Relatório Técnico Final Volume 3 de 3

Indicadores Biológicos

Maio de 2017

Contratante:

Executores:

COORDENAÇÃO Profª. Drª. Bárbara Segal Ramos

VICE COODERNAÇÃO Profª. Drª. Andrea Santarosa Freire

GERENTE DO PROJETO Marcio Soldateli

ORGANIZAÇÃO Ana Flora Sarti de Oliveira e Camila Ayroza

Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina

U58 Universidade Federal de Santa Catarina. Relatório Técnico Final : volume 3 de 3 : indicadores Biológicos / Coordenação: Bárbara Segal Ramos ; Vice Coodernação: Andrea Santarosa Freire ; Gerente do Projeto: Marcio Soldateli ; Organização: Ana Flora Sarti de Oliveira, Camila Ayroza. – Florianópolis :UFSC/MAArE, 2017. 167 p. : il., gráf., mapas, tab.

Inclui bibliografia. Projeto MAArE : Monitoramento ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e entorno

1. Biodiversidade marinha, Banco de rodolitos, Madracis decactis, Unidade de Conservação, Gestão Baseada em Ecossistemas –Santa Catarina - Relatórios. I. Ramos, Bárbara Segal. II. Freire, Andrea Santarosa. III. Soldateli, Marcio. IV. Oliveira, Ana Flora Sarti de. V. Ayroza, Camila.

CDU: 502.62(816.4)(047)

ISBN 978-85-64093-59-1

Como citar este documento: MAArE (2017) Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno. Relatório Técnico Final – Volume 3: Indicadores Biológicos. Florianópolis/SC.

O Projeto MAArE originou-se a partir de uma condicionante indicada pelo Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio), no âmbito do processo de licenciamento ambiental do IBAMA, relacionado às atividades da PETROBRAS.

APROVAÇÃO DO DOCUMENTO ORIGINAL

Cargo Data Assinatura

Coordenação

Vice coordenação

Gerente do Projeto

Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Sumário

1 Introdução ...... 18

2 Objetivos ...... 26

3 Material e método ...... 27

Campanhas de mergulho científico e aquisição de dados ambientais ...... 27

Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas ...... 28

Macroinvertebrados de substrato inconsolidado ...... 30

Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis ...... 30 Aplicação do protocolo Reef Check no contexto REBIO Arvoredo e Entorno ...... 30 Monitoramento do banco de Madracis decactis ...... 33

Crustáceos ...... 33

Biodiversidade de peixes recifais ...... 35

Espécies exóticas ...... 36

4 Tratamento dos dados e processamento das amostras ...... 37

Séries temporais de temperatura ...... 37

Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas ...... 37

Macroinvertebrados de substrato inconsolidado ...... 38 Caracterização do sedimento ...... 38 Macrofauna ...... 39

Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis ...... 40

Crustáceos ...... 40

Biodiversidade de peixes recifais ...... 40

Integração dos dados biológicos ...... 41

5 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

5 Resultados e discussão ...... 43

Caracterização do ambiente ...... 43 Os fundos inconsolidados ...... 43 Os costões rochosos e a temperatura no infralitoral ...... 49 Lixo nos costões e bancos ...... 53

Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas ...... 56 Amostragem qualitativa ...... 56 Amostragem quantitativa ...... 58

Macroinvertrebrados de substrato inconsolidado ...... 70

Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis ...... 81 Costões rochosos ...... 81 Bancos de rodolitos ...... 88 Banco de Madracis decactis ...... 90

Crustáceos ...... 92

Biodiversidade de peixes recifais ...... 107 Riqueza e diversidade de espécies ...... 107 Biomassa e abundância de peixes recifais ...... 108 Biomassa e abundância de peixes recifais em uma escala temporal ...... 113 Abundância de peixes recifais de acordo com a profundidade ...... 117 Novos registros ...... 118

Espécies exóticas ...... 120

Integração dos resultados biológicos ...... 123

6 Conclusão ...... 127

7 Recomendações para monitoramento e gestão ...... 128

Monitoramento da cobertura dos costões e bancos por fotoquadrado...... 129

Monitoramento de macroinvertebrados de substrato inconsolidado ...... 129

Monitoramento do banco de Madracis decactis ...... 129

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Monitoramento da carcinofauna ...... 130

Monitoramento de peixes recifais ...... 131

Monitoramento de espécies exóticas ...... 132

Monitoramento de macroinvertebrados e de cobertura do substrato consolidado baseado no protocolo Reef Check...... 133 Sugestão de sítios para monitoramento contínuo ...... 136 Posicionamento das transecções e ambiente investigados ...... 137 Principais indicadores biológicos ...... 138

8 Considerações finais ...... 146

9 Equipe das subáreas ...... 148

10 Bibliografia ...... 149

Anexo I – Espécies de algas ...... 153

Anexo II – Espécies de macroinvertebrados de substrato consolidado ...... 159

Anexo III – Espécies de crustáceos ...... 161

Anexo IV - Espécies de peixes recifais ...... 163

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Lista de figuras

Figura 1.1 Área de estudo do Projeto MAArE – Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno. O polígono delimitado pela linha tracejada representa a área da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Estações oceanográficas completas: amostragem de parâmetros físico-químicos, plâncton e sedimento; CTD: amostragem de parâmetros físico-químicos. + indica a localização de instrumentos para registros de dados contínuos: marégrafo, ADCP e estação meteorológica...... 19 Figura 3.1 Coleta de dados biológicos no Projeto MAArE. No costão rochoso mergulhadores realizam busca ativa por espécies exóticas, censo de peixes, a contagem de macroinvertebrados indicadores, classificação da cobertura do substrato e o levantamento da diversidade de crustáceos. No fundo de areia mergulhadores coletam sedimento que é transportado para a superfície. No banco de rodolitos ocorre a captura de imagens para o monitoramento. Em detalhe, equipamento instalado no costão para medição contínua da temperatura. Ilustração: Alexandre Dolito Viana e Leandro Lopes de Souza...... 27 Figura 3.2 A) Amostragem não destrutiva em costão rochoso (Foto: Acervo MAArE); B) Fotoquadrado Ilha das Galés caracterizando costão rochoso (Foto: Acervo MAArE); C) Amostragem qualitativa no banco de algas calcárias da Ilha Deserta (Foto: Acervo MAArE); D) Cabos esticados na área de amostragem na Ilha Deserta (Foto: Marina Sissini) E) Imagem representando a metodologia de amostragem não destrutiva através de fotoquadrados em uma primeira caracterização do transecto seguida de uma amostragem qualitativa. Ilustração: Letícia Peres...... 29 Figura 3.3 Coleta de sedimento para análise sedimentológica e da macrofauna bentônica...... 30 Figura 3.4 Levantamento de dados do tipo de cobertura do substrato, a mesma área é supervisionada para o censo de macroinvertebrados...... 31 Figura 3.5 Contagem de colônias roladas do coral Madracis decactis seguindo transecções fixas sobre o banco da Ilha Galé. Foto: Acervo MAArE...... 33 Figura 3.6: Amostragem de crustáceos decápodes utilizando transectos em duas faixas de profundidade: Raso: 0-5 metros, Fundo: 5 a 15 metros. Autor: Bruno Giraldes...... 34 Figura 3.7 – a) Representação do método de censo visual utilizado para estimar a comunidade de peixes recifais. O mergulhador percorre uma distância de 20 m e quantifica as espécies encontradas em uma área de 40 m². b) Imagem de pesquisador realizando censo visual enquanto desenrola a trena. Ilustração e foto: Acervo LBMM – Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha...... 36

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Figura 3.8 Dupla de mergulhadores Edson Faria Júnior e Jonathan W. Lawley realizando o trabalho de detecção de invertebrados bentônicos indicadores e exóticos pela subárea BEE na REBIO Arvoredo e entorno. Foto: Bruna F. Gregoletto...... 37 Figura 5.1 Representação gráfica dos eixos 1 e 2 resultado da análise em componentes principais aplicada sobre o tamanho médio do grão (Média), grau de selecionamento (Selecionamento), assimetria e percentagem de carbonato de cálcio (CaCO3)...... 49 Figura 5.2 Rugosidade nos costões rochosos da REBIO Arvoredo e Entorno...... 50 Figura 5.3 Temperaturas, máximas (tons escuros) e mínimas (tons claros) diárias, medidas por sensores in situ em comparação com média de todos os pontos amostrados (22,08°C)...... 51 Figura 5.4 Frequência de temperaturas inferiores ou iguais a 18°C. Interpolação elaborada com base nas medidas dos sensores instalados in situ...... 52 Figura 5.5 Densidade média de lixo observada sobre costões rochosos, bancos de Madracis decactis e de rodolitos. A quantidade de lixo foi levantada por contagem em áreas de 40m², segundo o protocolo Reef Check...... 55 Figura 5.6 Macroalgas frequente e algumas vezes dominantes sobre os substratos submersos na REBIO do Arvoredo e Entorno (onde: a. algas filamentos vermelhas (Ceramiaceae) e verdes (Bryopsis pennata) filamentosas; b. alga vermelha Sonderophycus capensis dominando áreas mais profundas e muitas vezes com pouca luz; c. alga vermelha Asparagopsis taxiformis, frequente e muitas vezes abundante durante o verão especialmente em áreas mais rasas; d. isthmocladum, pouco frente mas eventualmente abundantes nas ilhas ao sul da REBIO; e. e f. Codium intertextum, que pode ser observado isoladamente ou formando extensos bancos; g. Algas de aspecto filamentoso verdes (Chaetomorpha sp e Derbesia marina) e vermelhas (Hypnea spinella e Polysiphonia sp.); h. alga parda Dictyota ciliolata e i. Sargassum vulgare foram especialmente abundantes nas áreas amostrais do entorno ao norte da REBIO)...... 57 Figura 5.7 Espécies dominantes no banco de rodolitos da Ilha Deserta. (Onde: A = Mesophyllum erubescens, B = Lithothamnion heteromorphum e C = Lithophyllum margaritae...... 58 Figura 5.8 Número de espécies resultado da análise da amostragem qualitativa de cada um dos sítios de coleta ao longo de três anos de amostragem (onde: NL: Naufrágio do Lili, TS: Toca da Salema, DE: Ilha Deserta, DEBR; Ilha Deserta – Banco de Rodolitos, SA: Saco d’ Água, RN: Rancho Norte; ESTL: Estaleiro Leste; ESTO: Estaleiro Oeste; SC: Saco do Capim; FA: Baía do Farol; AR: Ilha das Aranhas; XV: Ilha do Xavier)...... 58

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Figura 5.9 Porcentagem de cobertura relativa média, considerando os anos 2015 e 2016, dos grupos mais abundantes do fitobentos dos costões rochosos na área da REBIO Arvoredo e entorno considerando a análise dos fotoquadrados (onde: cores diferentes representam grupos diferentes conforme legenda apresentada no canto inferior esquerdo da figura; numeros se referem aos sítios de coleta conforme legenda no canto superior esquerdo da figura; n total= 495)...... 60 Figura 5.10 Percentagem de cobertura relativa média, considerando os anos 2015 e 2016, dos grupos mais abundantes do fitobentos associado aos bancos de rodolitos presentes na área da REBIO Arvoredo considerando a análise dos fotoquadrados (onde: cores diferentes representam grupos ou unidade operacionais conforme legenda apresentada no canto inferior esquerdo da figura; números se referem aos sítios de coleta conforme legenda no canto superior direito da figura; n total= 120). .. 61 Figura 5.11 Índices sintéticos calculados a partir da cobertura relativa considerando os sítios de coleta da REBIO Arvoredo e seu entorno, e as amostragens realizadas em 2015 e 2016 (valores médios acompanhados do erro padrão). Para esta análise foi suprimida a amostragem de 2014 uma vez que durante esse período por limitações climáticas e oceanográficas não foram realizadas coletas no entorno norte. A) A Riqueza por unidade amostral. B) Diversidade de Shannon por unidade amostral (amostrador 25x25 cm). Letras diferentes simbolizam diferenças expressas pelo teste a posteriori (n=615)...... 62 Figura 5.12 Variação da cobertura do macrobentos de macroalgas e invertebrados considerando as médias observadas em cada ano de monitoramento na REBIO Arvoredo e em seu Entorno (valores médios acompanhados do erro padrão). Com o objetivo de descrever a variação nos três anos nessa análise foi mantida a amostragem de 2014 (n total=615)...... 63 Figura 5.13 A) Cobertura relativa de turf calcário e B) Sargassum sp. Considerando o período 2015/2016 as duas faixas de profundidade amostradas (5 e 10 metros) envolvendo os doze sítios representando a REBIO Arvoredo e seu entono (valores médios acompanhados do erro padrão). Para esta análise foi suprimida a amostragem de 2014 uma vez que durante esse período por limitações climáticas e oceanográficas não foram realizadas coletas no Estaleiro Leste e Oeste. Letras diferentes simbolizam diferenças expressas pelo teste a posteriori (n=615)...... 64 Figura 5.14: NMDS ilustrando a similaridade entre as amostras entre sítios da REBIO do Arvoredo, do entorno Norte, entorno Imediato e entorno Sul. As amostragens de 2014 foram excluídas desta análise por não terem contemplado o entorno Norte. Dados foram transformados por arco-seno e apresentados segundo a distância euclidiana. Turf_fill = turf filamentoso; casc_areia = cascalho ou

