeiros pôsteres comerciais utilizavam diversos tamanhos e tipos de fonte, prezando mais pela economia do projeto do que pela qualidade estética. Eram geralmente impressos com tinta preta e com um layout que preenchesse a folha toda, para dar maior destaque nas informações mais importantes, eram aumentada os tamanhos das fontes. Esse tipo de cartaz era muito utilizado na Era Vitóriana. A litografia colorida possibilitou que os artistas desenhassem seus pôsteres dire- tamente nas pedras litográficas. O movimento Art Nouveau teve uma grande influência na criação de novas tipografias, publicidade, no design gráfico em geral, pelos seus pôsteres modernos trazendo uma expressão artística. As estampas japonesas também tiveram grande importância para artistas daquela época. Hurlburt (1980, 17) afirma que “A decoração é uma influência persistente na comunicação visual e no design gráfico”. O movimento é marcado pela decoração elaborada, pelas formas curvilíneas, Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 24

florais e traços sinuosos. Artistas como Jules Chéret, desenvolveu técnicas como o dégradée, impressão com três ou quatro cores. Ele fazia o desenho diretamente nas pedras litográficas, assim poderia criar texturas sem a limitação do maquinário feito de metal ou madeira. Chéret fazia a combinação de imagem e palavra que representavam o produto ou uma simbolização de alguma ideia, como um entretenimento.

”As imagens desempenham várias funções, desde transmitir a dramati- cidade de uma matéria jornalística, resumir e sustentar um argumento apresentado no texto até fornecer uma quebra visual para um bloco de texto ou espaço vazio. Elas são eficazes porque comunicam rapi- damente uma ideia ou instrução, fornecem informações detalhadas ou transmitem uma sensação que o leitor pode compreender com facili- dade.“(AMBROSE; HARRIS, 2009, 127)

Seu estilo se tornou referência para outros artistas como Pierre Bonnard e Henri Toulouse-Lautrec que mais tarde aperfeiçoariam a sua técnica. Lautrec é reconhecido pelos seus inúmeros pôsteres publicitários, onde retratava cenas da vida noturna e do submundo parisiense, criador de vários cartazes de divulgação de espetáculos de cabaré. A utilização do papel de forma vertical era incomum, realçava a falta de relevo nos desenhos, remetendo a espontaneidade das fotografias instantâneas, não há luz, sombras e nem profundidade, as letras desenhadas a mão traz uma interação entre a imagem e a informação escrita. Os pioneiros no design de cartazes, Lautrec e Chéret tiveram liberdade e ousadia em seus cartazes, criando novas técnicas, desenhando suas próprias fontes e se responsabilizando pelos elementos que iriam ser reproduzidos pelas máquinas, se tornaram referências para artistas de todo o mundo. Nos dias de hoje os pôsteres são criados com uma estrutura visto em sequência a medida que a narrativa se desdobra.

2.2 Elementos da comunicação visual

Naturalmente somos capazes de dizer se um cartaz é bonito ou não, pois todas as pessoas tem gostos pessoais, porém o designer gráfico não trabalha somente a beleza nos seus projetos, ele trabalha com processo de criação visual que tem um propósito, monta uma linguagem visual utilizando princípios, conceitos ou regras. Para um projeto ser bom ele precisa ter comunicação com o seu público. A arte final tem que passar com clareza as informações necessárias para o entendimento do que se trata, transmitindo ou expressando uma intenção ou conceito. Hurlburt (1980, 94) afirma que “Um design só pode ter resultado feliz se constituir a síntese de todos os dados úteis, traduzidos em palavras e imagens e projetados de forma dinâmica.” Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 25

O design gráfico tem a função de identificar e promover, como um cartaz de um espetáculo, ele identifica e promove ao mesmo tempo. Para a criação de uma peça gráfica, é preciso de um objetivo e uma solução para um determinado problema, como por exemplo, vender um determinado produto ou ganhar o interesse do público para comprar ingressos de um determinado espetáculo. Na elaboração de uma peça gráfica, o design precisa ter uma ordem, algo precisa ser lido e visto primeiro. Conforme Newark (2009, 14) ”Todo design tem de dar forma à sua matéria-prima, sequenciá-la, ordená-la e classificá-la para dar-lhe uma hierarquia.“ O designer ao fazer um projeto gráfico, tem que colocar as ideias mais importantes em evidência e fazer com que as menos impor- tantes também sejam lidas. Seja utilizando imagens pra ilustrar ou apenas organizando a ordem das informações. Para entender como funciona o cartaz, vamos separar cada elemento para depois analisarmos como um todo. Se “em todos os acontecimentos visuais, há ele- mentos separados e ainda assim unificados” (DONIS, 1997, 47) cada elemento tem uma característica própria, quando unidos, ele transmite uma comunicação visual satisfatória. Vamos analisar os elementos visuais que Donis (1997) sugeriu: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. Ponto e Linha – O ponto assume uma forma simples e arredondada, ele possui grande poder de atração aos olhos e muitas vezes é utilizado para fazer uma marca ou apenas para usar como ponto de referência. Capaz de medir o espaço em qualquer projeto visual. Uma série de pontos quando em proximidade e maior intensidade, podem conduzir o olhar.

