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V O L 4 NO M Al / JUN 1979 —————a——— —I ★ BOLETIM DO CLUBE DE ASTRONOMIA DO RIO DE JANEIRO * VOLUME 4 N9 3 MAI/JUN 1979

1 Editor : Luiz Hernani de Almeida Negrão | Editor-assistente : Sérgio Martins Ferraz | Desenhista : Mario Jaci Monteiro

Endereço do CARJ : Caixa Postal 65.090 20.000 Rio de Janeiro RJ

índice

Einstein e a Teoria da Relatividade...... 4 5 U r a n o r a m a ...... 4 7 A Atividade Solar ...... 51 Instrumentos do Amador ...... 52 Astronomia Também é Noticia ...... 54 Por Uma Cultura Astronômica Melhor ...... 56 Nosso Clube ...... 57 0 Céu do Rio de J a n e i r o ...... 59 Bolsa de Telescópios ...... 64 C o r r e ç õ e s ...... ~ - r-fcP" Posiçoes e Fenomenos dos 4 Maiores Satelites de J ú p i t e r ...... n 66

ILUSTRAÇÕES as| h' í£>V^

Estrelas e Planetas: Brilhos Comparados ...... 50 Atividade Solar ...... 51 O "Cometoscõpio" ...... 53 Evolução do Quadro Social ...... 57 A Constelação do Lobo (Hevelius) ...... 61 Carta Celeste ...... 63 Posições dos 4 Maiores Satélites de Júpiter ...... 66

______NOSSA CAPA______Reverenciando como o Génio do Século por sua inteligência privilegiada, Albert Einstein, apesar de sua notoriedade nunca deixou de lado sua simplicidade característica, tão bem demons­ trada nessa foto (veja artigo neste número do Boletim). 45

______EINSTEN E A TEORIA DA RELATIVIDADE ------

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (*)

Ha cem anos, em 14 de março, em Ulm, na Alemanha, nascia Albert Rinstein, autor da teoria da relatividade, uma das mais ricas construções abstratas, até hoje, elaborada pela mente humana,com o objetivo de explicar a realidade física do cosmo. Filho de um modesto industrial judeu, passou sua infância em Munique, e par­ te de sua adolescência na Itália e, mais tarde, na Suiça.Em 1896, ingressou no Instituto Politécnico de Zurique, onde obteve seu diploma de professor de Física e Matemática, em 1900. Naturali - zou-se cidadão suiço e, quase ao mesmo tempo, aceitava um empre­ go de funcionário do Departamento Nacional dç Patentes,em Berna. Sua função neste departamento era felizmente secundária, de modo que lhe sobrava muito tempo para se dedicar aos estudos dos pro­ blemas científicos que o preocupavam, em especial, aos de física teórica. Sua grande preocupação era a crescente dificuldade em conciliar a mecânica clássica com as equações do eletromagnetis- jmo. Ao se doutorar, em 1905, pela Universidade de Zurique, com a idade de 25 anos, Albert Einstein publicava em uma revis­ ta suiça Annalen der Physik quatro estudos que já antecipavam suas mais importantes decobertas. Sobre eles escreveu Max Born: "Uma das obras mais im­ portantes de toda a literatura cientifica parece-me ser os An­ nalen der Physik que dizem respeito â relatividade". 0 prime^ ro destes artigos refere-se a aplicação da luz e a teoria dos "quanta" de Max Planck, pela qual explica o efeito fotoelétrico: "quanta" de luz suficientemente energéticos podem provocar o des locamento dos eletrons nos çorpos com os quais venham a se cho­ car. Ao analisar tais conclusoes, o próprio Max Planck, autor da teoria que havia inspirado o trabalho de Einstein, se mantêm em dúvida, não admitindo logo de inicio a análise einsteiniana. Convém lembrar que a palavra foton, para designar as partículas de luz, só irá surgir em 1920. No segundo artigo Einstein estabelece uma teoria es­ tatística do movimento browniano, no qual analisa e demonstra que a agitação desordenada das partículas diluídas em líquido, é uma verificação facilmente observável da teoria molecular da matéria. O terceiro artigo propõe o célebre principio fia equi­ valência entre a energia e a massa. A consequencia mais impor - tante deste artigo seria a conclusão que a massa de um corpo aq- menta com a sua velocidade. Assim, um corpo imóvel num sistema possui uma energia interna (E) equivalente ao produto da sua mas sa (m) pelo quadrado da velocidade da luz (c) . Ta^L equivalência entre a energia e a matéria, expressa pela fórmulas E = mc2,per mite, mais tarde, explicar a origem da energia das estrelas como proveniente da fusão de dois átomos de hidrogênio em um de hélio, quando então ocorre uma perda de massa, que se traqsforma em e- nergia. Até então, não havia meio que,explicasse a origem da e- nergia das estrelas. Tal equivalência seria fundamental no desen