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areia; Sarg = Sargassum sp.; Padina = Padina sp.; Prot_palyt = Protopalyhota sp. ou Palythoa caribaeorum; Palyt = Palyhota; Turf_calc = Turf calcário; Calc_art = Alga calcária articulada...... 65 Figura 5.15: Diagrama de escalonamento das similaridades (MDS). Onde as siglas representam os locais amostrados (AR- Ilha das Aranhas, DS – Ilha Deserta Sul, ID- Ilha Deserta, ESTL- Estaleiro Leste, FA- Baía do Farol, NL- Naufrágio da Lili, SA- Saco d’Água, SC- Saco do Capim, TS- Toca da Salema, XV- Xavier) seguida pelo tipo de fundo...... 76 Figura 5.16: Representação dos valores médios e respectivos erros padrões de riqueza de táxons (A), abundância de indivíduos (B), equitabilidade (C) e diversidade de espécies (D), calculados para cada associação de acordo com tipo de sedimento...... 78 Figura 5.17 Representação dos valores médios e respectivos erros padrões de riqueza de táxons (A), abundância de indivíduos (N), equitabilidade (C) e diversidade de espécies (D), calculados para a área da REBIO e seu entorno...... 79 Figura 5.18: Curva acumulada de espécies encontradas nos diferentes tipos de sedimento, arenoso, granuloso e carbonático...... 79 Figura 5.19: Curva acumulada de espécies encontradas na área da REBIO e no seu entorno...... 80 Figura 5.20 Análise de Coordenadas Principais onde os pontos representam as transecções realizadas nos costões rochosos, a ordenação foi gerada a partir dos dados de cobertura do substrato (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 81 Figura 5.21 Tipos de cobertura do substrato nos costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 82 Figura 5.22 Análise de coordenadas principais onde cada ponto corresponde a contagem de macroinvertebrados indicadores nos costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 83 Figura 5.23 A abundância de ouriços na REBIO Arvoredo é maior que no entorno da unidade (U=612; p=0,3*10-6). Onde: FA = Baía do Farol e SC = Saco do Capim. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas horizontais a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 84 Figura 5.24 Abundância média de ouriços nos costões rochosos amostrados pelo Projeto MAArE. Variação expressa por erro padrão, (*) indica ausência de erro padrão pois o número de transecções foi igual a dois. Onde: NL=Naufrágio do Lili, TS = Toca da Salema, DE = Ilha Deserta, DS = Ilha Deserta Sul, AS = Saco d’Água, FA = Baía do Farol, RN = Rancho Norte, ESTO = Estaleiro Oeste, ESTL = Estaleiro Leste, SC = Saco do Capim, AR = Ilha das Aranhas e XV = Ilha do Xavier...... 85

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Figura 5.25 Abundância de macroinvertebrados em costões rochosos. Os asteriscos indicam diferenças significativas entre as abundâncias dos organismos dos costões da REBIO Arvoredo e o entorno da unidade. Onde: Sítios com valores extremos FA = Baía do Farol, NL = Naufrágio do Lili, TS = Toca da Salema, SC = Saco do Capim. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 86 Figura 5.26 Densidade média de macroinvertebrados em costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 87 Figura 5.27 A) Costão rochoso recoberto por zoantídeos e turf, matriz de alga epilítica, um ambiente típico da REBIO Arvoredo e entorno. B) Adensamento de ouriços, Echinometra lucunter sobre costão rochoso recoberto principalmente por alga calcária crostosa. Fotos: A) Edson Faria Junior e B) Eduardo Bastos...... 88 Figura 5.28 Cobertura do substrato nos bancos de rodolitos e no banco de Madracis decactis (dados referentes às campanhas 2015 e 2016). O banco da llha Deserta tem a paisagem mais heterogênea, marcada por manchas de areia e matacões. Um fina camada de alga calcária encrustante, aqui denominada de alga calcária crostosa, pode ocorrer sobre as rochas esparsas pelo banco. Os rodolitos, por sua vez, permanecem diretamente sobre o fundo de areia formando nódulos...... 89 Figura 5.29 Macroinvertebrados encontrados nos Bancos de Rodolito da REBIO Arvoredo. (*) Indica Diferença significativa (Z = 2,37, p=0,01). DEBR= Banco e Rodolitos da Ilha na Ilha Deserta e RNBR = Banco de Rodolitos no Rancho Norte, Ilha Do Arvoredo. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016)...... 90 Figura 5.30 Contagem de colônias por fotoquadrados e contagem in situ. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes à campanha 2016)...... 91 Figura 5.31: Densidade média (indivíduos/ 40m²) de crustáceos e das quatro espécies indicadoras nos costões dos sítios da REBIO e entorno. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Azul= Lysmata ankeri, Branco= outros...... 95 Figura 5.32: Abundância (média e erro padrão) dos crustáceos indicadores na REBIO Arvoredo e entorno...... 96 Figura 5.33 Abundância média (indivíduos/ 40m²) de crustáceos e das espécies indicadoras presentes nos bancos de rodolitos da Ilha Deserta e Rancho Norte. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Branco= outros...... 97

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Figura 5.34: Variação temporal da abundância (média e erro padrão) de crustáceos na REBIO Arvoredo e entorno...... 98 Figura 5.35: Abundância (média e erro padrão) de crustáceos nos sítios da REBIO Arvoredo nos anos 2014, 2015 e 2016. NL= Naufrágio Lili, TS= Toca da Salema, DE= Ilha Deserta, DEBR= Banco de Rodolitos da Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, SA= Saco d’Água, RN= Rancho Norte e RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte...... 98 Figura 5.36: Abundância (média e erro padrão) de crustáceos nos sítios do Entorno da REBIO nos anos 2014, 2015 e 2016. ESTL= Estaleiro Leste, ESTO= Estaleiro Oeste, SC= Saco do Capim, FA= Baía do Farol, AR= Ilha das Aranhas e XV= Ilha do Xavier...... 98 Figura 5.37: Curva de acumulação de espécies por indivíduos. AR= Ilha das Aranhas, DE= Ilha Deserta, DEBR= Banco de rodolitos da Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, ESTL= Estaleiro Leste, ESTO= Estaleiro Oeste, FA= Baía do Farol, NL= Naufrágio Lili, RN= Rancho Norte, RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte, SA= Saco d’Água, SC= Saco do Capim, TS= Toca da Salema, XV= Ilha do Xavier...... 99 Figura 5.38: Análise de ordenação através da estrutura das comunidades de crustáceos de cada sítio. AR= Ilha das Aranhas; DE= Ilha Deserta; DEBR= Banco de rodolitos da Ilha Deserta; DS= Ilha Deserta Sul; ESTL= Estaleiro Leste; ESTO= Estaleiro Oeste; FA= Baía do Farol; NL= Naufrágio Lili; RN= Rancho Norte; RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte; SA= Saco d’Água; SC= Saco do Capim; TS= Toca da Salema; XV= Ilha do Xavier. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Azul= Lysmata ankeri;e onde: Alpheus formosus - Alfo, Apheus - Alph, Calcinus tibicen - Cati, Cronius ruber - Cron, Damithrax hispidus - Dahi, Damithrax tortugae - Dato, Dardanus insignis - Dain, Dardanus venosus - Dave, Hyppoconcha parasitica - Hypa, Lysmata ankeri - Lyan, Macrocoeloma camptocerum - Maca, Menippe nodifrons - Meno, Mithraculus forceps - Mifo, Moreiradromia antillensis - Moan, Pachycheles chubutensis - Pachu, Pachycheles monilifer - Pamo, Paguristes tortugae - Pato, Pagurus provenzanoi - Papr, Panulirus laevicauda - Pala, Petrochirus diogenes - Pedi, Petrolisthes galathinus - Pega, PILUMNIDAE / PANOPEIDAE - Pilu, Platypodiella spectabilis - Platy, PORCELLANIDAE - Porc, Portunus spinimanus - Portu, Scyllarides deceptor - Scde, Stenopus hispidus - Sehi, Stenopus spinosus - Stsp, Stenorhynchus seticornis - Stse, Stomatopodo – Sto...... 101 Figura 5.39: Abundância (média e erro padrão) dos indicadores biológicos nas duas faixas de profundidade amostradas...... 102

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Figura 5.40: Abundância (média e erro padrão) dos indicadores biológicos nos sítios da REBIO Arvoredo (acima) e do entorno (abaixo). NL= Naufrágio Lili, TS= Toca da Salema, DE= Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, SA= Saco D’água, RN= Rancho Norte, SC= Saco do Capim, FA= Baía do Farol, AR= Ilha das Aranhas, XV= Ilha do Xavier...... 103 Figura 5.41: Escalonamento multidimensional não-métrico (EMNM) das comunidades de crustáceos nos microambientes Externo, Crevicular, Interface e Móvel nos três anos de amostragem do Projeto MAArE...... 105 Figura 5.42: A) Scyllarides deceptor, B) Scyllarides brasiliensis e C) Panulirus laevicauda. Fotos: Thais Macedo...... 105 Figura 5.43: A) Stenopus spinosus, B) Stenopus hispidus, C) Alpheus formosus, D) Lysmata ankeri, E) Alpheus cf. packardii, F) Dardanus venosus. Fotos: A) Eduardo Bastos, B e F) Thais Macedo, C a E) Bruno W. Giraldes...... 106 Figura 5.44 – Curva de acumulação de espécies por sítio amostral. O sítio Saco do Capim (SC) registrou mais de 20.000 indivíduos de sardinha (Sardinella sp.), que foram retiradas para facilitar a visualização das curvas de menor abundância. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA) Saco d’ Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier...... 107 Figura 5.45 – Mapa da área de estudo do projeto MAArE. Os círculos representam proporcionalmente a biomassa média dos principais grupos tróficos em cada sítio amostral (dados referentes às campanhas 2014, 2015 e 2016)...... 109 Figura 5.46 – Mapa da área de estudo do projeto MAArE. Os círculos representam proporcionalmente a biomassa média das espécies alvo de pesca segundo Floeter (2008) em cada sítio amostral (dados referentes às campanhas 2014, 2015 e 2016). Os círculos azuis representam sítios localizados dentro dos limites da REBIO Arvoredo e os amarelos os sítios localizados no entorno da Reserva...... 110 Figura 5.47 – Biomassa média da garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) por classes de tamanho (dados compilados de 2009 a 2016, incluindo as campanhas do MAArE de 2014, 2015 e 2016). As barras verticais azuis representam os valores referentes aos sítios amostrais pertencentes à REBIO Arvoredo (Ilha Galé e Deserta) e as laranjas aos sítios amostrais localizados no entorno da Reserva (Saco do Capim, Baía do Farol e Ilha do Xavier)...... 111 Figura 5.48 Análise NMDS da semelhança entre os sítios com base na biomassa das principais espécies de peixes recifais. Em azul os sítios dentro da REBIO e em laranja os do entorno. Legendas das espécies

