UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO LICURI ( CORONATA (MART) BECC.) EM DOIS MUNICÍPIOS DO CENTRO NORTE DA BAHIA, BRASIL

Cícera Izabel Ramalho

Areia – Paraíba Brasil-2008

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

ii

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO LICURI (SYAGRUS CORONATA (MART) BECC.) EM DOIS MUNICÍPIOS DO CENTRO NORTE DA BAHIA, BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento as exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia.

Orientador: Prof. Dr. Alberício Pereira de Andrade

Areia – Paraíba Brasil-2008

iii

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO LICURI (SYAGRUS CORONATA (MART) BECC.) EM DOIS MUNICÍPIOS DO CENTRO NORTE DA BAHIA, BRASIL

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento as exigências para obtenção do título de Doutor em Agronomia.

Comitê de Orientação: Prof. Dr. Alberício Pereira de Andrade Prof. Dr. Leonardo Pessoa Felix Dra. Alecksandra Vieira Lacerda

Areia – Paraíba Brasil-2008

Ficha catalográfica elaborada na seção de Processos Técnicos da

Biblioteca Setorial de Areia –UFPB/CCA. Bibliotecária: Elisabete Sirino da Silva CRB-4/905

R166e Ramalho, Cícera Izabel Estrutura da vegetação e distribuição espacial do licuri(SyagrusCoronata (Mart ) Becc.) em dois municípios do Centro Norte da Bahia, Brasil ./ Cícera Izabel Ramalho. – Areia, PB: /CCA/UFPB, 2008. 131 f. Tese (Doutorado em Agronomia)- Centro de Ciências Agrárias-Universidade Federal da Paraíba, Areia. Bibliografia Orientador: Albericio Pereira de Andrade

iv

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO LICURI (SYAGRUS CORONATA (MART) BECC.) EM DOIS MUNICÍPIOS DO CENTRO NORTE DA BAHIA, BRASIL

Cícera Izabel Ramalho

Banca Examinadora

______Prof. Dr. Albericio Pereira de Andrade

______Prof. Dr. Leonardo Pessoa Félix

______Profª. Drª. Elcida de Lima Araújo

______Profª. Drª. Maria Regina Vasconcelos Barbosa

______Prof. Dr. Jacob Silva Souto

v

Dedicatória

A Anastácio meu amor, meu companheiro, muito obrigada por ter me apoiado, por sua, amizade, generosidade e carinho. Obrigada principalmente por ter incentivado nossos sonhos e por ter cuidado do nosso amado João Victor.

A João Victor, meu amado filho! Meu pequeno, minha criança linda, minha vida, luz... Sou muito feliz e grata por ser sua mamãe! Você deixa todos os dias da minha vida muito melhores.

Aos meus amados pais Ramalho e Lucy, pelo apoio incondicional em todos os momentos da minha vida. Amo muito vocês.

Aos meus amados irmãos: Sávio, Sandra, Ádria, Jan, Tony, Kella, Carlos e

Ana Victória, pela amizade verdadeira, pelas alegrias e por estarem sempre me incentivando. Amo vocês.

Ao meu querido sogro João Carlos Rodrigues Pereira, por todo apoio e incentivo.

vi

Agradecimentos

A Deus, pela vida, por se fazer presente em todos os momentos. À Universidade Federal da Paraíba e ao Centro de Ciências Agrárias pela oportunidade de realização dos cursos de Graduação, Mestrado e Doutorado. À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Agronomia na pessoa da Professora Drª Riselane de Lucena Alcântara Bruno pelo incentivo e incansável luta diária na busca de melhorias para o Programa. À CAPES pela concessão da bolsa de estudo. Ao Instituto Nacional do Semi-Árido (INSA) pelo apoio financeiro para realização da pesquisa através do convênio INSA-MCT/ATECEL. A Associação Técnico Cientifica Ernesto Luiz de Oliveira Junior (ATECEL) pela ajuda na execução da pesquisa através do convênio INSA–MCT / ATECEL, em especial a pessoa do Dr. Nilson de Brito Feitoza pela presteza e incentivo. Ao meu querido e admirável orientador Professor Albericio Pereira de Andrade, por seus ensinamentos, amizade, confiança, paciência, generosidade e humor. É uma honra tê-lo como orientador. Ao Professor Dr. Leonardo Pessoa Félix, por fazer parte do comitê de orientação, por todo incentivo, pela ajuda na coleta de dados, pela dedicação na identificação do material e principalmente pela amizade. Vou ser sempre grata a você. Aos Professores Dr. Ivandro de França da Silva, Dr. Iede de Brito Chaves e Dr. Divan Soares da Silva pelos ensinamentos, sugestões e pelo apoio e ajuda na coleta de dados. Muito obrigada! Ao Grupo de Pesquisa “Lavoura Xerófila”, pelo companheirismo e contribuição na formação de uma geração que pensa no Semi-Árido como uma região viável e de grandes potencialidades – uma quebra de paradigmas. A Drª. Alecksandra Vieira Lacerda, pela ajuda na orientação e pela ajuda e sugestões na elaboração desse trabalho. Ao Dr. Eduardo Soares de Souza pela ajuda na confecção dos mapas de isolineas, pelas sugestões e amizade. A Associação dos moradores da Fazenda Rancharia pela concessão da área para estudo.

Ao senhor Antonio Carlos proprietário da fazenda Exu, pela concessão da área. vii

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, pelos ensinamentos e dedicação. Aos funcionários e alunos do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, pelo convívio e momentos de descontração. Aos funcionários da biblioteca, em especial a Bibliotecária Márcia, Eron e Seu João, pela disponibilidade, dedicação e amizade. Aos funcionários do laboratório de Botânica: Saulo e Marinês pelo apoio e cooperação. Aos queridos amigos: Kallianna, Henrique, Nairan, Cícero e Verônica pela ajuda na coleta de dados, sugestões e amizade. A querida amiga Valdeci da Silva Lopes, pessoa de fundamental importância na execução desse trabalho. Obrigada pela incansável ajuda durante todo o trabalho de campo, por ter compartilhado comigo as alegrias e os momentos de desespero. Agradeço sinceramente a todos que contribuíram para a realização desse trabalho, nesse ou naquele momento, ou durante todo o seu processo. Meu muito obrigada!

viii

SUMÁRIO

Pág LISTA DE TABELAS...... xi LISTA DE FIGURAS...... xiii RESUMO GERAL...... xix ABSTRACT...... xxii 1. INTRODUÇÃO GERAL...... 1 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...... 3 2.1. Licuri...... 3 2.2. Florística e fitossociologia...... 4 2.3. Relação solo-clima-vegetação...... 7 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 11

CAPITULO I - INDICADORES CLIMÁTICOS E ATRIBUTOS DOS SOLOS EM DUAS ÁREAS NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, ESTADO DA BAHIA.

Pág RESUMO...... 18 ABSTRACT...... 19 1. INTRODUÇÃO...... 20 2. MATERIAL E MÉTODOS...... 22 2.1. Área de estudo...... 22 2.2. Clima...... 23 2. 3. Coleta e análise de solo...... 24 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 25 3.1. Caracterização climática...... 25 3.2. Balanço hídrico climatológico...... 27 3.3. Índices de aridez...... 30 3.4. Caracterização física do solo...... 35 3.5. Caracterização química do solo...... 36 4. CONCLUSÕES...... 42 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 43 ix

CAPITULO II - DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SYAGRUS CORONATA (MART) BECC EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL E PASTAGEM NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA

Pág RESUMO...... 46 ABSTRACT...... 47 1. INTRODUÇÃO...... 48 2. MATERIAL E MÉTODOS...... 50 2.1. Área de estudo...... 50 2.2. Localização e histórico das áreas estudadas...... 51 2.2.1. Área de vegetação natural e pastagem em Senhor do Bonfim, Bahia.. 51 2.2.2. Área de vegetação natural e pastagem em Jacobina, Bahia...... 53 2.3. Caracterização da espécie...... 55

2.4. Determinação de diâmetros, alturas e número de estruturas reprodutivas em plantas de licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc)...... 56 2.5. Determinação do índice de agregação da espécie...... 57 2.6. Construção dos mapas de distribuição espacial...... 57 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 59 3.1. Distribuição espacial de Syagrus coronata...... 59 3.2. Diâmetro e altura médios do licuri...... 67 3.3. Padrão de distribuição espacial do licuri segundo o Índice de McGuinnes...... 69 4. CONCLUSÕES...... 71 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 72 ANEXOS...... 75

x

CAPITULO III - FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

RESUMO...... 83 ABSTRACT...... 84 1. INTRODUÇÃO...... 85 2. MATERIAL E MÉTODOS...... 87 2.1. Área de estudo...... 87 2.2. Coleta e análise de dados de vegetação...... 92 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO...... 97 3.1. Florística...... 97 3.1.1. Similaridade florística...... 103 3.2. Fitossociologia: uma abordagem por a área amostrada...... 103 3.2.1. Área de vegetação natural de Senhor do Bonfim...... 103 3.2.1.1. Distribuição das classes diamétricas...... 108 3.2.1.2. Distribuição das classes de altura...... 109 3.2.1.3. Diversidade e equabilidade...... 110 3.2.2. Área de vegetação natural de Jacobina...... 111 3.2.2.1. Distribuição das classes diamétricas...... 115 3.2.2.2. Distribuição das classes de altura...... 116 3.2.2.3. Diversidade e equabilidade...... 117 3.3. Aspectos fitossociológicos: uma discussão geral...... 117 4. CONCLUSÕES...... 121 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...... 123

CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCORRÊNCIA NATURAL DO LICURI NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS...... 128 xi

LISTA DE TABELAS

CAPITULO I. INDICADORES CLIMÁTICOS E ATRIBUTOS DOS SOLOS EM DUAS ÁREAS NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, ESTADO DA BAHIA

Tabela 1. Índice de aridez mensal pelo modelo de Lang, para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 30

Tabela 2. Índice de aridez mensal pelo modelo de Lang, para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 31

Tabela 3. Índice de aridez mensal pelo método de Meyer para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 31

Tabela 4. Índice de aridez mensal pelo método de Meyer para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 32

Tabela 5. Índice de aridez mensal pelo modelo de Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD) para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 33

Tabela 6. Índice de aridez mensal pelo modelo de Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD) para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006...... 33

35 xii

Tabela 7. Atributos físicos de solos sob vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia......

CAPÍTULO II. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SYAGRUS CORONATA (MART) BECC EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL E PASTAGEM NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA

Tabela 1. Classificação do padrão de distribuição de Syagrus coronata, 70 segundo o Índice de MacGuinnes (IGA)......

CAPITULO III. FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

Tabela 1. Famílias e espécies registradas nas áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia (0 – ausência; 1 - presença)...... 98

Tabela 2. Espécies amostradas na área de vegetação natural em Senhor do Bonfim no Semi-Árido baiano e seus respectivos parâmetros fitossociológicos em ordem decrescente de Valor de Importância. DA = densidade absoluta, DR= densidade relativa, FA = freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR = dominância relativa, VC = valor de cobertura e VI = valor de importância...... 106

Tabela 3. Espécies amostradas na área de caatinga em Jacobina no Semi- Árido baiano e seus respectivos parâmetros fitossociológicos em ordem decrescente de Valor de Importância. DA = densidade 112 xiii

absoluta, DR = densidade relativa, FA = freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR= dominância relativa, VC = valor de cobertura e VI = valor de importância...... LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I. INDICADORES CLIMÁTICOS E ATRIBUTOS DOS SOLOS EM DUAS ÁREAS NOS MUNICÍPIOS DE JACOBINA E SENHOR DO BONFIM, ESTADO DA BAHIA

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi- Árido baiano...... 23

Figura 2. Distribuição mensal média da precipitação, temperatura e umidade do ar, nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, no período de 1993- 2006 (Instituto Nacional de Meteorologia– INMET, 2007)...... 26

Figura 3. Balanço hídrico climatológico (A) e extrato do balanço hídrico climatológico (B) do município de Senhor do Bonfim no estado da Bahia, baseado em dados termopluviométricos do período de 1993 a 2006. INMET-2007...... 28

Figura 4. Balanço hídrico climatológico (A) e extrato do balanço hídrico climatológico (B) do município de Jacobina no estado da Bahia, baseado em dados termopluviométricos do período de 1993 a 2006. INMET-2007...... 29

Figura 5. Teores médios de cálcio (A), magnésio (B), potássio (C) e fósforo (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia...... 37

Figura 6. Teores médios de matéria orgânica (A), carbono orgânico (B), sódio (C) e alumínio (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação 39 xiv

natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia......

Figura 7. Valores médios de pH (A), condutividade elétrica (B), CTC (C) e saturação por bases (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia...... 41

xv

CAPÍTULO II. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SYAGRUS CORONATA (MART) BECC EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL E PASTAGEM NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi-Árido baiano...... 50

Figura 2. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia...... 52

Figura 3. Vista parcial da área de pastagem na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia...... 52

Figura 4. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Exu, Jacobina, Bahia...... 54

Figura 5. Vista parcial da área de pastagem na fazenda Exu, Jacobina, Bahia...... 54

Figura 6. Syagrus coronata (Mart.) Becc...... 56

Figura 7. Croqui de distribuição das parcelas nas áreas de vegetação natural e pastagem estudadas...... 57

Figura 8. Distribuição espacial do diâmetro do caule em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia...... 60

Figura 9. Distribuição espacial da altura em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia...... 61

Figura 10. Distribuição espacial do número de estruturas reprodutivas em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia...... 62 xvi

Figura 11. Distribuição espacial do diâmetro em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia...... 63

Figura 12. Distribuição espacial da altura em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia...... 64

Figura 13. Distribuição espacial do número de estruturas reprodutivas (espata, cacho com flor e cacho com fruto) em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia...... 65

Figura 14. Diâmetro médio do caule de Syagrus coronata presentes em áreas de vegetação natural (AV) e pastagem (AP) nos municípios de Senhor do Bonfim(1) e Jacobina (2), Bahia...... 68

Figura 15. Altura média de Syagrus coronata presentes em áreas de vegetação natural (AV) e pastagem (AP) nos municípios de Senhor do Bonfim (1) e Jacobina (2), Bahia...... 69

xvii

CAPÍTULO III. FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi- Árido baiano...... 88

Figura 2. Distribuição mensal média da precipitação, temperatura e umidade do ar, nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, no período de 1993- 2006. INMET-2007...... 89

Figura 3. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia...... 91

Figura 4. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Exu, Jacobina, Bahia...... 91

Figura 5. Croqui da distribuição de parcelas nas áreas estudadas...... 92

Figura 6. Distribuição do número total de espécies amostradas por famílias em Senhor do Bonfim, Bahia...... 101

Figura 7. Distribuição do número total de espécies amostradas por famílias em Jacobina, Bahia...... 102

Figura 8. Número de indivíduos das famílias na área amostrada em Senhor do Bonfim, Bahia...... 104

Figura 9. Valor de Importância das espécies amostradas na área de Senhor do Bonfim, Bahia...... 108

Figura 10. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em Senhor do Bonfim, Bahia...... 109

Figura 11. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em Senhor do Bonfim, Bahia...... 110

Figura 12. Número de indivíduos das famílias na área amostradas em Jacobina, Bahia...... 111 xviii

Figura 13. Valor de Importância das espécies amostradas na área de Jacobina, Bahia...... 115

Figura 14. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em Jacobina, Bahia...... 116

Figura 15. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em Jacobina, Bahia...... 117

Figura 16. Relação do número de indivíduos por parcela nas áreas de caatinga em Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia...... 118

Figura 17. Relação entre o índice de Shannon – Weaver para Senhor do Bonfim e Jacobina para as cem parcelas amostradas em cada área...... 120

xix

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DO LICURI (SYAGRUS CORONATA (MART) BECC. EM DOIS MUNICÍPIOS DO CENTRO NORTE DA BAHIA, BRASIL

RESUMO GERAL Embora existam alguns trabalhos fitossociológicos sobre a vegetação da caatinga, ainda falta muito para o conhecimento da caatinga como um todo, havendo necessidade de continuar os levantamentos das espécies, determinando seus padrões de distribuição geográfica, abundância e suas relações com os fatores ambientais Os objetivos deste trabalho são (I) analisar a variabilidade temporal do clima dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, bem como analisar os atributos físicos e de fertilidade dos solos de duas áreas de vegetação natural nestes municípios; (II) determinar a distribuição espacial do licuri, em áreas sob vegetação natural e pastagem nos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim no estado da Bahia e caracterizar, nestas condições, as variações morfometricas em termos de diâmetro, altura e número de estruturas reprodutivas; (III) avaliar a composição florística e a estrutura do estrato arbóreo-arbustivo em duas áreas de vegetação natural no Semi-Árido baiano. O trabalho foi desenvolvido em 100 parcelas de 10 m x 10 m em áreas de um hectare de vegetação natural e pastagem nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, no Estado da Bahia. De posse dos dados climáticos, realizou-se o balanço hídrico climatológico e o cálculo do índice de aridez. Para a análise do solo foram coletadas amostras nas profundidades de 0-10 cm (50 amostras), 10-20 cm (25 amostras) e 20- 40 cm (4 amostras). Foram determinados os atributos químicos (Ca, Mg, K, P, pH, CO, MO, Al, Na, Cundutividade elétrica, Capacidade de toca de cátions e saturação por bases) e físicos (percentagem de areia, silte e argila, porosidade total, densidade do solo e densidade real) dos solos das duas áreas. Para análise da distribuição do licuri foram medidos em todas as parcelas nas áreas de vegetação natural e pastagem a circunferência a altura do solo e a altura de todos os indivíduos com circunferência ≥ 9cm e altura ≥ 1 m e contados o número de estruturas reprodutivas de todos os indivíduos que se encontravam em estágio de reprodução. Para a avaliação da composição florística e da estrutura da vegetação, foram amostrados nas áreas de vegetação natural todos os indivíduos arbóreo-arbustivos com circunferência a altura do solo ≥ 9 cm e altura ≥ 1 m. Para a análise fitossociológica calculou-se a densidade, freqüência e dominância absoluta e relativas, Valor de Importância e Valor de xx

Cobertura para as espécies, além da diversidade e similaridade florística das áreas. O déficit hídrico é maior em Senhor do Bonfim do que em Jacobina. Dos índices utilizados para o cálculo de aridez, o modelo sugerido pela Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD), foi o que melhor caracterizou o clima dos municípios de Senhor do Bonfim (Subúmido e seco) e de Jacobina (Subúmido e úmido). As áreas apresentaram fertilidade do solo distinta. Na área de Senhor do Bonfim, o solo é eutrófico (V≥50%) e tem maiores teores de Ca, Mg, P e K que em Jacobina. O solo da área em Jacobina apresenta alto teor de alumínio e o pH é ácido, enquanto em Senhor do Bonfim o pH do solo tende a neutralidade. Os teores de matéria orgânica em ambos os solos foram baixos sob o ponto de vista agrícola. Com relação a distribuição do licuri em áreas de vegetação natural e pastagem nos dois municípios, observou-se nas áreas de vegetação natural a ocorrência de plantas jovens, o que não foi observado para as áreas de pastagens. Na pastagem a amplitude de variação de diâmetro e de altura das plantas é muito pequena e todas as plantas encontram-se na fase adulta. A altura de plantas de licuri foi maior nas áreas de pastagens, no entanto, nas áreas de vegetação natural ocorreu uma maior variabilidade na altura. Quanto ao número de estruturas reprodutivas, observou- se que em áreas de pastagem as plantas apresentaram maior número de estruturas reprodutivas quando comparadas as presentes nas áreas de vegetação natural. Na área de vegetação natural o licuri tem tendência a agrupamento nos dois municípios, enquanto na pastagem a sua distribuição foi uniforme. Nas áreas de vegetação natural, o grande número de plantas com diâmetro e altura reduzidos evidencia a existência de uma população em fase de expansão; Foi observada na vegetação de ambas as áreas uma baixa diversidade dentro dos táxons, onde a maioria dos gêneros nas duas áreas apresentaram apenas uma espécie. Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, e Jatropha gossypiifolia foram as espécies que apresentaram maior Valor de importância em Senhor do Bonfim. Em Jacobina destacaram-se as espécies Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 e Croton sp. 1, demonstrando, portanto a dominância da mesma na população. A elevada distribuição de Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, e Jatropha gossypiifolia em Senhor do Bonfim e de Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 e Croton sp. 1, em Jacobina pode significar que as mesmas são mais bem adaptadas a solos de baixa e média fertilidade. xxi

Syagrus coronata (Mart.) Becc., apresentou-se com elevado valor de importância para as duas áreas, o que demonstra a boa adaptação dessa espécie aos ambientes onde vivem. O índice de diversidade de Shannon – Weaver foi considerado alto para ambas as áreas quando comparado a outros levantamentos em caatinga, podendo ser resultado das condições edafoclimáticas das áreas. Com relação à altura de plantas, observou-se que de maneira geral, o porte das plantas em Jacobina foi maior que em Senhor do Bonfim. Analisando a diversidade entre as duas áreas pelo índice de diversidade de Shannon–Weaver obteve-se um valor alto para ambas as áreas quando comparado a outros levantamentos em caatinga. Palavras-chaves: Fitossociologia, Composição botânica, Variação espacial, Fertilidade do solo

xxii

VEGETATION STRUCTURE AND SPATIAL DISTRIBUTION OF LICURI (SYAGRUS CORONATA (MART) BECC. IN TWO MUNICIPALITIES FROM THE MID-NORTHERN BAHIA, BRAZIL

GENERAL ABSTRACT Although there are some phytosociological studies on the savannah vegetation, much is lacking in the knowledge of the savannah as a whole, and the survey of needs to continue in order to determine their geographical distribution patterns, abundance and relations with environmental factors The objectives of this work are (I) to evaluate the temporal variability of the climate of municipalities Senhor do Bonfim and Jacobina and to analyze the physical attributes and soil fertility of two areas of natural vegetation in these municipalities, (II) to determine the spatial distribution of licuri in areas under natural vegetation and pasture in the municipalities of Jacobina and Senhor do Bonfim in the state of Bahia and to characterize, under these circumstances, the morphometrical variations in relation to diameter, height and number of reproductive structures, (III) to assess the floristic composition and structure of the herb-shrub stratum in two areas of natural vegetation in the semi-arid region of the state of Bahia. The study was conducted on 100 plots of 10 m x 10 m in areas of one hectare of natural vegetation and pasture in the municipalities of Senhor do Bonfim and Jacobina in the state of Bahia. The climate data were used to perform the climatologic hydric balance and to calculate the aridity index. For the soil analysis, samples were collected at depths of 0-10 cm (50 samples), 10-20 cm (25 samples) and 20-40 cm (4 samples). The chemical (Ca, Mg, K, P, pH, CO, MO, Al, Na, electric conductivity, capacity of cations change, and base saturation) and physical (sand, silt and clay percentage, total porosity, soil density and actual density) attributes were determined in soils from both areas. For the analysis of the licuri distribution, circumference, height from the ground and height of all individuals with circumference ≥ 9cm and height ≥ 1 were measured in all plots in areas with natural vegetation and pasture and the number of reproductive structures of all individuals that were in the reproduction stage was counted. For the assessment of the floristic composition and vegetation structure, all herb-shrub individuals with circumference ≥ 9 cm and height ≥ 1 m were sampled in the areas of natural vegetation. For the phytosociological analysis, the density, frequency and absolute and relative dominance, Importance Value and Coverage Value of the species were calculated, as well as the floristic similarity and diversity of the areas. The hydric xxiii deficit is greater in Senhor do Bonfim than in Jacobina. From the indexes used in the aridity calculation, the model suggested by the United Nations Convention to Combat Desertification (UNCCD) was the one that best characterized the climate of municipalities Senhor do Bonfim (subhumid and dry) and Jacobina (subhumid and humid). The areas presented different soil fertility. In the area of Senhor do Bonfim, the soil is eutrophic (V ≥ 50%) and has higher levels of Ca, Mg, P and K than in Jacobina. The soil in Jacobina shows high levels of aluminum and acidic pH, while in Senhor do Bonfim, the soil pH tends to neutrality. The organic matter levels in both soils were low from the agriculture point of view. In relation to the licuri distribution in areas of natural vegetation and pasture in both municipalities, the occurrence of young was observed in the areas of natural vegetation, which was not observed in the pasture areas. In pasture areas, the variation in diameter and height of plants is very small and all plants were found in the adult phase. The height of licuri plants was greater in pasture areas; however, areas of natural vegetation presented plants with greater height variability. In relation to the number of reproductive structures, it was observed that in pasture areas, plants showed a higher number of reproductive structures when compared to plants grown in areas of natural vegetation. In the area of natural vegetation, licuri plants tend to cluster in both municipalities, while in pasture areas, its distribution was uniform. In areas of natural vegetation, the large number of plants with reduced diameter and height highlights the existence of a population under expansion stage. A low diversity within the taxa was observed in the vegetation of both areas, where the majority of genera in both areas had only one species. Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, and Jatropha gossypiifolia were the species that had the greatest Importance Value in Senhor do Bonfim. In Jacobina, species Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 and Croton sp. 1 stood out, showing therefore its dominance in the population. The high distribution of Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, and Jatropha gossypiifolia in Senhor do Bonfim and Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 and Croton sp. 1 in Jacobina may mean that they are better adapted to soil of intermediate and low fertility. Syagrus coronata (Mart.) Becc. showed high Importance Value for both areas, which demonstrates the successful adaptation of this species to the environments where it lives. The Shannon - Weaver diversity index was considered high for both areas when compared to other surveys xxiv conducted in the savannah region, which could be the result of the edaphoclimatic conditions of the areas. Regarding the height of plants, it was observed that in general, the size of the plants in Jacobina was higher than in Senhor do Bonfim. The diversity between areas was analyzed through the Shannon-Weaver diversity index and a high value for both areas was obtained, when compared to other surveys conducted in the Brazilian savannah.

Key words: Phytosociology, Botanical composition, Spatial variations, Soil fertility.

1. INTRODUÇÃO GERAL

A caatinga, vegetação caducifólia espinhosa é o principal ecossistema existente na região Nordeste do Brasil, ocupando a quase totalidade da área pertencente aos estados nordestinos e ao norte de Minas Gerais. É um ecossistema único, pois, embora se localize em área de clima semi-árido, apresenta um número expressivo de táxons raros e/ou endêmicos (GIULIETTI et al., 2002), e uma grande variedade de tipos vegetacionais (RODAL & SAMPAIO, 2002). A associação dos fatores edáficos e das ações antrópicas produzem mosaicos de vegetação, fazendo com que a caatinga apresente uma enorme variabilidade espacial e temporal, mesmo quando é vista através de estereotipo de afloramento de rochas onde predominam xique-xique (Pilosocereus gounellei A. Weber ex K. Schum.) Bly. ex Rowl.) e macambira (Encholirium spectabile Martius ex Schultes) (MIRANDA, 1986). Essa variabilidade na composição e no arranjo de seus componentes botânicos segundo Araújo Filho (1986), se deve a respostas aos processos de sucessão e de diversos fatores ambientais, onde a densidade de plantas, a composição florística e o potencial do estrato herbáceo variam em função das características de solo, pluviosidade, altitude, relevo e ações antrópicas, dentre outros. Embora as comunidades vegetais possam ser caracterizadas quanto à composição florística, podendo ser semelhantes em termos específicos, podem diferir grandemente quanto à quantidade relativa de suas espécies, o que determina a aplicação de estudos fitossociológicos (MATTEUCCI & COLMA, 1982). O conhecimento da organização estrutural das populações de espécies arbustivo arbóreas, por meio de estudos fitossociológicos, é base para a definição de estratégias de manejo e conservação de remanescentes florestais e restauração florestal em áreas degradadas. Informações sobre o número de indivíduos por espécie, espécies dominantes e espécies raras, devem ser consideradas nos projetos de restauração florestal, visando a sustentabilidade dos ecossistemas a serem restaurados (PINTO et al., 2007). A família é representada por aproximadamente 187 gêneros e 2.000 espécies com distribuição pantropical, sendo que os maiores centros de diversidade ocorrem nas regiões tropicais da Ásia, Indonésia, Ilhas do Pacífico, bem como na América do Sul e Central (SVENNING, 2001). 2

O gênero Syagrus, endêmico da América do Sul e com centro de diversidade entre os estados da Bahia e de Minas Gerais, Brasil, é constituído por cerca de 42 espécies e oito híbridos naturais, sendo sete interespecíficos e um intergenérico (NOBLICK, 1996). Algumas espécies segundo Noblick (1986), têm distribuição tão limitada que são endêmicas a determinadas regiões como Syagrus werdernannii Burret (Caetité-BA), S. harleyi D.J.N.Hind (Mucugê-BA) e S. microphylla Kunth (Morro do Chapéu-BA). O licuri, Syagrus coronata (Mart) Becc., espécie em estudo, tem distribuição no norte de Minas Gerais, na Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Embora sua distribuição se estenda até o litoral e cresça bem nas restingas baianas, tem preferência pelas caatingas, crescendo em áreas altamente pedregosas e castigadas pelo sol, até áreas com melhores condições de solo, tornando-se a vegetação predominante de algumas regiões (NOBLICK, 1986). As Arecaceae apresentam grande importância econômica e ecológica, os estudos sobre essa família têm sido realizados principalmente sobre biologia reprodutiva (SCARIOT et al., 1991; ROSA et al., 1998), germinação (BOVI,1975), mortalidade de plântulas, predação e dispersão de sementes (SCARIOT, 1998, 2000). Poucos estudos têm sido realizados com o objetivo de descrever a estrutura dessa família em seu habitat natural (BENACCI, 2001; SALM, 2004; ROCHA & SILVA, 2005), no entanto para a caatinga, esses estudos são escassos ou inexistentes. Embora as pesquisas sobre as Arecaceae tenham avançado nas últimas décadas, em muitos dos levantamentos fitossociológicos realizados na caatinga, nada se tem a respeito dessa família, pelo fato desta não ser um componente comum nesse tipo de vegetação, resultando na inexistência de dados sobre estrutura. No entanto, dada à importância econômica que a palmeira licuri exerce nas regiões onde se encontra, são necessários estudos que visem o conhecimento da sua estrutura, distribuição espacial e relação com os fatores ambientais, para contribuição da sua preservação e manejo sustentado da espécie. O objetivo do trabalho foi avaliar a distribuição espacial do licuri em áreas de ocorrência natural e sob pastagem, a composição florística e fitossociológica do componente arbóreo-arbustivo e a similaridade de duas áreas de vegetação natural dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, BA, visando contribuir para a preservação e uso sustentável desta Arecaceae na região.

3

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Licuri

As palmeiras figuram entre as espécies vegetais mais importantes para os animais já que seus frutos apresentam, em geral, pouca sincronia de frutificação quando comparado com outras espécies do mesmo bioma. Devido a essa importância para os animais em épocas de escassez de alimentos, as palmeiras são frequentemente chamadas de ‘’espécies chave’’, podendo causar um colapso na comunidade de frugívoros, se estas estiverem ausentes (PERES, 1994; TERBORGH, 1986, DONATTI, 2004). O gênero Syagrus, segundo Henderson et al., (1995), Noblick (1996) e Henderson & Medeiros-Costa (2006) pertence a sub-família Arecoideae, apresenta 30 espécies distribuídas na América do Sul, com maior diversidade na região central do Brasil. Sendo que 16 espécies concentram-se na região nordeste e 14 são registradas para a floresta Atlântica. O licuri Syagrus coronata (Mart) Becc. por viver em locais, onde os grandes períodos secos se alternam com as estações chuvosas, suportando bem as secas prolongadas e florescendo e frutificando por um longo período do ano, torna-se um fundamental provedor de recursos para a subsistência do homem dessas regiões, sendo utilizado também para alimentar os animais (LORENZI, 1992). É uma planta reconhecida na composição da caatinga. Mede de 8,00 m a 11,00 m, tendo folhas com mais ou menos 3,00 m de comprimento. Os cachos de licuri têm em média 1357 frutos, que têm comprimento e diâmetro médios de 2,0 cm e 1,4 cm, respectivamente (CREPALDI et. al., 2001). Enquanto verdes, os frutos possuem o endosperma líquido, que se torna sólido no processo de amadurecimento, dando origem à amêndoa. Quando maduros estes apresentam uma coloração que varia do amarelo-claro ao laranja, dependendo não apenas do seu estágio de maturação, mas também dos indivíduos considerados. A literatura afirma que a variação na coloração de frutos (do amarelo ao vermelho) geralmente está associada à presença de carotenóides, compostos com atividade pró-vitamínica A, tornando, portanto, seu consumo importante para as regiões pobres de países em desenvolvimento, onde a hipovitaminose A é endêmica, afetando principalmente crianças na idade pré-escolar (SIMMONS, 1975; RODRIGUEZ-AMAYA, 1985; GROSS, 1991). 4

Nos municípios onde esta palmeira ocorre praticamente toda a planta é utilizada pela população. Das suas folhas, são confeccionados sacolas, chapéus, vassouras e espanadores. Por raspagem as folhas fornecem a cera de licuri que é equivalente a da carnaubeira, utilizada na fabricação de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, dentre outros. A polpa das amêndoas é consumida in natura, sendo utilizadas para fabricação de cocadas. Delas também é extraído um óleo usado na culinária da população do semi-árido. A amêndoa de acordo com Bondar (1939), contém 55 a 61% de óleo comestível, análogo ao coqueiro da praia (Cocus nucifera, L.). As indústrias fabricavam óleo de licuri em Senhor do Bonfim com destino à produção de saponáceos (sabão em pó, detergentes, sabão em barra e sabonetes finos) considerados de alta qualidade, visto que o licuri é considerado o melhor óleo brasileiro para a produção de sabão (SANTOS & SANTOS, 2002). Na extração do óleo, o resíduo serve como alimento para animais (BONDAR, 1939). Segundo esse autor, o resíduo da produção do óleo constitui-se em uma torta, também comercializada, que detém 41% de substâncias não azotadas, 19% de proteínas, 16% de celulose e 11% a 12% de óleo, representando ótima ração adicional para vacas leiteiras de bom padrão racial, para o desenvolvimento precoce de animais de corte e também para reprodutoras. O licuri é considerado uma espécie importante no ecossistema que está inserido, pois além de possuir alta densidade de indivíduos em suas populações nos ambientes naturais, desempenha importante papel na alimentação humana e de animais, visto que é o principal alimento da arara-azul. Entretanto apesar da sua importância ecológica e econômica, faltam estudos sobre esta palmeira. Poucos trabalhos foram realizados com esta espécie, estes referem-se a germinação de sementes (CARVALHO et al., 2005), crescimento de plântulas (CARVALHO et al., 2006), anatomia do segmento foliar (LEITE & SCATENA, 2001) valor nutricional (CREPALDI, 2001) e importância sócio-econômica (CREPALDI, 2000).

