AGROSOCIOBIODIVERSIDADE agroindústria familiar de base ecológica EXPEDIENTE

Publicação: Revisão: Centro Ecológico Giselle Rodrigues de Macedo Redação: Projeto gráfico: Leandro Venturin Amanda Borghetti Ana Luiza Barros Meirelles Lista de siglas 4 Fotos da capa: Com contribuições de: Acervo Centro Ecológico Apresentação 7 Clarissa Britz Hassdenteufel Introdução 9 Cristiano Motter Um panorama da situação atual 13 Marta Bergamo Suco por arraste de vapor – uma experiência exitosa 19 Rogério Guimarães Primavera de 2014 Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica 23 Aspectos tributários 24 Programa Estadual de Agroindústria Familiar no RS 30 32 Regularização ambiental 33 RegistroO enquadramento de estabelecimentos fiscal de um processadores empreendimento de produtos de origem vegetal e seus produtos 38 Registro de estabelecimentos elaboradores de bebidas e seus produtos 45 Nossos agradecimentos aos agricultores e agricultoras, aos Boas práticas no processamento agroindustrial 51 representantes de grupos e associações de agricultores e Cuidados e seleção da matéria-prima 51 consumidores, que dispuseram de seu tempo para levantar Cuidados com as contaminações microbiológicas 52 dúvidas, dificuldades e sugestões relativas ao tema da Boas práticas, princípios e legislação 58 legalização do processamento de produtos orgânicos. A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica 65 Ao CETAP, pela parceria no trabalho junto à Cadeia 77 Solidária de Frutas Nativas. Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa 81 À Rede Ecovida de Agroecologia, pela disponibilização A certificação de produtos orgânicos processados Açaí da palmeira juçara 82 de materiais e formulários, pelo apoio no diagnóstico Butiá 88 situacional e repasse das dúvidas mais frequentes surgidas em seus foros, bem como a permanente parceria no Conclusão 97 desenvolvimento da agroecologia. Endereços úteis 98 Agradecemos, também, à SDR pelo apoio na elaboração, 99 impressão e distribuição desta cartilha. Anexo: Para acompanhamento e monitoramento das agroindústrias 100 Bibliografia AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica lista de siglas

FEPAM /SEMA - Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler FUNDOVITIS - Fundo de Desenvolvimento da Vitivinicultura GFA - Grupo Farroupilhense de Agroecologia IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente IBRAVIN - Instituto Brasileiro do Vinho ICMS - Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços IDR - Ingestão Diária Recomendada IN - Instrução Normativa AECIA - Associação dos Agricultores Ecologistas de Ipê e Antônio Prado LAREN/SEAPA - Laboratório de Referência Enológica AECO - Associação dos Agricultores Ecologistas de Monte Alegre dos Campos LI - Licença de Instalação AETEL - Associação dos Agricultores Ecologistas da Terra da Longevidade LIO - Licenciamento de Instalação e Operação AGRONOPE - Grupo Agroecológico Nova Petrópolis LO - Licença de Operação ANVISA LP - Licença Prévia APEB - Associação dos Produtores Ecologistas de Bento Gonçalves LU - Licenciamento Único - Agência Nacional de Vigilância Sanitária APEMA - Associação de Produtores Ecologistas da Linha Pereira de Lima MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento APENB - Associação de Produtores Ecologistas de ME e EPP - Estatuto das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte APESC - Associação dos Produtores Ecologistas da Capela Santa Catarina MS - Ministério da Saúde APEST - Associação dos Produtores Ecologistas de Santa Tereza OMS - Organização Mundial de Saúde ART - Anotação de Responsabilidade Técnica ONU - Organização das Nações Unidas BPF - Boas Práticas de Fabricação OPAC - Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade CETAP - Centro de Tecnologias Alternativas Populares PEAF - Programa Estadual de Agroindústria Familiar CEVS PIQs - Padrões de Identidade e Qualidade CGC/TE - Cadastro Geral de Contribuintes do Tesouro do Estado - Centro Estadual de Vigilância em Saúde/SES POPs - Procedimentos Operacionais Padronizados CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente RDC - Resolução de Diretoria Colegiada COOLMEIA - Cooperativa Ecológica Coolmeia Ltda. SDR - Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo COOPEG - Cooperativa de Produtores Ecologistas de Garibaldi Ltda. SEAPA - Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Agronegócio COOPERNATURAL - Cooperativa Agropecuária de Produção e Comércio Vida Natural SEMA - Secretaria Estadual do Meio Ambiente CRS - Coordenadorias Regionais de Saúde SES - Secretaria Estadual de Saúde DAP - Declaração de Aptidão do PRONAF SFA-RS - Superintendência Federal de Agricultura do DEFAP SisOrg DIPOA - SDA/MAPA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem - Departamento de Florestas e Áreas Protegidas/SEMA SPG - Sistema Participativo de Garantia Animal - Secretaria de Defesa Agropecuária - Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica DIPOV - SDA/MAPA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem UCS - Universidade de Vegetal - Secretaria de Defesa Agropecuária UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária UTRA - Unidade Técnica Regional de Agricultura, Pecuária e Abastecimento FAO - Organização para a Agricultura e Alimentação VISA 5 4 - Vigilância Sanitária Estadual 5 Apresentação

A conservação e o uso sustentável da biodiversidade agrícola e silvestre são fundamentais para garantir alternativas visando a soberania alimen- tar e a geração de renda para as comunidades rurais. No Centro Ecológico entendemos como produtos da agrosociobiodiversi- dade aqueles gerados a partir de plantas cultivadas ou oriundas de extra- tivismo, voltados à formação de cadeias produtivas de interesse das famí- lias de agricultores as quais assessoramos.

normas vigentes para cumprir com as exigências legais do processamento Agricultores e agricultoras manifestam dificuldade de se apropriar das

deO conteúdo alimentos aqui orgânicos apresentado, da agrosociobiodiversidade. basicamente, é fruto do trabalho coletivo de agricultores, agricultoras, técnicos e técnicas dos Núcleos Serra e Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia, a partir de atividades realiza- das em maio e junho de 2014, bem como das inúmeras perguntas sobre aspectos legais e de procedimentos do processamento que têm chegado ao Centro Ecológico ao longo dos 3 últimos anos. Desde o início da década de 1990, o Centro Ecológico vem trabalhando, juntamente com organizações de famílias agricultoras ecologistas, para desenvolver tecnologias inovadoras de processamento de alimentos que agreguem valor à produção primária. É o caso, por exemplo, do método de extração de suco de uva e de outras frutas por arraste de vapor.

Frutos de butiá 7 Foto: Ana Luiza Meirelles Foto: AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica introdução

Além disto, o Centro se dedicou a disponibilizar e democratizar informa- ções sobre o processo de legalização das agroindústrias familiares de base ecológica junto aos órgãos responsáveis pelo controle sanitário para po- derem chegar ao mercado, que naquele momento, se restringia a feiras e pontos de venda em pequenas lojas ou redes de supermercados.

- rentes órgãos, associada a um conjunto enorme de portarias, normativas Hoje, a atual pulverização das normas e da fiscalização sanitária em dife produtoras. Além disso, fundamentalmente, a normas não levam em conta ase resoluções, realidades tornaramlocais e regionais ainda mais e nãodifícil diferenciam sua compreensão escalas pelasde produção, famílias se mostrando completamente inadequadas ao modo de produção de base artesanal e familiar, e vêm se constituindo como uma das principais bar- reiras para o acesso da agricultura familiar aos mercados institucionais entre outros.

As exigências legais atuais têm levado a produção de alimentos tradicio- nais, artesanais, de base familiar agroecológica, a um processo que os

origem artesanal, de pequena escala e de características socioculturais inerentesaproxima ao da modo industrialização de produção e daque artificialização, historicamente afastando-os caracterizam de esses sua - produtos. - mentoUm número importante significativo para viabilizar de famílias a agricultorasagricultura familiar, que trabalham capaz de com abaste agro- O Centro Ecológico vem participando ativamente do processo de articula- cerecologia a família veem e ao população processamento com alimentos de alimentos saudáveis orgânicos e de comoboa qualidade um instru e, ção de inúmeras organizações da sociedade civil junto aos órgãos de vigi- ao mesmo tempo, tornar o meio rural um bom lugar para trabalhar e viver.

das regras para a regularização sanitária. Deste modo, espera-se que os A agroindústria familiar de base ecológica tem sido apontada como um limiteslância sanitária impostos com pela vistas legislação a uma vigente urgente não racionalização inviabilizem a e agroindustria simplificação- componente importante na construção de um projeto de desenvolvimento lização dos produtos da agrosociobiodiversidade. rural com capacidade de alterar vários aspectos na área rural, entre eles: descentralizar as atividades de processamento; compatibilizar a produção e processamento com as características sociais, culturais e ecológicas de do Centro Ecológico com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, cada região; assegurar o controle por parte das famílias agricultoras sobre Esperamos, com esta cartilha, que faz parte do convênio FPE 4329/2012, Pesca e Cooperativismo do Rio Grande do Sul, contribuir para facilitar o os meios de produção, os processos e os produtos da agroindustrializa- entendimento dos aspectos legais do processamento da agrosociobiodi- - versidade. mas mais democráticos e includentes; e valorizar o trabalho das mulheres eção; jovens diminuir como aagentes distância importantes entre produtores no desenvolvimento e consumidores; local. gerar siste

ecológica está a melhoria da renda pelo valor agregado; a maior estabili- Também, entre os benefícios gerados pela agroindústria familiar de base

8 9 dade econômica pelo fluxo contínuo de recursos durante o ano; o melhor AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica introdução

aproveitamento de mão de obra e do excedente de produção na unidade - - rentes órgãos – ANVISA, MAPA-DIPOV e MAPA-DIPOA, CEVS e Coordena- zendo mais saúde e qualidade de vida aos produtores e consumidores e doriasA atual Regionais pulverização de Saúdeda normatização - CRS com ume da conjunto fiscalização enorme sanitária de portarias, em dife paraagrícola; o ambiente. a reciclagem local dos resíduos gerados pelo beneficiamento, tra produtoras, e também para os técnicos, não levam em conta, em sua aná- Mas a inadequação das atuais normas sanitárias ao modo de produção lisenormativas de riscos, e resoluções,as realidades de locais difícil e acesso regionais e compreensão e não diferenciam para as escalas famílias de de base artesanal e familiar ecológica vem se constituindo como uma das produção. É um tal emaranhado de normas que uma mesma agroindústria principais barreiras para o acesso da agricultura familiar aos mercados - institucionais bem como a outros mercados. nitárias em nivel municipal, estadual ou federal, conforme o caso, apenas Em nome da proteção aos consumidores, há uma ofensiva mundial das parafamiliar a sua precisa regularização se reportar sanitária, a um dos sem diferentes contar as órgãos exigências das vigilâncias tributárias sa e grandes empresas da cadeia agroalimentar industrial em relação a medi- das impostas no sentido de conferir uma suposta qualidade de alimentos. produtivos. Pressionados, cada vez mais, os órgãos nacionais de regulamentação im- ambientais. Isso torna extremamente difícil a legalização destes setores A fragmentação em diferentes órgãos e a linguagem excessivamente téc- põem novas regras relacionadas à chamada inocuidade de alimentos. Este a transparência e as possibilidades de questionamento de normas im- com a proteção à saúde. Obviamente, o objetivo real é avançar na domina- postasnica dificultam de cima nãopara apenas baixo, omuitas entendimento vezes voltadas das exigências, para realidades como também muito çãocrescente do mercado de normas mundial sanitárias de alimentos, e fitossanitárias cujas vendas tem no muito varejo, pouco em 2011,a ver diferentes. chegaram a cerca de 7,2 trilhões de dólares, ultrapassando em 3% o valor do mercado de petróleo no mesmo ano, segundo dados do Grupo ETC. o processamento artesanal ou em pequena escala de produtos produtos Os órgãos de regulamentação estabelecem critérios cada vez mais unifor- tradicionais,A racionalização da agricultura e simplificação familiar dos eprocedimentos da sociobiodiversidade, e normas, certamentepermitindo mes em relação ao que são alimentos ‘sadios’ e inócuos (alimentos segu- abrirão maiores oportunidades de produção de alimentos de qualidade. ros). Também, os padrões de qualidade expressos nas normas sanitárias Ao mesmo tempo, a produção de alimentos da agrosociobiodiversidade para o processamento de alimentos reforçam uma lógica excludente e pode gerar renda e agregar valor ao potencial produtivo e biodiverso da concentradora, por se basearem num modelo de produção agroindustrial agricultura familiar e das comunidades tradicionais e empreendimentos e de processamento de alimentos em larga escala, padronizados, em de- da economia solidária e, por outro lado, disponibilizar à população ali- - mentos mais saudáveis, por serem mais frescos, mais naturais, com menos nhecimentos tradicionais e includentes. Nesta lógica, produtos naturais agrotóxicos, menos aditivos químicos, além de estarem inseridos em ca- trimento de sistemas mais sustentáveis, diversificados, artesanais, de co são vistos como problemáticos e o uso de insumos e aditivos químicos são deias mais curtas e serem mais representativos das culturas alimentares percebidos como aliados. de cada região. As exigências sanitárias têm levado a produção de alimentos tradicionais, Na realidade dos Núcleos Serra e Litoral Solidário da Rede Ecovida de artesanais e de base familiar, a um processo que os aproxima da indus- Agroecologia predomina, em volume e valor monetário, o processamento de produtos cultivados. Mas vem crescendo o interesse de famílias agri- origem artesanal, da pequena escala e de características socioculturais cultoras pelo processamento de produtos de espécies nativas cultivadas, trialização e da artificialização, aumentando custos e afastando-os de sua inerentes ao modo de produção que historicamente caracterizam esses como é o caso do açai da palmeira juçara (Euterpe edulis) e de extrativis- mo, cujo exemplo mais marcante é a polpa de butiá-da-praia (Butia cata- está muito distante da diversidade e das realidades da produção artesanal rinense). eprodutos. familiar dePortanto, base ecológica. o atual modelo de legislação e fiscalização sanitária 10 11 um panorama da situação atual

Para orientar a elaboração deste material e suprir, da forma mais concreta possível, a falta de informações, buscamos a partir de diferentes fontes e instrumentos saber das próprias famílias agricultoras e da assessoria técnica, suas reais necessidades de informações. Levantamos as dúvidas das famílias agricultoras e da assessoria técnica quanto ao processamento de alimentos na agroindústria de base ecológica. Para tanto, foi feito um levantamento qualitativo junto a famílias agricultoras e junto à assessoria, através de questionários e entrevistas, durante os meses de maio e junho de 2014, inclusive com trabalho em grupo durante uma das assembleias do Núcleo Serra, envolvendo participantes de 19 municípios. Com o objetivo de ter um panorama atualizado, foram levantados dados existentes nos relatórios das reuniões dos Conselhos de Avaliação dos Nú- cleos e junto aos membros dos Núcleos da Rede Ecovida onde há atuação direta do Centro Ecológico – os Núcleos Serra e Litoral Solidário. Consul- - das junto ao Centro Ecológico ao longo dos anos. tamos ainda, bibliografia, sites do MAPA, e resgatamos as dúvidas levanta Nos mapas a seguir se vê a localização, no Rio Grande do Sul, dos Núcleos Serra e Litoral Solidário.

Figueira 13 Foto: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica um panorama da situação atual

Na área correspondente ao Núcleo Serra, segundo dados do MAPA, de -

2014, há 27 estabelecimentos que processam produção orgânica certifi cados por SPG e 8 certificados por auditoria. Já na área correspondente ao Núcleo Litoral Solidário são 2 estabelecimentos produtores certificados por SPG e 1 em processo de certificação, também por SPG. - cipaisA distribuição produtos, das são agroindústrias apresentados nasque tabelasprocessam a seguir. produtos orgânicos da agrosociobiodiversidade , certificadas por SPG, por município, e seus prin

Despolpa de açaí juçara – Celi Aguiar, Agroindústia Amadecom Foto: Cristiano Motter

O Núcleo Serra é composto por 27 municípios, enquanto o Núcleo Litoral engloba 9 municípios.