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de peixes: abu_sax = Abudefduf saxatilis; ani_vir = Anisotremus virginicus; bod_ruf = Bodianus rufus; car_cry = Caranx crysos; dip_arg = Diplodus argenteus; epi_mar = Epinephelus marginatus; hae_aur = Haemulon aurolineatum; hol_ads = Holocentrus adscensionis; kyp_sec = Kyphosus sectatrix; kyp_sp = Kyphosus sp.; pom_par = Pomacanthus paru; pri_are = Priacanthus arenatus; spa_axi = Sparisoma axillare; ste_fus = Stegastes fuscus...... 112 Figura 5.49 Análise NMDS da semelhança entre os sítios estudados com base na abundância das principais espécies de peixes recifais. Em azul os sítios dentro da REBIO e em laranja os do entorno. Legendas das espécies de peixes: abu_sax = Abudefduf saxatilis; ani_vir = Anisotremus virginicus; chr_lim = Chromis limbata; cor_gla = Coryphopterus glaucofraenum; dec_mac = Decapteus macarellus; dip_arg = Diplodus argenteus; epi_mar = Epinephelus marginatus; hae_aur = Haemulon aurolineatum; har_clu = Harengula clupeola; mal_del = Malacoctenus delalandii; odo_den = Odontoscion dentex; par_mar = Parablennius marmoreus; par_pil = Parablennius pilicornis; pem_sch = Pempheris schomburgkii; pri_are = Priacanthus arenatus; pse_mac = Pseudupeneus maculatus; sar_bra = Sardinella brasiliensis; ste_fus = Stegastes fuscus...... 113 Figura 5.50 – Representação da biomassa (kg/40m²) de peixes recifais nos 12 sítios amostrais. Os círculos à esquerda dos losangos laranja representam os censos visuais realizados no ano de 2014, os círculos à esquerda dos losangos rosa representam os censos visuais realizados no ano de 2015 e os círculos à esquerda dos losangos verdes representam o ano de 2016. Os losangos representam as médias de biomassa e as barras o desvio padrão. Por causa de condições climáticas inapropriadas, o sítio Estaleiro foi amostrado apenas nos anos de 2015 e 2016 e a Ilha das Aranhas apenas nos anos de 2014 e 2016. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA) Saco d’Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier...... 114 Figura 5.51 – Representação da abundância (indivíduos/40m²) de peixes recifais nos 12 sítios amostrais. Os círculos à esquerda dos losangos laranja representam os censos visuais realizados no ano de 2014, os círculos à esquerda dos losangos rosa representam os censos visuais realizados no ano de 2015 e os círculos à esquerda dos losangos verdes representam o ano de 2016. Os losangos representam as médias de biomassa e as barras o desvio padrão. Por causa de condições climáticas inapropriadas, o sítio Estaleiro foi amostrado apenas nos anos de 2015 e 2016 e a Ilha das Aranhas apenas nos anos de 2014 e 2016. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA)

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Saco d’ Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier...... 114 Figura 5.52 – Biomassa média de duas espécies alvo de pesca, a Garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) e o Papagaio Cinza (Sparisoma axillare) para os anos de 2008 a 2016. Em negrito os anos relativos às campanhas do MAArE (2014, 2015 e 2016). Os demais dados compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC). As barras verticais azuis representam os valores referentes aos sítios amostrais pertencentes à REBIO Arvoredo (Ilha Galé e Deserta) e as laranjas aos sítios amostrais localizados no entorno da Reserva (Saco do Capim, Baía do Farol e Ilha do Xavier)...... 115 Figura 5.53 – Representação da biomassa média de peixes recifais de acordo com seus grupos tróficos para os anos de 2008 a 2016, incluindo os anos do MAArE (2014, 2015 e 2016). Os demais dados compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC). MCAR: Macro- carnívoros, HERB: Herbívoros vagueadores, MINV: Comedores de invertebrados móveis, SINV: Comedores de invertebrados sésseis, OMNI: Onívoros, MINVC: Comedores crípticos de invertebrados móveis, THERB: Herbívoros territoriais e PLANK: Planctívoros...... 116 Figura 5.54 – Peixe exótico Donzela de Açores (Chromis limbata). Foto: João Paulo Krajewski...... 117 Figura 5.55 – Biomassa média para a Donzela dos Açores (Chromis limbata). Espécie exótica originária do Atlântico Oriental registrada pela primeira vez no Brasil aqui em Santa Catarina em 2009, posteriormente já foi registrada para o Rio Grande do Sul e São Paulo. Dados de 2008 a 2013 compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC)...... 117 Figura 5.56 – Distribuição das espécies mais abundantes em duas profundidades diferentes. Dados obtidos a partir de censos visuais durante as campanhas do MAArE...... 118 Figura 5.57 – Falsa moréia ornamentada (Quassiremus ascensionis), foto no Banco de rodolitos da Ilha Deserta por Instituto Larus...... 119 Figura 5.58 – Cirurgião africano (Acanthurus monroviae) registrado em São Tomé, África. Foto: Sergio R. Floeter...... 119 Figura 5.59 Evolução temporal dos pontos de invasão do coral-sol Tubastraea coccinea, incluindo dados obtidos em campanhas fora do âmbito do projeto MAArE (anos 2012, 2013 e parte de 2014)...... 121 Figura 5.60 O coral-sol Tubastraea coccinea em contato com o coral nativo Astrangia rathbunii no Rancho Norte, Ilha do Arvoredo. Pode-se observar a morte dos pólipos de A. rathbunii que estão em contato direto com o coral-sol...... 122

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Figura 5.61 Análise de Componentes Principais. O ordenamento dos sítios foi elaborado de acordo com os principais resultados apresentados anteriormente, considerando dados bióticos e abióticos. Os vetores representam a correlação entre a ordenação e a matriz de dados original. Onde: AR- Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier. T.18 – Temperaturas menores que 18° C, Turf - Cobertura de macroalgas tipo turf, dist_cost - Distância da costa, crust_Dh_Mf - Abundância de Damithrax hispidus e Mithraculus forceps, crust_P.prov - Abundância Pagurus provenzanoi, r_algas - Riqueza de espécies de algas, ab_ourico - Abundância de ouriços, b_pesca - Biomassa de peixes de interesse para a pesca, lixo_pesca - Frequência de registros de pesca, lixo - Frequência de registros de lixo comum...... 124 Figura 5.62 Escalonamento multidimensional não-métrico. Ordenamento dos sítios foi plotado de acordo com a abundância das espécies de algas, macroinvertebrados, crustáceos e peixes recifais. As isolinhas representam a frequência (%) de temperaturas abaixo de 18° C obtidas com os data loggers, esses valores não foram utilizados para a ordenação dos sítios. Onde: AR - Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier...... 126 Figura 5.63 Análise de agrupamento dos sítios de amostragem com a matriz de espécies amostradas (invertebrados bentônicos, crustáceos, peixes e algas). AR- Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier...... 127 Figura 7.1 Categorias mais abundantes de cobertura de substrato nos sítios sugeridos para a continuidade do monitoramento. Os dados plotados foram coletados por fotoquadrados (MAArE 2017a, pág 24) e por transecções em linha (MAArE 2017a, pág 41), para a comparação os tipos de cobertura do substrato identificados por fotoquedrado foram classificados de acordo com as categorias adaptadas do protocolo Reef Check (MAArE, 2017a). Nos gráficos estão representadas as medianas em linhas e os quartis em caixas...... 135

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1 Introdução

Atendendo a Condicionante de Licença de Instalação N° 675/2010 emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) a PETROBRAS contratou o Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno (Projeto MAArE). Sua elaboração foi idealizada em uma parceria firmada entre a Reserva Biológica Marinha do Arvoredo (REBIO Arvoredo) e o Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (ECZ-UFSC). A Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) foi responsável pelo apoio administrativo. O objetivo geral do projeto foi subsidiar um Programa de Monitoramento contínuo e sistematizado na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo baseado em indicadores biológicos, associados a uma caracterização de parâmetros oceanográficos. Espera-se que os resultados dessa fase preliminar de duração de três anos possam servir de base para a estruturação de um programa contínuo de monitoramento da qualidade ambiental do ecossistema marinho, de forma a apoiar o processo de gestão da Unidade de Conservação. O projeto é subdividido em duas grandes áreas denominadas Indicadores Biológicos e Parâmetros Oceanográficos, que tiveram como área de estudo ambientes da REBIO Arvoredo e também áreas adjacentes (Figura 1.1). Em 2013 teve início a mobilização técnica para execução do projeto, em 2014 foram adquiridos os primeiros dados. No entanto, nesse primeiro ano, em função de atrasos na contratação da equipe e aquisição de equipamentos e materiais, a campanha ocorreu fora da época adequada (verão). Isso por sua vez gerou dificuldades de padronização das amostragens nesse período na área de Indicadores Biológicos e de interpretação da variabilidade sazonal em 2014 na área de Parâmetros Oceanográficos. Os resultados do projeto serão apresentados em três volumes, Volume 1: Parâmetros Oceanográficos - Análise de séries temporais de equipamentos fixos (perfilador de correntes, marégrafo e estação meteorológica); Volume 2: Parâmetros Oceanográficos - Análise de parâmetros ambientais da coluna d´água, plâncton e sedimentos; Volume 3: Indicadores Biológicos.

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Figura 1.1 Área de estudo do Projeto MAArE – Projeto de Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno. O polígono delimitado pela linha tracejada representa a área da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo. Estações oceanográficas completas: amostragem de parâmetros físico-químicos, plâncton e sedimento; CTD: amostragem de parâmetros físico- químicos. + indica a localização de instrumentos para registros de dados contínuos: marégrafo, ADCP e estação meteorológica.

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O presente documento contém os resultados de coleta de dados da Área Indicadores Biológicos obtidos em três anos (2014 -2016) de monitoramento. A coleta de dados foi realizada por seis subáreas. A subárea Invertebrados de Substrato Consolidado se encarregou da medição da temperatura nos costões rochosos além da coleta de dados biológicos (Tabela 1.1). Os métodos de coleta de cada subárea são abordados suscintamente nesse documento e podem ser consultados com maior detalhamento no documento Protocolos Técnicos - Volume 2 (MAArE, 2017a).

Tabela 1.1 Subárea de Indicadores Biológicos e Pesquisadores Responsáveis. Subárea Pesquisador responsável Licença 1 - Taxonomia e Biodiversidade de Algas Marinhas (BAM) Prof. Dr. Paulo Horta 41579-1 2 – Macroinvertebrados de Substrato Inconsolidado (ISI) Prof. Dr. Tito César M. de Almeida 41592-1 3 - Macroinvertebrados de Substrato Consolidado (ISC) Profa. Dra. Bárbara Segal 41823-1 4 - Crustáceos (CRT) Profa. Dra. Andrea Freire 42355-1 5 - Biodiversidade de Peixes Recifais (BPR) Prof. Dr. Sérgio Floeter 41879-1 6 - Biodiversidade de Bentos de Substrato Consolidado e Prof. Dr. Alberto Lindner 41878-1 Espécies Exóticas (BEE)

Ao todo foram amostrados seis sítios na REBIO Arvoredo e seis em seu entorno, além de sítios exploratórios, onde houve apenas busca por novas ocorrências de espécies, em particular por espécies exóticas (Tabela 1.2). Nos dias de campanha de campo a amostragem se iniciava com a aquisição de dados gerais do sítio de coleta (Tabela 1.3). No decorrer do projeto foram feitas adequações quanto aos procedimentos de coleta, com o objetivo de melhorar e validar os protocolos a serem aplicados para a continuidade do monitoramento. A primeira campanha de coleta de dados biológicos ocorreu em 2014, entre os meses de março e abril. Nos anos seguintes, 2015 e 2016, as campanhas ocorreram entre janeiro e início de março. Os resultados obtidos no decorrer dos três anos de monitoramento são apresentados de forma contextualizada com trabalhos pretéritos, quanto pertinente. A partir desse esforço foram elencadas considerações e sugestões para a continuidade do monitoramento no contexto da gestão da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo.

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Tabela 1.2 Localização dos sítios para coleta de dados biológicos. Os sítios exploratórios foram visitados com amostragens qualitativas, onde não houveram amostragens segundo os protocolos (MAArE, 2017a).