2.2. Florística e fitossociologia

A maior parte do Nordeste do Brasil é coberta por uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variadas, denominada caatinga (RODAL et al, 1992). A caatinga se estende pelos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, 5

Alagoas, Bahia, Sergipe e norte de Minas Gerais. Do ponto de vista florístico, é ainda pouco conhecida, pouco se conhece das suas potencialidades, apresenta espécies que sequer foram descritas e pouco ou quase nada se sabe dos seus aspectos fisiológicos. Apesar dos levantamentos florísticos na caatinga terem se intensificado, esta ainda apresenta uma extraordinária diversidade florística e um grande número de espécies endêmicas. Alguns autores consideraram a caatinga como possuindo um número reduzido de espécies, pobre em endemismos nos níveis genérico e específico e não apresentando uma flora autóctone, mas derivada das floras do chaco e da Mata Atlântica. No entanto, sistematizações recentes têm demonstrado uma situação bem diferente. Cerca de 1.012 espécies de angiospermas foram referidas para o Bioma das Caatingas, das quais 318 espécies foram consideradas endêmicas da caatinga. Além disso, 18 gêneros foram referidos como endêmicos. A repartição da diversidade florística foi a principal característica responsável pelo reconhecimento de ecorregiões no Bioma das Caatingas. Algumas famílias apresentam grande diversidade na caatinga (QUEIROZ, 2006). Para esse autor, a família Leguminosae é a mais diversa, com 293 espécies em 77 gêneros, das quais 144 são endêmicas da caatinga. Espécies de muitos gêneros de Leguminosae contribuem para a constituição dos estratos arbóreo e arbustivo que dão a feição característica da caatinga, como Mimosa, Acacia, Caesalpinia e Senna. Outra família floristicamente importante é Euphorbiaceae, com grande diversidade de espécies dos gêneros Croton (‘velames’), Cnidoscolus (‘cansansões’ ou ‘favelas’) e Jatropha (‘pinhões’). As Cactaceae constituem um importante elemento da paisagem, com seus caules suculentos, áfilos e cobertos por espinhos. Foram registradas para a caatinga 58 espécies das quais 42 são endêmicas. Alguns gêneros característicos são Cereus (‘mandacarus’), Pilosocereus (‘facheiros’) e Melocactus (‘cabeças-de-frade’) e Tacinga (‘palmas’), sendo este último endêmico da caatinga. A família Bignoniaceae é bem representada, especialmente com espécies de lianas dos gêneros Arrabidaea, Adenocalymma e Piriadacus, o último endêmico da caatinga (QUEIROZ, 2006). A fitossociologia pode ser conceituada como a ecologia quantitativa de comunidades vegetais. Envolve as inter-relações de espécies vegetais no espaço e, de certa forma no tempo. Seus objetivos referem-se aos estudos quantitativos da composição florística, estrutura, funcionamento dinâmico, distribuição e relações ambientais da comunidade vegetal, mantendo relações estreitas com a fitogeografia e as ciências florestais (MARTINS, 1989). 6

Um estudo fitossociológico não é realizado somente para conhecer as espécies que compõem a flora, mas também como elas estão arranjadas, suas interdependências, como funcionam, crescem e se comportam no fenômeno de sucessão (RODRIGUES & PIRES, 1988). Os estudos fitossociológicos, possibilitam a avaliação da estrutura e da composição da vegetação, permitindo a derivação de informações e inferências relacionadas com a dinâmica ecológica da comunidade analisada (RODRIGUES et al., 1989). A estrutura horizontal resulta das características e combinações entre as quantidades em que cada espécie ocorre por unidade de área (densidade), da maneira como estas espécies se distribuem na área (freqüência) e do espaço que cada uma ocupa (dominância). A soma aritmética dos valores relativos destes indicadores proporciona o valor de importância, medida largamente utilizada para medir o grau de importância de espécies e famílias botânicas num determinado ambiente florestal. O índice valor de importância (IVI) constitui excelente indicador da importância de uma espécie ou família botânica (QUEIROZ, 2008). O estudo da densidade, dominância e freqüência revelam aspectos essenciais da composição florística de um povoamento. A análise conjunta destes indicadores fornece uma déia de como as espécies se relacionam na área (LAMPRECHT, 1964). No estudo da estrutura horizontal, a dominância do indivíduo ou espécie é representada pela área transversal do fuste ou do estipe/colmo. Quando a árvore tem vários fustes, ocorrência muito comum entre as Dicotiledôneas, a dominância resulta da soma da área transversal dos fustes do indivíduo ou espécie. Para o estudo da distribuição diamétrica, considera-se, individualmente, cada fuste e cada estipe ou colmo (QUEIROZ, 2008). Para MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG (1974) a dominância absoluta de uma espécie é dada pela soma da área basal de todos os indivíduos de uma espécie presentes na amostra e a dominância relativa pela porcentagem entre a área basal total da espécie e a área basal por unidade de área. A freqüência é uma medida percentual que indica como as espécies estão distribuídas na área. De acordo com o critério amostral adotado, se a espécie estiver presente em todas as parcelas ou subparcelas, a freqüência absoluta será de 100%. Quanto menor o número de parcelas ou subparcelas em que a espécie ocorrer, menor será a sua freqüência. A freqüência indica a dispersão média de cada componente vegetal, medida pelo número de sub-parcelas da área amostrada (FONT-QUER, 1975). 7

A freqüência absoluta mostra a ocorrência de cada espécie no total de unidades de área amostradas. A freqüência relativa mostra a freqüência de uma determinada espécie em relação às demais em porcentagem (LAMPRECHT, 1964). O início de levantamentos fitossociológicos na caatinga deu-se a partir de uma série de inventários florestais realizados por Tavares et al., (1969a; 1969b; 1970; 1974a; 1974b; 1975) e inventários florestais para determinar o potencial madeireiro (CARVALHO, 1971; GIRÃO & PEREIRA, 1971; SUDENE, 1979). Trabalhos realizados posteriormente, tiveram como objetivos estabelecer padrões vegetacionais e florísticos, ou correlacionar fatores ambientais com as características estruturais da vegetação (GOMES, 1979; ARAÚJO et al., 1995) esses trabalhos contribuíram para elaborar o perfil dessa vegetação e a estrutura fisionômica. Na descrição da vegetação da caatinga é difícil explicar sua estrutura, a altura das árvores e sua densidade, pois esse tipo de vegetação é muito variável em todas estas características (KUHLMAN, 1977; FERREIRA, 1988). Fitossociologicamente, a densidade, freqüência e dominância das espécies são determinadas pelas variações topográficas, tipo de solo e pluviosidade (DRUMOND et al., 2000).

2.3. Relação solo - clima – vegetação

De modo geral, os solos do semi-árido são poucos profundos, apresentam boa fertilidade química e pH normalmente em torno da neutralidade, podendo tornar-se alcalino nas áreas calcárias. Estão sujeitos à erosão devido à intensidade das chuvas torrenciais, baixa permeabilidade e profundidade efetiva (CHAVES & KINJO, 1987). Em função da diversidade litológica e material originário, de relevo e da maior ou menor aridez do clima verifica-se segundo Jacomine (1996), a presença de diversas classes de solos na região, tendo-se constatados desde solos muito jovens - Neossolo litólico (19,2%), até solos muito evoluídos como os Latossolos (21%), bem como áreas de Argissolos (14,7%), Luvissolos (13,3%), Neossolos Quartzênicos (9,3%), Planossolos (9,1%), Neossolos Regolíticos (4,4%) e Cambissolos (3,6%). Ainda de acordo com esse autor, em pequenas extensões, perfazendo 5,4% da região, foram constatados Neossolos Flúvicos, Planossolos, Vertissolos, Chernossolos, Gleissolos e Chernossolos Argilúvicos. A geologia no ambiente semi-árido é bastante variável, porém com predomínio de rochas cristalinas, seguidas de áreas sedimentares e em menor proporção encontram- 8 se áreas de cristalino com uma cobertura pouco espessa de sedimentos arenosos ou areno-argilosos (JACOMINE, 1996; REBOUÇAS, 1999). Na formação cristalina, os solos são na maioria das vezes rasos, pois a rocha que lhes dá origem está localizada próxima à superfície, apresentando entre outros aspectos, problemas de armazenamento de água. Os outros 30% são terrenos sedimentares com alta capacidade de acumulação de águas subterrâneas (LEPRUN, 1986). Nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, os solos predominantes são os Latossolos, Luvissolos e Nitossolos, de acordo com a classificação da EMBRAPA (1999). A vegetação é o espelho do meio, refletindo as características do solo, tais como a porosidade, a salinidade e a alcalinidade, a capacidade de retenção de água e também as características da atmosfera envolvente, a exemplo da umidade relativa, temperatura, insolação e correntes aéreas (VASCONCELOS SOBRINHO, 1983). A relação entre a vegetação e o solo é muito estreita, de modo que alterações na vegetação afetam os atributos físicos ou químicos do solo (MATHER, 1990), ou alterações e diferenças no solo provocarem efeitos significativos na vegetação (MELO, 2004). O solo desempenha papel fundamental dentre os fatores que interferem na formação e entendimento das paisagens, fornecendo suporte mecânico, água e nutrientes para o estabelecimento e desenvolvimento das plantas. O estudo do solo é fundamental para melhorar o seu aproveitamento e conservação, tanto para a agricultura quanto para o meio ambiente (FERREIRA, 2007). Vários estudos têm mostrado que um dos principais fatores que atua na composição florística e estrutura das florestas é a heterogeneidade ambiental cujos efeitos podem ser observados mesmo no interior de pequenos fragmentos (OLIVEIRA et al., 1994a; DURIGAN et al., 2000; BOTREL et al., 2002). Os estudos que buscam relacionar uma determinada fisionomia vegetal a fatores ambientais, se concentram principalmente na relação com o clima (TORRES et al., 1997), com a classe de solo (BERTANI et al., 2001; COSTA & ARAÚJO, 2001), e fertilidade do solo (LIMA et al., 2003). Van den Berg (1995), também revela a importância de relacionar as variações na abundância e distribuição espacial das espécies vegetais com as variáveis ambientais, já que só depois disto torna-se possível o manejo apropriado das comunidades estudadas. 9

As características fitossociológicas como densidade, cobertura e freqüência das espécies lenhosas, arbustos e árvores de pequeno porte que dominam a paisagem da caatinga são determinadas principalmente, pelas variações de topografia, tipo de solo e pluviosidade. Entre os fatores que mais influenciam a sucessão, destaca-se o solo por suas características físicas, químicas e biológicas (ARAÚJO FILHO & CARVALHO, 1997). Segundo SANTOS et al., (1992), trabalhando em área restrita e de relevo suave, pode-se considerar sem significado as variações climáticas e estudar os efeitos dos diferentes solos na vegetação. Para Andrade-Lima (1960) e Rodal (1983), existe diferença florística da caatinga de solos arenosos para a caatinga de solos argilosos. A caatinga apresenta grande variação fisionômica, principalmente quanto a densidade e o porte das plantas. Mudanças em escala local a poucas dezenas de metros, são facilmente reconhecíveis e geralmente ligadas a uma alteração ambiental claramente identificável, é o caso do maior porte das plantas nos vales e do menor sobre lajedos e solos rasos em conseqüência da maior ou menor disponibilidade hídrica (AMORIM et al., 2005). Apesar de escassos, os estudos realizados em escala espacial reduzida indicam que, dentro de uma mesma região climática, o tipo de solo pode ser utilizado como indicativo da composição florística a ser implantada em projetos de recomposição da vegetação (RODRIGUES & GANDOLFI, 1996). Alguns estudos têm relacionado à ocorrência de palmeiras a certos tipos de solo, clima e altitude (MOTTA et al., 2002; MONTEIRO & FISCH, 2005). Em estudo realizado para relacionar a ocorrência da macaúba com atributos climáticos pedológicos e vegetacionais, Motta et al. (2002), observaram que a ocorrência dessa palmeira acompanha áreas de solo com maior fertilidade natural e que a espécie evita extremos de deficiência de nutrientes e de água. Com relação a Syagrus coronata Duque (1964) afirma que este ocorre em solos silicosos de baixa e média fertilidade. No entanto, Lorenzi (1992), afirma que o licurizeiro é considerado padrão de terra boa, ocorrendo em solos de boa fertilidade ainda que cascalhentos e secos. Baseados em dados quantitativos de espécies arbóreas que ocorrem dentro de uma mesma formação florestal, alguns autores identificaram gradientes associados às variações nas características pedológicas (OLIVEIRA FILHO et al., 1994a, 1994b, BERTANI et al., 2001, BOTREL et al., 2002). Estas associações sugerem a possibilidade de inferir a composição florística a partir do tipo de solo e aplicar este conhecimento na restauração das formações. 10

Atualmente, é consenso que o principal condicionante da vegetação da caatinga, é a distribuição variável e errática das chuvas (ARAÚJO & FERRAZ, 2003). Diferentes autores têm observado que a fisionomia de modo geral reflete as condições climáticas (SARMIENTO, 1972). Figueiredo & Lima-Verde (1999), estudando a caatinga e carrasco do Nordeste do Brasil, observaram que a precipitação é o fator mais importante para determinação do gradiente de vegetação das caatingas, visto que as maiores densidades e alturas médias das espécies dominantes foram correlacionadas significativamente com a precipitação. Segundo estes autores, áreas de pluviosidade mais elevada têm seus componentes florísticos em baixa densidade e mais alto porte. As condições ambientais são responsáveis pelo estabelecimento da biodiversidade potencial. Temperaturas médias favorecem a ocorrência de um maior número de espécies do que temperaturas extremas, assim como precipitações elevadas e bem distribuídas, e condições edáficas como boa fertilidade, maior teor de matéria orgânica e profundidade do solo (COSTA et al., 2003). Segundo esse autor, a geomorfologia, o solo e o clima determinam as condições naturais para a ocorrência das espécies. O reconhecimento das características do ambiente onde uma espécie ocorre pode colaborar na compreensão da sua auto-ecologia, uma vez que os fatores ambientais tais como as condições do clima e do solo, influenciam o desenvolvimento das espécies (PUCHALSKI et al., 2006).

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, I.L. de.; SAMPAIO, E.V.S.B.; ARAÚJO, E.de.L. Flora e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea de uma área de caatinga do Seridó, RN, Brasil. Acta Botânica Brasílica, São Paulo. v.19. n.3, p.615-623. 2005.

ANDRADE-LIMA, D. Estudos fitogeográficos de Pernambuco, Brasil. Arquivo do Instituto de Pesquisas Agronômicas. Recife, v.5, n.1, p.305-341, 1960.

ARAUJO FILHO, J. A. A. Manipulação da vegetação lenhosa da caatinga com fins pastoris. In.:SIMPOSIO SOBRE CAATINGA E SUA EXPLORAÇÃO RACIONAL 1984. Feira de Santana. Anais... Brasília: EMBRAPA – DDT, 1986.

ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística e fitossociológica de três áreas de Caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia,São Carlos, v. 55, n. 4, p. 595-607, 1995.

ARAÚJO FILHO, J.A.; CARVALHO, F.C. Desenvolvimento sustentado da caatinga. Sobral, EMBRAPA-CNPC, 1997. 19p. (Circular Técnica 13).

ARAÚJO, E.L. FERRAZ, E.M.N. Processos ecológicos mantenedores da diversidade vegetal na caatinga: estado atual do conhecimento. In: V. Claudino-Sales (ed.). Ecossistemas brasileiros: manejo e conservação. Fortaleza, Expressão Gráfica e Editora. Pp. 115-128. 2003.

BENACCI, L. C. Aspectos da demografia da palmeira nativa Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman, jerivá como subsídios ao seu manejo. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal). Universidade Estadual de Campinas - Instituto de Biologia. Campinas. 134 f. 2001.

BERTANI, D.F., RODRIGUES, R.R., BATISTA, J.L.F.; SHEPHERD, G.J. Análise temporal da heterogeneidade florística e estrutural em uma floresta ribeirinha. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo. v.24, p.11-23. 2001.

BONDAR, G. Importância econômica das palmeiras nativas do gênero Cocos nas zonas secas do interior bahiano. Bahia: Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia, 1939. 16 p.

BOTREL, R. T.; OLIVEIRA FILHO, A. T.; RODRIGUES, L. A.; CURI, N. Influência do solo e topografia sobre as variações da composição florística e estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva de uma floresta estacional semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo. v.25, n.2, p.195-213. 2002.

BOVI, M.L.A.; CARDOSO, M. Germinação de sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.). Bragantia, Campinas, v.34, p.29-34, 1975.

CARVALHO, G. H. Contribuição para a determinação da reserva madeireira do sertão central do Estado de Pernambuco. Boletim Recursos Naturais, Recife. V. 9, n. 112, p. 289-312, 1971. 12

CARVALHO, N.O.S. Uso de substâncias reguladoras e não-específicas na germinação de sementes de licuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.). Sitientibus Série Ciências Biológicas. v. 5, n. 1, p. 28-32. 2005.

CHAVES, L. H. G.; KINJO, T. Relação quantidade/intensidade de potássio em solos do trópico semi-árido brasileiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, SP, v.11, n.3, p.257-261, 1987.

COSTA, A.A.; ARAÚJO, G.M. Comparação da vegetação arbórea de cerradão e de cerrado na Reserva do Panga, Uberlândia, Minas Gerais. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v.15, p.63-72, 2001.

COSTA, T.C. E. C. et.al. Estimativa da diversidade floristica da caatinga por meio da analise multicritério. Anais... SBSR, 11. Belo Horizonte, Brasil, INPE, p. 2689 - 2696. 2003.

CREPALDI, I. C.; MURADIAN, L. B. de. A.; RIOS, M. D. G.; CAMARGO PENTEADO, M. de. V. C.; SALATINO, A. Composição nutricional do fruto de licuri (Syagrus coronata (Martius) Beccari). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo. v. 24 n. 2. São Paulo, 2001.

DONATTI, C. I. Conseqüência da defaunação na dispersão e pedração de sementes e no recrutamento de plântulas da palmeira brejaúva (Astrocaryum aculeatissimum). Dissertação (Mestrado em Ecologia de Agroecossistema). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba. 89 f. 2004.

DRUMOND, M. A.; KILL, L. H. P.; LIMA, P. C. F. Avaliação e identificação de ações prioritárias, para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma caatinga: estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da caatinga. Petrolina. 2000. 23 p.

DURIGAN, G., RODRIGUES, R.R.; SCHIAVINI, I. A heterogeneidade ambiental definindo a metodologia de amostragem da floresta ciliar. In Matas ciliares: conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho, eds.). EDUSP, São Paulo, p.159-167. 2000.

DUQUE, J. G. O Nordeste e as lavouras xerófilas. Fortaleza: BNB, 1964. p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.

FERREIRA, R. L. C. Análise estrutural da vegetação da estação florestal de experimentação de Açu-RN, como subsídio básico para o manejo florestal. 1988. 90f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

FERREIRA, I.C.de M. Associações entre solos e remanescentes de vegetação nativa em Campinas, SP. 107 f. 2007. Dissertação (Curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical. Instituto Agronômico de Campinas. 13

FONT-QUER, P. Dicionário de Botânica. Barcelona: Labor, 1244p. 1975.

FIGUEIREDO, M. A.; LIMA-VERDE, L. W. Caatingas e carrasco, comunidades xerófilas no Nordeste do Brasil. In: Fernando Dantas de Araújo; Hew DV Prendergast; Simon J Mayo. (Org.). Plantas do Nordeste. Anais do I Workshop Geral. Great Britain - Whitstable: Whitstable Litho Printers Ltd, v. 01, p. 104-112. 1999.

GIRÃO, E. M. C.; PEREIRA, I. C. A. de. Primeira contribuição para o mapeamento e avaliação das áreas de matas nativas densas do Sertão Central do Estado de Pernambuco, através de fotointerpretação. SUDENE, Boletim de Recursos Naturais, Recife, v. 9, p. 229-287, 1971.

GIULIETTI, A.M. et al.;. Espécies endêmicas da Caatinga. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; GIULIETTI, A.M.; VIRGÍNIO, J. & GAMARRA-ROJAS, C.F.L. (Ed.). Vegetação & flora da caatinga. Recife: Associação de Plantas do Nordeste – APNE. Pp. 103-118, 2002.

GOMES, M. A. F. Padrões de caatinga nos Cariris Velhos, Paraíba. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal Rural de Pernambuco. 88 f. Recife. 1979.

GROSS, J. Pigments in vegetables: chlorophylls and carotenoids. Van Nostrand, New York. 1991.

HENDERSON, A.; GALEANO, G.; BERNAL, R. Palms of the Américas. Princeton: Princeton University Press, 352 p. 1995.

HENDERSON, A.; MEDEIROS-COSTA, J. T. de. Arecaceae. In: BARBOSA, M. R. de V. et al. (org.). Checklist das plantas do nordeste brasileiro: angiosperma e gymnospermas. Brasília, Ministério de Ciências e Tecnologia, p.33-34. 2006.

JACOMINE, P. K. T. Solos sob caatinga: características e uso agrícola. In: ALVAREZ, V. H.; FONTES, L. E. F.; FONTES, M. P. F. O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. Viçosa: SBCS; UFV, DPS, p.95-133. 1996.

KUHLMAN, E. Vegetação. Geografia do Brasil, Região Nordeste. Revista do IBGE, v. 2, p. 85-110. 1977.

LAMPRECHT, H. Ensayo sobre la estructura floristica de la parte sur-oriental del Bosque Universitario “El Caimital”, Estado Barinas. Revista Forestal Venezolana, v. 7, n. 10/11, p. 77-119, 1964.

LEITE, K.R.B.; SCATENA, V.L. Anatomia do segmento foliar de espécies de Syagrus Mart. (Arecaceae) da Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Sitientibus Série Ciências Biológicas. n. 1, v.1, p.3-14. 2001. LEPRUN, J. C. Relatório de fim de convênio de manejo e conservação do solo no Nordeste brasileiro (1982 – 1983). Recife: SUDENE DRN, 1986. 271p.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. Editora Platarum, Nova Odessa, São Paulo, p. 287. 1992.

14

MARTINS, F. R. Fitossociologia de florestas do Brasil: um histórico bibliográfico. Pesquisas, São Leopoldo, v.40, p.103-164. 1989.

MATTEUCCI, S. D.; COLMA, A. Metodologia para el estudio de la vegetacion. Washington, D.C.: Secretaría General de al Organización de los estados Americanos, 1982. 168 p.

MELO, M.S. Florística, fitossociologia e dinâmica de duas florestas secundárias antigas com histórias de usos diferentes no Nordeste do Pará-Brasil. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais). Escola Suprior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo. 2004. Piracicaba. 116f.

MONTEIRO, E. A.; FISCH, S. T. V. Estrutura e Padrão espacial das populações de Bactris setosa MART e B. hatschbachii NOBLICK EX A. HEND (Arecaceae) em um gradiente altitudinal, Ubatuba (SP). Biota Neotropica. São Paulo. v.5, n.2, 2005.

MOTTA, P. E. F. da; CURI, N.; OLIVEIRA-FILHO, A. T. de O.; GOMES, J. B. V. Ocorrência da macaúba em Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 7, p. 1023-1031. 2002.

MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Willey & Sons, 525 p. 1974.

NOBLICK, L. R. Palmeiras das caatingas da Bahia e as potencialidades econômicas. In: SIMPÓSIO SOBRE A CAATINGA E SUA EXPLORAÇÃO RACIONAL, 1986, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: EMBRAPA, 1986. p. 99-115.

NOBLICK, L.R. Syagrus. The Palm Journal, Lawrence, v.126, p. 12-46, 1996.

OLIVEIRA-FILHO, A.T., ALMEIDA, R.J., MELLO, J.M.; GAVILANES, J.M. Estrutura fitofisiológica e variáveis ambientais em um trecho de mata ciliar do córrego Vilas Boas, Reserva Biológica do Poço Bonito, Lavras (MG). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo. v.17, p.67-85. 1994a.

OLIVEIRA-FILHO, A.T., VILELA, E.A., GAVILANES, J.M. & CARVALHO, D.A. Comparison of the woody flora and soils of six areas of montane semideciduous forest in southern Minas Gerais, Brazil. Edinburgh Journal of Botany. v. 51, p.355-389. 1994b.

PERES, C. A. Compositon, density and fruiting phenology of arborescent palmsin an Amazonian terra firm forest. Biotrópica, v. 26, p. 285-294. 1994.

PINTO, S.I. do C.; MARTINS, S.V. M.; SILVA, A.G. da.; BARROS, N.F.de.; DIAS, H.C.T.; SCOSS, L. M. Estrutura do componente arbustivo-arbóreo de dois estádios sucessionais de floresta estacional semidecidual na Reserva Florestal Mata do Paraíso, Viçosa, MG, Brasil. Revista Árvore. v. 31, n. 5. 2007

15

PUCHALSKI, A.; MANTOVANI, M.; REIS, M.S.dos. Variação em populações naturais de Araucaria angustifólia (Bert.) O.Kuntze associada a condições edafo-climáticas. Scientia Florestalis. n. 70, p. 137-148. 2006.

QUEIROZ, L.P. The Brazilian caatinga: phytogeographical patterns inferred from distribution data of the Leguminosae. In R.T. Penninigton, G.P. Lewis; J.A. Ratter (eds.) Neotropical Dry Forests and Savannas. Royal Botanical Garden, Edinburgh, pp 113- 149. 2006.

QUEIROZ, J. A. L. de. Estrutura e dinâmica em uma floresta de várzea do Rio Amazonas no estado do Amapá. Tese (Doutorado em Ciências Florestais). Universidade Federal do Paraná. 101 f. 2008.

REBOUÇAS, A. Potencialidade de água subterrânea no semi-árido brasileiro. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA, 9., 1999. Anais... Petrolina, 1999.

ROCHA, A. E. S. da.; SILVA, M. F. F. da. Aspectos fitossociológicos, florísticos e estnobotânicos das palmeiras (Arecaceae) de floresta secundária no município de Bragança, PA, Brasil. Acta Botânica Brasileira, São Paulo, v.19, n. 3. p. 657-667, 2005.

RODAL, M. J. N. Fitoecologia de uma área do médio vale do Moxotó, Pernambuco. Dissertação de Mestrado em Botânica, UFRPE, Recife, 132p. 1983.

RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S.; FIGUEIREDO, M. A. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico: ecossistema caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil, 1992. 24 p.

RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S. B. A vegetação do bioma caatinga. In: Vegetação & Flora da Caatinga. Recife, Associação Plantas do Nordeste/Centro Nordestino de Informações sobre Plantas. p. 11-24. 2002.

RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Os carotenóides como precursores de vitamina A. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.19. p. 227-242, 1985.

RODRIGUES, R. R.; MORELATO, L.P.C.; JOLY, C.A.; LEITÃO-FILHO, H.F. Estudo Florístico e Fitossociológico em um Gradiente altitudinal da Mata Estacional Mesófila Semidecídua, na Serra do Japi, Jundiaí, São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.12, p. 17-84. 1989.

RODRIGUES, W. A., PIRES, J. M. Inventário fitossociológico. In: ENCONTRO SOBRE INVENTÁRIOS FLORÍSTICOS NA AMAZONIA, 1988, Manaus. Anais... Manaus, 1988.5p.

RODRIGUES, R.R., GANDOLFI, S. Recomposição de florestas nativas: princípios gerais e subsídios para uma definição metodológica. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. v.2, p.4-15. 1996.

16

ROSA, L., CASTELLANI, T.T.; REIS, A. Biologia reprodutiva de Butia capitata (Martius) Beccari var. odorata (Palmae) na restinga do município de Laguna, SC. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.21, p.281-287. 1998.

SALM, R. Stem density and growth of Attalea maripa and Astrocaryum acuelatum: Implication for arborescent palms distribution across Amazônia forest. Biota Neotropica, v. 4, n. 1. 2004.

SANTOS, H. M.V; SANTOS, V. de J. Estudo etnobotânico do licuri Syagrus coronata (Martius) Beccari em Senhor do Bonfim, Bahia. 2002. Disponível em:< http://projetolicuri.ubbihp.com.br/>. Acesso em: [10/08/05].

SANTOS, M.F.A.V.; RIBEIRO, M.R.; SAMPAIO, E.V.S.B. Semelhanças vegetacionais em sete solos de Caatinga. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 27, n. 2. p.305-314. 1992.

SARMIENTO, G. Ecological and floristics convergences between seasonal formations of tropical and subtropical South America. Journal of Ecology, v. 60, p. 367-410. 1972.

SCARIOT, A., LIERAS, E.; HAY, J.D. Reproductive biology of the palm Acrocomia aculeata in central Brazil. Biotropica, v. 23, p.12-22. 1991.

SCARIOT, A. Conseqüências da fragmentação da floresta na comunidade de palmeiras na Amazônia Central. IPEF, v.12. p.71-86. 1998.

SCARIOT, A. Seedling mortality by litterfall in Amazonian forest fragments. Biotropica, v.32. p. 662-669, 2000.

SIMMONS, W.K. Blindness in nine states of Northeast Brazil. The American Journal of Clinical Nutrition, v.28, p.202. 1975.

SUDENE. Recursos Naturais do Nordeste: Investigação e Potencial. 3. Ed., 165p. Recife, 1979. (Sumário das atividades).

SVENNING, J.C. Evironmental heterogeneity, recruitment limitation and the mesoscale distribution of palms in a tropical montane rain forest (Maquipucuna, Ecuador). Journal of Tropical Ecology, v.17,p. 97-113, 2001.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A. V.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H. & LIMA, J. L. S. Inventário florestal do Ceará. l. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá. Boletim de Recursos Naturais v. 7. n.1/4. p.93-111. 1969a.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de. Inventário florestal do Ceará. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife, v. 7; n. 1/4, p. 93-111, 1969b.

17

TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de.; LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal de Pernambuco, estudo preliminar das matas remanescentes dos municípios de Ouricurí, Bodocó, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife, v.8, p.149-194, 1970.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A. F. LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal do Ceará. II. Estudo preliminar das matas remanescentes de Tauá. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife, v. 12, n. 2, p. 5-19, 1974a.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal do Ceará. III. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Barbalha. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife, v. 13, n. 2, p. 20-46, 1974b.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; CARVALHO, G. H. de. Inventário florestal na Paraíba e no Rio Grande do Norte. I. Estudo preliminar das matas remanescentes do Vale do Piranhas. Recife: SUDENE, 31p. 1975. (SUDENE. Série Recursos Naturais 3).

TERBORGH, J. Community aspects of frugivory in tropical forests. In: Frugivores and seed dispersal. (Estrada, A. & Fleming, T. H. Eds.). Dr. W. Junk Publishers, Dordrecht. p. 371-384. 1986.

TORRES, R.B, MARTINS, F.R.; KINOSHITA, L.S. Climate, soil and tree flora relationships in the state of São Paulo, southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo. v. 20, p. 41-49. 1997.

VAN DEN BERG, E. Estudo florístico e fitossociológico de uma floresta ripária em Itutinga, MG, e análise das correlações entre variáveis ambientais e a distribuição das espécies de porte arbóreo-arbustivo. Lavras: UFLA, 1995. 73f. (Dissertação - Mestrado em Engenharia Florestal). Universidade Federal de Lavras.

VASCONCELOS SOBRINHO, J. Áreas em desertificação ocorrentes no Nordeste do Brasil. Sua formação e sua contenção. Recife: UFRPE, 1983. 64p.