Figura 6 – Características do ponto, baseado em Dondis (1997).

A linha se forma quando os pontos estão tão próximos que não dá pra identifica- los individualmente, aumentando a sensação de direção. A linha possui um elemento visual para interpretar a intenção do artista, utilizada como esboço, com alta precisão e até em projetos mais complexos Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 26

Figura 7 – Configuração da linha, baseado em Dondis (1997).

Forma e direção – Existem três formas básicas: o circulo, o quadrado e o triangulo equilátero. Cada uma das formas possuem características específicas e trazem vários significados próprios, através de associações, concepções arbitrárias e percepções psicológicas. Existem variações dessas três formas, quando combinadas entre si se transformam em formas físicas já existentes e o que a imaginação humana é capaz de criar.

Figura 8 – As três formas básicas, baseado em Dondis (1997).

Com as formas existem direções básicas que são bastante significativas, para o quadrado as direções da visão humana são: a vertical e a horizontal; o triângulo, diagonal; para o circulo, a curva. Os significados das direções das formas são utilizados para criar mensagens visuais.

Figura 9 – Forma e direção, baseado em Dondis (1997). Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 27

Tom e cor – “As variações de luz ou de tom são os meios pelos quais distingui- mos oticamente a complexidade da informação visual do ambiente” (DONIS, 1997, 61) , percebemos o escuro por ele se sobressair ao claro. Para que haja uma obscuridade é necessário a presença de luz natural ou artificial. A tonalidade nos projetos gráficos são uma representação pigmentada para simular os tons da natureza, pois existe uma enorme variação de tons, já nos projetos gráficos essas variações são limitadas. As tonalidades são utilizadas para distinguirmos as complexidade da informação visual, para dar uma ideia mais real de distância ou até mesmo para dar o efeito desejado a um objeto e criar uma realidade mais convincente, criando volume, massa, ponto de fuga e ponto de vista. Na figura abaixo podemos observar uma escala que vai do branco ao preto, observando a variação de luz que pode apresentar.

Figura 10 – Escala tonal, baseado em Dondis (1997).

Até o momento falamos sobre representações monocromáticas para os meios de comunicação visual, associamos o tom a sobrevivência, já a cor traz emoção, significados e afinidades. Para a comunicação visual a cor é o elemento mais importante, pois ela também traz significados simbólicos e associativos que nos ajudam a interpretar melhor o que está sendo exposto, por exemplo a cor vermelha, ela pode significar raiva, perigo, desejo, força, entre outros significados. A cor tem grande utilidade para a comunicação visual, podemos medir três características próprias: matiz, representando a cor em si; saturação, alusão a pureza da cor; acromática, é o brilho das gradações do claro ao escuro. Existem uma variedade enorme de cores, que são a mistura das cores primárias - amarelo, vermelho e azul. Na figura abaixo veremos um círculo cromático, onde mostra a mistura das cores primárias, gerando as cores secundárias. Por exemplo, misturando o amarelo com o vermelho, dá origem ao laranja. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 28

Figura 11 – Círculo cromático, segundo Dondis (1997).

As cores tem um “valor / peso” psicológico. Cores menos saturadas, com mais adição de branco, criam um aspecto mais tranquilo que cores com mais intensidades e menos adição de branco, mais pesada ela será, criando expressões e emoções mais fortes. Precisamos entender como as cores se comportam diante de outras variações, elas podem dar uma uniformizada através da analogia ou criar um contraste através dos complementos. Cores primárias contrastam com cores opostas no circulo cromático, por exemplo o azul contrasta diretamente com o laranja. Além do contrate temos a variação de sensações de temperatura; quente e fria. Cores mais intensas, como o vermelho, se associa ao quente, enquanto o azul faz alusão ao frio. Ao utilizarmos as cores, precisamos saber exatamente qual a mensagem que queremos passar, pois, com vários significados uma cor pode dizer muita coisa aos seus telespectadores e justificar a sua aplicação e reação. Textura – Pequenas variações na superfície de um material são chamadas de texturas. Quando observadas, muitas vezes queremos tocar nela para sentir se realmente existe, isso se dá porque o cérebro precisa de uma confirmação sensorial. Algumas texturas são apenas efeitos visuais que podem ou não ter uma confirmação tátil. Cada uma das percepções mostram sentimentos e reações ao observar ou sentir a textura. A figura abaixo mostra alguns exemplos de texturas visuais. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 29

