Ri f orter Consultoria em Ord enamento do Território, Lda.

PLANO

ESTRATÉGICO DE

DESENVOLVIMENTO

DE PONTE DA

BARCA

ESTUDO PRÉVIO

PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE ESTUDO PRÉVIO / Nov. 2006

RIFORTER – CONSULTORIA EM ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO LDA ______

J.A. Rio Fernandes (coord.)

NovemNovembrobro de 2002006666

ÍNDICE

AVALIAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA A DEFINIÇÃO DE UMA ESTRATÉGIA

11. Forças, fraquezas, oportunidades e ameaças

Coordenação: José Alberto V. Rio Fernandes

AAAcçõesAcções de envolvimentoenvolvimento: Mário G. Fernandes (entrevistas e inquéritos)

ColaboraçãoColaboração: Pedro Chamusca, Bruno Pires, Ana Silva e Ângela Silva

(levantamentos de campo, com registo fotográfico e geo-referenciação)

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AVALIAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA

UMA ESTRATÉGIA

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11. SWOT (FORÇAS, FRAQUEZAS,

OPORTUNIDADES E AMEAÇAS)

11.1. O que é para que serve a análise SWOT

SWOT – strenghts, weaknesses, opportunities e threats no original – reúne os quatro elementos dados como essenciais para a leitura do contexto em que se define a estratégia de desenvolvimento, seja de base militar, antes da decisão sobre entrar ou não em guerra e como, na orientação de uma empresa em ambiente de mercado concorrencial, ou em relação ao posicionamento de um determinado território face a outros, no quadro de desafios cada vez mais exigentes.

Sendo exercício relevante – dito de “análise SWOT” – não pode todavia ser mitificado, pois que deve antes ser visto como um instrumento predominantemente técnico e necessariamente imperfeito, a carecer da construção de uma síntese tão consensual quanto possível e de uma revisão periódica. Com todas as cautelas que se possa ter, o seu rigor é sempre relativo, não só porque um mesmo elemento pode ser uma debilidade ou um elemento forte para duas pessoas ou instituições diferentes, como um mesmo facto pode ser vantajoso ou desvantajoso, conforme a perspectiva e a estratégia que se pretenda privilegiar. Exemplificando, com um caso concreto verificado em Ponte

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da Barca: a dificuldade de construção de um prédio resultante da aplicação de regimes severos de protecção ambiental e agrícola, pode ser tomado pela Junta de Freguesia ou mesmo pela Câmara Municipal como um factor de empobrecimento e de impedimento do progresso, seja porque provoca uma diminuição da receita ou porque impulsiona a migração das pessoas; já o

Instituto de Conservação da Natureza assim como os mais preocupados com a qualidade do território, ou a maioria dos visitantes, mais centrados na preservação de uma paisagem diferente daquela que caracteriza o território que habita, tenderão a considerar a restrição como positiva, na medida em que faz diminuir a pressão sobre recursos naturais frágeis e paisagísticos e potencia uma mais fácil protecção de espécies animais ou vegetais de grande valor, assim como a valorização da especificidade ambiental. Para um mesmo factor, os conflitos podem até ocorrer na mesma pessoa: a existência de medidas de apoio à criação de gado estabulado pode ser vista como muito positiva por alguns pequenos empresários rurais ou mesmo pelos empresários de comércio que ganham com o aumento do poder de compra dos seus consumidores; todavia, os mesmos, na condição de residentes verão esse facto também como ameaça, seja pela poluição dos solos, ou pela poluição do ar respirado na proximidade das suas residências.

Da mesma forma, em relação às oportunidades e ameaças, a contingência é enorme, pois não só aquilo que hoje é oportunidade (p.e. a abertura de uma grande unidade fabril) pode ser amanhã uma enorme ameaça (quando ocorre o encerramento dessa mesma fábrica), como ocorre com grande frequência um determinado elemento ser oportunidade para uns e ameaça para outros. É o caso do apoio à florestação, que pode produzir riqueza para os proprietários, mas

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inviabilizar a pastagem e produção de carne de qualidade aos criadores de gado.

E, mesmo aquilo que parece indiscutivelmente uma medida favorável ao desenvolvimento global merece ponderação, face a eventuais conflitos de interesse: a este propósito deve ser sempre recordado o caso da instalação de

água canalizada numa aldeia do Egipto, objecto de acções continuadas de sabotagem, identificadas como tendo na sua origem várias mulheres que, com esta medida, se viam remetidas para o lar e impedidas de se encontrar e conversar junto ao poço colectivo… Este e outros casos colocam em debate o próprio conceito de desenvolvimento e remetem-nos para a governação do

Butão, cujo monarca não está preocupado com o desenvolvimento, mas apenas com a felicidade do seu povo, tendo até construído um instrumento para avaliar periodicamente o grau de felicidades das pessoas…

Em suma, oportunidades, ameaças, forças e fraquezas, devem ser vistas com cuidado e, sobretudo, sem tiques tecnocratas, mas antes com grande respeito pelos valores e interesses locais. Nesta perspectiva – que é a que temos – o Plano

Estratégico de Ponte da Barca, visto como processo, deverá arbitrar conflitos e potenciar sinergias; deve respeitar vontades, sem transigência em relação aos valores que se julgam como os mais adequados ao futuro colectivo do território sobre o qual se pretende ajudar a intervir, considerado essenciais o conhecimento local, o conhecimento de dinâmicas e experiências de outras situações mais ou menos idênticas e o conhecimento tão aprofundado quanto possível do contexto espacial e institucional em que assenta o desenvolvimento do espaço e da sociedade para a qual se trabalha.