(*) - 0 autor é Astrônomo - Chefe do Observatório Nacional do CNPq. 4 6

volvimento da física pois ela permitiu compreender e energia nu­ clear. No quarto artigo, Einstein lança os fundamentos da teoria da relatividade restrita. Este é, talvez, o mais impor­ tante, pois apresenta uma nova interpretação radicalmente revolu cionária da célebre experiência de Michelson, demonstrando que a velocidade de um raio luminoso é a mesma qualguer que seja o mo­ vimento do sistema no qual seja medido. Convem lembrar que foi, em 1881, que o físico norte-americano Michelson tentou colocar em evidência a rotação da Terra por intermédio de um fenômeno 0£ tico. Imaginou que um raio luminoso lançado no sentido do movi­ mento da Terra, em sua órbita, deveria, segundo a mecânica clãssi. ca, se deslocar menos rapidamente que um raio lançado em sentidõ contrário. A experiência é um fracasso. Foi impossível obser­ var o efeito de deslocamento da Terra sobre a velocidade da luz. Hendrik Lorentz havia tenta o explicar tal resultado, com uma teoria que não contrariasse as bases de mecânica clássica. Não • comprometido com o "establishment", Einstein, baseado na impossi bilidade de observar o efeito do deslocamento da Terra sobre a velocidade da luz, admite como hipótese de base da sua teoria que a velocidade da luz será sempre constante em qualquer cir­ cunstância. Tal velocidade não dependerá nem da velocidade de uma fonte luminosa nem daquela do experimentador. Assim, nascia a relatividade restrita, ou seja, a relatividade que ocorre nos sistemas de movimento uniforme, uns em relação aos outros. Dal' saem as principais conseqüências que iriam romper com a mecânica newtoniana. Aceitando-se que a luz possui uma velocidade finita e constante não existe mais espaço absoluto. A determinação da velocidade de um corpo em relação ao vazio não tem mais sentido. Sõ ê possível determinar a velocidade em relação a um sistema de referência. Assim, deixa de existir também o tempo obsoluto . Desse modo, dois eventos simultâneos em relação a uma sistema de referência poderão não o ser em relação a outro. Tudo depende do ponto de vista (referencial) do gual são observados. As. dimen­ sões de um objeto em movimento nao serão as mesmas, no caso em que a medida se fizer num sistema em relação ao qual o objeto se desloca ou em relação a outro sistema imóvel. No primeiro caso, se o movimento possui o mesmo sentido de deslocamento, as dimen­ sões se tornam mais longas e, mais curtas, no caso do deslocamen to acontecer em sentido contrário. Tais noções conduzem ao conceito de espaço-tempo,onde a velocidade da luz se torna uma velocidade limite. Assim, a po­ sição de um observador na Terra sõ será determinada se além das tres coordenadas, latitude, longitude e altura incluirmos uma quarta coordenada: o tempo. Nomeado em 1909 livre docente em Berna e professor na Universidade de Zurique em 1910, aceita, em 1911, a cátedra de Física Teórica na Universidade de Praga. Em 1912 retorna a Zu­ rique, onde leciona no Instituto Politécnico de Zurique.Em 1913, durante um congresèò em Viena, onde apresenta um primeiro esque­ ma da teoria da relatividade geral - segundo a qual propõe que a gravitação seria uma propriedade geométrica do espaço - é convi­ dado por Max Planck para se instalar em Berlim, quando, então, a lêm das suas funções universitárias no Instituto Kaiser,torna-se membro da Academia de Ciências da Prússia da qual se demitiria ao se recusar a servir a um governo nazista. (Continua) 47

URANO RAMA <*) ------

Luiz Hernani de Almeida Negrão

INTRODUÇÃO

Em nossa ultima conversa (Boletim n9 5/78) falamos dos ho­ rários de visibilidade dos PLANETAS BRILHANTES (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) ou seja, aqueles visíveis a olho nú. Vamos agora prosseguir em nosso "papo", fornecendo a vo­ cês, iniciantes, orientações e "dicas" para a localização e reco nhecimento desses inquietos astros errantes do espaço.

PLANETA OU ESTRELA ?

Ao sairmos em campo para a nossa tarefa de identificação dos planetas, uma dúvida assalta-nos a mente: como iremos reco - nhecer esses astros que se apresentam no céu como pontos lumino sos em meio a milhares de outros como as estrelas que .rebrilham no firmamento ? Ê claro que com o auxilio de tabelas das posi­ ções (efemérides) planetárias e uma boa carta celeste chegaria - mos seguramente ao nosso objetivo. Entretanto, antes de abordar mos o uso de tabelas e mapas do céu, gostaríamos de dizer alguma coisa que julgamos útil ao principiante que se disponha a locali. zar e identificar os planetas brilhantes. Para o noviço pode parecer difícil reconhecer um planeta pela primeira vez. Por outro lado, uma vez realizado o reconhe­ cimento, vocês jamais deixarão de identificá-lo em outras oca­ siões, a menos que fiquem muito tempo sem praticar a observação de uma maravilhosa noite estrelada, deixando de acompanhar os a- contecimentos celestes e o gradual desfile dos planetas pelas CONSTELAÇÕES ZODIACAIS (**). Muitas diferenças físicas separam as estrelas dos planetas, mas aqui estamos preocupados com as que podemos estabelecer ob­ servando apenas cintilantes pontos de luz na esfera celeste, SEM AUXÍLIO TELESCÓPICO, usando apenas nossos preciosos olhos. Veja jnos então algumas "pistas" que irão nos auxiliar em nossa missão de encontrar os planetas. Ia.) Cor - as estrelas apresentam pouca variedade na cor. São suaves as nuances coloridas que entre elas encontramos:azuis, branco-azuladas, amareladas, alaranjadas e avermelhadas. Também os planetas exibem poucos matizes coloridos. Porém, gravem isso: NÃO EXISTE PLANETA AZUL (***) . Diversos autores descrevem as cores planetárias indo do branco (Vênus, Júpiter,Sa turno) , passando pelo branco rosado (Mercúrio) e chegando ao ver melho (Marte).

(*) - Seção destinada, principalmente, aos iniciantes em Astro nomia.

(**) - Não se esqueçam I São doze as constelações do zodíaco: Carneiro, Touro, Gêmeos, Caranguejo, Leão, Virgem, Balan ça, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. (***) - Cabe aqui uma ressalva: somente nossa Terra, vista do es paço, apresenta marcante tonalidade azul devido a seus oceanos e ã difusão da luz em sua atmosfera. 48

0 autor, ao observar esses planetas teve as seguintes im Pressões:

PLANETA COR

Mercúrio branca Venus branca Marte avermelhada Júpiter branca Saturno branca

Notas: 1 - Por vezes o autor sentiu uma leve coloração rõsea em Mercú­ rio e um ligeiro tom amarelado em Júpiter. Essas impressões sofrem inevitavelmente influência subjetiva. Muitos podem discordar. 2 - Cores espúrias e outros falsos matizes podem resultar da po­ luição atmosférica, hoje tão comum nas cidades. Além disso cores irreais podem surgir devido ã pouca altura do astro so bre o horizonte no instante da observação. Portanto, para mi nimizar esses efeitos observem os planetas quando estiverem bem altos no céu.

2a.) Brilho - os planetas que estamos focalizando brilham tanto ou mais do que as estrelas mais resplandecentes do céu, dji tas de primeira MAGNITUDE (*). Essas estrelas, com as quais os planetas competem em brilho acham-se relacionadas no quadro que se segue juntamente com as constelações a que pertencem. Note que a lista começa com as estrelas mais brilhantes conforme o senti­ do indicado pela seta.

