PROJETO BRA/14/G32 PIMS 3066

CONTRATO DE SERVIÇOS ESPECIAIS Nº BRA10 34498 UNIDADE/AGÊNCIA: PROJETO BRA/14/G32

PRODUTO 3

Análise dos dados obtidos em visitas técnicas realizadas em conjunto com a equipe da SEMARH-SE/Programa Água Doce às comunidades de Poço Verde e Carira/SE onde estão sendo implantados e/ou recuperados os sistemas de dessalinização.

Figura 1- Sistema da Comunidade de Macacos

ROSEMARIE MONTENEGRO

Recife, 22 de Novembro de 2016

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 06 2.PROGRAMA ÁGUA DOCE 08 3.METODOLOGIA 10 4.MOBILIZAÇÃO SOCIAL 12 5.DIAGNÓSTICO 13 6.ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA CONSULTORA 17 7.ESTADO DE SERGIPE 19 8.Comparação das informações dos diagnósticos socioambiental do Estado de Sergipe 23 8.1.Município de Poço Verde 23 8.1.1.Comunidade Cova da Índia 33 8.1.2.Comunidade Ponta da Serra 38 8.1.3.Comunidade Cachorro Morto 43 8.1.4.Comunidade Recanto 48 8.1.5.Comunidade Cacimba Nova 52 8.1.6.Comunidade Lages 57 8.2.Municipio de Carira 61 8.2.1.Comunidade Macacos 69 8.2.2.Comunidade Três Tanques 74 8.2.3.Comunidade Lagoa dos Porcos 78 8.2.4.Comunidade Bezerra 82 9.ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO E ACORDO GESTÃO 86 10.RECOMENDAÇÃO 88 11.CONCLUSÃO 90 12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 92

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- SISTEMA DE DESSALINIZAÇÃO DA COMUNIDADE DE MACACOS...... 01 Figura 2- Mapa do Estado de Sergipe...... 19 Figura 3- Mapa do município Poço Verde...... 23 Figura 4- Mapa localização das comunidades de Poço Verde visitadas para realização do diagnostico...... 31 Figura 5- Mapa da comunidade Cova do Índia...... 33 Figura 6, 7, 8 e 9-Abrigo do dessalinizador, escavação do tanque, Chafariz e Cocho...... 36 Figura 10- Mapa da comunidade Ponta da Serra...... 38 Figura 11, 12,13 e 14- Abrigo de dessalinizador, Tanque, Poço e Base da antiga caixa...... 41 Figura 15-Mapa da comunidade Cachorro Morto...... 43 Figura 16, 17, 18 e 19-Abrigo do dessalinizador, Cocho, Tanque e Poço...... 46 Figura 20-Mapa da comunidade Recanto...... 48 Figura 21, 22, 23 e 24- Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Chafariz...50 Figura 25-Mapa da comunidade Cacimba Nova...... 52 Figura 26,27,28 e 29-Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho...... 55 Figura 30- Mapa da comunidade Lage...... 57 Figura 31, 32, 33 e 34--Abrigo do Dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho...... 59 Figura 35- Mapa do Município de Carira...... 61 Figura 36-Localização das comunidades de Carira visitadas para realização do diagnostico...... 68 Figura 37-Mapa da comunidade Macacos...... 69 Figuras 38, 39, 40 e 41-Abrigo dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho...... 71 Figura 42-Mapa da comunidade Três Tanques...... 74 Figuras 43, 44, 45 e 46-Abrigo Dessalinizador, Tanque, Cocho e Poço...... 76 Figura 47-Mapa comunidade Lagoa dos Poços...... 78 Figura 48, 49, 50 e 51-Abrigo dessalinizador, Chafariz, Tanque e Poço...... 80 Figura 52-Mapa da comunidade Bezerra...... 82 Figuras 53, 54, 55 e 56-Abrigo, Chafariz, Tanque e Cocho...... 84

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Recuperação dos dessalinizadores de Sergipe até Julho de 2010...21 Tabela 2- Produção agrícola do município de Poço Verde...... 26 Tabela 3- As visitas às comunidades para realização dos diagnósticos socioambiental...... 32 Tabela 4- Avaliação da salinidade de uma Cisterna...... 35 Tabela 5- Georreferenciamento do tanque e abrigo do dessalinizador...... 37 Tabela 6- Avaliação da salinidade do poço da água do poço...... 40 Tabela 7-Georreferenciamento do tanque, Poço e abrigo do dessalinizador...... 41 Tabela 8- Avaliação da salinidade do poço da água do poço...... 45 Tabela 9- Georreferenciamento do tanque, Poço e abrigo ...... 46 Tabela 10- Avaliação da salinidade do poço da água do poço...... 50 Tabela 11- Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador...51 Tabela 12- Avaliação da salinidade da água do poço...... 54 Tabela 13- Georreferenciamento do Tanque,poço e abrigo do dessalinizador...... 55 Tabela 14- Georreferenciamento do Tanque, poço e abrigo...... 60 Tabela 15- Produção agrícola do município de Carira...... 64 Tabela 16- Datas da realização dos diagnósticos socioambiental do município de Carira...... 69 Tabela 17- Georreferenciamento do tanque, Poço e abrigo...... 71 Tabela 18- Georreferenciamento do Tanque, poço e abrigo...... 76 Tabela 19- Georreferenciamento do Tanque, poço e abrigo...... 81 Tabela 20- Georreferenciamento do Tanque, poço e abrigo...... 84

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LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS

AESA- Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba ASD- Áreas Susceptíveis à Desertificação CenIR-Centro Integrado de Referência da Revitalização CODEVASF- Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco COHIDRO-Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe CONAMA- Conselho Nacional de Meio Ambiente DEA- Departamento de Educação Ambiental DESO- Companhia de Saneamento de Sergipe DNOCS-Departamento Nacional de Obras Contra as Secas FPM- Fundo de Participação dos Municípios IBAMA- Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis ICAA- Índices de Condições de Acesso à Água do Semiárido IDH- Índices de Desenvolvimento Humano INCRA-Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MMA- Ministério do Meio Ambiente ONU- Organização das Nações Unidas PAD-Programa Água Doce PPA- Plano Plurianual RESEX- Reserva Extrativista SE- Sergipe SEMARH-Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SEPLAG- Secretaria de Planejamento e Gestão TCU- Tribunal de Conta da União UDs- Unidade Demonstrativa UFPE- Universidade Federal de Pernambuco UFS- Universidade Federal de Sergipe UPs- Unidade Produtiva

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1.0 - INTRODUÇÃO

Este Relatório é parte do conjunto de atividades e produtos da consultora Rosemarie Montenegro, contratada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD no âmbito do Projeto BRA/14/G32 PIMS 3066 Sergipe - “Manejo de Uso Sustentável de Terras no Semiárido do Nordeste Brasileiro (Sergipe)”. O conteúdo do relatório visa atender o disposto no Contrato de Serviços Especiais Nº BRA10 – 34498 e respectivo Termo de Referência (TOR). O objetivo do Projeto BRA/14/G32 é fortalecer a estrutura de governança ambiental no estado de Sergipe e no Nordeste para melhor abordar os principais fatores da degradação da terra e da desertificação. Nesse sentido, propõe aperfeiçoar e coordenar os programas e políticas existentes para fazer manejo sustentável da terra (SLM), revertendo a degradação em um estado onde 74,2% é de área suscetível à desertificação (ASD) e onde há apenas 13% da vegetação original da Caatinga remanescente. Por meio do fortalecimento de capacidades institucionais e dos pequenos produtores e da facilitação do acesso ao financiamento, serão incrementadas e disseminadas práticas de SLM mediante ações experimentadas em áreas sujeitas a severa DT do Alto Sertão de Sergipe - ASS. O Território ASS é uma região com alto índice de pobreza e dificuldades sociais, particularmente composta por assentamentos de reforma agrária. Portanto, considerada prioritária pelo Estado e por programas nacionais, tais como os de combate à fome, redução da pobreza e de combate à desertificação. Nesse contexto, no âmbito da implementação do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca de Sergipe (PAE/SE), vem sendo desenvolvidas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) iniciativas com o Ministério do Meio Ambiente –MMA destacando, dentre estas, o Programa Água Doce que visa promover a segurança hídrica nos municípios das Áreas Suscetíveis à Desertficação – ASD e entorno do estado.

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As ações do Programa Água Doce convergem diretamente com o objetivo do Projeto BRA/14/G32, uma vez que esta busca otimizar os programas e políticas já existentes relacionados à conservação e uso sustentável dos recursos naturais fortalecendo a estrutura de governança para reverter a degradação de terras com adoção de práticas de manejo sustentável. Dentre os especialistas contratados, insere-se esta consultoria, em gestão de recursos hídricos, que atuará em atividades que visam otimizar as iniciativas do Programa Água Doce nas ASD e entorno do estado de Sergipe criando sinergias com as ações do manejo sustentável de terras de modo a promover o acesso à água de boa qualidade para o consumo humano em áreas de vulnerabilidade hídrica, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na recuperação, implantação e gestão de sistemas de dessalinização. Este Relatório corresponde ao atendimento do Produto 3 previsto pelo contrato nº BRA10-34498 acima referido e apresenta uma análise dos dados obtidos em visitas técnicas realizadas em conjunto com a equipe da SEMARH- SE/Programa Água Doce às comunidades de Carira e Poço Verde, onde estão sendo implantados e/ou recuperados os sistemas de dessalinização. Além disso, apresenta as amostragens realizadas nos sistemas demonstrando a conformidade destes com a metodologia do Programa Água Doce e demais normas. Foram anexadas ao relatório fotos e georreferenciamento dos sistemas visitados, além de um descritivo da situação atual dos Acordos de Gestão dos sistemas de dessalinizações dos municípios elencados neste TOR.

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2.0 – PROGRAMA ÁGUA DOCE

De acordo com estudos recentes, o Semiárido é uma das regiões brasileiras mais afetadas pelas mudanças climáticas. Os impactos, devido ao aumento de temperatura e anomalias na precipitação, poderão alterar a produção das culturas, os recursos hídricos, o manejo de irrigação, a biodiversidade, o Bioma Caatinga e o processo de desertificação. (EMBRAPA, 2009). Ocupando uma área de 969.589 km, a região semiárida brasileira inclui os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, a maior parte da Paraíba e Pernambuco, Sudeste do Piauí, Oeste de Alagoas e Sergipe, região central da Bahia e uma faixa que se estende em Minas Gerais, seguindo o Rio São Francisco, juntamente com um enclave no vale seco da região média do rio Jequitinhonha. De acordo com dados do IBGE, em 2010, a região Nordeste contava com uma população de 53 milhões de habitantes. A Região Semiárida contava com aproximadamente 25 milhões de habitantes, mesmo considerando as características bastante severas em condições ambientais. Chove pouco na região e as chuvas são mal distribuídas no tempo. (ARAÙJO, 2011; EMBRAPA, 2011; FUNDAJ, 2015; IBGE, 2010). Esses fatores incidem diretamente sobre a qualidade de vida das populações que habitam a região semiárida brasileira, afetando sua relação com a água de boa qualidade. Formulado em 2003 através da contribuição de várias entidades que lidam com a temática da água, o Programa Água Doce é uma ação do Governo Federal, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com diversas instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil. O PAD busca estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas, incorporando cuidados ambientais e sociais na gestão de sistemas de dessalinização, prioritariamente em comunidades rurais difusas do semiárido brasileiro.

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O Programa se estruturou através dos componentes Sustentabilidade Ambiental; Mobilização Social; Sistemas de Dessalinização e Sistemas Produtivos. Com o intuito de melhor atender seus objetivos, o PAD dividiu suas ações em etapas. A primeira delas é a fase de diagnóstico; a segunda, a fase de implantação; e a terceira, a fase de monitoramento e manutenção preventiva. Cada uma das etapas cumpre um papel importante na consecução das ações do Programa. A etapa que é alvo do nosso interesse nesse trabalho, a do diagnóstico, objetiva caracterizar as condições socioambientais e obter informações referentes aos sistemas de abastecimento de água nas comunidades rurais do semiárido. No diagnóstico são considerados os aspectos sociais, ambientais e técnicos envolvidos na implantação, recuperação e gestão de sistemas coletivos de abastecimento de água. Esta etapa é fundamental para a determinação do marco zero e para a definição da alternativa de abastecimento mais adequada para cada comunidade. De um universo de 3.600 comunidades que serão diagnosticadas, esses diagnósticos geraram uma gama de dados que serão processados, armazenados e transformados em informações que auxiliarão na tomada de decisão que informarão ações, principalmente àquelas relacionadas com o acesso à água, à saúde pública, às mudanças climáticas e à convivência com o semiárido. Neste trabalho, centraremos nossa atenção na análise, interpretação e validação dos dados advindos de diagnósticos realizados no estado de Sergipe, relativos ao componente Mobilização Social e sua interface com os demais componentes. É um relatório técnico, por amostragem, das análises dos dados dos diagnósticos socioambiental e técnico realizados em comunidades que serão atendidas pelo PAD, contendo fotos e georreferenciamento. As comunidades, alvo da nossa atenção, estão nos municípios de Carira e Poço Verde. Esses municípios foram escolhidos para facilitar a análise e interpretação dos dados, contribuindo com a tarefa de validar dados advindos dos diagnósticos realizados pela empresa Gaia Engenharia e Meio Ambiente. Esses municípios estão recebendo ações da 2ª fase do Programa e foi possível acompanhar o trabalho da empresa que está implantando os sistemas. Inicialmente, faremos uma apresentação sucinta do componente Mobilização Social. Em seguida, descreveremos o que é o diagnóstico e sua

9 importância dentro da metodologia do PAD, as características da região semiárida do estado de Sergipe, os municípios com suas respectivas comunidades diagnosticadas, foco direto do nosso trabalho, e os diagnósticos, por comunidade, naqueles municípios já citados.