SÍTIO CÓDIGO POSIÇÃO LAT LONG Tipo Ilha Deserta DE REBIO Arvoredo -27.27171 -48.33171 Sítio amostral Ilha Deserta – Banco de DEBR REBIO Arvoredo -27.27171 -48.33171 Rodolitos Ilha Deserta Leste DL REBIO Arvoredo -27.27645 -48.33223 Sítio exploratório Ilha Deserta Norte DN REBIO Arvoredo -27.26770 -48.32792 Sítio exploratório Ilha Deserta Sul DS REBIO Arvoredo -27.27424 -48.3339 Sítio amostral Naufrágio do Lili NL REBIO Arvoredo -27.17842 -48.40696 Sítio amostral Rancho Norte RN REBIO Arvoredo -27.27823 -48.37542 Sítio amostral Rancho Norte – Banco de RNBR REBIO Arvoredo -27.27823 -48.37542 Rodolitos Saco d' Água SA REBIO Arvoredo -27.27486 -48.36674 Sítio amostral Toca da Salema TS REBIO Arvoredo -27.18098 -48.40996 Sítio amostral Toca da Salema - Banco de TSBM REBIO Arvoredo -27.18098 -48.40996 Madracis decactis Baía do Farol FA Entorno -27.29601 -48.36168 Sítio amostral Estaleiro Leste ESTL Entorno -27.11839 -48.51951 Sítio amostral Estaleiro Oeste ESTO Entorno -27.11862 -48.51470 Sítio amostral Ilha das Aranhas AR Entorno -27.48816 -48.36523 Sítio amostral Ilha do Xavier XV Entorno -27.60959 -48.38742 Sítio amostral Saco do Capim SC Entorno -27.28370 -48.37368 Sítio amostral Saco do Vidal SV Entorno -27.29940 -48.35830 Sítio exploratório

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Tabela 1.3 Dados de campo, medições realizadas pontualmente nos dias de campanha de campo. (---) representa dados não registrados. DIREÇÃO VISIB HORA HORA INTESIDADE TEMP. Temp.(C°) Temp.(°C) LOCAL DATA TEMPO DO EXPOSIÇ. Secchi HORIZ Salinid. INICIAL FINAL DO VENTO DO AR(°C) 3 a 5m 6 a 10m VENTO (m) Rancho 19/03/2014 8:30 13:30 ensolarado norte calmaria abrigado 30 26 25 --- 10 --- Norte Saco do 24/03/2014 8:30 14:30 ensolarado nordeste calmaria abrigado 29 26 24 4 5 --- Capim Ilha 25/03/2014 9:37 13:00 ensolarado sul calmaria abrigado 29 24 24 9 8 --- Deserta Saco d’ 26/03/2014 9:20 13:30 ensolarado sudeste fraco abrigado 28 24 23 7 5.5 --- Água Baía do 27/03/2014 9:20 13:10 nublado leste fraco abrigado 27 24 24 5 3.5 --- Farol Naufrágio 4/04/2014 10:25 13:45 ensolarado sudeste calmaria abrigado 28 24 24 3.5 3 --- do Lili Toca da 5/04/2014 10:00 14:20 nublado nordeste fraco abrigado 30 25 26 3 4 --- Salema Ilha 6/04/2014 10:30 14:45 ensolarado nordeste fraco abrigado 28 25 24 8.3 7 --- Deserta Rancho 8/04/2014 10:00 14:00 ensolarado nordeste brisa abrigado 30 25 24 7 6 --- Norte Ilha das 9/04/2014 10:20 13:45 nublado nordeste forte abrigado 27 19 17 2.5 2 --- Aranhas Ilha do 10/04/2014 10:30 14:30 nublado sudeste fraco abrigado 23 24 24 8 4.5 --- Xavier Ilha das 13/05/2014 10:45 12:20 ensolarado nordeste fraco abrigado 25 23 23 --- 0.5 --- Aranhas Ilha 14/05/2014 10:20 14:05 ensolarado sul fraco abrigado 24 22 22 5.8 3.5 --- Deserta Rancho 15/05/2014 10:10 14:05 ensolarado sul fraco abrigado 23 22 22 9 ------Norte Saco d’ 20/01/2014 9:21 13:30 ensolarado sudeste fraco abrigado 26 --- 23 7 5.5 --- Água Rancho 19/03/2014 8:30 13:30 ensolarado norte calmaria abrigado 30 26 25 --- 10 --- Norte Rancho 26/02/0214 10:14 12:37 ensolarado norte calmaria abrigado ------12 --- Norte

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DIREÇÃO Disco HORA HORA INTESIDADE TEMP. Temp Temp VISIB LOCAL DATA TEMPO DO EXPOSIÇÃO de Salinid. INICIAL FINAL DO VENTO DO AR(°C) 3 a 5m 6 a 10m HORIZ (m) VENTO Secchi Ilha 25/03/2014 8:27 13:40 nublado sudeste fraco abrigado --- 23 23 14 17 --- Deserta Saco d’ 20/01/2015 9:30 13:00 ensolarado sudeste fraco abrigado 31 27 28 10.7 11 --- Água Rancho 21/01/2015 9:20 13:30 nublado sul forte abrigado 25 ------8 4 34 Norte Estaleiro 22/01/2015 9:40 12:40 ensolarado --- fraco abrigado 23 ------5.8 4 --- Leste Estaleiro 22/01/2015 9:40 12:40 ensolarado --- fraco abrigado 23 ------5.8 3 --- Oeste Ilha 27/01/2015 9:30 12:37 nublado nordeste calmaria abrigado 33 27 26 4.7 5 34 Deserta Naufrágio 28/01/2015 9:40 13:30 nublado nordeste calmaria abrigado 27 27 26 4.7 5.2 34 do Lili Ilha do 29/01/2015 10:45 13:20 ensolarado nordeste brisa abrigado 21 20 18 5 5.2 35 Xavier Ilha das 3/02/2015 9:26 13:00 ensolarado --- calmaria abrigado 28 23 19 4.8 2.4 35 Aranhas Ilha 4/02/2015 9:30 13:30 nublado leste brisa abrigado 30 ------18 20 36 Deserta Toca da 5/02/2015 6:15 17:00 chuvoso sul fraco abrigado ------12.8 6 35 Salema Saco do 10/02/2015 9:20 13:15 ensolarado nordeste brisa abrigado --- 27 27 8.8 10 --- Capim Ilha 11/02/2015 9:30 13:30 nublado nordeste brisa abrigado 28 27 27 27 7.2 34 Deserta Baía do 12/02/2015 9:31 13:10 ensolarado nordeste brisa abrigado 29 26 18 5.8 8.2 35 Farol Rancho 24/02/2015 10:38 13:00 nublado nordeste brisa abrigado 27 27 27 4.5 ------Norte Toca da Salema e 25/02/2015 6:15 17:25 ensolarado --- fraco abrigado 31 ------5 --- 34 Naufrágio do Lili

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DIREÇÃO Disco HORA HORA INTESIDADE TEMP. Temp Temp VISIB LOCAL DATA TEMPO DO EXPOSIÇÃO de Salinid. INICIAL FINAL DO VENTO DO AR(°C) 3 a 5m 6 a 10m HORIZ (m) VENTO Secchi Naufrágio 28/01/2016 10:30 13:45 nublado sudeste fraco abrigado 22.00 23.00 --- 8.00 8.40 35.00 do Lili Toca da 3/02/2016 10:25 12:25 nublado norte brisa abrigado 27.00 25.00 25.00 4.50 8.00 33.00 Salema Ilha Deserta 18/02/2016 10:15 13:31 ensolarado sudeste fraco exposto 29.00 --- 21.00 14.00 16.00 31.00 Norte Ilha Deserta 9/03/2016 10:10 13:30 nublado nordeste brisa exposto 29.00 --- 22.00 10.30 15.00 33.00 Norte Ilha 16/02/2016 10:00 13:00 nublado leste brisa abrigado 26.00 28.00 27.00 14.50 13.00 33.00 Deserta Ilha Deserta 17/02/2016 9:55 13:00 ensolarado norte calmaria abrigado 33.00 26.00 26.00 13.50 11.00 30.00 Sul Ilha Deserta 24/02/2016 10:18 11:30 ensolarado norte forte exposto 32.00 23.00 18.00 6.75 5.00 35.00 Leste Saco d' 27/01/2016 10:45 14:05 nublado sul forte abrigado 23.00 26.00 23.00 9.50 8.00 35.00 Água Rancho 2/02/2016 9:54 13:11 nublado norte fraco abrigado 23.00 24.00 6.70 5.00 35.00 Norte Rancho 23/02/2016 10:30 14:00 protegido norte fraco abrigado 28.00 27.00 27.00 10.00 13.00 34.00 Norte Estaleiro 20/01/2016 10:25 12:00 ensolarado leste calmaria abrigado 28.00 25.00 --- 2.20 1.50 30.00 Leste Estaleiro 20/01/2016 13:00 14:00 ensolarado leste calmaria abrigado 28.00 25.00 --- 2.20 1.50 30.00 Oeste Saco do 26/01/2016 10:17 13:16 protegido fraco brisa abrigado 26.00 26.00 17.00 4.50 4.70 32.00 Capim Baía do 4/02/2016 10:00 12:45 nublado nordeste fraco abrigado 27.00 24.00 24.00 6.00 6.00 32.00 Farol Saco do 24/02/2016 12:20 13:20 nublado norte forte abrigado 32.00 --- 24.00 8.75 --- 31.00 Vidal

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DIREÇÃO Disco HORA HORA INTESIDADE TEMP. Temp Temp VISIB LOCAL DATA TEMPO DO EXPOSIÇÃO de Salinid. INICIAL FINAL DO VENTO DO AR(°C) 3 a 5m 6 a 10m HORIZ (m) VENTO Secchi Ilha das 21/01/2016 10:10 12:25 ensolarado sul fraco abrigado 26.00 22.00 16.00 9.00 6.00 34.00 Aranhas Ilha do 19/01/2016 8:30 11:25 ensolarado nordeste brisa abrigado 31.00 21.00 20.00 12.50 9.00 33.00 Xavier

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2 Objetivos

O objetivo geral da Área Indicadores Biológicos consistiu em fazer o levantamento de espécies ou grupos de organismos que caracterizam ou podem indicar a qualidade ambiental dos ambientes pelágicos, costões rochosos e de substrato inconsolidado da REBIO Arvoredo e seu entorno, além de levantar características ambientais que pudessem influenciar a biota. Assim, foram definidos os seguintes objetivos específicos:  Caracterizar com séries temporais a temperatura da água nos costões em diferentes estratos de profundidade;  Caracterizar os tipos de fundo inconsolidado;  Caracterizar a macrofauna do substrato inconsolidado e sua relação com o tipo de substrato;  Monitorar as comunidades de macroalgas de ambientes rochosos e dos bancos de rodolitos, em diferentes profundidades;  Selecionar e monitorar macroinvertebrados indicadores e a cobertura do substrato consolidado, tais como organismos abundantes, explorados comercialmente e exóticos;  Acompanhar a dinâmica do banco coralíneo, Ilha da Galé, em termos de estrutura da comunidade e distribuição espaço-temporal dos corais, além do monitoramento da ocorrência de espécies exóticas junto a essas formações calcárias;  Estabelecer uma base de dados qualitativos acerca da composição e abundância de crustáceos;  Determinar as espécies de crustáceos alvo e relevantes para a identificação visual durante o monitoramento qualitativo;  Monitorar quantitativamente os crustáceos, com especial atenção às potenciais espécies invasoras e seus efeitos na comunidade local;  Monitorar as comunidades de peixes em ambientes marinhos costeiros em diferentes profundidades;  Monitorar a ocorrência de espécies exóticas de invertebrados bentônicos marinhos, priorizando a busca pelas espécies exóticas Tubastraea coccinea, Styela plicata e Ophiotela mirabilis;  Sugerir indicadores biológicos e protocolos para a continuidade do monitoramento.

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3 Material e método

Campanhas de mergulho científico e aquisição de dados ambientais O levantamento de dados da Área de Indicadores Biológicos foi realizado através de mergulhos autônomos. Foram levantados dados das assembleias de algas, invertebrados de substrato inconsolidado, macroinvertebrados de substrato consolidado, crustáceos, peixes recifais e espécies exóticas. Os ambientes foram caracterizados quanto à temperatura por sensores de medição contínua. Foram levantados dados físicos quanto à rugosidade do fundo e as características do sedimento inconsolidado. A maior parte da amostragem foi feita por métodos não destrutivos estipulando áreas de inspeção visual de 40m² (20x2m), onde um mergulhador realizava o levantamento da abundância e a identificação das espécies alvo por censo visual ou pela de imagens do substrato. Foram utilizadas trenas para demarcar áreas de amostragem sobre os costões, bancos de rodolitos ou banco de Madracis decactis. Ambientes de sedimento inconsolidado foram descritos quanto à tipologia dos grãos e à fauna associada, através de coletas com amostradores circulares de 15 cm de diâmetro. Houve também busca ativa por espécies exóticas (Figura 3.1), com ênfase no coral-sol invasor T. coccinea. O detalhamento de todos os procedimentos encontra-se no documento Protocolos Técnicos Volume 2, juntamente com o protocolo para instalação e recuperação dos sensores de temperatura bem como a especificação técnica dos aparelhos (MAArE, 2017a). No presente documento, contudo, são abordados alguns aspectos dos métodos para cada conjunto de dados.