ESTRELAS CONSTELAÇÃO

Sírio ou Canicula Cão Maior Canopo Quilha do Navio Argo Alfa do Centauro Centauro Vega Lira Capella Cocheiro Arturo Bo ieiro Rigel Orion Prõcion Cão Menor Achernar Erldano Beta do Centauro Centauro Altair Ãguia Betelgeus e Orion Alfa do Cruzeiro do Sul Cruzeiro do Sul Aldebaran Touro Pollux Gêmeos Espiga V irgem Antares Escorpião Fomalhaut Peixe Austral Deneb Cisne Rêgulo Leão

(*) Medida do brilho de uma estrela ou de outro astro qualquer. 49

Mas examinemos mais cuidadosamente os brilhos estelares e planetários mediante um gráfico elucidativo (fig. n9 1). Nele fa zemos o confronto dos planetas brilhantes com algumas estrelas escolhidas da lista que acabamos de apresentar. Do lado esquer do encontramos o brilho desses corpos celestes expressos em mag- nitudes. Mais uma vez a prestativa seta nos orienta no sentido da maior intensidade de brilho. As estrelas são representadas por pequenos círculos negros posicionados de acordo com a escala vertical das magnitudes. Os planetas apresentam-se no gráfico como barras verticais. Os comprimentos dessas barras nos diz de quanto o brilho do pla­ neta varia. Lembrem-se que assim tem que ser, pois os planetas ao girarem em torno do Sol ficam ora mais próximos, ora mais a- fastados da Terra e portanto a luz que deles nos chega,oscila de vido ãs suas distâncias queestão sempre variando. Desse modo podemos perceber as alterações luminosas dos planetas comparadas com a luz fixa (*) das estrelas que selecionamos. Reparem que Venus, a encantadora "Estrela D'Alva" é o astro mais brilhante do céu depois do Sol e a Lua. Observem também que o brilho mar­ ciano supera o de Júpiter que lhe é normalmente superior. (**) Apenas como curiosidade reproduzimos nesse mesmo diagrama a variação luminosa do planeta Urano. Sua luz, notem bem, cai a baixo do umbral de percepção a olho nü. Sua observação exige nor malmente o emprego de um binóculo ou telescópio. Por ora não ire mos nos preocupar com esse mundo longínquo descoberto por HERS- CHEL em 1781.

3a.) Cintilação - O piscar ou bruxulear da luz dos astros, particularmente sensivel no caso das estrelas, chama-se cintila­ ção. Esse tremeluzir é provocado pela agitação da nossa atmosfe ra aquecida. Nas noites cariocas é muito fácil observar esse mesmo fenômeno nas luzes artificiais longínquas. Basta olhar para os distantes postes de luz, do outro lado da baía de Guanabara . Nas praias de Niterói os pontos luminosos parecem trepidar e dan çar ao longo da costa marinha tal é a turbulência atmosférica responsável pela cintilação. É com base na cintilaçao dos as­ tros que muitos autores afirmam categoricamente que os planetas, ao contrário das estrelas, não cintilam, sendo assim fácil dife­ renciá-los. Aqui cabem algumas palavras de alerta: não ê bem as sim pois OS PLANETAS TAMBÉM CINTILAM, PRINCIPALMENTE NAS PROXIMI DADES DO HORIZONTE, EMBORA A TREPIDAÇÃO LUMINOSA NÃO SEJA TÃO IN TENSA COM A DAS ESTRELAS.

SUMÁRIO Neste artigo estamos preparando o terreno para que vocês travem conhecimento com nossos vizinhos planetas. Com esse in­ tuito fornecemos alguns indícios que irão ajudá-los a distinguir uma estrela de um planeta sem o uso de um telescópio. A cor, o brilho e a cintilação são características que nos servem de ori­ entação preliminar.

(*) Existem estrelas cujo brilho varia, são as famosas estrelas variáveis. (**) Somente quando Marte fica bem próximo ã Terra, nas chamadas opos ições periélicas, seu brilho ê maior do que o de Júpi­ ter . e d u t i n g a m

MAIOR BRILHO t -6 -4 -2 + 6 + 1 + + 5 0 2 IIE E IIIIAE OH NÚ OLHO A VISIBILIDADE DE LIMITE H 0 u 13 01

SRL E LNTS BIHS COMPARADOS BRILHOS PLANETAS: E ESTRELA SlRIO % 2 C/3 3 AOO g CANOPO M LA DO ALFA CENTAURO I. 9 1 N9 FIG. >3 0 3 H E w tó h j RÉGULO VEGA < E 3 h EA O CENTAURO DO BETA RZIO O SUL DO CRUZEIRO LA DO ALFA .H .H A O Ln maior b r i l h o 51

Prestem atenção em alguns termos que empregamos. Acostumem -se a eles . efemérides magnitude constelações zodiacais constelação zodíaco turbulência atmosférica estrelas variáveis oposições periêlicas esfera celeste cintilação

& ATIVIDADE SOLAR A MÍNIMA DE 1976 FOI BEM ESTRANHA

Marcomede Rangel Nunes (*)

A última mínima dos 11,1 anos, médios, de variação da ati­ vidade solar, ocorreu no ano de 1976, no mês de maio. ' Relatado por Max Waldmeier, do Observatório de Zurich, foi muito peculiar, porque durante 2 50 anos de registros, esse foi a mínima mais al­ ta apresentada. Assim, o número médio, relativo de manchas sola­ res, que ê dado pela fórmula de Rudolph Wolf: R = K ( 10 g + f ) , onde: f - número de manchas g - número de grupos K - constante observacional foi em torno de 12.6, sendo o mais baixo com o valor de 12.2.Tan to que foi fácil fazer a determinação da época da mínima solar, porque ela não foi muito pronunciada. Houve um intervalo prolon gado de atividade baixa, com forte flutuação entre meados de 1975 e 1976. Veja o gráfico (fig. n9 2.) .

1975 1976 1977 M í n i m a ...... julho de 1964 M á x i m a ...... setembro de 19 68 M í n i m a ...... maio de 197 6 * * * *

(*) O autor pertence a Divisão da Astronomia do Observatório Na cional - CN pq 52