CAPÍTULO I

INDICADORES CLIMÁTICOS E ATRIBUTOS DOS SOLOS EM DUAS ÁREAS NOS MUNICÍPIOS DE JACOBINA E SENHOR DO BONFIM, ESTADO DA BAHIA

18

INDICADORES CLIMÁTICOS E ATRIBUTOS DOS SOLOS EM DUAS ÁREAS NOS MUNICÍPIOS DE JACOBINA E SENHOR DO BONFIM, ESTADO DA BAHIA

RESUMO Dentre os fatores que interferem na formação e entendimento das paisagens, o solo desempenha papel fundamental fornecendo suporte mecânico água e nutrientes para o estabelecimento das plantas. Outro fator que exerce influencia sobre a ocorrência das espécies no semi-árido é o clima, devido a baixa precipitação, elevada evapotranspiração e baixa capacidade de retenção de água dos solos, no entanto, observa-se uma carência de informações sobre o assunto. Desse modo, O objetivo desse trabalho foi analisar a variabilidade temporal do clima dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, bem como analisar os atributos físicos e de fertilidade dos solos de duas áreas de vegetação natural nestes municípios. De posse dos dados climáticos, fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia realizou-se o balanço hídrico climatológico e o cálculo do índice de aridez. Para as análises dos atributos químicos e físicos do solo foram coletadas amostras nas profundidades de 0-10 cm (50 amostras), 10-20 cm (25 amostras) e 20-40 cm (4 amostras). As amostras foram encaminhadas ao laboratório de Irrigação e Salinidade da Universidade Federal de Campina Grande, para a determinação dos atributos físicos e químicos. O déficit hídrico é maior em Senhor do Bonfim do que em Jacobina. Dos índices utilizados para o cálculo de aridez, o modelo sugerido pela Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD), foi o que melhor caracterizou o clima dos municípios de Senhor do Bonfim (Subúmido e seco) e de Jacobina (Subúmido e úmido). As características físicas dos solos das áreas de Jacobina e Senhor do Bonfim são semelhantes, assim as possíveis diferenças de vegetação não devem está associadas aos atribuitos físicos do solo. Os solos das duas áreas apresentaram mais de 70% de areia na sua composição textural, classificando-os como franco-arenosos, e até a profundidade amostrada, a quantidade desta não varia. As áreas apresentaram fertilidade do solo distinta. Na área de Senhor do Bonfim, o solo é eutrófico (V≥50%) e tem maiores teores de Ca, Mg, P e K que em Jacobina. O solo da área em Jacobina apresenta alto teor de alumínio e o pH é ácido, enquanto Senhor do Bonfim o pH do solo tende a neutralidade. Os teores de matéria orgânica em ambos os solos foram baixos sob o ponto de vista agrícola. Palavras-chave: qualidade do solo, fertilidade, precipitação, Semi-Árido. 19

CLIMATIC INDICATIVES AND SOIL ATTRIBUTES IN TWO AREAS IN THE MUNICIPALITIES OF JACOBINA AND SENHOR DO BONFIM, STATE OF BAHIA, BRAZIL

ABSTRACT Among the factors that interfere in the formation of landscapes, soil plays key role providing mechanical support for water and nutrients for the establishment of plants. Another factor that influences the occurrence of species in semi-arid regions is the climate, due to the low rainfall, high evapotranspiration and low water retention capacity; however, there is a lack of information on the matter. Thus, the objective of this work was to analyze the temporal variability of the climate of municipalities Senhor do Bonfim and Jacobina and to analyze the physical attributes and fertility of soil from two areas of natural vegetation. The climate data, provided by the National Institute of Meteorology, were used to perform the climatologic hydric balance and to calculate the aridity index. For the soil analysis, samples were collected at depths of 0-10 cm (50 samples), 10-20 cm (25 samples) and 20-40 cm (4 samples). Samples were sent to the Irrigation and Salinity laboratory of the Campina Grande Federal University in order to determine the soil chemical and physical attributes. The hydric deficit is higher in Senhor do Bonfim than in Jacobina. From the indexes used in the aridity calculation, the model suggested by the United Nations Convention to Combat Desertification (UNCCD) was the one that best characterized the climate of municipalities Senhor do Bonfim (subhumid and dry) and Jacobina (subhumid and humid). The physical characteristics of the soil from the areas of Jacobina and Senhor do Bonfim are similar, thus, the possible differences in vegetation is not associated with the soil physical attributes. The soils from both areas had more than 70% of sand in its textural composition and were classified as franc- sandy, and up to the depth sampled, the quantity of sand remains unchanged. The areas presented different soil fertility. In the area of Senhor do Bonfim, the soil is eutrophic (V ≥ 50%) and has higher levels of Ca, Mg, P and K than in Jacobina. The soil in Jacobina shows high levels of aluminum and acidic pH, while in Senhor do Bonfim, the soil pH tends to neutrality. The organic matter levels in both soils were low from the agriculture point of view. Key words: soil quality, fertility, rainfall, Semi-Arid.

20

1. INTRODUÇÃO

A região semi-árida é caracterizada pela heterogeneidade das condições naturais, como o clima, solo, topografia e vegetação. O traço mais marcante dessa região de acordo com Mendes (1986) é o clima, principalmente pela existência de um regime pluviométrico que delimita duas estações bem distintas: uma curta estação chuvosa de 3 a 5 meses, denominada de "inverno" e uma longa estação seca, chamada de "verão", que tem duração de 7 à 9 meses .

A vegetação da caatinga sofre influência preponderante do clima, pois se encontra sempre subordinada a elevada deficiência hídrica, que é originada pela baixa pluviosidade e grande evapotranspiração, associadas à má distribuição das chuvas ao longo do ano e à baixa capacidade de retenção de água dos solos. Tais particularidades levaram a uma diversidade de variações fisiológicas e comportamentais das espécies existentes no local ao longo da evolução, que garantem sua sobrevivência a partir de uma melhor adaptação e aquisição de recursos do ambiente (FREIRE et al., 2003). Segundo Andrade et al., (2006), os ambientes semi- áridos são caracterizados, predominantemente pela alta variabilidade das chuvas, onde os eventos são constituídos normalmente por ‘’pulsos’’ de precipitações. Esses pulsos são formas especiais de se avaliar a dinâmica desse ecossistema. Para esses autores, o conhecimento do sincronismo e da amplitude das chuvas é de fundamental importância para compreender a dinâmica da caatinga. Para se ter uma idéia mais aproximada das reais disponibilidades de água em qualquer região e em particular no semi-árido, onde o problema do déficit hídrico provoca grandes impactos sociais, não basta apenas que se conheça o regime pluviométrico, mas é necessária, também, a realização do balanço hídrico (TEIXEIRA e SILVA, 1999). O balanço hídrico climatológico é uma das várias maneiras de se monitorar a variação do armazenamento de água no solo. A partir do suprimento de água ao solo, via precipitação ou irrigação, da demanda atmosférica e da capacidade de água disponível, o balanço hídrico fornece estimativas da evapotranspiração real, da deficiência, do excedente hídrico e do armazenamento de água no solo. O balanço hídrico assim calculado torna-se um indicador climatológico da disponibilidade hídrica em uma região (PEREIRA et al., 1997) Outro fator importante na variação fisionômica da caatinga é o solo. Para Mather (1990), a relação entre a vegetação e o solo é muito estreita, podendo as alterações na 21 vegetação afetar os atributos físicos ou químicos do solo, ou as alterações e diferenças no solo provocarem efeitos significativos na vegetação (MELO, 2004). De modo geral, os solos do semi-árido são poucos profundos, apresentam boa fertilidade e pH, normalmente, em torno da neutralidade, podendo tornar-se alcalino nas áreas calcárias (CHAVES & KINJO, 1987). Estão sujeitos à erosão devido à intensidade das chuvas torrenciais, baixa permeabilidade e profundidade efetiva. Os solos encontrados nessa região variam muito, especialmente em função do material de origem. Ocorrem desde solos com alto grau de intemperismo até solos jovens. As classes mais freqüentes são Latossolos, Argissolos, Luvissolos, Planossolos, Vertissolos, Neossolos e Cambissolos (JACOMINE, 1996). Segundo classificação da EMBRAPA (1999), nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, os solos predominantes são os Latossolos Vermelho Amarelo, com associações de Nitossolo e Argissolo. Os Latossolos Vermelho Amarelo são solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos. Estas classes compreendem latossolos de cores normalmente amarelas e amarelo-avermelhadas, profundos, bem drenados, porosos, friáveis, com horizonte superficial pouco espesso e contendo baixos teores em matéria orgânica. Geralmente possuem textura média e menos freqüentemente argilosa. Informações disponíveis sobre avaliações da fertilidade dos solos no semi-árido do Nordeste do Brasil, ainda são relativamente poucas. Mesmo assim, alguns dos trabalhos realizados sobre o tema (CAVALCANTE et al. (1999), SILVA & CHAVES (2001) e CHAVES et al. (2004)) são consistentes ao apontar, que dentre os nutrientes que são essenciais para o crescimento das plantas, o fósforo é o que apresenta disponibilidade mais crítica pelas baixas reservas totais da maioria dos solos, resultando que a maior parte das áreas de caatinga são consideradas como deficientes nesse elemento. O estado da Bahia de acorodo com Sampaio et al., (1995), apresenta uma área de clima semi-árido de 391.200 km2, sendo que 4 e 96 % dessa área apresentam necessidade de P média e alta, respectivamente. O objetivo desse trabalho foi analisar a variabilidade temporal do clima dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, bem como analisar os atributos físicos e de fertilidade dos solos de duas áreas de vegetação natural nestes municípios.

22

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de estudo

A pesquisa foi realizada nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, estando ambos localizados na Mesoregião Centro Norte do Estado da Bahia (Figura 1). Particularmente relacionado a Senhor do Bonfim, a sede do município está situada geograficamente nas coordenadas 10º 28’ 00’’de latitude sul e 40º 11’ 00’’ de longitude oeste do meridiano de Greenwich, apresentando altitude de 558,24 m acima do nível do mar. Considerando os dados relativos ao município de Jacobina, observa-se que este município localiza-se nas coordenadas 11º 11´8" latitude sul e 40º28´06’’ longitude oeste do meridiano de Greenwich e encontra-se a uma altitude de 470,44 m acima do nível do mar (SEI, 2007). O município de Senhor do Bonfim, cuja divisão territorial é localizada na zona 7 de Senhor do Bonfim, apresenta solos do tipo Latossolos Vermelho Amarelo, com associações de Nitossolo e Argissolo. O município de Jacobina apresenta divisão territorial localizada na encosta da Chapada Diamantina. Este também apresenta solos do tipo Latossolos Vermelho Amarelo, com associações de Nitossolo e Argissolo. As áreas estudadas em ambos os municípios estão localizadas na unidade geológica do Terciário, representado pela Formação Barreiras constituída por areia, arenitos e argila (BRASIL, 1977). O relevo nos dois municípios é formado pela encosta leste do planalto, que é formada principalmente por patamares interfluviais e maciços de morros ou de outeiros (BRASIL, 1977).

23

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi-Árido baiano.

2.2. Clima

Para a caracterização do clima, foram utilizados os dados de precipitação e temperatura referentes a um período de quatorze anos (1993-2006) de cada município, cedidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia -INMET . O balanço hídrico seguiu Thornthwaite & Mather (1955). Para a determinação do tipo climático, foi utilizada a classificação de Koppen. De posse dos valores de precipitação e evapotranspiração anuais relativos ao período de 1993 a 2006 para Jacobina e Senhor do Bonfim, determinou-se o índice de 24 aridez de cada município. Foram utilizados três índices para determinar o que melhor expressa a aridez dos municípios. Foram eles: P O índice de Lang foi calculado, a partir da aplicação do modelo I = , onde P T representa a precipitação anual média e T, a temperatura média anual. Este índice varia de 0-20 (Desértico), 20-40 (Zona Árida) e 40-60 (Zona úmida de estepe e savana), Porta et al. (1994). P O índice de Meyer foi calculado mediante a aplicação do modelo I = . O DSA DSA H é calculado a partir do modelo DSA = 100  , onde DSA indica o déficit de 100xT saturação absoluta, H é a umidade relativa média (%) e T é a tensão máxima de vapor de água correspondente à temperatura média. O índice de Meyer varia de 0-100 (aridez, desertos, estepes) e de 100-275 (Semi-árido) (Porta et al., 1994). O índice de aridez de acordo com a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD), considera Hiper- árido áreas com índice (< 0,05), Árido (0,05 < 0,20), Semi-árido (0,21 < 0,50), Subúmido-úmido seco (0,51 < 0,65), Sub-úmido e úmido (> 0,65). Este índice foi calculado pela relação entre a precipitação pluviométrica e evapotranspiração potencial, P/ETP (SRH/MMA, 2007).

2.3. Coleta e análise dos solos

Para caracterização física e química dos solos das áreas de vegetação natural estudadas foram coletadas nas áreas de 1,0 hectare, com o auxílio de um trado tipo caneco, 50 amostras compostas de solo na profundidade de 0-10 cm, 25 amostras compostas na profundidade de 10-20 cm e 4 amostras compostas na profundidade de 20-40 cm. As amostras simples foram coletadas na diagonal de cada parcela e depois homogeneizadas para formar a amostra composta. Estas foram etiquetadas e encaminhadas para análise no Laboratório de Irrigação e Salinidade da Universidade Federal de Campina Grande-PB, onde foram determinados os atributos químicos: pH (em água), Ca (cmol/kg), Magnésio (cmol/kg), Na (cmol/kg), K (cmol/kg), Matéria orgânica (%), C orgânico (%), Al (cmol/kg), P(cmol/kg), condutividade elétrica (mmhos/cm), CTC, saturação por bases e Físicos: Areia (g/kg), Silte (g/kg), Argila (g/kg), Ds (g/cm3), Dr (g/cm3), e Porosidade total (%). 25

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Caracterização climática

Os valores médios mensais e anuais de temperatura média, umidade relativa do ar e precipitação, para o município de Senhor do Bonfim no período de 1993 a 2006, são apresentados na Figura 2. Fevereiro, com temperatura média de 26,1 ºC é o mês mais quente, enquanto julho, com 21,0 ºC é o mês mais frio. A temperatura média anual é de 24,2 ºC. No município de Jacobina os valores médios mensais de temperatura e precipitação, para o período de 1993 a 2006, apresentados na Figura 3, também indicam o mês de Fevereiro, com temperatura média de 26,2 ºC como o mês mais quente, e julho, como o mês mais frio, com temperatura média de 21,2 ºC. A temperatura média anual é de 24,4 ºC. Segundo a classificação de Köppen nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina predomina o tipo climátco Aw’, clima quente com mês mais frio com temperatura média superior a 18ºC, o mês mais seco tem precipitação inferior a 60 mm. Observa-se ainda na figura 2 que a amplitude de variação da temperatura é baixa nos dois municipios, sugerindo ser esse parâmetro pouco variável durante os meses do ano. Apesar de situar-se na área do semi-árido, as áreas não apresentam condições climáticas de extremo desconforto térmico, visto que a temperatura média anual em Senhor do Bonfim alcança 24,2 ºC e em Jacobina é de 24,4ºC. Como a temperatura média é praticamente constante, as diferenças climáticas restringem-se às variações pluviométricas nas duas localidades. Em Senhor do Bonfim, Janeiro é o mês mais chuvoso, com precipitação média de 89,7 mm, e outubro com média de 20,8 mm, o mais seco. Em Jacobina, o mês de maior precipitação é o mês de março, com média de 156,9 mm, e outubro com média de 25,52 mm é caracterizado como o mês mais seco. Quanto à umidade relativa do ar, observou-se maior umidade nos meses de junho e julho para Senhor do Bonfim (77,3% e 74,3%) e Jacobina (79,0% e 77,0%).

26

A 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 Precipitação (mm) Precipitação 20,00 0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

B 30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

Temperatura (ºC) Temperatura 5,00

0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

C 90,00

60,00

30,00 Umidade do ar (%) ar do Umidade

0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

Figura 2. Distribuição mensal média da precipitação (A), temperatura (B) e umidade do ar (C), nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, no período de 1993-2006. (INMET, 2007).

27

3.2. Balanço hídrico-climatológico

Observa-se pela Figura 3 uma tendência a uma simetria nos valores de precipitação e evapotranspiração potencial, ou seja, a uma diminuição da precipitação corresponde um aumento na evapotranspiração potencial, e vice-versa, o que favorece ainda mais o déficit hídrico. Em termos de elevadas taxas de evapotranspiração, são críticos para esse município, os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, outubro, novembro e dezembro quando a evapotranspiração potencial ultrapassa os 100 mm (Figura 3). O total de chuvas observado para Senhor do Bonfim é de 717,4 mm/ano e evapotranspiração de 1291,12 mm/ano, apresentando déficit hídrico anual de 574,4 mm/ano. A evapotranspiração potencial média anual em Jacobina é 109,7 mm (Figura 4). A evapotranspiração real acompanha os valores de precipitação, visto que a evapotranspiração real (ER) depende da existência de água no solo, e esta por sua vez só é suprida pela chuva, logo sua distribuição é prepoderante na sua variação. O total de chuvas para o município de Jacobina, Bahia é de 963,9 mm/ano e a evapotranspiração potencial total de 1308,85 mm/ano, apontando para um déficit hídrico anual de 345 mm/ano, portanto menor do que em Senhor do Bonfim. É interessante chamar a atenção para o fato de que o déficit hídrico mensal de Jacobina é menor do que em Senhor do Bonfim (Figura 4). Com relação ao excedente hídrico mensal observa-se nas figuras 3 e 4 que no município de Jacobina o superavit se dá nos meses de janeiro (3,4 mm) e março (22,1mm). Em Senhor do Bonfim ocorre um pequeno excedente (2,7 mm) apenas no mês de junho. A análise do balanço hídrico entre os dois municípios sugere que a disponibilidade de água para as plantas é maior em Jacobina do que em Senhor do Bonfim.

28

A Balanço Hídrico Normal Mensal 1993-2006

180,0 160,0 140,0 120,0 100,0

mm 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação ETP ETR

B 40,0 20,0

0,0 -20,0

-40,0

-60,0 -80,0

-100,0 -120,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez DEF EXC

Figura 3. Balanço hídrico climatológico (A) e extrato do balanço hídrico climatológico (B) do município de Senhor do Bonfim, Bahia, baseado em dados termopluviométricos do período de 1993 a 2006. INMET-2007.

Legenda: ETP: Evapotranspiração potencial; ETR: Evapotranspiração real; DEF: Déficit; EXC: Excedente.

29

A Balanço Hídrico Normal Mensal 1993-2006

180,00 160,00 140,00 120,00 100,00

mm 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação ETP ETR

40,0 B

20,0

0,0

-20,0

-40,0

-60,0

-80,0

-100,0

-120,0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

DEF EXC

Figura 4. Balanço hídrico climatológico (A) e extrato do balanço hídrico climatológico (B) do município de Jacobina no estado da Bahia, baseado em dados termopluviométricos do período de 1993 a 2006. INMET- 2007.

Legenda: ETP: Evapotranspiração potencial; ETR: Evapotranspiração real; DEF: Déficit; EXC: Excedente.

Autores como Stewart & Robinson (1997) caracterizam regiões semi-áridas como aquelas áreas que possuem insuficiente taxa de precipitação, além de apresentarem solos com baixo nível de fertilidade e sujeitos à rápida perda da camada arável, tornando-se assim propensos a serem degradados se forem mal manejados. Segundo a UNESCO (1977) as zonas semi-áridas são aquelas onde a relação entre precipitação e Evapotranspiração (P/ETP) situa-se entre 0,50 a 0,20. 30

A área estudada em Senhor do Bonfim apresenta significativa média anual de precipitação, sendo, esta de distribuição mais ou menos regular entre os anos, atingindo o máximo de 985 mm em 2000 e o mínimo de 557,3 mm em 1998. Jacobina também apresenta significativa média anual de precipitação, porém esta irregular entre os anos, sendo o máximo de 1.249,3 mm em 1994 e o mínimo de 437,5 mm em 1993.

3.3. Índices de aridez

Com base nos dados climáticos mensais de uma série de quatorze anos (janeiro de 1993 a dezembro de 2006), fornecidos pelo INMET, constatou-se pelo índice de Lang, que considera a precipitação anual média dividida pela temperatura média anual, que os dois municípios apresentaram características desérticos, para todos os meses avaliados, tendo sido verificado em outubro a maior aridez, com índices de 1,0 para Jacobina e 0,83 para Senhor do Bonfim (Tabelas 1 e 2) respectivamente. Porém, quando se considera o conjunto dos meses, ou seja, o ano todo este índice remete a outra classificação. Assim, os valores anuais foram de 45,58 para Jacobina, portanto, sendo classificada como zona úmida de estepe e savana. Para o município de Senhor do Bonfim, este índice anual foi de 34,54, sendo classificada como zona árida.

Tabela 1. Índice de aridez mensal pelo modelo de Lang, para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006 Meses P (mm) T (ºC) I Classificação Jan 139,49 26,03 5,36 Desértico Fev 114,73 26,26 4,37 Desértico Mar 156,90 25,95 6,05 Desértico Abr 93,94 25,03 3,75 Desértico Maio 46,14 23,30 1,98 Desértico Jun 60,19 21,98 2,74 Desértico Jul 37,22 21,27 1,75 Desértico Ago 37,39 22,03 1,70 Desértico Set 39,55 23,75 1,67 Desértico Out 25,52 25,43 1,00 Desértico Nov 108,54 25,63 4,24 Desértico Dez 104,25 25,93 4,02 Desértico P = Precipitação, T = Temperatura do ar; I = Índice de aridez

31

Tabela 2. Índice de aridez mensal pelo modelo de Lang, para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006 Meses P (mm) T (ºC) I Classificação Jan 89,73 25,91 3,46 Desértico Fev 57,04 26,13 2,18 Desértico Mar 77,81 25,96 3,00 Desértico Abr 65,44 25,00 2,62 Desértico Maio 78,55 23,36 3,36 Desértico Jun 73,39 21,69 3,38 Desértico Jul 62,84 21,08 2,98 Desértico Ago 44,21 21,61 2,05 Desértico Set 21,15 23,40 0,90 Desértico Out 20,84 25,17 0,83 Desértico Nov 78,09 25,50 3,06 Desértico Dez 48,31 26,04 1,86 Desértico P = Precipitação, T = Temperatura do ar; I = Índice de aridez

Com base no índice de Meyer, observou-se que, como o que foi verificado no modelo de Lang, ambos os municípios não apresentaram variação da classificação entre os meses. Por este modelo, os dois municípios possuem um clima árido, sendo a maior aridez observada no mês de outubro (0,301) para o município de Jacobina, e para Senhor do Bonfim os meses de setembro e outubro (0,25) (Tabelas 3 e 4).

Tabela 3. Índice de aridez mensal pelo método de Meyer para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006. Meses P (mm) T (ºC) URA (%) DAS* I Classificação Jan 139,49 26,03 68,2 82,25 1,696 Árido Fev 114,73 26,26 66,8 82,46 1,391 Árido Mar 156,90 25,95 70,2 81,78 1,919 Árido Abr 93,94 25,03 73 81,73 1,149 Árido Maio 46,14 23,30 75,8 82,34 0,560 Árido Jun 60,19 21,98 78,9 82,66 0,728 Árido Jul 37,22 21,27 77,2 83,58 0,445 Árido Ago 37,39 22,03 72 84,14 0,444 Árido Set 39,55 23,75 65,3 84,49 0,468 Árido Out 25,52 25,43 59,7 84,82 0,301 Árido Nov 108,54 25,63 66,1 83,06 1,307 Árido Dez 104,25 25,93 67,8 82,42 1,265 Árido *DSA = Déficit de Saturação Absoluta, URA = Umidade Relativa do Ar, T = Temperatura do ar, P= Precipitação, I = Índice de aridez

32

Tabela 4. Índice de aridez mensal pelo método de Meyer para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006. Meses P (mm) T (ºC) URA (%) DSA* I Classificação Jan 89,73 25,91 63,76 83,48 1,07 Árido Fev 57,04 26,13 62,85 83,58 0,68 Árido Mar 77,81 25,96 62,61 83,75 0,93 Árido Abr 65,44 25 67,34 83,16 0,79 Árido Maio 78,55 23,36 61,88 85,54 0,92 Árido Jun 73,39 21,69 64,19 86,08 0,85 Árido Jul 62,84 21,08 68,75 85,51 0,73 Árido Ago 44,21 21,61 62,90 86,40 0,51 Árido Set 21,15 23,4 63,44 85,16 0,25 Árido Out 20,84 25,17 64,41 83,79 0,25 Árido Nov 78,09 25,5 66,02 83,16 0,94 Árido Dez 48,31 26,04 63,95 83,35 0,58 Árido *DSA = Déficit de Saturação Absoluta, URA = Umidade Relativa do Ar, T = Temperatura do ar, P= Precipitação, I = Índice de aridez

Com relação ao valor anual do índice de aridez pelo modelo de Meyer, o município de Jacobina foi de 13,4 e Senhor do Bonfim de 9,78, indicando que o clima nestes municípios é classificado como árido, ou seja, semelhante ao observado mensalmente. O índice de aridez obtido pelo modelo sugerido pela Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD), indica que os meses de maior aridez do município de Jacobina são maio (0,484), agosto (0,491), setembro (0,416) e outubro (0,200); classificando este último mês como árido e os demais, como semi-árido (Tabela 5). Para Senhor do Bonfim, a maior aridez foi verificada nos meses de setembro (0, 230), outubro (0,171) e dezembro (0,345), apresentando características de clima árido para outubro e semi-árido para os demais meses (Tabela 6).

33

Tabela 5. Índice de aridez mensal pelo modelo de Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD) para Jacobina, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006. Meses P (mm) ETp (mm) I Classificação Jan 139,49 135,14 1,032 Subúmido e úmido Fev 114,73 126,95 0,904 Subúmido e úmido Mar 156,90 134,86 1,163 Subúmido e úmido Abr 93,94 114,48 0,821 Subúmido e úmido Maio 46,14 95,40 0,484 Semi-árido Jun 60,19 73,42 0,820 Subúmido e úmido Jul 37,22 69,49 0,536 Subúmido - úmido seco Ago 37,39 76,16 0,491 Semi-árido Set 39,55 95,17 0,416 Semi-árido Out 25,52 127,30 0,200 Árido Nov 108,54 128,21 0,847 Subúmido e úmido Dez 104,25 136,68 0,763 Subúmido e úmido P = Precipitação, ETp = Evapotranspiração potencial, I = Índice de aridez

Tabela 6. Índice de aridez mensal pelo modelo de Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD) para Senhor do Bonfim, Bahia, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2006. Meses P (mm) ETp (mm) I Classificação Jan 89,73 133,75 0,671 Subúmido e úmido Fev 57,04 126,65 0,450 Subúmido - úmido seco Mar 77,81 134,86 0,577 Subúmido - úmido seco Abr 65,44 113,53 0,576 Subúmido - úmido seco Maio 78,55 93,24 0,842 Subúmido e úmido Jun 73,39 70,66 1,039 Subúmido e úmido Jul 62,84 66,74 0,942 Subúmido e úmido Ago 44,21 72,93 0,606 Subúmido - úmido seco Set 21,15 91,93 0,230 Semi-árido Out 20,84 121,59 0,171 Árido Nov 78,09 125,26 0,623 Subúmido - úmido seco Dez 48,31 139,99 0,345 Semi-árido P = Precipitação, ETp = Evapotranspiração potencial, I = Índice de aridez 34

Em termos anuais, o valor médio do índice de aridez pelo modelo CCD foi 0,84 para Jacobina, caracterizando-se como de clima subúmido e úmido e em Senhor do Bonfim, o valor médio anual foi de 0,65 indicando ser um clima Subúmido e úmido seco. E importante ressaltar que esse índice utiliza a evapotranspiração potencial estimada pelo modelo de Thornthwaite que no seu cálculo usa somente a temperatura e latitude local. Certamente, o maior entrave para a acurácia do modelo está na obtenção da evapotranspirção. A evapotranspiração torna-se mais precisa quando é obitda por meio de lisímetro, que é uma medida direta da ETp. Dos modelos usados na estimativa da evapotranspiração, o de Penman-Monteith é um dos mais sofisticados porque combina a equação do balanço de energia e os gradientes (variação) de umidade, temperatura e velocidade do vento. A maior dificuldade de aplicação de modelos mais sofisticados, no entanto, deve-se ao fato de poucas localidades disponibilizarem todos os dados necessários para sua utilização. Devido este fato é que se usam modelos mais simples porque necessitam apenas dados de temperatura e de latitude, comumente encontrados em estações meteorológicas mais simples. Dos modelos avaliados para expressar o clima pelo índice de aridez, o CCD foi o que mais se aproximou da caracterização climática dos municípios avaliados. Pela classificação, Jacobina é caracterizada como de clima subúmido e úmido e Senhor do Bonfim como Subúmido e úmido seco. Esta caracterização dos municipios coincide com a adotada pelo Sistema Estadual de Informações Ambientais da Bahia (SEIA-BA, 2008). Pelo contrário, o indice de aridez calculado pelos modelos de Lang e Meyer não expressam adequadamente as condições do clima dos dois municípios. O índice de aridez anual pelo modelo de Lang classifica o clima do municipio de Jacobina como zona úmida de estepe e savana e o município de Senhor do Bonfim como zona árida. No entanto, este índice calculado pelo modelo de Meyer classifica o clima de ambos os municípios como árido. Deve-se, no entanto considerar que problemas associados às classificações climáticas comumente decorrem da dificuldade em se definir limites precisos para a caracterização dos elementos do clima e da vegetação, bem como aqueles associados as definições baseadas na vegetação que necessitam considerar outros fatores que não apenas o clima. Também se sabe que os valores médios não representam a menifestação climática porque normalmente não são considerados todos os elementos do clima. Por outro lado é comum a ocorrência da alta variabilidade temporal e espacial 35 do clima. Logo definir um índice de aridez que represente as reais condições de uma região em termos de variação espacial e temporal é difícil e complexo.

3.4. Caracterização física do solo

Os resultados das análises dos atributos físicos do solo na área de Senhor do Bonfim e Jacobina estão apresentados na Tabela 7. Em ambas as áreas a fração textural areia é bem maior do que as demais, ou seja, mais de 70% da composição granulometria é de areia, incluindo-os na classe textural franco-arenosa. Tanto a fração argila como silte são, em geral, semelhantes nas duas áreas. Com base nas características do solo e nos dados da Tabela 7, o solo de ambas as áreas tem boa drenagem e baixa capacidade de retenção de água, sugerindo que a vegetação nestas áreas dispõe de pouco tempo de utilização da água no solo.

Tabela 7. Atributos físicos de solos sob vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia. Senhor do Bonfim Jacobina Atributos Profundidades (cm) 0-10 10-20 20- 40 0-10 10-20 20- 40 Ds (g/cm3) 1,73 1,74 1,72 1,72 1,73 1,74 Dr (g/cm3) 2,65 2,65 2,65 2,64 2,65 2,65 Pt (%) 34,69 34,47 35,01 34,91 34,37 34,25 Areia (g/kg) 783,22 774,18 746,28 756,94 763,39 768,96 Silte (g/kg) 104,53 102,08 105,8 96,12 93,06 84,25 Argila (g/kg) 112,25 123,74 147,92 146,94 143,55 146,79 (Ds) = densidade do solo; (Dr) = densidade real; (Pt) = porosidade total.

A densidade do solo (Ds) (Tabela 7) em ambas as áreas é semelhante e não varia com aprofundidade. Da mesma forma à porosidade total (Pt). Os valores de Pt variam de 34,47 a 35,01% para Senhor do Bonfim e 34,25 a 34,91% para Jacobina, e indicam que nas duas áreas a porosidade é baixa. Como era de se esperar, a densidade real não variou em ambas as áreas e permaneceu inalterada em todas as profundidades. Considerando-se os dados da Tabela 7 pode-se afirmar que as características físicas dos solos das áreas de Jacobina e Senhor do Bonfim são semelhantes, logo as possíveis diferenças de vegetação da caatinga não devem está associadas aos atribuitos físicos do solo.