Figura 12 – Exemplo de padrões de textura visual, do livro de Dondis (1997).

Escala e dimensão – As formas tem a capacidade de aumentar ou diminuir seu tamanho, essa variação é chamada de escala. Utilizada em projetos arquitetônicos para representar um objeto ou um lugar em tamanho reduzido ou ampliado. A escala mais utilizada é a de 1:1 (ler-se 1 por 1), indicando por exemplo 1 centímetro equivale a 1 metro. “A escala pode ser estabelecida não só através do tamanho relativo das pistas visuais, mas também através das relações com o campo ou com o ambiente.”(DONIS, 1997, 72) A dimensão pode ser representada em formatos visuais bidimensionais, ela utiliza a técnica da perspectiva para produzir uma sensação de realidade. A dimensão real se dá em qualquer elemento que trabalhe com o volume total. Movimento – Uma imagem estática pode ter movimento, isso acontece por causa dos movimentos dos olhos ligados a psicologia e a cinestesia. Com ajuda de combinações das técnicas: ponto, linha, forma, direção, tom, cor, textura, dimensão, escala, conseguimos construir uma comunicação visual eficaz. Ao observar uma ima- gem nossos olhos seguem uma sequência organizada, buscando interpretar vários elementos. Donis (1997, 137) afirma que:

”O significado, porém, emerge das ações psicofisiológicas dos estímulos exteriores sobre o organismo humano: a tendência a organizar todas as pistas visuais em formas o mais simples possível; a associação automática das pistas visuais que possuem semelhanças identificáveis; a incontornável necessidade de equilíbrio; a associação compulsiva de unidades visuais nascidas da proximidade; e o favorecimento, em qualquer campo visual, da esquerda sobre a direita; e do ângulo inferior sobre o superior. Todos esses fatores regem a percepção visual“.

Esses elementos nos fazem compreender quais são as formas para uma com- posição de uma comunicação visual eficaz, agora vamos entender quais técnicas Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 30 podemos utilizar para criar essa comunicação de forma que nos faça passar e receber a mensagem corretamente.

2.3 Técnicas visuais da comunicação

Um cartaz precisa passar de forma clara o conteúdo, parte fundamental do projeto. O designer tenta ter o máximo de controle sobre a respostas do seu público, para isso ele intensifica a maneira na qual vai se expressar, utilizando técnicas visu- ais, trabalhando com os elementos básicos visuais e compondo de forma que “pela interpretação e percepção de dados e pistas visuais, pela totalidade da manifestação visual”(DONIS, 1997, 134) , para que o projeto seja eficaz. São diversas as técnicas visuais, cada técnica tem seu oposto que vão ser ditos e explicados abaixo: Equilíbrio e Instabilidade – Sendo o equilíbrio o elemento mais importante das técnicas visuais. O equilíbrio distribui o peso do conteúdo de forma que agrade mais ao olhar, enquanto a instabilidade provoca uma inquietação.

Figura 13 – Equilíbrio / Instabilidade.

Simetria e assimetria – Simetria é o equilíbrio bem detalhado, o conteúdo é rigorosamente bem distribuído, se tem uma informação de um lado, no outro lado terá outra informação do mesmo tamanho e forma. Na assimetria não existe um padrão, a informação que tiver de um lado não precisa ter do outro lado. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 31

Figura 14 – Simetria / Assimetria.

Regularidade e irregularidade – A fragmentação do conteúdo tem um lugar certo, tudo se encaixa perfeitamente, de maneira uniforme. A irregularidade traz uma inquietação aos olhos, observamos um cartaz e rapidamente percebemos que está faltando algo ou simplesmente não foi feito de uma forma regular.

Figura 15 – Regularidade / Irregularidade.

Simplicidade e complexidade – Com uma ordem simples e de fácil entendimento a simplicidade cria uma organização mais harmônica, já a complexidade, ela traz inúmeras unidade causando uma certa desordem, fazendo com que o público se concentre mais para entender o que está sendo transmitido. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 32

Figura 16 – Simplicidade / Complexidade.