------INSTRUMENTOS DO AMADOR------

Coordenação de Mario J. Monteiro

INSTRUMENTOS DO AMADOR é mais uma seção do Boletim. Aqui, de forma simples e objetiva, vocês obterão informa - ções sobre os instrumentos de observaçao astronômica - de tele£ cópios a binóculos - que, de um modo geral, se encontram ao al­ cance do amador de Astronomia no Brasil. Os primeiros números versarão sobre aparelhos de minha pro priedade, que adquiri atravis de amigos fora do pais ou nesse frustante mercado óptico nacional, ou entao que montei com uma ou outra peça também importada a duras penas dos Estados Unidos, ou que restaurei, "envenenando-os" (melhorando seu funcionamen­ to) . O preço sempre virã junto, para que se tenha idéia de quan to custaria algo semelhante. Outra coisa: se você montou um aparelho, mande-nos uma fo­ tografia e o esquema do mesmo, acompanhados de texto, para publi cação. COMETOSCÕP10 Um aparelho de grande campo, como o nome indica,permite que se veja no cêu área bem maior do que a observada através de uma luneta, por exemplo, de 60mm de abertura e 900mm de distância fo cal ( f/15 ), em razão de ser MENOR a relação existente entre sua distância focal e o diâmetro da objetiva. Pode-se, contudo, montar aparelhinhos de grande campo com lentes de apenas 60mm de diâmetro, desde que sua distância focal seja, exemplificando, 300mm f/5 (300 60) . Com eles ê possível abranger o espaço ocupado por algumas constelações, vendo-se a um só tempo TODAS as estrelas que as compõ em. 0 Cometoscôpio ê, antes de tudo, um aparelho de grande cam po. Êle só poderá ser construido com um espelho ou lente de gran de abertura (no caso usei uma de HOmm) e foco curto. Na América hã na praça, â venda, verdadeira série de RFT (rich field teles- copes): aparelhos capazes de revelar campos ... RICOS DE ESTRE­ LAS . Esse meu cometoscôpio poderia ser montado azimutalmente,de forma bem rudimentar; mas terminei, para simplificar as coisas,u tilizando-me de antiga montagem equatorial do TA-MI, Telescópio de Amador, modelo 1, antes fabricado em S. Paulo pela D.F. Vas- concellos. Custo do aparelho: Objetiva HOmm, n9 13A3120, dist.focal 495, Jaegers.US$ 160.00 Focalizador modelo 680, diâmetro interno 50mm, Meade " 45.00 Tubo de PVC, diâmetro 132mm, comprimento 310mm, pãra -sol na boca do aparelho comprimento 130mm (obtido , de graça, numa empreiteira) ...... ~ ~ ~ Estojo da objetiva, n9 35B1542, Jaeg^rs ...... " 17.50 Tarugo de alumínio da Sonafo, anéis ao estojo da ob­ jetiva e do focalizador, rosqueamento dos mesmos, ou 53 seja, serviço de torneiro mecânico executado por An­ tônio, rua do Resende n9 3, a Cr$200,00/hora,incluin do acabamento de dois diafragmas de madeira (cedro, comprados a 20 cruzeiros cada) ...... Cr$1.180,00 Diagonal com focalizador fino, n9 12b, Roger W. Tu- thill ...... US$ 39.00 Montagem, antigo telescópio D .F .Vasconcellos,TA-M1.. Cr$3.000,00 TOTAL (dollar a Cr$28,00 cruzeiros) ...... Cr$ll. 502,00

COMETOSCOPIO 110x495 mm

abertura

D 9 V

ocular PLOâSL i , tainaubo natural

Oculares americanas, diâmetro externo da peça 31,7mm, Jaegers Distância focal Desenho Preço Aumento Campo 32mm PLOSSL US$20.00 15 x 3°20 ' 18mm SIMÉTRICA US$16.00 27 x 1°28' 12,5mm SIMÉTRICA US$16.00 39 x 1°151 54

Com o COMETOSCÕPIO (projetado, como vimos, para PEQUENOS AUMENTOS) pode-se apreciar a beleza sem par dos aglomerados e dos campos estelares e até mesmo, quem sabe, descobrir aquilo a que êle se destina: COMETAS, êsses nossos amigos de cauda.

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______ASTRONOMIA TAMBÉM É NOTÍCIA ______

Sérgio M. Ferraz

NOTAS BREVES

Esteve no Rio de Janeiro em fevereiro o professor Raimundo de Oliveira Vicente da Faculdade de Ciências de Lisboa e Diretor de uma das comissões da IAU. Já é nosso velho conhecido. A Terra i plana. Isto i o que dizem, apenas quatro séculos depois que Copérnico descreveu o movimento dos planetas em torno do Sol, os 1600 membros e cerca de dois mil simpatizantes da "hs' sociação para a Investigação da Terra Plana" sediada na Califór­ nia. Isso ê o que se chama volta ao passado. Nostalgia tem li­ mites . Fotos de 10 (satélite de Júpiter) feitas pela sonda americana VOYAGER-1, revelaram vestígios de atividade vulcânica recente em sua superfície. Mostram uma cratera de 45 Km de abertura e de 1,6 Km de altura, rodeada de matéria escura que poderia ser lava. Os Estados Unidos pretendem continuar o estudo de Júpiter lançan do em 1982 uma nave espacial mais aperfeiçoada chamada GALILEU e que está sendo construída pelo Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena. Esse mesmo laboratório informou outra descoberta da VOYAGER-1 e que diz respeito ã existência de um anel de partículas cósmi­ cas ao redor do planeta Júpiter. Estaria situado a cerca de 55 mil quilômetros de altura das camadas de nuvens que cobrem o gi­ gantesco planeta e seria formado de partículas de gelo. A ser comprovada tal descoberta, Júpiter seria o terceiro planeta do Sistema Solar a possuir anéis. Os outros dois são Saturno e Ura no . Um jovem astrônomo soviético de nome Givi Kimeridze descobriu uma estrela em uma galáxia na periferia da constelação da Virgem, distante mais de 60 milhões de anos-luz. Kimeridze a descobriu enquanto fazia pesquisas no Observatório de Ambaxtsuoiian, nas montanhas do Caucaso. Nas páginas de Sky and Telescope de fevereiro tivemos__a gran­ de satisfação de encontrar uma referência ao 309 aniversário do Observatório do Capricórnio em Campinas (SP) escrita pelo pró­ prio Jean Nicolini. A 4 de maio de 1925 desembarcava no porto do Rio de Janeiro para uma visita de 7 dias, Albert Einstein, o famoso autor da Teoria da Relatividade e cujo centenário de nascimento transcor reu no mis de março. Temos recebido dados interessantes a respeito da pesquisa "Va lorize o Astrônomo Amador", destacando-se entre os informantes , Diomar D. Lobão,(Volta Redonda) e Antônio P. Biral (São PaulO). Aumenta, portanto, nossa lista de descobertas feitas por amado­ res. Oportunamente começaremos a publicá-las. 55

A Diretoria Técnica do CARJ está diminuindo o atraso na elabo ração e expedição do Boletim do Clube, conseqüência da reestrutu ração feita no início do ano. A meta a ser alcançada é expedl-lo ate o dia 20 de cada mês para que os sócios não residentes no Rio o tenham em mãos ainda no início do mês seguinte. . Para não comprometer a qualidade já alcançada no Boletim bem como o ritmo de suas atividades o CARJ se ve obrigado, devido às despesas sempre crescentes, a reajustar as mensalidades. Assim, por decisão da Diretoria, a partir de abril a categoria "Contri- buinte-A" estará pagando Cr$ 70,00 e a "Estudantil" Cr$ 35,00.Es peramos mais uma vez a compreensão de nossos associados.