36

3.5. Caracterização química do solo

Os teores médios de Ca encontrados nas três profundidades amostradas na área de Senhor do Bonfim foram superiores aos encontrados para a área de Jacobina (Figura 5A). Este fato pode está relacionado à ocorrência de maiores precipitações em Jacobina, visto que, segundo Mello et al. (1983), quanto maior a quantidade de água que percola através do solo, maior o empobrecimento desse em cálcio. Saraiva (2006), verificou teores de cálcio superiores em em Luvissolos e Vertissolos da região de São João do Cariri. O teor de Mg foi maior na área de Senhor do Bonfim do que em Jacobina, no entanto, este decresceu com a profundidade em ambas as áreas (Figura 5B). Considerando que o teor de Mg de 0,8 cmolc.kg-1 é considerado alto (RAIJ, 1981), pode-se afirmar que em ambas as áreas do municipios não há deficiência desse nutriente. Os teores de potássio foram maiores na área de Senhor do Bonfim em comparação a Jacobina (Figura 5C). No entanto, nas duas áreas, estes valores decresceram à medida que aumentou a profundidade do solo. Levando-se em consideração a classificação para potássio sugerida pela Embrapa (1980), a área de Senhor do Bonfim apresenta teor de potássio médio e Jacobina o teor de potássio é baixo. Outros autores têm registrado teores de K maiores, 150 mg.kg , em solos de regiões semi-áridas nos estados no Rio Grande Norte e Paraíba (CHAVES et al., 1998; ARAÚJO & OLIVEIRA, 2003). De forma geral, os teores de P observados para as áreas estudadas nos dois municípios são baixos (Figura 5D). O teor médio de P no solo na camada de 0 a 10cm foi de 0,52 meq/100g para a área de Senhor do Bonfim e de 0,19 meq/100g de solo para a área de Jacobina. Na área de Senhor do Bonfim observou-se alta variabilidade dos teores desse nutriente na profundidade de 0-20 cm, como pode ser constatado pelo desvio padrão da média (0,44). Existe, de certo modo, uma relação entre o conteúdo de fósforo total dos solos e matéria orgânica. O fósforo se acumula no perfil de acordo com a distribuição da matéria orgânica. A tendência do fósforo é de se acumular em solos onde não ocorreu erosão e onde os restos de plantas e animais foram retornados. A menor quantidade nas camadas subsuperficiais pode ser devido à absorção radicular e a maior quantidade na camada superior, à acumulação de resíduos orgânicos (MELLO, 1983). 37

A deficiência de P é apontada como uma das principais limitações encontradas nos solos do semi-árido para o crescimento vegetal (SALCEDO, 2004; FRANCELINO et al., 2005). O estado da Bahia apresenta uma área de clima semi-árido de 391.200 km2, sendo que 4 e 96 % dessa área apresenta necessidade de P média e alta como enfatiza SAMPAIO et al. (1995).

A 3 4 B

2,5 3,5 3 2 2,5 1,5 2

1 1,5 Ca (cmol/kg)Ca Mg(cmol/kg) 1 0,5 0,5 0 0 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidades (cm) Profundidade (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

C D 0,25 0,8 0,7 0,2 0,6 0,15 0,5 0,4 0,1 0,3 K (cmol/kg) P (cmol/kg) P 0,05 0,2 0,1 0 0 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidade (cm) Profundidade (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

Figura 5. Teores médios de cálcio (A), magnésio (B), potássio (C) e fósforo (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia.

De maneira geral, o conteúdo de matéria orgânica encontrado nos solos das duas áreas, nas diferentes profundidades de coleta, foram baixos (Figura 6A). Em regiões semi-áridas comumente são encontardos solos com baixos teores de matéria orgânica, em parte devido à baixa densidade da vegetação, aliada às elevadas temperaturas, o que provoca um pequeno aporte de compostos orgânicos ao sistema (ARAÚJO, 2007). Em Jacobina o teor de matéria orgânica do solo é maior do que em Senhor do Bonfim, em todas as profundidades amostradas. 38

Como era de se esperar, o conteúdo de carbono, segue a distribuição da matéria orgânica (Figura 6B), já que cerca de 10 a 15% da reserva total do carbono orgânico nos solos é constituída por macromoléculas (proteínas e aminoácidos, carboidratos simples e complexos, resinas, ligninas e outros), e 85 a 90% pelas substâncias húmicas propriamente ditas (FONTANA et al., 2001; CAMARGO et al.,1999), ou seja, este reduz com a profundidade em ambas as áreas, seguido a mesma tendência da matéria orgânica. A quantidade de carbono orgânico do solo é muito variável, dependendo principalmente do tipo de solo e da vegetação explorada (BARRETO et al., 2004). Da mesma forma que a matéria orgânica, os teores de carbono foram maiores no solo da área de Jacobina do que na de Senhor do Bonfim, em todas as profundidades. O teor de sódio do solo é maior para área de Senhor do Bonfim, porém com valores que não remetem a uma indicação de que este solo seja propenso a solinização e, também, não está em um nível que possa comprometer as plantas, pois este é baixo sob o ponto de vista agrícola (Figura 6C). A área de Jacobina constatou-se a presença de alumínio em todas as camadas de solo amostrada. Pelo contrario, na área de Senhor do Bonfim não há evidencias de Al em qualquer camada. A presença de Al na área de Jacobina pode está relacionada às menores quantidades de Ca no solo. Esses valores tendem a aumentar com a profundidade, provavelmente, devido as maiores precipitações pluviais nesse município, o que faz com que ocorra a percolação de nutrientes, notadamente o Ca, elevando assim o teor de alumínio nesse solo (Figura 6D).

39

A B 2,5 1,5

2 1 1,5

1 0,5

0,5 C orgânico (%) Matéria Orgânica (%) 0 0 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidades (cm) Prufundidades (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

C 0,025 0,6 D

0,02 0,5 0,4 0,015 0,3 0,01 0,2 Na (cmol/kg) Al (cmol/kg) 0,005 0,1 0 0 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidades (cm) Profundidades (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

Figura 6. Teores médios de matéria orgânica (A), carbono orgânico (B), sódio (C) e alumínio (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia.

Os pH do solo na área em Senhor do Bonfim tende a neutralidade. Valores de pH próximos à neutralidade possivelmente estão relacionados aos altos teores de bases trocáveis e ausência de H+Al+3 , freqüentemente observados em solos de regiões semi- áridas (CORRÊA et al., 2003; CHAVES et al., 1998). Pelo contrário, a área de Jacobina o solo é acido, pois apresenta pH baixo (4,6; 4,7 e 4,7 para as profundidades de 0- 10cm, 10-20 cm e 20-40 cm, respectivamente) (Figura 7A), possivelmente, como já foi enfatizado, em virtude da maior lixiviação do solo decorrente da precipitação, que é mais elevada neste município. Saraiva (2006) observou valores de pH de 6,9 para Luvissolo e 7,2 para Vertissolo em área de caatinga no Cariri paraibano. Para RAIJ (1991), a acidez dos solos se dá devido à pobreza de cátions básicos como cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K) e sódio (Na) no material de origem, ou a processos pedogenéticos que favoreceram a perda dos mesmos. 40

Em relação à condutividade elétrica pode-se observar valores baixos para ambas as áreas (Figura 7B), o que ratifica que a presença de Na não está em um nível que comprometa a vegetação, como já comentado anteriormente. Portanto, os valores observados para as duas áreas indicam baixa concentração de sais solúveis, caracterizando-as como isentas de riscos potenciais de salinidade. De acordo com Richards (1954), os solos são considerados salinos, quando a condutividade elétrica (CE) do extrato de saturação é maior ou igual a 4 dS.m-1 e a percentagem de sódio trocável (PST) é menor que 15%, valores estes muito superiores aos encontrados para as áreas estudadas. A capacidade de troca catiônica em ambas as áreas foi maior na profundidade de 0-10 cm (Figura 7C), o que pode está correlacionado ao maior teor de matéria orgânica. Segundo Mota (2004), é interessante salientar que os valores da troca de cátions guardam uma estreita relação com o estágio de intemperismo dos solos, isto é, valores mais elevados se relacionam com solos relativamente mais jovens, enquanto valores mais baixos refletem uma evolução mais acentuada. Considerando a classificação dos parâmetros químicos de acordo com os seus níveis, a CTC dos solos de ambas as áreas foi classificada como média (5,1-15) até a profundidade de 20 cm e baixa (< 5) para a profundidade de 20-40 cm, segundo a classificação de Mello (1983). Para a saturação de bases (V%), observou-se que na área de Senhor do Bonfim, esta é maior nas profundidades de 0-10 e 10-20 cm. Em Jacobina o solo apresenta valores de saturação por bases inferior aos do solo em Senhor do Bonfim (Figura 7D). A saturação por bases é um excelente indicativo das condições gerais da fertilidade do solo (FIALHO, 2006). O solo da área em Senhor do Bonfim é considerado eutrófico, por apresentar saturação por bases maior que 50%, o que indica que a maior parte do complexo de troca do solo estava sendo ocupada pelos cátions básicos: K+, Na+, Ca2+ e Mg2+ (CHAVES et al., 2006). Para Jacobina a percentagem de saturação por bases foi inferior a 50% na profundidade de 10-20 cm.

41

B 8 A 1 7 0,8 6 5 0,6 4 3 0,4 pH (H2O )

2 (mm hos/cm0,2 ) 1

0 Condutividade elétrica 0 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidades (cm) Profundidades (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

C 10 120 D

8 100 80 6 60 4 CTC(%) 40 2 20 0 0 Saturação por bases (V%) 0-10 10-20 20-40 0-10 10-20 20-40 Profundidades (cm) Profundidades (cm)

Senhor do Bonfim Jacobina Senhor do Bonfim Jacobina

Figura 7. Valores médios de pH (A), condutividade elétrica (B), CTC (C) e saturação por bases (D) em amostras de Latossolo em áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia.

42

3. CONCLUSÕES

 O déficit hídrico é maior em Senhor do Bonfim do que em Jacobina;

 Embora os municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina estejam inseridos dentro da zona semi-árida, estes se apresentam de acordo com o CCD, classificados como de clima subúmido e seco e subúmido e úmido;

 As características físicas dos solos das áreas estudadas são semelhantes, assim as possíveis diferenças de vegetação não devem está associadas aos atributos físicos do solo;

 A densidade do solo e porosidade total apresentaram valores considerados restritivos ao crescimento e desenvolvimento do sistema radicular das plantas.

 O solo da área em Senhor do Bonfim apresentou-se mais fértil;

 A condutividade elétrica e quantidade de sódio presentes nos solos das duas áreas não oferecem riscos potenciais de salinização.

43

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, A.P.de.; SOUZA, E. S. se.; SILVA, D. S. da.; SILVA, I. de F. da.; LIMA, J.R.S. Produção animal no bioma caatinga: Paradigmas dos ‘’pulsos-reservas’’. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43. Anais dos Simpósios. Suplemento especial da Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35. 2006.

ARAÚJO, L. V. C. de. Composição florística, fitossociologia e influência dos solos na estrutura da vegetação em uma área de caatinga no semi-árido paraibano. 118 f. 2007. Tese (Doutorado em Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia.

ARAÚJO, P. M. D. de.; OLIVEIRA, M. de. Variabilidade espacial do cálcio, magnésio, fósforo e potássio em solos das regiões oeste do baixo Açu, Estado do Rio Grande do Norte. Caatinga, Fortaleza, v. 26, n. 1/2, p. 69-78, 2003.

BARRETO, A. C. et al. Fracionamento da matéria orgânica em três argissolos com diferentes usos em Pernambuco. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, 15., 2004, Santa Maria. Anais... Santa Maria: UFSM, 2004. CD-ROM.

BRASIL. Mistério da Agricultura. Levantamento exploratório: reconhecimento de solos da margem direita do Rio São Francisco no Estado da Bahia. Recife: Sudene, 1977.

CAMARGO, F. A. O.; SANTOS, G. A.; GUERRA, J. G. M. Macromoléculas e substâncias húmicas. In: SANTOS, G. A.; CAMARGO, F. A. O. Fundamentos da matéria orgânica do solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre: Gênesis, 1999. cap. 2, p. 27-39.

CHAVES, L. H. G.; KINJO, T. Relação quantidade/intensidade de potássio em solos do trópico semi-árido brasileiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 11, n. 3, p. 257-261, 1987.

CHAVES, L. H. G.; MENINO, I. B.; ARAÚJO, I. A.; CHAVES, I. de B. Avaliação da fertilidade dos solos das várzeas do município de Sousa, PB. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande (PB), v. 2, n. 3, p. 262-267, 1998.

CHAVES, L.H.G.; CHAVES, I.de B.; SILVA, P.C.M. e.; VASCONCELOS, A.C.F. de. Variabilidade de propriedades químicas de um Neossolo Flúvico da Ilha de Picos (Pernambuco). Revista Ciência Agronômica, Fortaleza. v.37, n.2, p.135-141, 2006.

CORREA, M. M.; KER, J. C. MENDONÇA, E. S.; RUIZ, H. A.; BASTOS, R. S. Atributos físicos, químicos e mineralógicos da região das várzeas de Sousa-PB. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 27, p. 311-324, 2003.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. Avaliação da fertilidade dos solos do Distrito Federal. Rio de Janeiro, 1980. 11p. (Boletim Técnico 74).

44

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.

FIALHO, J.S; GOMES, V.F.F.; OLIVEIRA, T.S.de.; SILVA JÚNIOR, J.M.T. da. Indicadores da qualidade do solo em áreas sob vegetação natural e cultivo de bananeiras na Chapada do Apodi-CE. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza. v.37, n.3, p.250-257, 2006.

FONTANA, A. et al. Matéria orgânica em solos de tabuleiros na região Norte Fluminense – RJ. Floresta e Ambiente, Seropédica, RJ, v. 8, n. 1, p. 114-119, 2001.

FRANCELINO, M. R.; FERNANDES FILHO, E. I.; RESENDE, M. Elaboração de um sistema de classificação da capacidade de suporte em ambiente semi-árido. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 9, n. 1, p. 83- 91, 2005.

FREIRE, A. R. S. et al. Fenologia de quatro espécies arbóreo-arbustivas da Caatinga do RN. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 6., 2003, Fortaleza. Anais... 2003. v. 1, cap. II.

GIULIETTI, A.M. et al. Flora da Bahia. Sitientibus, Feira de Santana, v. 6, n. 3, p. 169- 173, 2006. Série Ciências Biológicas.

JACOMINE, P. K. T. Solos sob caatinga: características e uso agrícola. In: ALVAREZ, V. H.; FONTES, L. E. F.; FONTES, M. P. F. O solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. Viçosa: SBCS; UFV, DPS, 1996. p.95-133.

MATHER, A.S. Global forest resources. Oregon: Timber Press, 1990. 314 p.

MENDES, B.V. Alternativas tecnológicas para a agropecuária do semi-árido. São Paulo: Nobel, 1986. 171p.

MELLO, F. A. F. et al. Fertilidade do solo. São Paulo: Nobel, 1983. 400 p.

MOTA, J. C. A. Caracterização física, química e mineralógica, como suporte para o manejo, dos principais solos explorados com a cultura de melão na Chapada do Apodi - RN. 2004. 96 f. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição das Plantas) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

PEREIRA, A. R., VILLA NOVA. N. A., SEDIYAMA. G. C. Evapo(transpi)ração. Piracicaba: FEALQ, 1997. 183 p.

PORTA, J.; ACEVEDO, M. L.; ROQUERO, C. Edafologia para la agricultura y el meio ambiente. Madrid: Ediciones Mundi-Prensa, 807 p. 1994.

RAIJ, B. V. Avaliação da fertilidade do solo. Instituto da Potassa & Fosfato: Instituto Internacional da Potassa, Piracicaba. 142p. 1981. 45

RAIJ, B. V. Fertilidade do Solo e Adubação: Acidez e Calagem. Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato. Piracicaba, SP. p. 343, 1991.

RICHARDS, L. A. (Ed.). Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. Washington D.C.: United States Salinity Laboratory Staff, 1954. 160 p. (USDA. Agriculture Handbook, 60).

SALCEDO, I. H. Fertilidade do solo agricultura de subsistência: desafios para o semi- árido nordestino. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 26.; REUNIÃO BRASILEIRA SOBRE MICORRIZAS, 10.; SIMPOSIO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO, 8.; REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO, 5., 2004, Lages. Anais... Lages, 2004. CD-ROM.

SAMPAIO, E. V. S. B.; SALCEDO I. H.; SILVA, F. B. R. Fertilidade dos solos de semi- árido. In: PEREIRA, J. R.; FARIA, C. M. B. (Eds.). Fertilizantes: insumos básicos para a agricultura e combate à fome. Petrolina: EMBRAPA-CPATSA, 1995. 273p.

SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS/MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca. Disponível em < http://www.mma.gov.br>. Acesso em 25/11/07.

SISTEMA ESTADUAL DE INFORMAÇÕES AMBIENTAIS DA BAHIA. Disponível em . Acesso em: 15/01/08.

SUPERINTENDENCIA DE ESTUDOS ECONOMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Informações geoambientais. Disponível em . Acesso em: 15/10/07.

STEWART, B.A., ROBINSON, G.A. Are agroecosystems sustainable in semiarid regions? Advances in Agronomy, v. 60, p.191-228. 1997.

TEIXEIRA, A.H.C., SILVA, B.B. Balanço Hídrico Seriado de Petrolina, Pernambuco. Revista Bahia Agrícola, v. 3, n. 3, p.15-16, 1999.

THORNTHWAITE, C. W., MATHER, J. R. The water balance. Publication in Climatology, Laboratory of Climatology, Centerton, v. 8, n. 1, p. 1-14, 1955.

UNESCO. World Map of Desertification. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. A/Conf. 74/2. Food and Agricultural Organization, United Nations, Rome, Italy. 1977.

CAPÍTULO II

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SYAGRUS CORONATA (MART) BECC EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL E PASTAGEM NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA

46

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SYAGRUS CORONATA (MART) BECC EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL E PASTAGEM NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA

RESUMO Um passo importante para o manejo sustentado de uma espécie é o estudo da estrutura de sua população e sua distribuição espacial. Esta pesquisa teve como objetivo determinar a distribuição espacial do licuri, em áreas sob caatinga e pastagem nos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim no estado da Bahia e caracterizar, nestas condições, as variações morfometricas em termos de diâmetro, altura e número de estruturas reprodutivas. Foram demarcadas 100 parcelas de 10 m x 10 m em áreas de 1 hectare de vegetação natural e 1 hectare de pastagem nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina. Nessas parcelas foram medidos a circunferência e a altura de todos os indivíduos com circunferência a altura do solo ≥ 9cm e altura ≥ 1 m. Foram contados nas duas áreas o número de estruturas reprodutivas de todos os indivíduos que se encontravam em estágio de reprodução. Observou-se nas áreas de vegetação natural nos dois municípios a ocorrência de plantas jovens, o que não foi observado para as áreas de pastagens. Na pastagem a amplitude de variação de diâmetro e de altura das plantas é muito pequena e todas as plantas encontram-se na fase adulta, não havendo, portanto, indícios de regeneração da espécie. A altura de plantas foi maior nas áreas de pastagens, no entanto, nas áreas de vegetação natural ocorreu uma maior variabilidade na altura. Quanto ao número de estruturas reprodutivas, observou-se que em áreas de pastagem as plantas apresentaram maior número de estruturas reprodutivas quando comparadas as presentes nas áreas de vegetação natural. A quantidade de isolinhas nos mapas das áreas que definem plantas de licuri de mesmo diâmetro e mesma altura é maior na vegetação natural do que na pastagem. O número de indivíduos de licuri observados na área de pastagem em Senhor do Bonfim (75 indivíduos) e Jacobina (64 indivíduos) é inferior ao observado para as áreas de vegetação natural (138 e 120 indivíduos, respectivamente). Na área de vegetação natural o licuri tem tendência a agrupamento nos dois municípios, enquanto na pastagem a sua distribuição foi uniforme. As plantas apresentaram padrão de distribuição com tendência a agrupamento nas áreas de vegetação natural e na pastagem a sua distribuição foi uniforme, nos dois municípios. Palavras-chave: Licuri, Semi-árido, Palmeira, Variação espacial 47

SPATIAL DISTRIBUTION OF SYAGRUS CORONATA (MART) BECC IN NATURAL VEGETATION AND PASTURE AREAS OF MUNICIPALITIES OF SENHOR DO BONFIM AND JACOBINA

ABSTRACT One important step for the sustainable management of a species is the study on the structure of its population and spatial distribution. This study aimed to determine the spatial distribution of licuri in areas under savannah and pasture in the municipalities of Jacobina and Senhor do Bonfim in the state of Bahia, and to characterize, under these circumstances, the morphometric variations in relation to plant diameter, height and number of reproductive structures. The study was conducted on 100 plots of 10 m x 10 m in areas of one hectare of natural vegetation and pasture in the municipalities of Senhor do Bonfim and Jacobina in the state of Bahia. In these plots, the circumference and height of all individuals with circumference and height from the soil ≥ 9cm and height ≥ 1 m were measured. The number of reproductive structures of all individuals that were in the reproduction stage in both areas was counted. The occurrence of young plants was observed in the areas of natural vegetation, which was not observed in the pasture areas. In pasture, the diameter and height variation of plants is very small and all plants are in the adult phase; therefore, no evidences of regeneration were observed. The height of plants was greater in pasture areas; however, in areas of natural vegetation, greater height variability was observed. In relation to the number of reproductive structures, it was observed that in pasture areas, plants showed a higher number of reproductive structures when compared to plants grown in areas of natural vegetation. The amount of isolines on the maps of areas that define licuri plants of the same diameter and height is greater in natural vegetation than in pasture. The number of licuri individuals observed in the pasture area in Senhor do Bonfim (75 individuals) and Jacobina (64 individuals) is lower than that observed in areas of natural vegetation (138 and 120 individuals, respectively). In the area of natural vegetation, licuri plants tend to cluster in both municipalities, while in pasture areas, its distribution was uniform. The plants presented distribution pattern with tendency to cluster in areas of natural vegetation and in pasture, its distribution was uniform in both municipalities. Key words: Licuri, Semi-arid, Palm tree, spatial variations

48

1. INTRODUÇÃO

A visível densidade de licuri (Syagrus coronata (Mart) Becc), observada na vegetação de caatinga nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina contrasta com a escassez de dados populacionais sobre a espécie. Os estudos de estrutura populacional são o primeiro passo no sentido de compreender quais fatores são deterrminantes da variação dos processos populacionais decorrentes da regeneração ou aqueles associados às perturbações em um determinado local. A estrutura populacional de uma espécie é um parâmetro da forma como a espécie está explorando o ambiente e respondendo as condições ambientais (OLIVEIRA et al., 1989). Observações locais sugerem que a introdução da pecuária e conseqüente implantação de áreas de pasto na região tem contribuído para redução no recrutamento de novas plantas da espécie. Por outro lado, a permanência dessas plantas em área de pasto não afeta a pastagem, afastando a possibilidade da existência de efeitos alelopáticos. A palmeira Syagrus coronata foi a espécie escolhida para este estudo por ser de ocorrência natural no Semi-Árido e largamente utilizada pelas populações locais e pelo potencial sócio econômico. Além disso, essa espécie é recurso chave para a alimentação da fauna durante o período de escassez de alimento, comumente na estação seca. O seu aproveitamento pela população se dá de forma extrativista, sem qualquer tipo de manejo. Nesse sentido, o conhecimento sobre o comportamento de populações em áreas naturais e com intervenção antrópica se faz cada vez mais urgente, tanto para a conservação das populações remanescentes, quanto para o desenvolvimento de projetos de manejo sustentado da espécie. Embora não se tenha encontrado na literatura referências sobre a ocorrência de licuri na região Semi-Árida brasileira, em termos de distribuição espacial, sabe-se que seu uso é mais expressivo nos estados de Alagoas, Pernambuco e Bahia. A escolha dos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim, na Bahia, deve-se ao fato do licuri ter importância econômica para as populações locais. Porém, devido ao fato de que sua exploração ser exclusivamente extrativista e sem que haja qualquer programa de manejo ou de sua preservação, é necessário que estudos sejam feitos no sentido de contribuir para maiores conhecimentos desta espécie. 49

Considerando o abordado, esta pesquisa teve como objetivo determinar a distribuição espacial do licuri, em áreas sob vegetação natural e pastagem nos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim no estado da Bahia e caracterizar, as variações morfometricas em termos de diâmetro, altura e número de estruturas reprodutivas.

50

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de estudo

A pesquisa foi realizada nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, estando ambos localizados na Mesoregião Centro Norte do Estado da Bahia (Figura 1). Particularmente relacionado a Senhor do Bonfim, a sede do município está situada geograficamente nas coordenadas 10º 28’ 00’’de latitude sul e 40º 11’ 00’’ de longitude oeste do meridiano de Greenwich, apresentando altitude de 558,24 m (SEI, 2007). Considerando os dados relativos ao município de Jacobina, observa-se que este município localiza-se nas coordenadas 11º 11´8" latitude sul e 40º28´06’’ longitude oeste do meridiano de Greenwich e encontra-se a uma altitude de 470,44 m (SEI, 2007).

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi-Árido baiano. 51

2.2. Localização e histórico das áreas estudadas

2.2.1. Área de vegetação natural e pastagem em Senhor do Bonfim, Bahia

As áreas de vegetação natural e pastagem encontram-se localizadas na Fazenda Rancharia, referenciada aproximadamente pelas coordenadas (71º 13’ 74’’ S e 88º 47’ 12’’ W), a fazenda pertence a associação de moradores da Rancharia e possui cerca de 500 hectares. Está localizada a 18 km da cidade de Senhor do Bonfim com acesso por estradas secundárias. A área de vegetação natural estudada apresenta-se com uma vegetação arbóreo-arbustiva com palmeiras (Figura 2) e, segundo informações, desde a sua aquisição a mais de 15 anos, a área vem sendo conservada. Foi observada na área a presença de fogo, embora sem grande magnitude. O relevo da área foi classificado como suave-ondulado, sem presença de cascalhos na superfície. O entorno da área de vegetação natural é formado por áreas de pastagem. A área de pastagem estudada, localizada ao lado da vegetação natural, com cerca de 3 hectares não cercados apresenta-se atualmente formada por capim buffel (Cenchrus ciliaris L.) em consórcio com licuris (Figura 3), tendo sido a área desmatada para implantação de pasto a cerca de 11 anos. Foi amostrado um hectare em cada área (vegetação natural e pastagem) para estudo da distribuição espacial do licuri.

52

Figura 2. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia.

Figura 3. Vista parcial da área de pastagem na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia.

53

2.2.2. Área de vegetação natural e pastagem em Jacobina, Bahia

Localizada na Fazenda Exu no município de Jacobina, Bahia, com coordenadas 69º 11´79´´ S e 87º 50´ 60’’ W, as áreas de vegetação natural e pastagem se encontram a 25 km da cidade com acesso por vias asfaltadas e estradas secundárias. A área de vegetação natural apresenta vegetação arbóreo-arbustiva com palmeiras (Figura 4) e presença em quase toda a área de lianas (Arrabidaea sp, Arrabidaea cf celastroides e Arrabidaea parviflora (Mart. ex. DC. Bureaw & F. Schum). Não foi observado durante o levantamento nenhum sinal de fogo na área. O relevo foi classificado como suave – ondulado sem presença de afloramentos rochosos. A área no entorno é formada por pastagens e plantações. A área de pastagem apresenta-se formada por 1,0 hectare de capim braquiária (Brachiaria decumbens Stapf.) em consórcio com licuris (Figura 5), tendo sido a área desmatada para implantação de pasto a mais de 10 anos. O levantamento da distribuição espacial do licuri nas áreas de vegetação natural e pastagem foi realizado em 1,0 hectare da área total amostrada.

54

Figura 4. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Exu, Jacobina, Bahia.

Figura 5. Vista parcial da área de pastagem na fazenda Exu, Jacobina, Bahia.

55

2.3. Caracterização da espécie

O licuri (Syagrus coronata (Mart) Becc.) é uma palmeira que tem distribuição no norte de Minas Gerais, na Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Embora sua distribuição se estenda até o litoral e cresça bem nas restingas baianas, tem preferência pelas caatingas, crescendo em áreas altamente pedregosas e castigadas pelo sol, até áreas com melhores condições de solo, tornando-se a cobertura vegetal predominante de algumas regiões (NOBLICK, 1986). Quando adulta segundo Crepaldi et al. (2001) mede de 8,00m a 11,00 m, tendo folhas com mais ou menos 3,00m de comprimento. Os cachos de licuri têm em média 1357 frutos, que têm comprimento e diâmetro médios de 2,0 cm e 1,4 cm (Figura 6). A sua reprodução se dá por semente e segundo Lorenzi (1992), sua frutificação ocorre durante o ano todo, tendo seu pico nos meses de Junho e Julho. Quanto ao ataque de pragas Bondar (1940a; 1940b) cita como praga dessa cultura Batrachedra nuciferae que tambem ataca o coqueiro. É usada pela população na confecção de sacolas, chapéus, vassouras, espanadores e por raspagem das folhas obtem-se a cera que é equivalente a da carnaubeira, utilizada na fabricação de papel carbono, graxa para sapatos, móveis e pintura de automóveis, entre outros gerando renda notadamente para os produtores rurais de baixa renda. A polpa das amêndoas é consumida in natura, sendo utilizadas para fabricação de cocadas. Delas também é extraído um óleo usado em culinária da população do semi-árido A amêndoa de acorodo com Bondar (1939), contém 55 a 61% de óleo comestível, análogo ao coqueiro da praia (Cocus nucifera, L.).

56

Figura 6. Syagrus coronata (Mart.) Becc.

2.4. Determinação de diâmetros, alturas e número de estruturas reprodutivas em plantas de licuri (Syagrus coronata Mart (Becc))

Para a avaliação quantitativa de Syagrus coronata, foi utilizado o método de parcelas contíguas (MULLER-DOMBOIS & ELLEMBERG, 1974; RODAL et al., 1992) em áreas de um hectare de caatinga e pastagem em cada município. Estas áreas foram divididas em 100 parcelas de 10m x 10m (Figura 7). Foram mensuradas a circunferência do caule, com o auxílio de uma fita métrica de todos os indivíduos com circunferência a altura da base ≥ a 9 cm, Em seguida calculou- se o diâmetro pela equação: DAS (cm) = CAS  A altura de todos os indivíduos com altura ≥ 1m, foi estimada com a utilização de um vara de 4 m. Foram contados, ainda, o número de estruturas reprodutivas (espata, cacho com flor e cacho com fruto) de todos os indivíduos que se encontravam férteis. O levantamento foi realizado em agosto de 2007, período em que foi observado a ocorrência de estruturas reprodutivas na planta.

57

Figura 7. Croqui de distribuição das parcelas nas áreas de vegetação natural e pastagem estudadas.

2.5. Determinação do índice de agregação da espécie

A determinação do índice de agregação ou índice de Mc Guines, foi realizada através da equação IGA = D/d, onde: D = número total de indivíduos da espécie/número total de parcelas alocadas, enquanto que d = -ln (1-FA/100), sendo ln = logaritmo neperiano e FA = Freqüência Absoluta. No caso de GA < 1,0, a distribuição é uniforme; em IGA = 1,0, a distribuição é aleatória; em IGA > 1,0 e < 2,0 há uma tendência ao agrupamento; e em IGA > 2,0 ocorre agregação.

2.6. Construção dos mapas de distribuição espacial

Os mapas de distribuição espacial de plantas de licurí em relação a diâmetro do caule, altura e número de estruturas reprodutivas, foram produzidos com o programa SURFER® (Golden software, Colorado, U.S.A.), utilizando para a interpolação a “Função de Base Radial (Radial Basis Function)”. Após verificação da ausência de correlação a curta distância pelos semivariogramas das variáveis consideradas neste trabalho, a heterogeneidade espacial e das variáveis foi caracterizada pela estatística clássica, considerando que as observações são estatisticamente independentes umas das outras. E, neste caso, os mapas de contorno bidimensionais das variáveis 58 estudadas foram construídos por interpolação utilizando o método FBR (Função de Base Radial). O valor a ser interpolado para qualquer ponto da malha é estimado por:

NPT Gj  w ij Z i i1 (1) sendo Gj o valor do estimador para o ponto j; NPI o número de pontos usados para a interpolação; Zi o valor estimado no ponto i com valor conhecido; wij o peso associado ao valor estimado i. Praticamente todos os métodos de interpolação seguem essa forma. No método da Krigagem, os pesos são variáveis de acordo com a variabilidade espacial expressa no semivariograma. Enquanto que no método de interpolação Radial Basis Function (RBF), os pesos são variáveis de acordo com a função básica. A função básica (B(L)), neste contexto, é uma função real de L (distância (raio) a partir da origem). Uma das funções mais utilizada é a multiquádrica, representada pela equação:

2 2 BLLR()   (2) sendo B(L) uma função de ponderação do método Multiquadrático (Carlson & Foley, 1991) e R2 um parâmetro suavizador especificado pelo usuário. Um valor típico para o R2 é situado entre a distância de amostragem média e a metade da distância da amostragem média.