14 15 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica um panorama da situação atual

Estabelecimentos de processamento de produtos orgânicos FORMA DE PRINCIPAIS PRODUTOS MUNICÍPIO AGROINDÚSTRIAS certificados por SPG no Núcleo Serra da Rede Ecovida de ORGANIZAÇÃO COMERCIALIZADOS suco e néctar de uva, maçã Monte Agroecologia, e seus principais produtos, por município Agroindústria e pêssego, doces de frutas, Alegre dos AECO HF Carraro molho de tomate, compota FORMA DE PRINCIPAIS PRODUTOS Campos MUNICÍPIO AGROINDÚSTRIAS ORGANIZAÇÃO COMERCIALIZADOS de figo suco de uva e suco de Nova conserva de pepino, aipim Sucos Sítio Palmará APENB Agroindústria GE 2000 Grupo ECOCIENTE maça Bassano congelado,doce de figo extrato e uva, de Marichá plantas para chás tomate Nova Agroindústria suco de uva e doces de suco de uva, suco de maçã, AGRONOPE Filiais 2, 3, 4 e 5 molho de tomate, doces Petrópolis Essência da Serra frutas Antônio de frutas Grupo de Prado suco de uva, sucos e Nova Roma Agricultura Vinhos e Sucos Agroindústria suco de uva AECIA polpas de butiá, guavirova do Sul De Bastiani Nélio Bellé e araçá Roma do Sul Orgânica de Nova suco e néctar de uva, suco de uva e bergamota, Agroindústria Agroindústria pêssego e maracujá, molho Picada Café COOPERNATURAL doces de frutas, vinhos e Pérola da Terra Coopernatural de tomate espumantes Santa Cachaçaria Agroindústria Gemille pães, biscoitos e bolachas APEST cachaça Tereza Velho Alambique Cachaçaria Casa Bucco cachaça Agroindústria suco de uva e doces de Agroindústria Veranópolis AETEL Mazzarollo frutas Bento geleias gourmet de hortelã APEB Colonia dei Funghi Vinhos e sucos Grasponi suco de uva Gonçalves ecompotas pimenta de pera e figo, Fonte: OPAC Rede Ecovida, 2014 doce em calda de amora Agroindústria e mirtilo, antepastos Estabelecimentos de processamento de produtos orgânicos Margot Lazzaroto de hibisco, pimenta e berinjela certificados e em processo de certificação por SPG no Núcleo suco de uva, doces de Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia, e seus Carlos Encosta da Serra Agroindústria Foppa frutas, conserva de pepino, Barbosa principais produtos, por município

Farroupilha GFA Vinícola De Cézaro suco de uva e vinhos FORMA DE PRINCIPAIS PRODUTOS compota de figo MUNICÍPIO AGROINDÚSTRIAS Suco de uva, vinhos ORGANIZAÇÃO COMERCIALIZADOS Agroindústria Garibaldi COOPEG espumantes e doces de doce de banana, passa Cooperativa COOPEG Três Agroindústria frutas ACERT de banana, polpa de açaí Cachoeiras Morro Azul suco de uva e molho de juçara, mariola Agroindústria Da Serra APEMA tomate D. Pedro de bala de banana, doce de GESA Alimentar.org Agroindústria Righez pães, massas e biscoitos banana, bananada Ipê Agroindústria Alcântara Agroindústria pães, massas e biscoitos Três Amadecom Lorenzetti AMADECOM polpa de açaí APESC Forquilhas (em processo de Agroindústria suco de uva e molho de Agrocatarina tomate Fonte: OPAC Rede Ecovida, 2014 certificação) 16 17 Suco por arraste de vapor - uma experiência exitosa

A história do suco elaborado por arraste de vapor, tradicionalmente co- nhecido por ‘Suco de Panela’, é importante por ser um marco conceitual na indústria de sucos no Brasil. Antes do advento da panela de suco, o proces- samento se dava apenas em poucas indústrias de grande porte, deixando os agricultores reféns das mesmas. Em 1991, famílias agricultoras da Linha Trinta, em Antônio Prado, não conseguiram comercializar a safra de framboesas, pois o preço oferecido era muito baixo, sequer sendo compensador colher as frutas. A partir des- se momento histórico, não apenas os agricultores ecologistas, que primei- - tas, perceberam a oportunidade de usar esta técnica para estruturar suas agroindústrias.ro se beneficiaram Se atédo processo,a década demas 1990 muitos existiam pequenos apenas produtores cinco indústrias de fru de suco, em menos de 10 anos as pequenas unidades se multiplicaram pelo Rio Grande do Sul e por outros estados brasileiros. Hoje, são mais de 300 unidades que utilizam o sistema de arraste de vapor. Também, a partir dessa experiência, outros equipamentos foram desenvolvidos para indús- trias menores, totalizando em torno de 500 unidades de produção de suco registradas, de pequeno e médio portes. in natura disponível, era impossível a venda de toda a safra diretamente aos consumidores, na Feira Ecológi- caCom da um Coolméia volume designificativo . de frutas Assim, a equipe técnica do atual Centro Ecológico discutiu com as famílias a possibilidade de processar as frutas em suco e doce. Foi disponibilizada uma panela de extração de suco por método de arraste de vapor, com capacidade para 5 kg de frutas, que, co- locada sobre um fogão, extraía o suco lentamente. Os procedimentos para

1. Videira / 2. Panelas de 'arraste de vapor' 19 Fotos: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Suco por arraste de vapor - uma experiência exitosa

o processamento das frutas, observando as boas práticas de produção, capacidade de 20 kg, e várias panelas individuais foram sendo montadas e foram também disponibilizados pela equipe do Centro Ecológico, assegu- usadas simultanemente. Na sequência, foi desenvolvido um tanque único rando a validade do suco por pelo menos 2 anos. para depósito de água, possibilitando o uso de caldeira para o fornecimen- to de vapor para aquecer a água. A iniciativa de processamento e comercialização da safra de framboe- sas foi muito bem sucedida e despertou nos jovens da AECIA o desejo de Mesmo com todo esse procedimento já consolidado, em abril de 2010, o processar também a uva já produzida de forma ecológica, pois o preço de MAPA suspendeu todos os processos em andamento para o registro de venda para a indústria era considerado muito baixo. Como os volumes de estabelecimentos que utilizariam o sistema de arraste de vapor para pro- uva eram muito maiores do que os de framboesa, foi necessário buscar a cessar sucos integrais. Suspendeu também suas derivações de processa- fabricação de uma panela com maior capacidade. O Centro Ecológico con- mento, bem como todos os registros dos produtos obtidos a partir desse sistema. Após essa data, as agroindústrias seriam obrigadas a denominar panela com capacidade de 60 kg com base na de 5 kg. O custo do equipa- seus produtos e processos como ‘néctar’, tendo em vista, pelo entendi- mento,seguiu encaminhar,de U$ 1.250,00 junto em a valoresprofissionais da época, da UFRGS, foi bancado a montagem pelas famílias, de uma mento do MAPA, que esse sistema pode vir a incorporar água exógena (de pois, segundo elas, poderiam ganhar 10 vezes mais pelo quilo da uva se esta fosse transformada em suco. fora)Em outubro ao produto de 2010, final. as entidades de assessoria envolvidas no sistema de Com o processamento já em andamento, surge a necessidade de legalizar processamento por arraste de vapor, juntamente com os representantes um produto e um processo que não existiam no mercado. Em 1991, quase de agroindústrias que utilizavam este sistema, convocaram um seminário não havia informações facilmente disponíveis sobre os procedimentos de para discutir a situação e dar encaminhamentos para resolver a situação criada pelo MAPA. Em janeiro de 2011, em reunião com os Ministros da registro, e a AECIA foi provavelmente a primeira organização de agricul- Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, obteve-se uma moratória à de- tores familiares a implantar agroindústrias e legalizá-las. Os técnicos do cisão, assegurando prazo para realizar estudos e para a regularização do Centro Ecológico conseguiram as informações junto à UTRA e cumpriram sistema de ‘arraste de vapor’. Ainda em 2011, constituiu-se uma equipe as rotinas de encaminhar formulários e realizar as análises necessárias. técnica para apresentar um projeto de ‘validação tecnológica’ deste sis- O então técnico responsável pelo Ministério da Agricultura em Caxias do tema de processamento. A equipe foi formada por técnicos da EMBRAPA Sul se mostrou muito receptivo à iniciativa dos jovens agricultores ecolo- Uva e Vinho, UFRGS, UCS, LAREN e do Centro Ecológico. gistas em implantar e registrar uma agroindústria de processamento de suco de uva, mas, como não conhecia a tecnologia utilizada, sugeriu que se Com recursos do FUNDOVITIS, gestionados pelo IBRAVIN, nas safras 2012 e entrasse em contato com o Ministério da Agricultura em Porto Alegre. Foi 2013 foram feitos estudos para conhecer com mais profundidade o sistema marcada uma reunião e o Centro Ecológico levou a panela aos funcioná- de elaboração de sucos, seus equipamentos e variantes, os sucos resultantes rios do Ministério para mostrar e explicar seu funcionamento. Em 1992 foi concedido o primeiro registro para a AECIA e a responsabilidade técnica e de um protocolo industrial. Findos os trabalhos de estudo, em novembro deste sistema, a definição de padrões de identidade e qualidade específicos foi assumida por uma técnica da equipe do Centro Ecológico. de 2013, organizou-se um seminário para apresentar os resultados e os en- Uma panela com capacidade para 60 kg de grãos ainda era pequena para processar a crescente produção de uva ecológica. Foi encomendada, en- Enquantocaminhamentos não é depublicada ações legais tal Portaria, junto ao tanto MAPA. o registroEstá em defase estabelecimen de finalização- tão, uma nova panela, agora com capacidade de 200 kg, que não se mos- tosde ajustes que usam a Portaria o sistema Ministerial de arraste que de irá, vapor em definitivo, na elaboração regularizar de suco o sistema. quanto dos produtos resultantes seguem sendo regularizados pela atual legislação e com base na resolução interna do MAPA que autoriza tal procedimento. metalúrgicatrou eficiente, da pois Caxias a camada do Sul de assumiu grãos dentro a fabricação do cesto de era uma grande panela demais com e o vapor não conseguiu extrair o suco com eficiência. A partir daí, uma 20 21 Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

O processamento de alimentos em agroindústrias de base ecológica é re- gulamentado por diversas normas. No Brasil, qualquer empreendimento que visa produzir, comercializar ou prestar serviços deve, primeiramente, efetuar os registros nos órgãos competentes. Esses registros visam, essencialmente, o controle social, a publicidade dos atos e o controle tributário. É por intermédio desses registros que o em- preendimento obtém o direito de realizar operações mercantis e também passa a ser reconhecido social e comercialmente, visto que os registros tornam público, por exemplo, sua forma jurídica, quem são os seus sócios (se for uma sociedade), qual o ramo de atividade em que pretende atuar,

qualEsses o registroscapital financeiro são imprescindíveis do empreendimento, para qualquer etc. empreendimento que pretenda atuar, ser reconhecido e se estabelecer no mercado. Todo e qual- quer compromisso assumido ou ato praticado pelo empreendimento de- penderá desses registros. Os registros devem ser efetuados junto a diversos órgãos administrativos. De um modo geral é preciso, entre outras providências, registrar na pre- feitura do município onde vai funcionar o estabelecimento, no estado e na Receita Federal.

Evaporador de baixa pressão 23 Foto: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

Além das leis comuns a qualquer empreendimento comercial, a Lei da forma de funcionamento, a escolha dos seus gestores, entre outros aspec-

processamento de produtos da agrosociobiodiversidade que são comer- processo do registro do empreendimento. Agricultura Orgânica (Lei 10.831/2003) trata especificamente sobre o- tos. A forma jurídica também irá definir em que órgão público se inicia o ro de 2011 e a agroindustrialização é tratada nas Instruções Normativas 3. O que é uma sociedade mercantil? cializados como orgânicos. Sua regulamentação passou a vigorar em janei - Conjuntas emitidas pelo MAPA e Ministério da Saúde (MS), IN 18/2009, mas de sociedades mercantis e as linhas gerais que as regem, do ponto de No Código Civil (Lei Federal 10.406/2002) estão elencadas as várias for ajustadaComo esta pela cartilha IN 24/2011. traz apenas informações genéricas sobre os procedi- vista jurídico, do seu funcionamento e de suas obrigações sociais. O tipo mentos a serem adotados, é recomendado que a constituição de um em- mais comum de sociedade mercantil é a sociedade por quotas de respon- - sabilidade limitada, mais comumente conhecida apenas como ‘sociedade preendimento seja acompanhada por profissionais da área jurídica, contá limitada’. bil e de certificação de produtos orgânicos para evitar erros legais. Este tipo de sociedade é uma sociedade de capital. Pode ser constituída ASPECTOS TRIBUTÁRIOS - ceiro visando o desenvolvimento de atividade e a obtenção de lucro. Na Segundo a legislação brasileira, um empreendimento pode ser uma so- por qualquer número de sócios, que investem determinado capital finan sociedade limitada os sócios respondem pelas obrigações legais até o li- ciedade mercantil ou uma sociedade cooperativa ou, ainda, uma empresa mite do capital social. Os sócios, independentemente de contribuírem ou individual. Existem também diferentes formas de tributação (pagamento não com seu trabalho na sociedade, têm direito a participar dos lucros na de impostos) conforme o tipo de empreendimento e conforme a opção forma prevista no contrato social da empresa. do sistema de tributação, como, por exemplo, o simples nacional. No Rio - 4. O que é uma sociedade cooperativa? preendimento, que é a constituição de agroindústria familiar. Grande do Sul, há legislação específica para mais uma modalidade de em Os atos e regras de funcionamento de uma sociedade cooperativa es- 1. Em resumo, quais são as formas jurídicas possíveis para um empreendimento agroindustrial? tão previstos em leis especificas, como as leis federais 5.764/1971 e os sócios, mediante disposição no Estatuto Social, respondem pelas obri- As formas jurídicas possíveis para um empreendimento agroindustrial 12.690/2008. A sociedade cooperativa também é uma sociedade na qual gações de forma limitada à sua participação no capital social. são: sociedade mercantil; sociedade cooperativa; empresa individual; e agroindústria familiar (no caso do Rio Grande do Sul e, eventualmente, em Caracteriza-se como uma sociedade que presta serviços aos seus sócios outros estados). ou cooperados. A sociedade cooperativa não visa ao lucro, e seu objetivo geral é apenas prestar serviços aos seus cooperados. Obviamente que, na 2. Por onde se deve começar? apuração dos resultados – confronto entre receitas e despesas – podem O primeiro e importante passo para o registro de um empreendimento é ocorrer sobras. Entretanto, a distribuição entre os cooperados não é total e irrestrita, devendo observar os limites da lei e do Estatuto. forma de funcionamento. definir a forma jurídica, de acordo com as intenções dos participantes e O percentual da distribuição de sobras ou das perdas é proporcional ao - percentual de operações do cooperado naquele período da apuração, e não lidades individuais dos sócios, a forma de constituição do capital social, a à sua participação no capital. Ou seja, se o cooperado não teve operações A escolha da forma jurídica irá definir, por exemplo, quais as responsabi 24 25 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

com a cooperativa em determinado ano, mesmo que existam sobras ele não vai receber visto que não contribuiu para a sua obtenção. provenientes de explorações agrícolas, pecuárias, pesqueiras, aquícolas, urbana, com a finalidade de beneficiar e/ou transformar matérias-primas Um aspecto importante é que a sociedade cooperativa deve ter no mínimo 20 sócios para sua constituição e funcionamento, exceto se for uma coope- extrativistas e florestais, abrangendo desde os processos simples até os mais8. O complexos,que caracteriza como operações uma agroindústria físicas, químicas e/oufamiliar biológicas. de - sas,rativa que de este trabalho. tipo de A Leicooperativa Federal 12.690/2008, poderá ser constituído promulgada por para um atendermínimo pequeno porte de processamento artesanal? especificidades das cooperativas de trabalho, determina, entre outras coi de sete sócios. Uma agroindústria familiar de pequeno porte de processamento artesa- nal á caracterizada como o estabelecimento agroindustrial com pequena 5. O que é uma empresa individual? escala de produção dirigido diretamente por agricultor(es) familiar(es) Uma empresa individual também é regulamentada pelo Código Civil (Lei com meios de produção próprios ou mediante contrato de parceria, cuja produção abranja desde o preparo da matéria-prima até o acabamento ter a forma jurídica de empresa unipessoal, onde há apenas uma pessoa do produto, seja realizada com o trabalho predominantemente manual e Federal 10.406/2002). Ou seja, um empreendimento agroindustrialempresário pode de- que agregue aos produtos características peculiares, através de proces- verá ser requerido na junta comercial do Estado em que está situado o - físicaestabelecimento. dona do empreendimento. Nesse caso, o registro de regionais.sos de transformação diferenciados que lhes confiram identidade, geral mente relacionados a aspectos geográficos e histórico-culturais locais ou 6. O que é considerado uma agroindústria familiar no 9. O que caracteriza um microprodutor rural? Rio Grande do Sul? -

que institui a Política Estadual de Agroindústria Familiar no Estado do Rio Um microprodutor rural é definido pelo inciso II do art. 2º da Lei Estadu As agroindústrias familiares têm por base a Lei Estadual 13.921/2012 , - al 10.045/1993 e alterações, e necessariamente está inscrito no Cadastro tadual de Agroindústria Familiar do Estado do Rio Grande do Sul e institui GeralEle ou de ela Contribuintes têm que ser do possuidor, Tesouro doa qualquerEstado (CGC/TE). título, por si, seus sócios, Grande do Sul, e o Decreto Estadual 49.341/2012 que cria o Programa Es - o selo de marca de certificação ‘Sabor Gaúcho’. taparceiros, bruta, em meeiros, cada ano cônjuges calendário, ou filhos não menores,superior ade 15.000 área rural UPF–RS. de até quatro módulos fiscais, quantificados na legislação estadual em vigor, e ter recei processamentoA regulamentação de alimentos: da Lei 13.921/2012,agroindústria familiar; pelo do agroindústria Decreto Estadual fami- liar49.341/2012 de pequeno define porte diferentes de processamento modalidades artesanal; de unidades microprodutores familiares ru de- anualmente pelo governo do estado. Em 2014, a receita bruta de um mi- O valor da UPF-RS (Unidade Padrão Fiscal do Rio Grande do Sul)é definido rais; agricultor familiar e empreendedor familiar rural; e empreendimen- croprodutor não poderia ser superior a R$ 218.188,50. to econômico solidário (EES). 10. O que caracteriza um agricultor familiar e 7. O que caracteriza uma agroindústria familiar? empreendedor familiar rural? Uma agroindústria familiar é caracterizada como o empreendimento de Um agricultor familiar e empreendedor familiar rural é aquele que pratica propriedade ou posse de agricultora(s) familiar(es) ou de agricultor(es) atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes re- familiar(es), sob gestão individual ou coletiva, localizado em área rural ou quisitos: não detenha, a qualquer título, área maior do que quatro módulos 26 27 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