PÉROLAS ASTRONÔMICAS

Um leitor atento de nosso Boletim deve ter percebido jã há algum tempo o fato de termos sempre evitado citar a fonte e/ou autor das "pérolas" que temos divulgado. Pensando melhor sobre o assunto, achamos que nossa proposital omissão sobre a fonte consultada gerava um inconveniente: em caso de livros e revistas não havia a necessária correção. Assim sendo, tendo em vista in clusive a proliferação epidêmica de bobagens a respeito de assun tos astronomicos, divulgadas impunemente aos quatro cantos, pas­ saremos a dar "nome aos bois". Queremos agradecer também a todos os que nos tem enviado colaborações e lamentamos não podermos divulgá-las todas poruma questão de espaço. Feito o processo seletivo, eis a desse núme­ ro, uma das mais impressionantes até agora encontrada. Consta do livro Geografia-Estudo da Paisagem escrito para a 5a . serie por Arcênio Sanches e Geraldo Francisco de Sales. Do Capitulo I: OS ASTROS EM MOVIMENTO, estraímos o terrí­ vel trecho: "Nota-se, entretanto, que umas brilham mais que outras. Es sa variação na intensidade do brilho permite classificá-las em grandezas diversas. As de Ia . grandeza são as mais brilhantes. Ã medida que o brilho diminui, elas poderão ser de 2a ., 3a ., 4a ., 5a .grandezas, e assim sucessivamente. É possível reconhecer a grandeza das estrelas em função da sua cor: - azulada Ia. grandeza -- branca 3a. grandeza - amarela 5a. grandeza O Sol ê uma estrela amarela, portanto, de 5a. grandeza. Pa rece mais brilhante que as outras por ser a mais próxima da Ter­ ra ." Alên de continuar utilizando o conceito superado de "gran­ deza" para as estrelas, relaciona cor com magnitude resultando daí um dos maiores absurdos que tivemos notícia. Isso nos levou a adotar uma posição em defesa as Astronomia e que passaremos a abordar em seguida»

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POR UMA CULTURA ASTRONÔMICA MELHOR

Diretoria Técnica

CAMPAMHA

Apesar de nossa curta existência como entidade amadora de Astronomia no Brasil, temos encontrado nas publicações que re cebemos de sociedades congêneres, muitas citações a respeito de grande número de erros que constam de livros e revistas que por ai circulam, Esses erros vão desde datas incorretas, dados desa tualizados, conceitos esdrúxulos etc. - como bem demonstra a ex­ tensa lista publicada no Boletim Zodíaco de janeiro/79 (da SBAA- Cearã) por José Luis da Silva (OACEP-Paranã) em seu artigo "A Propósito de: O ensino da Astronomia do Brasil (I)" - ate o ver­ dadeiro absurdo citado na seção anterior. E isto acontece tanto em livros de divulgação astronômica como, o que ê mais grave, em livros didáticos. Por que mais grave ? Porque transmitem às crianças, intelectualmente ainda em formação e sem uma idêia ló­ gica das coisas, conceitos e informações errôneas que as acompa­ nharão por um longo passar de anos. Grave também porque atingem um maior número de pessoas. Então surge inevitavelmente a pergunta: o que fazer? De_i xar tudo como está e procurar auxiliar a criança simplesmente mostrando-lhe os erros? Aqueles pais que têm conhecimentos para isso podem e devem fazê-lo. E os que não podem? Como se senti­ rá uma criança tendo de escolher entre o que os pais lhes dizem e o que esta escrito no seu livrinho, tendo sua professora a en- dossã-lo na maioria das vezes ? 0 problema está atingindo proporções sérias. Há muita gente interessada apenas no lado comercial do livro e não mais no seu conteúdo. Há muita coisa que pode ser feita. E o CLUBE DE ASTRONO MIA DO RIO DE JANEIRO conclama todos os amadores e associações para direta ou indiretamente se engajarem nessa campanha, que esperamos seja sistemática, visando um único objetivo: juntar es forços para termos UMA CULTURA ASTRONÔMICA MELHOR com informa - ções atualizadas e corretas. A nosso ver há dois casos distintos a estudar: o do li- vro didático e o do livro de divulgação astronômica, assim como há pelo menos duas terapias a usar: solicitar as devidas corre­ ções à Editora envolvida (correção ã posteriori) como o fez nos­ so colega Manoel Luís da Silva ou evitar que elas aconteçam (cor reção à priori), oferecendo ãs editoras-através de circulares e- mitidas anualmente - um serviço gratuito de revisão dos textos originais de Astronomia, Evidentemente nos livros de divulgação astronômica isso se torna mais difícil e trabalhoso. Mas nos livros didáticos, os mais preocupantes no momento, acreditamos que isso possa ser fei to. Desde já o CARJ se propõe a providenciar junto ãs edito ras, as correçoes daquilo que lhe for comunicado. 0 ideal seria que outras entidades amadoras fizessem o mesmo em seus Estados, pois assim a campanha teria caráter nacional, com grande número 57

de entidades empenhadas em alcançar o mesmo objetivo.

Estamos lançando uma idéia. Outras sugestões, portanto, poderão ser dadas e estamos prontos a acolhê-las e divulgá-las . 0 importante é que uma vez escolhido o rumo a ser seguido nele permaneçamos unidos numa campanha sistemática, serena, e acima de tudo eficaz. Vamos pelo menos consertar as coisas, pois é sempre gran de a responsabilidade de quem está consciente de um erro e nada faz para corrigi-lo. Voltaremos ao assunto.

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______NOSSO CLUBE ______

Bernardeth V. de Souza

Gostaríamos inicialmente de fazer duas retificações no artigo publicado no Boletim anterior, quando registramos o Esta­ do do Rio de Janeiro com 250 sócios e a ausênciado Paraná em nossa estatística social. Os números corretos sao: Rio de Janei ro com 260 sócios e Paraná com 5 sócios pertencentes ao nosso quadro. Aproveitamos a oportunidade de agradecer a colaboração recebida do sócio Antonio Ivan Bastos Sobrinho, do Paraná, que notou a falta de seu Estado em nossa relação. Ainda com referência ao quadro social elaboramos um grá­ fico no qual todos poderão acompanhar o desenvolvimento do CARJ desde a sua fundação em 30-06-76 até 31-12-78.