Unidade e fragmentação – A unidade traz um equilíbrio de todos os elementos, transformando-se em um só. A fragmentação traz partes separadas que, conseguimos identificar cada elemento, interagem entre si mas são observadas separadamente.

Figura 17 – Unidade / Fragmentação.

Economia e profusão – Composta de poucos elementos, a economia é sensata ao utilizar os elementos, diferente da profusão que é carregada de detalhes que buscam enriquecer o projeto. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 33

Figura 18 – Economia / Profusão.

Minimização e exagero – A minimização serve para dar uma resposta simples para o público, realçando a clareza e a simplicidade com poucos elementos, enquanto o exagero preza pela extravagancia, criando foco através de uma expressão visual intensa e ampla.

Figura 19 – Minimização / Exagero.

Previsibilidade e espontaneidade – Expressada de forma organizada e bem planejada, a previsibilidade mostra que algum elemento foi exatamente planejado para estar numa determinada posição. Na espontaneidade, o planejamento é algo que aparentemente falta no projeto, essa técnica passa emoção, impulsividade e liberdade. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 34

Figura 20 – Previsibilidade / Espontaneidade.

Atividade e estase – A técnica da atividade é representada por uma ação ou sugestão de movimento. Com uma postura mais tranquila o estase traz equilíbrio e repouso.

Figura 21 – Atividade / Estase.

Sutileza e ousadia – Técnica visual elegante, a sutileza é utilizada para estabe- lecer uma distinção apurada e foge da firmeza da ousadia, que deve ser utilizada de forma segura e confiante. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 35

Figura 22 – Sutileza / Ousadia.

Neutralidade e ênfase – Tendo como o intuito de permanecer neutro, a neu- tralidade faz com que a peça seja menos provocadora, trazendo um certo tipo de tranquilidade aos leitores. A ênfase é provocadora, utilizada para focar o olhar do publico para um determinado elemento.

Figura 23 – Neutralidade / Ênfase.

Transparência e opacidade – A transparência traz detalhes visuais onde todos os objetos são visto mesmo que sobrepostos, diferente da opacidade, tende ao bloqueio visual em partes do todo, fazendo com que o telespectador só veja uma parte da informação. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 36

Figura 24 – Transparência / Opacidade.

Estabilidade e variação – Composta por uma composição mais estática, sem movimento. Na variação a composição é mais dinâmica, de modo não sequencial. É uma técnica que exige um controle visual, para se ter um resultado satisfatório.

Figura 25 – Estabilidade / Variação.

Exatidão e distorção – Modelo de realismo, é a técnica da câmera, transmitindo exatamente o que o olho vê e manda para o cérebro. A distorção muda o realismo, a deformação da realidade, mudando o sentido. Essa técnica é muito utilizada para dramatizar o realismo. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 37

Figura 26 – Exatidão / Distorção.

Planura e profundidade – Técnicas que é composta pela presença e ausência da perspectiva, intensificada pelos efeitos de luz e sombra, claro e escuro, tendo o objetivo de dar uma aparência de outra dimensão.

Figura 27 – Planura / Profundidade.

Singularidade e justaposição – Singularidade dá ênfase no foco, numa composi- ção ele não conta com o apoio de outros elementos, pois o foco maior é em um único elemento. A justaposição busca estímulos visuais, comparando duas informações que são posta lado a lado. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 38

Figura 28 – Singularidade / Justaposição.

Sequencialidade e acaso – Na sequencialidade existe uma ordem mesmo não previsível. No acaso, os elementos se encontram de forma aleatória, “fora de controle”, uma desorganização intencional.

Figura 29 – Sequencialidade / Acaso.

Agudeza e difusão – Agudeza é a definição da forma, com contornos rígidos de fácil identificação, tendo como foco a clareza. Na difusão a forma não é bem definida, é mais suave, com menos ou quase nenhuma precisão. Capítulo 2. CAPÍTULO 2- Design Gráfico 39

Figura 30 – Agudeza / Difusão.

Repetição e episodicidade – Repetição é a interação de vários elemento iguais unificados. A técnica episódica é uma desorganização dos elementos, onde aparente- mente não existe uma conexão entre as partes.

Figura 31 – Repetição / Episodicidade.