- 14. Como é obtido o CNPJ? vidades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; tenha fiscais; utilize predominantemente mão de obra da própria família nas ati Com o registro da Junta Comercial ou do Cartório em mãos, é hora de re- renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas gistrar o empreendimento como contribuinte de tributos federais, ou seja, vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento e que dirija de obter o CNPJ. O registro do CNPJ é feito exclusivamente pela Internet, no site da Receita Federal, sendo necessário baixar um programa espe- seu estabelecimento ou empreendimento com sua família, assim definidos pelo art. 3º da Lei Federal 11.326/2006 e alterações. por Sedex ou entregues pessoalmente na Secretaria da Receita Federal. A 11. O que caracteriza um empreendimento econômico respostacífico. Os da documentos Receita também necessários, é dada pelalistados Internet. no site, devem ser enviados solidário? Um Empreendimento Econômico Solidário (EES) é aquele constituído por 15. Qual o procedimento para conseguir o Alvará de empresa, cooperativa, rede e empreendimento de autogestão, caracteri- Funcionamento? - Com o CNPJ cadastrado, é preciso ir à prefeitura do município para obter ções, e que tenha como característica ser coletivo e supra-familiar, utilizar o alvará de funcionamento. O alvará é uma licença que permite o estabe- zado pelos requisitos expressos na Lei Estadual nº 13.531/2010 e altera práticas permanentes e não eventuais, e prevalência da existência real ou lecimento e o funcionamento de instituições comerciais, industriais, agrí- da vida regular da organização produtiva, mesmo sem o registro legal. colas e prestadoras de serviços, bem como de sociedades e associações de

12. Então, onde e como se deve registrar o geralmente, pela Secretaria Municipal da Fazenda de cada município. empreendimento? qualquer natureza, vinculadas a pessoas físicas ou jurídicas. Isso é feito, - A concessão de alvará obedece à legislação específica de cada município. dade e o local de funcionamento, é possível e necessário iniciar os proce- empreendimento pode ser instalado no local escolhido de acordo com o Definida a forma jurídica que o empreendimento vai ter, o ramo de ativi É importante consultar as leis municipais, em especial para verificar se o dimentos legais para o seu registro. de alvará de funcionamento é condicionada à aprovação de um Plano de O registro legal de uma empresa ou cooperativa é realizado na Junta Co- Prevençãoplano diretor contra da cidade.Incêndios, Além emitida de possíveis pelo Corpo especificidades, de Bombeiros, a concessãoe também mercial do estado ou no Cartório de Registro de Pessoa Jurídica. Para as à concessão de licença ambiental. Os projetos para obter tais licenças de- pessoas jurídicas, esse passo é equivalente à obtenção da Certidão de Nas- - pondentes. vem ser providenciados junto a profissionais habilitados nas áreas corres cimento de uma pessoa física. A partir desse registro, o empreendimento Tendo esse registro inicial, se passa aos demais registros, autorizações e 16. Como se faz para obter o cadastro na Inscrição existe oficialmente, o que não significa que ela possa começar a operar. cadastros necessários ao funcionamento efetivo. Estadual? 13. Quais são os registros, autorizações e cadastros O cadastro no sistema tributário estadual deve ser feito junto à Secretaria necessários para o funcionamento efetivo? Estadual da Fazenda. A Inscrição Estadual é obrigatória para empresas dos setores do comércio e indústria, entre outros. A inscrição estadual é São: Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ); Alvará de Funciona- imprescindível para empreendimentos que pretendem circular mercado- mento; Inscrição Estadual; e Licença Ambiental. Podem ser necessários rias e, consequentemente, serão contribuintes do Imposto Sobre a Circu- outros registros além destes, dependendo da atividade a ser desenvolvida. lação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 28 29 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

PROGRAMA ESTADUAL DE AGROINDÚSTRIA 19. Quais documentos são necessários para se cadastrar no PEAF como pessoa física? FAMILIAR NO RIO GRANDE DO SUL Este processo deve ser encaminhado junto a um escritório municipal da O Programa foi instituído para desenvolver a agroindústria familiar de pe- Emater. Os documentos necessários são: Atestado de Cadastramento no - Programa; cópia do RG (carteira de identidade); cópia do CPF; Inscrição mária, melhorando a renda e as condições gerais de vida de suas famílias, Estadual; e extrato da Declaração de Aptidão do PRONAF (DAP). bemqueno como, porte contribuir a fim de proporcionarpara o desencadeamento a agregação de de um valor processo à produção de desen pri- volvimento socioeconômico em nível municipal, regional e estadual. 20. Quais documentos são necessários para cadastrar uma cooperativa ou associação no PEAF? Há duas possibilidades para um empreendimento se credenciar junto ao Programa Estadual de Agroindústria Familiar (PEAF) no Rio Grande do No caso de pessoa jurídica, seja uma cooperativa ou uma associação, os Sul: solicitar o cadastro e a inclusão ou solicitar só a inclusão, se for esta- documentos necessários são cópias: do extrato de DAP jurídica; do CNPJ; belecimento elaborador de bebidas. e da Inscrição Estadual. Foto: Acervo Centro Ecológico 17. Como se faz o cadastro junto ao Programa Estadual Caso a estrutura da cooperativa ou associação seja utilizada apenas para de Agroindústria Familiar? processar os produtos enquanto a O pedido de cadastro para o vínculo do agricultor familiar no PEAF é a pri- venda é efetuada pelo próprio coo- meira etapa do processo, quando a agroindústria ainda não está formaliza- perado ou associado (microprodutor da. O agricultor familiar necessita do número do cadastro para acessar os - serviços do Programa e encaminhar o licenciamento sanitário e ambiental. dutor rural, é necessário anexar do- rural) pessoa física, via bloco de pro O Atestado de Cadastramento é o documento emitido pela Secretaria de cumentos pessoais dos associados: Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR) e é o documento RG, CPF e Cópia do número de Inscri- ção Estadual (disponivel no bloco de pelo licenciamento sanitário e ambiental, em substituição ao CNPJ. produtor). Tachos com mexedor mecânico exigido do produtor rural, como pessoa física, pelos órgãos responsáveis 18. Como se faz a inclusão junto ao Programa Estadual 21. Quais documentos são necessários para a inclusão de Agroindústria Familiar? no Programa? O pedido de inclusão da agroindústria familiar no PEAF deverá ser reali- - zado pelo agricultor familiar depois que sua agroindústria já tenha sido cumento de licenciamento ambiental; cópia da análise de potabilidade de Para inclusão no PEAF são necessários: ofício de solicitação; cópia do do licenciada no órgão sanitário e ambiental competentes. água; cópia do documento de licenciamento sanitário (para produtos de A inclusão - origem animal, é o registro no Serviço de Inspeção Municipal, Estadual cidos pelo Programa, que constam no manual operativo do programa, tais ou Federal; para produtos de origem vegetal, é o alvará sanitário concedi- como: participação no PEAF em permite cursos eao eventos beneficiário de comercialização, o acesso aos serviçosuso do selo ofere Sa- bor Gaúcho e assistência técnica. Para microprodutores rurais, permite a co- do pela vigilância sanitária municipal ou pela Coordenadoria Regional de mercialização dos produtos processados usando o talão de produtor rural. Termo de Autorização de Uso do Selo ‘Sabor Gaúcho’. Saúde/SES; e, para bebidas, é o registro de estabelecimento no MAPA); e 30 31 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

O ENQUADRAMENTO FISCAL DE UM Tanto a opção da modalidade jurídica como a opção do sistema de tribu- tação mais adequadas para a empresa devem ser analisadas sob um viés EMPREENDIMENTO que contemple legalidade e economicidade, sendo recomendado que se - -tributária. busque o auxílio de um profissional da área de contabilidade ou jurídico deverá ser tratada a tributação (pagamento de impostos) de suas opera- ções.O enquadramento A amplitude fiscalda legislação de um empreendimento tributária brasileira refere-se não permite à forma que como se 25. O agricultor ou agricultora familiar que for dono(a) trate, nesta cartilha, de detalhes sobre este assunto pois a tributação de de um empreendimento agroindustrial perde a condição cada empreendimento é determinada por uma série de elementos que a de segurado(a) especial para fins da previdência social ?

22.constituem Existem e, ainda, enquadramentos de especificidades diferenciados de cada operação pararealizada. uma - peitadoNão necessariamente. o estabelecido A nesse Medida novo Provisória dispositivo, 619/2013, o trabalhador convertida rural na nãoLei agroindústria? 12.873/2013, incluiu o parágrafo 14 ao artigo 12 da Lei 8.212/1991. Res - perdeO parágrafo a condição 14 diz de que segurado a participação especial do para segurado fins da especialprevidência em sociedadesocial. Em relação a benefícios fiscais e tratamento fiscal diferenciado, a Lei Comple- empresária, em sociedade simples, como empresário individual ou como mentar 123/2006, que instituiu o Estatuto das Microempresas e Empresas- titular de empresa individual de responsabilidade limitada de objeto ou colhimentode Pequeno dePorte tributos, (ME e denominado EPP), define queSIMPLES as empresas NACIONAL, com quefaturamento tem alíquotas anu - progressivasal de até R$ 3,6 para milhões o tributo podem de acordo se enquadrar com a receita num regime da empresa, simplificado englobando de re - âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microem nesse recolhimento uma série de tributos federais, estaduais e municipais. goria previdenciária. Isto, desde que, mantido o exercício da sua atividade presa nos termos da Lei Complementar 123/2006, não o exclui de tal cate - de segurados de igual natureza e tenha sede no mesmo município ou em municípiorural conforme vizinho a Lei àquele 8.212/1991, em que eles a pessoa desenvolvam jurídica suascomponha-se atividades. apenas estáOutra condicionada característica apenas da lei aoé simplificar faturamento procedimentos anual da empresa, e obrigações mas também aces sórias das empresas. A adesão a esse sistema simplificado, porém, não pela empresa ou mesmo a condição pessoal de algum dos seus sócios. REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL a alguns critérios específicos, como por exemplo, a atividade desenvolvida 23. E existem enquadramentos diferenciados para uma Até 2010, muitos empreendimentos agroindustriais de pequeno porte sociedade cooperativa? não tinham licenciamento ambiental, apesar de estarem regulamentados Da mesma forma, para uma sociedade cooperativa há previsão legal de - de 2010, é indispensável ter o licenciamento ambiental. pela Resolução 237/97 do CONAMA e, portanto, precisarem dele. A partir posto de Renda, de Contribuição Social e outros tributos para as opera- çõesuma mercantissérie de benefícios realizadas fiscais. com os Entre seus eles, cooperados. por exemplo, a isenção de Im 26. O que é o Licenciamento Ambiental? Segundo essa Resolução do CONAMA, o Licenciamento Ambiental é um 24. Quem pode ajudar a definir a melhor modalidade procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente jurídica e o melhor sistema de tributação de uma licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendi- agroindústria? mentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas 32 33 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer for- da Federação; ou quando tem impacto que afete um país vizinho; ou quan- ma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições do afeta reserva indígena ou unidade de conservação da União; e quando legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. estiver localizada em qualquer área de domínio da União.

27. Então, uma agroindústria familiar de base ecológica 31. Quando o órgão responsável pelo Licenciamento precisa ter Licenciamento Ambiental? Ambiental é o estadual? - O órgão estadual é responsável quando a agroindústria afeta mais de um mentos que necessitam de licenciamento. Nesse anexo estão listadas as munícipio, está localizada em áreas de domínio do Estado; quando está es- Sim. A Resolução 237/97, em seu Anexo I, define quais os empreendi tabelecida em mais de um município (várias unidades do mesmo empren- torrefação e fabricação de produtos alimentares; matadouros, abatedou- dimento em mais de um município) ou quando, excepcionalmente, o mu- indústrias de: produtos alimentares e bebidas; beneficiamento, moagem, nicípio não possui ou não tem competência sobre o potencial do impacto. conservas; preparação de pescados e fabricação de conservas de pesca- ros, frigoríficos, e derivados de origem animal; fabricação de 32. Quando o órgão responsável pelo Licenciamento - Ambiental é o municipal? çãodos; de preparação, cervejas, chopes beneficiamento e maltes; efabricação industrialização de bebidas de leite não ealcoólicas; derivados; e Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes fabricação dee refinação bebidas alcoólicas.de açúcar; fabricação de vinhos e vinagre; fabrica da União, dos Estados e do Distrito Federal, quando couber, o licenciamen- to ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental lo- 28. Quais os aspectos do estabelecimento que estão cal e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado, por instrumento legal sujeitos a obter um Licenciamento Ambiental? ou convênio. Diversos aspectos dependem de prévio licenciamento do órgão ambien- tal competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis: a 33. Que tipos de licenças ambientais uma agroindústria precisa ter? empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais con- Uma agroindústria precisa ter três tipos de licença: Licença Prévia (LP), sideradaslocalização, efetiva construção, ou potencialmente instalação, ampliação, poluidoras, modificação bem como e osoperação empreen de- Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO). dimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental. 34. O que é a Licença Prévia? 29. Qual é o órgão responsável pelo Licenciamento Ambiental? A Licença Prévia (LP) é concedida na fase preliminar do planejamen- to do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e con- Dependendo do tipo de agroindústria e da localização, pode ser o IBAMA, cepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos o órgão estadual (a FEPAM no Rio Grande do Sul), ou um órgão municipal. básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. 30. Quando o órgão responsável pelo Licenciamento Ambiental é o IBAMA? 35. O que é a Licença de Instalação? O IBAMA é responsável pelo Licenciamento Ambiental quando a agroin- A Licença de Instalação (LI) autoriza a instalação do empreendimen- dústria tem grande impacto potencial ou que afete dois ou mais Estados 34 35 to ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle am- biental, e demais condicionantes que constituem motivos determinantes. estabelece os procedimentos a serem adotados para o licenciamento am- Este processo está regulamento pela Resolução 385/06 do CONAMA que biental de agroindústrias de pequeno porte e baixo potencial de impacto 36. O que é a Licença de Operação? ambiental. A Licença de Operação (LO) autoriza a operação da atividade ou empre- 40. Para efeito dessa Resolução, o que é uma licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionan- agroindústria de pequeno porte e baixo potencial de endimento,tes determinadas após a para verificação a operação. do efetivo cumprimento do que consta das impacto ambiental?

37. Como proceder para encaminhar o Licenciamento Para efeito dessa Resolução, uma agroindústria de pequeno porte e baixo potencial de impacto ambiental é todo o estabelecimento que: tenha área Ambiental? - nientes de explorações agrícolas, pecuárias, pesqueiras, aquícolas, extrati- empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessá- construída de até 250 m²; e beneficie e/ou transforme produtos prove Ter a definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do rios ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser - requerida; e apresentar o requerimento da licença ambiental pelo empre- vistas e florestais não madeireiros, abrangendo desde processos simples, como secagem, classificação, limpeza e embalagem, até processos que in endedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais meio ambiente. pertinentes, dando-se a devida publicidade. É importante buscar apoio de cluem operações físicas, químicas ou biológicas, de baixo impacto sobre o 41. Quais são os documentos necessários para o Licenciamento. um profissional da área ambiental para auxiliar a montar o processo de Licenciamento Único? 38. Os licenciamentos têm prazo de validade? É necessário apresentar: requerimento de licença ambiental; projeto contendo descrição do empreendimento, contemplando sua localiza- Sim, cada licenciamento tem uma validade diferente: a LP vale por 5 anos, ção, bem como o detalhamento do sistema de Controle de Poluição e desde que prevista no projeto; a LI, por 6 anos, desde que prevista no pro- - (ART); certidão de uso do solo expedida pelo município; comprova- dimento ou pelo seu impacto potencial. Efluentes, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica jeto; e a LO vale de 4 a 10 anos, definidos pela complexidade do empreen ção de origem legal quando a matéria-prima for de origem extrativista, 39. É possível ter um processo de licenciamento mais quando couber. simplificado? 42. Se a agroindústria estiver cadastrada no Programa Sim, a Resolução prevê que poderá ser admitido um único processo de Estadual de Agroindústria Familiar tem algum licenciamento ambiental, chamado de Licenciamento Único (LU) ou Licen- diferencial para o Licenciamneto Ambiental? ciamento de Instalação e Operação (LIO), para pequenos empreendimen- tos e atividades similares e vizinhas ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados previamente pelo órgão governamental deverá ser encaminhado pelo escritório municipal da Emater, no municí- O processo é o mesmo definido da Resolução 385/06, porém o processo pio onde está localizada a agroindústria e esta deve estar cadastrada no empreendimentos ou atividades. PEAF. competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de 36 37 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

REGISTRO DE ESTABELECIMENTOS PROCESSADORES 45. Como são enquadrados os produtos alimentícios de competência do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária? DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL E SEUS Os produtos alimentícios de competência do Sistema Nacional de Vigi- PRODUTOS lância Sanitária são enquadrados em três categorias: produtos isentos de - - obrigatoriedade de registro sanitário de acordo com a Resolução/ANVISA tria familiar precisa se reportar a três órgãos (ANVISA, MAPA-DIPOV e riedade de registro sanitário; e produtos isentos de registro sanitário e RDC 27/2010 e sujeitos à notificação eletrônica; produtos com obrigato MAPA-DIPOA)A regularização apenas sanitária para é aum sua grande regularização desafio. sanitária, Uma mesma sem agroindúscontar exi- - dispensados de notificação eletrônica. - 46. Quais os produtos isentos de obrigatoriedade de riagências é realizada de órgãos pelos fiscais órgãos e ambientais, de saúde, representados por exemplo. por Isso meio torna da extrema Agência registro sanitário de acordo com a Resolução/ANVISA mente difícil a legalização deste setor produtivo. A regularização sanitá RDC 27/2010 e sujeitos à notificação eletrônica?