3.0 - METODOLOGIA

A perspectiva da validação dos dados sociais, contidos nos diagnósticos realizados em comunidades difusas da região semiárida brasileira, insere-se nas prerrogativas elencadas pelo Programa Água Doce no sentido de verificar o atendimento aos objetivos propostos em seu escopo, principalmente considerando o momento de escala do Programa. A entrada em escala vai significar para o PAD um aumento exacerbado no volume de informações e, consequentemente, no tratamento dos dados, que implica uma maior atenção quanto a aplicação da metodologia de implantação do Programa. Nesse sentido, os dados contidos nos diagnósticos são validados quando expressam características das comunidades que as identificam como aptas a receberem um sistema de dessalinização. Essas características devem também apontar para a hierarquização determinada no ICAA, que considera o atendimento às comunidades mais críticas. Para pensar a validação dos dados oriundos dos diagnósticos, analisaremos aqueles que possuem mais relevância para construção dos acordos comunitários de gestão, por ser este o principal objetivo do componente Mobilização Social. De acordo com as orientações contidas no Documento Base do Programa Água Doce, repassadas nas oficinas realizadas nos estados atendidos pelo PAD, o diagnóstico deve ser realizado considerando-se a futura gestão dos sistemas a serem instalados ou recuperados. Esse fator é importante uma vez que, após instalados, os sistemas de dessalinização serão entregues às comunidades as quais cuidarão deles. Esse cuidado se refere a gestão compartilhada que é realizada, prioritariamente, pela comunidade em parceria

10 com a prefeitura e com o estado. Das três instâncias responsáveis pela gestão, a comunidade é que acompanha mais de perto por ser a principal beneficiária desses sistemas. Nesses termos, os diagnósticos se revestem de importância fundamental e devem ser realizados de forma cuidadosa por todos os Componentes do PAD que, ao final, devem escolher e apontar de forma criteriosa quais comunidades podem ser atendidas com sistemas de dessalinização. O olhar do Componente Mobilização Social deve ser informado pelos olhares dos demais componentes uma vez que, para construção dos acordos comunitários de gestão, elementos importantes advêm dos dados ambientais e técnicos. Essa interface com os demais componentes é orientada pela metodologia de integração das ações que o Programa preconiza. Para fins deste trabalho, faremos um recorte entre os diagnósticos realizados em Sergipe, focando nossa atenção nos diagnósticos dos municípios de Canindé do São Francisco, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória e Poço Redondo. A escolha dos referidos municípios deveu-se ao fato de eles já estarem em obras ou com sistemas instalados.

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4.0 – MOBILIZAÇÃO SOCIAL

Um dos maiores desafios do PAD é contribuir com a criação de estruturas permanentes de gestão dos sistemas de dessalinização – tanto no nível estadual (através da estruturação dos núcleos estaduais do programa e das equipes gestoras) quanto nos níveis municipal e comunitário. A experiência de programas anteriores ensinou que instalar ou recuperar os sistemas de dessalinização não é suficiente para garantir a oferta continuada de água de boa qualidade para as famílias do semiárido. É preciso, também, investir na organização de mecanismos de gestão que viabilizem o funcionamento dos sistemas de dessalinização a médio e longo prazo. As ações do Componente Mobilização Social do PAD, integradas às atividades dos componentes técnico e ambiental, focalizam justamente a construção destes mecanismos de gestão – chamados de “acordos”. Estas ações objetivam o estabelecimento de bases sólidas de cooperação e participação social na gestão dos sistemas de dessalinização (poço – dessalinizador – destino adequado do concentrado salino) e dos sistemas produtivos a serem implantados (criação de peixes – cultivo da erva-sal – produção de alimento para caprinos e ovinos), garantindo não apenas a oferta de água de boa qualidade em regiões historicamente sacrificadas pela seca, mas também a viabilidade de alternativas de geração de renda que se integrem às dinâmicas locais. O Componente Mobilização Social do PAD foi estruturado de modo a atuar em duas linhas principais de ação: (a) na construção de instâncias locais

12 de gestão dos sistemas de dessalinização e (b) na formação de técnicos junto aos grupos gestores estaduais para colaborarem com as comunidades na construção das instâncias locais de gestão dos sistemas de dessalinização. As ações do componente estão distribuídas em três momentos principais que, mesmo estando profundamente interligados, apresentamos aqui como fases separadas: o Diagnóstico social; a Construção dos mecanismos de gestão local dos sistemas de dessalinização e das unidades demonstrativas; e o Monitoramento da gestão feita pelas comunidades atendidas pelo programa.

5.0 - O DIAGNÓSTICO

Parte importante da metodologia de atuação do Programa Água Doce, o diagnóstico tem por objetivo conhecer as condições sociais e ambientais das comunidades a serem beneficiadas pelo PAD, além de coletar informações referentes aos sistemas de dessalinização a serem implantados ou recuperados. Além disso, é uma etapa fundamental para a definição da alternativa de abastecimento mais adequada e para a determinação do marco zero em cada comunidade. O processo de realização dos diagnósticos segue três etapas. São elas:  Realização da primeira visita nas localidades e elaboração de relatório básico por localidade;  Seleção das localidades a serem beneficiadas pelo Programa Água Doce;  Realização da segunda visita nas localidades selecionadas na primeira etapa e elaboração do projeto final por comunidade. O diagnóstico é precedido por um pré diagnóstico, no qual são obtidos alguns dados que orientarão os técnicos para a realização do diagnóstico em si. Os dados preliminares dizem respeito a aspectos gerais e objetivam identificar as comunidades que poderão ser atendidas pelo Programa. Os dados gerais são os seguintes:

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 identificação das localidades, por município, com 20 famílias ou mais de 100 pessoas em um raio de 1Km;  verificação do número estimado de residentes;  identificação da existência de dessalinizador, poço, luz elétrica e se a localidade está sob o cristalino;  verificação da estrutura hídrica existente e/ou planejada; e  identificação da presença de escolas e postos de saúde. Para a caracterização das condições socioambientais e obtenção das informações referentes aos sistemas de abastecimento de água das comunidades rurais do semiárido, o diagnóstico considera aspectos sociais, ambientais e técnicos envolvidos na implantação, recuperação e gestão de sistemas coletivos de abastecimento de água. A metodologia do diagnóstico socioambiental foi desenvolvida pelos componentes de Mobilização Social e de Sustentabilidade Ambiental e deve ser realizada por meio da aplicação de questionário. Visa conhecer a organização social, a estrutura da comunidade e os aspectos ambientais das localidades do semiárido. A metodologia segue uma sequência de atividades, realizadas de forma integrada pelos diferentes componentes do PAD.

 Os aspectos ambientais

Quanto aos aspectos ambientais, o diagnóstico considera a estrutura da comunidade e a caracterização ambiental das fontes de abastecimento e do solo. Com relação à estrutura da comunidade, observa-se os seguintes aspectos:  A disponibilidade, acesso e uso da água proveniente de poços e de dessalinizadores;  A disponibilidade, acesso e uso da água proveniente de outras fontes de abastecimento;  O georreferenciamento de pontos específicos da comunidade (poço, dessalinizador, escola, posto de saúde e outros especificados). Com relação à caracterização ambiental das fontes de abastecimento (estado das fontes) e solo, considera:  Os aspectos ambientais gerais do sistema de dessalinização;

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 Os aspectos gerais do poço que abastece o dessalinizador;  Os aspectos gerais de pequenos e médios açudes usados pelas comunidades.

 Os aspectos técnicos: Em relação aos aspectos técnicos, as seguintes atividades são realizadas:  Identificação da comunidade: nome, localização, população etc;  Obras civis: caracterização das estruturas que integram o sistema de dessalinização;  Características do poço;  Características do dessalinizador, quando houver. O diagnóstico técnico deverá constar de um relatório completo com informações detalhadas sobre a situação dos poços, dessalinizadores e obras civis associadas aos sistemas de abastecimento de água. Deverá constar também registro fotográfico das atividades desenvolvidas.

 Os aspectos sociais Com relação aos aspectos sociais, o diagnóstico considera diferentes características para a implantação de sistemas simples de dessalinização e para as Unidades Produtivas. Devem constar nos diagnósticos:  A identificação de potenciais beneficiários diretos e indiretos e dos demais atores (do setor público e da sociedade civil) interessados na gestão dos sistemas coletivos, mapear os conflitos e problemas que levaram à desativação ou ao funcionamento inadequado de dessalinizadores no passado;  Um levantamento das formas de organização social e das lideranças locais que possam colaborar no processo de gestão;

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 A compreensão de como são as relações entre a comunidade e as esferas políticas, econômicas e culturais do município;  O levantamento de informações sobre as formas de organização produtiva na comunidade e sobre o envolvimento em outros projetos ou programas que objetivam o desenvolvimento da mesma;  Os potenciais projetos de abastecimento de água; e  A caracterização da produção agropecuária da comunidade, objetivando um potencial desenvolvimento de sistemas produtivos adequados a cada realidade. Nos estados onde serão implantadas unidades produtivas orienta-se que as comunidades escolhidas apresentem, preferencialmente, algumas características que devem ser observadas pelos técnicos. São elas:  Ter uma trajetória consolidada na gestão de um sistema de dessalinização;  Ter uma experiência positiva em outras iniciativas comunitárias;  Ser uma área de assentamento de reforma agrária ou similar, em que a área de instalação do projeto já seja pública;  Depender da água dessalinizada para oferta de água de boa qualidade, já que a água é o principal produto das unidades produtivas; e  Ter a percepção dos problemas que podem ser gerados pelo concentrado jogado a céu aberto, que possui elevado teor salino.

 Orientações gerais para realização do diagnóstico socioambiental

Na caracterização dos usuários deverão ser entrevistadas, pelo menos, 10% das famílias que residem na comunidade. Quando o número de famílias for pequeno (entre 20 e 100) deverão ser entrevistadas mais pessoas para que a

16 caracterização não fique comprometida. Deve-se conversar também com mediadores (representantes de sindicatos, ONGs, caso estejam envolvidos com o funcionamento do sistema de dessalinização) e com representante do poder público municipal. Eles serão os informantes da comunidade. Algumas das questões podem ser preenchidas no momento das entrevistas, mas é importante repassar todo o roteiro ao término de cada visita para preencher todos os campos, registrando, inclusive, as informações contraditórias recebidas dos informantes. A sugestão é que para cada informante seja utilizado um formulário do roteiro do diagnóstico e ao término do trabalho seja preenchido um único formulário com base no conjunto das informações levantadas. Este roteiro deve ser um guia para a equipe que realizará o diagnóstico. As questões não devem ser respondidas pelos entrevistados/informantes, mas pelos próprios membros da equipe com base nas informações que conseguiram coletar. As conversas não devem ser estruturadas como entrevistas formais. Ressalta-se que esse diagnóstico preliminar deve ser um ponto de partida para realização da tarefa de construção dos mecanismos de gestão do sistema de dessalinização. Ao longo do trabalho novas informações poderão ser coletadas, aprofundando a compreensão sobre o conjunto de questões que compõem este roteiro. Espera-se, a partir da realização do diagnóstico, a descrição completa, quantificada e valorada de cada item que necessita de recuperação ou substituição do sistema de dessalinização completo (obras civis, poço e dessalinizador), bem como a caracterização da comunidade quanto aos aspectos sociais e ambientais, que viabilizarão a construção dos acordos de gestão. 6.0 - ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELA CONSULTORA

De acordo com termo de referência do Projeto BRA/14/G32, a consultora especialista em recursos hídricos deve elaborar estudos no âmbito do componente Mobilização Social do Programa Água Doce do Ministério do Meio Ambiente, contendo a análise dos dados obtidos em visita técnica às comunidades onde estão sendo implantados e/ou recuperados os sistemas de dessalinização do Programa Água Doce no Estado de Sergipe, visando

17 demonstrar a conformidade destes sistemas com a metodologia do Programa Água Doce e demais normas. Os documentos devem sintetizar o contexto das ações implementadas pelo Programa Água Doce frente ao objetivo de estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de boa qualidade para o consumo humano, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na recuperação, implantação e gestão de sistemas de dessalinização, prioritariamente nas áreas susceptíveis à desertificação – ASD.

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7.0 - O ESTADO DE SERGIPE

Figura 02 - Mapa do Estado de Sergipe

O estado de Sergipe ocupa uma área de 21.910,348 km², correspondendo a 0,25% do território nacional. É considerado o menor estado do Brasil. Ao norte, o Estado faz limite com Alagoas que é definido pelo rio São Francisco. A oeste e ao sul limita-se com a Bahia e, a leste, com o Oceano Atlântico. De acordo com dados do IBGE, possui 20 municípios no semiárido, conforme mapa a seguir.

