LAMPREIA-DE-RIACHO

LAMPREIA-DO-RIO

Nomes comuns Lampreia de Riacho Lampreia-do-rio

Nomes científicos Lampreta planeri fluviatilis

Identificação As duas espécies são semelhantes. Peixe com corpo serpentiforme de tamanho médio, com sete orificios branquiais e boca em forma de ventosa. Não apresenta barbatanas peitorais. As duas partes da barbatana dorsal bem separadas. Pele nua, rica em glândulas mucosas. Côr uniforme.

Habitat A lampreia-de-riacho vive em riachos e a lampreia-de-rio vive em rios, ambos com águas limpas e oxigenadas e fundos de areia ou gravilha.

Reprodução Época de reprodução; Outono; Nº médio de ovos por fêmea: mais de 7000.

Curiosidades Alimentação da lampreia-de-rio baseia-se no sangue e tecidos de outros peixes. Durante o Inverno não se alimentam

Anatomia da lampreia As lampreias possuem no topo da cabeça um "olho pineal" translúcido e, à frente, uma única "narina", o que é um caso único entre os vertebrados actuais (embora se encontre em alguns fósseis). Esta "narina" também é chamada abertura naso-hipofisial, uma vez que liga ao órgão do olfacto e a um tubo cego que inclui a glândula pituitária ou hipófise. Pensa-se que este tubo seja um resíduo do canal nasofaringico das mixinas, com quem a lampreia tem algumas características em comum. Os olhos são relativamente grandes, estão equipados de cristalino, mas não possuem músculos oculares intrínsecos, como os restantes vertebrados. Por trás deles, abrem-se sete fendas branquiais. Uma outra característica deste grupo de peixes é a inexistência de verdadeiros arcos branquiais – a câmara branquial é reforçada externamente por um cesto branquial cartilagíneo.

Boca da lampreia A ventosa que forma a boca da lampreia funciona como tal através dum complexo mecanismo que age como uma bomba de sucção: inclui um pistão, o velum e uma depressão na cavidade bucal, o hydrosinus. As lampreias não têm um esqueleto mineralizado, mas encontram-se regiões de cartilagem calcificada no seu endo- esqueleto. O crânio é composto por placas cartilagíneas, como o das mixinas, mas é mais complexo e inclui uma verdadeira caixa craniana onde está alojado o cérebro. A coluna vertebral é basicamente formada pelo notocórdio, tal como as mixinas, mas nas lampreias existem pequenos reforços cartilagíneos, os arcualia dorsais.

Reprodução

Lampreia marinha Tanto as lampreias marinhas como as de água doce se reproduzem em rios. A sua vida larvar (ver abaixo), que pode durar até sete anos, é sempre passada no rio onde nascem. A certa altura, elas sofrem uma metamorfose e transformam-se em adultos. As espécies anádromas migram para o mar depois da metamorfose, onde se desenvolvem e atingem a maturação sexual. Este processo pode durar um ou dois anos. Quando atingem a maturidade sexual, as lampreias entram num rio, reproduzem-se e morrem. Cada fêmea gera milhares de ovos pequenos e sem reservas nutritivas. Os ovos são enterrados em "ninhos" cavados no fundo do rio.

Desenvolvimento larval As lampreias sofrem um desenvolvimento larvar que pode durar até sete anos, passando-se sempre em água doce. A larva, denominada ammocoetes, não tem ventosa e os olhos são pouco desenvolvidos. A câmara branquial não é fechada e a larva alimenta-se capturando pequenas partículas orgânicas com uma fita de muco produzida na faringe. Para promover o fluxo de água, o ammocoetes possui entre a boca e a faringe um sistema de bombagem anti-refluxo com duas válvulas, o velum que nos adultos não toma parte na respiração. O esqueleto da cabeça do ammocoetes é composto dum tecido elástico, a muco-cartilagem que, durante a metamorfose dá origem a uma variedade de tecidos, entre os quais a verdadeira cartilagem.

Ecologia As lampreias encontram-se principalmente em águas temperadas, tanto no hemisfério norte, como no sul. Algumas espécies são parasitas, fixando-se a outros peixes, cuja pele abrem com a sua língua-raspadora e sugam-lhes o sangue. Esta é também uma forma de se deslocarem. A ventosa bucal também lhes serve para se agarrarem a pedras ou vegetação aquática para descansarem. Por esta razão, em alguns locais da Europa são conhecidas por suga-pedra ("stone-sucker" em inglês). As lampreias, principalmente a larva ammocoetes, são usadas como isco na pesca. No entanto, em alguns países (como Portugal, por exemplo), os adultos são considerados uma especialidade culinária. A poluição dos rios, à qual as larvas são especialmente sensíveis, tem sido a causa da sua quase extinção em muitos rios da Europa. Existem registos fósseis de lampreias desde o período Carbónico superior, com cerca de 280 milhões de anos de idade.

Uso humano Arroz de lampreia (Portugal). Algumas espécies de lampreias são usadas como alimento. No sul da Europa, sobretudo em Portugal, Espanha e França, a lampreia é tida por iguaria requintada, sendo vendida nos restaurantes a preços muito elevados. Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela, e à bordalesa, um guisado normalmente acompanhado de arroz. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto, e outros ainda fazem-na de escabeche. Em Portugal, a lampreia é comida de finais de Janeiro a meados de Abril. Penacova é considerada a Capital Universal da Lampreia.

