UNI.UNICER.PTUNIUNICER

A CONSTRUIR O FUTURO

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Pessoal e administração da CUFP, assinalando o enchimento do 25.000.000º litro de cerveja, em 25 de setembro de 1970. Foto Costa. Arquivo Unicer. 3 UNIUNICER

Fábrica Leão,c.1915

Pessoal da CUFP em meados do século XX. Foto Bazar Electro-Fotográfico, 22 de dezembro de 1952. Arquivo Unicer

4 UNIUNICER IMAGENS COM HISTÓRIA Frota de camiões da CUFP, junto à fábrica de Júlio Dinis, com publicidade às laranja- das Invicta e às cervejas Super Bock, Além-Mar e Cristal. Fotografia de Platão Mendes, c. 1950. Arquivo Unicer

Barril de cerveja da CUFP, em madeira. Col. Unicer. Fotografia de José Eduardo Cunha, 2014

Vista geral da Fábrica da CUFP, na rua de Júlio Dinis e Rua da Piedade, . Fotografia de Platão Mendes, c. 1960.Arquivo Unicer

Fábrica de Júlio Dinis. Sala de Fabrico. Fotografia de Platão Mendes, c.1960. Arquivo Unicer

Fábrica de Júlio Dinis. Sala de enchimento de refrigerantes. Fotografia de Platão Mendes, c. 1960. Arquivo Unicer

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Fábrica da CUFP de Leça do Balio. Fotografia de Teófilo Rego, 1964. Arquivo Unicer

Sala de filtração da fábrica de Leça do Balio. Foto Costa, c. 1970. Arquivo Unicer

Camiões da frota de distribuição direta da CUFP em Lisboa e respetivas equipas de trabalho. Foto Santos Roxo, 1972. Arquivo Unicer

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Sala de enchimento na fábrica de Leça do Balio. Foto Costa, 1971. Arquivo Unicer

Camião da frota de distribuição direta da CUFP em Lisboa, com publicidade à Super Bock, «A cerveja feita desejo». Foto Santos Roxo, 1972. Arquivo Unicer

Linha de enchimento da Fábrica de Santarém, após a ampliação de 1979. Arquivo Unicer

Super Bock, 1970. Arquivo Unicer

7 UNIUNICER [1890 - 1930] O INÍCIO DE UMA LONGA HISTÓRIA DOS PRIMÓRDIOS DA COMPANHIA UNIÃO FABRIL PORTUENSE (CUFP) À CRIAÇÃO DA SUPER BOCK

COMPANHIA UNIÃO FABRIL sociedade anónima de responsabilidade limitada, “O Grupo do Leão” PORTUENSE (CUFP) com um capital inicial de 125 contos. na Cervejaria Leão de Ouro. Pormenor A Companhia União Fabril Portuense (CUFP), ante- A primeira direção da CUFP foi formada por Fran- de óleo sobre tela de cessora da Unicer, surgiu a 7 de março de 1890, cisco Monteiro de Menezes e Mello, Maximiliano Columbano Bordal com a união das principais fábricas de cerveja e Schreck e João José Monteiro. Os dois últimos eram Pinheiro. 1885 Fotografia de refrigerantes do Porto, que se propuseram a reunir cervejeiros que três anos antes (em 1887), num pre- Luísa Oliveira, 2010 capacidades financeiras e técnicas para desenvol- núncio à constituição da CUFP, criaram um cartel (Direção-Geral do Patri- ver o seu setor de atividade. Foram sete fábricas ao cervejeiro com o objetivo de impor condições e mónio Cultural/Arquivo de Documentação todo, seis do Porto e uma de Ponte da Barca, entre preços de venda entre as pequenas cervejeiras no Fotográfica). 19 sócios fundadores, que deram origem a uma mercado. Maximiliano Schreck e João José Montei- ro, refira-se, eram proprietários das duas maiores e mais bem equipadas fábricas de cerveja (fábricas da Rua da Pieda- de e da Rua do Melo respetivamente), onde, nestes tempos fundadores, a CUFP concentrou toda a sua atividade. A Com- panhia começou a laborar com 13 tra- balhadores, produzindo, essencialmente, cervejas, gasosas e gelo, em quantida- des limitadas, alargando os negócios aos vinhos, licores, cognacs e outras bebidas alcoólicas. Com uma produção de cerveja inferior a 400 mil litros anuais, as vendas da CUFP concentravam-se no

A 7 de março, é constituída no Porto a Companhia União Fabril Portuense (CUFP). Uma sociedade anónima de respon- sabilidade limitada, antecedente à Unicer, com um capital de 125.000$000réis, iniciando atividade com 13 trabalhadores e com uma produção de cerveja inferior a 400 mil litros anuais. Registo pela primeira vez da Serpa Pinto foi a primeira marca lançada pela empresa Cerveja Pilsener da CUFP 1890 1897

CRONOGRAMA HISTÓRIA DA UNICER 1893

A CUFP comercializa os tipos de cerveja Pilsener, Lusitana, preta Alemã, Danúbia, Bock e Nacional

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(emprega 91 trabalhadores na produção e distribui- Sabia que ção) e a empresa investe na construção de uma nova a CUFP no fábrica de cerveja e gelo na Rua da Restauração, a Fábrica Leão. Esta unidade fabril, equipada com a inicio da sua mais moderna tecnologia da época e inaugurada atividade em 1914, viria a funcionar só até ao início de 1916 produzia para devido ao impacto negativo da grande guerra. As além de cerveja, dificuldades de aprovisionamento de matérias-primas gasosas e gelo? e a queda nas vendas, em especial de gelo, acon- selharam a reconcentração da atividade produtiva na Fábrica da Piedade. Até 1964, foi nesta unidade José Esteves Fraga, diretor da CUFP fabril, sucessivamente ampliada e modernizada, que desde 1894 a 1938. Retrato a óleo, decorreu a atividade da CUFP. Nos “loucos” anos [1918]. Col. Unicer. Fotografia PILSENER vinte, o crescimento da procura conduziu a grandes de José Eduardo Cunha, 2014. CRYSTAL. obras de expansão e de reapetrechamento técnico Desde 1903 mercado nortenho, com maior incidência na cidade para aumentar a produção, ao mesmo tempo que se que a CUFP do Porto. introduziram outras novidades, como a admissão do anunciava em primeiro pessoal feminino ou a aquisição de camiões jornais do Porto O PRIMEIRO GRANDE IMPULSO para distribuição da cerveja, substituindo as tradicio- MODERNIZADOR nais «galeras» puxadas por muares. a sua Pilsener Depois de uma gestão inicial ruinosa, com Francisco Crystal, essa Monteiro de Menezes e Mello, Maximiliano Schre- A APOSTA NAS MARCAS: “deliciosa e ck e João José Monteiro, a chegada à direção da A CONSAGRAÇÃO DAS CERVEJAS PILSENER nova marca de CUFP de José Esteves Fraga, em 1894, viria a reve- CRYSTAL E SUPER BOCK cerveja, a única lar-se fundamental, mantendo-se à frente da empresa A cerveja Serpa Pinto foi a primeira marca lançada que afoitamente durante mais de quarenta anos, até morrer, em 1938, pela CUFP. Em 1897, a companhia procede aos pri- rivaliza com lançando grandes investimentos. Em 1903 dá-se o meiros registos de marcas, entre os quais seis tipos de as melhores e primeiro grande impulso modernizador. É construída cerveja (Pilsener, Alemã, Danúbia, Lusitana, Nacio- reputadas marcas a nova Fábrica da Piedade, aumentada mais tarde, nal e Licor) e três tipos de refrigerantes (groselha, li- estrangeiras, ao em 1909, com uma nova fábrica de gelo e outras monada e gasosa). A diversificação do negócio das preço de 60 réis dependências. Em 1913, a produção da CUFP au- bebidas, oferecendo uma vasta gama de produtos, o copo e 80 réis menta para mais de um milhão de litros de cerveja foi a orientação seguida durante muito tempo. a meia-garrafa”

Em outubro de 1903, a CUFP lança no mercado a cerveja Pilsener Crystal (apenas registada em 1915). A cerveja Cristal foi criada pelo mestre cervejeiro alemão Anton Durrer, contratado em fevereiro de 1901 1903

