GRANITOS PORFIROS DOS ARREDORES DE SERRA NEGRA, VALINHOS E AMPARO E SUAS Relal;OES COM 0 Macil;O DE MORUNGABA, LESTE DO ESTADO DE Sao PAULO
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Reuisto Bmsileira de Geociencias Volume 2, 1972 129 GRANITOS PORFIROS DOS ARREDORES DE SERRA NEGRA, VALINHOS E AMPARO E SUAS RELAl;OES COM 0 MACIl;O DE MORUNGABA, LESTE DO ESTADO DE sAo PAULO EBERHARD WERNICK Departamcnrc de Geologia e Mincralogia da F,F.C.L. de Rio Claro 13 500, Rio Claro, ep 17H, S<lO Paulo, Brilsil ABSTRACT Results of a comparative quantitative mineralogical volumetric study of plutonic and hypoabissal granitic rocks from the Morungaba Massif, eastern part of the State of Sao Paulo, Brazil, using the .lung and Brousse petrographic index, are presented. The results show a regular increase of the potash feldspar and quartz content along the sequence of plutonic rocks, hypoabissal porphyritic rocks and aplitic dykes. The colour decreases along the series porphyritic rocks, plutonic rocks and aplitic dykes. The porphyritic rocks arc composed by two petrographic phases, each one making up roughly one half of the rocks. The phase corresponding to phenocrysts of intratelluric origin, exhibits composition ncar the plutonic rocks, whereas the other phase, i. e., the matrix, shows composition near the aplitic rocks. INTRODUCAo Embutidos em rochas mcramorficas nos arredorcs de Serra Negra, Valinhos e Amparo, ocorrem diques de granitos p6rfiros geneticamcnte ligados ao Macico de Morungaba. () prcscntc trabalho fornece uma sueinta dcscricao geologica e petrografica dessas rochas bern como as resultados do cstudo comparativo entre os granitos porfiros c os granites c diques apliticos do Macico de Morungaba. Geologia geral A geologia da rcgiao abordada pclo prescntc trabalho foi dcscrita, entre outros, par Wernick (1967), Melfi (1967) e Christofoletti (1968). Corrcsponde il Zona Cristalina Norte (Almeida, 1964·), e, sob a aspecto estrutural, situa-sc no Bloco de Jundiai (Hasui et al., 1969), sendo dclimitada a oeste pela Bacia do Parana, a Icsrc pelo Bloco da Mantiqueira, au-aves da falha de Socorro, c ao sui pclo Bloco Sao Roque, an-aves da falha de Jundiuvira. 0 seu limite norte ainda uno sc acha estabelccido com precisao. Ocorrem na regiao tanto rochas sedimenrares quanto magmaticas e metam6rficas. As rochas sedimcntares cSUlO represcntadas principalmente pelo Grupo Tubarao, ao lado de sedimentos ncoccnozoicos e depositos rccentes. Os sedimentos ncocenozoicos ocorrcm capcando os interfluvios ou rccobrindo as vcrtcntcs dos vales nas suas cotas mais infcrior-cs (700 m], cstando scparados das rochas subjaccntcs, tanto cristalinas quanto scdimcmarcs. pOl' Ulna linha de cixos que localmcnte podcm cvoluir para pequcllas cas calheiras. Ja os sedimentos reccntcs corrcspondcm a depositos alvcolarcs concctndos as principals artcrias aquosas da rcgiao. As rochas metamorficas sao reprcscntadas pOl' gnaisses c migmatitos com intcrcalacoes de quartzites, rochas calcossilicaticas, biorita xistos c anfibolitos, que exibem dobramcnto isoclinal fechado com as charneiras das dobras dispostas segundo a dirccao NNE - SSVV a NE-SW. Os magmaritos da rcgiao sao principalmcnte de dois ripos, rcprcscntados pclas rochas basicas cretaccas c pOl' granitos. As rochas basicas ocorrem prcferencialrncntc sob a forma de sills crnbutidos junto ao conrato entre os sedimentos pcnnocarboniferos cia Bacia do 130 RI'I,iJ{a HI'(j.\ili~im de Gl'ocii/u:iaJ Volume 2, 1972 Parana e 0 embasamenro cristalino, ao longo da Supcrticic Itagua (Almeida, 19(4)) em franco estado de cxumacao devido a fcnomcnos crosivos que provocam a gradual cxpcsicao do assoalho cristalino pre-glacial. Ja as rochas graniticas, reprcscntadas por tipos lito 16gicos que variam desde quartzo-dioriros, passando pOl' granodiorites c adarnclitos, ate graniros. constituern carpos maiores, tais como 0 de Jaguariuna, Morungaba c Socorro) alem de outro menor, nas proximidadcs de l tatiba. -, ? .~. PiracQio ? @ Gnaisses, Migmotitos ..=.. Magmatitos edetcce Ifi §=:=~"-"'---_..- Ahfibolitos, Xistos COMPLEXO ~ Grupo Tubarao Quartzitos CRISTALINO -: Falha de Socorro rE8 Granitos - -- ---_.~ Granito-Porfiro i i I I p/ 0 5 10 15 km Figura I ~ Mapa geologico simpJiticado da rcgiao de Amparo Rcnista lilmi/(il'(1 [c Geocisncias Volume 2, 1972 131 o meclco de Morungaba 0 macico de Morungaba, com uma area de cxposicao da 2 ordcm de ~:t)O km , sirua-se ao sul de Amparo c Pcdreira, entre Souzas e Morungaba, a leste de Valinhos c Vinhcdo c ao norte de Itariba. Seus contatos. cmincnrcmcntc tectonicos. sao prcfercncialmcntc paralclos e pcrpcndiculares em rclacao <cl dirccao estrutural regional. Na parte norte do macico, os contatos cxibcm dirccao predorninanternente em torno de NNE-ss,,,r c "VNVV - ESE, enquanto a sua porcao sulina, a baixo cia Iinha Campinas - Morungaba, exibe dirccao em torno de N -S c E-''''. Sob 0 aspecto pctrografico, 0 macico (~ consti.ruido pOl' duas intrusoes: 1) uma intrusao tardirccrouica constituida pOl' rochas granodioriticas a quartzodio rtticos, localmcnte gnaissificados e fortcmcntc afetados por uma mctassomatose potassica pos-cristalina, que rcsultou num inrenso dcsenvolvimenro de porfiro blastos de microclina c conseqiiente mudanca do caratcr pctrografico das rochas para composicocs adameliticas; 2) granites equigranulares pos-ccctonicos desprovidos de gnaissificacao que cor tam discordantemente os granitos porfiroblasticos. Sao rochas bastante homogeucas, ocorrendo tanto tipos roseos quanto cinzenros, ambos caracrerizados por um baixo indice de coloracao (tear em minerais ferromaguesianos e acessorios). Granitos aplrticos Cortando tanto os granitos porfiroblasticos quanta os cquigranularcs, OCOlTem no macico de Morungaba numerosos diques apltticos que podem exibir ate mais de 1 m de espessura c grande pcrsistencia. Sao rochas roseas, amareladas ou cinzcnto -csbranquicadas que sc caracterizam pOl' sua granulacao fina e pela auseucia quasc total de minerais escuros. Granitos p6rfiros Cortando tanto as rochas graniticas plutontcas do macico de Mo rungaba quanto os gnaisses e magmatitos encaixantes, ocorrem na rcgiao focalizada nu merosos diques de granitas porfiros COI11 espessura variavel entre alguns decrrnctros att: poucos metros. As principais ocorrencias sicuam-se nos arrcdores de Serra Negra, Amparo e Joaquim Egidio e suas primeiras dcscricoes sao devidas a Girardi (1963) c Wernick (1966). 'I'rata-se de rochas compactas, homogeneas, constituidas em aproximadamente 50~} pOl' uma massa fundamental fina, cinza-escuro, na qual ocorrem fenocristais de feldspato rosco, branco ou cinza-claro, com 1 em de comprimcnto ao lado de numerosos graos arre dondados de quartzo que podem aringir ate 3 mm de diametro. Em alguns diques, (~ comum a ocorrencia de faixas de inrensa deformacao pos-crisralina. Microscopia l] Granites cqulgranularcs: sao rochas constitutdas esscncialmentc par feldspato potassico (microclina}, cuedtal a subedral, plagioclasio subidiomorfico (An 25) e quartzo de disposicao intcrgranular e com formas lobularcs, exibindo cxtincao ondulanrc e cordoes de inclusoes. Como acess6rios, OCOITem opacos, biotita (frcqiientemente cloritizada ou cxibindo iutercrcscimemo paralclo com esse mineral), titanita (quasc sempl'c cueclral) ao lado de raro zircao, alanita e epidote. A textura c granular, subidiornorfica a xeno morfica. 2) Granites apliticos: sao caracterizados pOl' sua mineralogia muito simples, ocorrendo praricamenrc s6 Ieldspatc potassico (microclina) e quartzo. Tcxtura xcnomorfica, do tipo calcamento au torrao de acucar, Raws acessorios, rcprcscntados peIo plagioclasio (An 23), opacos, muscovita c epidote. :)) Granitos p6rfiros: quasc todas as amostras examinadas mostram-se em maior ou menor propon;.ao afetadas pOl' deforma<;6es p6s-tccWnicas. Essas defc)rma<;:ocs lcvaram a tran8- 132 Ransta Brasitciv« de GeQricllrias Volume 2, 1972 form;l<}io dos fenocrisrais cuedrais de orroclasio em microclina, com gcminacao em, grade caractertstica. Tambem 0 plagioclasio (An 25) foi afetado pela defbnuacao em qucstao, obscrvando-sc alem do encurvamento dos planos de geminacao tambem a ruprura dos fenocristais, euedrais. Ja os fenocristais de quartzo exibem forte extincao ondulante e zonas de esmagamento tcctonico. Sao comuns sinais de corrosao magmatica e formas pscu dom6rficas, segundo 0 quartzo de alta temperatura. 0 mineral fcrromagnesiano e repre sentado pela biotita castanha, em parte cloritizada, c pcla augita. A matriz c de grannlacao fina, constitutda csscncialmcntc per uma mistura de feldspato porassico e quartzo, tendo, como acessorios, hornblcnda. augita, ti tani ta C opacos. Estudo comparativo Para sc dctcnninarcm as variacccs mincralogicas entre os ues grupos de rochas relacionadas, ou seja, granitos cquigranulares, granitos apliticos c gra niros porfiros, foram rcalizadas analises volumetricas rnincralogicas em quatro amostras de cada grupo, an-aves da ocular de intcgracao Zeiss conectada a urn charriot mecanico Zeiss e teclado mccanico Ferrari-Statirest n." 8. Foram conrados para cada aruostra em torno de 1000 pontes, de acordo com as consideracoes de Kalsbeek (1969). Para facilitar a determinacao da massa fundamental dos granitos porfiros, as laminas delgadas fbram 3 coloridas com nitrito de cobalto na conccntracao 1 g/cm , durante 3 min, ap6s ataquc previa com acido fluoridrico durante 1 min. as resultados das analises estno contidos na Tab. 1, sendo que para os granitos p6rfiros foram determinados tres tipos de composicoes, ou seja, a da frac;:ao dos feuocristais, a da massa fundamental e a analise total cia rocha. Tabela ] - Composicao mincralogica volumetrica pcrccntual --------------~-~.....~ ..~._-~--~~ --~-~---~-_._~--~----~ Quartzo ~dds. pot{\ssic~~__ ,_,_ Plagioclasio Outros _.....-:=-:-;:'::;;'.:=====..-c::::.= GE-I 30,0 49,0 17,3 3,1 G E2 :30.3 41,7 24,3 3,7 G g·--3 32,2 37,8 25,2 4,B G E-4 30,9 39,8 22,5 8,8 GP-I(F) 2B,0 38,9 26,5 G,6 G P-2 38,9 28,9 22,0 10,2 GP -~3 22,8 39,3 31,5 5)4· G P-4 20,4 40,5 27,3 11,8 G P-I (M.F) 20,1 57,8 15,8 6,3 G P-2 25,7 60,6 7,0 6,7 G P 3 26,9 61,8 4·,3 7,0 G P~4· 28,1 61,9 4,2 5,B G P-I (T) 23,7 4·9,4· 20)6 6,3 GP-2 30,5 49,3 12,4 7,8 G P-3 25,3 52,8 15,3 6,6 G P···,·4 25,] 53,5 13,3 8,1 GA-I 30,1 64,2 4,6 0,1 GA-2 32,6 65,7 1,5 0,2 GA-3 31,7 63,8 4,2 0,3 GA-4 33,2 63,5 3,1 0,2 .....