59

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Distribuição espacial de Syagrus coronata

O número de indivíduos de licuri observados na área de pastagem em Senhor do Bonfim (75 indivíduos) e Jacobina (64 indivíduos) foi inferior ao observado para a área de vegetação natural nos dois municípios, que foi de 138 e 120 indivíduos, respectivamente. É importante destacar que mesmo sendo superior, o número de indivíduos de licuri presentes nas áreas de vegetação natural corresponde apenas às plantas que se encontravam dentro do critério de inclusão determinado para estudo, ou seja, 9 cm de perímetro na base do caule e altura maior ou igual a 1 metro. Desta forma, plântulas de licuri (Syagrus coronata) existentes na área de vegetação natural não foram mensuradas devido à dificuldade de se identificar estas em campo, pois existia na área a presença da palmeira ariri (Syagrus vagans) cujas plântulas são visualmente idênticas. Com relação ao diâmetro das plantas verificam-se os mapas referentes às áreas de domínio do licuri, segundo a distribuição de diâmetro do caule, na área experimental no município de Senhor de Bonfim – BA (Figuras 8a e 8b). As isolinhas definem o domínio de plantas licuri com mesmo diâmetro. No mapa da área de vegetação natural (Figura 8a), constata-se que 51% de sua área é compreendida por plantas com diâmetros do caule maiores que 12 cm e outros 48 % de sua superfície por plantas com diâmetros entre 5 e 12 cm. Em apenas 1% da área foram encontradas plantas com diâmetros menores do que 5 cm. As plantas de maiores diâmetros (24 a 28 cm) ocuparam apenas 0,2% da área. Na área de pastagem (Figura 8b), percebe-se que existe um predomínio de plantas com diâmetros superiores a 14 cm em 98% da área e não houve registro de plantas com diâmetros inferiores a 10 cm. A predominância de plantas com diâmetros maiores nesta área sugere que a formação da pastagem pode ser a causa do não aparecimento de plantas jovens devido o pastejo e o pisoteio pelos animais nestas áreas, impossibilitando assim que estas atinjam a fase adulta. A herbivoria, certamente, é uma das causas da mortalidade das palmeiras, notadamente na fase inicial de desenvolvimento, como enfatiza HOWE & SMALLWOOD (1982). Pelo contrario, ao se verificar a distribuição de licurí na área de vegetação natural, constata-se uma maior quantidade de plantas com diferentes diâmetros ocupando todo 60 o espaço amostrado. Esta constatação sugere que esta espécie não foi afetada por ações antropicas, pelo menos de grande magnitude, ou que tenham sofrido maiores impactos devido a presença de animais que ocasionalmente pastejam na área.

90 90

80 80

70 70 24 30 60 60 20 26 50 16 50

a (m) a 22 40 12 40 18 8 30 30 Distânci 5 14 20 20 4 10 10 10

0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 8: Distribuição espacial do diâmetro do caule em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia.

De maneira análoga ao diâmetro, observa-se que a área de vegetação natural em Senhor do Bonfim (AC1) apresenta uma maior variabilidade na altura de plantas que na área de pastagem (Figura 9a). Na vegetação natural em 32,7% de sua área foram encontradas plantas com altura entre 1,8 a 3,0 m e 66,9 % com plantas entre 3,6 e 5,4 m (Figura 9b), enquanto na pastagem 82,7% da área predominam plantas com altura entre 3,2 e 4,4 m. A maior variação na altura de plantas de licuri na área de vegetação natural está relacionada com a presença de licuri nas várias fases de crescimento, ou seja, a presença desde plantas jovens a adultas. Enquanto que na área de pastagem, prevalecem as plantas na fase adulta. Deve-se levar em consideração que na vegetação natural as diferentes espécies competem por água, nutrientes e luz. Certamente o licuri esta sujeito a todos estes processos que tem grande influencia sobre o crescimento, desenvolvimento e produção das plantas. Por exemplo, comumente quando aumenta à restrição de luminosidade as plantas tendem ao estiolamento. Na área de pastagem, como não há restrição de luminosidade, já que não há nenhuma espécie com um porte que possa interferir na interceptação da radiação solar, as plantas de licuri não sofrem qualquer restrição de 61 luminosidade. Outro fato que chama a atenção é que nesta área as gramíneas, ao possuirem um sistema radicular fasiculado, certamente, exploram a camada mais superficial do solo do que o licuri, reduzindo, portanto a competição entre estas espécies. Alguns trabalhos demonstram que em palmeiras há uma relação entre o diâmetro do caule e a altura de plantas. (BERNACCI, 2001; NIKLAS, 1993a, 1993b). Em estudo realizado com palmeiras, Rich (1986), observou que as espécies que cresciam mais rapidamente em altura apresentavam menor incremento no diâmetro. Um dos benefícios potenciais do crescimento em altura realizado por uma planta é o posicionamento dos órgãos reprodutivos, das unidades de dispersão e das folhas, de maneira a otimizar a reprodução e a fotossíntese e a aumentar o sombreamento dos competidores (GIVNISH, 1982).

90 90

80 80

70 70 5.4 4.4 60 60 4.8

50 3.8 50 4.2

40 3.2 40 3.6

3 30 30 2.6 Distância (m) Distância 2.4 20 20 2 1.8 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 9: Distribuição espacial da altura em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia.

Com relação às estruturas reprodutivas do licuri, na área de vegetação natural as plantas apresentam um menor número de estruturas reprodutivas (espatas, cacho com flor e cacho com frutos) do que as da área de pastagem. Na vegetação natural (Figura 10a), 43,9% da área total é de plantas que apresentam número de estruturas reprodutivas variando de 0 a 1. Plantas com esse mesmo número de estruturas reprodutivas ocupam apenas 20,1% da área de pastagem, ou seja, menos da metade do observado para a vegetação natural. 62

Constatou-se na área de pastagem a existência de uma maior quantidade e variabilidade no número de estruturas reprodutivas por planta (Figura 10b). A intensidade de luz que incide sobre as plantas de licuri nas áreas de vegetação natural certamente é menor devido o sombreamento proporcionado pela vegetação do que os da área de pastagem com gramíneas, como foi abordado anteriormente, o que deve ser uma das causas de diferenças entre quantidade de estruturas reprodutivas de licuri nestas áreas. Esta premissa é suportada nos estudos realizados por Lopes (2007) com outra espécie do mesmo gênero, a Syagrus vagans (Bondar) Hawkes, onde foi observado que plantas localizadas próximas ou sob a copa de outras espécies, portanto com baixa incidência da radiação solar direta, apresentaram uma grande quantidade de flores abortadas, cerca de 90%. Constatação semelhante foi feita por Fernandes-Bulhão et al., (2002) em Syagrus flexuosa (Mart.) Becc, onde observou que quando esta se encontrava sombreada apresentava uma menor quantidade de estrutura em floração e frutificação quando comparada com a de indivíduos presentes em clareiras.

90 90

80 80

70 70 6 4 60 60 5

3 50 50 4

40 2 40 3

2 30 30

Distância (m) Distância 1 1 20 20 0 0 10 10

0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 10. Distribuição espacial do número de estruturas reprodutivas (espata, cacho com flor e cacho com fruto) em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Senhor do Bonfim, Bahia.

Os mapas referentes à distribuição espacial de licuri, segundo os diâmetros de caule, nas áreas localizadas no município de Jacobina podem ser observados na Figura 11a e 11b. Na vegetação natural, os diâmetros das plantas variaram entre 6 a 38 cm, enquanto que na pastagem foi de 16 a 32 cm. 63

Na vegetação natural houve predominância de plantas com diâmetro entre 18 a 36 cm, o que corresponde a ocupação de 89,4% da área (Figura 11a). Na pastagem, 83,4% da área apresentou plantas com diâmetros variando entre 22 e 28 cm (Figura 11b). A ausência de plantas mais jovens na área de pastagem deve está associada ao pastejo continuo dos animais nesta área o que corrobora os dados de Crepaldi (2000). Este autor verificou que a taxa de sobrevivência de plântulas de licuri é baixa em área de pastagem devido o pisoteio pelo gado e perturbações ambientais como já foi discutido anteriormente.

90 120

110 80 100 70 90 32 36 30 60 80 30 28 70 50 ) 26 24 60 40 24 50 18 22 30 40 20 12

Distância (m Distância 30 20 18 6 20 16 10 10

0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 70 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 11. Distribuição espacial do diâmetro em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia.

De forma semelhante o que foi constatado na área de vegetação natural de Senhor do Bonfim a variabilidade na distribuição espacial da altura de plantas de licuri em Jacobina foi maior nessa área do que na pastagem (Figura 12a). A predominância na vegetação natural foi de plantas com altura variando entre 3 e 5 m, o que corresponde a 81,7% da área total e, 11% de plantas com altura entre 1,8 e 2,6 m. Na pastagem não foi observada a presença de plantas com altura inferior a 4 metros, as plantas encontradas eram mais altas que as da área de vegetação natural. Constatou-se que 85,5% desta área é ocupada por plantas com altura entre 4 e 6 metros (Figura 12b). A maior diversificação de alturas de plantas de licuri na vegetação natural do que na pastagem deve estar associada à proteção que a vegetação proporciona ao licuri 64 nas difentes fases de seu crescimento, principalmente, na juvenil. Na pastagem, como estão sujeitas ao pastejo e consequentemente a herbivoria e ao pisoteo animal, as plantas jovens reduzem muito a chance de sobrevivência, além disso, estão mais expostas aos rigores do clima, como a incidência direta da radiação solar, que certamente não é uma condição benéfica para as plantas na sua fase de estabelecimento. Carvalho et al. (2006) observaram que o sombreamento favoreceu o crescimento das plantas de licuri, pelo menos até 18 meses de idade, fato importante para seu estabelecimento em campo e definição de estratégias de manejo.

90 120

110 80 100 70 5.4 90 6.4 5 80 60 6 4.6 70 5.6 50 4.2 60 3.8 5.2 40 3.4 50 4.8 3 40 30 2.6 30 4.4

Distância (m) Distância 2.2 20 20 4 1.8 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 12. Distribuição espacial da altura em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia.

A distribuição do numero de estruturas reprodutivas do licuri pode ser observada na Figura 13a e 13b. A maior variabilidade no número de estruturas reprodutivas foi constatada na área de pastagem, chegando a até 11 estruturas por planta. Na vegetação natural, o maior número de estruturas reprodutivas foi de 3 estruturas por planta. Na vegetação natural 79,9% da área total foi ocupada por plantas com nenhuma ou até no máximo duas estruturas (Figura 13a). Na pastagem, apenas 6% da área apresenta plantas com número de estruturas variando de 2 a 4, ou seja, 94% desta área foi ocupada por plantas com mais de 4 estruturas reprodutivas. É interessante, 65 chamar a atenção para o fato de que no período em que foi realizado o levantamento na pastagem nenhuma planta de licuri foi observada sem estruturas reprodutivas. Em geral, a heterogeneidade no ambiente luminoso influencia todos os aspectos do desempenho individual em palmeiras, como sobrevivência, crescimento, estabelecimento e fecundidade (SVENNING, 2001), como já foi amplamente enfatizado. Em Geonoma macrostachys var. macrostachys (Martius), foi observado que tanto a probabilidade de estar fértil como o número e o tamanho das inflorescências aumentaram com a iluminação da copa (SVENNING, 2002).

90 120

110 80 100 70 90 11 10 60 3 80 9 70

50 8 2 60 7 40 50 6 5 30 1 40 4 30 Distância Distância (m) 20 3 0 20 2 10 10 0 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 0 10 20 30 40 50 60 70 Distância (m) Distância (m) (a) (b) Figura 13 Distribuição espacial do número de estruturas reprodutivas (espata, cacho com flor e cacho com fruto) em plantas de licuri em área de vegetação natural (a) e pastagem (b) no município de Jacobina, Bahia.

Em síntese, constata-se que na área de vegetação natural de Senhor do Bonfim há predominância de licuris com diâmetro de caule menor do que em Jacobina. Com base em observações feitas “in loco” nas plantas de licuri das duas áreas de vegetação natural, constatou-se que, em geral, em Senhor do Bonfim as plantas apresentavam estipes com algum desgaste, sugerindo que nesta área pode ter havido uma maior pressão antrópica do que na área de Jacobina, evidenciado, pelo fato de alguns troncos apresentarem sinais de presença de fogo, embora de pouca magnitude. Assim, as dimensões de diâmetro de alguns licuris nesta área devem estar associadas não somente às condições edafoclimáticas, mas, também, as alterações ocorridas no perímetro do caule, ao longo do tempo, que causaram modificações na estrutura das 66 plantas. Lima et al. (2003) afirmam que as palmeiras podem diminuir o diâmetro através da morte ou destruição dos tecidos externos do estipe. A variação no diâmetro e na altura de plantas está relacionada com a idade, porém, outros fatores como disponibilidade de água, fertilidade do solo, profundidade efetiva do solo, distribuição da precipitação e outros de menor proporção afetam o crescimento e desenvolvimento da planta. Normalmente a estrutura populacional dominada por jovens representa uma população em expansão ou ainda uma população estável, com a curva de sobrevivência fortemente côncava. Por outro lado, o excesso de indivíduos velhos pode significar que a população está se extinguindo, sem que haja novos recrutamentos (MARCOS & MATOS, 2003). Neste caso, a ausência de indivíduos jovens nas áreas de pastagem, sugere que a derrubada da vegetação natural pode contribuir fortemente para uma redução no número de indivíduos de licuri na região. Segundo Smith et al., (1993), cerca de 33% das espécies de palmeiras estão ameaçadas de extinção por motivos que vão desde a exploração direta até a destruição do habitat. A distribuição de freqüência das classes de diâmetro e altura do licuri em áreas de vegetação natural e pastagem nos dois municípios estão representadas nos anexos 1, 2 ,3 e 4. O número de estruturas reprodutivas de licuri nas áreas de vegetação natural foi semelhante nos dois municípios (Figuras 7a e 10a). Nas áreas de pastagem, foi observada uma maior variabilidade no número de estruturas reprodutivas em Jacobina, chegando até onze por planta. Em Senhor do Bonfim, o número máximo de estruturas reprodutivas observadas por planta foi de 6 estruturas. Sabe-se que o rendimento vegetativo e reprodutivo muda de acordo com a situação ambiental. A interferência do homem na vegetação também afeta o desenvolvimento das plantas. Por exemplo, quando ocorre a abertura de uma clareira, segundo PIÑERO, et al., (1984) as espécies tolerantes entram em um período de intenso crescimento apical e elevada atividade reprodutiva que diminui com o fechamento da clareira. Esta constatação sugere que nas áreas com pastagem, independente dos municípios onde se fez a pesquisa, esta condição pode ter contribuído para o maior número de estruturas reprodutivas dos licuris quando comparado à vegetação natural. Os dados do número de espatas, cacho com flor e cacho com fruto do licuri, podem ser visualizados no Anexo 5.

67

3.2. Diâmetro e altura médios do licuri

Na Figura 14, encontram-se os diâmetros do caule médio de licuri na áre de vegetação natural e pastagem nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia. Observa-se que o diâmetro médio do caule na vegetação natural em Senhor do Bonfim (AV1) foi de 12,23 cm, e de 24,02 em Jacobina (AV2). O maior desvio padrão da média foi verificado para a área de vegetação natural em Jacobina, indicando uma maior amplitude de variação de diâmetros das plantas de licuri. Na área de pastagem em Senhor do Bonfim (AP1), o diâmetro médio foi de 22,81 cm e em Jacobina (AP2) de 24,93 cm. O desvio padrão da média, nesta área, foi menor do que nas áreas de vegetação natural, sugerindo que os licuris na pastagem são semelhantes em termos de diâmetro de caule. Comparando-se o diâmetro médio do licuri (12,23 cm) em área de vegetação natural em Senhor do Bonfim, observa-se que este foi superior ao observado para a população de plantas nessa área que foi de 8,0 cm. As espéies de maior diâmetro foram Spondias tuberosa (54,11cm) e a de menor diametro (3,0 cm), Oxalis psoraleoides. Para Jacobina, o diâmetro médio da população também foi considerado baixo (7,6 cm) quando comparado com o do licuri que foi de 24,02 cm. A espécie de maior diâmetro médio foi Combretum sp. 1 (50,93 cm) e as de menor diâmetro médio Byrsonima sp. 1,, Combretum pisonioides, Helicteres mollis com 2,86 cm (Anexo 6).

68

40

35

30

25

20

15

10 Diâmetro doDiâmetro caule (cm)

5

0 Vegetação natural Vegetação natural Pastagem (AP1) Pastagem (AP2) (AV1) (AV2)

Figura 14. Diâmetro médio do caule de Syagrus coronata presentes em áreas de vegetação natural (AV) e pastagem (AP) nos municípios de Senhor do Bonfim (1) e Jacobina (2), Bahia.

Para a altura média de plantas, observa-se na Figura 15 que nas áreas de vegetação natural os valores médios para a altura dos indivíduos de licuri foram de 2,9 m em Senhor do Bonfim (AV1) e 3,3 m em Jacobina (AV2). Na área de pastagem nos dois municípios foi observado que a pastagem do município de Jacobina (AP2) apresentou o maior valor médio em altura, 5,24 m. Não foi observada entre as áreas de vegetação natural dos dois municípios uma grande variação para a altura. A Área de pastagem em Jacobina apresentou maiores alturas quando comparada às áreas de vegetação natural dos dois municípios e de pastagem em Senhor do Bonfim (AP1). A altura média da comunidade de plantas em Senhor do Bonfim foi de 2,6 m, inferior ao observado para o licuri que foi de 2,9 m. A espécie de maior altura foi Spondias tuberosa com 5,1m e a de menor altura foi uma espécie desconhecida com 1,2m. Em Jacobina a média da altura da comunidade na área de vegetação natural foi de 2,8 cm, inferior a verificada para o licuri que foi de 3,3 m. A espécie de maior altura nessa área foi Alseis floribunda (4,8m) e Myrtaceae 2 a de menor altura com 1,6 m (Anexo 7).

69

7

6

5

4

3

2 Altura de Altura Plantas (m)

1

0 Vegetação natural Vegetação natural Pastagem (AP1) Pastagem (AP2) (AV1) (AV2)

Figura 15. Altura média de Syagrus coronata presentes em áreas de vegetação natural (AV) e pastagem (AP) nos municípios de Senhor do Bonfim (1) e Jacobina (2), Bahia.

3.3. Padrão de distribuição espacial do licuri segundo o índice de McGuinnes

O padrão de distribuição espacial de uma espécie é representado pela sua distribuição na área em estudo em termos de frequência de ocorrência dentro das unidades amostrais coletadas. A análise de agregação dos indivíduos, pelo uso do índice de McGuinnes (IGA) ou índice de agregação, revelou que o licuri apresenta tendência a agrupamento nas áreas de vegetação natural de Senhor do Bonfim e Jacobina. Para as áreas de pastagem nos dois municípios, a espécie apresentou distribuição uniforme (Tabela 1). Uma espécie vegetal, embora apresente uma grande ocorrência em uma determinada área, sua distribuição espacial, nas diferentes classes de tamanho, pode ser muito irregular. O grau de agregação pode apresentar diferentes valores, com as plantas das menores classes de tamanho apresentando tendência ao agrupamento e as plantas das maiores classes de tamanho podendo ocorrer de maneira fortemente agrupadas (CARVALHO, 1983). O padrão de distribuição espacial de uma espécie é resultante da ação conjunta de fatores bióticos e abióticos (BERNACCI, 2001). Essa tendência ao agrupamento do licuri nas duas áreas de vegetação natural deve está relacionada à tendência de pouca dispersão das sementes, já que os frutos 70 ao caírem naturalmente, em geral permanencem próximos à planta de origem, salvo quando há interferência de animais ou do homem. Segundo Janzen (1976), a distribuição agregada também é comum entre espécies dispersas por animais ou que possuem distribuição autocórica.

Tabela 1. Classificação do padrão de distribuição de Syagrus coronata, segundo o Índice de MacGuinnes (IGA) Senhor do Bonfim Jacobina Áreas IGA Classificação IGA Classificação Vegetação natural 1,05 Tend. Agrup. 1,46 Tend. Agrup. Pastagem 0,94 Uniforme 0,90 Uniforme

71

4. CONCLUSÕES

Tanto em Jacobina como em Senhor do Bonfim, na área de vegetação natural ocorre variação do diâmetro do caule e altura de plantas do licuri, indicando tendência de haver regeneração da espécie; O diâmetro médio do licuri (p<0,05) e a variabilidade desses dados são maiores em Jacobina do que em Senhor do Bonfim; Na pastagem a amplitude de variação de diâmetro e de altura das plantas é muito pequena e todas as plantas encontram-se na fase adulta, não havendo, portanto, indicios de regeneração da espécie; O número de estruturas reprodutivas (espata, cacho com flor e cacho com fruto) do licuri é maior na área de pastagem do que na de vegetação natural; A quantidade de isolinhas nos mapas das áreas que definem plantas de licuri de mesmo diâmetro e mesma altura é maior na vegetação natural do que na pastagem; Na área de vegetação natural o licuri tem tendência a agrupamento nos dois municípios, enquanto na pastagem a sua distribuição foi uniforme.

72

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BENACCI, L. C. Aspectos da demografia da palmeira nativa Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman, jerivá como subsídios ao seu manejo. 134 f. 2001. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

BONDAR, G. Importância econômica das palmeiras nativas do gênero Cocos nas zonas secas do interior baiano. Bahia: Instituto Central de Fomento Econômico da Bahia, 1939. 16 p.

BONDAR, G. Insetos nocivos e molèstias do coqueiro (Cocos nucifera) no Brasil. Bahia: Tipografia Naval, 160p, 1940a.

BONDAR, G. Notas entomológicas da Bahia. V. Revista de Entomologia. v. 11, p. 199-214. 1940b.

CARLSON, R.E., AND FOLEY, T.A. The parameter R2 in multiquadric interpolation. Computers & Mathematics with Applications, v.21. n.9. p. 29-42. 1991.

CARVALHO, J. O. P. de. Abundância, freqüência e grau de agregação de Pau-rosa (Aniba duckei) na Floresta Nacional do Tapajós. Belém: Embrapa-CPATU, 1983. 24 p. (Boletim de Pesquisa, 53).

CARVALHO, N. O. S. et al. Crescimento inicial de plantas de licuri (Syagrus coronata (MART.) BECC.) em diferentes níveis de luminosidade. Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 3, p. 351-357, 2006.

CREPALDI, I. C. et al. A composição química do licuri (Syagrus coronata (Martius) Beccari). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 24, n. 2, p. 155-159, 2001.

CREPALDI, I. C. Syagrus coronata (Mart.) Becc e Syagrus vagans (Bondar) Hawkes: palmeiras economicamente importantes na caatinga baiana. 222 f. 2000. Tese (Doutorado em Botânica) - Universidade de São Paulo.

FERNANDES-BULHÃO, C.; RIBEIRO, J.F.; SOUZA-SILVA, J.C. Fenologia da floração e frutificação de Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. (Arecaceae) sob duas intensidades luminosas naturais. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTANICA, 53.; REUNIÃO NORDESTINA DE BOTANICA, 25., 2002, Recife. Anais... Recife. 2002. p. 237-238.

GVINISH, T. J. On the adaptative significance of leaf height in forest herbs. The American Naturalist. v. 120, p. 353-381, 1982.

HOWE, H. F.; SMALLWOOD, J. Ecology of seed dispersal. Annual Review of Ecology and Systematics. v. 13, p. 201-228, 1982.

JANZEN, D.H. Why bamboos take so long to flower. Annual Review of Ecology and Systematics, n.7, p. 347-391. 1976.

73

LIMA, E. S. et al. Diversidade, estrutura e distribuição espacial de palmeiras em um cerrado sensu stricto no Brasil Central - DF. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 361-370, 2003.

LOPES, V. da S. Morfologia e fenologia reprodutiva do ariri (Syagrus vagans (Bondar) Hawkes) - Arecaceae - numa área de caatinga do município de Senhor do Bonfim, Bahia. 2007. 70 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, São Paulo: Editora Platarum, 352p. 1992.

MARCOS, C. S.; MATOS, D. M. S. Estrutura de populações de palmiteiro (Euterpe edulis Mart.) em áreas com diferentes graus de impactação na Floresta da Tijuca, RJ. Floresta e Ambiente, v. 10, n. 1, p. 27-37, 2003.

MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Willey & Sons, 1974. 525 p. NIKLAS, K. J. The scaling of plant height: a comparision among major plant clades and anatomical grades. Annals of Botany, v. 72, p. 165-172, 1993a.

NIKLAS, K. J. Influence of tissue density-specific mechanical properties on the scaling of plant height. Annals of Botany, v. 72, p. 173-179, 1993b.

NOBLICK, L. R. Palmeiras das caatingas da Bahia e as potencialidades econômicas. In: SIMPÓSIO SOBRE A CAATINGA E SUA EXPLORAÇÃO RACIONAL, 1986, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF: EMBRAPA, 1986. p. 99-115.

OLIVEIRA, P. E. A. M.; RIBEIRO, J. F.; GONZALES, M. I. 1989. Estrutura e distribuição espacial de uma população de Kielmeyra coriacea Mart. De cerrados de Brasília. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 12, p. 39-47, 1989.

PIÑERO, D.; MARTINEZ-RAMOS, M.; SARUKHÁN, J. A population model of Astrocaryum mexicanum and a sensitivity analysis of its finite rate of increase. Journal of Ecology, v. 72, p. 977-991, 1984.

PINTO, S. I. do C. Florística, estrutura e ciclagem de nutrientes em dois trechos de floresta estacional semidecidual na Reserva Florestal Mata do Paraíso, Viçosa- MG. 2005. 110 f. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.

RICH, P. M. et al. Height and stem diameter relationships for dicotyledonous trees and arborescent palms of Costa Rican tropical wet forest. Bulletin of the Torrey Botanical Club, v. 113, p. 241-246, 1986.

RODAL, M. J. N.; SAMPAIO, E. V. S.; FIGUEIREDO, M. A. Manual sobre métodos de estudo florístico e fitossociológico: ecossistema caatinga. Brasília: Sociedade Botânica do Brasil, 1992. 24 p.

74

SUPERINTENDENCIA DE ESTUDOS ECONOMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Informações geoambientais. Disponível em . Acesso em: 15/10/07.

SVENNING, J. C. Environmental heterogeneity, recruitment limitation and the mesoscale distribution of palms in a tropical montane rain forest (Maquipucuna, Ecuador). Journal of Tropical Ecology. v. 17, p. 97-113, 2001.

SVENNING J. C. Crown illumination limits the population growth rate of a Neotropical understorey palm (Geonoma macrostachys, Arecaceae). Plant Ecology, v. 159, p.185- 199, 2002.

ANEXOS 75

Anexo 1. Número de indivíduos de Syagrus coronata por classes de diâmetros em áreas de vegetação natural (A) e pastagem (B) no município de Senhor do Bonfim, Bahia.

70 A 60 60

50

40

30 19 20 16 9 10 11 9 Número Número de Indivíduos 10 4 0 3-6 6,1-12 12,1-15 15,1-18 18,1-21 21,1-24 24,1-27 27,1-30 Classes de diâmetros (cm)

25 22 B

20 18 16 15

10 6 4 5 3 3 Número Número de Indivíduos 1 1 1 0 0 3-6 6,1-12 12,1-15 15,1-18 18,1-21 21,1-24 24,1-27 27,1-30 30,1-33 33,1-36 36,1-39 Classes de diâmetros (cm)

76

Anexo 2. Número de indivíduos de Syagrus coronata por classes de altura em áreas de vegetação natural (A) e pastagem (B) no município de Senhor do Bonfim, Bahia.

70 A 59 60

50 38 40 33 30

20

Número Número de Indivíduos 10 7 1 0 1-2 2,1-3 3,1-4 4,1-5 5,1-6 Classes de altura (m)

B 50 45 43 40 35 30 25 20 20 15 10 10 Número Número Indivíduosde 5 1 1 0 1-2 2,1-3 3,1-4 4,1-5 5,1-6 Classes de altura (m)

77

Anexo 3. Número de indivíduos de Syagrus coronata por classes de diâmetro em áreas de vegetação natural (A) e pastagem (B) no município de Jacobina, Bahia. A 18 17 16 14 12 11 12 10 10 10 10 10 10 7 8 6 5 6 4 4 4 3 1 Número de Número de indivíduos 2 0

3-6 6,1-9 9,1-12 12,1-1515,1-1818,1-2121,1-2424,1-2727,1-3030,1-3333,1-3737,1-4040,1-4347,1-5053,1-56 Classes de diâmetro (cm)

B 25 22

20 15 15 11 9 10

5 4 Número Número indivíduosde 1 1 1 0 9,1-12 15,1-18 18,1-21 21,1-24 24,1-27 27,1-30 33,1-37 37,1-40 Classes de diâmetro (cm)

78

Anexo 4. Número de indivíduos de Syagrus coronata por classes de altura em áreas de vegetação natural (A) e pastagem (B) no município de Jacobina, Bahia.

30 28 A 27 26 26 25

20

15 13

10

5 Número Número de indivíduos

0 1-2 2,1-3 3,1-4 4,1-5 5,1-6 Classes de altura (m)

35 B 29 30 25 20 20

15 11 10 4

Número Número indivíduosde 5 0 3-4 4,1-5 5,1-6 6,1-7 Classes de altura (m)

79

Anexo 5. Número de estruturas reprodutivas em plantas de licuri em áreas de vegetação natural e pastagem nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia. Senhor do Bonfim Jacobina Àreas Espata C. com flor C.com fruto Espata Cacho com Cacho com flor fruto Vegetação 112 5 12 97 8 3 natural Pastagem 102 16 17 322 19 41

Legenda: C. com flor = Cacho com flor; C. com fruto = Cacho com fruto

80 Anexo 6. Diâmetros e alturas médios da população referentes às espécies amostradas na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia.

Nome Científico Diâmetro médio Altura média Acacia piauhiensis Benth. 7 3,7 Alseis floribunda Schott 7,08 3,15 Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. 11,14 4,5 Balfourodendron molle (Miq.) Pirani 8,91 3,3 Basanacantha spinosa var. pubescens (Jacq.) K. Schum. 4,28 2,17 Caesalpinia pyramidalis Tul. 8,11 2,84 Capparis jacobinae Moric. ex Eichler 6,61 2,26 Capparis yco (Mart.) Eichler 6,6 2,22 Cereus jamacaru DC. 16,25 3,11 Cnidoscolus sp. 1 10,37 3,33 Cnidoscolus urens (L.) Arthur 4,45 1,68 Coccoloba confusa How 7,64 3 Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. 14,64 4 Croton sp. 1 7,47 2,38 Croton sp. 2 9,6 2,09 Croton sp. 3 6,37 1,9 Croton sp. 4 8,73 2,69 Polygonaceae 1 4,14 1,2 Erythroxylum lindemanii Plowman 6,68 1,3 Guettarda platypoda DC. 3,1 2,55 Helicteres mollis K. Schum. 5,95 2,74 Helicteres eichleri K. Schum. 6,56 2,36 Hyptis martiusi Benth. 5,31 2,72 Jatropha gossypiifolia L.. 3,8 1,8 Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. 4,5 2,09 Jatropha sp. 1 4,77 3,55 Lantana camara L. 6,37 2,7 Lippia cf. thymoides Mart. & Schauer 7,8 4 Lippia sp. 5,21 2,38 Luehea grandiflora Mart. 5,68 2,47 Manihot glaziovii Müll. Arg. 4,77 2,65 Melia azedarach L. 3,82 2,5 Melochia tomentosa L. 3,71 2,1 Mimosa arenosa (Willd.) Poir. 11,65 3,33 Mimosa sp. 1 19,26 4,3 Mimosa sp. 2 5,73 2,08 Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 13,76 2,41 Myracrodruon urundeuva Fr. All. 3,5 3,2 Myrtaceae 1 3,74 3,3 Opuntia palmadora Britton & Rose 3,85 2,57 Oxalis psoraleoides Kunth. 2,86 2 Piptadenia viridiflora (Kunth.) Benth. 9,2 2,3 Pisonia sp. 1 5,18 2,9 Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd 7,48 3,9 Pricamnia cf. bahiensis Turcz 6,37 3,6 Rhamnidium sp. 1 8,09 4 Rollinia leptopetala (R. E. Fries) Safford 5,64 2,5 Schinopsis brasiliensis Engl. 7,96 3,7 Solanum sp. 1 3,61 2,03 Spondias tuberosa Arruda 54,11 5,1 Syagrus coronata (Mart.) Becc. 12,15 3 Triplaris sp. aff T. tomentosa Wedd. 10,16 2,3 81 Anexo 7. Diâmetros e alturas médios da população referentes às espécies amostradas na fazenda Exu, Jacobina, Bahia.