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Consideradas as limitações da metodologia e a necessária parcialidade de quem realiza o exercício, considera-se a vantagem de traçar, em linhas gerais e necessariamente provisórias, os grandes traços que poderão marcar o desenvolvimento de Ponte da Barca.

11.2 Contexto global e regionregionalalalal:: oportunidades e ameaças

Os tempos não são fáceis para os “territórios em perda” como Ponte da Barca, uma vez que parece existir uma tendência a todas as escalas para o aumento das diferenças de base espacial, apesar de existir igualmente uma tendência para um crescente número de pessoas usar as várias escalas, em tempos diversos, de acordo com as suas várias dimensões, como as de residente, trabalhador, consumidor e turista.

Este facto – e não apenas o processo de globalização – torna o futuro mais incerto e menos dependente da vontade de um determinado conjunto de pessoas que habitam um certo espaço.

Por isso, a abordagem que se faz aos contextos, escapa às lógicas habituais das análises SWOT e considera sobretudo as grandes tendências que marcam a sociedade na sua relação com o território às escalas mundial e regional, já que estas dinâmicas estão bem identificadas e afectam cada vez mais a generalidade dos espaços, sobretudo quando estes estão fortemente integrados em redes internacionais (o que não será especialmente o caso), são parte integrante de um

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território de incidência de uma política plurinacional (caso da União Europeia) e viram encurtar os tempos que os distanciam de territórios próximos (o que é o caso de Ponte da Barca em especial após o IP1/A3 e IC28).

Na escala global, relativamente à população, importa considerar uma tendência geral, sobretudo nos países da União Europeia que aqui servem de referência, para o envelhecimento e para o reforço da imigração. No primeiro aspecto, note- se que este envelhecimento, muitas vezes liminarmente tomado por mau, é o resultado não apenas da diminuição da taxa de natalidade, mas também de algo extremamente positivo, como é o aumento da esperança de vida. Ponte da Barca enquadra-se bem nesta tendência, importando considerar o envelhecimento também como oportunidade, sobretudo se equacionado num quadro de uma aposta no turismo de natureza, cultural ou de saúde, cuja procura por parte destas camadas etárias é particularmente importante.

Por outro lado, a população é cada vez mais cosmopolita, integrando-se em vários espaços diferentes etnias e matrizes culturais. assistiu recentemente ao estender para Sul e Oeste de uma vocação europeia de espaço de acolhimento que, em parte, soluciona o desajuste etário e, complementarmente, permite encontrar a mão-de-obra para alguns empregos que se tornaram socialmente desinteressantes ou mesmo socialmente desqualificados (caso de trabalhos domésticos, agrícolas ou de construção civil),

à medida que a sociedade foi atingindo patamares de qualidade de vida mais altos e se reforçou o apoio social. Em Ponte da Barca contudo, a necessidade de acolhimento de imigrantes não é ainda clara e existe uma forte identificação das

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pessoas com a sua terra, sendo verdadeiramente poucos os residentes de todo o ano que não são naturais do município.

Complementarmente, aumenta à escala global a qualificação das pessoas, com cada vez mais anos de educação e uma formação profissional mais exigente e frequente ao longo da vida, o que naturalmente dificulta a inserção de boa parte dos residentes de Ponte da Barca nos níveis de desenvolvimento mais elevados, já que a quantidade de licenciados e os formados para funções mais exigentes não abundam, verificando-se mesmo que alguns dos mais qualificados que prestam serviço em Ponte da Barca (por exemplo na docência) vêm do exterior.

Em consequência do que antes ficou dito e das facilidade de mobilidade, parece tender a aumentar a desigualdade entre os territórios, seja entre a Europa Central e as periferias, seja à escala nacional, com a crescente diferenciação entre áreas de crescimento e qualificação (concentradas sobretudo nas duas grandes metrópoles e algumas cidades médias, como ), face a largos espaços de esvaziamento, em especial no interior do país, mas de que também fazem parte o litoral alentejano e as áreas de montanha do Minho. Este tipo de espaço poderá passar a constituir um território afastado da competição, tornando-se assim e de uma certa forma excluído, na medida em que a sua população e o seu tecido económico se vêm cada vez mais dependentes dos apoios do Estado e afastados das redes globalizadas de competitividade. Todavia, não há territórios sem futuro!

No ambiente e no ordenamento, as tendências apontam para um aumento geral das exigências. De facto, por detrás da ideia da sustentabilidade, abriga-se uma

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verdadeira vontade, do Mundo e da União Europeia, dos países e das sociedades, de conferir prioridade à dimensão ambiental, já que é reconhecido o ritmo acelerado de transformação dos recursos e os efeitos nefastos de um modelo de desenvolvimento pouco preocupado com as questões ambientais. Neste contexto, também a qualidade paisagem e a organização da distribuição das pessoas e dos usos do solo passam a constituir prioridade, pelo que são cada vez menos os que advogam um liberalismo que em Portugal teve graves consequências face às disfunções entre planeamento, gestão urbanística e sistema fiscal.

Nesta dimensão, Ponte da Barca tem grandes potencialidades, já que a qualidade ambiental e urbanística é reconhecida e o processo de urbanização foi contido e tendo ainda em consideração os baixos índices de poluição de qualquer tipo e a preservação de uma qualidade cénica e uma diversidade paisagística e riqueza biológica atestada na consideração de parque nacional de cerca de metade do seu território. Além deste espaço, maioritariamente em montanha, os vales do

Lima e do Vade e o valor de alguns núcleos de povoamento (com destaque para a sede do município), acrescentam heterogeneidade e riqueza paisagística, no prolongamento da paisagem minhota com elevada densidade de pequenos campos e casas, intercalados de manchas florestais.

A valorização do ambiente e do ordenamento surge associada a uma preocupação de reencontro com a natureza, em contraponto à crescente urbanização e artificialização dos espaços de vida da larga maioria dos habitantes europeus, ou apenas portugueses. Neste âmbito também, Ponte da Barca

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apresenta um contexto muito favorável, podendo potenciar a montanha, a água e o rural, num quadro de valor ambiental todavia ainda não muito reconhecido.

No contexto económico, importa cada vez mais apostar na criatividade, na capacidade de inovação e em todos os elementos a montante e a jusante do fabrico. Assim, mais importante que a unidade fabril é a capacidade de acrescentar valor ao produto, pela concepção ou pela capacidade de distribuição.

Neste domínio, existem graves fragilidades em Ponte da Barca, já que a larga maioria das empresas são pequenas, quase familiares e em boa parte estão associadas a actividades rotineiras, de distribuição de bens sem especial valor acrescentado (comércio e restauração), ou à prestação de serviços dependentes do Estado (administração, ensino e saúde).

A valorização da diferença, ou seja, a capacidade de especialização de determinados locais em determinado tipo de produtos ou serviços pode constituir uma alavanca estratégica, sobretudo tendo em consideração, no caso, o estádio de desenvolvimento em que se encontra Ponte da Barca, e o facto de tal se poder (dever?) associar a uma lógica que permita evitar uma fase marcada pela industrialização massiva orientada para a mão-de-obra barata que caracteriza espaços relativamente próximos, hoje com graves problemas sociais e ambientais, sem que isso possa evitar a criação de oportunidades de trabalho que garantam ascensão socio-económica.

Globalmente, um dos factores mais importantes na definição do posicionamento de qualquer território é a mobilidade. De facto, os espaços encravados e semi- autónomos são cada vez mais raros, na medida em que as pessoas têm um

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crescente acesso a informação e meios de comunicação, pelo que mais facilmente podem trocar de local de residência, de emprego, de aquisição de bens e serviços, ou de lazer. Daí uma inevitável competição entre os territórios a que nenhuma parcela escapa, muito embora a competição possa e deva ser associada igualmente a diferentes formas de cooperação. Em muitos casos – o planeamento estratégico ajudou a isso – alguns espaços procuram afirmar especificidades, valorizando aquilo que julgam que os pode destacar de outros (“capital do móvel”, “cidade barroca”, …). Todavia, mantêm sempre também níveis de concorrência, mesmo porque é hoje visto como desaconselhável um excessivo estreitamento das apostas de desenvolvimento, tendo em conta a fragilidade que resulta de uma grande dependência de um único factor: veja-se o caso do turismo e os efeitos devastadores da eventual percepção da insegurança, do aumento dos preços do petróleo, ou da diminuição do poder de compra no lugar de origem dos turistas (para além dos efeitos perversos da sazonalidade).

À escala regional, Ponte da Barca assume um papel de algum relevo, sobretudo se comparado com o extremo nordeste do Minho (concelhos de Melgaço, Monção,

Paredes de Coura e ), que acusa esvaziamento e envelhecimento significativos da população. Ainda assim, pode verificar-se a existência de uma certa capacidade de sucção por parte de cidades e vilas mais dinâmicas (Braga, , Vila Verde e mesmo nestes concelhos, da sede de Arcos de Valdevez). Em regra, no quadro regional como municipal, parece verificar-se que quanto menores os lugares, maiores as perdas demográficas e económicas (em percentagem, obviamente) e maior o envelhecimento da população, verificando-se mesmo alguns casos de quase total abandono, nos

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pontos que se encontram mais afastados das redes de relação, com algumas freguesias a ficarem aquém da centena de habitantes (caso de Ermida e Germil, em plena Serra Amarela, no Concelho de Ponte da Barca). Pelo contrário, as sedes de município concentram uma percentagem cada vez maior do total de habitantes, o que, no caso do Concelho de Ponte da Barca representa 12.9% em

2001, constituindo esta e outras freguesias próximas boa parte das que aumentam ou mantêm os seus quantitativos.

No domínio do ambiente e do ordenamento, terão de se considerar as vantagens de espaços “em perda” onde a estagnação ou variação negativa da população e do crescimento económico ajudaram a uma certa preservação das paisagens (e vice-versa). Todavia, importa considerar para a área onde Ponte da Barca se inscreve, a presença também de alguns sinais preocupantes de desvirtuamento ou agressão à natureza, assim como exposição a riscos naturais, com destaque para os incêndios, o aumento da monotonia da floresta (sobretudo a Oeste), o abandono dos campos e pedreiras, ao movimentos de terras e algumas intrusões urbanísticas....

11.3 Contexto local: forças e fraquezas

Da leitura, observação e avaliação feita que permitiu a realização da caracterização (capítulo 2) e com base em inquéritos, entrevistas e reuniões de debate (apresentadas antes, neste mesmo capítulo) e ainda como resultado de

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encontros informais os mais diversos, em especial com o presidente, vereadores e técnicos da Câmara Municipal, de reuniões no seio da equipa da RIFORTER e da leitura de jornais e encontros fortuitos, é possível, num esforço de síntese, fazer algumas considerações específicas relativamente às condições instaladas.

Agentes

Eleitos locais

A Câmara Municipal tem uma presença muito forte em territórios de baixa densidade como Ponte da Barca. No caso, a alteração de partido político e de algumas orientações e práticas, tem tido como efeito o aumento das expectativas, em parte associadas também a este Plano Estratégico e à forma como se processa a revisão do Plano Director Municipal e, naturalmente, à concretização (ou não) de algumas expectativas, associadas especialmente ao turismo, à indústria e à rede viária.

A boa articulação com o Governo e a CCDRN, assim como com os municípios vizinhos (com destaque para Arcos de Valdevez), permite associar à Câmara uma imagem positiva que importa agora potenciar.

Do ponto de vista técnico, as capacidades instaladas não têm prejudicado de forma alguma a relação com a equipa do Plano Estratégico, que tem contado com condições excepcionalmente favoráveis na sua articulação com os serviços municipais, designadamente para obtenção de dados, estudos e bases cartográficas, assim como articulação com Sistema de Informação Geográfica.

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Ainda na dimensão política com poder legitimado por eleição, destacam-se as

Juntas de Freguesia e em especial o papel dos seus presidentes, profundos conhecedores de pequenas parcelas do município. Embora seja inerente à eleição a presença a uma lista eleitoral e a concorrência partidária, as Juntas desempenham sempre um papel importante de representação junto da Câmara e, como eleitos, de pequenos governos de escala micro, na defesa de interesses de residentes, o que nem sempre possibilita uma reflexão e postura consentânea com os interesses do todo (municipal), ainda que a presença em Assembleia

Municipal e a compreensão dos problemas de outras freguesias (sobretudo as vizinhas ou da mesma cor partidária) reforce a percepção do conjunto. Na apreciação limitada que pudemos fazer, foi possível colher indicações globalmente positivas, mesmo se os papéis desempenhados estejam claramente secundarizados – em Ponte da Barca como noutros concelhos – face à importância da Câmara, assim como à cada vez menor dependência dos residentes da escala da freguesia para o essencial das suas vidas.

Mas a força da presença da Câmara Municipal, tomada de certa forma como um verdadeiro “governo local” e o de outros eleitos pelo conjunto dos cidadãos, não pode esquecer a importância de outros actores locais que podem ser, ou são já, verdadeiros agentes de desenvolvimento.

A Assembleia Municipal é um órgão deliberativo que tem um papel relativamente reduzido em Portugal. Todavia continua a ser uma câmara de representação muito importante, sobretudo, como acontece em Ponte da Barca, quando a maioria municipal não é absoluta e as freguesias estão representadas e são em número elevado (25). Além dos mais, trata-se de uma oportunidade essencial

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para o debate político, num local de excelência para o efeito, no debate de ideias, opções e até de troca de informação, assim como o acompanhamento e fiscalização da acção executiva, mesmo se a construção de convergência estratégica seja naturalmente limitada pela necessidade do combate, muito marcado pela defesa da posição dominante (emanada da Câmara Municipal e desenvolvida pelo partido de suporte), ou pela oposição, com reforço da crítica, aqui e ali associada ao esforço da proposta de alternativas.

Comunicação social

Ponte da Barca tem três grandes agentes de dois meios de comunicação, os quais prestam um papel de grande relevo na construção da opinião colectiva e também na articulação com a comunidade migrada.

A Rádio Barca é uma típica rádio local, salientando-se o elevado número de cooperantes (1000) e um bom auditório (de difícil avaliação quantificada), tendo assumido em vários momentos uma grande importância em aspectos de natureza política, nalguns casos protagonizada pelos seus dirigentes.

O quinzenário O Povo da Barca é o jornal mais antigo e prestigiado, mas o

Notícias da Barca tem a grande vantagem de ter periodicidade semanal. Ambos parecem gozar de uma boa implantação, podendo diferenciar-se pelo facto do primeiro atribuir uma dimensão mais importante à entrevista e artigo de opinião, enquanto o segundo parece privilegiar o noticiário, facilitado sem dúvida pela maior regularidade da saída.

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Ambos, bem como a rádio, têm fortes possibilidade de “fazer opinião”, pelo que devem ser vistos como parceiros muito importantes no envolvimento estratégico, com total salvaguarda da sua desejável independência.

Teoricamente, seria desejável a fusão dos jornais. Todavia, para além de diversos aspectos que os afastam, não se vêem especiais desvantagens na existência de duas culturas e dois públicos, ou de públicos que podem apreciar duas formas diversas de ser e fazer comunicação social, muito embora isso possa dificultar a viabilidade económica de ambos, assim como o recrutamento de colaboradores fixos e eventualmente a qualidade desejável.

Ensino e cultura

As escolas têm condições boas (embora naturalmente todas refiram diversas necessidades) e o corpo docente está mais estável, mas existe uma acrescida disputa entre si por um bem cada vez mais escasso em Ponte da Barca: os alunos.

O combate ao insucesso e ao abandono é apenas uma das faces desta competição, acentuada pelos processos de avaliação externa já anunciados ou pelos rankings já praticados, pelas orientações à concentração dos alunos do ensino básico e pela anunciada necessidade geral de reforçar a presença de cursos técnicos e profissionalizantes, ou acentuar a dimensão profissionalizante da formação oferecida pelo ensino público, num caldo que nem sempre potenciará o rigor e a qualidade., nem favorece especialmente a cooperação.

Todavia, maugrado o contexto, as escolas desempenham sem dúvida alguma um papel central no desenvolvimento, sendo muito significativo que a escola

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secundária se coloque em posições superiores às das dos concelhos vizinhos na lista nacional de escolas publicada pelo Ministério da Educação com base nas classificações obtidas pelos alunos nos exames do 12º ano de escolaridade. Além disso, têm práticas de cooperação com outras instituições já sedimentadas, em especial com a Câmara Municipal, numa cultura local que é também de abertura claramente para além dos muros de cada instituição. No futuro próximo, adivinham-se tensões acrescidas, seja na atracção e fixação de alunos, como em torno da certificação de competências, entre outros aspectos. Além disso, reteve- se a ideia – a carecer de confirmação – que apesar do aumento da estabilidade do corpo docente, se verificam dificuldades de substituir alguns profissionais por outros mais competentes, devido à rigidez do processo de recrutamento, no caso das instituições do Estado, ou à adopção de métodos pouco rigorosos no processo de selecção.

No domínio cultural, reteve-se a ideia que Ponte da Barca conta com tradições profundas e diversos elementos relevantes, que vão muito além da dimensão tradicional e popular, associada às festas e romarias, ou à gastronomia e património, ainda que sem dúvida muito importantes. Todavia, maugrado a existência de alguns actores culturais com alguma relevância, no domínio da poesia e da história local por exemplo, a dinâmica é relativamente fraca, maugrado os esforços da Câmara Municipal e da Associação Social e Cultural e da direcção da Biblioteca Municipal, limitados pelas deficiências em equipamentos e, em particular, o facto da utilização pública do Centro Cultural continuar dependente de resolução de conflito judicial.

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Saúde e acção social

Existe um elevado número de instituições e agentes individuais e colectivos que têm acção relevante no domínio da saúde e da acção social, para além naturalmente da Câmara Municipal, que associa em pelouro próprio estes temas ao da habitação. Foram auscultados o Centro de Saúde, a Santa Casa da

Misericórdia e o Centro Paroquial de Lavradas, retendo-se a ideia que o tecido social é forte, para o que contribui a existência de uma rede social e uma real participação na resolução de problemas sociais diversos, especialmente associados à primeira e terceira idade. Nalguns casos, como acontece com a

Santa Casa da Misericórdia, existem valências muito diversificadas, nas áreas da saúde (com hospital), da acção social (com lar, centro de dia e apoio domiciliário) e ainda do ensino e dos tempos livres (o que inclui creche e oferta de formação do 1º ciclo). Nalgumas dimensões, esta instituição e os centros paroquiais deverão ter de cooperar, já que as suas actividades se sobrepõem sem que daí pareçam advir ganhos de eficiência, o que parece especialmente evidente em relação ao apoio domiciliário e centros de dias (existentes ou desejados).

Apesar da boa oferta e do funcionamento em rede, o sector da saúde e acção social é particularmente delicado e sempre insuficiente, seja pelos constantes aumentos das expectativas, seja como resultado do envelhecimento da população e dos que encontram dificuldades no mundo do trabalho, em situação familiar desestruturada e/ou dependentes dos excesso de consumo de bebidas alcoólicas, ou do recurso a outras substâncias tóxicas.

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Segurança

A segurança não é um especial problema em Ponte da Barca, sendo assegurada por 20 elementos da Guarda Nacional Republicana que, todavia, têm o seu quartel instalado num edifício com condições de habitabilidade manifestamente deficientes. O seu desempenho é visto como tendo apresentado melhorias recentes, muito embora se façam sentir reparos relativamente à falta de intervenção face ao uso continuado para consumo de drogas de alguns espaços da vila, na proximidade do Lima ou do quartel dos bombeiros, ou à passividade perante a multiplicação de situações de violação das regras de estacionamento.

Contribui também para a segurança colectiva, de pessoas e bens, o corpo de

Bombeiros Voluntários, que reclama igualmente por melhores instalações. Dispõe de pessoal e material adequado, tendo tido um desempenho globalmente considerado como bom durante os meses de Verão, mas a necessitar sempre de melhoria, considerando em especial a mancha florestal do concelho e o valor ambiental de boa parte do coberto vegetal, assim como os ricos associados ao acidentes rodoviários.

Associações empresariais

Existem duas grandes associações empresariais, as quais, além da defesa dos interesses dos seus associados, parecem assumir também uma grande atenção aos problemas e desafios da modernidade. Em comum têm ainda, tal como a

EPRALIMA, a dimensão bimunicipal, representando empresários de Ponte da Barca e Arcos de Valdevez.

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Todavia, também em ambos os casos – e de forma mais clara na Adega

Cooperativa que na Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e

Ponte da Barca – os associados estão envelhecidos e marcados por algum conservadorismo, numa altura marcada por uma situação económica do país pouco favorável ao consumo, o que se repercute no rendimento dos produtores vitivinícolas ou dos empresários do comércio retalhista. Isso mesmo tem também consequências sobre as instituições, sobrecarregadas com os custos de funcionamento, especialmente no caso da Associação Comercial e Industrial e, no caso da Adega Cooperativa, na forma de excesso de stocks e dificuldade de assegurar a melhor qualidade de toda a matéria prima a adquirir anualmente.

Regista-se ainda uma associação para-empresarial, no domínio da propriedade florestal, a Associação Florestal do Lima, que reúne 431 proprietários dos 4 municípios banhados pelo Rio Lima. Realiza trabalhos variados, sobretudo no domínio técnico de apoio aos associados e na coordenação de sapadores florestais, articulando-se com a Câmara Municipal de Ponte da Barca designadamente para a realização de candidaturas ao programa Agris. Em consequência da sua vocação, possui uma boa capacidade instalada, comprovada na realização do Plano Estratégico de Desenvolvimento Rural, muito embora reclame melhores condições físicas.

Ambiente

Existem diversos actores importantes associados de alguma forma a temas ambientais. Dois deles têm todavia expressão supramunicipal: o Parque Nacional

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da Peneda-Gerês (com sede em Braga e sem delegação em Ponte da Barca) e a

Associação de Desenvolvimento da Região do Parque (Adere), com sede em Ponte da Barca, havendo ainda a registar, na dimensão municipal, uma associação ligada à defesa e valorização do património ambiental (e também construído): a

Adapenha.

O Parque – de que a Adere pode ser vista como uma forma de prolongamento, sobretudo em razão do débil envolvimento dos autarcas na sus gestão – sofre dos problemas típicos de uma instituição do poder central, mesmo quando sediada fora da capital: um certo distanciamento sobranceiro face aos problemas locais, na opinião de uns, um empenho dificultado por desconfianças infundadas e interesses desajustados dos residentes e seus representantes, na opinião de outros. Todavia, Câmara e Parque estão “condenados a entender-se”, como dizem uns e outros, tendo em vista a conciliação dos interesses locais das populações e dos interesses nacionais de protecção e valorização ambiental que uma e outra instituição representam. Neste quadro, a Adere pode vir a desempenhar um papel importante, sobretudo se conseguir estabelecer os limites adequados à sua intervenção, face a instituições de ensino e a outras, como a Associação Florestal, e se conseguir potenciar-se, para além dos serviços que presta (por exemplo na área da gestão de alojamento), como espaço de encontro político e agente mais activo de fomento de um desenvolvimento integrado e sustentável.

Um outro agente da maior relevância, maugrado a sua pequena dimensão, é a

Adapenha, uma das poucas associações do município que não está consagrada à prática desportiva (a par da Associação Social e Cultural). Com cerca de uma

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centena de sócios, parece viver muito do dinamismo do seu presidente e penar pela ausência de uma sede; ainda assim desenvolve iniciativas valiosas, designadamente na área da sensibilização ambiental.

Desporto

O desporto não constitui um elemento de especial afirmação externa do município, nem tem sido causa para a criação de satisfação e reforço da auto- estima local por motivo de grandes triunfos. No essencial, os clubes existentes permitem o exercício da prática desportiva a jovens residentes no concelho, com destaque para a Associação Desportiva de Ponte da Barca, com 400 sócios e 6

“escolinhas”, e o Barca Basket Clube, com 250 sócios e 118 atletas.

Financeiramente, estão em grande medida dependentes da Câmara Municipal, especialmente quando se trata de investimentos com instalações ou outras infraestruturas, o que ambas reclamam.

11.4. Debilidades

O recurso de novo aos dados obtidos no Primeiro Fórum são do maior interesse na identificação dos principais factores de desenvolvimento, se agora forem consideradas as avaliações negativas. Verifica-se que sobressaem as menções demográficas, com referência qualitativa: saídas de pessoas, sobretudo as mais

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jovens e qualificadas e fraca qualificação da maioria dos habitantes. Trata-se do reconhecimento de que os recursos humanos são o principal recurso mobilizável, não interessando tanto a quantidade como a sua qualificação e dinamismo e que nesse domínio existem significativas debilidades. Referem-se depois problemas de abandono, de edifícios e campos, o que é especialmente visível nas freguesias mais do interior e da montanha, muito embora o problema do abandono do edificado se coloque também na vila. Seguem-se as menções à dificuldade de ligação à cidade de Braga, o que ficou mais evidente depois das melhorias introduzidas na relação com a A3 e resulta também de uma forte relação cultural e afectiva com Braga, maugrado a inclusão de Ponte da Barca no distrito de . Por terem sido elencados e constituírem síntese das peças de diagnóstico antes apresentadas, todos os itens têm um importante significado.

Todavia, além dos que antes enunciamos, destacam-se dos demais por obterem uma indicação praticamente unânime como negativos para o desenvolvimento do município, os incêndios, a debilidade da actividade turística, ao abandono na agricultura e os problemas no saneamento, nos transportes e no abastecimento de água.

OrdenamentoOrden amento dos registos negativos

Registo Avaliação Saída de residentes, sobretudo jovens e qualificados -73 Fraca qualificação da maioria (87% - 9 ou menos anos) -71 Abandono de campos e edifícios -70 Saneamento insuficiente -66 Dificuldades de acesso a Braga -61 Risco elevado de incêndio, empobrecimento da floresta -59 Fraca expressão do turismo -58

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Transporte público insuficiente, longos percursos a pé -56 Abandono e envelhecimento da agricultura -55 Abastecimento de água deficiente (quant. e qualidade) -54 Indústria praticamente ausente -52 Fraca reciclagem de RSU -51 Desemprego e dependência (37.8% de activos) -49 A rede interna é deficiente (falta rede E, falta hier. a W) -48 Risco elevado de inundação, rápida e lenta -42 Problemas no apoio à saúde (horário e mobilidade) -41 Dificuldade de ligação a Oeste a Arcos -39 Procura crescente de emprego na vila e no exterior -37 Fraca qualidade das expansões, boa no tecido antigo -35 Aumento dos espaços urbanizados, fragmentados -32 Serviços de natureza económica pouco importantes -31 Envelhecimento (21.3% tem mais de 65 anos) -24 Muitas restrições urbanísticas (RAN e REN) -21 Concentração na sede e V. Nova, Lavradas e Magalhães -19 Concentração do emprego -7 Serviços públicos muito concentrados -2

Nota: para a avaliação, consideraram-se os valores de 1 e 2 para bom e muito bom e de -1 e -2 para mau e muito mau, respectivamente.

Os aspectos mais conflituosos são aqueles que embora sejam raramente considerados nos extremos da escala (como muito bons ou muito maus), denotam uma clara divisão de opiniões, com uns avaliando-os como factor positivo, outros como negativo. É o caso de uma orientação importante à política de ordenamento do território e que se prende com a ideia de concentração, seja de serviços públicos, emprego e até de habitantes, relativamente ao que as opiniões se dividem, porventura numa ligação mais ou menos directa ao local de residência e/ou trabalho de quem responde (no interior ou no exterior da vila).

Merece ainda referência a dualidade de opiniões em relação à restrição às construções, decorrentes da definição da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva

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Ecológica Nacional – tema de resto desenvolvido em debate –, vista por uns como o impedimento da fixação e desenvolvimento e por outros como um factor de qualificação ambiental e paisagística.

11.5 Potencialidades

Realça-se o facto do número de registos em que a avaliação positiva é dominante ser inferior a metade do total de registos negativos (a relação exacta é de 12 positivos para 26 negativos), o que, embora induzido pela selecção de indicadores feita pela equipa do Plano Estratégico, não deixa de qualquer modo de apontar para uma avaliação crítica das condições de partida. Outros aspectos merecem a nossa reflexão, como a associação entre aspectos favoráveis e desfavoráveis de alguns indicadores, com um caso salientado: o do ruído

(associado ao trânsito e aos bombeiros, assim como a festas e à instalação sonora nas igrejas), ligado num mesmo item a aspectos positivos.

De uma forma geral, avultam claramente os aspectos ligados às boas condições ambientais, com a quase ausência de poluição a ser destacado, o que induz uma orientação de política no sentido do aproveitamento de complementaridades com o urbano mais denso, por exemplo no domínio do turismo da natureza, e parece aconselhar a prevenção de erros ambientais, em especial na defesa face a eventuais novos focos de poluição.

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A acessibilidade é o elemento em destaque no segundo lugar. Trata-se do reconhecimento da potencialidade constituída pela maior facilidade de comunicação que decorre da abertura da ligação rápida a Ponte de Lima e da proximidade e facilidade de articulação com Arcos de Valdevez. Trata-se de algum modo da expressão do fim de um ciclo marcado pela ideia da interioridade, mesmo que a poucos quilómetros do mar, e um momento em que se cria a consciência que o velho problema das ligações deixou de ser álibi para a estagnação e pode/deve passar a constituir factor de desenvolvimento.

Os recursos energéticos e portanto a capacidade de produção de energia são igualmente destacados, tanto no fórum (nos registos escritos e nas intervenções orais), como nas entrevistas, tendo até sido lançadas algumas propostas interessantes neste domínio (abordadas adiante no capítulo da cultura). Trata-se do reconhecimento da grande presença da água, decorrente das condições de clima e de litologia, assim como das perspectivas que se parecem abrir em

Portugal à valorização das energias ditas alternativas, designadamente nos domínios do eólico e da biomassa. Salientam-se entre as potencialidades também a capacidade de atrair e fixar novos residentes, temporariamente ou em permanência. Numa altura em que a população municipal se apresenta estável (o que é visto como outro aspecto positivo), pode de facto ser tomada como potencialidade a existência de uma dinâmica de atracção de novos residentes, oriundos sobretudo de contextos urbanos e urbano-industriais do Norte de

Portugal, do Grande Porto e do Baixo Minho, mas também – ainda que em casos isolados – já de outros contextos nacionais e mesmo de outros países.

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Ordenamento dos registos positivos

Registo Avaliação Boa qualidade de ar, água, solo e ruído 69 Boa ligação a Arcos, à A3 e a Viana do Castelo 61 Recursos energéticos abundantes (água, vento) 52 Grande capacidade de produção de energia 48 Aumento de novos residentes 45 Boa presença e qualidade de vinho e gado 42 Muita chuva, muita água, terra de granito 40 Boas possibilidades no turismo de natureza, golfe 34 Estabilização da população (13.026hab.) 25 Biodiversidade: PNPG ou rede natura 23 Boas condições para os tempos livres 14 Comércio e restauração em quantidade e diversificado 4

Nos restantes seis elementos destacados, as potencialidades de alguns produtos locais são destacadas, seja em ligação a um elemento de grande notoriedade, o vinho verde tinto de Ponte da Barca, como ao desenvolvimento das pastagens e à crescente importância económica do gado para abate e valorização na aquisição para uso doméstico e restauração de carne de origem reconhecida e proveniente de gado alimentado ao ar livre.

11.6. Síntese de avaliação

Quando se reúnem as avaliações e se ordenam os factores-síntese extraídos da caracterização técnica, considerando a sua importância e a ponderação – muito positiva ou muito negativa – aproximamo-nos do que pode constituir o quadro de referência, relativamente aos factores centrais de estratégia:

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Nº Registo Global Qual. Imp. 14 Boa qualidade de ar, água, solo e ruído 314 69 245 26 Boa ligação a Arcos, à A3 e a Viana do Castelo 306 61 245 31 Recursos energéticos abundantes (água, vento) 286 52 234 15 Risco elevado de incêndio, empobrecimento da floresta 282 -59 222 7 Aumento de novos residentes 275 45 230 20 Saneamento insuficiente 274 -66 208 27 Dificuldades de acesso a Braga 271 -61 210 22 Grande capacidade de produção de energia 271 48 223 33 Boa presença e qualidade de vinho e gado 267 42 225 37 Fraca expressão do turismo 266 -58 208 21 Abastecimento de água deficiente (quant. e qualidade) 263 -54 209 38 Boas possibilidades no turismo de natureza, golfe 257 34 223 13 Muita chuva, muita água, terra de granito 257 40 217 6 Saída de residentes, sobretudo jovens e qualificados 253 -73 180 19 Abandono de campos e edifícios 251 -70 181 34 Indústria praticamente ausente 251 -52 199 23 Fraca reciclagem de RSU 251 -51 200 9 Fraca qualificação da maioria (87% - 9 ou menos anos) 249 -71 178 30 Transporte público insuficiente, longos percursos a pé 246 -56 190 16 Risco elevado de inundação, rápida e lenta 244 -42 202 17 Biodiversidade: PNPG ou rede natura 244 23 221 1 Estabilização da população (13.026hab.) 244 25 219 29 A rede interna é deficiente (falta rede E, falta hie a W) 237 -48 189 28 Dificuldade de ligação a Oeste a Arcos 237 -39 198 10 Problemas no apoio à saúde (horário e mobilidade) 234 -41 193 32 Abandono e envelhecimento da agricultura 232 -55 177 4 Desemprego e dependência (37.8% de activos) 228 -49 179 25 Fraca qualidade das expansões, boa do tecido antigo 225 -35 190 18 Muitas restrições urbanísticas (RAN e REN) 220 -21 199 36 Serviços de natureza económica pouco importantes 219 -31 188 24 Aumento dos espaços urbanizados, fragmentados 217 -32 185 3 Envelhecimento (21.3% tem mais de 65 anos) 214 -24 190 11 Boas condições para os tempos livres 214 14 200 5 Procura crescente de emprego na vila e no exterior 212 -37 175 2 Concentração na sede e V. Nova, Lavradas e Magalhães 209 -19 190 8 Concentração do emprego 202 -7 195 35 Comércio e restauração em quantidade e diversificado 188 4 184 12 Serviços públicos muito concentrados 186 -2 184