1900 1913 A Companhia União Fabril Portuense regista A produção de cerveja da CUFP ultrapassa as marcas de cerveja Tentadora e Delícia. o milhão de litros (1.415.357 litros, entre julho Neste período, a CUFP vende uma média de de 1912 e junho de 1913). Neste mesmo 300 mil litros de cerveja por ano ano a CUFP emprega 91 trabalhadores na produção e na distribuição (além dos técnicos e empregados administrativos)

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Em 1914, a SERPA PINTO, DELÍCIA, INVICTA CUFP assumia TENTADORA, LEÃO… A invicta, tornou-se numa marca de longa duração já um lugar As marcas comerciais próprias, desde a da CUFP, que viria a ser sucessivamente renovada importante fundacional Serpa Pinto às mais requin- até aos nossos dias. na produção tadas Delícia e Tentadora, na viragem cervejeira do século, passando pela marca Leão, SUPER BOCK nacional, associada à fábrica com o mesmo nome, Alberto Marques da Fonseca criou, em 1926, a dominando não passaram de investidas efémeras Super Bock, tendo sucedido a João Pinto Ferreira o mercado por parte da CUFP. A renovação da na direção técnica da fábrica em 1924. A Super portuense e Fábrica da Piedade e as inovações Bock, inspirada no tipo de cerveja Bock, revelava-se nortenho. A técnicas introduzidas pelo mestre uma cerveja mais forte que a Cristal. Aparece como distribuição cervejeiro Anton Dürrer levaram à cerveja de prestígio e é lançada como marca de era feita, concentração no negócio da cerveja inverno. Nos anos seguintes foi sempre produzida diretamente, e, subsidiariamente, de refrigerantes e em pequeníssimas quantidades, estrategicamente pelos de gelo, e ao aperfeiçoamento das resguardada das crises financeiras, da crise inter- características e da qualidade dos nacional de 1929, da grande depressão dos anos carroceiros tipos de cerveja produzidos. 30, da Guerra das Cervejas nesse período e da 2ª da CUFP, nas guerra mundial. típicas carroças CRISTAL puxadas a Colocada à venda desde 1903, mulas, que devido à mestria técnica de Anton abasteciam Algumas das sete fábricas que Dürrer, a Cristal (inicialmente, com a constituíram a CUFP tinham já várias os cafés, grafia Crystal), registada a 16 de junho de 1915, ab- cervejarias, décadas de existência. Foram essas sorve grande parte das vendas de cerveja da empre- fábricas que iniciaram o abastecimento de restaurantes e sa pelo menos desde 1909. A Cristal era a grande mercearias cerveja nacional aos cafés e cervejarias aposta da CUFP, cuja qualidade do produto permitiu do Porto, substituindo gradualmente alargar a clientela no reduzido mercado nortenho a cerveja importada, numa época de que a empresa monopolizava desde a segunda me- mudança dos hábitos de consumo. Num tade dos anos noventa. Nos anos 20 surgiram duas país de tradições vinícolas, a cerveja das marcas mais emblemáticas da CUFP: a Invicta, passava de “bebida estranha” a “bebida para refrigerantes, registada em 1921, e a Super da moda” Bock, para cerveja, registada em 1927.

Verifica-se, pela 1ª vez, a admissão de pessoal feminino A Pilsener Crystal e para trabalhar na CUFP. A primeira colaboradora foi a a nova Super Bock Dona Maria Engrácia. Neste mesmo ano, as carroças ganham medalhas de de transporte de cerveja na cidade, puxadas por ouro. Em outubro, a CUFP muares, começam a ser substituídas por camiões, sendo participava na Exposição adquiridos três camiões, um deles com capacidade Industrial realizada no para transportar uma tonelada de carga Palácio de Cristal 1920 1926

1921 1927

É registada, a 28 A 3 de março é requerido o de maio, a marca registo da nova marca de cerveja Invicta para a nova Super Bock (despachado laranjada da CUFP a 9 de novembro)

10 UNIUNICER [1931 - 1945] GUERRA DAS CERVEJAS DA GRANDE DEPRESSÃO À 2.ª GUERRA MUNDIAL

Durante grande parte dos anos trinta, a direção da CUFP continuou a ser liderada por José Esteves Fraga, o maior acionista da Companhia, que neste período teve que fazer face aos efeitos da crise in- ternacional, à forte (e desregrada) concorrência do mercado e impacto da grande depressão. É um pe- ríodo também ele marcado pelo fim de um modelo inicial de governação personalizada da CUFP, com a morte do então diretor em 1938.

AS OBRAS DE AMPLIAÇÃO E MODERNIZAÇÃO DA FÁBRICA DA PIEDADE Os efeitos da crise, agravados por um verão muito frio, em 1931, geraram fortes quebras de vendas, obrigando a CUFP a suspender as obras de amplia- ção e modernização da Fábrica da Piedade, que se tinham iniciado nos anos 20, concretamente em 1927, com o crescimento da procura e o sucesso crescente das marcas Crystal e Super Bock. Conclui- antigo da Câmara do Porto, que visava a continu- Diploma de -se apenas (em 1931) a renovação de algum equi- ação da Rua Júlio Dinis (que atravessaria parte das Honra conferido pamento, destacando-se a substituição das velhas instalações fabris da CUFP) tornou forçosa a realiza- à CUFP na máquinas a vapor por energia elétrica. ção de dispendiosas obras na fábrica da Piedade. 1.a Exposição Por ocasião da grande Exposição Colonial de 1934, Sem dúvida uma oportunidade para concluir a mo- Colonial no Palácio de Cristal, a execução de um projeto já dernização e o reapetrechamento técnico da fábri- Portuguesa

É assinado um acordo comercial O impacto da crise internacional entre a CUFP e as fábricas de Lisboa obriga a suspender as obras de e agrupadas na Sociedade ampliação e modernização da com o objectivo Fábrica da Piedade, iniciadas de uniformizar os preços e as nos anos 20 condições de venda da cerveja 1931 1934

1932

A CUFP participa na Exposição Industrial Portuguesa, em Lisboa, onde as suas cervejas voltam a ser distinguidas com vários prémios

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Em 1931, ca, que mais uma vez viria a ser adiada por falta na Fábrica de capacidade financeira da empresa em contexto da Piedade, de crise, deixando também de ser uma prioridade substituem- em período de agressiva concorrência entre as cer- se as velhas vejeiras. máquinas a vapor por ACORDO DESEQUILIBRADO ENTRE A CUFP energia elétrica E A SOCIEDADE CENTRAL DE CERVEJAS O período mais agudo da crise internacional, entre 1931 e 1933, é marcado por uma forte concorrência entre as cervejeiras do setor, onde resultam quebras significativas de preços, com a CUFP empenhada em estabelecer um acordo de condições de vendas com as respetivas concorren- Rótulo da cerveja Super tes de forma a limitar os efeitos da concorrência Bock, provavelmente para exportação. desregrada. Esse acordo surge em 1934, já com Arquivo Unicer. as fábricas de Lisboa e Coimbra agrupadas na Sociedade Central de Cervejas (Consórcio criado nesse ano), visando assim unifor- mizar os preços e condições de venda da cerveja. O acordo assumia a repartição do mercado nacional (no Conti- nente) entre a CUFP e as fábricas reunidas na Sociedade Central de Cervejas (Companhia����������������� Produ- tora de Malte e Cerveja Portu- gália, Companhia de Cerve- jas , Companhia da Fábrica de Cerveja Jansen e Companhia de Cervejas de Coimbra). O Norte do país

No ano das Comemorações Centenárias, e também do 50º Aniversário da CUFP, a empresa aposta na Exposição do Mundo Português, inaugurada em Belém, em Junho. Para além de estar representada com um stand no “Bairro Comercial”, consegue o exclusivo em muitos dos restaurantes e cervejarias do recinto da Exposição 1940

1938 1941 Além das marcas de cerveja Cristal (incluindo a variante Super Cristal) e Super Bock e da Laranjada Invicta, a CUFP lança um conjunto de novas marcas: as Em novembro, a CUFP arrenda cervejas Zirta, tipo Munique, Além-Mar e Estádio e os refrigerantes Romaria, a exploração dos seis bares Cidra Invicta e Lima Invicta. É registado um novo rótulo para a Cerveja do Coliseu do Porto (que seria Cristal, integrando a simbologia portuense dos dragões. No final do ano é inaugurado no mês seguinte), ainda registado um novo modelo de garrafa para refrigerantes, a “garrafa para venda em exclusivo das granitada”, que se torna muito popular suas marcas de bebidas