Nome Científico Diâmetro médio Altura média Acacia glomerosa Benth. 8,43 2,96 Acacia langsdorffii Benth. 8,15 2,9 Acacia riparia Kunth 6,58 3,63 Albizia inundata (Mart.) Barneby & J.W.Grimes 9,17 3,12 Alseis floribunda Schott 26,52 4,28 Bredemeyera kunthiana (A.St.-Hil.) Klotzsch ex A.W.Benn 7,46 3,36 Byrsonima cf cydoniaefolia A. Juss. 4,82 2,03 Byrsonima vacciniifolia A.Juss. 5,73 2 Byrsonima sp. 1 2,86 2,2 Campomanesia sp. 9,67 3,03 Capparis jacobinae Moric. ex Eichler 5,54 2,72 Capsicum parvifolium Sendtn. 3,5 4,2 Cereus jamacaru DC. 9,82 2,97 Chloroleucon sp. 1 15,8 2,88 Cnidoscolus sp. 1 8,35 3,07 Combretum pisonioides Taub. 2,86 2,8 Combretum sp. 1 50,93 3,2 Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett. 3,02 3,4 Croton sp. 1 6,38 2,9 Croton sp. 2 5,33 2,1 Croton sp. 5 7,13 2,86 Croton sp. 6 4,67 2,41 Croton sp. 7 6,4 3,26 Dalbergia cearensis Ducke 5,2 2,37 Dalbergia cf glaucescens (Mart. ex Benth.) Benth 5,77 3,13 Erythroxylum lindemanii Plowman 4,68 1,67 Eugenia sp. 1 5,73 2,17 Guapira graciliflora (Mart. ex I. A. Schmidt) Lundel 8,62 2,63 Helicteres eichleri K. Schum. 6,15 2,73 Helicteres mollis K. Schum. 2,86 2,2 Helicteres sp. 1 4,14 1,7 Heteropteris trichanthera A. Juss. 9,29 2,6 Indeterminada 7,64 2,7 Jatropha gossypiifolia L. 8,36 2,78 Jatropha martiusii Baill 5,94 2,97 Jatropha sp. 1 3,66 3,4 Jatropha sp. 2 6,37 3,5 Jatropha sp. 3 4,46 4 Lantana camara L. 3,42 2,1 Machaerium cf acutifolium Vogel 8,89 2,98 Manihot brachyandra Pax & K.Hoffm. 6,37 3,5 Melochia arenosa Benth. 3,82 4 Myrtaceae 3 3,5 1,6 Myrtaceae 2 19,26 1,7 Opuntia palmadora Britton & Rose 4,36 2,45 Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & G.D. Rowley 5,85 3,06 Pilosocereus pentaedrophorus (Labour.) Byles & G.D.Rowley 5,96 2,71 Piptadenia moniliformis Benth. 7,55 2,91 Psidium sp. 1 9,07 2,6 Poeppigia procera Presl 4,43 2,98 82 Rhamnidium sp. 1 3,18 3,4 Schinopsis brasiliensis Engl. 3,93 2,5 Senna acuruensis (Benth) H.S.Irwin & Barneby 14,32 2,2 Senna rizzinii H.S.Irwin & Barneby 3,5 2,3 Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby 3,82 3 Solanum sp. 1 4,48 3,09 Spondias tuberosa Arruda 3,82 2 Syagrus coronata (Mart.) Becc. 23,97 2,71 Trigonia nivea Cambess 3,5 2,2 Varronia nivea (Fresen) Borhidi 5,84 2,38 Vismia micrantha Mart. ex. A. St. Hil. & Nawdin 6,51 2,9 Ximenia americana L. 5,57 3,16

CAPÍTULO III

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA- BA

83

FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA EM ÁREAS DE VEGETAÇÃO NATURAL NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

RESUMO A caatinga vegetação xerófila de fisionomia e composição florística variada. É decorrente dos fatores climáticos marcantes da região semi-árida que, por sua vez, está associada aos tipos de solo e ao relevo. Diante do exposto este trabalho objetivou avaliar a composição florística e a estrutura do estrato arbóreo-arbustivo nos duas áreas de vegetação natural nos municípios de Jacobina e Senhor do Bonfim, Bahia. Para tanto, foram demarcadas em área de um hectare nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, 100 parcelas contíguas de 10 x10 m. Foram mensurados todos os indivíduos arbóreo-arbustivos com circunferência a altura do solo ≥ 9 cm e altura ≥ 1 m. Para verificar a semelhança florística entre as áreas analisadas utilizou-se a análise de agrupamento, através de uma matriz de presença/ausência dos táxons. Os parâmetros fitossociológicos analisados foram: densidade absoluta e relativa, freqüência absoluta e relativa e dominância absoluta e relativa, valor de importância e o valor de cobertura. Em Senhor do Bonfim, as famílias com maior número de espécies foram Euphorbiaceae, Leg. Mimosoideae, Malvaceae e Rubiaceae. Em Jacobina destacaram-se: Euphorbiaceae, Leg.Mimosoideae, Myrtaceae, Cactaceae, Leg. Caesalpinoideae, Malpighiaceae e Malvaceae. A similaridade floristica entre as áreas foi baixa. Observou-se a influencia predominante de seis espécies na comunidade de ambas as áreas. Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1, Rollinia leptopetala, e Jatropha gossypiifolia foram as espécies que apresentaram maior Valor de importância em Senhor do Bonfim. Em Jacobina destacaram-se as espécies Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscullos sp. 1 e Croton sp. 1. Analisando a diversidade entre as duas áreas pelo índice de diversidade de Shannon – Weaver obteve-se um valor alto para ambas as áreas quando comparado a outros levantamentos em caatinga. Comparando-se a diversidade entre parcelas observou-se que tanto em Senhor do Bonfim como em Jacobina, encontrou-se uma alta variabilidade na diversidade de espécies entre as parcelas, entretanto, o índice de Shannon – Weaver, calculado para a área total não representa adequadamente esta amplitude de variação. Palavras-chave: Semi-árido,índice de diversidade, composição botânica. 84

FLORISTIC AND PHYTOSOCIOLOGY IN AREAS OF NATURAL VEGETATION IN MUNICIPALITIES OF SENHOR DO BONFIM AND JACOBINA, STATE OF BAHIA, BRAZIL.

ABSTRACT The Brazilian caatinga is a xerophilous vegetation of varied physiognomy and floristic composition. It resulted from severe climatic conditions of the semi-arid region, which, in turn, is associated to the types of soil and topography. In this context, this study aimed to assess the floristic composition and structure of the herb-shrub stratum in two areas of natural vegetation in the semi-arid region of the state of Bahia. To do so, 100 contiguous plots of 10 x 10 m were demarcated in the area of one hectare in the municipalities of Senhor do Bonfim and Jacobina. All herb-shrub individuals with circumference ≥ 9 cm and height ≥ 1 m were sampled. In order to verify the floristic similarity between the areas considered, the cluster analysis was used through a matrix of presence / absence of taxa. The phytosociological parameters analyzed were: absolute and relative density, absolute and relative frequency and absolute and relative dominance, importance value and coverage value. In Senhor do Bonfim, families with the highest number of species were Euphorbiaceae, Leg. Mimosoideae, Malvaceae and Rubiaceae. In Jacobina, the species were: Euphorbiaceae, Leg. Mimosoideae, Myrtaceae, Cactaceae, Leg. Caesalpinoideae, Malpighiaceae and Malvaceae. The floristic similarity between areas was low. The predominant influence of six species in the community of both areas was observed. Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1, Rollinia leptopetala, and Jatropha gossypiifolia were the species that had the highest importance value in Senhor do Bonfim. In Jacobina, the species Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscullos sp. 1 and Croton sp. 1 stood out. Analyzing the diversity between both areas through the Shannon - Weaver diversity index, a high value for both areas was obtained when compared to other surveys in the Brazilian caatinga. Comparing the differences between plots, it could be observed that both in Senhor do Bonfim as in Jacobina, a high variability in diversity of species between plots was found; however, the Shannon - Weaver index calculated for the total area does not represent this variation range adequately. Key words: Semi-arid, diversity Index, botanical composition. 85

1. INTRODUÇÃO

O Nordeste do Brasil tem a maior parte de seu território ocupado por uma vegetação xerófila, de fisionomia e florística variada, denominada caatinga. As espécies que a caracterizam são, em geral, lenhosas, herbáceas além das cactáceas e bromeliáceas. Autores como DRUMOND et al. (2000) referenciam que em relação às adaptações as condições de semi-aridez, essas espécies são dotadas de espinhos, sendo ainda caducifólias, o que significa que perdem suas folhas no início da estação seca. Abordando as variações de caatinga e as peculiaridades de sua distribuição, Andrade-Lima (1981) afirma que aquelas situadas em locais onde as precipitações são mais elevadas apresentam um maior número de espécies. Entretanto, segundo Rodal (1992), o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve ser resposta a um conjunto de fatores, tais como topografia, classe, profundidade e permeabilidade do solo e não apenas ao total de chuvas. Estados como a Bahia, cujo Semi-Árido ocupa mais de 50% do seu território, apresenta uma grande diversidade de tipos de caatinga (GIULIETTI, 2006). Nestas áreas, as caatingas estão distribuídas, no sentido Leste-Oeste, entre as formações atlânticas, a leste, e a seção baiana do planalto central brasileiro, a oeste, geralmente associadas a pediplanos que constituem o piso das depressões interplanalticas (SILVA, 1986). As condições ecológicas mais típicas do Semi-Árido são encontradas nas depressões interplanálticas de grande extensão encaixadas entre os maciços mais antigos (AIOUAD, 1986). Considerando a relevância de gerar conhecimentos que definam a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas da Caatinga, torna-se perceptível a necessidade de estudos sobre os seus aspectos florísticos e fitossociológicos. Esta base de dados se caracteriza como sendo de fundamental significância na elaboração de planos de manejo e também para a adoção de tratamentos silviculturais voltados para a conservação da diversidade de espécies. SCOLFORO (1998) destaca que a análise da estrutura da vegetação fornece informações quantitativas sobre sua estrutura horizontal e vertical, sendo uma das alternativas para se conhecer as variações florísticas, fisionômicas e estruturais a que as comunidades estão sujeitas ao longo do tempo e espaço. Assim, é preciso ampliar rapidamente o conhecimento sobre os organismos e comunidades, além de sua distribuição nos ambientes de caatinga, já que este é o 86 terceiro Bioma brasileiro mais alterado pelo homem e o menos conhecido da América do Sul, como enfatizam Tabarelli & Vicente (2002). Segundo estes autores, o nível de informação sobre a organização e formas de ocorrência de plantas lenhosas da Caatinga é reduzido ou até inexistente para 80% do Bioma. Assim, informações sobre riqueza, endemismo, distribuição geográfica e ecológica de plantas lenhosas da Caatinga existem apenas de forma preliminar (GAMARRA-ROJAS et al., 2005). Portanto, considerando o abordado, este trabalho tem o objetivo de avaliar a composição florística e a estrutura do estrato arbóreo-arbustivo em duas áreas de vegetação natural no Semi-Árido baiano.

87

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Área de estudo

A pesquisa foi realizada nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, estando ambos localizados na Mesoregião Centro Norte do Estado da Bahia (Figura 1). Particularmente relacionado a Senhor do Bonfim, a sede do município está situada geograficamente nas coordenadas 10º 28’ 00’’de latitude sul e 40º 11’ 00’’ de longitude oeste do meridiano de Greenwich, apresentando altitude de 558,24 m (SEI, 2007). Considerando os dados relativos ao município de Jacobina, observa-se que este município localiza-se nas coordenadas 11º 11´8" latitude sul e 40º28´06’’ longitude oeste do meridiano de Greenwich e encontra-se a uma altitude de 470,44 m (SEI, 2007). Para informações sobre os valores médios mensais de precipitação, temperatura e umidade relativa do ar utilizaram-se os dados de janeiro/1993 a dezembro/2006 (Figura 2), fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia - INMET. Para Senhor do Bonfim os dados de precipitação denotam que janeiro é o mês mais chuvoso, com uma média de 89,7 mm (Figura 2), ficando outubro como o mais seco com média de 20,8 mm. A média anual da precipitação está em torno de 717,4 mm. Fevereiro, com temperatura média de 26,1 ºC é o mês mais quente, enquanto julho, com 21 ºC é o mês mais frio. A temperatura média anual é de 24,2 ºC. Os valores de umidade relativa média mensal do ar atinge o máximo em junho (77,26 ºC) e o mínimo em outubro (54,27) mês em que ocorre uma baixa precipitação. No município de Jacobina os valores médios mensais de precipitação mostram que o mês de maior volume precipitado é março, com média de 156,9 mm, e outubro com média de 25,52 mm, é caracterizado como o mês mais seco. A média anual da precipitação está em torno de 963,9 mm. Fevereiro, com temperatura média de 26,2 ºC se mostra como o mais quente, e julho, como o mais frio, com temperatura média de 21,2 ºC. A temperatura média anual é de 24,3ºC. A umidade relativa média mensal do ar atinge o máximo em junho (79%), e o mínimo ocorre no mês de outubro (60,7%). De modo geral, observa-se ainda que a amplitude de variação da temperatura é baixa para as duas áreas, sugerindo ser esse parâmetro pouco variável durante os meses do ano. 88

Figura 1. Localização dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Semi-Árido baiano.

89

A 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 Precipitação (mm) Precipitação 20,00 0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

B 30,00

25,00

20,00

15,00

10,00

Temperatura (ºC) Temperatura 5,00

0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

C 90,00

60,00

30,00 Umidade do ar (%) ar do Umidade

0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Meses

Senhor do Bonfim Jacobina

Figura 2. Distribuição mensal média da precipitação (A), temperatura (B) e umidade do ar (C), nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia, no período de 1993-2006. INMET-2007.

90

A vegetação predominante segundo Brasil (1977) em ambos os municípios é caatinga hipoxerófila, sendo observado também no município de Jacobina Floresta subcaducifólia e caducifólia. São registradas espécies como Syagrus coronata (Mart.) Becc. (licuri) ao lado de espécies como Piptadenia moniliformis Benth.; Mimosa sp.; Cereus jamacaru DC.; Opuntia sp.; Cereus sp. (BRASIL, 1977). Particularmente relacionado a Senhor do Bonfim, considera-se que inserida na área rural do referido município a área de caatinga amostrada na pesquisa ficou localizada na fazenda Rancharia (71º 13’ 74’’ S e 88º 47’ 12’’ W) (Figura 3). Pertencente a uma associação de moradores, a fazenda possui uma área avaliada em torno de 500 hectares e se encontra a uma distância aproximada de 18 km da sede municipal. Apresenta uma vegetação arbóreo-arbustiva com palmeiras. Considerando informações locais sobre o uso e ocupação dessa área, tem-se referenciado, segundo o presidente dessa associação, que desde a sua aquisição, a mais de 15 anos, a área de mata, com cerca de 10 hectares, vem sendo utilizada apenas para pastejo de animais em épocas secas, o que pôde ser observado em loco. Assim, não há na área registro de queimadas ou cultivos agrícolas. O relevo da área foi classificado como suave - ondulado sem presença de cascalhos na superfície. No município de Jacobina a área de caatinga amostrada ficou localizada na zona rural, especificamente na fazenda Exu (69º 11´79´´ S e 87º 50´ 60’’ W) (Figura 4). A fazenda se encontra a uma distância aproximada de 25 km da sede municipal. Neste espaço a vegetação é arbóreo-arbustiva com palmeiras e com presença em quase toda a área de lianas (Arrabidaea sp., Arrabidaea cf celastroides Bureau & K. Schum. e Arrabidaea parviflora (Mart. ex. DC.) Bureaw & F. Schum). Considerando informações de uso e ocupação, o proprietário da fazenda, informa que desde a sua compra (há pelo menos dez anos) esta vem sendo utilizada para pastejo animal, sobretudo durante a época seca. Não foi observado durante o levantamento nenhum sinal de fogo na área. O relevo foi classificado como suave – ondulado sem presença de afloramentos rochosos.

91

Figura 3. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Rancharia, Senhor do Bonfim, Bahia.

Figura 4. Vista parcial da área de vegetação natural na fazenda Exu, Jacobina, Bahia.

92

2.2. Coleta e análise de dados de vegetação

Para a amostragem do componente arbustivo-arbóreo foi selecionada uma área de 1 ha em cada município estudado. Assim, seguindo o método adotado por MULLER-DOMBOIS & ELLEMBERG (1974) e RODAL (1992) foram estabelecidas em cada área 100 parcelas contíguas de 10 m x 10 m (Figura 5). O período de amostragem foi de novembro de 2006 a agosto de 2007.

Figura 5. Croqui da distribuição de parcelas nas áreas estudadas.

Os critérios de inclusão utilizados foram amostrar os indivíduos arbustivo-arbóreos vivos com circunferência a altura da base (CAB) ≥ 9 cm e altura total ≥ 1 m. Os indivíduos foram identificados com etiquetas de alumínio numeradas contendo o número do bloco, o número da parcela e o número da planta. As circunferências foram medidas a 10 cm ao nível do solo usando-se fita milimetricamente graduada e posteriormente foram convertidas em diâmetro. Sempre que ocorreram plantas ramificadas, estas tiveram todas as ramificações medidas desde que estivessem dentro do critério de inclusão. A altura dos indivíduos foi determinada e/ou estimada com auxílio de uma vara de 4 m. 93

Exemplares de cada espécie presente nas áreas amostradas tiveram material coletado e encaminhado ao Herbário Jaime Coelho de Moraes da Universidade Federal da Paraíba. A identificação foi realizada usando bibliografia especializada (BARROSO et al., 1978, BARROSO et al., 1984, LEWIS, 1987, LORENZI, 1992), ajuda profissional, e análise das exsicatas depositadas no referido herbário. Para verificar a semelhança florística do estrato arbustivo-arbóreo entre as áreas analisadas utilizou-se a análise de agrupamento, através de uma matriz de presença/ausência dos táxons identificados ao nível específico. Nesta matriz foi utilizado o índice de similaridade de Jaccard, calculado pelo programa Mata Nativa 2 (CIENTEC, 2006). O processamento dos dados fitossociológicos, para obtenção dos valores de estrutura horizontal, foi realizado por meio do programa Mata Nativa 2 (CIENTEC, 2006). Os parâmetros analisados foram: densidade absoluta e relativa (DA e DR), freqüência absoluta e relativa (FA e FR) e dominância absoluta e relativa (DoA e DoR) (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974). A partir dos parâmetros relativos, foram calculados o valor de importância (VI) e o valor de cobertura (VC) para cada espécie. Os parâmetros e analisados são descritos a seguir com suas respectivas fórmulas e síntese dos postulados.

Densidade Absoluta: É à medida que expressa o número de indivíduos de uma dada espécie por unidade de área.

DAi = Ni/A Onde: DAi = Densidade Absoluta da espécie i Ni = número de indivíduos da espécie i A = área amostrada em hectare

Densidade Relativa: É a relação entre o número de indivíduos de uma determinada espécie e o número de indivíduos amostrados de todas as espécies, expressa em percentagem.

DRi = (Ni/Nt) x 100 Onde: DRi = Densidade Relativa da espécie i Ni = número de indivíduos amostrados da espécie i 94

Nt = número total de indivíduos amostrado de todas as espécies

Freqüência Absoluta: Expressa em percentagem, a relação entre o número de parcelas ou pontos que ocorre uma dada espécie e o número total de amostras.

FAi = (ni/Nt) x 100 Onde: FAi = Freqüência Absoluta da espécie i ni = número de parcelas com a espécie i Nt= número total de parcelas amostradas

Freqüência Relativa: Expressa em percentagem, a relação entre a freqüência absoluta de uma dada espécie com as freqüências absolutas de todas as espécies.

FRi = (FAi/FAt) x 100 Onde: FRi = Freqüência Relativa da espécie i FAi = Freqüência Absoluta da espécie i FAt = somatório das freqüências absolutas de todas as espécies

Dominância Absoluta: É dada a partir da somatória da área basal dos indivíduos de cada espécie, dividido pela área total amostrada.

DoAi = ABi /A Onde: DoAi = Dominância Absoluta da espécie i (m2/hectare) ABi = Área Basal da espécie i (m2) A = área total amostrada (hectare)

Dominância Relativa: Expressa em percentagem, a relação entre a área basal total de uma determinada espécie e a área basal total de todas as espécies amostradas.

DoRi = (ABi/ABt) x 100 Onde: Dori = Dominância Relativa da espécie i ABi = Área Basal da espécie i ABt = soma das áreas basais de todas as espécies amostradas.

95

Valor de Importância: Representa a soma dos valores relativos de densidade, de freqüência e de dominância de cada espécie.

VI = DRi + FRi + DoRi Onde: VI = Valor de Importância da espécie i DRi = Densidade Relativa da espécie i FRi = Freqüência Relativa da espécie i DoRi = Dominância Relativa da espécie i

Valor de Cobertura: Esse parâmetro baseia-se apenas na densidade de dominância relativa da espécie, informando a sua importância ecológica em termos de distribuição horizontal.

VCi = DRi + DoRi Onde: VCi = Valor de Cobertura da espécie i DRi = Densidade Relativa da espécie i DoRi = Dominância Relativa da espécie i

Para a análise da heterogeneidade florística das áreas foram utilizados os índices de diversidade específica de Shannon (H’) e o índice de equabilidade (J’), de acordo com MAGURRAN (1988) e PIELOU (1975). As fórmulas e a síntese do postulado de cada índice são apresentadas a seguir:

Índice de Shannon (H’) - Considera igual peso entre as espécies raras e abundantes. Quanto maior for o valor de H’, maior será a diversidade florística da população em estudo.

H’ = - (pi.ln(pi)) onde: H’ = índice de diversidade de Shannon pi = ni/N ni = número de indivíduos da espécie i N = número total de indivíduos ln = logarítmo neperiano 96

Índice de equabilidade de Pielou (J’) - É derivado do índice de diversidade de Shannon e permite representar a uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes (PIELOU, 1966). Seu valor apresenta uma amplitude de 0 (uniformidade mínima) a 1 (uniformidade máxima).

J’ = H’/Hmáx

onde: J’ = equabilidade H’= índice de diversidade de Shannon Hmáx = logarítmo neperiano do número total de espécies amostradas

Para analisar a distribuição dos indivíduos amostrados em relação às classes de altura foram elaborados histogramas de freqüência com intervalo de um metro. Os dados relacionados à dinâmica da comunidade foram analisados a partir da elaboração de histogramas de distribuição de freqüência de classes de diâmetro com intervalos de 3 cm de todos os indivíduos amostrados.

97

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Florística

A vegetação arbustivo-arbórea nas duas áreas amostradas foi representada por 96 espécies (Tabela 1). Particularmente na área de vegetação natural do Senhor do Bonfim foram registradas 52 espécies, distribuídas em 23 famílias e 38 gêneros. O hábito arbóreo apresentou 28 espécies, sendo assim um pouco superior ao componente arbustivo. Para a área amostrada em Jacobina foram registradas 62 espécies, ficando uma indeterminada e as restantes distribuídas em 24 famílias e 40 gêneros. O hábito predominante foi o arbóreo, com 31 espécies. Discutindo questões relacionadas com a riqueza, autores como Pereira et al. (2002) e Alcoforado Filho et al. (2003) afirmam que as caatingas dos Agrestes, na borda mais úmida do semi-árido, podem chegar a ter entre 50 e 60 espécies, em um único local. Nesse sentido, observa-se que os valores apresentados são semelhantes ao encontrados nesse estudo, cujas áreas apresentam uma média anual da precipitação avaliada em torno de 717,4 e 963,9 mm respectivamente para Senhor do Bonfim e Jacobina. Assim, pode-se verificar, entre outros fatores, o nítido efeito da maior precipitação pluvial no aumento da riqueza florística. Andrade-Lima (1981) informa que as caatingas situadas em locais onde as precipitações são mais elevadas apresentam maior número de espécies. No entanto, para Rodal (1992) o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve ser resposta a um conjunto de fatores, tais como situação topográfica, classe, profundidade e permeabilidade do solo e não apenas o total de chuvas embora esse seja um dos fatores mais importantes. Em Senhor do Bomfim, as famílias com maior número de espécies no estrato arbustivo-arbóreo foram Euphorbiaceae com dez espécies, Leg. Mimosoideae representadas por seis espécies e ainda Malvaceae e Rubiaceae com quatro espécies cada (Figura 6). Assim, essas quatro famílias representaram um total de 46,15% do total registrado, enquanto treze famílias (56,5%) apresentaram apenas uma espécie. 98

Tabela 1. Famílias e espécies registradas nas áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia (0 – ausência; 1 - presença)

Nome Popular Hábito Senhor do Jacobina Família/Espécie Bonfim Anacardiaceae Myracrodruon urundeuva Fr. All. Aroeira Árvore 1 0 Schinopsis brasiliensis Engl. Braúna Árvore 1 1 Spondias tuberosa Arruda Umbuzeiro Árvore 1 1 Annonaceae Rollinia leptopetala (R. E. Fries) Safford Pinha brava Árvore 1 0 Arecaceae Syagrus coronata (Mart.) Becc. Licuri Árvore 1 1 Boraginaceae Varronia nivea (Fresen) Borhidi Arbusto 0 1 Burseraceae Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett. Imburana Árvore 0 1 Cactaceae Cereus jamacaru DC. Mandacaru Árvore 1 1 Opuntia palmadora Britton & Rose Palmatória Arbusto 1 1 Pilosocereus catingicola (Gürke) Byles & Cardeiro Arbusto 0 1 G.D. Rowley Pilosocereus pentaedrophorus (Labour.) Arbusto 0 1 Byles & G.D.Rowley Leg. Caesalpinoideae Caesalpinia pyramidalis Tul. Catingueira Árvore 1 0 Poeppigia procera Presl Árvore 0 1 Senna acuruensis (Benth) H.S.Irwin & Barneby Arbusto 0 1 Senna rizzinii H.S.Irwin & Barneby Arbusto 0 1 Senna splendida (Vogel) H.S.Irwin & Barneby Fedegoso grande Árvore 0 1 Capparaceae Capparis jacobinae Moric. ex Eichler Icó piloso Árvore 1 1 Capparis yco (Mart.) Eichler Icó liso Arbusto 1 0 Clusiaceae Vismia micrantha Mart. ex. A. St. Hil. & Arbusto 0 1 Nawdin Combretaceae Combretum pisonioides Taub. Árvore 0 1 Combretum sp. 1 Arbusto 0 1 Erythroxylaceae Erythroxylum lindemanii Plowman Árvore 1 1 Euphorbiaceae Cnidoscolus urens (L.) Arthur Cansanção Arbusto 1 0 Cnidoscolus sp. 1 Árvore 1 1 Croton sp. 1 Caçatinga branca Arbusto 1 1 Croton sp. 2 Arbusto 1 1 Croton sp. 3 Arbusto 1 0 Croton sp. 4 Quebra facão Arbusto 1 0 Croton sp. 5 Arbusto 0 1 Croton sp. 6 Caçatinga Arbusto 0 1 Croton sp. 7 Caçatinga preta Arbusto 0 1 Jatropha gossypiifolia L. Pinhão-roxo Arbusto 1 1 Jatropha martiusii Baill Arbusto 0 1 Continua

99

Continuação

Nome Popular Hábito Senhor do Jacobina Família/Espécie Bonfim Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. Arbusto 1 0 Jatropha sp. 1 Árvore 1 1 Jatropha sp. 2 Árvore 0 1 Jatropha sp. 3 Árvore 0 1 Manihot brachyandra Pax & K.Hoffm. Árvore 0 1 Manihot glaziovii Müll. Arg. Maniçoba Árvore 1 0 Leg. Papilionoideae Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm. Umburana Árvore 1 0 Dalbergia cearensis Ducke Árvore 0 1 Dalbergia cf glaucescens (Mart. ex Benth.) Árvore 0 1 Benth Machaerium cf acutifolium Vogel Barreiro Árvore 0 1 Poecilanthe ulei (Harms) Arroyo & Rudd Mucitaíba-branca Árvore 1 0 Lamiaceae Hyptis martiusi Benth. Arbusto 1 0 Malpighiaceae Byrsonima cf cydoniaefolia A. Juss. Arbusto 0 1 Byrsonima vacciniifolia A.Juss. Murici Árvore 0 1 Byrsonima sp. 1 Arbusto 0 1 Heteropteris trichanthera A. Juss. Arbusto 0 1 Malvaceae Helicteres mollis K. Schum. Guaxuma Arbusto 1 1 Helicteres eichleri K. Schum. Fumo de macaco Arbusto 1 1 Helicteres sp. 1 Arbusto 0 1 Luehea grandiflora Mart. Açoita cavalo Arbusto 1 0 Melochia arenosa Benth. Arbusto 0 1 Melochia tomentosa L. Malva-roxa Arbusto 1 0 Meliaceae Melia azedarach L. Cinamomo Árvore 1 0 Leg. Mimosoideae Acacia glomerosa Benth. Espinheiro preto Árvore 0 1 Acacia langsdorffii Benth. Unha de gato Árvore 0 1 Acacia piauhiensis Benth. Calumbi branco Arbusto 1 0 Acacia riparia Kunth Calumbi Árvore 0 1 Albizia inundata (Mart.) Barneby & J.W.Grimes Canafístula Árvore 0 1 Chloroleucon sp. 1 Canafístula Arbusto 0 1 Mimosa arenosa (Willd.) Poir. Calumbi Árvore 1 0 Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema preta Árvore 1 0 Mimosa sp. 1 Árvore 1 0 Mimosa sp. 2 Árvore 1 0 Piptadenia moniliformis Benth. Catanduva Árvore 0 1 Piptadenia viridiflora (Kunth.) Benth. Jurema branca Árvore 1 0 Myrtaceae Campomanesia sp. Árvore 0 1 Eugenia sp. 1 Árvore 0 1 Psidium sp. 1 Árvore 0 1 Myrtaceae 1 Arbusto 1 0 Myrtaceae 2 Arbusto 0 1 Myrtaceae 3 Arbusto 0 1 Continua

100

Continuação

Nome Popular Hábito Senhor do Jacobina Família/Espécie Bonfim Nyctaginaceae Guapira graciliflora (Mart. ex I. A. Schmidt) João Mole Árvore 0 1 Lundel Pisonia sp. 1 Árvore 1 0 Olacaceae Ximenia americana L. Limão – bravo Árvore 0 1 Oxalidaceae Oxalis psoraleoides Kunth. Arbusto 1 0 Polygalaceae Bredemeyera kunthiana (A.St.-Hil.) Klotzsch ex Arbusto 0 1 A.W.Benn. Polygonaceae Coccoloba confusa How Pajeu Árvore 1 0 Triplaris sp. aff T. tomentosa Wedd. Árvore 1 0 Polygonaceae 1 Árvore 1 0 Rhamnaceae Rhamnidium sp. 1 Árvore 1 1 Rubiaceae Alseis floribunda Schott Árvore 1 1 Basanacantha spinosa var. pubescens Árvore 1 0 (Jacq.) K. Schum. Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. Quina - quina Árvore 1 0 Guettarda platypoda DC. Angélica do mato Arbusto 1 0 Rutaceae Balfourodendron molle (Miq.) Pirani Pau - chumbo Arbusto 1 0 Simaroubaceae Pricamnia cf. bahiensis Turcz Arbusto 1 0 Solanaceae Capsicum parvifolium Sendtn. Pimenta-de cutia Arbusto 0 1 Solanum sp. 1 Arbusto 1 1 Trigoniaceae Trigonia nivea Cambess Arbusto 0 1 Verbenaceae Lantana camara L. Cidreira do mato Arbusto 1 1 Lippia cf. thymoides Mart. & Schauer Arbusto 1 0 Lippia sp. Arbusto 1 0 Indeterminada Indeterminada Arbusto 0 1

101

Euphorbiaceae Leg. Mimosoideae Rubiaceae Malvaceae Verbenaceae Polygonaceae Anacardiaceae Leg. Papilionoideae Capparaceae Cactaceae Solanaceae Simaroubaceae Rutaceae

Famílias Rhamnaceae Oxalidaceae Nyctaginaceae Myrtacea Meliaceae Lamiaceae Erytroxylaceae Leg.Caesalpinoideae Arecaceae Annonaceae

0 2 4 6 8 10 12 Número de Espécies

Figura 6. Distribuição do número total de espécies amostradas por famílias em Senhor do Bonfim, Bahia.

As famílias mais bem representadas em termos de espécies na área de Jacobina foram: Euphorbiaceae (12), Leg. Mimosoideae (6), Myrtaceae (5), Cactaceae, Caesalpiniaceae, Malpighiaceae e Malvaceae (4 cada) (Figura 7). Verificou-se que essas sete famílias representaram um total de 62,9% do total registrado. Treze famílias (54,2%) apresentaram apenas uma espécie. Diversos autores têm citado Euphorbiaceae, Leg. Mimosoideae e Malvaceae como famílias de grande representatividade em vários levantamentos realizados em área de caatinga (ARAÚJO et al. 1995; FERRAZ et al. 1998, RODAL, 1992, GOMES, 1979; FERREIRA & VALE, 1992; ANDRADE et al., 2005, SANTANA & SOUTO, 2006). Relacionado particularmente à ocorrência de Myrtaceae e Rubiaceae, pode-se observar que no componente lenhoso da vegetação caducifólia espinhosa (VCE) a ocorrência dessas famílias têm sido registrada apenas em áreas mais úmidas como São José do Belmonte e Caruaru, ambas no estado de Pernambuco (TAVARES et al., 1969; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003) e Barbalha no estado do Ceará (TAVARES et al., 1974). Autores como FERRAZ et al. (1998) também destacam Rubiaceae como uma família típica de matas mais úmidas. Estes dados sugerem a condição de maior umidade das áreas.

102

Euphorbiaceae Leg. Mimosoideae Myrtaceae Cactaceae Leg. Caesalpinoideae Malpighiaceae Malvaceae Leg. Papilionoideae Anacardiaceae Combretaceae Solanaceae Arecaceae Boraginaceae Burseraceae

Famílias Capparaceae Clusiaceae Erytroxylaceae Indeterminada Nyctaginaceae Olacaceae Polygalaceae Rhamnaceae Rubiaceae Trigonaceae Verbenaceae 0 2 4 6 8 10 12 14 Número de Espécies

Figura 7. Distribuição do número total de espécies amostradas por famílias em Jacobina, Bahia.