O Plano Estadual de Sergipe indica que no estado são encontrados três tipos de clima, com regime pluviométrico bastante variado, cujos valores oscilam

19 entre 400 e 2.200 mm anuais. Há o clima Tropical quente e úmido, faixa situada próxima ao litoral que é susceptível aos períodos secos, em razão dos totais de precipitação, situados acima dos 1.000 mm anuais. Mesmo assim, o litoral sergipano se caracteriza pelos baixos totais pluviométricos, que declinam a partir do norte de Salvador e só voltam a crescer depois da foz do rio São Francisco, já no estado de Alagoas. Com temperatura média de 25°C e um período de seca de apenas 03 meses.

Há o clima Tropical quente e semiúmido que corresponde ao que se denomina de Agreste, com precipitações entre 700 e 900 mm anuais, chegando a ultrapassar os 1.000 mm/ano. Nesta zona, verifica-se a acentuada expansão da pecuária com temperatura média de 30ºC e um período de seca de 04 a 06 meses.

Por fim, há o clima Tropical quente e Semiárido que se caracteriza por grande deficiência hídrica. As precipitações anuais raramente se situam entre 500 e 700 mm, sofrendo muita variabilidade, com dois ou três meses favoráveis às atividades agrícolas. A temperatura média é de 40°C durante o dia e de 20°C à noite e caracteriza-se por um período de seca de 07 a 10 meses.

A região semiárida do Estado de Sergipe abrange 28 municípios, equivalendo a quase 40% do território sergipano. De acordo com Meneses (2015), “o estado está inserido na faixa das Estepes Semiáridas do globo, onde predomina os climas tropical e subtropical quentes de latitudes médias. Dessa forma, fica evidente que a Gestão Ambiental em nosso Estado tem o dever de analisar e criar mecanismos eficientes de mitigação dos efeitos da seca, fundamentalmente no Alto Sertão Sergipano, área de crescente produção agroindustrial e dinâmica populacional”.

 A atuação do Programa Água Doce no semiárido de Sergipe

A seguir, contextualizaremos a atuação do Programa Água Doce no estado de Sergipe. Para as informações contidas nesta seção utilizaremos documentos disponíveis em meio digital, a exemplo do Plano Estadual do Estado de Sergipe que foi elaborado no ano de 2010 e apresenta as diretrizes que nortearão a

20 implementação do PAD nesse estado no período de 2010 a 2019. Este documento está disponível para consulta em: www.aesa.pb.gov.br/pad/arquivos/Resumo_Executivo_PAD_Final_2.pdf

Utilizaremos, ainda, o Termo de Referência do contrato firmado em 2011, quando da entrada do Programa em escala. Os documentos citados são orientados pelo Documento Base do PAD, no qual contém as principais linhas de ação do Programa e as principais orientações teóricas, técnicas e instrumentais, para instalação e recuperação de sistemas de dessalinização.

O Programa Água Doce atua em Sergipe desde 2003. Por ele, foram recuperados e adequados, de acordo com a concepção do Programa, 08 (oito) sistemas de dessalinização em 04 (quatro) municípios. A partir da entrada do Programa em escala, foi firmado um convênio entre o Ministério do Meio Ambiente e o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe – SEMARH/SE no qual serão implantados ou recuperados 25 (vinte e cinco) sistemas de dessalinização. Depois foi feito um aditivo para mais 08 (oito) sistemas, perfazendo um total de 33 (trinta e três). Como já foram realizados os diagnósticos para indicação destes 08 (oito) sistemas, optamos em incluir, neste trabalho, os resultados dos referidos diagnósticos. São os municípios de Feira Nova, Nossa Senhora Aparecida, Simão Dias e Tobias Barreto.

A tabela abaixo indica os municípios que foram atendidos pelo PAD até 2010.

Tabela 01: Recuperação de dessalinizadores no estado de Sergipe até julho de 2010

MUNICÍPIO COMUNIDADE

Tobias Barreto Borda da Mata Saquinho Candeias

Poço Verde Ventoso I Ventoso II Santa Maria da Laje

Frei Paulo Serra Preta

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Carira Três Tanques

Fonte: Plano Estadual do PAD/SE

 Diagnósticos dos municípios no estado de Sergipe

Apresentaremos a seguir resultados dos diagnósticos dos municípios do estado de Sergipe que subsidiaram a escolha das comunidades a serem atendidas pelo Programa Água Doce. Exporemos informações dos municípios diagnosticados Carira e Poço da Verde. Eles já estão na fase II do Programa, que diz respeito às obras civis, instalação de dessalinizadores e apresentação dos acordos de gestão.

Serão utilizados como nossa fonte de dados os diagnósticos realizados pela Empresa Gaia Engenharia e Recursos Hídricos contratada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe – SEMARH/SE, para realização dos diagnósticos socioambiental e técnico.

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8.0 - COMPARAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DOS DIAGNÓSTICOS SOCIOAMBIENTAL DO ESTADO DE SERGIPE

O objetivo desse capítulo é fazer uma análise dos dados obtidos nas visitas técnicas às comunidades onde estão sendo implantados e/ou recuperados os sistemas de dessalinização, visando demonstrar que esses sistemas estão em conformidade com a metodologia do Programa Água Doce.

8.1 - Município de Poço Verde

Figura 03 - Mapa do Município de Poço Verde

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As primeiras penetrações no território de Poço Verde datam de 1609, quando Antônio Guedes adquiriu uma sesmaria, cujos limites abrangiam todas as terras que atualmente formam esse município. O topônimo veio de uma fazenda que tinha o nome de Poço Verde, onde se formou um aglomerado de habitações, dando origem à povoação, dentro do território de Campos (atualmente Tobias Barreto) (IBGE, 2014)

Devido à fertilidade das terras, Poço Verde apresenta rápido desenvolvimento, então, por disposição no Decreto-Lei Federal nº 311, de 2 de março de 1938, a localidade é elevada à categoria de Vila (IBGE, 2014).

Pela Lei nº 525-A, de 25 de novembro de 1953, a Vila de Poço Verde é elevada à categoria de cidade, desmembrada, assim, do Município de Tobias Barreto.

Conforme dados do Plano Estadual do Programa Água Doce (BRASIL, 2010), o município de Poço Verde ocupa o 10º lugar no Ranking do Índice de Condição de Acesso à Água no Semiárido (ICAA), elaborado e utilizado pelo Programa para determinar quais localidades são prioritárias para atendimento, por meio de uma sistematização de diversos indicadores que possibilitam determinar seu nível de criticidade.

De acordo com Brasil (2010), os registros obtidos em diversas fontes secundárias (Atlas Digital de Recursos Hídricos de Sergipe, 2004; INCRA, 2010; COHIDRO,2010; DNOCS, 2010)1 indicavam que esse município possuía 87 poços (estando apenas 25 ativos), com 2 dessalinizadores em operação e 3 desativados.

 Localização e Acesso

O município de Poço Verde está localizado no extremo sudoeste do Estado de Sergipe, limitando-se a leste com o município de Simão Dias, a sul

: INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Disponível em www.incra.gov.br. Acesso em: 11 mai. 2010 Para os demais trabalhos citados, o autor não informou a referência bibliográfica. 24 com Tobias Barreto, a norte e oeste limita-se com os municípios de Paripiranga, Adustina, Fátima, Heliópolis e Ribeira do Amparo do Estado da Bahia. A sede municipal tem uma altitude de 273 metros, encontrando-se nas coordenadas geográficas 10°42'11" de latitude sul e 38°11'06" de longitude oeste (BOMFIM, 2002). A área municipal é de 440,133 km2 (IBGE, 2014).

Distante aproximadamente 146 km da capital do Estado, , o acesso, a partir de Aracaju, é efetuado através das rodovias pavimentadas BR- 101, BR-235, SE-361 e SE-270 (SEPLAG, 2014).

 Aspectos socioeconômicos

A população total do município de Poço Verde é de 21.983 habitantes, com densidade demográfica de 49,95 hab/km2 (IBGE, 2010). A divisão entre população rural e urbana em 2010 de Poço Verde apresentou um predomínio de população urbana (56,01%), conforme dados do PNUD (2013).

A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano) do município, segundo PNUD (2013), apresentou uma redução de 41% passando de 46,6 por mil nascidos vivos em 2000 para 27,3 por mil nascidos vivos em 2010. O documento chama atenção que, segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, a mortalidade infantil para o Brasil deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. No município também ocorreu um incremento na esperança de vida ao nascer, passando de 56,8 anos em 1991 para 63,8 anos em 2000, e para 70,1 anos em 2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer média para o estado de Sergipe é de 71,8 anos e, para o país, de 73,9 anos (PNUD, 2013).

A taxa de escolaridade também é um indicador de grande relevância para caracterização do desenvolvimento social e econômico do município. As informações referentes à escolaridade da população adulta apresentadas por PNUD (2013) mostram que em 2010, 23,83% da população de 18 anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 14,52% o ensino médio. O órgão informa que esses dados para Sergipe são 46,89% e 31,92% respectivamente, e explica que esse “indicador carrega uma grande inércia, em função do peso das gerações mais antigas e de menos escolaridade”. Para a

25 população adulta de Poço Verde, nas últimas duas décadas, ocorreu uma redução de 20,32% na taxa de analfabetismo (PNUD, 2013), porém ainda há uma taxa de 38,6% de analfabetos com idade acima de 25 anos.

Com a melhoria nos indicadores que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o valor desse índice passou de 0,421 em 2000 para 0,561 em 2010, uma taxa de crescimento de 33,25%. Porém, o índice atual de Poço Verde ainda está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Baixo (PNUD, 2013), encontrando-se na 63ª posição no ranking dos municípios sergipanos.

Quanto à produção agrícola, os dados do IBGE (2012) não registraram para o ano nenhum tipo de lavoura permanente no município, enquanto a lavoura temporária é composta por feijão, mandioca e milho, sendo esse último o produto agrícola que oferece o maior valor de produção, sendo seguido pelo feijão (Tabela 2).

Tabela 2 - Produção agrícola do município de Poço Verde ÁREA VALOR DE TIPO DE QUANTIDADE PRODUTO PRODUZIDA PRODUÇÃO LAVOURA PRODUZIDA (ha) (R$) PERMANENTE - - - - Feijão 7.870 732 t 1.867.000 TEMPORÁRIA Mandioca 120 1.440 t 623.000 Milho 15.000 5.400 t 3.038.000 FONTE: IBGE (2012)

A pecuária no município é representada, segundo IBGE (2012), por asininos (250 cabeças), bovinos (16.058 cabeças), caprinos (2.350 cabeças), equinos (1.685 cabeças), galináceos (36.480 cabeças), muares (340 cabeças), ovinos (17.480 cabeças), suínos (1.830 cabeças) e vacas ordenhadas (3.212 cabeças), sendo produzidos 2.313 mil litros de leite (rendimento de R$ 2.197.000) e 16.000 kg de mel (rendimento de R$ 224.000).

O Cadastro de Empresas em 2012 mostrou que Poço Verde possuía 270 empresas atuantes, ocupando 1.666 pessoas (IBGE, 2013).

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Segundo IBGE (2014), o PIB do município em 2011 foi de R$ 121.480.000,00 (cento e vinte e um milhões, quatrocentos e oitenta mil reais), com contribuição da agropecuária de R$ 8.789.000,00 (oito milhões, setecentos e oitenta e nove mil reais), da indústria de R$ 12.287.000,00 (doze milhões, duzentos e oitenta e sete mil reais) e dos serviços de R$ 95.529.000,00 (noventa e cinco milhões, quinhentos e vinte e nove mil reais), sendo o restante referente a impostos sobre produtos líquidos de subsídios.

Dados de 2010 mostram que a renda per capita média de Poço Verde é de R$ 266,56 (duzentos e sessenta e seis reais e cinquenta e seis centavos), após um crescimento de 145,56% nas últimas duas décadas (R$108,55 em 1991 e R$ 164,02 em 2000), conforme PNUD (2013). Enquanto isso, a extrema pobreza, medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em reais de agosto de 2010, passou de 48,96% em 1991 para 38,09% em 2000 e para 22,67% em 2010, indicando assim uma melhoria socioeconômica da população do município.

 Saneamento básico

O abastecimento de água da sede do município é realizado pela Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO, por meio do Sistema Poço Verde, o qual, segundo o estudo da ANA (2010), requer ampliação, tendo como cenário uma demanda urbana de 71 l/s em 2015 (ANA, 2010).

Segundo a Enciclopédia dos Municípios Sergipanos (SEPLAG,2014), citando dados do IBGE de 2010, possuíam abastecimento de água, pela rede geral, 75% dos domicílios do município. Segundo o documento, 45,2 % dos domicílios possuíam saneamento adequado e 65,3% eram atendidos por coleta de lixo.

 Aspectos Ambientais e Recursos Hídricos

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O município está inserido no polígono das secas, tem um clima do tipo megatérmico semiárido, transição para seco e sub úmido, com temperatura média anual de 23,7oC, precipitação pluviométrica média no ano de 786,5mm e período chuvoso de março a julho (BOMFIM, 2002).