Figura 3.1 Coleta de dados biológicos no Projeto MAArE. No costão rochoso mergulhadores realizam busca ativa por espécies exóticas, censo de peixes, a contagem de macroinvertebrados indicadores, classificação da cobertura do substrato e o levantamento da diversidade de crustáceos. No fundo de areia mergulhadores coletam sedimento que é transportado para a superfície. No banco de rodolitos ocorre a captura de imagens para o monitoramento. Em detalhe, equipamento instalado no costão para medição contínua da temperatura. Ilustração: Alexandre Dolito Viana e Leandro Lopes de Souza.

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Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas A preparação das amostragens nos três anos de monitoramento seguiu os protocolos formulados (MAArE, 2017a) para a presente proposta, tendo como descritores fundamentais a quantificação da cobertura do fitobentos e amostragem qualitativa para se ter a dimensão da variação da abundância e da composição específica. Portanto, os trabalhos de campo buscaram não só a caracterização da estrutura, mas também o monitoramento para se identificar eventuais espécies exóticas ou invasoras, descritas para a região de estudo, considerando uma revisão continuada da bibliografia (Oliveira et al. 2009, Azevedo et al. 2015). Sistematicamente foram observadas recomendações e checklist formulado para o projeto visando padronizar os trabalhos das equipes de mergulhadores durante as campanhas de campo. Em campo, para a amostragem não destrutiva (Figura 3.2), utilizou-se um quadrado de PVC de 25x25cm e as câmeras fotográficas (CANON G15) com sua caixa estanque (Wp-dc48). Já para a amostragem qualitativa utilizaram-se espátulas, sacos plásticos e elásticos previamente identificados. O transporte de todo equipamento e materias de coleta foi feito em malas de mergulho e caixas plásticas. Nos costões rochosos e nos bancos de rodolitos os dois tipos de amostragens foram realizados, sendo os bancos presentes apenas nas Ilhas do Arvoredo e Deserta. Primeiramente ocorreu a amostragem não destrutiva e depois a destrutiva para não interferir nos resultados. Nos costões rochosos e nos bancos de rodolitos as amostragens, sempre que possível (área profunda o suficiente) foram realizadas em duas profundidades. Em cada profundidade foram amostrados três transectos de 20 metros, com 15 fotoquadrados cada um, a amostragem foi complementada pela coleta qualitativa de uma amostra de toda morfoespécie de alga diferente identificada durante a realização do transecto. Devemos destacar que na Ilha das Aranhas as condições de visibilidade comprometeram as amostragens aos dez metros. Assim sendo, apenas nesse ponto as amostragens na expedição de 2015 e 2016 foram realizadas aos cinco e três metros. Inicialmente, previa-se a amostragem dentro do banco de rodolitos em pontos pré-definidos por retângulos formados por vergalhões de ferro, os quais estavam colocados na área antes do início das saídas do projeto, aos 10 metros de profundidade. Dentro dessas áreas demarcadas de 4 x 5 metros pretendia-se utilizar cabos com mosquetões e assim amostrar com mais certeza os mesmos pontos durante todo o monitoramento. Entretanto na expedição 2015 muitos dos vergalhões não estavam dispostos em seus locais de origem impedindo a amostragem da maneira esperada. Assim sendo, as coletas foram realizadas em localidade aproximada, semelhante ao realizado na região dos costões rochosos. Para as campanhas de 2016 as

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estacas foram recolocadas. Entretanto, os mesmos problemas foram observados em 2016, quando na Ilha do Arvoredo não se conseguiu localizar a área com tempo suficiente para se realizar a amostragem.

Figura 3.2 A) Amostragem não destrutiva em costão rochoso (Foto: Acervo MAArE); B) Fotoquadrado Ilha das Galés caracterizando costão rochoso (Foto: Acervo MAArE); C) Amostragem qualitativa no banco de algas calcárias da Ilha Deserta (Foto: Acervo MAArE); D) Cabos esticados na área de amostragem na Ilha Deserta (Foto: Marina Sissini) E) Imagem representando a metodologia de amostragem não destrutiva através de fotoquadrados em uma primeira caracterização do transecto seguida de uma amostragem qualitativa. Ilustração: Letícia Peres.

Após o término das campanhas, foi realizada a triagem e identificação do material coletado em cada ponto. A identificação do material coletado foi realizada com o auxílio do microscópio Leica 2500 e lupa LeicaS8AP0 e subsidiada por leitura de chaves de identificação e descrição das espécies utilizou-se os métodos e bibliografias recomendadas por Pedrini (2010).

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Macroinvertebrados de substrato inconsolidado Para a realização das coletas de macrofauna bentônica e sedimentológicas foi empregado o mergulho autônomo (Figura 3.3). No local de amostragem, verificou-se o hábitat a ser amostrado e a distância necessária da ilha. Para a coleta de sedimento foi utilizando os cores e os potes, as amostras (sedimento e fauna associada) eram acondicionada em sacos de malha para transporte até a superfície por liftbag. Na embarcação as amostras eram acondicionadas e fixadas em formol 4%. Em laboratório as amostras foram acondicionadas com o nível do fixador acima do nível do sedimento e posteriormente congeladas. As amostras de fauna foram armazenadas em bombonas vedadas, em uma sala apropriada, assim evitando qualquer vestígio dos produtos químicos utilizados para fixação, no caso, o formol.

Figura 3.3 Coleta de sedimento para análise sedimentológica e da macrofauna bentônica.

Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis

Aplicação do protocolo Reef Check no contexto REBIO Arvoredo e Entorno As experiências de campo acumuladas durante as campanhas de 2014, 2015 e 2016 nos possibilitaram ajustes importantes no emprego dos métodos de coleta de dados (MAArE, 2017a). Essa fase de ajustes foi fundamental no sentido de apoio à gestão, uma vez que esse protocolo foi o único até o momento incorporado pelo ICMBIO para monitoramento de áreas recifais. O protocolo foi elaborado inicialmente para ambientes coralíneos e sua aplicação em ambientes rochosos ainda requeria os devidos testes e as devidas adaptações. Inicialmente planejou-se amostrar três profundidades por sítio: 5m, 10m e 15m. Em campo observou-se que na maioria dos sítios o costão rochoso era mais raso que 15m, assim essa

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profundidade foi retirada da campanha 2015 e o procedimento foi mantido nas amostragens do ano de 2016. Alguns sítios, como Estaleiro Leste, Estaleiro Oeste e Naufrágio do Lili são mais rasos do que os 10m, assim, nesses sítios há apenas uma profundidade amostrada. Nos sítios onde há banco de Madracis decactis ou rodolitos a amostragem ocorreu nos dois ambientes, com três transecções aos 5m no costão e três transecções nos bancos. Desta forma, onde ocorrem bancos de coralitos ou de rodolitos o estrato de 10m no costão foi desconsiderado uma vez que realizar nove transecções em um dia de campo se mostrou inviável, pelo consumo de ar dos cilindros e pelo tempo dispendido. O protocolo Reef Check California (Freiwald J et al. 2015) foi concebido para um substrato menos complexo. Nos costões da REBIO e Entorno a complexidade estrutural, com matacões grandes e áreas de deposição de areia, dificultaram inicialmente o posicionamento dos transectos. Foi necessário o ganho de experiência no procedimento de estabelecimento das unidades amostrais no primeiro ano para que a amostragens dos anos seguintes ocorressem com êxito. Houve grande variabilidade no procedimento de coleta de dados entre a primeira campanha e as seguintes. Em 2014, por exemplo, não houve coleta de dados de rugosidade do substrato. Dessa forma, os dados de 2014 de macroinvertebrados e de cobertura de substrato foram desconsiderados. Nas campanhas de 2015 e 2016 essas dificuldades de amostragem foram sanadas e os dados de complexidade, cobertura do substrato e de abundância foram levantados (Tabela 3.1). Assim, foram levantados dados de cobertura e de complexidade de substrato o longo de transecções em linha de 20m de extensão, com inspeção do tipo de cobertura do substrato feita a cada meio metro e medição de complexidade a cada dois metros. Os dados de densidade de macroinvertebrados foram levantados ao longo das mesmas transeções, com a contagem de indivíduos em uma área de 40m² (20x2m²) (MAArE, 2017a).

Figura 3.4 Levantamento de dados do tipo de cobertura do substrato, a mesma área é supervisionada para o censo de macroinvertebrados.

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Tabela 3.1 Dados biológicos e físicos levantados pelo protocolo Reef Check durante as campanhas de 2014 a 2016. Onde: (*) = dados não coletados, (X) = dados coletados, (X*) = dados incompletos, SUB = substrato, RUG = rugosidade, MAC = macroinvertebrados. 2014 2015 2016 SÍTIOS SUB RUG MAC SUB RUG MAC SUB RUG MAC Naufrágio do Lili Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10 m X * X * * * * * * Toca da Salema Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10 m X * X * * * * * * TS - Banco de Coralitos * * * X X X X X X Ilha Deserta Prof: 5 m X X X X X X X X X Prof: 10 m X X X * * * * * * ID - Banco de Rodolitos X X X X X X X X X Ilha Deserta Sul Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10m X * X X X X X X X Saco d' Água Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10 m X * X X X* X X X X Rancho Norte Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10 m X * X * * * * * * RN - Banco de Rodolitos X * X X X X X X X Estaleiro Leste Prof: 5 m * * * X X X X X X Estaleiro Oeste Prof: 5 m * * * X X X X X X Saco do Capim Prof: 5 m * * X X X X X X X Prof: 10 m * * X X X X X X X Baía do Farol Prof: 5 m X * X X X X X X X Prof: 10 m X * X X X X X X X Ilha das Aranhas Prof: 5 m * * X* X X X X X X Prof: 10 m * * * X* X* X* X* X* * Ilha do Xavier Prof: 5 m * * * X X X X X X Prof: 10 m X X X * * * X X X Prof: 15 m X X X * * * * * *

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Monitoramento do banco de Madracis decactis Nas campanhas de verão em 2014 e em 2015 o banco de coralitos, formado por Madracis decactis, foi monitorado por imageamento. Assim, foram tomadas fotografias de maneira sistematizada guiadas por transecções fixas. Essas transecções foram instaladas em uma parceria entre a REBIO Arvoredo e a estudante de mestrado Kátia Capel para o monitoramento do banco em meados de 2010 e 2011 (Capel 2012). A amostragem seguiu em paralelo ao emprego do protocolo Reef Check no local. Em 2016 os dados obtidos por imageamento foram comparados com dados levantados pela contagem das colônias in situ (Figura 3.5), cuja metodologia se encontra detalhada no documento (MAArE, 2017a).

Figura 3.5 Contagem de colônias roladas do coral Madracis decactis seguindo transecções fixas sobre o banco da Ilha Galé. Foto: Acervo MAArE.

Crustáceos Os censos visuais foram realizados em três transectos de 20m x 2 m em duas faixas de profundidade (Figura 3.6). Os crustáceos foram identificados e o microambiente descrito em quatro categorias: Externo: sobre as rochas e exposta a predadores; Crevicular: entre as rochas, em fendas e cavidades, uma área protegida e escura mesmo durante o dia; Interface: transição entre substrato móvel e consolidado; Móvel: substrato arenoso sem proteção do costão. Além dos censos visuais, também foram realizadas buscas ativas por espécies de interesse em região próxima aos transectos. A busca ativa foi realizada no Naufrágio da Lili, Saco d’ Água, Baía do Farol e nos costões e banco de rodolitos do Rancho Norte e Ilha Deserta. Em 2016, foram incorporados dois sítios exploratórios, Ilha Deserta Norte e Ilha Deserta Leste, com o objetivo de se obter registros fotográficos e avaliar as

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condições para futuros monitoramentos. Os espécimes de difícil identificação em campo ou novos registros foram coletados e mantidos vivos em aquários no laboratório para posterior identificação.