Para Senhor do Bonfim, os dados apontam que a maior parte dos gêneros (31) possui apenas uma espécie, ficando sete gêneros com mais de uma, ou seja, Croton e Mimosa com quatro espécies cada, Jatropha com três e ainda Capparis, Cnidoscolus, Helicteres e Lippia com duas cada. Jacobina também apresentou o mesmo quadro, ou seja, a maioria dos gêneros (31) apresentou apenas uma espécie. Nove gêneros ficaram com mais de uma, ou seja, Croton e Jatropha com cinco espécies, Acacia, Byrsonima, Helicteres e Senna com três espécies cada e ainda Pilosocereus, Combretum e Dalbergia com dois cada. Estes dados apontam para uma tendência na vegetação estudada, a exemplo do que ocorre em outros levantamentos na caatinga, em apresentar baixa diversidade dentro dos táxons. Especificamente para a caatinga, este fato é também destacado nos trabalhos de FERREIRA (1988), RODAL (1992) e ARAÚJO et al. (1995). Considerando questões relacionadas com exclusividade, observou-se que a área de Senhor do Bonfim apresentou 7 famílias exclusivas, ou seja, Annonaceae, Lamiaceae, Meliaceae, Oxalidaceae, Polygonaceae, Rutaceae e Simaroubaceae. As famílias Boraginaceae, Burseraceae, Clusiaceae, Combretaceae, Malpighiaceae, Olacaceae, Polygalaceae e Trigonaceae, foram exclusivas de Jacobina. A presença de algumas famílias pode indicar o estado de conservação da flora de determinados 103 ambientes, uma vez que não são adaptadas a colonizar ambientes fortemente antropizados (ANDRADE et al., 2005). Nesse sentido, a família Burseraceae, registrada na área de Jacobina, é comumente encontrada, por exemplo, em áreas de caatinga mais conservadas. De modo geral, foram comuns as duas áreas as famílias Anacadiaceae, Arecaceae, Cactaceae, Leg. Caesalpinoideae, Capparaceae, Erythroxylaceae, Euphorbiaceae, Leg. Papilionoideae, Malvaceae, Leg. Mimosoideae, Myrtaceae, Nyctaginaceae, Rhamnaceae, Rubiaceae, Solanaceae e Verbenaceae. Quanto às espécies, observou-se que ocorreram 18 espécies comuns as duas áreas: Alseis floribunda, Capparis jacobinae, Cereus jamacaru, Cnidoscolus sp. 1, Croton sp. 1, Croton sp. 2, Erythroxylum lindemanii, Helicteres eichleri, Helicteres mollis, Jatropha gossypiifolia, Jatropha sp. 1, Lantana camara, Opuntia palmadora, Schinopsis brasiliensis, Solanum sp. 1, Spondias tuberosa, Syagrus coronata, Rhamnidium sp. 1 (Tabela 1). A maioria dessas espécies são comumente encontradas em levantamentos realizados em áreas de caatinga, a exceção de Syagrus coronata e Alseis floribunda, esta última citada em Florestas de Altitude do semi-árido ou Brejos de Altitude.

3.1.1. Similaridade florística

A análise realizada com base no índice de similaridade florística indicou que para as duas áreas a similaridade foi muito baixa (0,19). Para Mueller-Dombois & Ellemberg (1974), as áreas consideradas floristicamente similares são as que apresentam índice de Jaccard superior a 0,25. De modo geral, o conjunto de fatores responsáveis pelos níveis de similaridade entre as áreas de vegetação analisadas podem ser provavelmente explicado pela distância geográfica, assim como observado pelos trabalhos de Lacerda (2007) e de Pitrez (2006), aliada a significativa diferença nos níveis de precipitação.

3.2. Fitossociologia: uma abordagem por a área amostrada

3.2.1. Área de vegetação natural de Senhor do Bonfim

Nas parcelas inventariadas na área de vegetação natural estudada em Senhor do Bonfim foram amostrados 1.793 indivíduos distribuídos em 52 espécies, 38 gêneros e 104

23 famílias. De modo geral, observou-se que dentre as 23 famílias presentes na área, Euphorbiaceae apresentou o maior número de indivíduos (767) seguida por Leg. Caesalpinoideae (314) (Figura 8). Assim, essas duas famílias foram responsáveis por 60,29% do total de indivíduos amostrados. Euphorbiaceae foi representada principalmente por indivíduos de Jatropha gossypiifolia e Cnidoscolus sp. 1 e Leg. Caesalpinoideae por Caesalpinia pyramidallis.

900

800 767

700

600

500

400 314 300 172 200 138

Número Número de Indivíduos 128 102 54 100 27 22 19 16 11 5 4 3 3 2 1 1 1 1 1 1 0 Rutaceae Meliaceae Rubiaceae Myrtaceae Malvaceae Cactaceae Lamiaceae Arecaceae Solanaceae Oxalidaceae Annonaceae Rhamnaceae Capparaceae Verbenaceae Polygonaceae Euphorbiaceae Nyctaginaceae Anacardiaceae Simaroubaceae Erythroxylaceae Leg. Mimosoideae Leg. Leg. Papilionoideae Leg. Leg. Caesalpinoideae Leg. Famílias

Figura 8. Número de indivíduos das famílias na área amostrada em Senhor do Bonfim, Bahia.

Os parâmetros fitossociológicos para as espécies amostradas na área do Senhor do Bonfim estão apresentados, em ordem decrescente de VI, na Tabela 2. Assim, observou-se que a densidade total registrada nesse estudo (1.793 ind.ha-1) se mostrou inferior ao encontrado por Amorim et al. (2005) e Rodal et al. (1998) que levantaram densidades de 3.250 e 2.208 ind.ha-1 respectivamente. Entretanto, em outras áreas de caatinga os valores encontrados têm sido inferiores aos obtidos nesse trabalho a exemplo dos levantados por Cestaro & Soares (2004). Autores como Alcoforado-Filho et al., (2003) expoem, acerca dessa discussão, que trabalhos com critérios de inclusão mais ou menos abrangentes têm encontrado densidades maiores e menores. Segundo estes autores, é provável que essa variação em densidade obtida nos levantamentos 105 realizados na caatinga esteja relacionada à disponibilidade hídrica e que o manejo da área e um número relativamente alto de plantas de diâmetros do caule e altura totais grandes também contribuem para a variação da densidade. Com relação à densidade absoluta e relativa, Caesalpinia pyramidalis, Jatropha gossypiifolia, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, Jatropha ribifolia e Syagrus coronata foram as espécies de maior destaque na comunidade. Para o total de 52 espécies, essas seis somaram juntas 67,48% da densidade relativa total (Tabela 2). Observou-se ainda pela análise dos dados que 16 espécies (30,76%) apresentaram um indivíduo e oito (15,38%) foram registradas com até dois indivíduos. Shafer (1990), afirma que espécies que ocorrem na comunidade com uma densidade média de até dois indivíduos por hectare, são consideradas raras. Tais espécies, por apresentarem baixo número de indivíduos, se tornam vulneráveis ao processo de extinção, por outro lado, não se pode concluir que uma espécie é rara com base apenas em sua ocorrência na amostra, mas se deve observar a sua distribuição na vegetação. A maior contribuição de freqüência absoluta e relativa foi de Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Jatropha ribifolia, Rollinia leptopetala, Jatropha gossypiifolia e Cnidoscolus sp. 1. As outras 46 espécies (88,46%) apresentaram valores de freqüência relativa inferiores a 6%. Caesalpinia pyramidalis, com a maior representação em densidade e freqüência é uma espécie não só abundante como também tem boa distribuição no local estudado. Segundo Sampaio (1996), essa espécie tem sido citada no topo das listas de estudos da caatinga.

106

Tabela 2. Espécies amostradas na área de vegetação natural em Senhor do Bonfim no Semi-Árido baiano e seus respectivos parâmetros fitossociológicos em ordem decrescente de Valor de Importância. DA = densidade absoluta, DR= densidade relativa, FA = freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR = dominância relativa, VC = valor de cobertura e VI = valor de importância.

DA DR FA FR DoA DoR VC VI Espécie (ind./ha) (%) (%) (%) (m2/ha) (%) (%) (%) Caesalpinia pyramidalis 314 17,51 79 12,25 2,1290 18,790 18,15 16,18 Syagrus coronata 138 7,70 73 11,32 2,3670 20,890 14,29 13,30 Cnidoscolus sp. 1 205 11,43 41 6,36 2,4480 21,600 16,52 13,13 Rollinia leptopetala 172 9,59 60 9,30 0,5670 5,000 7,30 7,96 Jatropha gossypiifolia 218 12,16 51 7,91 0,2660 2,350 7,25 7,47 Jatropha ribifolia 163 9,09 62 9,61 0,2840 2,510 5,80 7,07 Croton sp. 4 107 5,97 37 5,74 0,8500 7,500 6,73 6,40 Lippia sp. 1 126 7,03 34 5,27 0,3310 2,920 4,97 5,07 Capparis jacobinae 31 1,73 23 3,57 0,1540 1,360 1,54 2,22 Cereus jamacaru 16 0,89 14 2,17 0,3660 3,230 2,06 2,10 Helicteres eichleri 44 2,45 16 2,48 0,1520 1,340 1,90 2,09 Melochia tomentosa 29 1,62 23 3,57 0,0320 0,280 0,95 1,82 Cnidoscolus urens 32 1,78 13 2,02 0,0640 0,560 1,17 1,45 Capparis yco 23 1,28 10 1,55 0,1450 1,280 1,28 1,37 Basanacantha spinosa var. pubescens 22 1,23 15 2,33 0,0380 0,340 0,78 1,30 Triplaris sp. aff T. tomentosa 14 0,78 9 1,40 0,1490 1,310 1,05 1,16 Croton sp. 1 23 1,28 4 0,62 0,1160 1,020 1,15 0,97 Luehea grandiflora 13 0,73 11 1,71 0,0430 0,380 0,55 0,94 Croton sp. 2 14 0,78 5 0,78 0,1410 1,240 1,01 0,93 Helicteres mollis 16 0,89 8 1,24 0,0610 0,540 0,72 0,89 Mimosa tenuiflora 7 0,39 6 0,93 0,1100 0,970 0,68 0,76 Spondias tuberosa 1 0,06 1 0,16 0,2300 2,030 1,04 0,75 Pisonia sp.1 11 0,61 3 0,47 0,0250 0,220 0,42 0,43 Hyptis martiusi 5 0,28 4 0,62 0,0130 0,110 0,20 0,34 Mimosa arenosa 3 0,17 3 0,47 0,0330 0,290 0,23 0,31 Mimosa sp. 2 6 0,33 2 0,31 0,0230 0,210 0,27 0,28 Mimosa sp. 1 2 0,11 1 0,16 0,0600 0,530 0,32 0,26 Piptadenia viridiflora 3 0,17 2 0,31 0,0240 0,210 0,19 0,23 Opuntia palmadora 3 0,17 3 0,47 0,0040 0,030 0,10 0,22 Solanum sp. 1 3 0,17 3 0,47 0,0030 0,030 0,10 0,22 Poecilanthe ulei 2 0,11 2 0,31 0,0090 0,080 0,10 0,17 Schinopsis brasiliensis 2 0,11 2 0,31 0,0100 0,090 0,10 0,17 Alseis floribunda 2 0,11 2 0,31 0,0080 0,070 0,09 0,16 Guettarda platypoda 2 0,11 2 0,31 0,0020 0,010 0,06 0,15 Jatropha sp. 1 2 0,11 2 0,31 0,0040 0,030 0,07 0,15 Manihot glaziovii 2 0,11 2 0,31 0,0040 0,040 0,07 0,15 Myrtaceae 1 2 0,11 2 0,31 0,0020 0,020 0,07 0,15 Coutarea hexandra 1 0,06 1 0,16 0,0170 0,150 0,10 0,12 Amburana cearensis 1 0,06 1 0,16 0,0100 0,090 0,07 0,10 Balfourodendron molle 1 0,06 1 0,16 0,0060 0,060 0,06 0,09 Rhamnidium sp. 1 1 0,06 1 0,16 0,0050 0,050 0,05 0,09 Acacia piauhiensis 1 0,06 1 0,16 0,0040 0,030 0,04 0,08 Coccoloba confusa 1 0,06 1 0,16 0,0050 0,040 0,05 0,08 Croton sp. 3 1 0,06 1 0,16 0,0030 0,030 0,04 0,08 Continua 107

Continuação DA DR FA FR DoA DoR VC VI Espécie (ind./ha) (%) (%) (%) (m2/ha) (%) (%) (%) Erythroxylum lindemanii 1 0,06 1 0,16 0,0040 0,030 0,04 0,08 Lantana camara 1 0,06 1 0,16 0,0030 0,030 0,04 0,08 Lippia cf. thymoides 1 0,06 1 0,16 0,0050 0,040 0,05 0,08 Pricamnia cf. bahiensis 1 0,06 1 0,16 0,0030 0,030 0,04 0,08 Polygonaceae 1 1 0,06 1 0,16 0,0010 0,010 0,03 0,07 Melia azedarach 1 0,06 1 0,16 0,0010 0,010 0,03 0,07 Myracrodruon urundeuva 1 0,06 1 0,16 0,0010 0,010 0,03 0,07 Oxalis psoraleoides 1 0,06 1 0,16 0,0010 0,010 0,03 0,07

A dominância absoluta e relativa foi maior para as espécies Cnidoscolus sp. 1, Syagrus coronata, Caesalpinia pyramidalis, Croton sp. 4, Rollinia leptopetala e Cereus jamacaru. Essas seis espécies representam juntas 77,01% da dominância relativa total (Tabela 2). A maior dominância atribuída para Cnidoscolus sp. 1 e Syagrus coronata se deve à maior área basal apresentada pelas espécies. Quanto ao Valor de Cobertura (VC), as espécies mais representativas, foram Caesalpinia pyramidalis, Cnidoscolus sp. 1, Syagrus coronata, Rollinia leptopetala, Jatropha gossypiifolia e Croton sp. 4, as quais representaram juntas 70,24% do Valor de Cobertura total. Das 52 espécies inventariadas, registrou-se 35 que apresentaram Valor de Cobertura inferior a 1%. Os mais elevados Valores de Importância (VI) estão a seguir listados em ordem decrescente: Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidosculus sp., Rollinia leptopetala, Jatropha gossypiifolia e Jatropha ribifolia (Figura 9). Considerando essas seis espécies, observou-se que as mesmas somaram juntas 65,11% do Valor de Importância total. Das 52 espécies inventariadas, registrou-se 36 que apresentaram Valor de Importância inferior a 1%. A espécie de maior Valor de Importância Caesalpinia pyramidalis, tem sido também destacada em outros estudos de caatinga (ANDRADE et al., 2007; SANTANA, 2005; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003). A segunda e terceira colocada, Syagrus coronata e Cnidosculus sp., obtiveram um valor elevado de área basal. Particularmente relacionado à segunda, observa-se que esta não é uma espécie comum em áreas de caatinga, no entanto, é a mais importante economicamente para a população local, sendo utilizada na alimentação humana e animal, bem como na produção de artesanato. As espécies Rollinia leptopetala e Jatropha gossypiifolia, tiveram padrão oposto as duas últimas, uma vez que apresentaram baixa área basal e maior 108 densidade relativa, entretanto, Jatropha ribifolia foi destacada pela sua significativa área basal. Discutindo questões relacionadas aos baixos valores de VI observados para a maioria das espécies, autores como Andrade et al., (2005), referenciam que este quadro sugere a predominância de indivíduos de pequeno porte na área ou a presença de poucos indivíduos para essas espécies, o que pode ser constatado nesse estudo onde 30,76% das espécies são representadas por apenas um indivíduo.

18

16

14

12

10

8

6

4 Valor de Importância (%) 2

0 Lippia 1 sp. Lippia Pisonia sp.1 Pisonia Croton sp.Croton 4 sp.Croton 1 sp.Croton 2 sp.Croton 3 Myrtaceae 1 Mimosa sp. 2 Mimosa sp. 1 Mimosa Capparis ycoCapparis Jatropha sp.Jatropha 1 Solanum 1sp. Solanum Hyptis martiusi Hyptis martiusi Poecilanthe ulei ulei Poecilanthe 1 Polygonaceae Melia azedarach Melia Helicteres mollis Helicteres mollis Manihot glaziovii glaziovii Manihot camara Lantana Jatropha ribifolia ribifolia Jatropha Cereus jamacaru arenosa Mimosa Alseis floribunda floribunda Alseis sp. 1 Rhamnidium Triplaris sp. aff T. aff sp.Triplaris Cnidoscolussp. 1 Mimosa tenuiflora tenuiflora Mimosa Helicteres eichleri eichleri Helicteres Syagrus coronata palmadora Opuntia Rollinia leptopetala leptopetala Rollinia piauhiensis Acacia Cnidoscolus urensCnidoscolus hexandra Coutarea Luehea grandiflora grandiflora Luehea tuberosa Spondias Coccoloba confusa Capparis jacobinae jacobinae Capparis Melochia tomentosa tomentosa Melochia Oxalis psoraleoides Piptadenia viridiflora viridiflora Piptadenia cf. thymoides Lippia Guettarda platypoda platypoda Guettarda Amburana cearensis Amburana Jatropha gossypiifolia gossypiifolia Jatropha Balfourodendron molle molle Balfourodendron Erythroxylum lindemanii Schinopsis brasiliensis brasiliensis Schinopsis Pricamnia cf. bahiensis cf. bahiensis Pricamnia Caesalpinia pyramidalis pyramidalis Caesalpinia Myracrodruonurundeuva Basanacantha spinosa var.spinosa Basanacantha Espécies

Figura 9. Valor de Importância das espécies amostradas na área de Senhor do Bonfim, Bahia.

3.2.1.1. Distribuição das classes diamétricas

A área de Senhor do Bonfim apresentou distribuição diamétrica em forma de “J invertido” (Figura 10), ou seja, alta concentração de indivíduos nas classes menores e redução acentuada no sentido das classes maiores. Martins (1991) citou que essa distribuição em “J invertido” garante a perpetuação da espécie na comunidade, entretanto Lamprecht (1986) advertiu para o fato que a distribuição dos diâmetros em forma de “J” invertido, quando analisada para toda comunidade, ainda não permite prognósticos sobre a eficiência na taxa de regeneração de espécies isoladamente, uma vez que suas distribuições podem apresentar características muito variadas. Além 109 disso, as diferenças entre as distribuições diamétricas das espécies podem está relacionadas a diversos fatores, incluindo aspectos da história natural de cada espécie e do histórico de perturbações do fragmento (MACHADO et al., 2004). Em outros estudos realizados na caatinga também foram observados maior número de indivíduos em classes diamétricas menores (RODAL, 1992; PEREIRA, 2000; ARAÚJO, 2007).

1200 1088

1000

800

600

400 301 Número Número Indivíduosde

200 142 88 65 38 37 22 10 1 1 0 3-6 6,1-9 9,1-12 12,1-15 15,1-18 18,1-21 21,1-24 24,1-27 27,1-30 30,1-33 33,1-36 36,1-39 39,1-42 42,1-45 45,1-48 48,1-51 51,1-54 54,1-57 Classes de diâmetro (cm)

Figura 10. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em Senhor do Bonfim, Bahia.

3.2.1.2. Distribuição das classes de altura

O porte da maioria das plantas em Senhor do Bonfim encontrou-se na classe de 1-2 metros, observando-se um equilíbrio entre essas e as que se encontram nas classes de 2,1-3 metros. Somente 99 indivíduos estiveram presentes na classe de 4,1- 5 metros nessa área. Os 15 indivíduos mais altos atingiram entre 5,1 e 6 metros (Figura 11). As espécies que apresentaram maior altura individual foram Cnidoscullos sp. 1 e Caesalpinia pyramidalis. Assim, observou-se que ocorreu uma maior concentração dos indivíduos nas classes inferiores de altura, reduzindo à medida que se aproxima das classes com maior valor. Martins (1991) observou que uma população equilibrada em processo de 110 regeneração apresenta o maior número de indivíduos em classes de altura inferior. De modo geral, as alturas apresentadas pela maioria dos indivíduos neste estudo encontram-se semelhantes a aquelas obtidas em outros estudos desenvolvidos na caatinga (OLIVEIRA et al., 1997; RODAL, 1992; RODAL et al.,1998).

1200

1000

800

629 609 600

441

400 Número Número de Indivíduos

200 99 15 0 1-2 2,1-3 3,1-4 4,1-5 5,1-6 Classes de altura (m)

Figura 11. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em Senhor do Bonfim, Bahia.

3.2.1.3. Diversidade e equabilidade

O índice usado para avaliar a diversidade florística da área estudada foi o Índice de Shannon-Weaver (H’). Este índice expressa a diversidade da vegetação e, quanto maior for o valor de H’, maior também será a diversidade florística da comunidade em estudo (POOLE, 1974). Assim, a diversidade registrada para Senhor do Bonfim foi 2,72 nats.ind.-1. Este valor é superior aos encontrados em muitos levantamentos realizados em áreas de caatinga (RODAL, 1992; ANDRADE et al., 2005; FREITAS et al., 2007; AMORIM et al., 2004). Para equabilidade o valor encontrado foi de 0,69.

111

3.2.2 Área de vegetação natural de Jacobina

Na área de Jacobina foram amostrados 1.961 indivíduos os quais ficaram distribuídos em 62 espécies, 40 gêneros e 24 famílias. Considerando o total de famílias presentes na área, verificou-se que Leg. Mimosoideae apresentou o maior número de indivíduos (970), seguida por Euphorbiaceae (377) (Figura 12). Assim, essas duas famílias foram responsáveis por 68,69% do total de indivíduos amostrados. Leg. Mimosoideae foi representada principalmente por indivíduos de Acacia langsdorffii e Acacia glomerosa e Euphorbiaceae por Croton sp. 1 e Cnidoscolus sp. 1.

1200

970 1000

800

600

377 400

204 Número Número de Indivíduos 200 120 99 42 30 24 15 12 11 9 9 6 6 5 5 4 4 3 2 1 1 1 1 0 Myrtaceae Rubiaceae Cactaceae Olacaceae Malvaceae Clusiaceae Arecaceae Solanaceae Trigoniaceae Rhamnaceae Burseraceae Polygalaceae Capparaceae Verbenaceae Boraginaceae Indeterminada Malpighiaceae Combretaceae Euphorbiaceae Nyctaginaceae Anacardiaceae Erythroxylaceae Leg. Mimosoideae Leg. Leg. Papilionoideae Leg. Leg. Caesalpinoideae Leg. Famílias

Figura 12. Número de indivíduos das famílias na área amostradas em Jacobina, Bahia.

As espécies registradas na área de Jacobina e seus respectivos parâmetros fitossociológicos estão apresentados, em ordem decrescente de VI, na Tabela 3. Nesse sentido, assim como em Senhor do Bonfim, verificou-se que a densidade total registrada para Jacobina (1.961 ind.ha-1) se mostrou também inferior ao encontrado em trabalhos realizados em áreas de Caatinga por Rodal et al. (1998) e Amorim et al. (2005), sendo, entretanto, superior ao levantado por Cestaro & Soares (2004).

112

Tabela 3. Espécies amostradas na área de vegetação natural em Jacobina no Semi- Árido baiano e seus respectivos parâmetros fitossociológicos em ordem decrescente de Valor de Importância. DA = densidade absoluta, DR= densidade relativa, FA = freqüência absoluta, FR = freqüência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR= dominância relativa, VC = valor de cobertura e VI = valor de importância.

DA DR FA FR DoA DoR VC VI Espécies (ind./ha) (%) (%) (%) (m2/ha) (%) (%) (%) Acacia langsdorfii 620 31,62 82 13,60 6,1267 27,535 29,58 24,25 Syagrus coronata 120 6,12 56 9,29 6,7320 30,255 18,19 15,22 Acacia glomerosa 199 10,15 34 5,64 2,8875 12,977 11,56 9,59 Capparis jacobinae 204 10,40 73 12,11 0,6790 3,052 6,73 8,52 Cnidoscolus sp. 1 111 5,66 36 5,97 0,8574 3,853 4,76 5,16 Croton sp. 1 163 8,31 22 3,65 0,6539 2,939 5,63 4,97 Piptadenia moliniformis 64 3,26 38 6,30 0,4874 2,191 2,73 3,92 Cereus jamacaru 46 2,35 32 5,31 0,4178 1,878 2,11 3,18 Acacia riparia 60 3,06 19 3,15 0,5575 2,506 2,78 2,91 Croton sp. 7 34 1,73 19 3,15 0,1560 0,701 1,22 1,86 Pilosocereus pentaedrophorus 29 1,48 21 3,48 0,0928 0,417 0,95 1,79 Alseis floribunda 9 0,46 6 1,00 0,7511 3,376 1,92 1,61 Croton sp. 5 44 2,24 8 1,33 0,2286 1,027 1,64 1,53 Bredemeyera kunthiana 30 1,53 14 2,32 0,1673 0,752 1,14 1,53 Albizia inundata 23 1,17 10 1,66 0,3572 1,605 1,39 1,48 Pilosocereus catingola 16 0,82 12 1,99 0,0480 0,216 0,52 1,01 Solanum sp. 1 14 0,71 12 1,99 0,0266 0,120 0,42 0,94 Dalbergia cf. glaucescens 22 1,12 8 1,33 0,0687 0,309 0,72 0,92 Machaerium cf acutifolium 10 0,51 6 1,00 0,1232 0,554 0,53 0,69 Campomanesia sp. 1 12 0,61 4 0,66 0,1554 0,698 0,66 0,66 Erytroxylum lindemanii 11 0,56 6 1,00 0,0201 0,090 0,33 0,55 Ximenia americana 12 0,61 4 0,66 0,0309 0,139 0,38 0,47 Croton sp. 6 9 0,46 5 0,83 0,0178 0,080 0,27 0,46 Poeppigia procera 6 0,31 5 0,83 0,0098 0,044 0,17 0,39 Combretum sp. 1 1 0,05 1 0,17 0,2037 0,915 0,48 0,38 Dalbergia cearensis 10 0,51 3 0,50 0,0318 0,143 0,33 0,38 Chloroleucon sp. 1 4 0,20 3 0,50 0,0949 0,427 0,32 0,38 Eugenia sp. 1 7 0,36 4 0,66 0,0287 0,129 0,24 0,38 Opuntia palmadora 8 0,41 4 0,66 0,0125 0,056 0,23 0,38 Varronia nivea 5 0,25 5 0,83 0,0143 0,064 0,16 0,38 Vismia micrantha 5 0,25 3 0,50 0,0208 0,093 0,17 0,28 Guapira graciliflora 4 0,20 3 0,50 0,0299 0,134 0,17 0,28 Jatropha gossypiifolia 4 0,20 3 0,50 0,0258 0,116 0,16 0,27 Helicteres eichleri 3 0,15 3 0,50 0,0090 0,040 0,10 0,23 Jatropha martiusii 3 0,15 3 0,50 0,0083 0,037 0,10 0,23 Byrsonima cf. cydoniifolia 3 0,15 3 0,50 0,0056 0,025 0,09 0,23 Schinopsis brasiliensis 3 0,15 3 0,50 0,0038 0,017 0,08 0,22 Lantana camara 3 0,15 3 0,50 0,0029 0,013 0,08 0,22 Croton sp. 2 4 0,20 2 0,33 0,0106 0,048 0,13 0,19 Pisidium sp. 1 2 0,10 2 0,33 0,0130 0,058 0,08 0,16 Jatropha sp. 1 2 0,10 2 0,33 0,0021 0,009 0,06 0,15 Myrtaceae 2 1 0,05 1 0,17 0,0291 0,131 0,09 0,12 Senna acuruensis 1 0,05 1 0,17 0,0161 0,072 0,06 0,10 Myrtaceae 3 2 0,10 1 0,17 0,0019 0,009 0,06 0,09 Continua 113

Continuação DA DR FA FR DoA DoR VC VI Espécies (ind./ha) (%) (%) (%) (m2/ha) (%) (%) (%) Heteropteris trichanthera 1 0,05 1 0,17 0,0068 0,031 0,04 0,08 Indeterminada 1 0,05 1 0,17 0,0046 0,021 0,04 0,08 Byrsonima sp. 1 1 0,05 1 0,17 0,0026 0,012 0,03 0,08 Jatropha sp. 2 1 0,05 1 0,17 0,0032 0,014 0,03 0,08 Manihot brachyandra 1 0,05 1 0,17 0,0032 0,014 0,03 0,08 Helicteres sp. 1 1 0,05 1 0,17 0,0013 0,006 0,03 0,07 Jatropha sp. 3 1 0,05 1 0,17 0,0016 0,007 0,03 0,07 Melochia arenosa 1 0,05 1 0,17 0,0011 0,005 0,03 0,07 Senna splendida 1 0,05 1 0,17 0,0011 0,005 0,03 0,07 Spondias tuberosa 1 0,05 1 0,17 0,0011 0,005 0,03 0,07 Byrsonima vacciniifolia 1 0,05 1 0,17 0,0006 0,003 0,03 0,07 Capsicum parvifolium 1 0,05 1 0,17 0,0010 0,004 0,03 0,07 Combretum pisonioides 1 0,05 1 0,17 0,0006 0,003 0,03 0,07 Commiphora leptophloeos 1 0,05 1 0,17 0,0007 0,003 0,03 0,07 Helicteres mollis 1 0,05 1 0,17 0,0006 0,003 0,03 0,07 Rhaminidium sp. 1 1 0,05 1 0,17 0,0008 0,004 0,03 0,07 Senna rizzinii 1 0,05 1 0,17 0,0010 0,004 0,03 0,07 Trigonia nivea 1 0,05 1 0,17 0,0010 0,004 0,03 0,07

Considerando os dados de densidade absoluta e relativa, observou-se que se destacaram: Acacia langsdorfii, Capparis jacobinae, Acacia glomerosa, Croton sp. 1, Syagrus coronata e Cnidoscolus sp. 1. Essas seis espécies somaram juntas 72,26% da densidade relativa total (Tabela 3). Considerando os dados dispostos na tabela verificou-se que do total de espécies amostradas, 21 espécies (33,87%) apresentaram 1 indivíduo e apenas três espécies (4,83%) apresentaram 2 indivíduos. No entanto, essas espécies não podem ser classificadas como raras apenas por apresentarem um baixo número de indivíduos. Segundo Durigan et al., (2000) a limitada inclusão de certas espécies nos estudos ocorre devido a fatores relacionados aos procedimentos no levantamento ou as características das espécies. Entre esses fatores estão o tamanho da área amostral, as restrições estabelecidas (ex. CAP mínimo de inclusão) nos levantamentos estruturais, o padrão de distribuição e estádios sucessionais das espécies. As espécies que apresentaram as maiores freqüências absoluta e relativa foram Acacia langsdorfii, Capparis jacobinae, Syagrus coronata, Piptadenia moliniformis, Cnidoscolus sp. 1 e Acacia glomerosa. Essas seis espécies juntas somaram 52,91% da freqüência relativa total. Particularmente relacionado à Acacia langsdorfii e Capparis jacobinae, tem-se que estas tiveram o maior número de indivíduos. 114

Observou-se ainda pelos dados registrados que 55 espécies (88,71%) apresentaram valores de freqüência relativa inferiores a 5% (Tabela 3). Assim, considerando os resultados anteriormente referenciados, pode-se verificar que a distribuição das espécies presentes na área não foi regular. As seis espécies que apresentaram maior dominância relativa na área de Jacobina, em ordem decrescente foram: Syagrus coronata, Acacia langsdorfii, Acacia glomerosa, Cnidoscolus sp. 1 Alseis floribunda e Capparis jacobinae (Tabela 3). Estas seis espécies respondem por 81,05% da dominância total. Quanto ao Valor de Cobertura (VC), as espécies mais representativas, foram Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Croton sp. 1, Cnidoscolus sp.1, as quais respondem por um total de 76,45% do Valor de Cobertura total. Das 62 espécies inventariadas, constatou-se que 48 apresentaram Valor de Cobertura inferior a 1%. As espécies com maior Valor de Importância foram: Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscullos sp. 1 e Croton sp. 1, contribuíram com 67,71% do VI total (Figura 13). O maior valor de importância observado para Acacia langsdorfii pode ser explicado não só pela dominância relativa, mas também devido ao grande número de indivíduos presentes na área e ainda por está representada em 82% das parcelas amostrais. Acacia langsdorfii também tem sido citada como de maior Valor de Importância em outros trabalhos realizados na caatinga (LEMOS & RODAL, 2002; OLIVEIRA et al., 1997). A segunda e terceira colocadas Syagrus coronata e Acacia glomerosa, obtiveram, um valor elevado de área basal em relação às demais espécies. Contrariamente ao observado para as duas últimas espécies, verificou-se que as espécies Capparis jacobinae, Cnidoscullos sp. 1 e Croton sp. 1 apresentaram baixa dominância.