O relevo está representado por uma superfície pediplanada e tabular erosiva, com aprofundamento de drenagem muito fraca a mediana. Os solos são Planosol, Holomórficos e Regosol, com uma vegetação de Capoeira, Caatinga, Campos Limpos, Campos Sujos e vestígios de Mata (SERGIPE.SEPLANTEC/SUPES, 1997/20002 citado por BOMFIM, 2002)

O município está inserido na bacia hidrográfica do rio Real e constitui a drenagem principal, além do rio Real, os riachos Urubu e Mocambo (BOMFIM, 2002).

Em relação às águas subterrâneas, o autor explica que em Poço Verde podem-se distinguir quatro domínios hidrogeológicos: Bacias Sedimentares, que ocupa 40% do território municipal; Grupo Estância; Metacarbonatos; e Metasendimento/Metavulcanito.

Segundo Bomfim (2002), as Bacias Sedimentares são constituídas por rochas sedimentares bastante diversificadas e representam os mais importantes reservatórios de água subterrânea, formando o denominado aqüífero do tipo granular. Em termos hidrogeológicos, essas bacias têm alto potencial, em decorrência da grande espessura de sedimentos e da alta permeabilidade de suas litologias, permitindo a exploração de vazões significativas. Em regiões semiáridas, a perfuração de poços profundos nessas áreas, com expectativas de grandes vazões, pode ser a alternativa para viabilizar o abastecimento de água das comunidades assentadas tanto no seu interior quanto no seu entorno.

2Referências informadas pelo autor: . Sergipe. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia SEPLANTEC. Superintendência de Estudos e Pesquisas-Supes. Perfis Municipais: Aracaju, 1997. 75v. . Sergipe. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia SEPLANTEC. Superintendência de Estudos e Pesquisas-Supes. Informes Municipais: Aracaju, 2000. 75v. 28

Em relação ao domínio hidrogeológico denominado Grupo Estância, Bomfim (2002) explica que envolve os sedimentos essencialmente arenosos da unidade geológica homônima. Afirma, ainda, que tem como características fundamentais um intenso fraturamento, litificação acentuada e forte compactação, conferindo-lhe, além do comportamento de aqüífero granular com porosidade primária baixa, um comportamento fissural acentuado (porosidade secundária de fendas e fraturas), motivo pelo qual se prefere enquadrá-lo com mais propriedade como aqüífero do tipo granular e “misto”, com baixo a médio potencial hidrogeológico.

Os Metacarbonatos constituem um sistema aqüífero desenvolvido em terrenos de rochas calcárias, calcárias magnesianas e dolomíticas, que tem como característica principal a constante presença de formas de dissolução cárstica (dissolução química de rochas calcárias), formando cavernas, sumidouros, dolinas e outras feições erosivas típicas desses tipos de rochas. Fraturas e outras superfícies de descontinuidade, alargadas por processos de dissolução pela água propiciam ao sistema porosidade e permeabilidade secundária, que permitem acumulação de água em volumes consideráveis. Para o autor, infelizmente, essa condição de reservatório hídrico subterrâneo não se dá de maneira homogênea ao longo de toda a área de ocorrência. Ao contrário, são feições localizadas, o que confere elevada heterogeneidade e anisotropia ao sistema aqüífero. A água, no geral, é do tipo carbonatada, com dureza acima do limite tolerado.

Por fim, o domínio Metasendimento/Metavulcanito possui o comportamento de aquífero fissural, a qual, segundo o autor, não possui uma porosidade primária, ficando a ocorrência de água subterrânea condicionada por uma porosidade secundária, representada por fraturas e fendas o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. Dentro deste contexto, em geral, as vazões produzidas por poços são pequenas e a água, em função da falta de circulação, dos efeitos do clima semiárido e do tipo de rocha, é, na maior parte das vezes, salinizada.

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 Seleção para Realização do Diagnóstico

Conforme destacado anteriormente, o município de Poço Verde ocupa o 10º lugar no Ranking ICAA. Porém, além dos indicadores municipais, o nível de criticidade é determinado pela ausência ou dificuldade de acesso a outras fontes de abastecimento de água, o que é verificado nas comunidades. Para isso, são realizados pré-diagnósticos para identificação de comunidades com características que possibilitam o atendimento pelo PAD, assim como para identificar aquelas em situação mais crítica quanto ao acesso à água. Dessa forma, o Núcleo Estadual do Programa Água Doce em Sergipe, juntamente com a Secretaria de Agricultura do Município, sugeriu a realização do presente diagnóstico em 18 comunidades:

 Saco do Camisa  Bom Jardim  Campestre  Lagoa do Junco  Cova da Índia  Rio Real  Curimbas  Recanto  Lagoa do Mandacaru  Cacimba Nova  Malhada Grande  São José  Ponta da Serra  Tabuleirinho  Amargosa  Assentamento Santa Maria de Lage  Cachorro Morto  Povoado Lages

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Figura 04– Localização das comunidades de Poço Verde visitadas para realização de diagnóstico.

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 DIAGNÓSTICO SOCIOAMBIENTAL E TÉCNICO

As visitas às comunidades para realização dos diagnósticos socioambientais e técnicos no município de Poço Verde foram todas realizadas nos dias 11/09/2013, 09/12/2013 e 17/05/2014, conforme tabela abaixo.

Tabela 3- As visitas às comunidades para realização dos diagnósticos socioambientais

COMUNIDADES DATA DA VISITA Saco da Camisa 17/09/2013 Campestre 18/09/2013 Cova da Índia 17/09/2013 Curimbas 17/09/2013 Lagoa do Mandacaru 18/09/2013 Malhada Grande 17/09/2013 Ponta da Serra 20/09/2013 Amargosa 18/09/2013 Cachorro Morto 17/09/2013 Bom Jardim 17/09/2013 Lagoa do Junco 19/09/2013 Rio Real 17/09/2013 Recanto 19/09/2013 Cacimba Nova 19/09/2013 São José 18/09/2013 Tabuleirinho 20/09/2013 Assentamento Santa Maria de 18/09/2013 Lage Povoado Lages 11/12/2013

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8.1.1. Comunidade Cova da Índia

Figura 05- Mapa da Comunidade Cova da Índia

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A Comunidade Cova da Índia está localizada a 34 km da sede do município. Na comunidade residem 51 famílias com aproximadamente 255 habitantes que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, possui uma escola e um posto de saúde. A Escola Municipal Josefa Leão atende as crianças da comunidade do ensino infantil até o 4º ano. Os demais alunos estudam em Simão Dias. O posto de saúde realiza atendimento uma vez por mês e os casos mais graves são atendidos no Hospital de Simão Dias. Quanto às formas de associativismo, há uma Associação. Na associação comunitária antigamente estava instalado um sistema de dessalinização. A cada 03 meses são realizadas reuniões na associação comunitária com as famílias. Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica.

Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água da comunidade provém do caminhão-pipa que realiza o fornecimento três vezes por semana nas cisternas cadastradas. A responsável na comunidade pela fiscalização e distribuição de água das 12 cisternas é a Sr.ª Lucinéia Souza. A Defesa Civil realiza o tratamento da água com hipoclorito de sódio.

Foram identificados dois poços na comunidade:

POÇO 1: O poço 1 foi perfurado pela COHIDRO, encontrando-se desativado e está localizado na propriedade do Sr. Gilson, o qual apresentou resistência em colaborar para implantação do sistema de dessalinização do PAD, tornando essa área inadequada para receber o projeto.

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POÇO 2: O poço 2 está localizado na propriedade de Sr. Acrizio. Está desativado e possui estrutura de sistema de dessalinização distante 250 metros. O poço necessita de limpeza e recuperação, além de contar com um abrigo da bomba também bastante danificado. Há ponto de energia ao lado do poço.

Na época do diagnóstico, foi identificado na comunidade um dessalinizador que era abastecido pelo poço 2, encontrando-se atualmente fora de operação. Segundo informações dos moradores, o dessalinizador quebrou por falta de manutenção. Quando funcionava, cada indivíduo podia pegar 10 litros de água por dia e o operador do sistema era o Sr. Cleidinho. Atualmente o Sr. Justiniano Ferreira dos Santos toma conta do equipamento. O dessalinizador fica localizado no terreno doado à comunidade pela prefeitura do município.

O dessalinizador está totalmente danificado e não funciona há vários anos. Além do abrigo do dessalinizador, há uma base de reservatório, um reservatório de 5000l, tanque do concentrado e um chafariz. Toda estrutura está totalmente danificada.

Esse sistema antigo encontra-se perto da obra do novo sistema. O poço que vai alimentar o novo sistema é o segundo poço, porém não foi possível georreferenciá-lo.

Foi realizada avaliação da salinidade da cisterna comunitária. Os resultados indicaram que, segundo a classificação da Resolução CONAMA N°357/2005, a estrutura estava abastecida com água doce.

Tabela 4- Avaliação da salinidade da água de uma cisterna.

Cisterna Amostra Código 3058/ 13- Coleta 03/09/2013 17:00 25 Ensaio Resultado Unidade Método Data do Ensaio Salinidade 0,2313 g/Kg SMEWW 04/09/2013 2520 B

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 Obras Civis

A obra foi iniciada, porém, não foi concluída.

O chafariz já está com a laje construída e já foi assentada a cerâmica interna. O abrigo do dessalinizador teve o reboco finalizado, já foi assentada a cerâmica interna. Foi construída a casa de química, mas falta colocar a porta. As bases dos reservatórios de água doce, bruta e concentrada já foram elevadas. A construção do tanque de armazenamento do concentrado já está em andamento. A placa da obra encontra-se dentro do abrigo.

Será necessário a construção de uma estrutura para fixação do quadro de comando do poço, tendo em vista que a casa de bombas existente está com a estrutura comprometida.

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Figuras 06, 07, 08 e 09 - Abrigo do Dessalinizador, escavação do Tanque, Chafariz e Cocho

Tabela 5– Georreferenciamento do tanque e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10°47’37,88’’ -37°58’34,90’’ NÃO FOI POSSIVEL GEORREFERENCIAR O POÇO ABRIGO DO -10°47´39,62’’ DESSALINIZADOR -37°58’34,22’’

 Acordo Gestão

Não foram realizadas as reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade para não criar expectativas nos moradores. Não foi possível continuar as atividades do programa por causa da falta de energia e porque as obras não foram finalizadas.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016

O Sr. Diego Rodrigues, funcionário da empresa da obra do sistema, informou que a obra estará pronta em 15 dias. Quando questionado se a

37 empresa ENERGISA já tinha feito o cronograma de instalação da energia elétrica nos sistemas da cidade de Poço Verde, ele respondeu que o Prefeito não pagou a energia do município (prédios públicos e energia de rua) e que a ENERGISA só instalaria a energia nos sistemas mediante o pagamento. Essas ações vão depender agora da nova gestão. Em seguida, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde/SE – Comunidade Cova da Índia, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

8.1.2. Comunidade Ponta da Serra

Figura 10– Mapa da Comunidade Ponta da Serra

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A Comunidade Ponta da Serra está localizada a 26 km da sede do município. Na comunidade residem 30 famílias com aproximadamente 150 habitantes que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, possui uma escola. A escola da comunidade foi desativada há bastante tempo, encontrando-se atualmente totalmente destruída. Com isso, os alunos se deslocam para comunidades vizinhas ou para a sede do município para estudar. Outra dificuldade que as famílias enfrentam é a falta de um posto de saúde. Os moradores se deslocam para povoados vizinhos onde o atendimento é realizado diariamente. O agente de saúde realiza visitas nas residências uma vez por mês e informa sobre os procedimentos de higiene e saneamento básico aos moradores. Quanto às formas de associativismo, não existe associação comunitária no local. Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água da comunidade é o caminhão-pipa, que abastece as cisternas das residências uma vez por mês. A água distribuída é tratada com hipoclorito de sódio. O poço da comunidade de Ponta da Serra está inativo e localizado em uma área comunitária. Os moradores não informaram a profundidade e vazão do poço. Foi identificado no local um abrigo para o dessalinizador, chafariz, bases para reservatórios, cercas da área e quadro de medição. Toda a estrutura encontra-se destruída com inviabilidade para recuperação. Segundo as informações obtidas, a comunidade já possuiu um dessalinizador, que foi desativado e retirado há muito tempo atrás. A comunidade então passou a usar

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água bruta do poço, porém há um ano e meio a energia que possibilitava o funcionamento da bomba dessa estrutura foi cortada, deixando o poço desativado até os dias atuais. Segundo as informações obtidas, a comunidade já possuiu um dessalinizador, que foi desativado e retirado há muito tempo. Há um barreiro utilizado somente para dessedentação de animais. O barreiro encontra-se com aproximadamente 20% da sua capacidade de armazenamento de água. No entorno do açude não se observa a existência de esgotos nem a presença de currais e casas. Foi verificado que a cerca de proteção do barreiro está destruída e há animais circulando na área, o que aumenta o risco de contaminação da água.

Foi realizada a avaliação da salinidade da água do poço. O resultado indicou que, segundo a classificação da Resolução CONAMA N°357/2005, a estrutura possuía água salobra, conforme detalhado na Tabela 6.