Essas técnicas são algumas das enumeras formas de transmitir a informação de- sejada de forma eficaz e satisfatória. A combinação desses elementos e técnicas fazem com que o designer chegue à melhor composição para a criação do projeto, criando um controle maior sobre como a informação será passada e recebida. 40

3 CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto

Este é um projeto, que através do método indutivo, tem como objetivo inicial analisar cartazes do Cirque du Soleil de acordo com elementos e técnicas visuais do design gráfico, baseados em Dondis, visando entender não somente elementos e técnicas individuais, e sim sua relação com o todo. Foi feito um estudo sobre elementos básicos da comunicação visual e técnicas visuais, para a elaboração de uma tabela gráfica onde se fez necessário para analise dos cartazes escolhidos, de forma que houvesse um entendimento amplo e logo em seguida explicado e aprofundado. A seleção do material escolhido para a analise, foi formada através das apre- sentações mais populares entre os quarenta shows do Cirque du Soleil, sendo dois espetáculos com sede fixa e quatro itinerantes, com diferença entre dois a seis anos da criação de um espetáculo para outro. Foram escolhidos, em ordem cronológica, seis cartazes do Cirque du Soleil, são eles: Alegría (1994), La Nouba (1998), Kà (2004), Kooza (2007), Ovo (2009) e Kurios (2014). Com a definição dos cartazes, inicia-se a fase de análise.

3.1 Análise dos cartazes do Cirque du Soleil

3.1.1 Alegría

Criado em 1994, Alegría foi uma das apresentações itinerantes mais conhecidas em todo o mundo. O espetáculo, conta a história de um reino chamado Alegría, que perdeu seu rei, e mostra a transição do tempo e as mudanças que pode proporcionar a um reinado sem um líder. Em seguida, veremos o cartaz do espetáculo e iremos analisar sua funcionali- dade estética. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 41

Figura 32 – Cartaz do espetáculo Alegría.

Tabela 1 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

O cartaz apresenta o tom, a cor e a textura, como os elementos básicos mais evidentes. A cor azul, é predominante e se encontra no background do pôster, repre- sentando a nobreza, sobriedade e sofisticação. A cor azul vem com uma variação de tons, trazendo uma escala de azul claro, centralizado, e azul escuro, no canto superior esquerdo e no canto inferior direito. A textura vem com um visual ornamental, no estilo barroco, localizada embaixo da imagem da mulher vestida de pássaro. Veremos agora uma tabela mostrando as técnicas utilizadas nesse cartaz. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 42

Tabela 2 – Técnicas Visuais

Técnicas <––> Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização X Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Transparência X Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

Observando o cartaz percebe-se a presença mínima de elementos, onde são su- ficientes para transmitir a mensagem para o seu público, de forma simples e econômica. Esses elementos são diagramados simetricamente, em equilíbrio, todos os objetos que foram colocados de um lado são repetidos no lado oposto, dando uma sensação equilibrada e harmoniosa ao projeto. Existe uma distorção e ousadia no pássaro, onde aparece dois olhos humanos nas asas, que estão observando, vigiando tudo. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 43

Figura 33 – Técnica da simetria e repetição.

Com um fundo uniforme, o cartaz dá ênfase as imagens mais importantes como a mulher com asas, ela é uma das personagens que aparecem no palco durante a apresentação. Trazendo imagens estáticas e num mesmo plano, as imagens são sequenciadas, fazendo com que todos os elementos estejam posicionados de forma previsível. A ornamentação no estilo barroco se encontra com uma transparência, trazendo um efeito para dar uma suavizada na imagem que possui elementos tão escuros. O pôster traz um aspecto sombrio, sério, contrastando diretamente com o nome do espetáculo.

3.1.2 La Nouba

O espetáculo de 1998, com sede fixa na Disney Springs, no Walt Disney World Resort em Orlando na Flórida, ainda se encontra em cartaz. La Nouba vem de uma frase francesa “Farie la nouba” que significa “festejar” ou “viver isso”. A apresentação conta a história de um mundo de faz de conta, onde tudo acontece. Com bastante situações inusitadas, acrobacias, coreografias e músicas vibrantes. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 44

Figura 34 – Cartaz do espetáculo La Nouba.

Tabela 3 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

Como elementos básicos que chamam mais atenção, observamos a cor e a linha que cria uma textura visual no pôster. Assim como no cartaz Alegría a cor azul é predominante, porém a cor azul escuro é a que mais aparece no La Nouba, significando sofisticação, inspiração e profundidade, esse azul representa a imaginação profunda de um sonho. A personagem veste cores que contrastam com o background do pôster, como o amarelo e o rosa. O amarelo tem como objetivo destacar a personagem, significando alegria, espontaneidade e dinamismo. A cor rosa remete a inocência e ao feminino. As linhas na cor azul claro, em paralelo, criam uma sensação de direção de Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 45 altos e baixos, remetendo a tecnologia e a novidade. As linhas também remetem as redes de proteção e os movimentos aéreos.