12 UNIUNICER era considerado mercado preferencial da CUFP. Super Bock, para oferecer no mercado mar­cas de No verão O Centro e o Sul eram os mercados das fábricas preço inferior, que, a par da Cristal, permitissem de 1938 é de Lisboa e Coimbra. No entanto, verificou-se maior capacidade de concorrência. Intensifica- instalado em mais tarde que as condições deste acordo eram ram-se campanhas promocionais e desenvolveram- Espinho uma desequilibradas. Para vender as suas marcas de -se novas formas de distribuição, com a assinatura das mais cerveja em Lisboa, o maior mercado do país, a de contratos de exclusividade com cafés e cerve- concorridas CUFP era obrigada a colocá-las com um aumento jarias. estâncias de vinte centavos sobre os preços de tabela da No final do ano de 1939, começam a sentir-se balneares do Sociedade Central de Cervejas, ao passo que o os efeitos da II Guerra Mundial, multiplicando-se Norte do país, aumento de preço das cervejas das fábricas do as dificuldades de abastecimento das principais um pavilhão Sul vendidas no Porto era apenas de dez centavos matérias-primas, sobretudo malte e lúpulo, assim designado sobre os preços de tabela da Companhia portuen- como de combustíveis e equipamentos. Nesta “Solar se. Em 1938, a rutura do acordo com o consórcio conjuntura desfavorável, a CUFP conseguiu resistir Cristal”, para do Sul deu origem a uma autêntica “guerra das e até beneficiar do forte crescimento do se- propaganda cervejas”. tor, tornando-se, no entanto, evidente dos produtos da a urgência de renovação das ins- CUFP AUTÊNTICA “GUERRA talações fabris e equipamentos, DAS CERVEJAS” entretanto gastos e obsoletos. Em 1939 inicia-se uma autêntica “guerra das cervejas”, com a Sociedade Central de Cerve- jas a tentar entrar no merca- do nortenho dominado pela CUFP e esta a criar depósitos em Lisboa e Coimbra para a Numa ação inovadora, a CUFP conquista dos mercados do consegue garantir, na Exposição Sul e do Centro. Esta “guerra” Histórica do Mundo Português em conduziu à aposta em marcas Belém, em 1940, o exclusivo da venda mais baratas, com o relança- de cerveja em muitos dos restaurantes mento da cerveja Delícia e em e cervejarias do recinto da Exposição marcas como a Além-Mar, Zirta ou Stadium, preservando a produção da

As dificuldades de navegação Devido à dificuldade de abastecimento de matérias-primas de do atlântico dificultam o qualidade, continua a produzir-se reduzidíssimas quantidades transporte de malte americano de Super Bock. As vendas centram-se na cerveja Cristal, importado. A CUFP passa a apostando-se também numa diversidade de marcas de segunda utilizar, exclusivamente, maltes linha (Stadium, Além-Mar, Zirta, Invicta, Dragão e Delícia), para nacionais mercados específicos ou para enfrentar a concorrência 1942 1944

1943 Na conjuntura adversa da II Guerra Mundial, os stocks de matérias- primas atingem mínimos preocupantes. Em vários momentos a fábrica é forçada a diminuir o ritmo de produção. A falta de combustível obriga o governo a tomar medidas de apertada restrição. A maior parte dos camiões de distribuição da CUFP passavam a ser equipados com gasogénios (gás pobre para movimentar motores, criado através de uma máquina que transforma combustíveis sólidos em gasosos).

13 UNIUNICER [1945 - 1975] EQUILIBRIO, CRESCIMENTO FULGURANTE E MODERNIZAÇÃO UMA NOVA VIRAGEM NA VIDA DA CUFP

No final dos Novas e arrojadas orientações na gestão, grandes EQUILIBRIO: RECOMPOSIÇÃO ACIONISTA anos quarenta investimentos a par de uma inovadora estratégia de A CUFP resistiu ao período da “guerra das Cerve- e na década integração no setor cervejeiro nacional. Um período jas”, à crise internacional, à grande depressão dos seguinte, a de vida marcado por um novo ambiente económico anos 30 e à 2ª guerra mundial. Dos tempos de fábrica Júlio e novas políticas de desenvolvimento. crise herdou, no entanto, muitas dificuldades. A sua Dinis sofreu fábrica estava esgotada, o apetrechamento era an- profundas tiquado e pedia urgente renovação. É um período obras de importante na história da empresa que fica marcado expansão e pela compra de várias ações da CUFP por parte modernização, de investidores ligados à Sociedade Central de equipada com a Cervejas, traduzindo-se n����������������������uma recomposição acio- tecnologia mais nista em 1947. Esta recomposição teve como efeitos avançada da imediatos a renovação dos seus órgãos sociais, com a entrada de novos administradores, com destaque Europa para o Eng. Augusto Seguro Ferreira e para o Eng. João Sanguinetti Talone, assim como a reorganiza- ção, a nível nacional, das condições de venda de cerveja, extinguindo as práticas agressivas de con- corrência que se tinham verificado no período an- terior. A estratégia dos novos acionistas respeitou a autonomia e identidade regional da cervejeira por- tuense, ao mesmo tempo que investiu no seu desen- Fábrica de Júlio Dinis. Enchimento de garrafas de cerveja. Fotografia de Platão Mendes, c. 1950. Arquivo Unicer.

É inaugurada a fábrica de Luanda da CUCA, sendo a CUFP a principal acionista. Dois dias depois, iniciam-se as vendas com tal sucesso que se equaciona, de imediato, a ampliação da fábrica 1952

1948 1960

João Talone toma posse, em Em janeiro decide-se acabar com o engarrafamento e agosto, do cargo de director distribuição da cerveja Stadium, mantendo-se apenas as técnico da Fábrica da CUFP, marcas Cristal e Super Bock. A marca Cristal é registada com o ordenado inicial de em diversos países. Em dezembro, a administração cinco contos mensais aprova um novo rótulo para a Cristal de exportação.

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Engenheiro JOÃO TALONE “É um orgulho ver as novas instalações da Unicer que projetam um futuro ambicioso”

Atualmente com 91 anos, unidade fabril em Nova Lis- três anos estava João Sanguinetti Talone boa. Com um caráter e uma completamente deixou na CUFP um legado personalidade inconfundível lotado e assim foi”. que ultrapassou gerações de liderança, que não se per- Hoje a Unicer voltou a e ainda hoje perdura na deu no tempo, o Engenheiro construir um armazém, Unicer. olha hoje com orgulho para o desta feita totalmente passado e presente da Unicer automatizado, com o ta- e para a sua capacidade de manho aproximado de um Primeiro como administrador- renovação. campo de futebol e -delegado (1953-1975), “É uma felicidade enorme com 10 anda- depois como Presidente do assistir ao crescimento e res de altu- Conselho de Administração renovação das ideias que ra. É uma (1964-1975), Presidente da deixei na empresa. A vida das história Comissão Executiva (1975) e organizações é isto mesmo, que se Presidente da Comissão Ad- é a rotação da modernidade repete ministrativa da CUFP (1975- para acompanharem as no seu 1976), introduziu uma nova tendências. Modernizei a sucesso e e inovadora conceção de fábrica em Júlio Dinis e depois inovação ou gestão na empresa, adotan- fiz essa atualização já em não fosse a do uma cultura de responsa- Leça do Balio. É um orgulho História “uma bilidade social, valorização ver as novas instalações sucessão de e qualificação dos trabalha- da Unicer que projetam sucessos que dores, fomentando um espírito um futuro ambicioso, que se sucedem su- de equipa e amor à camisola. faz parte da nossa cultura. cessivamente João Talone eternizou a sua Recordo-me aquando da sem cessar”, visão inovadora na vida da construção da fábrica em cita João Ta- empresa, liderando projetos Leça, José Manuel Martins, lone, antes arrojados em períodos mar- um dos acionistas da época, de contar cantes da cervejaria, como quando vê o armazém de como a a modernização da Fábrica produtos e embalagens CUFP esta- Júlio Dinis e a sua obra mais diz-me «Oh João você va quase representativa, a construção fez isto do tamanho de 3 sempre da Fábrica em Leça do Balio. campos de futebol?», ao um passo A partir de 1952 estaria que lhe respondi que em à frente da também ligado à fase final de montagem da fábrica da “Um dos acionistas da época CUCA em Luanda (onde a vê o armazém de produtos CUFP era a principal acionis- e embalagens e diz-me «Oh João ta), acompanhando depois João Sanguinetti Talone, administrador- você fez isto do tamanho -delegado da CUFP, desde 1953. em 1953 a sua ampliação Foto Bazar Electro-Fotográfico, e a instalação de uma nova de 3 campos de futebol?” Dezembro de 1952. Arquivo Unicer.