El/OLUçno DO QUADRO SOCIAL , *

1Í3 SÓCIOS Para complementar, esclarecemos que atualmente o número de associados é de 323, isto i, de JAN a MAR/79 foram admitidas 27 pessoas. A relação das últimas propostas aprovadas em reunião de Diretoria do mes de Março ê a seguinte: N9 MATRICULA NOME CIDADE 315 Pedro Paulo Bayot Rio de Janeiro 316 Carlos Alberto Martins Costa Rio de Janeiro 317 Washington da NÓbrega e Silva Rio de Janeiro 318 Javali Tavares Rio de Janeiro 319 José Eduardo P. de Godoy Rio de Janeiro 320 Flãvio Silva Monteiro Rio de Janeiro 321 Antonio Miguel P. Palhano Rio de Janeiro 322 Luiz Antonio Greco Rio de Janeiro 323 Paulo Roberto S. Vianna Curitiba Quanto ãs correspondências recebidas em MAR/ABR, totali­ zaram 45 cartas sendo expedidas 30, o que nos dá uma relação de carta expedida/carta recebida de 1,5 que é inferior ao Índice en contrado no mês anterior quando registramos para cada carta rece bida 3 expedidas. O Estados que mais se destacaram pelo volume de cartas enviadas foram: Sao P a u l o ...... 10 cartas Rio Grande do Sul . . . 7 cartas Paraná ...... 6 cartas Pernambuco 5 cartas Rio de Janeiro .... 4 cartas Recebemos também várias publicações de outras entidades congêneres, entre elas: Revista R. Muscae - Instituto Copêrnico, Buenos Aires - O Zodíaco - Soc. Brasileira dos Amigos da Astronomia - Boletim Planetário e Observatório Astronômico do Colégio Estadual do Para ná (OACEP). Sobre as nossas reuniões, voltamos a lembrar que são rea­ lizadas na última quinta-feira de cada mês ãs 19:30 horas, no au­ ditório da Radio Roquete Pinto ã Rua Erasmo Braga, 118 - 119 an­ dar . A reunião de Fevereiro, realizada no dia 22-02-79 abordou o tema "0 USO DE CARTAS CELESTES" apresentado pelo Diretor Técni­ co, Luiz Hernani de Almeida Negrão. Nesta reunião procuramos o- rientar na escolha de uma carta celeste para uso diário. Foram dados esclarecimentos sobre os critérios a serem utilizados nessa escolha, além de alguns ensinamentos de como utilizá-las correta­ mente. O último encontro ocorreu em 29-03-79 e o tema focalizado foi: "O CENTENÁRIO DE ALBERT E INSTE IN11 , apresentado pelo Presiden te, Ronaldo Rogério de Freitas Mourao. O CARJ associando-se às comemorações do centenário do nascimento desse gênio da humanida­ de fêz uma rápida retrospectiva sobre sua vida. Para finalizar queremos informar a todos os sócios e,prin cipalmente os residentes no Rio de Janeiro, que o "Encontro com as estrelas" voltará a ser realizado no Observatório Nacional, às 19:30 horas. A programação para o próximo trimestre ê a seguinte 59

ABRIL - dias 10 e 24 MAIO - dias 08 e 22 JUNHO - dias 05 e 19 Lembramos ainda gue, caso o céu não se apresente em cond_i ções para observação o socio não deverá comparecer ao local acima citado. Quanto aos pagamentos das mensalidades esclarecemos que apenas os sócios em dia receberão seus Boletins pelo correio. E não se esqueçam de levar a carteira social para as reu­ niões mensais, pois passaremos a pedl-la na entrada. * * * *

EXTRATO DOS ESTATUTOS (continuação)

Capitulo III

Da Diretoria

Artigo 139 - O CLUBE DE ESTRONOMIA DO RIO DE JANEIRO serã administrado por uma Diretoria com mandato de 2 (dois) anos e e- leita por maioria absoluta, constituindo-se dos seguintes membros: Presidente; Vice-Presidente; Diretor Técnico; Diretor Financeiro; Assistente do Diretor Técnico; Secretária; Conselho Fiscal. Artigo 149 - Pelo menos uma vez por mês, em dia previamen te marcado, haverá reunião da Diretoria, a fim de cuidar de asr suntos relacionados com a vida do Clube, inclusive apreciar pro­ postas de novos sócios. Artigo 159 - Atribuições do Presidente: a) superintender todas as atividades do Clube, dando-lhes a direção mais convenien te aos seus fins: b) representar o CARJ em julzo ou fora dele, não podendo, todavia, contrair obrigações para o Clube sem o con­ sentimento expresso da Diretoria; c) autorizar despesas e assi­ nar papéis de expediente, inclusive cheques bancários, sempre no­ minais, em conjunto com o Diretor Financeiro; d) convocar e presi dir Assembléias Gerais e sessões da Diretoria: e) convocar a As­ sembléia Geral Ordinária até o dia 20 de JUNHO de cada exercício financeiro. * * *

------0 CÉU DO RIO DE JANEIRO ______

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão(*)

A CONSTELAÇÃO DO MÊS LOBO

A constelação de (Lobo) está limitada ao sul por Circinus (Compasso) e Centaurus (Centauro); a oeste por Centau- rus (Centauro); ao norte por Libra (Balança) e Scorpius (Escor­ pião) e a este por Norma (Régua). Apesar de ocupar uma área não muito extensa de 334 graus quadrados, Lupus apresenta uma notá­

(*) - O autor é Astrônomo - Chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro - CNPq. 60 vel abundância de estrelas de magnitude media. Ela é facilmente reconhecível, em virtude de estar situada entre a estrela verme- lha de Antares e as estrelas Guardas - Alfa e Beta da constela - ção do Centauro. Lupus, segundo a mitologia, e a imagem de Licaão (Licaon), rei sanguinário de Arcãdia, que júpiter transformou num animal feroz. As suas estrelas não possuem nomes próprios especiais. A mais brilhante ê Alpha Lupi (Alfa do Lobo)de magnitude 2,89 que está situada â 820 anos-luz. Seu tipo espectral B2 e aquele das estrelas de hélio, de temperatura superior de aproximadamente 20.000° Kelvin. Beta Lupi (Beta do Lobo)- É também uma estrela de magnitude 2,81 e de mesmo tipo espectral que está situada à 270 anos-luz. Gamma Lupi (Gama do Lobo) - Ê uma estrela de magnitude 2,95,cuja luz leva 230 anos para nos atingir. Delta Lupi (Delta do Lobo) - Ê como anterior uma estrela de tipo espectral B, magnitude visual 3,43 e distância 270 anos-luz. Principais constelações visíveis em maio Virgem, cães de Caça, Ursa Maior, Lince, Carina, Câncer, Corvo, Hidra Fêmea, Cão Maior, Pomba, Pintor, Peixe Voador,Popa, Reticulo, Hidra Macho, Octante, Ave do Paraíso, Pavão, Triângulo Austral, Compasso, Altar, Telescópio, Sagitário, Escorpião , Lobo, Ofiuco, Serpente, Boieiro.