Tabela 4 – Técnicas Visuais

Técnicas Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização X Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Transparência X Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

Técnicas como a simetria e o equilíbrio, trazem ao olhar do espectador um conforto e harmonia, criando a sensação de que todos os objetos estão postos no lugar certo, distribuindo o peso das informações. Os elementos quando vistos por completo formam uma unidade, onde todos os elementos são identificados e tem um significado como um todo, não fragmentado. Com cores fortes que destacam a personagem do fundo da imagem, a técnica da agudeza tem como objetivo dar precisão e clareza. La Nouba traz em seu pôster um contraste entre o quente e o frio, criando um certo conflito, onde a energia do amarelo contrasta com a calmaria do azul. A personagem aparece durante todo o espetáculo enfrentando seus conflitos e frustrações por não saber voar.

3.1.3 Kà

O Cirque du Soleil estreou uma nova produção, Kà, no ano de 2004. O espe- táculo, com sede fixa em Las Vegas, ainda se encontra em cartaz. Kà é inspirado na Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 46 cultura japonesa, seu nome significa fogo em Japonês, a apresentação traz um ambi- ente totalmente dinâmico, com palcos suspensos, giratórios e muito mais. A história conta sobre dois irmãos que se aventuram para realizar seus destinos.

Figura 35 – Cartaz do espetáculo Kà.

Tabela 5 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

O cartaz tem como elementos evidentes: forma, tom, escala, movimento e cor. Apresentando o nome como parte do cenário, houve um aumento na forma para que os personagens interagissem como se estivessem em cima de uma montanha, a utilização de tons serviu para dar profundidade ao nome, Kà. A personagem de vermelho parece Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 47 estar sendo puxada pelo homem com calça verde, dando uma sensação de movimento a uma imagem estática. A cor preta, do background do pôster, representa a ausência de luz, com significados afetivos representando angústia, renúncia e intriga.

Tabela 6 – Técnicas Visuais

Técnicas <––> Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Transparência Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

Trazendo uma sensação de movimento, utilizando a técnica da atividade, o pôster representa o dinamismo da apresentação, personagens sendo puxados de um lado para o outro e escalando o “a” do nome Ká. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 48

Figura 36 – Técnica da atividade.

O cartaz conta também com outras técnicas mais evidentes como a complexi- dade, fragmentação e espontaneidade, com vários elementos, o receptor da mensagem precisa se concentrar mais para entender o que está sendo transmitido, existindo perso- nagens que não seguem a direção padrão do todo, na posição do pôster, eles possuem uma direção própria.

3.1.4 Kooza

Espetáculo itinerante, teve sua estreia em 2007. Kooza apresenta o show num tom divertido e engraçado destacando as dificuldades humanas como medo, fragilidade e poder. A apresentação tem como enredo um inocente que presencia uma explosão de um trapaceiro e segue numa jornada de paranoia. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 49

Figura 37 – Cartaz do espetáculo Kooza.

Tabela 7 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

Kooza traz em seu pôster muitas cores e formas abstratas. Com as cores roxo, amarelo e vermelho. O roxo do background remete a fantasia, mistério. O amarelo e o vermelho na roupa do personagem traz uma mensagem de alerta, perigo. As formas trazem vários desenhos misturados, como uma pipa, tesoura, instrumentos musicais entre outros elementos abstratos que quando unificados dão uma sensação de confusão, conflitos. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 50

Tabela 8 – Técnicas Visuais

Técnicas <––> Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização X Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Transparência X Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

Com vários elementos individuais próximos uns aos outros, por trás do nome Kooza, a técnica mais evidente é a fragmentação. Outras técnicas como a espontanei- dade, atividade e acaso se encontram bem presentes no cartaz, elementos que não possuem uma única direção, atividade em expansão, são elementos que criam um certo desconforto, com muitos detalhes para serem vistos. Esses fragmentos contam um pouco da história do espetáculo, onde tem uma criança com uma pipa que se depara com um mundo de aventuras e medos. O laranja utilizado em parte dos elementos fragmentados, representa a aventura, euforia, alegria e tentação, na outra parte da fragmentação a cor é preta, representando o medo, o temor, angustia e intriga. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 51

Figura 38 – Técnica da fragmentação.