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde (MS); Sanitárias. obrigatoriedade de registro e, adicionalmente, dispensados da necessida- das secretarias estaduais e municipais de saúde, através das Vigilâncias deDe deacordo informar com o a início Resolução de fabricação: n° 23/2000, estão também dispensados da 43. Que tipos de produtos são fiscalizados por quais • As matérias-primas alimentares; órgãos? • Os alimentos in natura; - • Os aditivos alimentares inscritos na Farmacopeia Brasileira; • Os aditivos alimentares utilizados de acordo com as Boas Práti- Sucos e bebidas e vinagres são fiscalizados pelo MAPA. Alimentos são fis- cas de Fabricação; riacalizados Municipal. pela ANVISA, pela Vigilância Sanitária Estadual (VISA), realizada pelas Coordenadorias Regionais de Saúde (SES), e pela Vigilância Sanitá • Os aditivos alimentares dispensados de registro pelo órgão 44. O que é necessário fazer para conseguir o Alvará competente do Ministério da Saúde; Sanitário? • Os ingredientes alimentares para utilização industrial; • - O primeiro passo é encaminhar o processo de registro da agroindústria feitaria, de doceria, de rotisseria e de sorveteria, quando exclu- sivamenteOs produtos destinados de panificação, à venda de direta pastifício, ao CONSUMIDOR, de pastelaria, efetuada de con procedimentos podem variar de acordo com as determinações de cada em balcão do próprio PRODUTOR, mesmo quando acondiciona- UTRA.conforme a origem do produto, de acordo com o órgão fiscalizador. Estes No Rio Grande do Sul, deve ser requerido nas Coordenadorias Regionais sua comercialização. - dos em recipientes ou embalagens com a finalidade de facilitar mento; endereço completo e telefone para contato; cópia do cadastro do 47. Quais os produtos com obrigatoriedade de registro deCNPJ; Saúde e atividade (CRS), através a ser desenvolvida. de ofício contendo: Razão Social do empreendi sanitário? A partir da emissão do Alvará Sanitário, é necessário encaminhar a regu- Os alimentos e embalagens com obrigatoriedade de registro sanitário larização dos produtos a serem processados. são: alimentos com alegações de propriedade funcional e ou de saúde; 38 39 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

alimentos infantis; alimentos para nutrição enteral; embalagens novas de Peticionamento e Arrecadação Eletrônico, da Anvisa; as orientações - necessárias ao procedimento eletrônico estão disponíveis no Sistema de cias bioativas e probióticos isolados com alegação de propriedades fun- Peticionamento e Arrecadação Eletrônico, constante no Portal da Anvisa; tecnologiascional e ou de (recicladas); saúde. novos alimentos e novos ingredientes; e substân

48. Quais os isentos de registro sanitário e dispensados a notificação só é válida quando finalizada e gerado o número de protocolo- de notificação eletrônica? on-line; a publicidade da notificação fica assegurada por meio de divulgação mesmos,no portal devendoda Anvisa; possuir a empresa dados detentora comprobatórios da notificação que atestem é responsável a qualidade, pe A grande maioria dos produtos da agrosociobiodiversidade estão enquadra- segurança,los produtos idoneidade notificados dos e por respectivos todas as informaçõesdizeres de rotulagem, prestadas bem relativas como aos os dos nesta categoria. Os alimentos e embalagens isentos da obrigatoriedade requisitos técnicos estabelecidos na legislação vigente; a empresa detentora - e produtos para adoçar, desde que os edulcorantes e veículos estejam pre- de registro sanitário conforme a RDC Nº 27/2010 da ANVISA são: açúcares registroda notificação deve ser deve realizada renovar previamente a notificação à a comercialização cada cinco anos, destes enquanto produtos. o pro duto estiver sendo comercializado; e a notificação de produtos isentos de fermentosvistos em regulamentosquímicos; adoçantes técnicos dietéticos; específicos; águas aditivos adicionadas alimentares, de sais; desde água 50. O agricultor (a) familiar, microempreendedor mineralque estejam natural previstos e água em natural; regulamentos alimentos técnicos e bebidas específicos, com informação incluídos nu os- tricional complementar; alimentos para controle de peso; alimentos para individual ou empreendimento econômico solidário dietas com restrição de nutrientes; alimentos para dietas com ingestão con- pode obter regularização sanitária de sua agroindústria? trolada de açúcares; alimentos para gestantes e nutrizes; alimentos para Em 2013, a ANVISA publicou uma Resolução de Diretoria Colegiada, a idosos; alimentos para atletas; balas, bombons e gomas de mascar; café, RDC 49, que estabelece as normas para a regularização do exercício de cevada, chá, erva-mate e produtos solúveis; chocolate e produtos de cacau; coadjuvantes de tecnologia, incluindo os fermentos biológicos e as cultu- individual; empreendimentos econômicos solidários; e empreendimento ras microbianas; embalagens; enzimas e preparações enzimáticas, desde familiaratividades rural. que sejam objeto de sua fiscalização para: microempreendedor

- que previstas em regulamentos técnicos específicos, inclusive suas fontes 51. Como se faz a comprovação do tipo de mentos; especiarias, temperos e molhos; gelados comestíveis e preparados empreendimento? parade obtenção, gelados comestíveis;e que atendam gelo; às misturasespecificações para oestabelecidas preparo de alimentos nestes regula e ali- mentos prontos para o consumo; óleos vegetais, gorduras vegetais e cre- • me vegetal; produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos; produtos pro- da Condição de Microempreendedor Individual (CCMEI); Para microempreendedor individual: por meio do Certificado teicos de origem vegetal; produtos de vegetais (exceto palmito), produtos • Para o empreendimento familiar rural, por meio da Declaração de frutas, e cogumelos comestíveis nas formas de apresentação: inteiras, de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricul- fragmentadas, moídas e em conserva; vegetais em conserva (palmito); sal; tura Familiar (DAP); • Para empreendimento econômico solidário, por meio de uma sal hipossódico ou sucedâneos do sal; suplemento vitamínico e ou mineral. das seguintes declarações: do sistema de Informações em Eco- 49. Como é feita a notificação eletrônica? nomia Solidária; do Conselho Nacional, ou Estadual, ou Munici- pal de Economia Solidária; da Declaração de Aptidão ao Progra- de Alimentos Isentos de Registro Sanitário da ANVISA, de 2012: as noti- ma Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Pessoa Segundo o Manual do Usuário: Peticionamento Eletrônico de Notificação Jurídica (DAP). 40 41 ficações serão realizadas exclusivamente na forma eletrônica, no Sistema AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

52. Onde podem ser construídos os empreendimentos? e. Pagar a taxa de alvará de funcionamento emitida pela prefeitura municipal; Os empreendimentos poderão ser instalados em locais onde não haja a regularização fundiária, residência ou local da atividade produtiva, desde f. Elaborar os Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs); que resguardadas as boas práticas de fabricação e atendida a questão de g. Apresentar laudo de empresa habilitada para limpeza de caixa risco sanitário adequado. Para a regularização é necessária a anuência dos d’agua e controle de pragas; h. Preencher requerimento (disponível no endereço ) e juntar os com 53. Qual é o custo do Alvará? i. Ter Manual de Boas Práticas.

57. O que pode ser cobrado em uma fiscalização de Os empreendimentos objeto da Resolução RDC 49/2013, bem como seus produtos de origem vegetal? produtos e serviços, ficam isentos do pagamento de taxas de vigilância Condições do prédio, produção de produtos não autorizados (sem comu- 54.sanitária, Se as nos atividades termos da legislação e/ou produtos específica necessitarem(Lei 13.001/2014). nicação de início de fabricação), sanidade do produto pronto, condições de responsável técnico, quem poderá prestar esta de armazenamento, documentos de controle (POPs, caixa d’agua, pragas, assessoria? manual de boas práticas). - 58. Como é possível se enquadrar no Programa Estadual habilitadosProfissionais na habilitados área de órgãos governamentais e não governamen de Agroindústria Familiar? tais, exceto agentes de fiscalização sanitária, ou profissionais voluntários Para participar no Programa é necessário atender os seguintes requisitos: 55. Onde registrar unidades produtoras e produtos de origem vegetal? 1. Possuir a Declaração de Aptidão ao Programa Nacional de For- talecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) – DAP, conforme Devem ser registradas nas Delegacias Regionais da Saúde e em alguns 2. Ter acompanhamento da assistência técnica oferecida pelo Pro- Município. Lei Federal nº 11.326/2006; municípios que oferecem o serviço de registro na Vigilância Sanitária do grama; 56. Por onde começar o registro de produtos de origem 3. Regularizar o licenciamento sanitário e ambiental do empreen- dimento durante o processo de cadastramento, caso ainda não vegetal? o possuir; a. Fazer um projeto de construção ou de adequação do prédio já 4. existente, indicando a função de cada ambiente (planta baixa e práticas de fabricação e processamento de alimentos; cortes); Participar do processo de qualificação nas áreas de gestão, boas 5. Os agricultores devem, preferencialmente, pertencer a organi- b. Providenciar o licenciamento ambiental; zações de agricultores familiares; c. Providenciar laudo de potabilidade de agua a ser utilizada; 6. Quando a agroindústria for composta por grupo de agriculto- d. Capacitar um responsável legal pela unidade; res, a organização deverá apresentar no mínimo 70% de seus 42 43 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

integrantes com DAP; o grupo deve utilizar matéria-prima pro- em diferentes órgãos – ANVISA, MAPA-DIPOV e MAPA-DIPOA, com um duzida pelos seus membros; a agroindústria deve situar-se nas comunidades rurais onde residam os componentes do grupo, ou compreensão para as famílias produtoras. próximo a elas. conjunto enorme de portarias, normativas, resoluções, de difícil acesso e O processamento dos produtos da agricultura familiar tem suas caracte- 59. Que direitos a família agricultora tem com o PEAF? - tárias vigentes. Os altos investimentos para a construção das instalações, São eles: apoio na implantação e legalização das Agroindústrias Familiares arísticas necessidade e especificidades de técnicos que e especialistas não são levadas para darem conta danas burocracia normas sani de- e das Agroindústrias Familiares de Pequeno Porte de Processamento Ar- mandada e, ainda, agricultores e agricultoras tendo que abrir mão de sua tesanal: assistência técnica na elaboração e no encaminhamento de proje- habilidade para produção primária e processamento para se dedicar às tos de crédito, sanitário e ambiental e da legalização tributária; formação exigências se apresentam como uma barreira para o acesso da agricultura familiar à legalidade no que se relaciona ao processamento dos produtos Agroindústria Familiar; Licenciamento Ambiental; elaboração e adequação da agrosociobiodiversidade. detécnica layout dos de beneficiários rótulos; apoio vinculados à promoção no cadastro e à comercialização do Programa dos Estadual produtos de das agroindústrias familiares: locação e disponibilização de espaços públi- 63. É possível ter 2 registros distintos no mesmo prédio/ agroindústrias familiares incluídas no Programa, assim como, da inserção endereço? decos seus e/ou produtos privados nas em comprasfeiras, eventos governamentais; e pontos de vinculação comercialização da agroindús para as- tria familiar incluída no PEAF junto ao sistema de cadastro de contribuintes de forma que não ocorra cruzamento de processos. Sim, é possível, desde que esteja devidamente separado, por meio físico ou selo ‘Sabor Gaúcho’ nos rótulos dos produtos da agroindústria familiar. da Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul; e uso da marca/ REGISTRO DE ESTABELECIMENTOS ELABORADORES 60. Ao aderir ao Programa quais são os deveres e DE BEBIDAS E SEUS PRODUTOS obrigações? É necessário cumprir com as normas sanitárias e comercializar a produ- As legislações pertinentes para registro de estabelecimentos produtores ção com talão de produtor. de bebidas são dispersas em varias Leis, Decretos, Normativas e Portarias que, por terem uma base legal bastante antiga, ainda sofrem processos 61. Que tipos de cuidados é preciso ter ao propor ou de revogações, alterações, complementações e vinculações a outras tantas elaborar um novo produto? Legislações. É necessário cuidar a origem da matéria-prima quanto à qualidade e dis- ponibilidade, sanidade, riscos de contaminação e aceitação do produto agroindústrias. Este fato dificulta a interpretação e, por consequência, a regularização das pelo mercado. 64. Onde registrar unidades produtoras e produtos de 62. Quais as principais dificuldades de adequar a bebidas? realidade às exigências sanitárias legais? O setor de bebidas tem que ser registrado no MAPA, mais precisamente na A legislação sanitária está construída para a produção agroindustrial de divisão de bebidas da Superintendência Federal de Agricultura (SFA), nas capitais dos estados, ou ainda nas unidades regionais do MAPA (UTRAs). 44 45 grande escala e existe uma pulverização da normatização e da fiscalização AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

65. Por onde começar o registro de estabelecimento de Pode ser um engenheiro agrônomo, engenheiro de alimentos, engenheiro elaboração de bebidas? químico, enólogo ou nutricionista. a. Procurar um responsável técnico; 69. É necessário ter o Manual de Boas Práticas de b. Fazer um projeto de construção ou adequação do prédio já Fabricação e o Plano de Operações Padrão? existente, indicando a função de cada ambiente (planta baixa e cortes); Sim, é necessário ter de todas as atividades do estabelecimento, senão não será possível registrar o estabelecimento ou renovar o alvará. c. Elaborar o memorial descritivo da obra (com descrição deta- lhada do terreno e de cada ambiente) e memorial descritivo de 70. Onde se consegue um modelo do Manual de Boas equipamentos; Práticas e do Plano de Operações Padrão? d. Providenciar o licenciamento ambiental; e. Providenciar laudo de potabilidade da água a ser utilizada; Na área de abrangência dos Núcleos Serra e Litoral Solidário da Rede Eco- vida, o Centro Ecológico disponibiliza os modelos dos manuais, para se- f. Preencher os formulários de registro de estabelecimento; rem preenchidos conforme a realidade de cada estabelecimento. g. Juntar os documentos e anexar um requerimento de registro de 71. Que tipos de coisas podem ser cobradas em uma fiscalização de bebidas? 66. Por ondeestabelecimento começar endereçado o registro à UTRA de produtos ou SFA-RS/MAPA. enquadrados como bebidas? - ção dos produtos, rótulos inadequados ou não registrados, condições ina- a. Desenvolver um rótulo adequado à legislação vigente; dequadasSe for identificada do prédio, a equipamentosocorrência de adulteraçãoinadequados ou e produtosalteração semda composi registro. b. Encaminhar uma análise do produto a um laboratório creden- - 72. Que tipo de produto se enquadra nos registros de dade e Qualidade (PIQs) exigidos por lei; bebidas? ciado e verificar se está de acordo com seus Padrões de Identi c. Apresentar os Memoriais Descritos de Elaboração do Produto, Neste grupo estão todos os sucos, os néctares, os vinhos e as polpas de de Composição e de Envase; frutas, os fermentados alcoólicos, os destilados alcoólicos e xaropes sem d. Preencher os formulários de solicitação de registro de produto; e. Juntar a documentação e anexar um requerimento de registro vegetais e os mistos, de frutas com outros vegetais ou de vegetais com de produto endereçado ao MAPA. produtosfinalidade de medicamentosa, origem animal. bem como os processados a partir de outros

67. Qual a validade de um registro de bebidas ou 73. É possível registrar um estabelecimento de bebidas estabelecimento? no PEAF? O registro tem validade de 10 anos, após os quais deve ser renovado. Segundo a atual legislação de bebidas, é necessário ter um CNPJ para po- der registrar um estabelecimento no MAPA, porém o PEAF permite que 68. Quem pode ser o responsável técnico, quando o caso agroindústrias familiares processadoras de bebidas venham a se cadas- exigir? trar no programa e usufruir de seus direitos. 46 47 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Regularizando um empreendimento agroindustrial de base ecológica

74. Qual a estrutura física mínima necessária para ter f. - sualização das atividades a serem desenvolvidas; um estabelecimento produtor de bebidas? Ter iluminação natural ou artificial que garanta uma perfeita vi g. Garantir uma ventilação adequada de todos os ambientes; Isto depende de que volumes são processados e que tipo de equipamentos serão necessários. O tamanho da área deve ser condizente com a área ocu- h. Ter aberturas dotadas de tela milimétrica anti-inseto e portas pada com os equipamentos e deve permitir, ainda, a tranquila utilização i. Ter lavatórios e lava-botas com acionamento por pedal ou au- destes equipamentos. com fechamento automático por mola ou braço mecânico; tomático; De forma geral, é preciso contar com: uma área de recepção e pesagem j. Deverá haver separação integral e inconfundível entre as depen- (geralmente é nesta área que é feita a moagem ou o desengace, no caso dências. Os sanitários não poderão comunicar-se diretamente da uva); uma área de processamento; uma área de envase; um depósito; com as salas de processamento e depósitos de alimentos, mas

destino de resíduos e efluentes. 75. Em que casos são necessários outros ambientes além 77. Quaissomente equipamentos por antecâmaras. são necessário para um dos já listados? estabelecimento de bebidas? Serão necessários outros ambientes em estabelecimentos de processa- Depende do tipo de produto a ser elaborado. Estes equipamentos devem mento múltiplo, de volumes maiores e com trabalhadores de fora da uni- dade familiar. preferencialmente, em aço inoxidável. É necessário, pelo menos: ser construídos segundo especificações técnicas adequadas a seu uso e, Estes ambientes são: vestiários e banheiros; depósitos de insumos; depó- • equipamentos para o preparo da matéria-prima, como desen- sitos de vasilhame e caixaria; depósitos de produtos de limpeza e desin- gaçadeiras, moendas, cortadores, espremedores, equipamentos fecção; expedição; e escritório para a administração. - mação inicial da matéria-prima; de seleção ou classificação, conforme a necessidade de transfor 76. Há algum cuidado especial em relação à construção • equipamentos de processamento, como extratores de suco, fer- das estruturas físicas? mentadores, tanques de estocagem, decantadores, tanques de Sim, há normas de construção que devem ser seguidas: - rolhadeiras. a. Área condizente com os equipamentos utilizados; estabilização, envasadoras, tampinhadoras/rosqueadoras/ar Ainda é necessário, conforme os volumes e os tipos de produtos a serem b. elaborados, ter aquecedores (geradores de calor ou vapor), bombas de lí- c. Ter piso feito com materiais lisos impermeáveis, resistentes e Garantir fluxo contínuo do processo de elaboração; quidos ou de produtos viscosos, lavadoras e enxaguadoras. - - mento;laváveis, sem ângulos retos na junção com as paredes, com co letores de efluentes gerados na limpeza e a partir do processa d. Ter paredes em material lavável pelo menos até a altura de risco de grande sujidade (no mínimo, 2 metros); e. para garantir uma boa circulação de ar; Ter forro lavável em PVC ou alvenaria, com pé direito suficiente 48 49 Boas práticas no processamento agroindustrial

Por vezes temos matérias-primas de muito boa qualidade, agroindústrias bem estruturadas, com equipamentos de última geração, mas se não ti-

tudo a perder. vermos pessoas bem qualificadas para elaborar os produtos podemos por Não é apenas com conhecimento técnico ou de manipulação das receitas que se faz um bom produto, também é necessário ter cuidados de como vai ser o processamento. Estes cuidados são chamados de boas práticas e, por vezes, são determinantes para ter um produto de qualidade. CUIDADOS E SELEÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

- cesso na agroindustrialização, pois as suas características no momento da A escolha da matéria-prima é um fator de extrema importância para o su-

impossívelcolheita determinarão transformar a uma qualidade matéria-prima do produto de máfinal. qualidade A partir emda matériaum bom produto.-prima de boa qualidade é possível obter um bom produto final, mas é

Seleção de açaí antes do processamento – Agroindústria Amadecom 51 Foto: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

78. Como deve ser a escolha da matéria-prima a ser Os microrganismos são seres muito pequenos que só podem ser vistos empregada na agroindústria? com equipamentos especiais e, encontrando condições satisfatórias, mul- tiplicam-se muito rapidamente. Eles deterioram o alimento do ponto de Os produtos devem estar frescos e em bom estado, isentos de fungos e vista organoléptico (cor, sabor, aroma e textura) e sanitário. Alguns são livres de sinais de deterioração. O estado de maturação deve ser uni- inofensivos à saúde, mas outros são patogênicos e apresentam riscos de forme, pois misturar frutos ainda verdes com maduros pode prejudicar infecção ou intoxicação ao consumidor.

impossibilita o uso do excesso da produção (não confundir com ‘res- 81. Que tipos de microrganismos podem trazer mais o produto final, da mesma forma que usar frutos já ‘passados’. Isto não riscos? do processamento. tos’), tornando a classificação do produto uma etapa importante antes Os microrganismos que trazem maiores riscos são bactérias, fungos. 79. Além da seleção, que outros cuidados preciso ter com a matéria-prima? 82. Quais tipos de bactérias podem trazer riscos? Clostridium botulinum - merece a maior atenção, pois produz toxinas A qualidade da matéria-prima não se refere apenas ao produto a ser pro- que causam intoxicação alimentar, denominada de botulismo. Os sintomas aparecem sob a forma de alterações digestivas, transtornos visuais e ner- - vosos, podendo até provocar morte do paciente em 72 horas. coscessado terão mas uma também melhor aqualidade como ele efoi maior cultivado. aceitação Isto significano mercado. que alimentos produzidos ecologicamente, ou seja, sem adubos químicos e/ou agrotóxi Este microrganismo é capaz de formar esporos, isto é, uma forma de vida Para termos esta garantia, precisamos trabalhar com matéria-prima de que se assemelha às sementes das plantas, como um estágio de dormên- origem conhecida e garantida pelos agricultores e grupos envolvidos com cia, que permite a sobrevivência sob condições desfavoráveis. Quando en- esta proposta. contra condições ideais de crescimento, pode produzir a poderosa toxina. Estes esporos são encontrados em todos ambientes, como água e solo, CUIDADOS COM AS CONTAMINAÇÕES portanto, qualquer matéria-prima pode estar contaminada por ele. MICROBIOLÓGICAS Salmonelas - são bactérias aeróbicas (respiram oxigênio) e se alimentam - sentes no solo, no ar, na água, em águas residuais, nos animais, nos seres Os microrganismos possuem papéis importantes na agroindustrialização humanos,de substâncias nos alimentos, orgânicas, nasespecialmente fezes, nos equipamentos. açúcar e amido. Entretanto Podem estar seu pre ha- de alimentos. Por vezes de forma positiva, contribuindo nas fermentações bitat natural é o trato intestinal de seres humanos e dos animais. e nas maturações, por exemplo, e outras vezes, deteriorando os alimentos e trazendo riscos à saude. Cresce em pH entre 4,5 e 8,0 (com ótimo entre 6,0 e 7,5) e temperatura entre 5 e 46°C (com ótimo entre 35 e 37°C). Por isto é fundamental conhecer o que são e como controlá-los ou usá-los Escherichia - do grupo dos coliformes, tendo como habitat o trato intestinal do homem e outros animais. É indicador de contaminação com fezes e pode 80.em nosso O que benefício. é necessário saber sobre ‘microbiologia’ para realizar o processamento de produtos da serBacillus reproduzir - são responsáveisem resíduos de pela alimentos produção e superfícies de ácidos edos até equipamentos. mesmo de gás, agrosociobiodiversidade com segurança? provocando o estufamento da embalagem. 52 53 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

83. Que tipos de fungos podem trazer riscos? 86. E em relaçao ao ar? Mofos ou bolores - são reconhecidos pelo seu aspecto semelhante ao al- Alguns microrganismos necessitam de ar para se desenvolverem, outros godão. Também podem se apresentar com aspecto gelatinoso. São, em sua se desenvolvem apenas na sua ausência e ainda há aqueles que crescem maioria, ‘aeróbicos’, por isto seu crescimento nos alimentos normalmente indiferentemente da presença ou ausência de ar. - São menos exigentes que as leveduras e bactérias em relação à umidade, mos podem se desenvolver. se limita à superfície que está em contato com o ar. Isto significa que mesmo em embalagens com vácuo, alguns microrganis

exemplo, para a produção de alguns tipos de queijo. 87. E em relação ao grau de acidez ou pH? pH, temperatura e nutrientes. Os bolores podem ser benéficos, como por Leveduras - crescem e se reproduzem mais rapidamente que os bolores. Outro fator capaz de determinar o crescimento, sobrevivência ou destruição dos microrganismos é o pH. O pH é medido em uma escala que vai de 0 a 14. Também são consideradas fungos e, quando usados de forma controlada,

de vinhos e cervejas, aguardentes e pão. Ou podem ser prejudiciais, pois pH 4,5 alteramseus efeitos sucos nos de alimentos frutas, xaropes podem e outrosser benéficos, alimentos. como para a elaboração

84. E de onde vêm os microrganismos que podem trazer riscos? 0 7 14 As bactérias e os fungos podem estar presentes naturalmente nos alimen- Ácido Neutro Alcalino tos ou podem contaminá-los durante o processamento, devido à manipu- • Alimentos não ácidos: pH superior a 6 não corretamente limpos, e à sua presença no ambiente. • Alimentos semiácidos: pH entre 4,5 e 6 lação inadequada, ao contato com equipamentos, superfícies e utensílios • Alimentos ácidos: pH inferior a 4,5 85. Quais são as exigências dos microrganismos com relação à temperatura? O limite de segurança ou linha de demarcação em relação ao pH situa-se no valor 4,5. Isto porque abaixo deste valor o Clostridium botulinum, que é Há bactérias que se desenvolvem a temperaturas baixas (0 a 20°C), po- a bactéria patogênica mais resistente encontrada nos alimentos, não con- dendo crescer em alimentos refrigerados. Muitas bactérias se adaptam a segue se desenvolver. temperaturas de 20° a 45°C.

Todos os microrganismos que afetam a segurança dos alimentos multipli- para o desenvolvimento destes microrganismos. Alimentos semiácidos, cam-se nesta faixa de temperatura, entre esses o Clostridium botulinum, comAlimentos pH superior ácidos a ou 4,5 acidificados necessitam de não processamento apresentam condições térmico muito favoráveis mais enquanto outros se desenvolvem em temperaturas mais elevadas, entre severo, com temperaturas mais altas ou tempos maiores. 45° e 60°C. Os processos de pasteurização ou enchimento a quente são métodos uti- Temperaturas acima da máxima durante o tratamento térmico (banho- lizados para garantir a estabilidade do alimento, mas não sua inocuidade, -maria) matam os microrganismos, e temperaturas inferiores à mínima ou seja, não controlam microrganismos. Não havendo acidez adequada ou inibem seu crescimento. 54 55 tratamento térmico suficiente torna-se necessário o uso de conservantes. AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

88. Como se dá a conservação de geleias ou doces em h. Processamento compatível com o tipo de matéria-prima que massa que não se adaptam a um cozimento excessivo? está usando; i. Esterilização das embalagens. Depende dos fatores discutidos anteriormente e da concentração do pro- duto e da quantidade de ingredientes a ele adicionados, como sacarose, 92. Quais os cuidados após o processamento? frutose e outros. Quanto maior a concentração e mais ingredientes adi- a. cionados, menor a quantidade de água disponível no produto e portanto Tratamento térmico adequado; menor probabilidade de crescimento de microrganismos, pois estes ne- b. Segurança da embalagem, evitando a reentrada de microrganis- cessitam de água para se desenvolver. mos após o fechamento; c. Manuseio cuidadoso da embalagem durante todo o processa- Fungos e leveduras são comuns devido à baixa exigência de água para se mento; desenvolver, mas são facilmente destruídos à temperatura de cocção. d. Condição sanitária da água do resfriamento; 89. Como controlar os microrganismos buscando e. Limpeza das bordas do recipiente durante o enchimento; garantir a qualidade do produto final? f. - mento; Exame final do produto final antes da rotulagem e encaixota - g. Limpeza dos equipamentos após o uso. mento. É necessário ter cuidados específicos antes, durante e após o processa 90. Quais os cuidados necessários antes do Agroindústria Morro Azul – embalagem de Doce de Banana Foto: Ana Luiza Meirelles processamento? Cuidados durante a colheita, transporte, recepção e estocagem da maté- ria-prima; e a qualidade da matéria-prima.

91. Quais os cuidados durante o processamento? a. Instalações adequadas; b. Uso de equipamentos adequados antes e após o processamento; c. Limpeza dos equipamentos durante o processamento; d. Limpeza da agroindústria e dos arredores; e. Higiene pessoal: lavar bem as mãos antes do inicio das ativida- des e após ir ao banheiro; unhas bem cortadas e limpas, sem es- malte, anéis, pulseiras ou relógios; estar em perfeitas condições de saúde; cabelos protegidos; f. Uso de guarda-pó e avental; g. Número de pessoas limitado para o trabalho; 56 57 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

BOAS PRÁTICAS, PRINCÍPIOS E LEGISLAÇÃO 95. Quais são as Boas Práticas de Fabricação necessárias de serem implementadas nas agroindústrias? Segundo a ANVISA, as Boas Práticas de Fabricação (BPF) abrangem um As BPF são requisitos essenciais necessários para garantir a qualidade da conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimen- - pas do processo produtivo. alimentícios com os regulamentos técnicos. matéria-prima e do produto final e devem ser aplicadas em todas as eta tos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos Os requisitos gerais e essenciais podem ser divididos em: 93. Existe legislação que regulamenta as BPF? a. Localização A legislação sanitária federal regulamenta essas medidas em caráter geral, b. Vias de acesso interno - c. tadas às indústrias que processam determinadas categorias de alimentos. d. Equipamentos e utensílios aplicável a todo o tipo de indústria de alimentos e em caráter específico, vol Edifícios e instalações e. Requisitos de higiene do estabelecimento 94. Qual a legislação geral que regulamenta estas f. Conservação medidas? g. Limpeza e desinfecção São várias portarias e uma resolução que regulamentam as BPF. h. Higiene pessoal e requisito sanitário Portaria MS 1.428/1993 - Precursora na regulamentação desse tema, i. Requisitos de higiene na produção essa Portaria dispõe, entre outras matérias, sobre as diretrizes gerais para j. Controle de alimentos o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e Prestação de Serviços na área de alimentos. (colocar na ordem cronológica). 96. Que cuidados complementares devem ser tomados? Portaria SVS/MS 326/1997 - Baseada no Código Internacional Reco- Desde a construção do prédio até ter o produto pronto, rotulado e armaze- nado esses requisitos listados anteriormente devem ser aplicados. VOL. A, Ed. 2 (1985), do Codex Alimentarius, e harmonizada no Mercosul, essamendado Portaria de Práticas:estabelece Princípios os requisitos Gerais gerais de sobreHigiene as doscondições Alimentos higiênico CAC/- Consideramos, também, que é fundamental um permanente processo de -sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos produ- capacitação junto aos agricultores e agricultoras envolvidos na produção, especialmente no que diz respeito às condutas e hábitos. É muito comum transferirmos atitudes domésticas para o ambiente de tra- tores/industrializadoresPortaria nº 368/1997 (MAPA)de alimentos. - Regulamento Técnico sobre as condi- ções higiênico-sanitárias e de boas práticas de elaboração para estabeleci- balho. Na verdade, deveria ser ao contrário – as boas práticas necessárias para o processamento serem apropriadas e levadas às nossas cozinhas.

mentosResolução elaboradores/ - RDC nº 275/2002 industrializadores - Essa Resolução de alimentos. foi desenvolvida com 97. Quais as boas práticas relacionadas à saúde o propósito de atualizar a legislação geral, introduzindo o controle con- e à higiene do trabalhador e trabalhadora das tínuo das BPF e os Procedimentos Operacionais Padronizados, além de agroindústrias? promover a harmonização das ações de inspeção sanitária por meio de São várias as boas práticas relacionadas à higiene e saúde dos responsá- veis pela produção e também do ambiente de trabalho. instrumento genérico de verificação das BPF. Portanto, é ato normativo 58 59 complementar à Portaria SVS/MS nº 326/97. AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

Todas as pessoas que tenham contato com o processo, matérias-primas, f. O uso de máscara para boca e nariz é recomendável para casos material de embalagem, produto em processo e produto terminado, equi- de manipulação direta de produtos sensíveis à contaminação. pamentos e utensílios, devem ser treinadas e conscientizadas a praticar as medidas de higiene e segurança recomendas visando proteger os alimentos 99. E quais as boas práticas relacionadas à higiene das roupas? g. O uniforme ou roupa externa (avental) deve ser de cor clara, de contaminaçõesFoto: Ana Luiza físicas, Meirelles químicas98. Então, e microbianas quais (poras boas microrganismos). práticas sem bolsos acima da cintura, inteiriço ou substituindo os botões relacionadas à saúde? por velcro; a. Os trabalhadores devem ser submeti- h. O uniforme deve ser mantido em bom estado, sem rasgos, par- dos a exames médicos adequados, devendo tes descosturadas ou furos e conservado limpo durante o traba- ser renovados periodicamente e após trata- lho e trocado diariamente; mento por enfermidade; i. - b. Nenhuma pessoa que esteja afetada por tico e a braguilha com ziper ou velcro; A calça deve ser confeccionada ou com cintas fixas ou com elás enfermidade infectocontagiosa ou que apre- j. Quando o trabalho em execução propiciar que os uniformes se sujem rapidamente, recomenda-se o uso de avental plástico pele, feridas ou outras anormalidades que para aumentar a proteção contra a contaminação do produto; sente inflamações, infecções ou afecções na possam originar contaminação microbioló- k. Para evitar a possibilidade de certos objetos caírem no produ- gica do produto, do ambiente ou de outros to, não é permitido carregar no uniforme coisas como canetas, indivíduos, deve ser admitida para trabalhar no processo de manipulação de alimentos; presilhas, etc., especialmente da cintura para cima; lápis, termômetros, espelhinhos, ferramentas, pinças, alfinetes, c. As pessoas com curativos não devem l. Sendo necessário usar suéter, este deve estar completamente manipular os alimentos, podendo ser dire- - cionadas a outro tipo de atividade que não taminem o produto; coberto pelo uniforme, para prevenir que fibras se soltem e con seja a manipulação de alimentos; m. O calçado deve ser confeccionado em couro ou borracha, não d. Todos devem evitar a prática de coçar deve possuir aberturas nas pontas dos dedos e calcanhares e a cabeça, introduzir os dedos nas orelhas, as ranhuras profundas, não maiores que 0,6 cm. Deve ser evi- na boca. Devem também tentar evitar tocar tado calçado de lona e deve apresentar-se limpo e em boas com as mãos as matérias-primas, produtos condições. em processo e produtos terminados, exceto nos casos de necessidades operativas e des- 100. Existem mais boas práticas relacionadas à higiene? Peneira da despolpadeira com resíduo de de que as mãos estejam convenientemente fibras e sementes de butiá n. Os homens devem estar sempre bem barbeados para ajudar a limpas; promover um ambiente de limpeza. Barba longa deve ser evi- e. Antes de tossir ou espirrar, afastar-se do produto que esteja ma- nipulando, cobrir a boca e o nariz com lenço de papel ou tecido, agroindústria. A barba deve ser protegida com protetor espe- depois lavar as mãos para prevenir a contaminação; tada e, em casos específicos, até proibida, para o pessoal da 60 61 cífico; AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Boas práticas no processamento agroindustrial

o. Os cabelos dos homens devem ser mantidos bem aparados. Ho- b) Existe perigo de que partes das joias se soltem e caiam no mens e mulheres devem tê-los totalmente cobertos através do produto; uso de toucas, redes ou similares; c) As joias pessoais apresentam risco para a segurança pesso- p. As unhas devem ser mantidas curtas, limpas e livres de qual- al e integridade dos produtos e equipamentos. quer tipo de esmalte; q. As mãos devem apresentar-se sempre limpas. Devem ser la- 101. Alguma outra boa prática importante? vadas com água e sabão e desinfetadas antes do início do tra- x. As áreas de trabalho devem ser sempre limpas antes de cada balho e depois de cada ausência do mesmo (uso de sanitários processamento e após o uso. Não se devem colocar roupas, ou outras ocasiões em que as mãos tenham se sujado ou con- matérias-primas, embalagens, ferramentas ou quaisquer outros taminado); objetos que possam contaminar o produto ou equipamento em r. Roupas e pertences pessoais não devem ser guardados em lu- locais de trabalho; gares onde alimentos ou ingredientes estejam expostos, bem y. Os trabalhadores da área administrativa e os visitantes devem como em áreas usadas para limpeza de equipamentos e utensí- ajustar-se às normas de Boas Práticas de Fabricação. No caso lios ou sobre equipamentos utilizados no processo; de usarem bigode e barba fora das normas, deverão cobri-los s. A entrada de alimentos ou bebidas na agroindústria não deve touca) antes de entrar nas áreas de processo; - com protetor específico, além de usar roupa adequada (avental, ços e lanches não consumidos devem ser guardados nos lugares z. É expressamente vedada a entrada e circulação de menores de ser permitida, exceto nas áreas autorizadas para esse fim. Almo 14 anos nas dependências da agroindústria; acondicionados. A guarda de alimentos nos armários (roupei- aa. Quando forem usados tampões de ouvido contra ruídos, estes ros)designados e gavetas para dos tal empregados fim, além da não obrigatoriedade é permitida; de estar bem devem estar atados entre si por um cordão que passe por trás do pescoço para evitar que se soltem e caiam sobre o produto. t. É permitido fumar unicamente em áreas autorizadas, as quais devem ser localizadas fora da área de fabricação e estocagem; 102. Como é possível realizar um acompanhamento u. Mascar chicletes ou manter na boca palitos de dentes, fósforos, e monitoramento com relação à aplicação das Boas doces ou similares, durante a permanência na área de trabalho, Práticas de Fabricação? não é permitido; v. No caso do uso de luvas para manuseio de alimentos, produtos Há uma tabela que apresenta os aspectos importantes para serem obser- de limpeza, etc., estas devem ser mantidas de forma perfeita e vados na aplicação das Boas Práticas nas unidades de produção. Pode ser limpa. Devem também ser de material impermeável e adequado utilizada pelo responsável técnico da agroindústria e como um exercício ao tipo de trabalho a ser realizado. O uso de luvas não elimina a pelos manipuladores. necessidade de lavar as mãos; - w. Anéis, brincos, colares, pulseiras, relógios e outras joias não são cessos e procedimentos que podem ser melhorados, de modo que se atinja A tabela propicia a reflexão das rotinas, levando a sugestões sobre os pro permitidas durante o trabalho, pois: - lha, como Anexo. a) As joias das mãos não podem ser adequadamente desinfe- a qualidade desejada e necessária. Ela está disponível no final desta carti tadas, já que os microrganismos podem se esconder dentro e debaixo das mesmas; 62 63 A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

No momento de elaborar os rótulos de seus produtos, a Agroindústria Fa- miliar deve consultar a legislação vigente. O não cumprimento do que está previsto em lei, pode resultar em multas

MAPA. e sanções por parte dos órgãos de fiscalização da Vigilância Sanitária e do Os regulamentos técnicos editados a partir de janeiro de 1998 procuraram

tendo como base as recomendações das comissões do Codex Alimentarius. observar os conceitos aceitos pela comunidade científica internacional, 103. O que é o Codex Alimentarius? Segundo o MAPA, o Codex Alimentarius é um fórum internacional de nor- matização do comércio de alimentos estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), por ato da Organização para a Agricultura e Ali- mentação (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS). Criado em 1963, - rar práticas equitativas no comércio regional e internacional de alimentos. o fórum tem a finalidade de proteger a saúde dos consumidores e assegu Rótulos de produtos orgânicos certificados por SPG 65 Fotos: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

As normas Codex abrangem os principais alimentos, sejam estes processa- • número do registro do produto no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou o número do registro do estabele- usados na elaboração de alimentos. Suas diretrizes referem-se aos aspec- cimento importador, quando bebida importada; dos, semiprocessados ou crus. Também tratam de substâncias e produtos tos de higiene e propriedades nutricionais dos alimentos, abrangendo có- • denominação do produto; digo de prática e normas de aditivos alimentares, pesticidas, resíduos de • marca comercial; - • ingredientes; medicamentos veterinários, substâncias contaminantes, rotulagem, clas • a expressão: Indústria Brasileira, por extenso ou abreviada; 104.sificação, Depois métodos do de produto amostragem pronto e análise e finalizado, de riscos. como deve • conteúdo, expresso na unidade de medida correspondente, de ser feita a rotulagem? • graduação alcoólica, expressa em porcentagem de volume alco- A legislação sobre Rotulagem de Alimentos é composta por um grupo de acordo com normas específicas; ólico, quando bebida alcoólica; portarias. Todos os produtos de interesse da Agrosociobiodiversidade se • grau de concentração e forma de diluição, quando se tratar de (Regulamento Técnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados) e na produto concentrado; enquadram na Resolução RDC/ANVISA n°259/2002 e RDC n°123/2004 • forma de diluição, quando se tratar de xarope, preparado líqui- Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional). do ou sólido; Resolução RDC/ANVISA 360/2003 (Rotulagem Nutricional de Alimentos • 105. O que é considerado rótulo de bebidas? • prazo de validade; identificação do lote ou da partida; - • e frase de advertência, conforme estabelecido em legislação es-

Segundo o que está definido no Decreto 6.971/2009 o Rótulo é toda ins embalagem,crição, legenda, de forma imagem unitária ou matéria ou desmembrada, descritiva, gráfica, sobre: escrita, impressa, 107. O quepecífica. não pode constar em rótulos de bebidas? estampada, afixada, afixada por encaixe, gravada ou colada, vinculada à • a embalagem da bebida O rótulo da bebida não deverá conter informação que suscite dúvida ou • a parte plana da cápsula erro, confusão ou engano, em relação à identidade, composição, classi- • outro material empregado na vedação do recipiente que seja falsa, incorreta, insuficiente ou que venha a induzir a equívoco, • ou em todas as formas indicadas acima forma de consumo da bebida, nem lhe atribuir qualidade terapêutica ou medicamentosa.ficação, padronização, natureza, origem, tipo, qualidade, rendimento ou 106. O que deve conter um rótulo de bebidas? O rótulo da bebida deverá conter, em cada unidade, em caracteres visíveis 108. O que não deve ser descrito ou apresentado nos e legíveis, pelo menos os seguintes dizeres: rótulos de alimentos embalados? • nome empresarial do produtor ou fabricante, do padronizador, do envasilhador ou engarrafador ou do importador; Segundo• autilizar resolução vocábulos, RDC/ANVISA sinais, 259/2002, denominações, não é permitido:símbolos, emblemas, • endereço do produtor ou fabricante, do padronizador, do enva- silhador ou engarrafador ou do importador; ou ilustrações ou outras representações gráficas que possam 66 67 tornam a informação falsa, incorreta, insuficiente, ilegível ou AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

que possa induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou Denominação de venda do alimento é o tipo do produto como, por exem- engano, em relação à verdadeira natureza, composição, proce- dência, tipo, qualidade, quantidade, validade, rendimento ou A denominação, ou a denominação e a marca do alimento, deve(m) estar forma de uso do alimento; plo, doce cremoso de figo ou suco de uva integral. de acordo com os seguintes requisitos: • atribuir efeitos ou propriedades que não possuam ou não pos- sam ser demonstradas; • uma ou mais denominações para um alimento, deve ser utiliza- • destacar a presença ou ausência de componentes que sejam in- daquando pelos em menos um Regulamento uma destas denominações; Técnico específico for estabelecido trínsecos ou próprios de alimentos de igual natureza, exceto nos • pode ser empregada uma denominação consagrada, de fantasia, de fábrica, ou uma marca registrada, sempre que seja acompa- • ressaltar, em certos tipos de alimentos processados, a presença casos previstos em Regulamentos Técnicos específicos; de componentes que sejam adicionados como ingredientes em nhada de uma das denominações indicadas no item anterior; todos os alimentos com tecnologia de fabricação semelhante; • podem constar palavras ou frases adicionais, necessárias para • ressaltar qualidades que possam induzir a engano com relação evitar que o consumidor seja induzido a erro ou engano com a reais ou supostas propriedades terapêuticas que alguns com- ponentes ou ingredientes tenham ou possam ter quando consu- quais devem estar junto ou próximas da denominação do ali- respeito à natureza e condições físicas próprias do alimento, as midos em quantidades diferentes daquelas que se encontram mento. Por exemplo: tipo de cobertura, forma de apresentação, nos alimentos ou quando consumidos sob forma farmacêutica; condição ou tipo de tratamento a que tenha sido submetido. • indicar que o alimento possui propriedades medicinais ou tera- 111. Como deve ser e o que deve aparecer na Lista de pêuticas; Ingredientes? • aconselhar seu consumo como estimulante, para melhorar a saúde, para evitar doenças ou com ação curativa. • Com exceção de alimentos com um único ingrediente (por exemplo açúcar, farinha, erva-mate, vinho, etc.), deve constar no 109. O que deve constar em todos os rótulos? rótulo uma lista de ingredientes; - • A lista de ingredientes deve constar precedida da expressão mações obrigatórias: “Ingredientes:” ou Ingr.:”, em ordem decrescente, da respectiva De acordo com a Resolução RDC 259/2002, da ANVISA, estas são as infor proporção; • Denominação de venda do alimento • - • Lista de ingredientes ropes, molho, caldos ou similares, e estes compostos declarados • Conteúdos líquidos comoÁgua deverátais na listaser declarada de ingredientes; quando fizer parte de salmoura, xa • Nome ou razão social e endereço • Não é necessário declarar a água e outros componentes voláteis • que se evaporem durante a fabricação; • Prazo de validade Identificação do lote • Mistura de frutas, hortaliças, especiarias ou plantas aromáticas • Instruções sobre o preparo e uso do alimento quando necessário podem ser enumeradas em ordem diferente desde que a lista 110. Do que trata a Denominação de Venda do Alimento? venhaem que acompanhada nenhuma predomine da expressão em peso “em proporçãode maneira variável”. significativa 68 69 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

112. Como se deve apresentar o Conteúdo Líquido e Peso • dia e mês: para produtos que tenham a duração mínima não su- Líquido Drenado para alimentos que apresentam duas perior a três meses; fases? • mês e ano: para produtos que tenham duração mínima superior a três meses. Se o mês de vencimento for dezembro, basta indi- • Produtos alimentícios de forma sólida ou granulada, apresentar em unidades de massa (g, kg); de forma líquida, apresentar em unidades de volume (ml, l). O prazo decar validade, o ano, com ou indicaçãoexpressão clara“fim dedo .... local ” (ano). onde consta o prazo de validade ou impressão através de perfurações ou marcas indeléveis do dia • Para massa: “Conteúdo Líquido”, “Cont. Líquido”, “Peso Líquido” - • Para volume: “Conteúdo Líquido, “Cont. Líquido”, “ Volume Lí- clarado através de uma das seguintes expressões: quido” e do mês ou do mês e do ano, conforme especificados acima, deve ser de • “Consumir antes...” ; “Válido até...”; “Validade...”; “Vence (em)...”; • Para número de unidades: “Quantidades ou unidades”, “Contém” “Vencimento...”; “Venc...”; • “Consumir preferencialmente antes de...”. 113. O que deve constar na Identificação da Origem? • alimentos congelados, cujo prazo de validade varia segundo • Nome, Endereço, Razão Social e Número de Registro do estabe- temperatura de conservação, deve ser indicada esta caracte- lecimento junto à autoridade competente, com exceção daque- rística. Podem ser usadas as seguintes expressões: “validade a les produtos isentos de obrigatoriedade de registro sanitário, de -18°C (freezer): ...” ; validade a -4°C (congelador).

• Usar uma das expressões: “fabricado em...”, produto...” indús- 117. Sempre é necessário colocar o Prazo de Validade? acordo com a resolução ANVISA RDC 27/2010. tria... “. Não é exigida a indicação do prazo de validade para: 114. O que é um lote ? • frutas e hortaliças frescas, incluídas as batatas não descascadas, cortadas ou tratadas de outra forma análoga; Lote é o conjunto de produtos de um mesmo tipo, processados pelo mes- • vinhos, vinhos licorosos, vinhos espumantes, vinhos aromatiza- mo fabricante ou fracionador em um espaço de tempo determinado, sob dos, vinhos de frutas e vinhos espumantes de frutas; condições essencialmente iguais. • - O lote é determinado em cada caso pelo fabricante, produtor ou fraciona- cool; bebidas alcoólicas que contenham 10% (v/v) ou mais de ál dor, segundo seus critérios. • - teúdo, sejam em geral consumidos dentro de 24 horas seguintes 115. Como apresentar a Identificação do Lote? àprodutos sua fabricação; de panificação e confeitaria que, pela natureza de con Pode ser utilizada a data da fabricação, embalagem ou de prazo de valida- • vinagre. de, sempre que a(s) mesma(s) indique(m) pelo menos o dia e o mês ou o mês e o ano (nesta ordem) 118. Como deve ser apresentada a informação obrigatória no rótulo? 116. E quanto ao Prazo de Validade? Deve constar no painel principal a denominação de venda do alimento, Deve constar pelo menos: sua qualidade, pureza ou mistura, quando regulamentada, a quantidade 70 71 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

nominal do conteúdo do produto, em sua forma mais relevante em con- a. a declaração de valor energético e nutrientes junto com o desenho, se houver, e em contraste de cores que assegure b. a declaração de propriedades nutricionais (informação nutricio- sua correta visibilidade. O tamanho das letras e números da rotulagem nal complementar) obrigatória, exceto a indicação dos conteúdos líquidos, não pode ser in- ferior a 1mm. 123. O que é a declaração de nutrientes? A declaração de nutrientes é uma relação ou listagem ordenada dos nu- 119. Mais alguma informação obrigatória? trientes de um alimento e não pode ser confundida com a lista de ingre- dientes. É obrigatório constarem as informações quantitativas na seguinte informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de con- ordem e unidades de medida: troleA Lei da10.674/2003 doença celíaca. obriga a que os produtos alimentícios comercializados Todos os alimentos industrializados deverão conter em seu rótulo, obri- Valor calórico kcal gatoriamente, as inscrições "contém glúten" ou "não contém glúten", con- Carboidratos gramas (g) forme o caso. Proteínas gramas (g) Gorduras totais gramas (g) ROTULAGEM NUTRICIONAL Gorduras saturadas gramas (g)

A rotulagem nutricional é toda a descrição destinada a informar o con- Colesterol miligramas (mg) sumidor sobre as propriedades nutricionais de um alimento processado. Fibra Alimentar gramas (g) Cálcio miligramas (mg) 120. Para que serve a Rotulagem Nutricional? Ferro miligramas (mg) O objetivo da rotulagem nutricional é facilitar a escolha de alimentos sau- Sódio miligramas (mg) dáveis a partir das informações contidas nos rótulos e não dever confun- dida com a lista de ingredientes. Exemplo de Exemplo de 121. É obrigatório ter Rotulagem Nutricional nos rótulos declaração de nutrientes de um lista de ingredientes de um dos produtos? molho de tomate molho de tomate Sim, é obrigatório. A Rotulagem Nutricional Obrigatória de Alimentos pro- cessados e Bebidas Embalados é regulada pela Resolução ANVISA RDC n° 40, de 21.03.2001, juntamente com a Resolução ANVISA RDC n° 39, de 21.03.2001, que aprovou, nesta última, a Tabela de Valores de Referência

122.para fins O quede Rotulagem compreende Nutricional. a Rotulagem Nutricional? A rotulagem nutricional compreende: 72 73 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A rotulagem dos produtos das agroindústrias de base ecológica

124. O que é a declaração de informação nutricional 126. O que deve constar na Declaração Obrigatória de complementar? Valor Calórico, Nutrientes e Componentes? A Informação nutricional complementar, ou declaração de propriedades Na declaração obrigatória de valor calórico, nutrientes e componentes é nutricionais, é a informação utilizada para descrever o nível absoluto ou obrigatório constarem as informações quantitativas na seguinte ordem: relativo de determinados nutrientes ou valor energético, presentes em • Valor energético, Carboidratos, Proteínas, Gorduras totais, Gor- alimentos, como por exemplo não contém açúcares, sem gorduras trans, duras saturadas, Gorduras trans, Fibra alimentar e Sódio; - • A quantidade de qualquer outro nutriente que se considere im- da reduzido em calorias, reduzido em açúcares, aumentado em ferro. É portante para manter um bom estado nutricional, segundo exi- utilizadabaixo em peloscalorias, fabricantes fonte de decálcio, forma alo opcional. teor em fibras, rico em ferro, ou ain

• A quantidade de qualquer outro nutriente sobre o qual se faça 125. A que tipo de alimentos se aplica a rotulagem gência de regulamentos técnicos específicos; uma declaração de propriedades; nutricional? • Opcionalmente, podem ser declarados outros nutrientes ou Aplica-se a alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados componentes como vitaminas e minerais. na ausência do cliente e prontos para consumo, mas não se aplica a: 127. O que deve constar na Informação Nutricional • bebidas alcoólicas; Complementar? • aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia; Quando for utilizada a Informação Nutricional Complementar com relação • especiarias; à quantidade ou o tipo de carboidrato, deve ser declarada a quantidade • águas minerais naturais e as demais águas de consumo humano; total de açúcares. • vinagres; Podem ser indicadas também as quantidades de amido e ou outros cons- • sal (cloreto de sódio); tituintes dos carboidratos. • café, erva-mate, chá e outras ervas sem adição de outros ingre- Quando for utilizada a Informação Nutricional Complementar com relação dientes; à quantidade ou tipo de ácidos graxos, devem ser indicadas as quantida- • alimentos preparados e embalados em restaurantes e estabele- des de gorduras (ácidos graxos) monoinsaturados e poli-insaturados. cimentos comerciais, prontos para o consumo; Além da declaração obrigatória indicada, somente são declaradas as vi- • produtos fracionados nos pontos de venda a varejo, comerciali- zados como pré-medidos; sobre Ingestão Diária Recomendada (IDR), quando estes nutrientes se en- contraremtaminas e ospresentes minerais em que pelo constam menos 5% no Regulamentoda IDR, por porção. Técnico específico • frutas, vegetais e carnes "in natura", refrigerados e congelados; • - gem seja menor ou igual a 100 cm2. Esta exceção não se aplica alimentos com embalagens cuja superfície visível para rotula processados para dietas, por exemplo) ou que apresentem de- claraçõesaos alimentos de propriedades para fins especiais nutricionais, (especialmente isto é, que formulados apresentem ou propriedades nutricionais particulares. 74 75 A certificação de produtos orgânicos processados

de cumprir as exigências legais correspondentes ao tipo de produto em si Todo produto processado para ser comercializado como orgânico, além

ainda precisa comprovar sua ‘qualidade orgânica’. - Este processo se dá por meio de certificação, seja por SPGs, através dos OPACs, seja por certificação de terceira parte, por Auditoria, conforme de finido nas Instruções Normativas Conjuntas emitidas pelo MAPA E MS IN 18/2009128. Como e IN 24/2011funciona a certificação orgânica de produtos processados? Primeiro, é preciso registrar o estabelecimento e o produto, conforme vis- to anteriormente no item ‘Regularizando um empreendimento agroindus-

trial de base ecológica’, e só então se deve buscar a certificação do produto. Para isto, é preciso seguir a Lei de Processamento Orgânico descrito na IN Doce de goiaba e Doce de banana – Agroindústria Morro Azul 77 Foto: Ana Luiza Meirelles Foto: 18/2009 e na IN 24/2011. AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica A certificação de produtos orgânicos processados

129. Que documentos é necessário apresentar para certificar os produtos? de controle de origem de matéria prima e de limpeza e desinfecção dos equipamentos.(separação) determinados pela OPAC ou Certificadora, de rastreabilidade, a. Registros dos produtos e do estabelecimento; b. Documentos que comprovem a origem da matéria-prima (nota 132. Quais aditivos e coadjuvantes podem ser usados no - processamento de alimentos orgânicos? sação comercial); fiscal e certificado de produção orgânica ou declaração de tran c. Registro de produção; d. Controle de lotes; São permitidos apenas os que estão previstos no Anexo III da IN 18/2009 e. Receitas; 133.e na IN O 24/2011. que é permitido f. Controle do uso de insumos; utilizar para a higienização g. Controle de limpeza do equipamento e do prédio; das instalações e h. Registro de controle de segregação – quando for o caso da uni- equipamentos das unidades processadoras de alimentos orgânicos? Foto: Acervo Centro Ecológico 130. É possíveldade processar a elaboração produtos orgânicos de produtos e não orgânicos. não orgânicos Apenas o que está previsto no Anexo em uma unidade de processamento de produtos orgânicos? II da IN 18/2009. Sim, desde que tenha claro e registrado no plano de rastreabilidade e 134. O que é permitido utilizar para a limpeza e desinfecção de segregação, como será evitada a mistura de produtos orgânicos e não alimentos nas unidades orgânicos.Esta separação deve ocorrer tanto no tempo (processado em dias dis- - processadoras de alimentos mentos). orgânicos? tintos) quanto no espaço (ter separado o produto final em todos os mo Também é preciso prever e descrever o método de limpeza e desinfecção Apenas o que está previsto no Anexo de equipamentos para não ocorrerem contaminações. Sucos

131. Como funciona o processo de transição 135.IV da INOnde 18/2009. é possível buscar para agroindústrias que processam produtos mais informações sobre o que pode ser usado? convencionais? Junto ao MAPA, Anvisa, nas Coordenadorias Regionais da Saúde ou junto à Uma agroindústria não passa por um processo de transição uma vez que equipe técnica do Centro Ecológico.

elaPortanto, pode processar a qualquer produtos momento orgânicos uma agroindústria e convencionais. pode passar a proces-

78 79 sar produtos orgânicos, desde que cumpra os protocolos de segregação Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

Conta o livro 1808, do jornalista Laurentino Gomes, que o primeiro con- tato da família real portuguesa com seus súditos brasileiros foi por meio do sabor das frutas nativas do nosso País. Ao saber que o príncipe regente de Portugal, D. João, estava a caminho, o governador de Pernambuco des- pachou para o mar um pequeno barco com uma carga de caju e pitanga, entre outras frutas e refrescos locais, para encontrar a nau de D. João. “E foi assim, na forma dos frutos de sua pródiga e exuberante natureza, que o Brasil se apresentou a D. João e sua corte refugiada dos tormentos da guerra na Europa”, descreve o autor. Nos dois séculos que se seguiram, a colonização e a abertura do País facili- taram o consumo de frutas não nativas. Maçã, uva, pêssego, pera e banana passaram a ser mais consumidas do que araçá, pitanga, butiá, jabutica- ba, entre outras, que passaram por um processo de desvalorização. O uso cada vez mais limitado não incentivava em nada a preservação destas es- pécies nas propriedades rurais.

governamentais e organizações não governamentais vêm buscando diver- Conscientes dessa dificuldade, que permanece até os dias de hoje, órgãos agricultoras tenham uma perspectiva de renda com a preservação e resgate sificar as alternativas de consumo desses frutos, de forma que as famílias Sorvete e cacho com frutos de açaí juçara 81 Foto: Acervo Centro Ecológico AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

das árvores nativas. O manejo adequado de frutas nativas é uma alternativa de preservação da agrosociobiodiversidade existente nas localidades rurais uma das maiores concentrações de antioxidantes, além de conter proteí- nas,O açaí ferro, da Matapotássio, Atlântica e magnésio. é considerado um alimento completo e possui No Centro Ecológico, a estratégia de consorciar espécies nativas com cul- Hoje, uma propriedade de quatro hectares pode produzir até oito tone- polpa do açaí da palmeira juçara e do butiá. tivos comerciais vem viabilizando avanços significativos, como o uso da escolar na Região e é também disponibilizada para outros públicos, como 136. O que é polpa de frutas de acordo com as normas/ esportistas,ladas do fruto pessoas por ano. preocupadas A polpa de açaíem orgânicamanter a faz saúde parte e da consumidores alimentação legislação para processamento? conscientes. Polpa de fruta é o produto não fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, através de processo tecnológico adequado, com O processo para obter polpa de açaí orgânica inclui várias etapas. um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da parte comestível do fruto. 137. Quando colher os frutos da palmeira juçara? A polpa pode ser simples, originada de uma única fruta ou mista, origina- A coleta deve ser feita, de preferência, apenas um dia antes do processa- da de duas ou mais frutas. A polpa de fruta será designada de acordo com mento para evitar oxidação da polpa. Se for necessário, poderá ser deixada o fruto que lhe deu origem. No caso da polpa de fruta simples a designação sob refrigeração a 4°C, pelo menor tempo possível, processando o mais "simples", no rótulo, será opcional. rapidamente possível. No caso da polpa de fruta mista, os nomes das frutas deverão ser declara- - dos na mesma dimensão da designação "polpa mista". O percentual míni- O mês em que acontece a floração e a maturação varia conforme a altitu mo de cada polpa que compõe o produto deverá ser declarado no rótulo, fevereiro e a maturação entre abril e junho. de. Nas regiões mais baixas, no litoral, a floração ocorre entre dezembro e 138. Na hora da colheita, os frutos podem entrar em segundo a Instrução Normativa 01/2000 do MAPA. AÇAÍ DA PALMEIRA JUÇARA contato com o solo? Atenção! Por questão de higiene, no momento da retirada do cacho e da A polpa do açaí, fruto da palmeira juçara ou palmiteiro (Euterpe edulis), despestilação, os frutos não devem entrar em contato com o solo ou a ca- mada de folhas que cobrem o solo. Melhor colocá-los sobre uma lona plás- tica limpa ou algo semelhante. Essa medida também evita o desperdício contribuialém de serpara considerada o desenvolvimento um superalimento, econômico sustentável é de extrema do Litoral importância Norte de frutos. doecológica Rio Grande na cadeia do Sul alimentar e Sul de Santado ecossistema Catarina. da Mata Atlântica e também 139. Quais as formas mais utilizados para a coleta? Desde o início dos anos 1990, o Centro Ecológico tem estimulado e apoia- do famílias agricultoras da região do a reintroduzir a espécie Em geral, existem três formas mais comuns de coleta: com escadas, com - foice com gancho e com foice e sombrite. vestres, como o bugio e aves, que depois ajudam a plantar novas palmeiras. em sistemas agroflorestais. O fruto é consumido por diversos animais sil 140. Qual o método mais utilizado? O consumo do açaí da palmeira juçara ajuda a preservar e a recuperar re- O método mais utilizado, e que oferece uma segurança maior aos traba- inibir o corte criminoso da palmeira inteira para vender o palmito. lhadores, é o uso de escadas que podem ser dos mais variados tipos. Esta manescentes da Mata Atlântica, já que o consumo do fruto contribui para 82 83 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

técnica, entretanto, tem a desvantagem de limitação de altura e do peso do Frutos com antracnose - é causada por um fungo que deforma e destrói equipamento que deve ser transportado nos locais de colheita. devem ser descartados. 141. Como funciona a coleta com foice com gancho? os frutos, prejudicando a polpa. Se for identificada, os frutos ou o cacho Frutos secos Este equipamento é basicamente um cabo de madeira comprido, uma foi- ce de qualquer tipo e dois pedaços de ferro de construção. Os ferros são deve ser descartado. - normalmente este problema acontece mais no final da colocados de tal forma no cabo de madeira que formam um garfo em dire- safra, mas também pode acontecer no início. Se for identificado, o cacho Maturação desuniforme - muitas vezes há cachos que estão com a matu- ção oposta ao cabo. Na hora de colher um cacho, os ganchos são colocados ração bem desuniforme, ou seja, tem frutos bem maduros e frutos verdes misturados em todo cacho. Um cacho assim não vale a pena ser colhido, ferros, como se fosse em um gancho. na direção do cacho e, assim, quando ele for cortado, ficará pendurado nos a não ser que se tenha tempo para separar os frutos verdes dos maduros. Quando este gancho é usado em conjunto com uma escada, aumenta a possibilidade da altura atingida e a colheita exige menor esforço propor- colher. Desta forma, se contribui para que a fauna se alimente. cionando alto rendimento em mais curto espaço de tempo, dependendo É aconselhável deixar este cacho ficar completamente maduro e só então Insetos das condições do terreno e do volume de plantas na região da colheita. - - é comum encontrar insetos que ficam alojados nos frutos ou 142. E como é feita a coleta com foice e sombrite? po, e se a avaliação for no sentido de que é possível fazer a remoção numa simplescriam sujeiras lavagem, de difícilo cacho remoção. pode ser O aproveitado.problema deve Caso ser contrário, analisado deveno cam ser Consiste em cortar o cacho com uma foicinha que é usada também para descartado no local da colheita. colher folhas de gerivá. O cacho vai despencar da árvore e deve ter sua queda amenizada no impacto com o solo com um pedaço de sombrite. 145. Como deve se o local da recepção e pré-seleção dos Tem a vantagem de tornar a colheita um tanto rápida, mas tem várias des- frutos? vantagens: exige três pessoas para a colheita; os frutos são, na sua maio- A área de recepção deve ser pavimentada para permitir a lavagem e o es- ria, machucados devido ao impacto com o solo; não é possível saber se o cacho está realmente maduro para ser colhido. e pesagem das frutas. O procedimento de pesagem deverá ser registrado emcoamento formulário da água. próprio. Também deve ter espaço suficiente para recebimento 143. O que observar na hora da coleta? Na recepção, ainda será realizada a pré-seleção, que consiste na separação - dos frutos estragados, em estado de maturação avançado, atacados por veis. Os problemas mais comuns são cacho verdolengo, antracnose, frutos fungos, insetos e roedores. Nessa etapa, o lote das matérias-primas pode secos,A pessoa maturação que faz a desuniforme coleta precisa e saberpresença identificar de insetos. se os frutos estão saudá

144. O que fazer em cada caso? ser caracterizado por parâmetros físicos (peso, tamanho, textura, cor) e Os frutos em estágios diferentes de maturação devem ser separados, e os Cacho verdolengo - é preciso ter o olho bem treinado para diferenciar o físico-químicos (pH, ° Brix, acidez titulável, etc.). verdes levados para completar a maturação em locais que tenham contro- cacho maduro do verdolengo. Dependendo da técnica de colheita, muitas le de temperatura e umidade. vezes não é possível saber como o cacho está. Caso for colhido verdolengo, deve ser descartado. Muitas vezes o cacho pode estar metade verdolengo Dependendo do pico da safra, pode ser necessário armazenar as frutas e o restante maduro. Nesse caso, descarta-se apenas um lado. que estão maduras até o momento do processamento. Preferencialmente, 84 85 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

devem ser acondicionadas em caixas plásticas, armazenadas sob refrige- A água usada para a extração da polpa deve ser potável obedecendo aos ração ou em local ventilado, não muito úmido, para evitar a proliferação - de bolores, insetos e ataque de roedores. O ideal é que esses frutos sejam da a utilização de ácido cítrico (acidulante e antioxidante), de acordo com padrões de potabilidade estabelecidos em legislação específica. É permiti armazenados já higienizados. as Boas Práticas de Fabricação (BPF).

146. Como é feita a pré-lavagem, lavagem e sanitização? 149. Como deve ser a composição da polpa? Os frutos podem ser lavados por imersão, por agitação ou por aspersão A polpa de juçara deve ter sua composição de acordo com as caraterísticas dos materiais, objetivando a remoção de contaminantes e redução da car- do fruto que lhe deu origem, com aspecto pastoso, turvo e viscoso, em tom ga microbiana. Uma lavagem prévia é necessária para a remoção de suji- roxo bem escuro. O sabor é sutil, não adocicado, não azedo e com notas dades mais grosseiras, uma vez que esses frutos vêm aderidos de terras e vegetais. O cheiro é próprio do fruto. Estes aspectos não devem apresentar outros materiais. ilícitas. Essa água, necessariamente, não precisa ser clorada. Com o objetivo de alterações, adulterações, falsificações, ou quaisquer práticas consideradas - ção de agentes sanitizantes, como o óxido de cloro e extratos vegetais de que estabelecem as quantidades certas de proteínas, açúcares e gorduras (lipídios).Quanto às características físicas e químicas, devem obedecer a padrões reduziracordo coma carga as recomendações microbiana inicial do fabricante.à lavagem, será mais eficiente a utiliza

147. Como é feita a seleção? 150. Que aditivos podem ser usados para a conservação da polpa? A seleção é uma etapa para remover frutos defeituosos, com partes defei- tuosas ou podridões. Também nesta etapa são retiradas partículas estra- - mitido o uso dos conservantes químicos ácido cítrico e ácido ascórbico nhas que não foram eliminadas anteriormente. Pode ser feita por escolhe- A polpa de juçara deverá ser conservada através de processo físico. É per dores treinados ao longo de uma esteira transportadora lisa, de roletes ou em mesa para essa função. 151.nas proporções Quais são máximas os critérios de 0,30g/100g macroscópicos e 0,03g/100g erespectivamente. microscópicos para uma boa qualidade? Na seleção e classificação são considerados padrões como tamanho, cor Não deve haver na polpa de juçara matéria detectada macroscópica e ou serãoda casca, esmagados. textura, etc.Para Para esta polpas,etapa, devema classificação ser levados não em deve consideração ser rigorosa o microscopicamente prejudicial à saúde humana, como insetos, animais, parasitas, excrementos de insetos ou de animais e objetos. treinamentonos quesitos tamanhodos selecionadores e uniformidade e a iluminação. da superfície, No umacaso vezde processo que os frutos me- canizado, a velocidade e a capacidade da esteira devem ser consideradas. 152. Quais os contaminantes químicos e microbiológicos tolerados? RESUMO DESCRITIVO DO PROCESSO TECNOLÓGICO A polpa de juçara deve observar os seguintes limites máximos microbio- Os ingredientes, composição, aditivos, critérios, rótulos, etc. são de acordo in natu- com as resoluções emitidas pela Anvisa e Ministério da Saúde. ra lógicos: soma de bolores e leveduras, máximo 5x10³/g para polpa 148. Quais ingredientes opcionais podem ser usados? , congelada ou não, e 2x10³ para polpa conservada quimicamente e/ou que sofreu tratamento térmico; coliforme fecal, máximo 1/g; salmonela, 86 87 ausente em 25 g. O limite máximo de tolerância do cobre é de 10 mg/kg. AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

153. Como deve ser feita a rotulagem? Como para outros produtos, o rótulo deve conter a denominação de ven-

da do alimento, conteúdo líquido, identificação da origem, nome ou razão social,Deve apresentar endereço doa declaração fabricante, de identificação informação doobrigatória lote e prazo de valor de validade. energéti - co, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras

sobre o qual se faça uma declaração de propriedades nutricionais ou outra declaraçãotrans, fibra quealimentar, faça referência sódio e a nutrientes.quantidade de qualquer outro nutriente O produto deve apresentar os valores de referência (30 g) em gramas no

rótulo e a medida caseira. A classificação da juçara deve ser declarada no- rótulonação doprincipal produto. da polpa de juçara integral (juçara grossa, média ou fina), de forma legível e visível, em dimensões gráficas não inferiores à denomi

BUTIÁ Polpa de butiá Foto: Ana Luiza Meirelles

O termo butiá se refere a diferentes espécies de palmeiras do gênero Bu- catarinensis), uma palmeira com caule curto, de até 2 m de altura. Essa tia. Estas plantas exercem um importante papel ecológico, fornecendo ali- espécie é exclusiva da restinga, ocorrendo do litoral centro-sul de Santa mento para uma série de animais silvestres. Catarina até Osório, no Rio Grande do Sul. Das palmeiras é possível aproveitar o estipe (caule) para construções 154. É permitido coletar o butiá-da-praia para Os frutos podem ser consumidos in natura ou na forma de sucos, geleias, processamento? rústicas, a fibra das folhas, as sementes oleaginosas e a polpa dos frutos. Sim, é permitido. Seu manejo foi recentemente regulamentado pelo go- consumo de butiá se devem, principalmente, aos compostos bioativos com verno do estado do Rio Grande do Sul, através da Portaria SEMA 46, de 10 musses, bombons, licores e sorvetes. Os benefícios à saúde associados ao propriedades antioxidantes. Contêm, ainda, elevados teores de potássio, de julho de 2014, que dispõe as normas para regularização da colheita de cálcio, manganês e ferro. folhas (frondes) e frutos. Com as novas regras está legalizada a extração de Além das plantas que nascem espontaneamente ou são cultivadas iso- frutos e folhas, desde que seguidas algumas condições. ladamente, nos últimos anos tem crescido o plantio de butiazeiros para aproveitamento da polpa. Para a coleta, há diferenças do ponto de vista 155. Em que locais é permitida a coleta do butiá-da- de legislação se as plantas forem cultivadas ou silvestres, mas o processa- praia? mento é o mesmo. A coleta de frutos e folhas de butiá pode ser realizada em áreas já utili- Na área do Núcleo Litoral Solidário da Rede Ecovida de Agroecologia tem - crescido a coleta e o processamento de polpa do butiá-da-praia (Butia getação de restinga arbustiva em estágio avançado de regeneração. Essa zadas para outros fins (lavouras, pastagens, talhões) e em áreas com ve 88 89 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

vegetação se caracteriza por apresentar butiás entremeados por espécies • Croqui do remanescente a ser explorado e dos seus setores, as típicas de capoeira, como vassoura-vermelha, embaúba, capororoca, aro- medidas aproximadas de cada um dos lados do setor e a sua eira-brava, etc. área total; Não é permitida a extração em áreas abandonadas que iniciaram o pro- • Percurso, a partir da sede do município, ou pontos de referência cesso de regeneração da vegetação (chamadas de restinga arbustiva em de fácil localização, com indicações em quilômetros até o local de manejo; estágio inicial e médio de regeneração) e tampouco em áreas de restinga • Características da área de interesse para o manejo: área total estimada para o manejo; há quanto tempo a área não é utiliza- 156.arbórea, Quando que apresentam e como aspecto pode florestal.ser feita a colheita de frutos? da exclusivamente para a agropecuária; qual o tipo de manejo a área sofre ou sofreu e ano de início do manejo; • Estimativa inicial do peso dos frutos (kg) e quantidade de folhas março. Em cada butiazeiro deverá permanecer 1 cacho sem ser retirado, A colheita de frutos poderá ser realizada entre 1º de novembro e 31 de a serem colhidas por ano. para a geração de novos indivíduos e para o consumo da fauna. Para a realização do manejo é obrigatório dividir a área a ser explorada 159. Quem recebe a autorização tem alguma outra em 4 setores e estabelecer um rodízio. Cada setor deve ser manejado por obrigação legal? 2 anos e deixado em recuperação por 2 anos. A cada ano serão manejados Quem obtiver autorização para extração de frutos e folhas deverá forne- 2 setores ao mesmo tempo. cer, anualmente, um relatório sobre a área manejada com as seguintes in- 157. Que outros cuidados são necessários para a colheita formações: os setores manejados e os que permaneceram em repouso re- de frutos? generativo no ano; a quantidade estimada de butiazeiros manejados para colheita de folha; a quantidade estimada de butiazeiros manejados para Não é permitido o uso do fogo para limpeza das áreas manejadas. As áreas a colheita de frutos; as datas aproximadas em que os animais de criação de manejo com gado só podem ser ocupadas pelos animais durante os me- foram apartados e em que retornaram para a área manejada; o peso bruto de frutos colhidos; a quantidade aproximada de folhas colhidas; e os da- comprometa a produção dos frutos. ses de abril a outubro evitando, assim, que o gado se alimente das flores e dos de identificação do comprador ou consumidor. 158. O que é necessário para obter a autorização de ETAPAS PARA O PROCESSAMENTO DA POLPA DE manejo do butiá-da-praia? BUTIÁ Para obter a autorização para o manejo do butiá-da-praia devem ser apre- Da pré-colheita até o produto pronto para ser comercializado há diversas sentados ao Departamento de Florestas e Áreas Protegidas (DEFAP) da etapas detalhadas a seguir. Secretaria Estadual do Meio Ambiente os seguintes documentos: • Inscrição no Cadastro Ambiental Rural; 160. Antes da colheita • Consentimento do proprietário para colheita na área; Tendo sido observados os aspectos referentes à legislação, ao longo do • Localização da propriedade e da área dos remanescentes com - ção da saúde geral dos butiazeiros, avaliando a necessidade de alguma ano deve se fazer a inspeção do butiazal para poda de limpeza, verifica 90 91 as respectivas coordenadas geográficas; AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

resíduos de terra devem ser eliminados neste momento. Também deve ser passagem. observada a maturação: é possível separar os frutos em diferentes lotes intervenção, revisar floração e formação dos cachos e atualizar trilhas de para aguardar o ponto adequado para processá-los. No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, nos meses de dezembro a março, faz-se a inspeção do butiazal 3 a 5 vezes por semana, com especial inten- 163. Lavagem ção de monitoramento dos cachos. Os frutos deverão ser lavados em água corrente e abundante para remo- 161. Colheita e transporte ção das sujidades que não puderam ser controladas durante a seleção.

No Litoral Norte do Rio Grande do Sul, a colheita pode ser realizada duran- 164. Sanitização te 4 meses. Quando 30% do cacho apresentar frutos amarelos, os mesmos são envolvidos em sacos telados. Assim, na próxima inspeção ou na sub- Com o objetivo de buscar controlar a presença de microrganismos prove- sequente, quando os cachos já estiverem com 70% dos frutos maduros, nientes do campo, os frutos devem ser colocados em solução de permita ‘macios’ e apresentarem cor amarela a amarelo-alaranjada, os mesmos são cortados e deixados em local fresco até atingir a maturação desejada, usado, atualmente, é o dióxido de cloro. Se a concentração do produto co- a limpeza e desinfecção conforme a IN 18/2009 do Mapa. O produto mais de modo que não se perca frutos no campo. completamente imersos de 5 a 10 minutos nesta solução e a mesma troca- Se houver um grande volume de frutos a serem processados, maior do que mercial usado for 5%, utiliza-se 1ml/litro de água. Os frutos devem ser a capacidade da agroindústria, cuidados especiais se tornam necessários. O ideal é o armazenamento sob refrigeração, de 5°C a 12°C, ou em local 165.da com Cuidados frequência comde modo os afrutos garantir a eficiência do procedimento. seco e ventilado. Tanto na 1a 162. Seleção dos frutos desejada uma manipulação mais delicada das frutas com objetivo de apri- morar a seleção. lavagem Os quantofrutos que no enxágueapresentam final, pontos antes de escuros ir para e a casca despolpa, muito é É uma etapa fundamental durante o processamento. Boa matéria-prima

cuidados necessários na seleção, é impossível se alcançar a qualidade al- desintegrada ou danificada devem ser descartados. Resíduos de fibra e sementes de butiá após despolpa Foto: Ana Luiza Meirelles poderámejada seda transformarpolpa pronta. em Desta um bomforma, produto é importante final, mas que se pessoas não se treinadastomar os e atentas possam dar conta desta tarefa. Também se faz necessário um

ambienteA debulha bem e seleção iluminado dos frutose uma éboa realizada superfície geralmente para exposição de 24 dosa 36 frutos. horas depois da colheita, quando os cachos concluem seu amadurecimento.

agressiva. A debulha é quase espontânea, sem necessidade de manipulação mais No processo de seleção devem ser retirados os frutos que estejam fermen- tados ou que sofreram ataque de insetos, bem como frutos estragados, que não oferecem condições de processamento, pois a presença dos mes- mos pode comprometer aspectos organolépticos (cor, sabor, aroma, apa- rência) e nutricionais do produto. Sujidades como folhas, caules, insetos e 92 93 AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica Elaboração de produtos da agrosociobiodiversidade nativa

166. Congelamento para posterior processamento atingido. A polpa é colocada em saquinhos de polipropileno e selados a Se for necessário congelar os frutos para processar posteriormente, este é - quente,Dependendo de forma da temperatura eficiente, para do queambiente os mesmos e da polpa não se produzida, rompam. pode ser cas ou em freezers com temperatura, pelo menos, abaixo de -8°C. importante realizar um resfriamento das mesmas, mergulhando-as em o momento adequado. Eles podem ser armazenados em câmaras frigorífi água potável gelada, em torno de 2°C, por 30 minutos. Este processo de 167. Enxágue após a sanitização resfriamento busca aumentar a qualidade do produto, diminuindo a pos- sibilidade de ocorrerem reações químicas e enzimáticas. Se o processamento dos frutos for imediato, eles devem ser levados a ou- tro recipiente com água potável abundante para mais uma lavagem, de 171. Congelamento pós envase

o processo de limpeza e desinfecção. Para manter as propriedades originais dos frutos é importante proceder modo a retirar os resíduos orgânicos e a solução sanitizante, completando ao congelamento imediatamente após o envase, especialmente se não foi Na sequência, colocam-se os frutos para escorrer em peneiras ou caixas realizado o resfriamento das polpas. As embalagens devem ser colocadas plásticas vazadas de modo que a água proveniente da lavagem possa es- em bandejas, formando camadas. Estas devem permitir que o congela- correr. Este procedimento também é muito importante pois a água residu- mento seja uniforme. As camadas podem ser separadas por placas de inox, de modo que a aparência da forma das embalagens seja uniforme. 168.al da lavagem Despolpa poderá influenciar na qualidade da polpa processada. deve ser respeitada, pois se faz necessária a circulação do ar frio para um Utiliza-se uma despolpadeira horizontal. Há diversas marcas comerciais A capacidade do equipamento de congelamento, seja câmara ou freezer, deste equipamento e é muito importante buscar referência junto a famí- - 172.congelamento Armazenamento eficiente. brosa, as sementes bem rígidas e relativamente grandes, quando compa- radaslias agricultoras à goiaba, por que exemplo. têm experiência, As despolpadeiras pois a polpa dispõem do butiá de peneirasé bastante com fi A polpa deve ser mantida congelada até o momento do consumo. A tem- peratura recomendada para armazenamento varia de -18°C a -22°C em

malhas/gramaturas diferentes. Isto irá influenciar na etapa subsequente, câmaras friasou de -8°C a -10°C em freezers domésticos. 169.que é oRefino refino da polpa. 173. Transporte

polpas devem ser levadas em equipamentos que propiciem a manutenção É importante definir o padrão de qualidade da polpa, isto é, se a mesma daA partir temperatura dos freezers do armazenamento. ou câmaras frias aos locais de comercialização, as deserá sucos. mais Assim fina ou sendo, mais podegrossa, ser dependendo necessário levar do uso a polpa que senovamente dará a mesma. à des- O descongelamento durante o transporte é extremamente prejudicial ao Normalmente uma polpa mais fina é suave e mais adequada à produção produto, podendo comprometer a qualidade, e até mesmo inviabilizar a comercialização. Em nenhuma hipótese as polpas deverão ser novamente 170.polpadeira Envase para refinar a mesma, em peneira com malha mais fina. congeladas após o descongelamento. O envase pode ser feito de forma manual, com dosadora automática ou

peso padrão (100 g, 500 g, 1 kg ou outro) dependendo do mercado a ser semi-automática. De todas as formas, é necessário definir e garantir um 94 95 conclusão

o processamento artesanal ou em pequena escala de produtos tradicionais daA racionalização agrosociobiodiversidade e simplificação abrirão dos procedimentosmaiores oportunidades e normas, de permitindo produção de alimentos de qualidade e de renda, melhorando a soberania alimentar e disponibilizando à população alimentos mais saudáveis, porque mais frescos, mais naturais, com menos agrotóxicos, menos aditivos químicos, inseridos em cadeias mais curtas e mais representativos das culturas ali- mentares de cada região. A regulação sanitária precisa ser uma oportunidade e não uma barreira para a inclusão de famílias agricultoras no processo de desenvolvimento rural sustentável.

Conquistas de legislações sanitárias específicas, como leis estaduais e a Resolução 49/2013 da ANVISA, foram passos importantes que apontaram aNo possibilidade Rio Grande dedo novos Sul há caminhos, iniciativas mas do têm poder se mostradopúblico para insuficientes. adequar os processos de registro e as agroindústrias. Foi criado o Departamento de Agroindústria, Comercialização e Abastecimento - DACA, na Secretaria de

facilita para as agroindústrias já existentes e favorece o surgimento de no- vosDesenvolvimento empreendimentos. Rural, Pesca e Cooperativismo - SDR para este fim, o que

- A RDC 49/2013 foi um grande avanço e um marco porque, pela primeira vez, a ANVISA criou normas para este público específico, reconhecendo a neces tambémsidade de um regularização marco por tersanitária sido construída especifica compara participaçãoestes segmentos, de represen com um- taçõestratamento de agricultores diferenciado, familiares simplificando e da sociedade e racionalizando civil. Outro procedimentos. avanço recente Foi

foi a Lei 13.001/2014, que complementou a RDC 49/2013 com a isenção de 1. Tomates / 2. Bananas 97 Fotos: 1. Christophe Libert - Freeimages / 2. Ana Luiza Meirelles Christophe Libert - Freeimages / 2. Fotos: 1. taxa de fiscalização para os empreendimentos abrangidos por ela. AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica endereços úteis / bibliografia

No entanto, os avanços ainda estão bastante aquém do necessário. É pre- -

emciso conta desencadear a cultura a construçãoe os saberes coletiva populares de uma e envolva, legislação além e fiscalização dos técnicos sa e especialistas,nitárias específicas outros para atores produção essenciais, artesanal como e produtores,familiar, que consumidores,valorize e leve movimentos sociais e organizações da sociedade civil. Também é necessário desencadear um amplo processo de capacitação, de- bates, discussões, formação e informação, que levem para os municípios as questões envolvidas na regulação sanitária dos produtos da agricultura familiar. Além disto, é preciso proporcionar um espaço de discussão, formação e

sociais, organizações da sociedade civil, para a plena implementação da informação de técnicos, fiscais, agricultoras e agricultores, movimentos in naturaRDC 49/2013,, semiprocessado discutindo e processadoconceitos e e definições a questão deimportantes, como levar como em conta por 1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Desenvolvimento exemplo, a definição do que é baixo, médio e alto risco; a distinção entre sustentável: orgânicos -

a cultura alimentar local e/ou regional. . Brasília, DF. Disponível em: . mos de controle para a garantia da qualidade orgânica ACS, 2009. . Brasília: Mapa/ 3. Manual Operativo do PEAF - http://www.sdr.rs.gov.br/ upload/20140709173707manual_operativo_do_programa_estadual_ 4. Vanessa Schotz, Ana Luiza Meirelles, Regina Miranda, Bibi Cintrão. Portal da Anvisa - www.anvisa.gov.br de_agroindustria_familiar___peaf.pdf Contribuição da Comissão Qualidade Alimentos FBSSAN para elabora- Manual do Usuário: Peticionamento Eletrônico de Notificação de ção do documento a ser apresentado na reunião com a DICOL-ANVISA. Alimentos Isentos de Registro Sanitário Brasília. 23 de julho de 2014. - http://portal.anvisa.gov.br/ 5. Manual do Usuário: Peticionamento Eletrônico de Notificação de Ali- wps/wcm/connect/d65834804d1fe20da49ef64031a95fac/Manual+de+ mentos Isentos de Registro Sanitário EMATER/RS - www.emater.tche.br Pet+eletrônico+de+Notificação+de+alimentos.pdf?MOD=AJPERES - Manual Operativo do PEAF , ANVISA, 2012. http://portal. anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/d65834804d1fe20da49ef64031a - www.sdr.rs.gov.br/ 95fac/Manual+de+Pet+eletrônico+de+Notificação+de+alimentos. 6. Grupo ETC. Quem vai controlar a economia verde? 2011. 60 p. Disponí- upload/20140709173707manual_operativo_do_programa_estadual_de_ pdf?MOD=AJPERES Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo do Es- - agroindustria_familiar___peaf.pdf tado do Rio Grande do Sul - www.sdr.rs.gov.br vel em: AGROSOCIOBIODIVERSIDADE – agroindústria familiar de base ecológica

100 Rótulos de produtos orgânicos certificados por SPG Fotos: Acervo Centro Ecológico