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“O meu por barris de alumínio e as grande desafio grades de madeira por gra- des de plástico. Para além foi vender de copiarmos boas ideias qualidade e no estrangeiro, também ino- hoje sinto um vámos. Recordo-me quando orgulho enorme começámos a produzir a cer- com tudo o que veja com cilindro – cónicas. A cerveja Tuborg tinha um está a ser feito processo de decantação e na Unicer” fermentação que demorava 3 meses e na altura quando fizemos os primeiros ensaios concorrência. A empresa de- para produzir a Tuborg em senvolveu na década de 50 Leça do Balio, testámos a uma equipa de assistência produção desta cerveja técnica para dar suporte aos com cilindro-cónicas, que pontos de venda com cerveja permitia reduzir o processo de barril, o que ainda hoje de produção para 15 dias, prevalece com grande força e otimizando custos. A Tuborg importância, instalou uma cer- internacional aprovou a nos- vejaria na fábrica Júlio Dinis, sa cerveja, feita com este promovendo a qualidade da processo, como a melhor e a cerveja, tal como acontece mais igual ao padrão.” Num hoje com o programa Expe- passado recente, a Carlsberg riência Autêntica de demons- produzida em Leça do Balio tração de mestria cervejeira. foi também votada como a Está em fase de construção de melhor Carlsberg produzida uma fábrica em , onde em todo o mundo. já construiu duas ao longo da Ao longo dos anos a CUFP sua história. deparou-se com várias difi- Hoje em dia o que se faz mui- culdades e limitações. Estava tas vezes é copiar o que já limitada na sua expansão geo- foi feito no passado. “O que gráfica para sul e não tinha uma eu quero é que me copiem malteria própria (a Maltibérica a ideia de qualidade e ino- apenas surge quando a Uni- vação”, refere o engenheiro. cer já tem mais de 100 anos). “Tudo o que nós fizemos foi A sua constante superação sempre feito primeiro que a nos processos técnicos e na concorrência. Seguíamos as qualidade do produto definiu tendências internacionais e o seu crescimento. “O meu inovávamos nos processos. grande desafio foi vender Visitei mais de 200 fábricas qualidade e hoje sinto um e ainda tenho comigo a mi- orgulho enorme com tudo o João Sanguinetti Talone, Administrador-delegado (1953-1975), Presidente do Conselho de Administração (1964-1975), nha agenda onde anotei to- que está a ser feito na Uni- Presidente da Comissão Executiva (1975) e Presidente da Comissão das as inovações que queria cer. Com a inovação e qua- Administrativa da CUFP (1975-1976). trazer para . Fomos lidade que a empresa pro- Presidente Honorário vitalício da Unicer, desde 2004. Pormenor de Óleo sobre tela. Col. Unicer. pioneiros quando substituí- cura aperfeiçoar sempre”, Fotografia de José Eduardo Cunha, 2014. mos os barris de madeira refere João Talone.

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João Talone, com o apoio de Arménio Losa, nos pro- A passagem jetos de arquitetura, e de Armando Campos e Matos, das instalações nos projetos de engenharia, a nova fábrica de Leça fabris de Júlio do Balio da CUFP, construída e apetrechada com as Dinis para as técnicas mais avançadas da época, entrou em funcio- de Leça do namento em março de 1964, iniciando um período Balio constituiu de crescimento fulgurante da empresa: de menos de para todos os Augusto Seguro Ferreira, presidente do Conselho de Administração da CUFP entre 1947 e 1964. Col. Unicer. 9 milhões de litros em 1965,passou para mais de 25 trabalhadores Fotografia de José Eduardo Cunha, 2014 milhões de litros em 1970 e para mais de 50 milhões da CUFP, tanto de litros em 1973. A passagem das instalações fabris operários volvimento e formação do conselho de administração, de Júlio Dinis para as de Leça do Balio constituiu para como quadros tendo subsidiado a reforma da Fábrica da Piedade/ todos os trabalhadores da CUFP, tanto operários técnicos, Júlio Dinis, que sofreu profundas obras de expansão como quadros técnicos, uma viragem profunda no uma viragem e modernização, e os estudos do engenheiro João seu quotidiano de trabalho. Era incomparável o grau profunda no Talone na Universidade de Lovaina, com a condição de inovação tecnológica, para além das condições seu quotidiano dele vir a assegurar mais tarde a direção técnica da de trabalho e áreas destinadas aos serviços sociais de trabalho fábrica da CUFP. como o restaurante, assistência médica, atividades culturais e de formação. O rápido crescimento da CRESCIMENTO FULGURANTE E empresa neste período foi acompanhado por um ex- MODERNIZAÇÃO [1964 – 1975]: celente ambiente laboral, em que cada trabalhador A NOVA FÁBRICA DE LEÇA DO BALIO sentia orgulho em vestir a camisola da CUFP. Com a integração de Portugal na EFTA – Associação Europeia de Comércio Livre –, o Ministério da Eco- nomia apostou na reestruturação do setor cervejeiro, com a concentração e modernização técnica das cervejeiras, dotando-as de maior capacidade con- correncial a nível internacional. O programa aconse- lhava a construção de duas novas unidades fabris. A da CUFP no Norte, com a condição da empresa integrar a recentemente criada Nacerel - Sociedade Nacional de Cerveja e Refrigerantes; e outra no Sul, da Sociedade Central de Cervejas. Concebida por Companhia União Fabril Portuense - Novas instalações industriais, Leça do Balio

Em janeiro, a CUFP e a Sociedade Central de Cervejas criam um Gabinete Comum de Exportação, com sede em Lisboa, para coordenar a atividade comercial nos mercados externos. Neste mesmo ano, é vendido o edifício da Fábrica Leão, na Rua da Restauração 1966 1967

Em 1967 inicia-se a 1964 substituição das grades de madeira por grades Inauguração oficial de plástico da nova fábrica em Leça do Balio

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CHEFE DE DEPARTAMENTO DOMINGOS MOTA DE FABRICAÇÃO DE MOSTO (1967-2004) “Uma empresa que está para além dos homens”

“Entrei na Unicer a 27 de março de 1967 para a progredido até atingir os 125 função de chefe de departamento de fabricação anos, que agora honrosamen- de mosto. Não tinha hora de entrada nem hora te celebra”, refere. de saída, o que tinha era uma grande paixão e Nas décadas de 50 e 60 a dedicação à CUFP, que passou depois a chamar- empresa investiu na valoriza- se Unicer”, afirma Domingos Mota, de 77 anos, ção dos recursos humanos, num colaborador da Unicer durante 37 anos, na ambiente empresarial inclusivo área de produção de cerveja. (exemplo disso é o almoço de natal) e na formação dos seus “Não foi uma passagem, foi natal e que se realizava todos colaboradores, sempre sob a uma estada da qual guardo os anos? Era dita uma missa e liderança de João Talone. “A muito boas recordações. A o engenheiro João Talone dis- CUFP foi sempre muito preo- empresa comportava-se como cursava e anunciava aumentos cupada com a formação dos uma verdadeira família, era salariais para todos a partir de seus quadros. Participei em for- apaixonante viver o ambiente 1 de janeiro. Era maravilhoso. mações que a empresa dava da CUFP, muito marcado na- Ainda me recordo o que o periodicamente, sobre diver- quela época, e ainda agora, engenheiro disse nas diver- sas matérias, entre as quais a por uma cultura de união, espí- gências provocadas pelo 25 regulamentação do trabalho e rito de equipa e luta pela qua- de abril e seguintes: «eu sou a teorias sobre como conduzir e lidade, impulsionada pelo en- ligação entre o capital e o tra- dirigir os trabalhadores. A em- genheiro João Talone. Quem balho». E foi da harmonização presa sempre tratou bem o seu daquele tempo não se recorda destes dois fatores que a CUFP pessoal. Pagávamos 5 escudos do almoço que antecedia o evoluiu e depois a Unicer tem por uma refeição completa, com sopa, fruta, pão, cerveja e um prato de peixe ou carne. Às quartas-feiras,����������� por exem- plo, (semana sim semana não) o dia era mais curto. Termina- va às 17h (o horário oficial era das 8h às 17h30) e havia cine- ma nas instalações para quem quisesse. Só me posso sentir honrado por ter feito parte de uma empresa que tem hoje a dimensão que tem. Já na altura a nossa cervejeira teve sempre um nome com crédito até na Europa. É uma empresa que Domingos Mota na sala de está para além dos homens, fabrico da Unicer, em Leça sinal de que os homens a têm do Balio, c. 2005. servido bem”. Arquivo Unicer.

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1972: A APOSTA NA SUPER BOCK novos produtos (Sumos, Cola, Água Tónica, Ginger E O LANÇAMENTO DE NOVAS MARCAS Ale), sob a marca Invicta. Neste período, a Cristal continuava a ser a marca Face ao aumento das vendas a CUFP envolvia-se de cerveja mais vendida pela CUFP, mas os maiores em novos negócios, sendo o mais importante o das investimentos elegiam a Super Bock como marca de Águas engarrafadas, com a aquisição da Empresa futuro, que viria em 1972 a constituir a grande apos- das Águas Alcalinas Medicinais de Castelo de Vide. ta da empresa face à expansão das vendas para Sul nesse período. No início dos anos 70 lançaram- -se também novas marcas, para segmentos específi- cos do mercado, como a Da Gama, em 1971, ou a dinamarquesa Tuborg, que a CUFP começou a produzir e comercializar em 1973. Aumentou ainda a aposta nos refrigerantes, com o lançamento de

São lançados os novos sumos pasteurizados Invicta Ananás e Invicta Laranja, com uma imagem mais moderna, alcançando uma grande aceitação no mercado. São lançados também novos refrigerantes com a marca Invicta: um novo tipo de Invicta Cola, a Invicta Água Tónica e a Invicta Ginger Ale. Em novembro, são lançadas, com grande sucesso, as embalagens familiares (de um litro) de gasosa e de laranjada. A 25 de setembro, a chegada aos 25 milhões de litros é festejado por todo o pessoal da empresa 1970

1968

É lançado um novo sistema de distribuição direta na cidade do Porto e concelhos limítrofes. É adquirida uma frota de 19 camiões, para garantir uma distribuição bissemanal a todos os locais de venda. Os novos camiões passam a ostentar slogans das principais marcas, como “Cristal – o sabor de um bom encontro” e “Super Bock supera a sua exigência”

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APOIO AOS PONTOS DE VENDA CAFÉ ÂNCORA D’OURO “O PIOLHO” - cliente da Unicer há mais de 50 anos A partir de 1947 assistiu-se a importantes transformações na Um ponto de encontro com a história da CUFP relação com os pontos de venda, nomeadamente no controlo de qualidade das vendas e modernização da frota transportadora. Desde 1950 que a CUFP desenvolve ações de suporte e acompanhamento junto dos pontos de venda (apoio técnico e inspeção de vendas) com o objetivo de promover a venda dos produtos da empresa e garantir o seu fornecimento com qualidade aos consumidores. Em 1953 foi criada uma brigada técnica de assistência aos clientes com cerveja de barril, que iniciou a sua atividade em 1954. A qualidade do serviço prestado, com Grupo de estudantes em frente ao Piolho geral satisfação dos clientes, levou à criação de uma nova brigada no início Em tempos com a Cristal, hoje com a Super Bock, de 1955. Hoje a assistência técnica entre várias outras marcas. O Café O Piolho é um da Unicer é um apoio importante à dos clientes mais antigos da Unicer, que remonta ao manutenção da qualidade dos pontos tempo da CUFP. É um ponto de encontro com as de venda. A sua eficácia cresceu marcas da empresa, , com a sua história e com a his- e é hoje um serviço integrado e tória e cultura da cidade do Porto. É um lugar onde obrigatório, que a Unicer oferece aos se cruzaram e continuam a cruzar gerações, gostos, estabelecimentos. tendências e onde ainda hoje prevalece a preferên-

É constituída a empresa COPEJA – Companhia Portuguesa de Cerveja, SARL, para construir e explorar uma unidade fabril de cerveja em Santarém 1972

1971 1973

Iniciam-se grandes obras de ampliação da fábrica É criada a Imperial – União Cervejeira de Leça do Balio. É instalada uma nova linha de Portuguesa, SARL, que viria a construir a sua engarrafamento de refrigerantes, com capacidade unidade fabril em Loulé, lançando a marca para 24 mil garrafas/hora Marina. Em 1977 seria integrada na Unicer

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CAFÉ ÂNCORA D’OURO “O PIOLHO” - cliente da Unicer há mais de 50 anos Um ponto de encontro com a história da CUFP cia por uma boa cerve- no sucesso e crescimento do espaço ao longo dos ja da Unicer. “Ao longo anos. Uma parceria que acompanhou a evolução dos tempos fomos sen- dos tempos e as necessidades do mercado. “Hoje do um ponto de encon- a capacidade de resposta às solicitações e neces- tro de estudantes, um sidades do consumidor é maior. A qualidade, a lugar de convívio e de inovação e a formação estão muito presentes no passagem de figuras âmbito da parceria com a Unicer e isso permite- importantes do nosso -nos oferecer mais sofisticação ao nosso cliente, país, como o Escritor no produto e no serviço”, refere. Apelidado de Manuel António Pina, “Piolho” devido à aglomeração de estudantes que o Dr. Albino Aroso, se concentravam no estabelecimento, é um espaço “pai” do planeamento com mais de um século de vivência e com muitas familiar em Portugal, histórias para contar. Foi o primeiro café do Porto a Amália Rodrigues, ter eletricidade (pagava treze centavos por ano) e entre inúmeras ou- ainda hoje mantém o conjunto de 12 lâmpadas na Grupo de estudantes em frente ao Piolho tras personalidades sala. Foi também o primeiro café da cidade a adqui- José Martins, gerente ligadas à arte, teatro, rir a famosa máquina “La Cimbali”, que deu nome do Café Âncora D´Ouro ciência. Mas fomos também um ponto de encon- ao “cimbalino” – “aquela coisa que nós em Lis- tro com as marcas da Unicer. A preferência dos boa chamamos bica”, como terá dito um dia Amá- clientes pela qualidade dos produtos da Unicer lia Rodrigues de passagem pelo estabelecimento. A tem sido evidente ao longo dos anos, fazendo partir de 1957 era o único café a ter televisão. Foi perdurar uma parceria que ultrapassa a minha também um local de convívio que acompanhou as gerência”, refere José Martins, gerente do Café tendências das marcas e o consumo crescente de Âncora D´Ouro desde 1979. O responsável define Cerveja como bebida da moda. “Uma montra” da a parceria com a Unicer como mais uma “âncora” qualidade dos produtos da CUFP/Unicer. Praça Parada Leitão

A CUFP é nacionalizada juntamente É lançada a nova marca com as outras empresas cervejeiras de água Vitalis, responsável nacionais - Decreto-lei n.º 474/75, por um aumento de 28% de 30 de Agosto, do Ministério do volume de vendas da da Indústria e Tecnologia empresa Águas de Castelo de Vide 1975 1985

1984

É lançada a nova marca de refrigerantes da Unicer, Snappy, com sabor a lima-limão, que rapidamente conquista uma quota importante no seu segmento de mercado. Três anos depois, o Snappy ocupa já o segundo lugar em volume de vendas entre todos os refrigerantes

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COMERCIAL DA UNICER VITOR MARQUES DESDE 1975, AINDA NO ATIVO “O objetivo sempre foi vender valor e não preço”

forma integrada. “Para se ter sucesso é muito importante trabalhar em equipa e para os mesmos objetivos, colo- cando os clientes em primeiro lugar. E é isso que a Unicer tem feito ao longo dos anos. Ainda me recordo quando fui contactado por um cliente (na altura a Discoteca Indochina) à 1h da manhã porque ti- nham o espaço completamen- te lotado e não conseguiam tirar uma única gota de cerve- ja. Alguém deve ter desliga- do o compressor sem querer. Salvei a noite e a responsável ficou-me eternamente grata. A paixão pelo que fazemos “Com 40 anos de Unicer, o meu dia-a-dia ainda maior aconselhamento so- é a nossa sede de conquis- hoje é preenchido com visitas aos clientes. bre o portfólio de produtos a ta, é aquilo que nos permite Iniciei o meu trajeto na empresa em Cabo Ruivo e oferecer ao consumidor, com sermos cada vez melhores era responsável pela venda de cerveja de barril dicas a nível promocional e e ajudarmos a empresa a em toda a zona de Lisboa. Cheguei a fazer de visibilidade. A abordagem crescer”, afirma o responsável 1 milhão de litros por ano”, refere Vítor Marques, e postura perante o cliente comercial, sublinhando o orgu- o comercial mais antigo da Unicer ainda no ativo. é sempre no sentido de dar lho que sente em trabalhar na resposta aos obstáculos e Unicer. “Sinto-me orgulhoso Sinto-me Hoje são muitas as diferenças desafios que forem surgin- por trabalhar numa empresa orgulhoso na atividade comercial, que o do. O nosso objetivo sempre que valoriza a união, o espí- por trabalhar tempo fez questão de ir acen- foi vender valor e não preço, rito de equipa, a qualidade numa empresa tuando. “Algumas deixam assim como garantir a visibili- e a formação. Sinto orgulho que valoriza a saudades, outras nem por dade dos produtos, o que já na minha empresa por ofe- união, o espírito isso. São memórias de um acontecia outrora, mas não recer os melhores produtos de equipa, a tempo que não volta atrás. de forma tão estruturada”, e o melhor serviço aos clien- qualidade e a Antigamente a abordagem refere Vítor Marques. tes. Trabalhei nesta casa ao formação ao mercado era focada ex- Outra das grandes evoluções longo da minha vida sempre clusivamente na venda e no ao longo dos anos foi o traba- com excelentes profissionais produto. Hoje o foco está no lho em equipa (distribuidor, e gestores e enquanto puder cliente, a abordagem é mais vendedor, assistência técnica). fazer o que faz um jovem de emocional e dedicada a per- Quanto maior a exigência do 30 anos faço questão de con- ceber as reais necessidades mercado e do cliente, maior a tinuar a vestir a camisola da do estabelecimento. Há um necessidade de trabalhar de Unicer”, refere Vítor Marques.

22 UNIUNICER SABIA QUE…

• Em 1946 a CUFP decide acabar definitivamente com a tração animal.

• Em 1950 começam a ser substituídos os velhos barris de madeira por barris de alumínio

CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS • A CUFP construiu, em 1957, Em 1950, a administração da CUFP decidiu mandar pintar uma cervejaria aberta ao reclames nas camionetas de distribuição. A partir de 1955, público na fábrica Júlio Dinis, as campanhas publicitárias tornar-se-iam mais estruturadas e promovendo a qualidade da profissionais, definindo-se um orçamento anual e apostando- cerveja da empresa se numa maior diversidade de suportes, incluindo o recurso crescente à rádio e ao cinema. Para além dos meios tradicionais (cartazes nos • Em 1964 foi aprovado estabelecimentos, anúncios na imprensa e na rádio, stands um novo modelo para em Feiras ou Exposições Industriais, participação em desfiles as carrocerias dos novos carnavalescos, patrocínios de eventos desportivos, com veículos de carga da CUFP publicidade nos estádios de futebol, particularmente no Porto, ou outros), em 1972 a CUFP recorre a spots televisivos. O início dessa nova forma de publicidade data do verão desse ano, • Em 1967 inicia-se a coincidindo com o lançamento da distribuição direta em Lisboa substituição das grades e com uma maior cobertura do mercado nacional. de madeira por grades de plástico

A Unicer lança a marca dinamarquesa Carlsberg, que rapidamente passa a liderar o segmento de cervejas premium. A empresa lança novas marcas de cerveja sem álcool ou com baixo teor alcoólico, entre as quais a Cheers, sem álcool 1992

1989 1993

A Unicer associa-se à empresa espanhola A Unicer renova a imagem Intermalta na criação da Maltibérica - da marca Cristal. Sociedade Produtora de Malte, SA, para Lança um modelo de garrafa construir e explorar uma malteria própria, em de abertura fácil Palmela, que iniciaria a laboração em 1992

23 UNIUNICER [1976 – 1999] PÓS-NACIONALIZAÇÃO DA CUFP: CRIAÇÃO DA UNICER UNICER EP E REPRIVATIZAÇÃO

– que traria a marca Clok, e a Imperial de Loulé com a marca Marina) e a Centralcer (reunindo a Socie- dade Central de Cervejas e a Cergal). Esta reorgani- zação revelou-se desigual com claro prejuízo para a Unicer, que integrava na altura unidades cervejeiras dispersas por todo o país (Leça do Balio, Santarém,

EXPANSÃO DA REDE DE DISTRIBUIÇÃO Ao longo dos anos noventa, a Unicer Linha de enchimento da fábrica de Santarém, após a ampliação de 1979. Arquivo Unicer prosseguiu com investimentos de modernização tecnológica em todos os No final dos anos REESTRUTURAÇÃO DO SETOR CERVEJEIRO: setores, a par da valorização dos recursos 80, as vendas de CRIAÇÃO DA UNICER EP humanos, do aumento da produtividade, cerveja da Unicer No período revolucionário a seguir ao 25 de abril, de racionalização e expansão da ultrapassavam os em 1975, a CUFP, tal como todas as empresas cerve- rede de distribuição. Recorde-se que a 300 milhões de jeiras nacionais, foi nacionalizada. A nacionalização reorganização da rede comercial da litros e a Super conduziu a um processo de reestruturação do setor empresa tornou-se uma questão prioritária Bock tornava-se cervejeiro nacional, com a criação de duas empresas a partir da entrada em funcionamento da líder incontestada públicas em finais de 1977: a Unicer – União Cer- fábrica de Leça do Balio. do mercado vejeira (agregando a CUFP, a Copeja de Santarém

É criado um novo logótipo da empresa, A Unicer lança em que o “U” aparece em Portugal a prestigiada estilizado simbolizando marca de cerveja um copo, o consumo e o irlandesa Guinness universo de bebidas 1994 1997

1995

A 8 e 9 de julho realiza-se a primeira edição do emblemático festival Super Bock Super Rock na Gare Marítima de Alcântara. Neste mesmo ano a empresa decide apostar no negócio do vinho à pressão, com a marca Vini

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Santa Iria e Loulé), sem malterias próprias, com me- A produtividade nor capacidade de vendas e com grandes passivos mais do que financeiros. Contra as piores previsões e com muita triplicou entre criatividade e competência, a Unicer EP em poucos 1979 e 1989. anos aumentou a produção e as vendas. Em 1986 Foi neste passaria mesmo a liderar o mercado nacional de cer- período que a veja com quase 200 milhões de litros vendidos e uma empresa iniciou quota de cerca de 51%, para além de importantes uma aposta volumes de vendas nos refrigerantes e nas águas. Bolsa de Valores do Porto: privatização de 49% do capital da Unicer consistente na exportação. REPRIVATIZAÇÃO DA UNICER 49% do seu capital. No ano seguinte decorria a sua Tendo criado A impressionante consolidação financeira e econó- reprivatização total. um Gabinete Com a reprivatização, iniciou-se um novo ciclo de mica da Unicer EP nos anos oitenta levaram a que de Exportação fosse escolhida pelo Governo para iniciar o proces- gestão na Unicer com Mário Machado de Abreu em dezembro so de privatizações.����������������������������������� A �����������������������������26 de Abril de 1989, em ses- a ser substituído, em 1989, na presidência da de 1979, são pública realizada na Bolsa de Valores do Porto, administração da empresa por José Manuel Capelo ultrapassando decorria, com grande sucesso, a privatização de Soares da Fonseca. um milhão de litros de cerveja exportada em 1983, com crescimentos contínuos nos anos seguintes, atingindo mais de 4 milhões de litros, em 1988

É formalizada a mudança da denominação de Unicer – União Cervejeira, SA, para Unicer - Bebi- das de Portugal, SA, correspondendo a um novo enfoque da atividade empresarial que, apesar de manter a maior parte dos negócios no setor cerve- jeiro (cerca de 80%), visa alargar a sua posição no mercado nacional de bebidas 2000

1998 2002

Realiza-se em Lisboa a Expo 98, a cuja organização Um ano excecional na história da se associou a Unicer, que se tornava assim primeira Unicer. Concretiza-se a integração na empresa patrocinadora oficial deste evento interna- empresa do Grupo VMPS – Vidago, cional, garantindo o apoio e a exclusividade das Melgaço e Pedras Salgadas suas marcas Super Bock e Vitalis

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SOTARVIL- Distribuidor desde sempre com ligação à Unicer “Nascemos para comercializar os produtos da Unicer”

Nos anos 80 e 90 o mercado funcionava por no dia seguinte o distribuidor Santarém (com a marca Clok), venda direta, onde o distribuidor saía do está a entregar o produto. É para comercializar as cervejas armazém com os produtos à consignação e prestado um serviço com mais Super Bock, Cristal, Tuborg e a faturação era feita no cliente, com livros e qualidade”. Vasco Trindade mais tarde a marca Carlsberg, manualmente. “Hoje é tudo planeado e feito em sublinha outra das alterações ainda com a sua garrafa casta- pré-venda, o que beneficia o ponto de venda”, no processo de distribuição nha e gargantilha dourada. refere Vasco Trindade, um dos sócios gerentes onde a Sotarvil integrou a ex- “Nascemos da exigência do da Sotarvil, distribuidor de bebidas que nasce do periência piloto da Unicer. “An- mercado para comercializar grupo Pralibel, cuja ligação à Unicer remonta ao tigamente a mercadoria era os produtos da Unicer em ex- período da reestruturação do setor cervejeiro – carregada diretamente na clusividade, com decoração pós nacionalização (1977). Unicer. Mais tarde a Unicer da marca Super Bock nas modificou o sistema e passou viaturas, roteiros definidos e Das grandes evoluções na dis- a fazer entregas diretas nos estratégias de vendas”, afirma tribuição, passou-se da venda distribuidores. Servimos de Vasco Trindade, sublinhando direta para a pré-venda: “na experiência piloto nesta fase que “nos anos 90, a Super venda direta era feito um ro- de transição”. Bock já era líder de mercado teiro, o produto saia do arma- A Sotarvil é uma empresa, loca- e representava cerca de 70% zém à consignação e ia sendo lizada em Viseu, que nasce do da distribuição no distrito de entregue mediante os pedi- grupo Pralibel, em 1992, para Viseu”. dos feitos no momento pelos comercializar em exclusivo os A Sotarvil tem sido distinguida Camião de clientes, com risco de faltar produtos da Unicer - cervejas, anualmente como um dos me- distribuição da CUFP, produto para alguns pontos refrigerantes e águas. A Pralibel - lhores distribuidores a nível na- com publicidade à cerveja Cristal e aos de venda. Hoje o processo é empresa que comercializa todo cional no âmbito do programa refrigerantes Invicta incomparável. O vendedor o tipo de produtos alimentares PEX - Programa de excelência «sumo natural visita o ponto de venda, ve- – tem ligação à Unicer desde da Unicer, conquistando, em de frescura». Foto Costa, c. 1972. rifica as suas necessidades, o período da nacionalização, 2013, a Estrela d’Ouro, o mais Arquivo Unicer. as encomendas são feitas e quando transitou da Copeja de alto galardão deste programa.

Vasco Trindade, um dos sócios gerentes da Sotarvil

26 UNIUNICER O passe para o primeiro festival, que decorreu há 20 anos, custava 4 contos (20€) Super Bock Super Rock Foi há 20 anos, em 1995, à beira rio, que o Super Bock Super Rock revolucionou o conceito de espetáculos ao vivo. Na Gare Marítima de Alcântara, 13 bandas nacio- nais e internacionais e cerca de 40 mil litros de cerveja davam o pontapé de saída a um espírito festivaleiro irre- verente, que entrava na elite do circuito europeu dos gran- des festivais. Miguel Araújo, atualmente Diretor de Pa- trocínios e Comunicação da Unicer, estava lá como a experiência única de ver o a acompanhar Foto da à guitarra Ana Moura no palco do Meco”. O passe esquerda: adepto e amante de boa música, com mais cerca de 25 Concerto da mil pessoas (que totalizou 50 mil nos dois dias), para ver para o primeiro festival custava 4 contos (20€). 1ª edição do e ouvir “The Jesus and Mary Chain” no primeiro dia e os “O Super Bock Super Rock nunca pertenceu a um Festival SBSR na Gare Marítima “” no segundo dia, dois dos grandes nomes do espaço ou lugar, é um festival que muda de data de Alcântara, primeiro festival de música Rock realizado em Lisboa. “O e de local de acordo com as tendências do mer- em Lisboa, a 8 Super Bock Super Rock veio romper com o concei- cado”, afirma o responsável. Depois da Gare Marítima e 9 de julho de 1995 to de espetáculos nos estádios ou pavilhões. É um de Alcântara, passou pela Expo, por salas que lhe deram Foto da direita: concerto que não tem bancadas, onde as pessoas um ambiente mais intimista (1999 a 2003), pelo Parque Miguel Araújo, circulam livremente. Uma tendência que se viria a Tejo (2004), Queimódromo do Porto (2008), Estádio do Diretor de Patrocínios e afirmar e instalar com grande sucesso até hoje”, Bessa e do Restelo (2009), e Meco, onde se realiza des- Comunicação refere Miguel Araújo. O festival manteve-se nos anos de 2010. Em 2015 volta a ter um conceito mais urbano, da Unicer seguintes com a mesma toada, “com mais público e regressa a Lisboa ao Parque das Nações, uma zona ri- com Zé Pedro dos Xutos & bandas, muitas em ascensão, ainda desconhecidas beirinha que oferece outros encantos e surpresas. Prestes Pontapés mas promissoras”, sublinha, destacando momentos a completar 21 edições (nos dias 16, 17 e 18 de julho como “o concerto dos Cold Play em , o con- 2015), o festival já fez subir ao palco mais de 500 artistas, certo dos Xutos & Pontapés em Angola (2008) ou com uma afluência de cerca de 1 milhão de pessoas.

É lançada a cerveja São lançadas duas novas cervejas da preta Super Bock gama Super Bock, a Super Bock Mini, Stout, que rapidamente produzida exclusivamente com malte atinge a liderança na sua de cevada nacional, e a Super Bock categoria. Abadia, de tipo artesanal. A Unicer alarga a oferta das águas com sabores às marcas Pedras e Vitalis 2003 2006

2004 2007

É lançada a Super Bock É lançado o primeiro Barril Tara Perdida (TP) Green, uma novidade em Portugal, em PET e com uma capacidade no novo segmento das de 20 litros. Logo a seguir, a Unicer lança a cervejas-Limão Super Bock Xpress, em barril de tara perdida de 5 litros, acompanhado do respetivo equipamento de extração

27 UNIUNICER [2000-2015] UNICER-BEBIDAS DE PORTUGAL EXPANSÃO, INTERNACIONALI­ZAÇÃO E COMPETITIVIDADE João Abecasis. A primeira seguiu uma estratégia de diversificação e expansão em diversos setores de bebidas, reforçando a posição da empresa nas águas e nos vinhos, entrando ainda no setor do café. Neste período destaca-se a compra, em 2002, da totalidade do capital do Grupo VMPS – Vidago, Melgaço e Pedras Salgadas. Alargou- -se o portfólio de marcas e referências comercia- lizadas pela Unicer, ao mesmo tempo que se aumentaram as exportações. A partir de 2006 a Unicer foca-se no seu core business e aposta nas áreas da cerveja e águas, com destaque para as marcas Super Bock e Pe- dras. Esta fase fica ainda marcada pela aposta na internacionalização, por uma crescente aten- ção à sustentabilidade ambiental e à responsa- Nesta fase a bilidade social. Nesta fase foram encerrados Unicer alterou os centros de produção de Loulé e Santarém, a sua natureza concentrando-se toda a produção em Leça do jurídica, Balio, onde se iniciou a construção de um novo transformando- Este período da história da Unicer fica marcado complexo industrial, em 2012, (com um novo se numa por duas estratégias distintas de liderança, cor- centro de produção com capacidade para 450 sociedade respondentes às administrações lideradas pelo milhões de litros/ano, nova sede-administrativa e gestora de Eng. Manuel Ferreira de Oliveira, entre 2000 um armazém logístico criado de raiz, totalmente participações e 2006, e pelo Dr. António Pires de Lima, entre automatizado), projectando o futuro com eleva- sociais (SGPS) 2006 e 2013 e continuada até 2015 pelo Dr. dos padrões de qualidade e eficiência.

É instalada, em Leça do Balio, uma mini-fábrica de cerveja para Em abril, a empresa lança em produção de novas cervejas, com características especiais. A Unicer Portugal uma nova marca de passa a dispor de uma inovadora infra-estrutura para produção de sidra, a Somersby, criada três cervejas em pequena escala, destinada a clientes ou momentos anos antes pela dinamarquesa especiais. Neste ano é também modernizada a imagem tradicional Carlsberg. da garrafa de tara retornável de 33cl da Super Bock, inalterada desde há quase quatro décadas 2008 2011

2010

No verão, após grandes obras de requalificação, é reaberto o sumptuoso Vidago Palace. Neste ano, a marca Vini lança a Vini Sangria, sendo distinguida com o selo “Sabor do Ano 2010”

28 UNIUNICER

BARBOSA E ALMEIDA ( VIDRO ) - FORNECEDOR DA UNICER HÁ VÁRIAS DÉCADAS “Desejamos que a Unicer continue a crescer”

multinacionais e para eles é importante que a BA consiga estar presente noutras geogra- fias”, afirma a presidente, desta- cando a Polónia como o mais recente desafio. Numa indústria que considera “fascinante mas pouco sexy”, o rigor, a oferta de Em 1933 a valor acrescentado e a flexibili- produção de dade são valores fundamentais embalagens na relação com os clientes. de vidro já era “Em todas as propostas que semiautomática desenvolvemos temos sempre e os fornos como ambição aportar valor Um bom produto exige cada vez mais uma garrafa eram aquecidos para o nosso cliente”, afirma, com design e personalidade. A Unicer ao longo da sua com lenha. destacando como exemplo história tem lançado novos produtos e renovado inúmeras a parceria com a Unicer, que Na década embalagens de vidro, inovando e acrescentando valor ao considera salutar e de futuro: de 60, a CIVE mercado e para os consumidores. “em 2006 construímos um for- (atualmente a fábrica Com mais de um século de exis- efetivas relevantes para as no exclusivamente dedicado tência, a Barbosa e Almeida duas empresas. Em 2010 de- à produção de garrafas de na Marinha (BA) está na base do sucesso senvolvemos uma garrafa de cerveja da Unicer. Mantemos Grande) torna- de várias garrafas de vidro da 75cl, foscada e serigrafada uma parceria de longa data e se na primeira Unicer que marcaram importan- para a inauguração do Hotel muito dinâmica. O que deseja­ empresa tes momentos de viragem na de Vidago, entre inúmeras mos é que a Unicer continue portuguesa sua história e que hoje definem outras embalagens de vidro, a crescer para que possamos com produção tendências. sempre marcadas pela inova- corresponder a essa exigência totalmente “Dos vários projetos desen- ção e trabalho em equipa com cada vez melhor”. automática volvidos em parceria com a o nosso cliente”, refere Sandra Unicer ao longo da história Santos, presidente da Barbosa destas duas empresas cente- e Almeida (BA), fornecedor da nárias, destaco em 2004 a Unicer na produção de embala- garrafa Carlsberg para o Euro gens de vidro. Reconhecida a 2004, com 3 etiquetas PSL e nível mundial nas indústrias de uma bola em alto-relevo, que alimentação e bebidas e com constituiu o galardão da mar- sede em Avintes, a BA produz ca durante toda a competição. embalagens de vidro para mais Em 2008, organizámos e ope- de 50 países. A empresa nasceu racionalizámos todo o proces- para servir o mercado do Vinho so logístico e de produção das do Porto, cresceu e alargou hori- garrafas e grades da Super zontes não só para outros mer- Bock para substituir o parque cados, mas também para outras de garrafas retornáveis da geografias. “Apostamos na in- marca, numa operação inédi- ternacionalização. Muitos dos ta que resultou em poupanças nossos clientes são empresas

29 UNIUNICER OS 125 ANOS DA UNICER contados em livro

“Uma história A marcar o início das comemorações dos 125 anos de 1000 páginas, bem como uma versão digital, “é intimamente da empresa, a Unicer lançou o livro “Unicer, uma uma longa história que mostra como a Unicer su- ligada à história Longa história”, desenvolvido pelo historiador e pro- perou barreiras, ultrapassou graves crises finan- da indústria fessor da Faculdade de Letras da Universidade ceiras e grandes guerras mundiais. Foi um desafio cervejeira em do Porto, Gaspar Martins Pereira. Nas palavras estimulante, um prazer e uma grande aprendiza- Portugal e na do professor catedrático, a obra traça a trajetória gem sobre a Unicer e o mundo da cerveja. Das Europa” secular da Unicer, “uma história intimamente liga- longas horas de pesquisa, investigação, entrevis- da à história da indústria cervejeira em Portugal tas e escrita, aprendi imenso sobre a alma desta e na Europa”. Constituído por 2 volumes com mais grande empresa, que assenta na qualidade dos seus produtos e, muito importante, nas pessoas, desde trabalhadores fabris, administrativos e de distribuição, até técnicos, gestores e acionistas. O brio e orgulho de todos eles por participarem nesta obra coletiva reflete bem a cultura inclusiva que está na base da longevidade da Unicer, que chega aos dias de hoje com saúde para mais 125 anos”, refere o professor Gaspar Martins Pereira.

Manuel Violas, Gaspar Martins Pereira, Júlio Magalhães, João Abecasis

A 7 de março, no âmbito das comemorações dos 125 anos São lançadas da empresa, é inaugurado as cervejas especiais o novo armazém logístico, Super Bock totalmente automatizado Selecção 1927 2013 2015

2012 2014

É iniciada a construção da nova fábri- Inauguração, em setembro, ca da Unicer, com uma capacidade do novo edifício-sede de 450 milhões de litros, permitindo e centro de produção concentrar toda a produção de da Unicer cerveja em Leça do Balio

30 UNIUNICER [2016…] A HISTÓRIA CONTINUA… SUSTENTABILIDADE DAS MARCAS

Ao investimento na modernização e otimização da capacidade da empresa, segue-se uma apos- ta continuada na sustentabilidade das marcas sob a administração do Dr. Rui Lopes Ferreira [assume o cargo no 2º semestre de 2015], re- forçando a liderança no mercado português nas categorias core, Cervejas e Águas, com foco no Barril como expoente máximo da experiência cervejeira. A Unicer mantém um compromisso muito forte com o mercado interno e o mercado internacional continua a ser um dos vetores estra- tégicos de desenvolvimento da empresa, com um histórico de exportação para mais de 50 países nos últimos anos. A performance das suas princi- pais marcas a nível interno destaca-se pelo cres- cimento. A Super Bock vem de um crescimento de 5% no mercado interno; Pedras continua a re- complementares, como as Águas Lisas com Vitalis A Super Bock forçar as suas credenciais de água 100% natural e Caramulo e a marca Vini que bate recordes Casa da Cerveja e é líder incontestada no mercado; Somersby é registando uma excelente aceitação no merca- dá a conhecer a referência no mercado de sidra em Portugal, do. Para além do crescimento sustentável, 2016 uma história uma marca recente que se tem vindo a afirmar é também um ano de partilha de saber. A Super centenária de forma sustentada, com resultados crescentes Bock Casa da Cerveja, o mais recente projeto e contribui extraordinários ano após ano. A Unicer está fo- inovador da Unicer, já recebeu mais de dois mil para valorizar cada nas oportunidades de crescimento por via visitantes. Um centro de visitas que dá a conhecer a categoria da qualidade e inovação das suas marcas, onde uma história centenária e contribui para valorizar e cultura se têm vindo a destacar também alguns negócios a categoria e cultura cervejeira. cervejeira

Depois de Apple e Blackberry, em abril chegou a Portugal um novo sabor, Somersby Citrus. Somersby é a sidra preferida dos portugueses e a marca de bebidas que mais cresce em Portugal, com resultados que refletem uma tendência global pela procura de bebidas leves e refrescantes 2016

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O centro de visitas da Super Bock A Super Bock está mais perto dos amigos. Casa da Cerveja foi inaugurado A marca lançou em abril a campanha tema em outubro de 2015. “Direitos do Amigo”, que dá continuidade a um Em março 2016 já registava compromisso iniciado em 2015 com o manifesto mais de dois mil visitantes “Leva a Amizade a Sério”

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