3.1.5 Ovo

Ovo foi criado em 2009, o espetáculo itinerante dirigido pela brasileira Deborah Colker. Trazendo o tema sobre os insetos e seu ecossistema. A apresentação retrata a aparição de um ovo no meio dos insetos, gerando curiosidades e representando o enigmas sobre o ciclo de suas vidas.

Figura 39 – Cartaz do espetáculo Ovo. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 52

Tabela 9 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

As cores, texturas e a escala são os elementos visuais mais evidentes no cartaz. A cor marrom remete a cor da terra, onde foi aplicada uma textura para representar as rachaduras que existem no solo argiloso. O cartaz também traz personagens pequenos, representando os insetos do ecossistema e o ovo numa escala ampliada para dar mais ênfase a diferença entre os elementos utilizados.

Tabela 10 – Técnicas Visuais

Técnicas <––> Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização X Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 53

Técnicas <––> Técnicas opostas Transparência Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

Ovo traz em seu cartaz técnicas mais evidentes como a simetria, complexidade, exagero e instabilidade. A mesma quantidade de elementos utilizados de um lado, são utilizados do outro lado para distribuir o peso do olhar, os personagens postos escalando a parede ou no chão são utilizados para representar a diversidade no ecossistema. Com o ovo em tamanho exagerado, em relação aos personagens que o seguram, da uma certa instabilidade, como se eles não tivessem força suficiente para segurar o ovo e buscam o equilíbrio para não deixa-lo cair.

Figura 40 – Técnincas do exageiro e instabilidade.

3.1.6 Kurios

Kurios- Cabinet of curiosities, espetáculo itinerante que estreou em 2014. A apresentação tem como enredo um inventor que em seu gabinete de relíquias históricas descobre um mundo fascinante e curiosidades imaginárias, onde os sonhos e ideias grandiosas o aguardam. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 54

Figura 41 – Cartaz do espetáculo Kurios.

Tabela 11 – Elementos Básicos

Elementos Possui Não possui Ponto X Linha X Forma X Direção X Tom X Cor X Textura X Dimensão X Escala X Movimento X

Os elementos mais marcantes no pôster Kurios são a cor, o tom e o movimento. Como quem olha pelo buraco da fechadura na curiosidade de ver o que está aconte- cendo do outro lado da porta, notamos no pôster um olho que observa vários objetos criando uma interação entre eles, personagens de cabeça para baixo, saltando para o ar, maquinas funcionando e soltando fumaça, dando uma sensação de movimento ao cartaz estático. Tendo as cores verde e seus tons indo do verde escuro ao branco, cria-se uma sensação de descoberta, a cor verde traz uma associação afetiva de abundancia, ideal, esperança, juventude e desejo. Capítulo 3. CAPÍTULO 3- Desenvolvimento do projeto 55

Tabela 12 – Técnicas Visuais

Técnicas <––> Técnicas opostas Equilíbrio X Instabilidade Simetria X Assimetria Regularidade X Irregularidade Simplicidade X Complexidade Unidade X Fragmentação Economia X Profusão Minimização X Exagero Previsibilidade X Espontaneidade Atividade X Estase Sutileza X Ousadia Neutralidade X Ênfase Transparência X Opacidade Estabilidade X Variação Exatidão X Distorção Planura X Profundidade Singularidade X Justaposição Sequencialidade X Acaso Agudeza X Difusão Repetição X Episodicidade

As técnicas da atividade, espontaneidade, fragmentação, complexidade e exa- gero, são algumas das técnicas mais visíveis, que são utilizadas para reforçar a men- sagem a ser passada. A fragmentação traz diversos elementos que se encontram em atividades, com uma intenção de movimento, onde cada elemento observado separada- mente tem um significado e quando adicionado a outras unidades revelam um mundo de significados, trazendo uma certa complexidade ao ler a imagem. A espontaneidade realça a mensagem de impulsividade, de liberdade e emoção, que leva a imaginação do inventor a outro mundo. São observados vários relógios em do cartaz, significando a passagem de tempo, esses elementos detalhados são utilizados para enriquecer o projeto e passar de maneira eficaz o desenrolar do espetáculo. 56

4 Conclusão

“. . . o estruturalismo afirma que toda a linguagem (a definição da qual abrange toda a comunicação, incluindo o design gráfico) é um sistema de relações entre signos. Toda palavra ou imagem é um signo e todo signo individual tem apenas um significado por causa da relação com outros signos.”(NEWARK, 2009, 48)