115

30

25

20

15

10

5 Valor de Importância (%)

0 Croton sp. 1 Croton sp. 7 Croton sp. 5 Croton sp. 6 Croton sp. 2 Myrtaceae 2 Myrtaceae 3 Eugenia sp. 1 Eugenia sp.1 Pisidium Acacia riparia Acacia Indeterminada rizzinii Senna nivea Trigonia Solanum sp. 1 Solanum Jatropha sp. 1 Jatropha sp. 2 Jatropha sp. 3 Varronia nivea nivea Varronia Helicteres sp. 1 Byrsonima sp. 1 Albizia inundata inundata Albizia Helicteres mollis Helicteres mollis Combretum sp. 1 Combretum camara Lantana Senna splendida splendida Senna Alseis floribunda floribunda Alseis Cereus jamacaru micrantha Vismia Cnidoscolus sp. 1 sp. 1 Rhaminidium Acacia langsdorfii Acacia Jatropha martiusii Helicteres eichleri Helictereseichleri arenosa Melochia Syagrus coronata glomerosa Acacia procera Poeppigia sp. 1 Chloroleucon palmadora Opuntia Senna acuruensis Senna Ximenia americana americana Ximenia Spondias tuberosa Spondias Capparis jacobinae Capparis jacobinae Guapira graciliflora Guapira graciliflora Dalbergia cearensis Dalbergia Campomanesia sp. 1 Campomanesia Jatropha gossypiifolia Jatropha brachyandra Manihot Capsicum parvifolium Erytroxylum lindemanii Erytroxylum lindemanii Byrsonima vacciniifolia Piptadenia moliniformis moliniformis Piptadenia Pilosocereuscatingola Schinopsis brasiliensis Schinopsis brasiliensis Bredemeyera kunthiana Bredemeyera pisonioides Combretum Heteropteris trichanthera trichanthera Heteropteris Commiphora leptophloeos leptophloeos Commiphora Byrsonima cf. cydoniifolia Byrsonima cf. cydoniifolia Machaerium cf acutifolium cf acutifolium Machaerium Dalbergia cf. glaucescensDalbergia Pilosocereus pentaedrophorus Pilosocereus pentaedrophorus Espécies

Figura 13. Valor de Importância das espécies amostradas na área de Jacobina, Bahia.

3.2.2.1. Distribuição das classes diamétricas

Considerando os dados de distribuição das classes diamétricas para Jacobina (Figura 14), verificou-se que na primeira classe (3-6 cm), ocorreram 57,37 % dos indivíduos amostrados e 33,35% dos indivíduos ocorreram nas classes de 6,1-18 cm. A árvore de maior DAP registrada foi um indivíduo de Acacia langsdorfii com 101,86 cm.

116

1200 1125

1000

800

600

392 400 Número de Indivíduos Número de

200 125 80 57 24 27 27 18 21 21 15 10 5 5 2 1 2 1 1 1 1 0 3-6 6,1-9 9,1-12 12,1-15 15,1-18 18,1-21 21,1-24 24,1-27 27,1-30 30,1-33 33,1-36 36,1-39 39,1-42 42,1-45 45,1-48 48,1-51 51,1-54 54,1-57 57,1-60 60,1-63 63,1-66 66,1-69 69,1-72 72,1-75 75,1-78 78,1-81 81,1-84 84,1-87 87,1-90 90,1-93 93,1-96 96,1-99 99,1-102 Classes de diâmetro (cm)

Figura 14. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em Jacobina, Bahia.

3.2.2.2. Distribuição das classes de altura

Analisando o histograma de distribuição por classe de altura verificou-se a predominância de indivíduos na classe de 2,1-3 m (Figura 15). Esses resultados encontram-se dentro dos valores observados em estudos realizados na caatinga (ARAÚJO, 2007; RODAL et al., 1998). As espécies que apresentaram a maior altura (6 metros) na área, foram Cereus jamacaru, Campomanesia sp. 1, Albizia inundata, Acacia riparia, Cnidoscolus sp. 1, Croton sp. 5, Acacia langsdorfii.

117

1200

1000

846

800

600 554

400 364 Número Número de Indivíduos

200 151

46

0 1-2 2,1-3 3,1-4 4,1-5 5,1-6 Classes de altura (m)

Figura 15. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em Jacobina, Bahia.

3.2.2.3. Diversidade e equabilidade

O índice de diversidade (H’) é um bom indicador da diversidade local e pode ser utilizado na comparação de diferentes tipologias numa mesma área ou diferentes áreas com a mesma tipologia (Martins, 1991). O índice de diversidade encontrado para a área de Jacobina foi de 2,62 nats.ind.-1. Este valor é representativo ao encontrado para áreas de caatinga, visto ser semelhante aos observados em levantamentos realizados por outros autores (PEREIRA et al., 2002; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003; SAMPAIO & RODAL, 2003). A equabilidade de Pielou foi de 0,63.

3.3. Aspectos Fitossociológicos: uma discussão geral

A distribuição do número de indivíduos por parcelas, independente da espécie ou da família, nas áreas de vegetação natural de Senhor do Bonfim e Jacobina, são muito semelhantes, o que é confirmado pelo coeficiente angular da reta que foi praticamente igual a 1. Observa-se que 88% das parcelas amostradas nas duas áreas apresentaram número de indivíduos muito próximos (Figura 16). Em Senhor do Bonfim o número de indivíduos por parcela variou de 4 a 50, enquanto em Jacobina esse número variou de 118

6 a 39. Em média a densidade de indivíduos por parcela com área correspondente a 100 m2 em Senhor do Bonfim foi de 17,93 indivíduos e em Jacobina de 19,61.

60

y = 1,0536x 1:1 2 R = 0,8883

50

40

30

20 Nº Indivíduos/Parcela - Jacobina

10

0 0 10 20 30 40 50 60 Nº Indivíduos / Parcela - Bonfim

Figura 16. Relação do número de indivíduos por parcela nas áreas de caatinga em Senhor do Bonfim e Jacobina, Bahia.

Quanto aos resultados de estrutura das espécies nas áreas, constatou-se que a densidade absoluta foi maior para Jacobina. Corroborando com esta constatação essa área apresentou, também, uma maior dominância absoluta total, maior altura média e maior diâmetro médio. A menor dominância total observada para a área de Senhor do Bonfim pode ser, possivelmente, explicada pela menor precipitação local que pode ser um condicionante das diferenças fisionômicas da caatinga em ambas as localidades. Ademais, o déficit hídrico, também, é maior em Senhor do Bonfim do que em Jacobina, o que implica que a vegetação neste município deve estar mais sujeita a uma menor disponibilidade de água no solo, já que as características físicas de ambas as áreas são semelhantes e os solos possuem a mesma classe textural, ou seja, franco arenoso. As espécies de maior valor de importância com ocorrência comum às duas áreas foram Syagrus coronata e Cnidoscolus sp. 1, o que demonstra a ampla aptidão dessas espécies aos dois ambientes.. 119

A análise do índice de Shannon-Weaver, calculado para todas as parcelas, para as duas áreas, observa-se que o índice foi muito variável com valores de 0,39 e 2,3 observados para Jacobina e de 0,45 a 2,21 para Senhor do Bonfim. A parcela de menor índice em Jacobina apresentou vinte indivíduos e três espécies e a de maior índice vinte e sete indivíduos e dezesseis espécies. Para Senhor do Bonfim foram observados dezoito indivíduos e duas espécies, para a parcela de menor índice e para a de maior índice, quinze indivíduos e dez espécies. As espécies presentes na parcela de menor índice foram Syagrus coronata e Jatropha ribifolia. Os baixos valores encontrados em determinadas parcelas em ambas as áreas sugerem certa dominância ecológica de poucas espécies na parcela o que indica uma possível redução da diversidade dentro dessa unidade (100 m2). Deve-se, entretanto considerar que as estimativas de diversidade de Shannon-Weaver devam ser comparadas com cautela, devido às ressalvas quanto à dependência desse índice do tamanho amostral e do critério de inclusão. A comparação do índice de Shannon-Weaver duas áreas numa relação de 1:1 (Figura 17) mostra que o coeficiente angular da reta é muito próximo da unidade (b=0,9132) sugerindo que estas áreas são muito semelhantes em termos de variabilidade desse índice, ou seja, ambas tem grande variabilidade na diversidade florística entre as sub-áreas. Logicamente as diferenças entre sub-áreas tende a diminuir a medida que reduz o número de espécie presentes na flora deste local, consequentemente com índice de Shannon-Weaver baixíssimo (Jacobina, 0,39 e Senhor do Bonfim, 0,45). No entanto, quando se leva em consideração a diversidade entre as áreas como um todo, encontram-se valores de 2,72 nats. indivíduo-1, para Senhor do Bonfim e de e 2,62 nats. indivíduo-1 para Jacobina. Como observa Felfile (2000), o uso deste índice induz a um resultado tendencioso, entretanto, na prática este desvio raramente é significativo. O autor comenta, ainda, que uma fonte de erro substancial é incluir todas as espécies da comunidade na amostra e, este cresce na medida em que diminui as espécies representadas na amostra. Embora a riqueza, ou melhor, o número de espécies seja maior em Jacobina, as duas áreas diferem em termos de diversidade, onde esta é maior em Senhor do Bonfim. Estes valores são superiores aos encontrados em levantamentos realizados em áreas de caatinga nos estados da Paraíba por Andrade et al., 2005 (H’=1,51 e 1,43), no Rio grande do Norte por Freitas et al., (2007) (H’=1,44 e 0,19) e Amorim et al., (2004) (1,93), o que demonstra a maior riqueza de espécies das áreas de Senhor do Bonfim e Jacobina, na Bahia. 120

Deve-se ressaltar que as diferenças na diversidade florística encontrada nas diferentes áreas de caatinga se dá a diversos fatores, como o solo dentre outros, porém em regiões áridas e semi-áridas a distribuição da precipitação influência fortemente a vegetação e também afeta o crescimento e o desenvolvimento da plantas, já que há uma relação direta entre produção de biomassa e consumo de água (NOY- MEIR, 1973 & ANDRADE et al ., 2006).

2,5 1:1 y = 0,9132x R2 = 0,9511

2

1,5

1 Índice shannon-Weaverde - Jacobina

0,5

0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 Índice de shannon-Weaver - Bonfim

Figura 17. Relação entre o índice de Shannon – Weaver para Senhor do Bonfim e Jacobina para as cem parcelas amostradas em cada área.

A equabilidadede de Pielou para Senhor do Bonfim (0,69), foi maior que para Jacobina (0,63). Esses valores são considerados relativamente baixos, possivelmente, pela alta variação da densidade das espécies, com a abundancia de seis espécies nas duas áreas. Espécies abundantes como Caesalpinia pyramidalis (Senhor do Bonfim) e Acácia langsdorfii (Jacobina), apresentam características ecológicas que podem explicar sua abundancia nessas áreas, já que foram, também, encontradas como de grande importância em outros trabalhos de caatinga.

121

4. CONCLUSÕES

 A florística demonstrou que a área estudada em Jacobina sofre grande influência de outros tipos de formações vegetais, particularmente da mata de cipó, porém, pode- se dizer que sua flora dominante em abundância de indivíduos e número de espécies é tipicamente da caatinga;

 O estudo florístico das áreas de vegetação natural nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, indica a existência de uma flora arbustivo-arbórea diversificada e que famílias como Rubiácea e Myrtaceae presentes nestas são também, mais comumente encontradas em caatingas de áreas mais úmidas;

 O grande número de plantas com diâmetro e altura reduzidos evidencia a existência de uma população em fase de expansão;

 Foi observada na vegetação de ambas as áreas uma baixa diversidade dentro dos táxons, onde a maioria dos gêneros nas duas áreas apresentaram apenas uma espécie;

 Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, e Jatropha gossypiifolia foram as espécies que apresentaram maior Valor de importância em Senhor do Bonfim. Em Jacobina destacaram-se as espécies Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 e Croton sp. 1, demonstrando, portanto a dominância da mesma na população;

 A elevada distribuição de Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Cnidoscolus sp. 1 Rollinia leptopetala, e Jatropha gossypiifolia em Senhor do Bonfim. Em Jacobina destacaram-se as espécies Acacia langsdorfii, Syagrus coronata, Acacia glomerosa, Capparis jacobinae, Cnidoscolus sp. 1 e Croton sp. 1, nas áreas pode significar que as mesmas são mais bem adaptadas a solos de baixa e média fertilidade;

122

 Syagrus coronata (Mart.) Becc., apresentou-se com elevado valor de importância para as duas áreas, o que demonstra a boa adaptação dessa espécie aos ambientes onde vivem;

 O índice de diversidade de Shannon – Weaver foi considerado alto para ambas as áreas quando comparado a outros levantamentos em caatinga, podendo ser resultado das condições edafoclimáticas das áreas;

 A dificuldade em se comparar os resultados obtidos neste trabalho com outros, reforça a necessidade de serem realizados mais estudos na região do Centro Norte da Bahia, utilizando a mesma metodologia e os mesmos critérios de inclusão.

123

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AIOUAD, M. S. Clima da caatinga. In: Simpósio sobre caatinga e sua exploração racional. Embrapa/ Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira de Santana, Bahia, p.37- 48. 1986.

ALCOFORADO FILHO, F. G.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Florística e fitossociologia de um remanescente de vegetação caducifólia arbórea em Caruaru, Pernambuco. Acta Botanica Brasílica, São Paulo , v. 17, n. 2, p. 287-303, 2003.

AMORIM, I. L ; SAMPAIO, E. V.S.B.; ARAÚJO E. L. Flora e estrutura da vegetação arbustivo-arbórea de uma área de caatinga do Seridó, RN, Brasil. Acta Botânica Brasilica. São Paulo, v.19, n.3, p. 615-623. 2005.

ANDRADE, L.A.; OLIVEIRA, F.X.; NEVES, C.M.L.; FELIX, L.P. Análise da vegetação sucessional em campos abandonados no agreste paraibano. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, Fortaleza. v.2, n.2, p.135-142. 2007

ANDRADE, A.P.de.et al.. Produção animal no bioma caatinga: Paradigmas dos ‘’pulsos-reservas’’. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43. Anais dos Simpósios. Suplemento especial da Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35. 2006.

ANDRADE, L.A.;et.al. Análise da cobertura de duas fitofisionomias de caatinga, com diferentes históricos de uso, no município de São João do Cariri, estado da Paraíba. Cerne, Lavras, v.11, n.3, p.253-262, 2005.

ANDRADE-LIMA, D. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 4, p. 149-163, 1981.

ARAÚJO, E. L.; SAMPAIO, E. V. S. B.; RODAL, M. J. N. Composição florística e fitossociológica de três áreas de Caatinga de Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 55, n. 4, p. 595-607, 1995.

ARAÚJO, L. V. C. de. Composição florística, fitossociologia e influência dos solos na estrutura da vegetação em uma área de caatinga no semi-árido paraibano. 118 f. 2007. Tese (Doutorado em Agronomia) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia.

BARROSO, G.M. et al. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos. v. 2. 1978.

BARROSO, G.M. et al. Sistemática de Angiospermas do Brasil. Viçosa: Imprensa Universitária, 1984. v. 3.

BRASIL. Mistério da Agricultura. Levantamento exploratório: reconhecimento de solos da margem direita do Rio São Francisco no Estado da Bahia. Recife: Sudene, 1977.

124

CESTARO, L.A.; SOARES,J.S. Variações florística e estrutural e relações fitogeográficas de um fragmento de floresta decídua no Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Botânica Brasílica. São Paulo. v. 18. n. 2. p. 203-218. 2004.

CIENTEC. Sistema para análise fitossociológica e elaboração dos planos de manejo de florestas nativas. Viçosa, MG, 2006. 131.

CRONQUIST, A. The evolution and classification of flowering plants. 2.ed. New York: New York Botanical Garden, 1988.

DRUMOND, M. A.; KILL, L. H. P.; LIMA, P. C. F. Avaliação e identificação de ações prioritárias, para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma caatinga: estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da caatinga. Petrolina, 2000. 23 p.

DURIGAN, G., RODRIGUES, R.R.; SCHIAVINI, I. A heterogeneidade ambiental definindo a metodologia de amostragem da floresta ciliar. In Matas ciliares: conservação e recuperação (R.R. Rodrigues & H.F. Leitão Filho, eds.). EDUSP, São Paulo, p.159-167. 2000.

FELFILI, J. M.; VENTUROLI, F. Tópicos em análise de vegetação. Brasília: UNB/Faculdade de Tecnologia/Departamento de Engenharia Florestal, v. 2, n. 2, p. 2, 2000. (Comunicações Técnicas Florestais).

FERRAZ, E. M. N. et al. Composição florística em trechos de vegetação de caatinga e brejo de altitude na região do Vale do Pajeú, Pernambuco. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 7-15, 1998.

FERREIRA, R. L. C. Análise estrutural da vegetação da estação florestal de experimentação de Açu-RN, como subsídio básico para o manejo florestal. 1988. 90f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

FERREIRA, R. L. C.; VALE, A. B. Subsídios básicos para o manejo florestal da caatinga. In: CONGRESSO NACIONAL SOBRE ESSÊNCIAS NATIVAS, 2., 1992, São Paulo. Anais... São Paulo: Instituto Florestal, 1992. p. 69-375.

FREITAS, R. A.C. de. et al. Estudo florístico e fitosociológico do extrato arbustivo- arboreo de dois ambientes em Messias Targino divisa RN/PB. Revista Verde, Mossoró. v.2, n.1, p. 135-147. 2007

GAMARRA-ROJAS, C.F.L., MESQUITA, A.C., MAYO, S., SOTHERS, C., BARBOSA, M.R.V. & DALCIN, E. 2003. Checklist das plantas do nordeste. http:// www.cnip.org.br/bdpn/bd.php?bd=bdpn_check. Acesso em 23/09/2005.

GIULIETTI, A.M. et al. Flora da Bahia. Sitientibus, Feira de Santana, v. 6, n. 3, p. 169- 173, 2006. Série Ciências Biológicas.

GOMES, M. A. F. Padrões de caatinga nos Cariris Velhos, Paraíba. 1979. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 125

LACERDA, A.V. Caracterização florística, fitossociológica e análise da relação entre a distribuição das espécies e a distância da margem de riachos intermitentes na bacia hidrográfica do rio Taperoá, semi-árido paraibano, Brasil. Tese de doutorado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. 2007.

LEMOS, J.R.; RODAL, M.J.N. Fitossociologia do componente lenhoso de umtrecho da vegetação de caatinga no parque nacional Serra da Capivara, Pauí, Brasil. Acta Botânica Brasílica. São Paulo, v. 16. n. 1. p. 23-42, 2002.

LEWIS, G.P. Legumes of Bahia. London, Kew: Royal Botanic Gardens, 1987.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, São Paulo: Editora Platarum, 1992.

MACHADO, E. L. M. et al. Análise comparativa da estrutura e flora do compartimento arbóreo-arbustivo de um Remanescente florestal na Fazenda Beira Lago, Lavras, MG. Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 28, n. 4, p. 499- 516, 2004.

MAGURRAN, A. Ecological diversity and its measurement. New Jersey: Princeton University Press, 179 p. 1988.

MARTINS, F. R. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: Editora da UNICAMP, 1991. 246 p. MUELLER-DOMBOIS; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Willey & Sons, 1974. 525 p.

NOY-MEIR, I. Desert ecosystems: enviroment and producers. Annual Reviews Ecology System, v. 4. p. 25-41. 1973.

OLIVEIRA FILHO, A.T., SHEPHERD, G.J., MARTINS, F.R.; STUBBLEBINE, W.H. Environmental factors affecting physiognomic and floristic variation in an area of cerrado in central Brazil. Journal of Tropical Ecology v. 5, p. 413-431. 1989.

OLIVEIRA, M.E.A te al. Flora e fitossociologia de uma área de transição caatinga de areia-carrasco em Padre Marcos-PI. Naturalia. v.22. p. 131-150. 1997.

PEREIRA, I. M. et al. Composição florística e análise fitossociológica do componente lenhoso de um remanescente de caatinga no Agreste Paraibano. Acta Botanica Brasílica, São Paulo, v. 16, n. 3, p. 357-369, 2002.

PEREIRA, I.M. Levantamento florístico do estrato arbustivo-arbóreo e análise da estrutura fitossociológica de ecossistema de caatinga sob diferentes níveis de antropismo. 2000, 70p. Dissertação (Mestrado em Agronomia). Universidade Federal da Paraíba.

PITREZ, S. R. Floristica, fitossociologia e citogenética de angiospermas ocorrentes em inselbergues. 2006. 111 f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia.

126

PIELOU, E.C. Species diversity and pattern diversity in the study of ecological succession. Journal Theory Biology, v. 10, p. 370-383, 1966.

PIELOU, E. C. Ecological diversity. New York: Wiley, 1975. 165 p.

POOLE, R. N. NA. Introduction to quatitative ecology. New York: McGrawhill. 532p. 1974.

RIBEIRO, J.F., SILVA, J.C.S. & BATMANIAN, G.J. Fitossociologia de tipos fisionômicos de cerrado em Planaltina-DF. Revista Brasileira de Botânica, São paaulo.v. 8, p.131- 142. 1985.

RODAL, M. J. N. Fitossociologia da vegetação arbustivo-árborea em quatro áreas de caatinga em Pernambuco. 1992. 198 f. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP.

RODAL, M.J.N. et al. Fitossociologia do componente lenhoso de um refúgio vegetacional no Município de Buíque, Pernambuco. Revista Brasileira de Biologia, São Carlos, v. 58, n. 3, p. 517-526, 1998.

SAMPAIO, E.V.S.B. Fitossociologia. In: SAMPAIO, E.V.S.B.; MAYO, S.J.; BARBOSA, M.R.V. (Eds.) Pesquisa botânica nordestina: progressos e perspectivas. Recife: Sociedade Botânica do Beasil/Seção Regional de Pernambuco. P. 203-230. 1996.

SANTANA, J. A. S.; SOUTO, J. S. Diversidade e Estrutura Fitossociológica da Caatinga na Estação Ecológica do Seridó-RN. Revista de Biologia e Ciências da Terra. v. 6, n. 2, 2006.

SANTANA, J.A.S. Estrutura fitossociológica, produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes em uma área de Caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal da Paraíba/CCA-Areia. 2005. 184 f.

SCOLFORO, J. R. S. Manejo florestal. Lavras: UFLA/FAEPE, 1998. 438 p.

SHAFER, C. L. Nature reserves: island theory and conservation practice. Washington: Smithsonian Institution Press, 1990. 189 p.

SUPERINTENDENCIA DE ESTUDOS ECONOMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Informações geoambientais. Disponível em . Acesso em: 15/10/07.

TABARELLI, M.; VICENTE, A. Lacunas de conhecimento sobre as plantas lenhosas da caatinga. In: SAMPAIO, E. V. S. B.; GIULIETTI, A. M.; VIRGÍNIO, J.; GAMARRAROJAS, C. F. L. (Org.). Vegetação e flora da caatinga. Recife: APNE/CNIP, 2002.

TAVARES, S.; PAIVA, F. A. V.; TAVARES, E. J. S.; CARVALHO, G. H. & LIMA, J. L. S. Inventário florestal do Ceará. l. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Quixadá. Boletim de Recursos Naturais v. 7. n.1/4. p.93-111. 1969.

127

TAVARES, S.; PAIVA, F. A.F.; TAVARES, E. J. de. S.; LIMA, J. L. S. de. Inventário florestal do Ceará. III. Estudo preliminar das matas remanescentes do município de Barbalha. SUDENE. Boletim de Recursos Naturais, Recife. V. 13, n. 2, p. 20-46, 1974.

CAPÍTULO IV

CONSIDERAÇÕES SOBRE A OCORRÊNCIA NATURAL DO LICURI NOS MUNICÍPIOS DE SENHOR DO BONFIM E JACOBINA, BAHIA

128

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, buscou-se responder especificamente às seguintes questões: 1) se as características da população de Syagrus coronata variam entre áreas de vegetação natural e de pastagem; 2) se a quantidade de estruturas reprodutivas da planta é diferente entre as áreas de vegetação natural e pastagem; 3) pretendeu-se, também, verificar se o fato de conservar os licuris nas áreas de pastagem assegura a regeneração da espécie; 4) se a composição florística da vegetação natural é influenciada pelas características edafoclimáticas dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, na Bahia. As áreas de estudo são localizadas nos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina, possuem características de relevo, solo e clima que propiciam o desenvolvimento de uma vegetação diferenciada, entretanto não se pode afirmar ser uma vegetação de transição, visto que no seu entorno não foi encontrado nenhum outro tipo de formação vegetal e sim áreas de caatinga. Em ambos os municípios há ocorrência expressiva de Syagrus coronata, espécie de grande valor econômico e social para a população local e que vem sendo explorada de forma extrativista, sem nenhum manejo da espécie. Daí a necessidade do conhecimento dos tipos de solo, clima e características da vegetação onde a espécie ocorre, de modo que a partir do conhecimento da sua ecologia tenha-se base para manejo dessa espécie. Na região é comum a retirada da vegetação natural para a implantação de pastagem com gramíneas deixando os licuris na área, já que esta espécie, como foi se constatou, não demonstra qualquer incompatibilidade ou evidências de alelopatia com o pasto. É interessante salientar que a pastagem cresce normalmente mesmo estando embaixo da copa do licuri. Certamente este estudo não pretende resolver todas as questões pertinentes ao manejo da espécie, mas contribuir com informações que possam ser utilizadas para guiar futuras pesquisas para o preenchimento das lacunas de conhecimento sobre essa cultura. O curto período de observações da espécie, bem como o desconhecimento da flora regional, visto que essa não é bem representada no herbário Jaime Coelho de Morais da Universidade Federal da Paraíbal certamente implica na ausência de informação sobre a florística da região Centro Norte da Bahia. Realizou-se a caracterização física e química dos solos das áreas, o balanço hídrico, o levantamento florístico e fitossociológico da vegetação, buscando 129 principalmente determinar a estrutura da população de licuri nas áreas de vegetação natural e pastagens nesses municípios. De posse dos dados climáticos de uma série de quartoze anos (1993-2006), foi possível verificar que a precipitação média anual do município de Senhor do Bonfim é inferior a de Jacobina no mesmo período, bem como a distribuição mensal tende a ser mais estável neste. Entretanto, a temperatura média em ambos os municípios não diferem, sendo 24,2ºC para Senhor do Bonfim e 24,3ºC para Jacobina. A amplitude de variação térmica é pequena em ambos os municípios, já que a temperatura máxima média 26,1 º C e mínima média é de 21,1 º C em Senhor do Bonfim e em Jacobina a temperatura máxima média é de 26,3ºC e a mínima média é de 21,3ºC. Apesar de Jacobina (470,44 m) encontrar-se numa altitude mais baixa do que Senhor do Bonfim (558,24 m), a diferença de altura de menos de cem metros, certamente não é suficiente para provocar grandes mudanças na temperatura entre esses municípios. Em ambos os municípios a temperatura pode ser considerada amena e estável, certamente em decorrência da altitude. As diferenças entre esses dois municípios se dão mais evidente na precipitação e na altitude, embora não tão acentuadas sob o ponto de vista climático. A caracterização climática dos municípios de Senhor do Bonfim e Jacobina foram consideradas como de clima subúmido e úmido seco e subúmido úmido, pelo modelo sugerido pela Convenção das Nações Unidas para o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (CCD), comumente adotado na caracterização climática de uma região. Entretanto, sugere-se que seria necessidade a utilização de modelos climáticos mais sofisticados que levem em consideração a evapotranspiração e não só a precipitação e temperatura para a determinação do índice de aridez como neste modelo. A região é caracterizada por duas estações bem delimitadas, uma seca e outra chuvosa. Entretanto, na chuvosa, há claramente uma variabilidade interanual na distribuição da precipitação em ambos os municípios. A ocorrência do licuri em locais com essas condições climáticas sugere que essa Arecaceae embora seja típica de algumas áreas do Semi-Árido, tem ocorrência em região de clima mais ameno em decorrência da altitude, o que caracteriza que nos dois municípios as condições climáticas são adequadas para esta espécie. Com relação aos solos, em ambas as áreas, o relevo é plano e a classificação pedológica do solo é a mesma, ou seja, são latossolos. Verificou-se semelhança entre os solos das duas áreas de vegetação natural em termos de atributos físicos. Pese as 130 diferenças na fertilidade dos solos estas não foram suficientes para que pudesse ser feita uma relação com os parâmetros fitossociológicos da população de licuri. O licuri apresentou entre todas as espécies amostradas nas áreas de Senhor do Bonfim, o sexto maior número de indivíduos (138) e em Jacobina essa espécie ocupou a quinta posição em relação ao número de indivíduos quando comparada a outras espécies (120). Observou-se que um pequeno número de espécies apresentou grande número de indivíduos, o que pode está relacionado ao estágio sucessional dessas espécies ou mesmo a ação antrópica ocorrida nas áreas anteriormente. A distribuição espacial do licuri, em termos de estrutura da população, apresentou maior número de plantas jovens, plantas com menores diâmetros e maior variabilidade na altura de plantas em áreas de vegetação natural. Com base nesses resultados pode-se sugerir que a retirada da vegetação para implantação de áreas de pasto pode não ser uma alternativa viável quando se deseja a preservação da espécie, já que foi observado nessas áreas um baixo número de indivíduos jovens. Desta forma a continuidade destes estudos mostra-se necessária para o conhecimento dos riscos que possam comprometer a espécie. Embora sendo uma espécie de crescimento lento, a altura e o diâmetro médio observado para as plantas de licuri nas áreas de vegetação natural, em ambas as áreas, foram superiores aos observados para a comunidade vegetal. Esse resultado pode sugerir que a vegetação de ambas as áreas, de um modo geral, se encontra em fase inicial de sucessão. O diâmetro médio do licuri foi maior nas áreas de pastagem nos dois municípios, isto provavelmente pelo fato de nestas áreas ocorrerem apenas indivíduos adultos. Na vegetação natural, a área de Jacobina apresentou plantas de licuri com diâmetro médio superior ao observado para a área em Senhor do Bonfim. Entretanto é importante ressaltar que o caule das palmeiras está sujeito a influencia de fatores ambientais, não podendo ser atribuído as diferenças de diâmetros somente a “idade” das plantas. Foi observado nas áreas de pastagem dos dois municípios plantas de licuri com um maior número de estruturas reprodutivas, ou seja, apresentam uma maior produção de frutos. No entanto, não foi observada a presença de indivíduos jovens nessas áreas, o que indica que a germinação dessas sementes e conseqüente estabelecimento das plântulas nessas áreas estão sendo interrompidos. Analisando a estrutura da vegetação como um todo, pode-se verificar que o licuri se encontra entre as espécies de maior valor de importância nas duas áreas o que 131 demonstra sua ampla adaptação as condições edafoclimáticas dos dois ambientes. Em Senhor do Bonfim essa espécie aparece juntamente com Caesalpinia pyramidalis como as de maior valor de importância da área. Em Jacobina destaca-se o licuri e Acácia langsdorfii como de maior valor de importância. A presença dessas espécies é importante na caracterização da fisionomia das áreas. Caesalpinia pyramidalis e Acácia langsdorfii têm sido comumente citadas em levantamentos realizados em áreas de caatinga, em especial Caesalpinia pyramidalis, que vem sendo citada no topo da maioria dos levantamentos realizados nesse tipo de vegetação. As espécies que representaram mais de 60% da freqüência relativa na área de Senhor do Bonfim foram Caesalpinia pyramidalis, Syagrus coronata, Jatropha ribifolia Rollinia leptopetala, Jatropha gossypiifolia, Cnidoscolus sp. 1 Croton sp. 4 e Lippia sp.1. Com exceção de Syagrus coronata e Rollinia leptopetala, as demais espécies são comumente encontradas em áreas de caatinga. Em Jacobina, as espécies que somaram juntas mais de 60% da freqüência relativa na área foram: Acacia langsdorfii, Capparis jacobinae, Syagrus coronata, Piptadenia moliniformis, Cnidoscolus sp. 1, Acacia glomerosa, Cereus jamacaru e Croton sp 1. Excetuando a espécie Syagrus coronata todas as outras são espécies citadas em levantamentos realizados em áreas de caatinga. Nas duas áreas além da maior freqüência de espécies típicas da caatinga, apresentaram também famílias que não tem ocorrência comum em áreas de caatinga, a exemplo de Myrtaceae, Rubiaceae, Meliaceae e Simaroubaceae, fato que pode ser justificado pelas diferentes fisionomias observadas para o ecossistema caatinga, além do mais, essas famílias apresentaram número de indivíduos com freqüência muito baixa nas duas áreas. Este trabalho representou um passo inicial para se conhecer o licuri e a ocorrência dessa espécie em seu habitat natural. Espera-se, ainda, contudo contribuir com outros estudos voltados para o conhecimento e exploração sustentável dessa espécie de grande importância econômico-social para a população do Semi-Árido brasileiro. É importante considerar a possibildiade de que esta espécie venha a ser cultivada como lavoura xerófila regular na região, não somente por já ser uma planta adaptada às condições do Semi-Árido, mas por seu valor sócio-econômico-cultural.

Livros Grátis

( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download:

Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas

Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo