A protagonista da minissérie é Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), uma das mais famosas damas da alta sociedade paulistana nos anos 50 e que escreveu o livro Tudo em Cor de Rosa, adaptado por e Alcides Nogueira. Yolanda Penteado foi fundadora do Museu de Arte Moderna, ao lado de Ciccillo Matarazzo (Edson Celulari), seu segundo marido. E conviveu com personalidades como Santos Dumont (Cássio Scapin), Assis Chateaubriand (Antonio Calloni), Mário de Andrade (Pascoal da Conceição), Anita Malfatti (Betty Gofman), Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) e Tarsila do Amaral (). Yolanda fazia parte da família Penteado, uma das famosas "famílias quatrocentonas" (as mais antigas de São Paulo). A minissérie fez parte das comemorações dos 450 anos de São Paulo, considerada pela Rede Globo como a maior contribuição da emissora para a festividade, além da série de matérias jornalísticas realizadas pelo SPTV com o nome de São Paulo 450 Anos. Sem falar no show da virada e da chuva de prata na Avenida Paulista, no reveillón e no dia 25 de janeiro (aniversário da cidade), onde a emissora é uma das responsáveis. Um Só Coração contou a história da cidade do início da década de 20 até 1954, na Festa do IV Centenário de São Paulo, por se tratar de um período de transformações, em que São Paulo passa de potência rural a grande metrópole. A Semana de Arte Moderna, a Revolução de 1924, a crise de 1929, a Revolução de 1932, a adaptação às diretrizes da era Vargas, os ecos do nazismo e do fascismo, os refugiados da Segunda Guerra, a influência americana - todos estes momentos históricos foram abordados. Os realizadores da minissérie também fizeram questão de retratar São Paulo sob o ponto de vista cultural, mostrando a importância dos movimentos artísticos para o desenvolvimento da cidade. "A projeção de São Paulo se deve à cultura, que contribuiu na transformação dos ares provincianos em cidade industrial", disse o diretor de núcleo . "Muita coisa que temos hoje não existiria se não fosse a Semana de 22", completou o diretor geral Carlos Araújo. Uma das curiosidades de Um Só Coração fica por conta de sua data de estréia: se fosse viva, Yolanda Penteado faria aniversário exatamente em 6 de janeiro, dia em que o diretor Carlos Manga e a atriz Cássia Kiss - a mãe da protagonista na trama - também completaram mais um ano de vida. Para compor personagens que de fato existiram, autores e atores muitas vezes contaram com a ajuda de parentes dos personagens reais, que puseram à sua disposição memórias e documentos. "Só a filha de um dos amantes de Yolanda, um homem casado da sociedade paulistana, se recusou a ajudar", conta Maria Adelaide Amaral. Uma sobrinha-bisneta de Yolanda Penteado, a atriz Gabriela Hess, acabou fazendo o papel de Guiomarita Penteado, irmã de Yolanda e sua bisavó na vida real. Em um dos capítulos, Gabriela deu à luz a sua tia-avó Antonieta Penteado da Silva Prado Cintra - que, portanto, assistiu na vida real ao seu próprio nascimento na TV. A emissora gastou 10,5 milhões de reais na produção de Um Só Coração. A caracterização física dos personagens reais foi impecável. Atores como Pascoal da Conceição e Cassio Scapin, que interpretaram Mário de Andrade e Santos Dumont, ficaram a cara dos originais. O esmero se repetiu em reconstituições como a da Semana de Arte Moderna de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. Cerca de 300 pessoas participaram das gravações e mais de trinta obras de arte foram reproduzidas para a ocasião, de esculturas como Pietá, de Victor Brecheret, a pinturas como O Homem Amarelo e Mulher com Chapéu, de Anita Malfatti e Di Cavalcanti, respectivamente. A cena que remonta a invasão de militares insatisfeitos com políticas do governo central, em 1924, contou com cerca de 350 figurantes que ocuparam o centro histórico de Santos, local escolhido para as gravações. Além de Santos, Campinas, Bananal e Rio das Flores (RJ) também serviram como locações para a minissérie. Uma atenção considerável foi dada à arquitetura na produção da minissérie. Algumas fachadas de casarões eram reais, outras foram erguidas na cidade cenográfica da Globo. É o caso da mansão do Coronel Totonho (Tarcísio Meira). Suntuosa no começo da minissérie, a mansão virou bordel quando a família perdeu tudo na crise econômica de 1929, passou a abrigo de imigrantes num período posterior e, finalmente, a cortiço de migrantes nordestinos nos anos 50. "Foi isso o que aconteceu com muitos casarões de antigos bairros nobres de São Paulo, como os Campos Elíseos", contou o autor Alcides Nogueira. Os autores Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira fizeram uma breve participação na minissérie. Eles estavam no meio dos figurantes que assistiam à abertura da Semana da Arte Moderna. A cena foi exibida no 3º capítulo, no dia 8 de janeiro. O autores não gostaram de ver o título da minissérie associado ao político Paulo Maluf. Sua campanha eleitoral trazia os dizeres "Maluf e São Paulo: Um Só Coração". "Repudiamos a tentativa de associar a figura dele ao sucesso da série", afirmaram os autores. A escritora Zélia Gattai, mulher do falecido escritor , fez uma participação especial na minissérie. No capítulo que foi ao ar no dia 11/03/2004, o então jovem Jorge Amado é homenageado num jantar no qual participa a pintora Tarsila do Amaral (Eliane Giardini). É Zélia quem levanta o brinde. A minissérie foi prorrogada por causa do sucesso de Ibope. Em vez de sair do ar dia 2 de abril, como estava previsto, o último capítulo foi exibido dia 8. Na primeira semana, a atração registrou média de 38 pontos. Na segunda e na terceira, 31. Audiência ótima para o horário. Até o penúltimo capítulo, personagens reais foram vividos por atores. No último capítulo, atores famosos que participaram da história nos anos 50, viveram eles mesmos na minissérie. Assim, Yolanda Penteado foi apresentada a e sua filha Fernanda Torres. Na mesma ocasião estavam Cleyde Yáconis e o casal Eva Wilma e John Herbert. A atriz Vida Alves apareceu no momento em que se transmitia o famoso capítulo do primeiro beijo na TV, na novela Sua Vida Me Pertence, da qual participou de fato. E Tônia Carrero e atuaram comentando uma nova dupla de jovens atores que surgia: Tônia Carrero e Paulo Autran.