Tabela 6- Avaliação da salinidade da água do poço

Poço Amostra Código 3058/ 13-21 Coleta 03/10/2013 17:00 Ensaio Resultado Unidade Método Data do Ensaio Salinidade 3,300 g/Kg SMEWW 04/09/2013 2520 B

 Obras Civis

A obra foi iniciada e concluída, mas falta a retirada dos entulhos da obra.

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A base da antiga caixa não foi derrubada, ficando exposta na frente da obra

Figuras 11, 12, 13 e 14- Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e base da antiga caixa,

Tabela 7– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO TANQUE -10°45’41,62’’ -38°04’24,28’’ Georreferenciamento POÇO -10°45’42,47’’ -38°04’29,13’’ ABRIGO DO -10°45’41,52’’ DESSALINIZADOR -38°04’28,95’’

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 Acordo Gestão

Foram realizadas as primeiras reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade, porém não foi dado prosseguimento nas demais reuniões para não criar expectativas em função da falta de energia para ligar o equipamento.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016

Como a única fonte de abastecimento da comunidade é o caminhão-pipa e, ainda, tendo em vista que o poço apresentava uma estrutura que poderia atender à demanda e que havia um terreno adequado e disponível, recomendou-se a implantação do sistema de dessalinização na comunidade. Na época do diagnóstico, foi verificado o problema de energia, mas o Núcleo Estadual não observou a gravidade dele. Além disso, deve-se registrar que o Prefeito não pagou a energia do município (prédios públicos e energia de rua) e que a ENERGISA só instalará a energia nos sistemas mediante o pagamento. Esses problemas estão agora a cargo da nova gestão. Após o exposto acima, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água na comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde/SE – Comunidade Ponta da Serra, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

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8.1.3 - Comunidade Cachorro Morto

Figura 15- Mapa da Comunidade Cachorro Morto

A Comunidade Cachorro Morto está localizada a 7 km da sede do município. Na comunidade, residem 36 famílias com aproximadamente 280 habitantes que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho, mandioca e feijão. A comunidade complementa a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, não há escola na comunidade, tendo os estudantes que se deslocar até a comunidade Terra Vermelha, onde há a Escola Agrícola Presidente José Sarney. O transporte é cedido pela prefeitura. Além disso, a comunidade possui Educação de Jovens e Adultos (EJA) na associação. A comunidade não possui posto de saúde. A associação cedeu o espaço para um médico e uma enfermeira realizarem atendimentos uma vez por mês.

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Quanto às formas de associativismo, a associação comunitária chama-se Associação Rainha da Paz, que é administrada por Eraldo Lisboa Araújo. Os associados contribuem com uma quantia no valor de R$ 2,00, para as despesas de manutenção. As reuniões acontecem trimestralmente, no primeiro domingo do mês. Também não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal forma de abastecimento de água da comunidade é proveniente da adutora administrada pela DESO. No entanto, esse abastecimento é realizado de forma deficiente, principalmente no período de seca, chegando a faltar água meses seguidos. Além disso, 10 residências não são contempladas com o sistema de água encanada, devido à sua localização. O abastecimento proveniente do caminhão-pipa é realizado nas residências que não possuem água encanada, feito de acordo com a necessidade dos moradores e quando é solicitado. A água do caminhão-pipa é tratada com hipoclorito de sódio. Já a da adutora administrada pela DESO recebe tratamento convencional. Os moradores relataram que a água da adutora contém muito cloro. Há um poço tubular ativo na localidade. A estrutura conta com um abrigo onde estão instalados os controles elétrico-eletrônicos. Esse abrigo necessita de pintura interna e externa. Os referidos comandos e controles da bomba não estão em bom estado, com fios soltos, caixa de proteção danificada, componentes sem manutenção e necessitando de revisão e padronização dos mesmos. Não há uma laje de proteção na boca do poço, o que pode vir a prejudicar sua estrutura. As demais estruturas do poço, como tubo de revestimento, tubo de adução e as respectivas conexões encontram-se em bom estado. Existe uma precária cerca de arame farpado que necessita ser substituída. O reservatório de água bruta, de onde a população retira água e é considerado como o chafariz local, necessita ser substituído já que apresenta

44 sinais de ressecamento e está sem tampa. O registro que libera água, funcionando como a torneira do chafariz, não está vedado e precisa ser substituído para sanar o constante vazamento de água existente no referido local. A água do poço é utilizada para dessedentação animal, atividades domésticas e irrigação da horta comunitária. Foi realizada a avaliação da salinidade da água do poço. O resultado indicou que, segundo a classificação da Resolução CONAMA N°357/2005, a estrutura fornecia água salobra. Tabela 8- avaliação da salinidade da água do poço. Poço Amostra Código 3058/ 13-17 Coleta 03/09/2013 17:00 Ensaio Resultado Unidade Método Data do Ensaio Salinidade 0,9166 g/Kg SMEWW 04/09/2013 2520 B

 Obras Civis A obra foi iniciada e concluída.

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Figuras 16, 17, 18 e 19– Abrigo do dessalinizador, Cocho, Tanque e Poço,

Tabela 9– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador.

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10°44’49,44” -38º12’14,90” POÇO -10°44’41,62’’ -38°12’32,40’’ ABRIGO DO -10º44’49,01” DESSALINIZADOR -38º12’14,65”

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 Acordo Gestão

Foram realizadas as primeiras reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade, porém não foi dado prosseguimento nas demais reuniões para não criar expectativas na população, uma vez que falta energia para ligar o equipamento.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016

O abastecimento de água da adutora é deficiente em toda comunidade devido à seca prolongada. Segundo informações dos moradores locais, a água passa mais de um mês sem chegar às torneiras das residências. Tendo em vista a grande necessidade de água da comunidade, foi colocado um sistema que se encontra pronto, mas que depende de energia elétrica. A Energisa informou que existe uma pendência de pagamento da Prefeitura que precisa ser resolvido para que seja providenciada a instalação de energia elétrica do sistema. Após o exposto acima, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde – Comunidade Cachorro Morto, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

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8.1.4 - Comunidade Recanto

Figura 20- Mapa da Comunidade Recanto

O Assentamento Recanto está localizado a 13 km da sede do município. Na comunidade, residem 160 famílias com aproximadamente 800 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Há um projeto em andamento de compras de sementes pela CONAB, para a qual os moradores vendem toda a sua produção. Os habitantes da comunidade complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, não há escola. A escola da comunidade foi desativada e as crianças estudam na comunidade de São José. A prefeitura disponibiliza o transporte escolar que passa duas vezes ao dia no local. A comunidade também não possui posto de saúde. Os moradores se deslocam para a comunidade São José em busca de atendimento médico. A agente de saúde realiza visitas nas residências uma vez por semana e orienta as famílias sobre os procedimentos de higiene e saneamento básico.

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Quanto às formas de associativismo, a presidente da associação comunitária de Recanto reúne as famílias associadas mensalmente. Também não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, o abastecimento de água provém do caminhão-pipa da Defesa Civil, que abastece duas vezes por semana as cisternas das residências. A comunidade é beneficiada com a água encanada da adutora administrada pela DESO há três anos, porém o sistema é precário, necessitando do atendimento pelo caminhão-pipa. Foi identificado um poço na comunidade. O poço está localizado na propriedade do Sr. José Raimundo dos Santos e foi perfurado pela COHIDRO. Há um barreiro comunitário o qual é utilizado somente para dessedentação animal que no dia da visita encontrava-se com aproximadamente 10% da sua capacidade de armazenamento de água. No entorno do barreiro não se detectou fluxo de esgoto, porém foram observados currais e casas próximas. Observou-se que a área do barreiro não é totalmente cercada, o que possibilita o acesso de animais. Não foram identificados odores estranhos na água do barreiro, porém a água possuía vegetação aquática (macrófitas), indicando aporte de matéria orgânica. A comunidade já teve um dessalinizador que foi retirado há alguns anos. O equipamento ficava onde hoje é a sede da associação comunitária. O Sr. José Raimundo informou que o equipamento foi implantado na gestão do prefeito Everaldo de Oliveira e por falta de administração e troca de gestão na época, todas as peças foram danificadas. Quando o dessalinizador funcionava, a água era doce e servia às famílias na época de verão intenso e muitas pessoas da Comunidade de São José também se beneficiavam dessa água.

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A tabela a seguir apresenta o resultado da análise de água realizada no poço da comunidade. Observa-se que, segundo a classificação do CONAMA 357/2005, a água é considerada salobra. Tabela 10- análise de água realizada no poço Poço Amostra Código 3058/ 13-19 Coleta 03/09/2013 17:00 Ensaio Resultado Unidade Método Data do Ensaio Salinidade 0,9808 g/Kg SMEWW 2520 04/09/2013 B

 Obras Civis

A obra está concluída.

Figuras 21, 22, 23 e 24-Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Chafariz

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Tabela 11– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10°44’00,28’’ -38°04’05,52’’ POÇO -10°44’18,55’’ -38°04’12,72’’ ABRIGO DO -10°44’00,57’’ DESSALINIZADOR -38°04’05,58’’

 Acordo Gestão

Foram realizadas as primeiras reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade, porém não foi dado prosseguimento nas demais reuniões para não criar expectativas em função da falta de energia para ligar o equipamento.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Segundo moradores, ainda se mantém o fornecimento de água proveniente do caminhão pipa. O abastecimento é realizado quando é solicitado pelos moradores. A Energisa informou que existe uma pendência de pagamento da conta de energia elétrica que precisa ser sanada para a instalação de energia elétrica do sistema. Após o exposto acima, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade.

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Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde – Comunidade Recanto, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

8.1.5 – Comunidade Cacimba Nova

Figura 25- Mapa da Comunidade Cacimba Nova

A Comunidade Cacimba Nova está localizada a 14 km da sede do município. Na comunidade, residem 200 famílias, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Os habitantes complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, a Escola Municipal Santa Ana atende as crianças do ensino infantil até o 2º ano, os alunos do ensino médio se deslocam para o povoado de Feirinha.

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Não tem posto de saúde para atender a demanda local e todas as vezes que as famílias necessitam de assistência médica precisam se deslocar para se consultar em São José. A agente de saúde realiza visitas nas residências uma vez por semana e sempre orienta as famílias sobre os procedimentos de higiene e saneamento básico. Quanto às formas de associativismo, a presidente da associação comunitária de Cacimba Nova reúne as famílias associadas mensalmente. Também não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento é o caminhão-pipa da Defesa Civil que abastece a cisterna ao lado da associação comunitária duas vezes por semana. Todos têm acesso à água distribuída. A Defesa Civil realiza o tratamento da água com hipoclorito de sódio.

Existem cinco poços na comunidade, com as seguintes características:

Poço 1: O poço 1 está localizado na propriedade do Sr. Eduardo, está ativo e durante o verão atende a comunidade de Cacimba Nova fornecendo água bruta. Há relatos de que chegou ao ponto de se passar mais de 8 horas por dia bombeando água para atender as comunidades vizinhas.

Poço 2: O poço 2 fica localizado na propriedade do Sr. Zé Venar, sendo utilizado para fins particulares.

Poço 3: O poço 3 está localizado na propriedade do Sr. Valdemar.

Poço 4: O poço 4 está situado na propriedade de Cicilo ou Tonho Filho. O poço está totalmente obstruído e possui todas as estruturas do sistema de dessalinização, porém foram desativadas e encontram-se totalmente destruídas.

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Poço 5: O poço 5 fica na propriedade de Tonho Pedro de Lau, em uma parte da comunidade que sofre bastante com a falta de água. São aproximadamente 30 famílias que residem nessa área. Esse poço foi o escolhido para colocar o sistema.

Existem 2 açudes comunitários, praticamente secos, e utilizados para dessedentação animal. Foi informado que a água também já foi utilizada para aplicação de agrotóxicos nas culturas de milho, o que levou a sua contaminação e fez a população ficar desestimulada quanto ao seu uso. Não foi observado cercamento em nenhum dos açudes.

As tabelas a seguir apresentam os resultados das análises de água realizadas nos poços da comunidade. Observa-se que todos os poços apresentam água salobra, segundo a classificação do CONAMA 357/2005.

Tabela 12- Análises de água realizadas nos poços

Poço Eduardo (poço 1) Amostra Código 3058/ 13- Coleta 03/09/2013 03 17:00 Ensaio Resultado Unidade Método Data do Ensaio Salinidade 1,113 g/Kg SMEWW 2520 B 04/09/2013

 Obras Civis

A obra do sistema foi finalizada. O poço que alimenta o sistema não se encontra cercado.