Principais objetos celestes visíveis em maio Acrux - A estrela Alpha Crucis, pé do Cruzeiro do Sul, e um dos principais indicadores do Polo Sul celeste. Acrux ê também, conhecida pela denominação de Estrela de Magalhães, em homenagem ao navegador português Fernando de Magalhães (1480— 1521), responsável pela primeira viagem de circunavegação. Tal estrela ê uma bela dupla visual. Os seus componen­ tes são azulados, de aspecto Bl e magnitude 1,6 e 2,1, que se apresentam â vista desarmada como uma estrela única de magnitu de 0,2. Como ambas as componentes deste sistema duplo visual são duplas, Acrux é, realmente, um sistema quádruplo. Canopus - A estrela mais brilhante da constelação de Carina, possui uma magnitude visual aparente - 0,86 e magnitu­ de absoluta de -7,4 e uma luminosidade 1900 vezes superior â do Sol. Situada â distância de 180 anos-luz, Canopus é uma estrela supergigante amarela de temperatura superficial de cer ca de 7600° (tipo espectral F0) e diâmetro 85 vezes superior ao do Sol. O nome Canopus, que significa o Guia, é uma homenagem ao piloto Menelau, timoneiro do navio Argus dos Argonautas. S pica - A estrela Alpha Virginis é a estrela mais bri­ lhante da constelação de Virgo (a Virgem). A estrela Spica (em português Espiga) que estã situada ã 220 anos-luz é uma estrela branca-azulada de primeira magnitude. Pelo estudo do seu espec tro foi possível constatar a existência de um companheiro invi sivel que gira em torno da principal em um período de quatro dias .

62

Principais constelações visíveis em junho Boieiro, Cães de Caça, Ursa Maior, Virgem, Leão,Corvo, Hidra Femea, Carina, Vela, Popa, Pintor, Mosca, Cruzeiro do Sul, Centauro, Triângulo Austral, Compasso, Ave do Paraíso, Oc tante, Tucano, índio, Pavão, Altar, Coroa Austral, Sagitário, Escorpião, Ofiuco, Serpente, Coroa Boreal, Hércules.

Principais objetos celestes visíveis em junho Antares - Estrela vermelha de primeira magnitude da constelação do Escorpião. 0 nome Antares foi dado pelos gregos para indicar a sua coloração avermelhada que a fazia rival do planeta Marte. Alpha Scorpii (este i o seu verdadeiro nome científico) é uma estrela dupla de magnitude aparente 1,2 e 6,8. 0 seu companheiro de coloração esverdeada i de difícil observação. A estrela principal deste sistema binário é uma supergigante de diâmetro 330 vezes o do Sol. A sua densidade média é de 0,4 - 6 vezes â do Sol. Marqarita - Que constitui a Alfa da Coroa Boreal é a estrela variavel mais notável. O seu brilho varia de 2,2 a 3,3 de magnitude em aproximadamente 17 dias. Trlfida - Na constelação do Sagitário, a nebulosa di­ fusa mais notável. Pléiades Austral - Na constelação da Carina constitui um notável aglomerado aberto. Sua observação numa pequena lu- neta ã magnífica. Os aglomerados de Kappa Crucis, na constela ção do Cruzeiro do Sul e o Omega Centauri, na constelação do Centauro, prõximoa ao zênite, são os dois mais belos objetos do céu de junho.

* * *

FENÔMENOS CELESTES pela hora legal do fuso de - 3 horas DIA HORA FENÔMENOS MÊS DIAHORAFENÔMENOS 3 03 Júpiter â 4°N Jun. 1 14 Lua no açogeu. da Lua. 2 13 Saturno a 2°N 4 01 Quarto crescen da Lua. te. 2 20 Quarto crescen­ 4 19 Lua no apogeu. te . 5 05 Mercúrio â 2°S 8 01 Urano â 4°S da de Marte. Lu a . 6 04 Saturno ã 3°N 10 09 Lua cheia. da Lua. 10 09 Netuno â 4°S 10 01 Saturno esta­ da Lua. cionário. 10 12 Netuno em oposi 10 03 Urano em oposi ção. ção. 13 13 Lua no perigeu. 11 18 Urano á 4°S da 14 01 Pallas estacio­ Lua. nário . 11 23 Lua cheia. 17 02 Quarto minguan­ 14 02 N etuno à 4°S te. da Lua. 20 00 Venus â 5°N de 18 06 Lua no perigeu. Aldebaran. 18 21 Quarto minguan 21 13 Marte â 5°N te. da Lua. te s e 63 •SCOPIUM' t u c a n a

SCORPIUS CORONA BOREALIS 'OCTANÍ NORTE VI ROO VI 0 céu DO RIO DE JANEIRO CCNTAUl 15 15 maio de 22h 30m 15 15 de junho 20h 30m CRATER PICTOR

OESTE (Bxtraído do livro "Atlas Celeste" de Ronaldo Rogírio de Preitas MourSo) 64

20 03 Venus â 1,1°S 21 21 Solstício. de Marte. 22 14 Aldebaran à 23 16 Marte ã 3°N 0,4°S da Lua. da Lua. 22 19 Mercúrio â 5°S 23 19 Juno a 1°S da de Pollux. Lua. 22 21 Venus â 4°N da 23 19 Venus a 3°N da Lua. Lua. 24 09 Lua nova. 25 21 Lua nova. 26 15 Mercúrio à 5°N 29 20 Mercúrio na eon da Lua. junção superior 27 13 Júpiter â 3°N da 30 19 Júpiter â 4°N Lua. da Lua. 29 08 Lua no ajpogeu. 30 00 Saturno a 2°N da Lua.