Como descrito por Newark, cada signo só tem um significado por conta de outros elementos como por exemplo a cor, preto, ela só se significa “preto” por conta da sua relação com outras cores, fazendo com que todo elemento tenha seu significado separadamente por conta de outros signos, mas quando observado por completo o significado se torna um só. (NEWARK, 2009, 48) ainda afirma que “o design é composto inteiramente de elementos existentes de significados que são reutilizados, reformulados, recombinados”. Esse projeto contou com um estudo sobre a origem do Cirque du Soleil, trazendo sua história e a evolução da criação de seus projetos, esse estudo se fez necessário para entendermos quais espetáculos fizeram mais sucesso entre seu público. Em seguida foi feito um estudo sobre o design gráfico buscando entender como funcionam os elementos e técnicas da comunicação visual, baseados em Dondis, para que houvesse uma análise dos cartazes dos espetáculos mais populares do Cique du Soleil, a fim de saber se os cartazes passam a mensagem ao qual o espetáculo se refere. Durante a análise foi concluído que os elementos mais utilizados na criação dos cartazes, foram as imagens dos personagens e interpretações das cenas dos espetáculos, assim como cores, formas, tons e movimentos. Os primeiros cartazes, Alegría e La Nouba, utilizam poucos elementos, criando um maior foco aos personagens utilizados, esses personagens se encontram presentes em toda a apresentação. Nos demais cartazes conseguimos observar uma riqueza de detalhes, mais elementos, sobre o que irá acontecer nos espetáculos. As técnicas mais utilizadas nos pôsteres foram simetria, fragmentação, equilíbrio e instabilidade. Cartazes como Kà, Kozza e Ovo dão foco nos personagens mas também mostram detalhes sobre o espetáculo. Kurios, foi o único cartaz que não traz um personagem como evidencia, ele apenas traz um olho que seria representando o inventor, e ao redor desse olho algumas relíquias que ele guarda em seu gabinete de curiosidades. 57

Referências

AMBROSE, G.; HARRIS, P. Fundamentos de Design Criativo. Porto Alegre: Bookman, 2009. CALDAS, M. P. Por dentro do Cirque. 2008. Disponível em: . CARDOSO, R. Uma introdução à história do design. terceira. São Paulo: Blucher, 2008. DONIS, D. A. Sintaxe da linguagem visual. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ESTRANHO, R. mundo. Qual é a origem do circo? Disponível em: . Acesso em: 26/08/2016. FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em comunicação. 5. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. HARVEY, C.; GAUTHIER, S. Cirque du Soleil (Origins): Les Échassiers de la Baie and the Baie-Saint-Paul Fête Foraine [Festival]. Disponível em: toreplaceitwithanothercommand,\MessageBreakor tocontinuewithoutit.\errhelp\let\def\MessageBreak˙(inputenc)\def\ errmessagePackageinputencError:Unicodechar\u8:ÂL’notsetupforusewithLaTeX. ˙˙Seetheinputencpackagedocumentationforexplanation.˙TypeH forimmediatehelp\endgroupchassiers_de_la_Baie_and_the_Baie-Saint- Paul_F~A\global\let\T1\textordfeminine\unhbox\voidb@x{\def{\MessageBreakfor\ symbol‘\textordfeminine’}\edefT1{TS1}\xdef\T1/phv/m/it/12{\T1/phv/m/n/12}\ begingroup\escapechar\m@ne\let\MT@subst@\T1/phv/m/it/12\def{\@@par}}\T1\ textordfeminine\textordfemininete_Foraine_[Festival].html>. Acesso em: 21/04/2016. HOLLIS, R. Design gráfico uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2000. HURLBURT, A. Layout: o design da página impressa. São Paulo: Mosaico, 1980. MARCAS, M. das. Cirque du Soleil. Disponível em: . Acesso em: 23/08/2016. NEWARK, Q. O que é design gráfico? Porto Alegre: Bookman, 2009. SOLEIL, C. du. Disponível em: . Acesso em: 15/01/2017. SOLEIL, C. du. Alegría. Disponível em: . Acesso em: 20/12/2016. BRIDI, J. P. M.; CAMARGO, M. A. S. (Ed.). CIRQUE DU SOLEIL: O ESPETÁCULO DA SINCRONIA EM DISCUSSÃO. Unicruz, 2012. Dis- ponível em: . Referências 58

WILLIAMS, R. Design para quem não é designer. 2. ed. São Paulo: Callis, 2005.