Taxonomia A taxonomia da lampreia:  Subfamilia Geotriinae o Gênero Geotria . lampreia de bolsa, Geotria australis (Gray,1851)  Subfamília Mordaciinae o Gênero . Mordacia lapicida (Gray, 1851) . Mordacia mordax (Richardson, 1846) . Mordacia praecox (Potter, 1968)  Subfamília Petromyzontinae o Gênero Caspiomyzon . Caspiomyzon wagneri (Kessler, 1870) o Gênero . Eudontomyzon danfordi (Regan, 1911) . Eudontomyzon hellenicus (Vladykov, Renaud, Kott e Economidis, 1982) . Eudontomyzon mariae (Berg, 1931) . Eudontomyzon morii (Berg, 1931) . Eudontomyzon stankokaramani (Karaman, 1974) . Eudontomyzon vladykovi (Oliva e Zanandrea, 1959) o Gênero . Ichthyomyzon bdellium (Jordan, 1885) - lampreia de Ohio . Ichthyomyzon castaneus Girard, 1858 - chestnut . Ichthyomyzon fossor (Reighard e Cummins, 1916) - northern brook lamprey . Ichthyomyzon gagei (Hubbs e Trautman, 1937) - southern brook lamprey . Ichthyomyzon greeleyi (Hubbs e Trautman, 1937) - mountain brook lamprey . Ichthyomyzon unicuspis (Hubbs e Trautman, 1937) - lampreia de prata o Gênero Lampetra . Lampetra aepyptera (Abbott, 1860) - least brook lamprey . Lampetra alaskensis (Vladykov e Kott, 1978) . Lampetra appendix (DeKay, 1842) - American brook lamprey . Lampetra ayresii (Günther, 1870) . Lampetra fluviatilis (Linnaeus, 1758) - Lampreia do rio . Lampetra hubbsi (Vladykov and Kott, 1976) - Kern brook lamprey . Lampetra lamottei (Lesueur, 1827) . Lampetra lanceolata (Kux e Steiner, 1972) . Lampetra lethophaga (Hubbs, 1971) - Pit-Klamath brook lamprey . Lampetra macrostoma (Beamish, 1982) - lampreia de Vancouver . Lampetra minima (Bond e Kan, 1973) - Miller Lake lamprey . Lampetra planeri (Bloch, 1784) - lampreia do riacho . Lampetra richardsoni (Vladykov e Follett, 1965) - western brook lamprey . Lampetra similis (Vladykov e Kott, 1979) - Klamath lamprey . Lampetra tridentata (Richardson, 1836) - lampreia-do-pacífico o Gênero . Lethenteron camtschaticum (Tilesius, 1811) . Lethenteron japonicum (Martens, 1868) . Lethenteron kessleri (Anikin, 1905) . Lethenteron matsubarai (Vladykov e Kott, 1978) . Lethenteron reissneri (Dybowski, 1869) . Lethenteron zanandreai (Vladykov, 1955) o Gênero Petromyzon . Petromyzon marinus (Linnaeus, 1758) - lampreia do mar o Gênero . Tetrapleurodon geminis (Alvarez, 1964) . Tetrapleurodon spadiceus (Bean, 1887) Em Portugal Em Portugal vivem 6 espécies de lampreias: lampreia-marinha, lampreia-de-rio, lampreia-de-riacho e ainda lampreias-da-costa-da-prata, lampreia-do-nabão e lampreia-do-sado, nomes que remetem para os seus locais de origem. A lampreia-marinha (Petromyzon marinus) é aquela que é considerada um autêntico pitéu e que leva muita gente em romarias gastronómicas. Já a lampreia-de-rio (Lampetra fluviatilis) e a lampreia-de-riacho (Lampetra planeri) não se comem e são mais raras do que a sua congénere marinha, pelo que estão classificadas como criticamente em perigo de extinção, na última versão do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, de 2005. A lampreia-de-riacho está presente sobretudo em Portugal, desde o Douro até ao Sado. Já a lampreia-de- rio foi declarada extinta em Espanha e, em Portugal, encontra-se somente no troço inferior dos rios Tejo e Sorraia. Para cada uma destas espécies, a população não ultrapassará os dez mil indivíduos. Há três espécies endémicas de Portugal, o que significa que vivem apenas aqui. A lampreia-da-costa-da- prata (Lampetra alavariensis) é endémica das bacias hidrográficas do Vouga e do Esmoriz, enquanto a lampreia-do-sado (Lampetra lusitanica) existe só nesta rede hidrográfica e a lampreia-do-nabão (Lampetra auremensis) se restringe a esta bacia afluente do Tejo. Ao todo, as três espécies terão dez a 20 mil indivíduos e medem cerca de 15 centímetros, não se alimentando depois da metamorfose. Na fase adulta, de alguns meses apenas, limitam-se a reproduzirem- se e, depois disso, morrem .

Espécies extintas  Mesomyzon mengae  Hardistiella montanensis  Mayomyzon pieckoensis  Priscomyzon riniensis