,, - ...... BOLSA DE TELESCÓPIOS ------

Mario Jaci Monteiro

Aparelhos a venda na Bolsa. Se interessar, procure direta - mente o anunciante. 3 - LUNETA (refrator): objetiva 60mm, distância focal 700mm, japonesa, montagem equatorial,equipada , círculos graduados ...... Cr$14.000,00 Sra. Denise Duvivier, rua Senador Pedro Velho, 255, Cosme Velho, RJ - Tel. 225-4112. 4 - LUNETA (refrator): objetiva 76nun,distância focal 1200mm, japonesa, montagem equatorial, equipa­ da, círculos graduados ...... Cr$28.000,00 Sr. Roberto Cerqueira (recados D.Helena), rua Hugo Baldessarini 235, Vista Alegre, RJ - Tel. 391-9883 6 - LUNETA (refrator) : objetiva 80min,distância focal 480mm, japonesa, zoom, 30 x 120 vezes de aum. Cr$ 4.500,00 Sr. Carlos Henrique Louzada, Tel.244-3477 - ramais 2272 e 2275. Resid. Tel. 396-1647 - RJ. 10 - TELESCÓPIO (refletor): diâmetro 112mm,dis­ tância focal 900mm, japonês, mont» equatorial, circ. graduados, equipado ...... Cr$14.000,00 Sr. Paulo Avelino, rua Major Rubens Vaz, 611/302, Gávea - Tels. 2 9 4 - 3 0 3 8 e 263-2992 - RJ. 11 - LUNETA TERRESTRE DF Vasconcellos (presta- se para observação da Lua), D 65mm, dist. focal 480mm, tripé de mesa, prismática, 30X Cr$ 3.000,00 Sr. Jaci, rua Carlos de Carvalho 3 4 /7 2 0 - RJ - Tel. 222-1205. 12 - LUNETA TERRESTRE ARGUS, americana, prisma tica, tripe de mesa , 20 X ...... Cr$ 3.000,00 Sr. Jaci (endereço acima). 12 - LUNETA (refrator) Tasco, 60mm,dist.focal 900mm, equipada, clrc. grad.mont.equatorial,japonesa Cr$12.000,00 Sr. Rosãrio, rua Sete de Setembro 98/sobreloja 207, RJ (em consignação). 65

Aos leitores da Bolsa de Telescópios: De vez em quando tenho publicado no Jornal do Brasil/ em meu nome ou em nome do Clube de Astronomia, o seguinte anúncio : "Telescópios, lunetas, mesmo quebradas ou antigas, compro". Pois bem: raríssimas foram as pessoas que se apresentaram para vender alguma coisa. Todas queriam comprar. Aqui no Rio a procura é muito maior que a oferta. Estamos, caminhando para uma situação insustentável. Enquanto nos Estados Unidos há a preocupação de lançar no mercado aparelhos a preços populares, de fácil aquisi­ ção - além de equipamentos modernizados de todos os tipos, aqui (sem fazer humorismo) os aparelhos atingem preços "astronômicos". É só, por enquanto.

* * * *

BOLETIM N9 1/79 - CORREÇÕES

Página n9 8

Onde se lê :

"Situada em maior parte acima do equador celeste, a constelação de Perseus (Perseu) ocupa uma área de 615 graus quadrados.

Leia-se :

"Situada ao norte do equador celeste, a constelação de Perseus (Perseu) ocupa uma área de 615 graus quadrados".

Página n9 11

Onde se lê :

"Saturno-vislvel na constelação da Libra (Balança), depois das 22 horas em janeiro e depois das 20 horas em fevereiro."

Leia-se :

"Saturno-visível na constelação Leo (Leão), depois das 22 horas, em janeiro e depois das 20 horas em fevereiro".

* * * * POSIÇÕES F FEüÔMENOB DCS 4 MAIOFES SATÉLITES DE JÚPITER

Visibilidade para o RJ. no(s) mês (es) de MAIO/ JUNHO

D POSIÇÕES SATEL. F E N ô M E N 0 S DO S S A T É L I T E S (EMTL) I TL = 19 hs. A l\J9 Shl TrI ShE TrE EcD EcR OcD OcR s -X -ír X- * * * * * * W E 3 /5 42013 . . o * . 1 21 24 20 09 - 22 25 -- - - 4 41032 •o* 1 - - - - - 21 02 - - 3 - 21 35 ------8 4012 • o** 3 - - -- - 20 25 - - 9 1403 « o * 4 ------20 27 - 10 20143 • o** • 1 - 22 06 —— - — - - 4A 11 10234 • o - * 1 - — — - —- 19 26 — 12 30124 . o». . 1 - - 20 04 18 52 ---- 14 32104 • "O • 2 ------20 19 - 15 30124 •o** * 3 -- - - 20 46 -- 19 33 16 1034 * o • • 2 - - 20 43 18 20 --- - 18 14023 "O * • 1 ------21 24 - 4 18 03 ------19 43012 • • o • 1 19 42 18 33 - 20 50 - - - - 20 43210 • • ♦ *o 1 - - --- 19 21 -- 22 43012 •o** 3 ------20 10 - 23 41023 • o • 2 20 28 18 13 - 21 03 - - -- 26 012 o * 1 21 38 20 32 ------3 -- 18 14 --- - 20 22 27 32104 • “ O * 1 - - - -- 21 16 -- 28 32104 • **o 1 -- 18 23 - - --- 30 10234 . o •* 2 — 20 57 — — — — -—

1/6 12034 **o • • 2 ——— — — 20 07 —— 2 0124 o - 3 18 36 - - 18 00 - - - - 3 32104 * -o* 1 ------19 52 - 4 32401 ... o* 1 18 01 - 20 19 19 18 -- - - 9 40312 o** 3 - 18 43 ------11 34201 * - o 1 19 56 19 00 ------12 3102 . .q • 1 - ---- 19 34 - - 4 - - - - 20 18 --- 17 31024 •* o* 2 - - - 18 40 - - - - 19 31024 . .G.. 1 ------18 22 - 20 042 o 1 - - 18 38 17 48 - - - - 3 ------20 23 - - 24 43102 *-o 2 - 18 37 ------27 43012 * *o* 1 18 15 ------3 ------17 46 - 28 42103 — o * 1 - --- - 17 52 - - 29 21043 ••o * 4 19 13

Júpiter; I = Io; 2 = Europa; 3 = Ganimedes; 4 = Ca lis to .

Fenomenos v is ív e is em binoculos e fJequenos i nst rume ntos . Fenomenos visíveis somente em instrumentos de grande porte.

Shl In ício da passagem da sombra do s a te lite sobre o disco do p Ianeta (TRANSITO) T Tr I In icio da passagem do s a te I ite na frente do disco do planeta (TRANSITO) SbE - Fim da passagem da sombra do s a te lite sobre o disco do planeta (TRANSITO) A TrE - Fim da passagem do s a te I ite na frente do disco do planeta (TRANSITO) EcD - Desaparecimento do sa te I ite na sombra do planeta (ECLIPSE) S EcR - Reaparecimento do sate j i te depois de sair da sombra do planeta (ECLIPSE) OcO - Desaparecimento do sateIite atras do planeta (OCULTAÇÍO) OcR - Reaparecimento do sateI ite depois de passar por tras do planeta (OCULTAÇÍO). DIRETORIA DO CARJ

Pres idente : Ronaldo Rogério de Freitas Mourão

V ice-Pres idente : Mario Jaci Monteiro

Diretor Técnico : Luiz Hernani de Almeida Negrão

Assistente D. Técnico : Sérgio Martins Ferraz

Diretor Financeiro : Rosário Cianci

S ecretár ia : Bernardeth Vieira de Souza

CONSELHO FISCAL

Alexandre Fucs - Décio Ferreira Maia - José Julio D.Nogueira