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Figuras 26, 27, 28 e 29-Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho

Tabela13– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10°43’48,62’’ -38°02’16,49’’ POÇO -10°43’58,45’’ -38°02’18,23’’ ABRIGO DO -10°43’48,34’’ DESSALINIZADOR -38°02’16,28’’

 Acordo Gestão

Foram realizadas as primeiras reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade, porém não

55 foi dado prosseguimento nas demais reuniões para não criar expectativas em função da falta de energia para ligar o equipamento.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Segundo moradores, ainda se mantém o fornecimento de água proveniente do caminhão pipa. O caminhão pipa da Defesa Civil abastece a cisterna ao lado da associação comunitária duas vezes por semana. Todos têm acesso à água distribuída. A Defesa Civil realiza o tratamento da água com hipoclorito de sódio. A comunidade reclama da demora para o funcionamento do dessalinizador. A água do carro pipa, por mais que seja tratada possui gosto ruim. A comunidade informou que o atual gestor não pagará a conta de energia. Por isso, estão aguardando a posse do próximo gestor para o pagamento ser efetuado. Em seguida, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde – Comunidade Cacimba Nova, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

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8.1.6– Comunidade Lages

Figura 30- Mapa Comunidade Lages

A Comunidade Lages está localizada a 8,5 km da sede do município. Na comunidade, residem 20 famílias com aproximadamente 100 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Os habitantes complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, verificou-se que não há escola. A escola que existia foi desativada devido ao reduzido número de alunos no local. Assim, segundo informações dos moradores, alguns alunos se deslocam para comunidades vizinhas usando transporte escolar, que passa duas vezes ao dia. Outros vão estudar na sede do município. Além disso, como não existe posto de saúde na comunidade, as famílias se consultam na escola desativada do Assentamento Santa Maria da Laje, na qual uma vez por mês a enfermeira e o médico prestam esses serviços na localidade. O agente de saúde, que também realiza visita nas residências uma vez por mês, informa quando terá esse atendimento do médico no assentamento.

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Quanto às formas de associativismo, não possui uma associação comunitária, alguns moradores da comunidade participam da associação comunitária do Assentamento Santa Maria das Lajes, na qual são informados sobre os projetos sociais que se encontram em andamento, como a implantação de cisterna pela ASA e construção de casas. Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água provém do caminhão-pipa que realiza o fornecimento de água uma vez por mês na comunidade. Além disso, essa população compra água proveniente do sistema de dessalinização do Assentamento Santa Maria das Lages, distante apenas 500m da comunidade. A água proveniente do caminhão-pipa é distribuída após adição de hipoclorito de sódio, enquanto que a água dessalinizada não recebe nenhum tratamento adicional além do próprio processo de dessalinização. Foi localizado um poço inativo na propriedade de Mauro Celestino dos Santos. Segundo as informações obtidas, esse poço foi perfurado pela COHIDRO na gestão do prefeito Carlos Alberto. O poço fornece água salobra e, devido a isso, a mesma passava por processo de dessalinização para ser usada pela população. Porém, o dessalinizador encontrado no local estava desativado. Localizado em área totalmente cercada, o poço possui uma bomba e está funcionando, porém necessita de uma limpeza e de alguns reparos. As conexões de ferro fundido encontram-se oxidadas e as conexões de PVC encontram-se ressecadas. Na comunidade foram localizadas as estruturas de um sistema de dessalinização instalado pelo Programa Água Doce, paralisado por falta de manutenção. O dessalinizador era do tipo vertical com duas membranas o qual estava desativado há um bom tempo, conforme informado pela população. Foi

58 observado que as bombas estão danificadas, que necessitam de novas membranas e de manutenção nos demais componentes, indicando a necessidade de substituição do equipamento. O operador do dessalinizador era o Sr. Umberto Celestino dos Santos, que não reside mais na comunidade.

 Obras Civis

A obra do sistema foi finalizada. O tanque está sendo construído. O terreno é rochoso, impedindo de ser escavado. Estão transportando areia para a construção do tanque. Não foi feita a proteção do poço. Ele se encontra muito enferrujado.

Figuras 31, 32, 33 e 34-Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho

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Tabela 14– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO TANQUE -10°44’03,50’’ -38°06’38,92’’ Georreferenciamento POÇO -10°44’04,28’’ -38°06’38,69’’ ABRIGO DO -10°44’06,17’’ DESSALINIZADOR -38°06’38,60’’

 Acordo Gestão

Foram realizadas as primeiras reuniões para apresentação do Programa Água Doce e para a realização do Acordo de Gestão na comunidade, porém não foi dado prosseguimento nas demais reuniões para não criar expectativas em função da falta de energia para ligar o equipamento.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

A comunidade de Lages estava mais tranquila do que as famílias das outras comunidades, uma vez que ainda existe movimento na obra, por causa da construção do tanque. Os técnicos da SEMARH ficaram de entrar em contato com o futuro Prefeito, para a efetivação do pagamento das contas atrasadas. Após o exposto acima, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde – Comunidade Lage, é possível

60 verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

8.2 – Município de Carira

Figura 35– Mapa do Município Carira

Segundo SEPLAG (2014), o território onde se encontra o município de Carira passou a ser conhecido na segunda metade do século XVIII, pelos primeiros desbravadores da região, que a denominaram de “Mãe Carira”, por terem encontrado uma índia com este nome, residindo no local.

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Porém, registros da prefeitura local indicam que a fundação de Carira data do ano de 1865, por João Martins de Souza, que edificou a primeira casa, hoje localizada na Praça Martinho de Souza, e que depois foram construídas as residências de seus filhos Joaquim e Gonçalo (SEPLAG, 2014).

O município passou a ser chamado apenas de Carira no início do século XX e em 25 de novembro de 1953 a Lei Estadual nº 525-A elevou Carira à categoria de cidade, desmembrando-a de . Carira foi instituída como município no dia 6 de fevereiro de 1955, com a posse de seu primeiro prefeito, Olímpio Rabelo de Morais (SEPLAG, 2014).

Conforme dados do Plano Estadual do Programa Água Doce (BRASIL, 2010), o município de Carira ocupa o 20º lugar no Ranking do Índice de Condição de Acesso à Água no Semiárido (ICAA), elaborado e utilizado pelo Programa para determinar quais localidades são prioritárias para atendimento, por meio de uma sistematização de diversos indicadores que possibilitam determinar seu nível de criticidade.

De acordo com Brasil (2010), os registros obtidos em diversas fontes secundárias (Atlas Digital de Recursos Hídricos de Sergipe, 2004; INCRA, 2010; COHIDRO,2010; DNOCS, 2010)3 indicavam que esse município possuía 57 poços, estando apenas 13 ativos, além de registro de 5 dessalinizadores.

 Localização e Acesso

O município de Carira está localizado na região oeste do Estado de Sergipe, limitando-se a norte com o município de Nossa Senhora da Glória, ao sul com o município de Pinhão, a leste com Nossa Senhora Aparecida e Frei Paulo e a oeste com o Estado da Bahia (SEPLAG, 2014). Encontra-se a 351 metros de altitude, nas coordenadas 10°21'42" de latitude sul e 37°42'01" de

33 Referências informadas pelo autor: . INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRÁRIA. Disponível em www.incra.gov.br. Acesso em: 11 mai. 2010 . Para os demais trabalhos citados, o autor não informou a referência bibliográfica. 62 longitude oeste (BOMFIM, 2002) . Sua área territorial é de 636,402 km2 (IBGE, 2014).

O acesso a partir de Aracaju é feito através das rodovias pavimentadas BR235 e BR-101, distando aproximadamente 106 km da capital.

 Aspectos socioeconômicos

A população total do município de Carira é de 20.007 habitantes (IBGE, 2010), com densidade demográfica de 31,44 hab/km2. A divisão entre população rural e urbana em 2010 de Carira apresentou pouca diferença, com um discreto predomínio de população urbana (55,82%), conforme dados do PNUD (2013).

A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano), segundo PNUD (2013), apresentou uma redução de 52% em Carira passando de 43,3 por mil nascidos vivos em 2000 para 20,6 por mil nascidos vivos em 2010. O documento chama atenção que, segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, a mortalidade infantil para o Brasil deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. No município também ocorreu um incremento na esperança de vida ao nascer, passando de 57,1 anos em 1991 para 64,7 anos em 2000, e para 72,5 anos em 2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer média para o estado de Sergipe era de 71,8 anos e, para o país, de 73,9 anos (PNUD, 2013).

A taxa de escolaridade também é um indicador de grande relevância para caracterização do desenvolvimento social e econômico do município. As informações referentes à escolaridade da população adulta apresentadas por PNUD (2013) mostram que em 2010, 26,77% da população de 18 anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 14,80% o ensino médio. O órgão informa que esses dados para Sergipe são 46,89% e 31,92% respectivamente, e explica que esse “indicador carrega uma grande inércia, em função do peso das gerações mais antigas e de menos escolaridade”.

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A taxa de analfabetismo diminuiu 23,65% nas últimas duas décadas na população acima de 18 anos, porém ainda possui uma taxa de analfabetismo de 44,4% na população acima de 25 anos (PNUD, 2013).

Com a melhoria nos indicadores que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), o valor desse índice passou de 0,397 em 2000 para 0,588 em 2010, uma taxa de crescimento de 48,11%. Porém, o índice atual ainda está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Baixo (PNUD, 2013), encontrando-se na 42ª posição no ranking dos municípios sergipanos.

Quanto à produção agrícola, os dados do IBGE (2012) não registraram para o ano nenhum tipo de lavoura permanente no município, enquanto a lavoura temporária é composta por fava, feijão, girassol, mandioca e milho, sendo esse último o produto agrícola que oferece o maior valor de produção, sendo seguido pela mandioca e pelo feijão.

Tabela 15– Produção agrícola do município de Carira ÁREA VALOR DE TIPO DE QUANTIDADE PRODUTO PRODUZIDA PRODUÇÃO LAVOURA PRODUZIDA (ha) (R$) PERMANENTE - - - - Feijão 200 84 t 280.000 Fava 5 2 t 4.000 TEMPORÁRIA Mandioca 150 1.650 t 693.000 Milho 35.000 11.340 t 6.650.000 Girassol 150 135 t 176.000 FONTE: IBGE (2012)

A pecuária no município é representada, segundo IBGE (2012), por asininos (165 cabeças), bovinos (48.584 cabeças), caprinos (241 cabeças), equinos (1.991 cabeças), galináceos (15.641 cabeças), muares (265 cabeças), ovinos (4.290 cabeças), suínos (2.570 cabeças) e vacas ordenhadas (9.142 cabeças), sendo produzidos 8.232 mil litros de leite (valor de produção de R$ 7.490.000).

O Cadastro de Empresas em 2012 mostrou que Carira possuía 206 empresas atuantes, ocupando 2.171 pessoas (IBGE, 2013).

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Segundo IBGE (2014), o PIB do município em 2011 foi de R$ 179.738.000 (cento e setenta e nove milhões, setecentos e trinta e oito mil reais), com contribuição da agropecuária de R$ 34.681.000,00 (trinta e quatro milhões, seiscentos e oitenta e um mil reais), da indústria de R$ 19.406.000,00 (dezenove milhões, quatrocentos e seis mil reais) e dos serviços de R$ 118.134.000,00 (cento e dezoito milhões, cento e trinta e quatro mil reais), sendo o restante referente a impostos sobre produtos líquidos de subsídios.

Dados de 2010 mostram que a renda per capita média de Carira é de R$ 297,74 (duzentos e noventa e sete reais e setenta e quatro centavos), após um crescimento de 87,56% nas últimas duas décadas (R$158,74 em 1991 e R$181,37 em 2000), conforme PNUD (2013). Enquanto isso, a extrema pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em reais de agosto de 2010) passou de 38,87% em 1991 para 25,99% em 2000 e para 14,90% em 2010, indicando assim uma melhoria socioeconômica da população do município.

 Saneamento básico

O abastecimento de água da sede do município é realizado pela Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO, por meio dos Sistemas Integrado do Alto Sertão/Sertaneja – Jusante Nossa Senhora da Glória, o qual, segundo o estudo da ANA (2010), requer ampliação; e dos Sistemas Integrado do Alto Sertão e Integrado Sertaneja considerados em situação satisfatória até 2015, tendo como cenário uma demanda urbana de 38 l/s. Também foi recomendada a construção de um sistema adutor do semiárido (ANA, 2010).

Segundo a Enciclopédia dos Municípios Sergipanos (SEPLAG,2014), citando dados do IBGE de 2010, possuíam abastecimento de água, pela rede geral, 68,6% dos domicílios do município. Segundo o documento, 11,3% dos domicílios possuíam saneamento adequado e 67,6% eram atendidos por coleta de lixo.

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 Aspectos Ambientais e Recursos Hídricos

O município está inserido no polígono das secas e tem um clima do tipo megatérmico semiárido transição para seco e sub úmido. A temperatura média no ano é de 23,78°C, a precipitação pluviométrica média anual é de 824,7mm e o período chuvoso é de março a julho (BOMFIM, 2002). O autor, utilizando como referência SERGIPE (1997/2000), informa que relevo é representado por uma superfície pediplanada e dissecada, com elevações em forma de tabuleiros e colinas, e um aprofundamento de drenagem muito fraca a fraca. Os solos são Litólico Eutrófico, Podzólico vermelho amarelo equivalente Eutrófico e Planosol, com uma vegetação de Capoeira, Caatinga e vestígios de Mata.

O município está inserido em duas bacias hidrográficas, a do rio Sergipe e a do rio Vaza-Barris. Constituem a drenagem principal os rios Sergipe, Sacovão, das Lajes, dos Negros e o Cansanção (BOMFIM, 2002).

Em relação às águas subterrâneas, o Bomfim (2002) explica que em Carira podem-se distinguir três domínios hidrogeológicos: Metasendimento/Metavulcanito, que ocupa 60% do território municipal, Cristalino e Formações Superficiais Cenozóicas.

Os domínios Cristalino e Metasendimento/Metavulcanito possuem o comportamento de aquífero fissural, o qual, segundo o autor, não possui uma porosidade primária, ficando a ocorrência de água subterrânea condicionada por uma porosidade secundária, representada por fraturas e fendas o que se traduz por reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. Dentro deste contexto, em geral, as vazões produzidas por poços são pequenas e a água, em função da falta de circulação, dos efeitos do clima semiárido e do tipo de rocha, é, na maior parte das vezes, salinizada (BOMFIM,2002).

No caso das Formações Superficiais Cenozóicas, são constituídas por pacotes de rochas sedimentares que recobrem as rochas mais antigas das Bacias Sedimentares, da Faixa de Dobramentos Sergipana e do Embasamento Gnáissico. Em termos hidrogeológicos, tem um comportamento de “aqüífero granular”, caracterizado por possuir uma porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade, o que lhe confere, no geral, excelentes

66 condições de armazenamento e fornecimento de água. Na área do município, esse domínio está representado por coberturas terrígenas arenosas, que a depender da espessura, podem produzir vazões significativas. Em grande parte dos casos, poços tubulares perfurados neste domínio vão captar água do aqüífero subjacente (Bomfim, 2002).

 Seleção para Realização do Diagnóstico

Conforme explicado anteriormente, o município de Carira ocupa o 20º lugar no Ranking ICAA. Porém, além dos indicadores municipais, o nível de criticidade é determinado pela ausência ou dificuldade de acesso a outras fontes de abastecimento de água, o que é verificado nas comunidades. Para isso, são realizados pré-diagnósticos para identificação de comunidades com características que possibilitam o atendimento pelo PAD, assim como para identificar aquelas em situação mais crítica quanto ao acesso à água. Dessa forma, o Núcleo Estadual do Programa Água Doce em Sergipe sugeriu a realização do presente diagnóstico em 07 comunidades:

 Baixa do Gado  Pulgas  Macacos  Três Tanques  Lagoa dos Porcos  Bonfim  Bezerra

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Figura 36 – Localização das comunidades de Carira visitados para realização de diagnóstico.

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 DIAGNÓSTICOS SOCIOAMBIENTAIS E TÉCNICOS

Os diagnósticos socioambientais e técnicos no município de Carira foram realizados entre os dias 09 a 11 de dezembro de 2013, conforme datas apresentadas na Tabela 16.

Tabela 16– Datas de realização dos diagnósticos socioambientais e técnicos em comunidades município de Carira

DATA DA COMUNIDADES VISITA Baixa do Gado 09/12/2013 Pulgas 10/12/2013 Macacos 10/12/2013 Três Tanques 10/12/2013 Lagoa dos Porcos 10/12/2013 Bonfim 10/12/2013 Bezerra 11/12/2013

8.2.1 – Comunidade Macacos

Figura 37- Mapa Comunidade Macacos

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A comunidade Macacos está localizado a 27 km da sede do município. Na comunidade, residem 60 famílias com aproximadamente 300 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. As famílias complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, não existe escola para atender a demanda local. Muitas vezes os estudantes se deslocam a pé para frequentar a escola de Lagoa dos Porcos. A comunidade também não possui posto de saúde. Os moradores se consultam no posto de saúde de Lagoa dos Porcos, onde uma vez por semana tem atendimento de médico e enfermeira. O agente de saúde realiza as visitas nas residências uma vez por mês. Além de informar sobre os procedimentos de higiene e saneamento básico, distribui hipoclorito de sódio para os moradores. Quanto às formas de associativismo, existe uma associação comunitária no local. Porém, algumas famílias também são associadas na associação comunitária de Rio das Negras e Lagoa dos Porcos. Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água é o Sistema de Dessalinização.

 Obras Civis

A obra foi finalizada e o sistema está funcionando.

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Figuras 38, 39, 40 e 41-Abrigo do dessalinizador, Tanque, Poço e Cocho

Tabela 17– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10°30’10,42’’ -37°46’00,34’’ POÇO -10°30’10,53’’ -37°45’58,33’’ ABRIGO DO -10°30’10,35’’ DESSALINIZADOR -37°46’00,73’’

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 Acordo Gestão

Na reunião do Acordo de Gestão, realizada no dia 21 de setembro de 2016, foi decidido que cada família teria direito a 30 litros de água dessalinizada por família, por dia. O horário de distribuição de água é das 6 às 9 horas, de domingo a sexta. Para cobrir os custos de pequenos reparos do sistema de dessalinização, foi criado um fundo de reserva, onde as famílias beneficiadas contribuem com uma taxa de R$ 10,00 (dez reais) por mês. O dinheiro arrecadado estará sob os cuidados do Grupo Gestor. A responsabilidade pelo funcionamento do dessalinizador dessa comunidade é do Sr. José Augusto de Souza Junior e Rose da Silva Santos, sob a supervisão do grupo gestor.

 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Os Acordos para a gestão dos sistemas de dessalinização têm regras, direitos e deveres relacionados à oferta de água doce para as famílias beneficiadas, quais sejam: • Normas relativas ao funcionamento dos sistemas de dessalinização e quem são as pessoas responsáveis pela gestão cotidiana do equipamento; • Direitos de acesso e uso da água dessalinizada e do concentrado (para lavar roupa, para água de gasto, para uso dos animais e outros usos.); • Cobertura dos custos para funcionamento e manutenção dos equipamentos; • Instâncias para aperfeiçoamento do acordo de gestão, resolução de conflitos e monitoramento pela própria comunidade do cumprimento do acordo. (DOCUMENTO BASE) Considerando essas primícias, participei no dia 20/09/2016 da reunião do Acordo de Gestão junto com a comunidade de Macacos. Primeiramente, estranhei o fato do funcionário do Estado, Sr. Marcos Cezar Oliveira dos Santos, funcionário da SEMARH/UEGP, não levar equipamentos, tais como Notebook, Impressora e Datashow, para mostrar a comunidade o Acordo de Gestão e até onde tinham parado na reunião anterior. Ele manuseou o cartaz com as informações sobre o Acordo e sua finalidade. Como a reunião foi realizada no

72 terraço de uma casa, que me pareceu abandonada, achei o cartaz uma solução viável. Ao retornar no período de 14 a 18/11/2016, para analisar se o Acordo Gestão estava funcionando conforme havia sido acordado na reunião do dia 20/09/2016, verifiquei que a única mudança que aconteceu foi que o Sr. Werley dos Santos deixou de exercer a função de operador, apesar de ter sido escolhido na ocasião para isso. Ficaram apenas duas pessoas: Rose da Silva Santos e José Augusto de Souza Junior. Isso é resultado de um diagnóstico e Acordo de Gestão bem executados, conforme a metodologia do Programa Água Doce. Após o exposto acima, passou-se para a análise e validação dos dados sociais contidos nos diagnósticos realizados no estado de Sergipe e verificação se os diagnósticos haviam sido feitos com base na metodologia do PAD. Durante a visita, pudemos identificar que o diagnóstico manteve a metodologia e que a equipe que o realizou teve a sensibilidade de constatar a falta de água da comunidade. Fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem no município de Poço Verde – Comunidade Macacos, é possível verificar que as informações não divergiram das informações do diagnóstico realizado pelo estado de Sergipe em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

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8.2.2 - Comunidade Três Tanques

Figura 42- Mapa da Comunidade Três Tanques

A Comunidade Três Tanques está localizada a 15 km da sede do município. Na comunidade, residem 116 famílias com aproximadamente 300 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, possui a Escola Municipal Gilberto Amado, que atende as crianças tanto da comunidade como de localidades vizinhas, oferecendo turmas do ensino infantil até o 5º ano. O restante dos alunos estuda em Carira, deslocando-se em transporte disponibilizado pela prefeitura que passa duas vezes ao dia no local. Como não há um posto de saúde para atender as famílias no local, os moradores se deslocam para o município de e Aracaju. O agente de saúde realiza as visitas diariamente nas residências informando os procedimentos de higiene e saneamento básico para os moradores. Quanto às formas de associativismo, os moradores se reúnem na associação comunitária uma vez por mês e o presidente é José Valmir dos Reis,

74 o qual sempre está informando aos associados a chegada de projetos sociais no local. No mês de dezembro também é realizada a Festa da Padroeira N.S da Conceição, além de ser realizada a missa uma vez por mês na igreja da comunidade. Também não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água é o Sistema de Dessalinização.

 Obras Civis

As obras civis foram finalizadas e sistema está funcionando.

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Figuras 43, 44, 45 e 46- Abrigo de Dessalinização, Tanque, Cocho e Poço

Tabela 18– Georreferenciamento do poço, tanque e abrigo do dessalinizador.

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento POÇO -10°26’01,51’’ -37°47’01,71’’ ABRIGO DO -10°25’56,58’’ DESSALINIZADOR -37°46’34,70’’ TANQUE -10°26’02,93’’

-37°47’03,71’’

 Acordo Gestão

Na reunião do Acordo de Gestão, realizada no dia 20 de setembro de 2016, foi decidido que cada família teria direito a 40 litros de água dessalinizada por dia. O horário de distribuição de água é das 16 às 18 horas, de terça a sábado. Para cobrir os custos de pequenos reparos do sistema de dessalinização, foi criado um fundo de reserva, onde as famílias beneficiadas contribuem com uma taxa de R$ 10,00 (dez reais) por mês. O dinheiro arrecadado estará sob os cuidados do Grupo Gestor. A responsabilidade pelo funcionamento do dessalinizador dessa comunidade é de Rosimeire Pereira de Oliveira, sob a supervisão do grupo gestor.

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 Análise do levantamento das informações coletadas no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Os Acordos para a gestão dos sistemas de dessalinização têm regras, direitos e deveres relacionados à oferta de água doce para as famílias beneficiadas, quais sejam: • Normas relativas ao funcionamento dos sistemas de dessalinização e quem são as pessoas responsáveis pela gestão cotidiana do equipamento; • Direitos de acesso e uso da água dessalinizada e do concentrado (para lavar roupa, para água de gasto, para uso dos animais e outros usos.); • Cobertura dos custos para funcionamento e manutenção dos equipamentos; • Instâncias para aperfeiçoamento do acordo de gestão, resolução de conflitos e monitoramento pela própria comunidade do cumprimento do acordo. (DOCUMENTO BASE) Tomando como base essas primícias, participei no dia 20.09.2016 da reunião do Acordo de Gestão, junto com a comunidade de Três Tanques. Notei que estranhamente os funcionários do Estado (organizadores da reunião) não trouxeram material (Notebook, Impressora e Datashow) para mostrar a comunidade o Acordo de Gestão e até onde tinham parado na reunião anterior. Levaram o Acordo de Gestão no papel e ali anotaram as mudanças do documento. A insistência da existência de uma Associação ativa dentro da comunidade e a tentativa de manter o Presidente da Associação, o Sr. José Valmir dos Reis, no Grupo Gestor deixaram os ânimos das famílias participantes da reunião alterados. Dona Rejane Bispo do Nascimento relatou-nos que a Associação não funciona há muito tempo e que todo mundo tem medo do Sr. José Valmir (Presidente da Associação). Por isso que a comunidade se cala diante dele. Baseando-se nessa informação, colocamos em votação a presença dele no Grupo Gestor. Com mais da metade dos votos e a outra metade abstendo- se, foi tirado o nome do Sr. José Valmir.

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Com o problema resolvido, a Senhora Rejane Bispo do Nascimento informou que o terreno foi doado mediante a promessa da Prefeitura ao dono do terreno de que o seu filho, Sr. Raimundo Nunes, seria funcionário efetivo da Prefeitura no cargo de Operador do sistema. O problema é que o Sr. Raimundo Nunes fica dizendo que se a promessa não for confirmada, ele vai destruir o sistema. Uma vez que ele é uma pessoa agressiva, a comunidade tem medo dele. Essa reunião foi realizada na Escola Municipal Gilberto Amado. Voltando na comunidade no período de 14 a 18/11/2016, verifiquei que a esposa do Sr. Raimundo Nunes ficou como operadora. Ao conversar com o Sr. Raimundo, ele demonstrou ter preocupação de que sua esposa permaneceria na função de operadora do sistema mesmo coma a mudança do Prefeito, a partir de janeiro do ano de 2017.

8.2.3 - Comunidade Lagoa dos Porcos

Figura 47- Mapa da Comunidade Lagoa dos Porcos

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A Comunidade Lagoa dos Porcos está localizada a 20 km da sede do município. Na comunidade, residem 80 famílias com aproximadamente 400 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. As famílias complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal.

Quanto aos equipamentos sociais, a Escola Municipal Senhor do Bonfim atende às crianças da região e de outras localidades vizinhas, oferecendo turmas até o 5º ano. Os demais estudantes se deslocam para a sede de Carira em transporte disponibilizado pela prefeitura duas vezes ao dia.

O posto de saúde atende as famílias do local e de outras localidades próximas à comunidade. O médico e a enfermeira realizam consultas quinzenais. O agente de saúde realiza as visitas nas residências uma vez por mês. Além de informar os procedimentos de higiene e saneamento básico, distribui hipoclorito de sódio para os moradores.

Quanto às formas de associativismo, os moradores se reúnem na associação comunitária uma vez por mês e o presidente é o Sr. José Arnaldo de Souza que sempre está informando aos associados sobre a chegada de projetos sociais no local.

Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores. Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água é o sistema de dessalinização.

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 Obras Civis

As obras foram finalizadas e o sistema está funcionando.

Figuras 48, 49, 50 e 51- Abrigo do dessalinizador, chafariz, tanque e poço

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Tabela 19– Georreferenciamento do tanque, poço e abrigo do dessalinizador.

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10º29’51,90” -37º46’47,59” Não foi

possível georreferenciar o

poço.

ABRIGO DO -10º29’51,23”

DESSALINIZADOR -37º46’45,27”

 Acordo Gestão

Na reunião do Acordo de Gestão, realizada no dia 22 de setembro de 2016, foi decidido que cada família teria direito a 50 litros de água dessalinizada por dia. O horário de distribuição de água é pela manhã e à tarde, de segunda a sexta. Para cobrir os custos de pequenos reparos do sistema de dessalinização, foi criado um fundo de reserva, onde as famílias beneficiadas contribuem com uma taxa de R$ 10,00 (dez reais) por mês. O dinheiro arrecadado estará sob os cuidados do Grupo Gestor. A responsabilidade pelo funcionamento do dessalinizador dessa comunidade é do Sr. Fábio Santana de Jesus, sob a supervisão do grupo gestor.

 Análise do levantamento das informações coletada no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Chegando na comunidade, encontrei o Sr. Genivaldo Martins que informou que tudo que foi acertado no Acordo Gestão está sendo cumprido e que a energia ficou por conta da administração pública (Prefeitura). A comunidade irá se reunir com o novo Prefeito, para tentar conseguir o pagamento do Operador.

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Solicitei que ele colocasse um aviso sobre os dias e a hora da distribuição de água na parede do sistema.

8.2.4 - Comunidade Bezerra

Figura 52- Mapa da Comunidade Bezerra

A Comunidade Bezerra está localizada a 21 km da sede do município. Na comunidade, residem 50 famílias com aproximadamente 250 habitantes, que sobrevivem da agricultura de subsistência de milho e feijão. Complementam a renda com os Programas de Renda Mínima do Governo Federal. Quanto aos equipamentos sociais, por ter um acesso próximo à comunidade de Bonfim, o prefeito decidiu desativar a escola que existia na comunidade, por causa da pouca quantidade de alunos para estudar no local. Segundo informações dos moradores, o transporte escolar passa duas vezes ao dia para levar os alunos até o local. Como não existe posto de saúde para atender às famílias, um médico e uma enfermeira realizam consultas dos moradores uma vez por mês. O agente

82 de saúde realiza visitas nas residências uma vez por mês, informando sobre os procedimentos de higiene e saneamento básico aos moradores. Quanto às formas de associativismo, a comunidade possui uma associação que é presidida por Zé Zequinha, como é conhecido na região. As reuniões são realizadas apenas quando há necessidade da população de reivindicar melhorias.

Não existem sistemas de esgotamento sanitário, sendo os efluentes gerados nas residências lançados a céu aberto. As casas possuem fossas negras/secas. Não existe coleta regular dos resíduos sólidos; por isso, o lixo é queimado pelos moradores.

Toda a comunidade é contemplada com fornecimento de energia elétrica do tipo monofásica. Com relação aos recursos hídricos locais, a principal fonte de abastecimento de água é o sistema de dessalinização.

 Obras Civis

As obras foram finalizadas e o sistema está funcionando.

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Figuras 53, 54, 55 e 56- Abrigo do dessalinizador, Chafariz, tanque e Cocho

Tabela 20– Georreferenciamento do tanque e abrigo do dessalinizador.

INFORMAÇÕES CONSTATADO Georreferenciamento TANQUE -10º26’02,67” -37º49’17,02” Não foi

possível georreferenciar o

poço.

ABRIGO DO -10º26’00,05”

DESSALINIZADOR -37º49’17,66”

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 Acordo Gestão

Na reunião do Acordo de Gestão, realizada no dia 21 de setembro de 2016, foi decidido que cada família teria direito a 40 litros de água dessalinizada por dia. O horário de distribuição de água é de 06 às 09 horas, de terça-feira a sábado. Para cobrir os custos de pequenos reparos do sistema de dessalinização, foi criado um fundo de reserva, onde as famílias beneficiadas contribuem com uma taxa de R$ 10,00 (dez reais) por mês. O dinheiro arrecadado estará sob os cuidados do Grupo Gestor. A responsabilidade pelo funcionamento do dessalinizador dessa comunidade é do Sr. João Izidio de Andrade Irmão, sob a supervisão do grupo gestor.

 Análise do levantamento das informações coletada no campo realizada no período de 14 a 18/11/2016.

Das comunidades analisadas, essa é a mais organizada. O Acordo Gestão está funcionando perfeitamente. O sistema está limpo e organizado. As famílias da comunidade estão satisfeitas com todo o funcionamento do sistema e o sabor da água.

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9.0 - ANÁLISE DOS DIAGNÓSTICOS E ACORDOS DE GESTÃO

Para nossa análise, foi feita uma amostragem que considerou os municípios nos quais estão sendo realizadas atividades da segunda Fase do Programa, ou seja, implantação ou recuperação dos sistemas e a construção dos acordos comunitários de gestão. Dentro da nossa amostra, escolhemos as seguintes comunidades e municípios: Cacimba Nova; Recanto; Cachorro Morto; Ponta da Serra; Cova da Índia e Lages (Poço Verde); Bezerros; Três Tanques; Macacos e Lagoa dos Porcos (Carira). No Programa Água Doce, todos os seus componentes estão relacionados. Neste sentido, o componente Mobilização Social, por exemplo, constrói os acordos de gestão, a partir da utilização dos dados ambientais e técnicos levantados nos diagnósticos realizados nas comunidades. Com base na metodologia aplicada, esse trabalho baseou-se em uma amostra retirada dos municípios diagnosticados no estado de Sergipe, nos quais já haviam sido realizadas atividades. Essas atividades são as obras civis, instalação ou recuperação dos sistemas de dessalinização e construção dos acordos de gestão em reuniões já realizadas nos municípios Poço Verde e Carira. A minha análise foi realizada em 10 comunidades desses municípios diagnosticados. Nesses dois municípios o Acordo de Gestão já foi apresentado e, em um deles, Carira, já foi concluído. Analisando os diagnósticos em visitas de campo e observando as comunidades escolhidas para implantação do sistema de dessalinização, verifiquei que as equipes do diagnóstico não se preocuparam com problema da falta de energia da comunidade e do poço. Hoje encontramos sistemas instalados, mas sem funcionar por falta de energia. O diagnóstico apontou a falta de energia. No entanto, o Núcleo Estadual não se ateve a esse problema. A falta de energia de Poço Verde se deve à falta de pagamento da conta de energia pública. É extremamente necessário realizar uma reunião com o próximo gestor para expor a gravidade do problema. Isso deve ser feito pelos técnicos do estado. Em Carira os sistemas estão funcionando. Já em Três Tanques isso não está acontecendo. Os técnicos do estado se comprometeram a marcar uma

86 reunião com a gestão atual e a nova gestão para expor os problemas e resolvê- los para o pleno funcionamento do sistema. Embora tenha observado os problemas mencionados acima, verifiquei que toda a metodologia do PAD foi respeitada.

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10.0 - RECOMENDAÇÕES

As recomendações aqui apresentadas visam evitar que algumas falhas ocorram em outros prováveis diagnósticos: É necessário cobrar dos estados um acompanhamento mais efetivo nos diagnósticos; É importante solicitar aos técnicos dos Estados que levem os equipamentos necessários (notebook, impressora e datashow) nas reuniões dos Acordos de Gestão. Algumas comunidades não conseguem utilizar os equipamentos por falta de um local apropriado, mas outras comunidades poderiam usá-los; É necessário tentar resolver o problema da promessa da Prefeitura com o dono do terreno na comunidade de Três Tanques - cidade de Carira. É imprescindível proibir que os estados realizem qualquer trabalho na época das eleições para não comprometer o nome do PAD e não acontecer promessas absurdas como a de Três Tanques; Antes de ir a campo para realizar contato com as comunidades escolhidas, os técnicos devem conhecer bem os objetivos do Programa Água Doce e a metodologia de integração dos componentes que formam o PAD; É importante disponibilizar, de forma compatível com o número de técnicos, equipamentos de campo tais como: datashow, máquina fotográfica, GPS, condutivimetro, HD externo, notebook e impressora conforme prevê a metodologia do PAD; É imprescindível que o diagnóstico seja realizado levando em consideração todos os Componentes do PAD (Obras Civis, Dessalinização, Mobilização Social e Sustentabilidade Ambiental); Deve-se utilizar o folder do Programa enfatizando os sistemas simples. No caso de haver interesse na implantação de Unidades Demonstrativas ou na simples criação de peixes, é preciso ressaltar que a escolha de UDs requer outros procedimentos; É necessário buscar informações das comunidades a serem visitadas com agentes comunitários de saúde, em unidades de saúde e em escolas; É importante que sejam atendidas as localidades do ICAA na sua totalidade, no que se referem as suas adequações ambientais e técnicas;

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É necessário que a análise seja mais clara ao identificar o tipo de água e seus usos, informando que tipo de abastecimento é feito para o posto de saúde e as escolas (cisterna, carro pipa etc), uma vez que poucos diagnósticos do estado de Sergipe mostravam essas informações; É importante que apresentem os nomes das associações, com CNPJ; É necessário que identifiquem (aproximadamente) a quantidade e os tipos de animais que utilizam a água do poço; É imprescindível que façam uma análise físico-química da água e as projeções da composição dos concentrados após o processo de dimensionamento do dessalinizador. O concentrado será usado para dessedentação animal, considerando as concentrações de sais; Os técnicos precisam acompanhar a escolha do Núcleo Estadual dos sistemas; É importante que um técnico do estado acompanhe as visitas às comunidades.

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11.0 – CONCLUSÃO

Os dados do diagnóstico devem ser observados por todos que participam do Programa, ou seja, técnicos, Núcleo Estadual, Coordenador Estadual e Consultores, para que não ocorra o problema que houve em Poço Verde. O diagnóstico idealizado dentro da metodologia do Programa Água Doce tem como principal objetivo orientar a escolha, por parte dos Núcleos Estaduais nos estados atendidos, de comunidades que preencham os requisitos para atendimento com sistemas de dessalinização. Para tanto, é imprescindível que eles tragam informações claras que facilitem a escolha das comunidades em situação mais crítica. O objetivo dessa consultoria é realizar uma análise dos dados obtidos nas visitas técnicas às comunidades onde estão sendo implantados e/ou recuperados os sistemas de dessalinização, visando demonstrar se esses sistemas estão em conformidade com a metodologia do Programa Água Doce. Após o acompanhamento dos trabalhos dos técnicos em algumas das comunidades que estão sendo atendidas no momento, constata-se que foram colocadas as informações necessárias para definição e priorização na escolha das comunidades. No entanto, o Núcleo Estadual não fez o mesmo. Provavelmente, os diagnósticos não deram a devida atenção ao problema da energia, que não foi considerado pelo Núcleo Estadual como impedimento para instalação de sistemas de dessalinização. Esse é um grande problema que precisa ser enfrentado agora uma vez que os dessalinizadores estão prestes a serem colocados nos abrigos. Devido a distância temporal, os diagnósticos revelaram que, embora possuam informações importantes para a tomada de decisão do Núcleo Estadual em relação a indicação de comunidades, precisam também considerar algumas inconsistências. Esse diagnóstico foi realizado em 2013 e já havia informação do problema da falta de energia. Se a equipe estadual tivesse acompanhado o diagnóstico provavelmente os problemas verificados nas comunidades já teriam sido resolvidos, ou a escolha das comunidades seria outra. No entanto, é possível verificar que o diagnóstico socioambiental e técnico foi realizado dentro da metodologia do Programa Água Doce. O principal

90 objetivo, que era de orientar a escolha das comunidades em situação mais crítica, foi alcançado na medida em que as informações foram claras e facilitaram essa escolha. Destaca-se que o objetivo proposto pelo diagnóstico foi atingido, visto que constatou que as informações prestadas pelo estado de Sergipe estão em conformidade com os sistemas e com a metodologia do Programa Água Doce para implantação dos sistemas de dessalinização no Estado. Assim, fazendo uma análise do levantamento das informações coletadas por amostragem nos municípios de Carira e Poço verde no estado de Sergipe, é possível verificar que as informações não divergiram das informações dos diagnósticos realizados em 2013, demonstrando a conformidade deste sistema com a metodologia do Programa Água Doce.

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12.0 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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. SERGIPE. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia SEPLANTEC. Superintendência de Estudos e Pesquisas-Supes. Informes Municipais: Aracaju, 2000. 75v;

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93