Figura 3.6: Amostragem de crustáceos decápodes utilizando transectos em duas faixas de profundidade: Raso: 0-5 metros, Fundo: 5 a 15 metros. Autor: Bruno Giraldes.

Foram realizados 213 transectos nos três anos do Projeto MAArE (Tabela 3.2). Nos bancos de rodolitos do Rancho Norte e Deserta, no Estaleiro Leste e Oeste e no costão do Rancho Norte só foi amostrada uma profundidade. O banco de Coralitos da Toca da Salema, Ilha das Galés não foi amostrado pela subárea de Crustáceos.

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Tabela 3.2: Sítios de amostragem e o número de transectos realizados por profundidade. N° DE TRANSECTOS CÓDIGO TOTAIS PROF: 0m - 5m PROF: 5m - 15m BUSCA ATIVA 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 Naufrágio do Lili NL 8 6 6 4-5 4,5 5 8-9 9 10 X Toca da Salema TS 8 6 6 3-4 5 5 7-11 10,5 9 Ilha Deserta DE 8 6 3 4-4,5 4,5 5 10-12 12 * X Ilha Deserta- Banco de 10- Rodolitos DEBR 3 3 3 * * * 11 10,5 13 X 11,5- Ilha Deserta Sul DS 8 6 6 4-5 5 5 13 11 13,5 11,5- Saco d' Água SA 8 6 6 4,5-6 5 5 13 11 11 X Rancho Norte RN 8 3 3 3-3,5 3 4,5-5 7-7,5 * * X Rancho Norte- Banco de Rodolitos RNBR 4 3 3 * * * 8,5-9 6 6-7 X Estaleiro Leste ESTL * 2 3 * * * * 5-6 5-6 Estaleiro Oeste ESTO * 3 3 * * * * 5-6 5-6 Saco do Capim SC 8 6 6 3-3,5 5 5 7-8,5 8,5 10 10,5- Baía do Farol FA 8 6 6 4,5-6,5 5 5 11 12-13 10 X Ilha das Aranhas AR 8 6 6 3-3,5 4 5 6-9 8 8 Ilha do Xavier XV * 6 6 * 5 5 * 12 12

Biodiversidade de peixes recifais Para efetuar o monitoramento e estimar a estrutura da comunidade de peixes é utilizada a técnica de censo visual, a qual consiste na identificação e quantificação das espécies de peixes, incluindo estimativa de tamanho dos indivíduos contados ao longo de uma transeção de 40 m² (Figura 3.7) (MAArE 2017, Floeter et al. 2007a). Em cada localidade é realizado um número mínimo de vinte transeções, dez para cada profundidade ou biótopo (interface e costão).

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Figura 3.7 – a) Representação do método de censo visual utilizado para estimar a comunidade de peixes recifais. O mergulhador percorre uma distância de 20 m e quantifica as espécies encontradas em uma área de 40 m². b) Imagem de pesquisador realizando censo visual enquanto desenrola a trena. Ilustração e foto: Acervo LBMM – Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha.

Espécies exóticas Para amostrar as espécies exóticas foram realizados mergulhos autônomos por 2 pesquisadores, em todos os pontos amostrais do projeto (Figura 3.8). Em cada ponto foram realizados 2 mergulhos, onde foi feita uma busca ativa na maior área possível, limitada pela capacidade de ar do cilindro de mergulho, com tempo em torno de uma hora por mergulho. Tentou-se amostrar a maior parte possível do costão rochoso, particularmente entre 1 e 9 metros de profundidade, com foco nos habitats com maior probabilidade de encontro de espécies invasoras (paredões e fendas/tocas). Caso fossem encontradas espécies invasoras, especialmente Tubastraea coccinea (coral-sol), o registro era anotado em prancheta de PVC e o local era descrito e referenciado para auxiliar nas futuras ações de manejo. Para referenciar o ponto de invasão, uma boia de marcação era presa no fundo, nas imediações do local de ocorrência, e inflada para que chegasse na superfície. Já na superfície, com o apoio de um bote, o local era georreferenciado com GPS, e eram anotadas características do costão, juntamente com fotografias do local fora da água, para auxiliar o encontro do local posteriormente.

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Figura 3.8 Dupla de mergulhadores Edson Faria Júnior e Jonathan W. Lawley realizando o trabalho de detecção de invertebrados bentônicos indicadores e exóticos pela subárea BEE na REBIO Arvoredo e entorno. Foto: Bruna F. Gregoletto.

4 Tratamento dos dados e processamento das amostras

Séries temporais de temperatura Os dados de temperatura foram plotados em séries temporais no programa Excel 2013. Foram extraídas as máximas e as mínimas temperaturas diárias em todos os sítios e profundidades. As temperaturas registradas em 2014 foram utilizadas para elaborar a interpolação, uma vez que nesse ano a malha espacial de medição foi maior. Com esse objetivo utilizou-se o software R para filtrar as frequências de temperaturas inferiores ou iguais à 18°C para os sítios Toca da Salema, Ilha Deserta, Rancho Norte, Baía do Farol e Ilha das Aranhas das medições obtidas aos cinco metros de profundidade. Posteriormente esses dados foram carregados no software QGIS 2.8 para obtenção do raster de interpolação, o método empregado foi o Inverse Distance Weighting (IDW).

Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas Os dados são introduzidos em uma planilha excel para análise estatística, através dos programas Statistica, Primer e R. Para a construção da documentação relativa ao projeto foram produzidas exsicatas das espécies identificadas para serem depositadas no herbário do Departamento de Botânica da UFSC (Herbário FLOR).

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Além da identificação das amostras originárias de coleta para um levantamento qualitativo da comunidade algal nos pontos amostrais, ocorreu a análise dos fotoquadrados oriundos da amostragem não destrutiva, através do software CPCe (Coral Point Countwith Excel extensions). Por ponto amostral foram posicionados três transectos em cada profundidade, analisou-se cinco imagens com 50 pontos aleatórios em cada transecto. Os resultados em porcentagem de cobertura vegetal também foram planilhados em Excel para a estruturação do banco de dados e análises estatísticas. Para comparação das médias foi realizada a ANOVA fatorial, tendo como categorias preditivas a região de amostragem (REBIO vs Entorno), ano de amostragem e profundidade. Foi utilizado o teste a posteriori LSU segundo o programa Statistica 10.0. Análise multivariada fez uso do MDS e PERMANOVA segundo recomendações usuais da análise da estrutura de comunidade considerando o pacote PRIMER PLUS, para PERMANOVA, e o softwere R, para o nMDS.

Macroinvertebrados de substrato inconsolidado

Caracterização do sedimento As amostras de granulometria foram processadas de acordo com metodologia proposta por Suguio (1973), onde num primeiro momento, as amostras são lavadas para retirada dos sais solúveis, e em seguida levadas à estufa, para secar, numa temperatura de 40 a 50°C. Em seguida as amostras são quarteadas e direcionadas para suas respectivas análises. Para a classificação granulométrica do sedimento, a matéria orgânica foi removida pela adição de peróxido de hidrogênio (H2O2) sob aquecimento. Os sedimentos finos (silte e argila) foram separados dos sedimentos grossos através de uma peneira com malha de 0,063mm e quantificados pelo método de pipetagem. Os sedimentos com grãos maiores que 0,063 mm foram separados pelo método de peneiramento, usando malhas em intervalos regulares de 0,5 phi. As frações contidas em cada peneira foram pesadas separadamente em balança digital com precisão de três casas decimais. Para quantificação do teor de carbonatos, uma fração de 20 g da amostra foi exposta a dissolução de ácido clorídrico (HCl) a 10% de volume. A porcentagem de CaCO3 foi determinada pela diferença entre o peso inicial e final de cada amostra. O teor de matéria orgânica foi determinado pela queima desse produto em forno mufla a 800ºC por oito horas. O tratamento dos dados e o cálculo dos parâmetros estatísticos das amostras de sedimento foram efetuados pelo sistema integrado para análises granulométricas (Sisgran), desenvolvido pelo Laboratório de Oceanografia Geológica e Laboratório de Pesquisa da Computação da Universidade do Vale do Itajaí.

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A variação espacial das características granulométricas foi descrita considerando como variáveis os percentuais de cascalho, areia, silte, argila, carbonato de cálcio e matéria orgânica. Foram utilizados também os parâmetros estatísticos de Folk & Ward (1957), convencionalmente adotados para se descrever distribuições siliciclásticas; média, uma estimativa do diâmetro médio do tamanho das partículas; desvio padrão, medida do desvio ou dispersão do tamanho dos grãos em torno do valor médio da distribuição (representativo do grau de seleção dos mesmos); assimetria, medida do grau de afastamento da curva para um dos lados do eixo; curtose, grau de achatamento da distribuição. A análise em componentes principais (ACP) foi aplicada sobres os resultados relativos ao tamanho médio dos grãos, grau de selecionamento, assimetria e percentagem de carbonato de cálcio, para extração e identificação dos fatores responsáveis pelas maiores variações. Os parâmetros de Folk & Ward foram escolhidos como as variáveis utilizadas, de forma a não se ter colinearidades entre as variáveis (Legendre e Legendre, 1998).

Macrofauna Os organismos foram recebidos no Laboratório de Ecologia de comunidades aquáticas da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) já triados e pré-classificados em grandes grupos. A equipe recebeu o conjunto de amostras de 2015 para análise e identificação, uma vez que esse conjunto tinha a maior padronização e consistência do protocolo de amostragem. Em laboratório os organismos foram levados ao microscópio estereoscópico onde foram identificados ou morfotipados ao menor nível taxonômico possível. Os Polychaeta foram classificados em famílias, segundo Amaral & Nonato (1996), e em seguida foram classificados ao menor nível taxonômico possível por meio de chaves de gênero e espécie de diversos autores (Amaral et al., 2005; Bolívar, 1986; Bolívar, 1990; Day,1967; Lana, 1984; Rouse & Pleijel, 2001, Salazar-Vallejo, 1990, Steiner, 2000). Os Mollusca (Bivalvia e Gastropoda) foram classificados com base em Rios (2009). Os Crustacea foram identificados a partir de Barnard & Karaman (1991), Bento & Buckup (1999), Bousfield (1973), Ruffo (1998), Thurston (1982) e Thomas & Barnard (1983). Os demais organismos foram classificados em grandes grupos. A identificação de associações faunísticas foi efetuada utilizando o coeficiente de similaridade de Bray-Curtis aplicado sobre as abundâncias específicas transformadas pela raiz quadrada, que foi representada por meio do escalonamento multidimensional (MDS). A estrutura das associações foi representada pelos indicadores numéricos de riqueza, abundância, diversidade de Shannon-Weaver e equitabilidade. Curvas de espécies acumuladas em função das amostras foram construídas utilizando- se 999 permutações.

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Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis Os dados obtidos via protocolo Reef Check (abundância de macro – invertebrados, cobertura do substrato, rugosidade e quantidade de lixo) foram inicialmente investigados segundo métodos de estatística descritiva (média, mediana, erro padrão e porcentagens). Após esta análise inicial a abundância dos macroinvertebrados foi comparada entre os sítios da REBIO Arvoredo e entorno por análises não paramétricas, uma vez que os dados não se mostraram normais ou homocedásticos. As transecções realizadas na REBIO Arvoredo e do entorno foram ordenadas segundo a Análise de Coordenadas Principais utilizando primeiramente dados de cobertura do substrato e em um segundo momento dados de abundância dos macroinvertebrados. Os dados de cobertura do substrato foram transformados por arco-seno e a ordenação foi elaborada a partir da distância euclidiana. Os dados de abundância foram transformados pela raiz quadrada e a ordenação foi elaborada a partir da matriz de similaridade de Bray – Curtis. Os dados de contagem de colônias de Madracis decactis foram plotados em gráfico de associados às medianas para a comparação das amostras obtidas por contagem in situ e por imagem.

Crustáceos Os dados de abundância das espécies de crustáceos foram plotados no programa Excel 2007 e foram extraídas as médias e o erro padrão da abundância de cada espécie por faixa de profundidade e microambiente em cada sítio amostral, e as médias e erro padrão por sítio e posição (REBIO ou Entorno). Análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa R, incluindo testes t, anova, Turkey, curva de acumulação de espécies e também foram extraídos dados de riqueza, diversidade e equitabilidade. Além de análises de variância, também foram feitas análises de ordenação (MDS) no programa Primer 6 & Permanova+.

Biodiversidade de peixes recifais Após o término das campanhas, os dados são introduzidos em uma planilha excel utilizada para realização das análises estatísticas no software R. A partir da planilha de dados é possível estimar a biomassa, abundância e a estrutura da comunidade de peixes recifais da região amostral. No presente relatório, a partir dos dados das campanhas de 2014 e 2015, foi estimada a biomassa de cada ponto amostral e das principais espécies encontradas em toda a região amostral. A medida de biomassa é obtida através do tamanho de cada indivíduo estimado durante os censos visuais e de uma relação comprimento-peso para cada espécie, descrita na literatura (Froese et al.

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2014; Froese & Pauly 2015). Como o laboratório possui uma série temporal de dados obtidos com o mesmo método desde 2008, esses dados foram incorporados nas plotagens gráficas quando pertinente.

Integração dos dados biológicos Para integração dos dados biológicos foram empregadas análise multivariadas utilizantodo-se o software R (R CORE TEAM, 2015) e as funções dos pacotes estatísticos “stats” (R CORE TEAM, 2015) e “vegan” (OKASANEN et al., 2016). Primeiramente foi realizada uma Análise do Componente Principais (PCA), com o objetivo de distinguir-se os diferentes pontos de amostragem com variáveis explanatórias coletadas durante as amostragens. Os descritores dos sítios de amostragem foram escolhidos com base nas sugestões de cada uma das equipes que realizou o levantamento dos grupos biológicos e em variáveis que possivelmente poderiam descrever os diferentes sítios. As variáveis foram escalonadas devido às diferentes unidades observadas (Tabela 4.1).

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Tabela 4.1: Variáveis usadas na Análise dos Componentes Principais.

Variável (código) Unidade Origem do dado Temperatura < 18° C (T.18) Graus Celsius Valores extraídos do mapa de temperaturas menores de 18° C interpoladas construído com as temperaturas obtidas pelos data loggers Cobertura Turf (Turf) Porcentagem de cobertura Amostragens de invertebrados bentônicos Reef Check Distância da costa (dist_cost) Metros Distância obtida em SIG considerando o ponto mais próximo da costa e Ilha de Santa Abundância de Damithrax Número de indivíduos por Amostragens de crustáceos. Segundo hispidus e Mithraculus ponto de amostragem Dra. Andrea Freire (com. pessoal), forceps (crust_Dh_Mf) durante todo estudo estas espécies são umas das principais presas de peixes serranídeos Abundância Número de indivíduos por Amostragens de crustáceos. Segundo Pagurus_provenzanoi ponto de amostragem Dra. Andrea Freire (com. pessoal) estas (crust_P.prov) durante todo estudo espécies podem ser indicadoras de ambientes degradados. Riqueza de espécies de algas Número de espécies de Amostragem qualitativa de algas (r_algas) alga por ponto de amostragem durante todo o estudo Abundância de ouriços Número de ouriços por Amostragem do grupo de (ab_ourico) ponto de amostragem invertebrados bentônicos Biomassa de peixes de Biomassa total em Kg de Valores obtidos nas campanhas de interesse para a pesca peixes de interesse para amostragem da ictiofauna. Os peixes (b_pesca) pesca, são considerados de valor comercial. E. marginatus (Garoupa) M. cutirostrus (Badejo) H. niveatus (Cherne) Sparisoma spp. (budião)

Frequência de registros de Contagem dos registros de Amostragem do grupo de lixo comum (lixo_pesca) lixo comum invertebrados bentônicos Frequência de registros de Contagem dos registros de Amostragem do grupo de lixo de pesca (lixo) lixo de pesca (e.g., anzóis, invertebrados bentônicos linhas, chumbadas e redes)

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Em seguida foi realizado um Non-metric Multidimensional Scaling (NMDS), com o intuito de identificar a possível formação de agrupamentos por similaridade entre os sítios de amostragem levando em consideração a matriz de espécies amostradas. Desta vez a matriz foi elaborada levanto em consideração a contagem das espécies de crustáceos, peixes, macroinvertebrados e a cobertura relativa das espécies de algas dos costões rochosos. Para a análise foi considerada a abundância relativa, de acordo com o número de transecção de cada conjunto de dados; esses valores (transformados para arco seno) e os sítios foram ordenados pela similaridade de Bray – Curtis. Sob os pontos ordenados foi plotada a frequência relativa de temperaturas inferiores ou iguais a 18°C, as medidas foram registradas pelos sensores instalados nos costões aos cinco metros de profundidade durante o ano de 2014 (Figura 5.62). Em seguida foi elaborado um dendrograma, baseado na mesma matriz de dados, para análise dos agrupamentos dos sítios amostrais (Figura 5.63). Para atingir o objetivo de sugerir indicadores e protocolos de monitoramento, foi feita uma avaliação dos dados de cobertura do substrato obtidos através de fotoquadrados (protocolo BAM) e por ponto e intersecção (protocolo ISC). A comparação foi realizada através da plotagem gráfica dos dados de ambas metodologias, com apresentação das medianas e dos quartis. Para tal, as categorias de cobertura de substrato e de espécies de algas (protocolo BAM) foram enquadradas dentro das categorias do protocolo da subárea ISC. A unidade amostral para amostragem por fotoquadrado corresponde ao quadrado e, para pontos de intersecção, corresponde à transecção. Dessa forma, 100% de cobertura para amostragem por fotoquadrado corresponde a 50 pontos de supervisão em 25x25 cm, para as transecções em linha a região supervisionada corresponde a 40 pontos ao longo de um transecto de 20m.

5 Resultados e discussão

Caracterização do ambiente

Os fundos inconsolidados Pela análise sedimentológica (Tabela 5.1 e Tabela 5.2) foi possível concluir que a há uma grande heterogeneidade de fácies sedimentares comparativamente entre os sítios de coleta, variando de uma cobertura arenosa muito fina até areia muito grossa. Durante o processamento das amostras, visualmente pode-se até classificar algumas amostras como compostas por grânulos e seixos devido ao conteúdo biodetrítico que apresentam. O sítio AR (Ilha das Aranhas; amostras A1, A2 e A3) tem cobertura de areia media pobremente selecionada indicando que há enriquecimento por partículas arenosas mais finas o que pode ser interpretado também pelos valores de curtose (platicúrtica) e assimetria negativa no caso da amostra

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AR3, que tem assimetria muito negativa com tendência para os grãos mais grosseiros, do lado da curva de distribuição de sedimentos. O sítio DS (Ilha Deserta Sul; A1, A2, A3, G4, G5 e G6) tem como característica uma cobertura de areia média e grossa, pobremente selecionadas, significando que há mistura das populações de grãos de diferentes granulometrias (médios e grosseiros) sem que haja uma classe modal proeminente. As curvas de distribuição de sedimentos mostram também essas características pois são aproximadamente simétricas. Apenas DS5, platicúrtica, pode estar composta por outras classes de tamanho de grão. A descrição das amostras dá conta da presença de rodolítos o que pode estar determinando o formato achatado da curva, com sedimentos tendendo para uma assimetria positiva. No sítio ESTL (Estaleiro Leste; A1, A2 e A3) a cobertura sedimentar é composta por areias grossas, pobremente selecionadas. A assimetria negativa é indicativa também da predominância de areia grossa nestes depósitos. O formato da curva (curtose) é mesocúrtico, o que significa que a curva se aproxima de uma distribuição normal, porém com tendência para o lado das partículas grosseiras. Com relação à FA (Baía do Farol; FAG4, FAG5 e FAG6), os sedimentos são também compostos de areias grossas, pobremente selecionadas, com simetria positiva, confirmando que a tendência é mesmo para o lado das partículas grossas. A curva mesocúrtica indica que há uma aproximação com a curva normal de distribuição sedimentar. O sítio ID (Ilha Deserta; C1, C2, C3) tem a fração arenosa como predominante, mas também porcentagens significativas de cascalho e silte. São sedimentos pobremente selecionados e a assimetria negativa reflete o predomínio da classe areia, mas também a influência das caudais da curva de distribuição (silte e cascalho). O sítio NL (Naufrágio do Lili; A1, A2, A3, G4, G5 e G6) é o que apresenta a maior variação de tamanho de grão dentro da fração arenosa. A areia varia de muito fina a muito grossa, muito pobremente a pobremente selecionada e assimetria positiva, o que indica uma distribuição com tendência de predominância de sedimentos grosseiros. A curtose varia de muito leptocúrtica (G4 e G5), com moda na classe de areia muito fina, a platicúrtica na amostra NL A6, que é constituída por areia grossa. Essas amostras apresentam maior porcentagem de cascalho, razão pela qual a curtose nas amostras G4, G5 e G6 se apresenta menos “aguda”, devido ao enriquecimento de cascalho e também de silte, classes granulométricas que causam efeito nas extremidades da curva de distribuição sedimentar. As amostras A1 e A3, foram classificadas como de assimetria muito positiva devido à argila que as amostras contém. O sítio RN (Rancho Norte; C1, C2, C3) apresenta sedimentos que variam de areia grossa a areia média e a assimetria negativa confirma a tendência da curva de distribuição para o lado dos sedimentos mais grosseiros. Os sedimentos são pobremente selecionados porque, embora a

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predominância seja de sedimentos arenosos, há presença de cascalho e de silte associados aos sedimentos arenosos. O cascalho e o silte presentes na amostra determinam também que a curva de distribuição seja mesocúrtica, isso é, sem predominância absoluta da fração arenosa, embora esteja em maiores proporções. O sítio SA (Saco d’Água; A1, A2 e A3) possui sedimentos arenosos variando entre areia média a areia fina. São areias pobremente selecionadas indicando que pode haver um enriquecimento por sedimentos ainda mais finos provenientes de outro local ou de origem no próprio sítio. A amostra SA A1 tem curtose mesocúrtica devido à presença de cascalhos que conferem uma distribuição mais próxima da normal o que não acontece com as outras duas amostras A2 e A3, onde a concentração de cascalho é menor, e por conta disso não causa desvio da curva mantendo a moda na classe de areia média e fina respectivamente. Nas amostras do sítio SC (Saco do Capim; A1, A2 e A3) o predomínio é de areia grossa. São sedimentos pobremente selecionados apresentando curtoses platicúrticas devido à presença tanto de cascalho quanto de silte, frações granulométricas que agregados ao sedimento arenoso determinam a pobreza no grau de seleção e no “achatamento” da curva. O sítio TS (Toca da Salema, C1, C2, C3) tem a areia grossa como classe predominante. São areias pobremente selecionadas devido à presença de cascalho e de silte que compõem a amostra. A assimetria negativa indica o predomínio das frações mais grosseiras (areia grossa) e a curtose (muito leptocúrtica e leptocúrtica) é comprovação de que a areia grossa é o principal constituinte dos sedimentos depositados neste sítio. O sítio XV (Ilha do Xavier; A1, A2 e A3) tem a classe areia grossa com a predominante. As medidas de média e mediana estão muito próximas, sendo por isso classificadas como mesocúrticas. A assimetria é negativa, tendência para sedimentos grossos. A presença de silte determina que a curtose seja mesocúrtica, reflexo do enriquecimento com o sedimento mais fino. A curtose leptocúrtica da amostra A3 confirma o predomínio dos sedimentos arenosos com a classe modal posicionada na classe areia média.

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Tabela 5.1- Parâmetros estatísticos de Folk-Ward (1957) e classificação (class.) da sedimentologia: Média, Mediana, Assimetria (Assim.) e Curtose. Onde as siglas representam os locais amostrados (AR- Ilha das Aranhas, DS – Ilha Deserta Sul, ESTL- Estaleiro Leste, FA- Baía do Farol, NL- Naufrágio do Lili, SA- Saco d’Água, SC- Saco do Capim, TS- Toca da Salema, XV- Ilha do Xavier). Sigla Média Class. Mediana Seleção Class. Assimetria Class. Curtose Class. Areia Pobremente Aprox AR.A1 1,01 1,002 1,649 -0,04069 0,894 Platicúrtica média selecionado simétrica Areia Pobremente Aprox AR.A2 1,15 1,072 1,55 0,01831 0,8779 Platicúrtica média selecionado simétrica Areia Pobremente AR.A3 1,905 2,162 1,357 -0,303 Muito negativa 1,017 Mesocúrtica média selecionado Areia Pobremente Aprox DS.A1 1,336 1,309 1,573 0,06422 1,175 Leptocúrtica média selecionado simétrica Areia Pobremente Aprox DS.A2 1,477 1,515 1,528 -0,0102 1,135 Leptocúrtica média selecionado simétrica Areia Pobremente Aprox DS.A3 1,132 1,127 1,647 0,02365 1,115 Leptocúrtica média selecionado simétrica Areia Pobremente DS.G4 0,8722 1,043 1,53 -0,2269 Negativa 1,046 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente Aprox DS.G5 0,8032 0,8488 1,447 -0,07547 0,875 Platicúrtica grossa selecionado simétrica Areia Pobremente Aprox DS.G6 0,2512 0,2689 1,485 -0,03109 0,906 Mesocúrtica grossa selecionado simétrica Areia Pobremente Estl.A1 0,3848 0,5369 1,318 -0,172 Negativa 1,1 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente Estl.A2 0,2049 0,4052 1,316 -0,1957 Negativa 1,042 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente Estl.A3 0,3219 0,5487 1,279 -0,2335 Negativa 1,057 Mesocúrtica grossa selecionado Muito Areia Muito FA.G4 0,3421 0,2296 2,848 pobremente 0,2935 Positiva 1,629 grossa leptocúrtica selecionado Areia muito Pobremente FA.G5 -0,1929 -0,2912 1,55 0,1454 Positiva 1,048 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente Aprox FA.G6 0,0075 -0,0398 1,441 0,05936 1,042 Mesocúrtica grossa selecionado simétrica Muito Areia muito Muito NL.A1 3,056 1,828 3,536 pobremente 0,5193 Muito positiva 1,886 fina leptocúrtica selecionado Areia Pobremente NL.A2 1,384 1,298 1,487 0,1201 Positiva 1,065 Mesocúrtica média selecionado Muito Areia Muito NL.A3 2,127 1,561 3,055 pobremente 0,4123 Muito positiva 1,926 fina leptocúrtica selecionado Areia Pobremente Aprox NL.G4 0,3622 0,404 1,649 -0,03661 0,9357 Mesocúrtica grossa selecionado simétrica Areia muito Pobremente NL.G5 -0,0936 -0,243 1,779 0,1681 Positiva 0,9174 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente Aprox NL.G6 0,5251 0,4378 1,714 0,09827 0,8748 Platicúrtica grossa selecionado simétrica

Areia Pobremente SA.A1 1,466 1,985 1,804 -0,3409 Muito negativa 0,9279 Mesocúrtica média selecionado Areia Pobremente Muito SA.A2 2,184 2,624 1,416 -0,6189 Muito negativa 2,686 fina selecionado leptocúrtica

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Sigla Média Class. Mediana Seleção Class. Assimetria Class. Curtose Class. Moderadament Areia Muito SA.A3 2,272 2,46 0,9109 e -0,4073 Muito negativa 1,685 fina leptocúrtica selecionado Areia Pobremente SC.A1 0,7647 0,9639 1,757 -0,1763 Negativa 0,7794 Platicúrtica grossa selecionado Areia Pobremente SC.A2 0,789 0,9519 1,655 -0,1602 Negativa 0,7346 Platicúrtica grossa selecionado Areia Pobremente SC.A3 0,871 1,32 1,778 -0,3707 Muito negativa 0,8071 Platicúrtica grossa selecionado Areia Pobremente XV.A1 0,8114 1,086 1,748 -0,2263 Negativa 1,067 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente XV.A2 0,5974 0,8174 1,628 -0,209 Negativa 1,026 Mesocúrtica grossa selecionado Areia Pobremente XV.A3 0,5612 0,7345 1,611 -0,221 Negativa 1,14 Leptocúrtica grossa selecionado

A concentração de CaCO3 nas amostras de sedimento variou de 34,7% a 95,7% podendo estar relacionada à presença de rodolitos e algas calcárias, embora os valores tabelados não confirmem essa correlação. O mesmo se observa para a matéria orgânica que apresentou variação de 0,6% a 13,7%, valores estes determinados exatamente nas amostras onde foram anotadas a máxima e a mínima

concentração de CaCO3.

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Tabela 5.2- Tabela com as frações granulométricas, teor de carbonato (CaCO3) e matéria orgânica. Onde as siglas representam os locais amostrados (AR - Ilha das Aranhas, DS – Ilha Deserta Sul, ESTL - Estaleiro Leste, FA - Baía do Farol, NL- Naufrágio da Lili, AS - S. d’Água, SC- Saco do Capim, TS - Toca da Salema, XV - Ilha do Xavier). Sigla % cascalho % Areia % Silte % Argila CaCO3 M.O. AR.A1 12,38 85,18 2,444 0 65,51 2,7 AR.A2 8,98 87,74 3,276 0 63,88 2,72 AR.A3 4,247 91,45 4,305 0 53,29 2,54 DS.A1 5,955 86,22 7,822 0 84,78 8,04 DS.A2 5,39 88,21 6,403 0 84,84 8,84 DS.A3 8,962 85,31 5,732 0 80,79 7,2 DS.G4 12,98 85,44 1,583 0 93,34 9,13 DS.G5 11,25 87,16 1,592 0 94,6 12,66 DS.G6 21,48 77,51 1,007 0 93,76 10,86 Estl.A1 15,33 82,95 1,726 0 58,18 1,92 Estl.A2 18,85 79,86 1,29 0 64,86 1,81 Estl.A3 16,47 82,35 1,187 0 63,68 1,93 FA.G4 26,99 59,57 6,552 6,891 55,14 4,15 FA.G5 30,55 65,89 3,56 0 51,8 2,61 FA.G6 23,08 74,02 2,899 0 39,24 1,31 NL.A1 4,679 75,04 5,37 14,91 76,66 8,36 NL.A2 4,185 89,01 6,803 0 81,29 6,17 NL.A3 7,033 75,31 5,699 11,96 77,59 7,49 NL.G4 21,15 76,22 2,634 0 93,1 10,9 NL.G5 34,3 62,45 3,247 0 95,76 13,71 NL.G6 19,56 76,61 3,831 0 92,58 11,43 SA.A1 11,11 82,42 6,475 0 69,07 1,9 SA.A2 10,09 85,19 4,714 0 34,74 0,6 SA.A3 1,963 96,73 1,309 0 44,38 1,3 SC.A1 18,33 78,42 3,247 0 61,25 3,15 SC.A2 17,12 80,5 2,381 0 56,32 2,43 SC.A3 18,33 79,9 1,772 0 52,45 2,21 XV.A1 16,39 79,71 3,891 0 82,68 6,15 XV.A2 17,58 79,71 2,716 0 86,28 6,99 XV.A3 16,71 81,37 1,921 0 87,22 7,33

A análise de componentes principais possibilitou a extração e explicação de dois eixos que explicaram 75,5% da variação dos dados de tamanho médio do grão, selecionamento, assimetria e % CaCO3. O eixo 1, responsável por 40,5% da variação, foi formado pelas coordenadas positivas da assimetria e o selecionamento. O eixo 2, com 30,4% da variação, foi formado pela coordenada positiva da %CaCO3 e negativa do tamanho médio dos grãos (Figura 5.1). A análise das amostras ao longo destes dois eixos permitiu inferir acerca dos principais fatores relacionados ao tipo de fundo, nos quais as estações de amostragens foram posicionadas. Um evidenciou a presença de sedimentos finos e

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sedimentos mal selecionados em duas amostras de NL arenoso e uma FA granulosa. O outro fator foi relacionado ao tipo de fundo, granuloso, carbonático e arenoso.

Figura 5.1 Representação gráfica dos eixos 1 e 2 resultado da análise em componentes principais aplicada sobre o tamanho médio do grão (Média), grau de selecionamento (Selecionamento), assimetria e percentagem de carbonato de cálcio (CaCO3).

Os costões rochosos e a temperatura no infralitoral A fisionomias dos costões rochosos é formada em mais de 60% por fendas e buracos maiores que um metro de altura. Essas fendas e buracos proporcionam complexidade ambiental disponibilizando uma maior variedade de hábitats que costões com poucas saliências e reentrâncias, (11,55%) (Figura 5.2).

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Figura 5.2 Rugosidade nos costões rochosos da REBIO Arvoredo e Entorno.

Para a caracterização térmica desses ambientes foram instalados sensores de temperatura nos costões rochosos. Dentre os dez sensores instalados em 2014 nove foram recuperados. Em 2015, foram instalados doze sensores, contudo, apenas cinco foram recuperados no ano seguinte. Durante as campanhas de 2016 foram reinstalados sete sensores que atualmente se encontram em campo (Tabela 5.3). É importante ressaltar que a perda de sensores se deveu principalmente à remoção dos aparelhos por terceiros, mesmo nos sítios no interior da REBIO Arvoredo, esse fato pode ser deduzido pois os cabos de amarração encontravam-se visivelmente cortados. O menor valor de temperatura foi medido na Ilha das Aranhas, 16,0°C, no verão de 2014 (Figura 5.3). Nesse ano existe maior quantidade de dados.

Tabela 5.3 Instalação de sensores de temperatura pelo projeto MAArE. Leia-se: (ok) = sensores instalados e recuperados; (---) = equipamento não instalado. Verão 2014 Verão 2015 Verão 2016 Sítios 5m 10m 5m 10m 20m 5m 10m 20m Toca da Salema Ok Ok perdido perdido --- Ok Ok --- Ilha Deserta Ok Ok perdido perdido --- Ok Ok --- Rancho Norte Ok Ok Ok Ok --- Ok Ok --- Baía do Farol Ok Ok Ok Ok Ok ------Ilha das Aranhas Ok --- perdido ------Ok ------Ilha do Xavier perdido ------perdido ------Estaleiro Leste perdido --- perdido ------

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Figura 5.3 Temperaturas, máximas (tons escuros) e mínimas (tons claros) diárias, medidas por sensores in situ em comparação com média de todos os pontos amostrados (22,08°C).

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Para comparação espacial da influência da temperatura, foi elaborada uma interpolação das frequências de temperaturas inferiores ou iguais a 18°C levando em consideração os dados obtidos em 2014. O mapa que se segue demonstra que as Ilhas das Aranhas e Xavier são mais frequentemente atingidas por temperaturas menores ou iguais a 18°C que as Ilhas da REBIO Arvoredo. No interior da Reserva, a Ilha Deserta está sujeita à influência de águas mais frias que as Ilhas do Arvoredo e a Ilha da Galé.

Figura 5.4 Frequência de temperaturas inferiores ou iguais a 18°C. Interpolação elaborada com base nas medidas dos sensores instalados in situ.

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As variações térmicas observadas são resultantes de diversos fenômenos. A caracterização oceanográfica da região, detalhadas nos Volumes 1 e 2 desse relatório (MAArE, 2017b, 2017c) demonstrou que a localização geográfica peculiar da REBIO do Arvoredo, na região de transição entre a Plataforma Continental Sudeste ou South Brazil Bight (Cabo Frio - Cabo de Santa Marta) e a Plataforma Continental Sul ou South Subtropical Shelf (Cabo de Santa Marta - Chuí), na costa brasileira resulta em ambientes oceanográficos muito diferentes no verão e inverno. A região está sob influência de processos oceanográficos de mesoescala como a expansão da pluma do Rio da Prata e Lagoa dos Patos, no inverno, e a intrusão de águas frias, no verão, da Água Central do Atlântico Sul (ACAS). Esses processos apresentam forte variação sazonal e são influenciados por fenômenos climáticos de larga escala de frequência interdecadal com o El Niño e La Niña. Uma vez que esses eventos influenciam a produção planctônica, todo o ecossistema é atingindo, já que grande parte dos animais marinhos em alguma fase da vida se alimenta do plâncton. A variabilidade meteorológica se mostrou determinante para a caracterização ambiental, influenciando o regime de marés, ondas e de distribuição de massas d´água. Durante o Projeto MAArE tivemos em 2015/ 2016 o El Niño mais forte desde 1997. As modificações meteorológicas e oceanográficas relativas a um forte El Niño começam a ser sentidas muito antes do final de 2015. A alternância de ventos norte/nordeste no verão e ventos sul/sudoeste no inverno foi substituída por ventos intensos e frequentes desde o inverno de 2015 até o inverno de 2016. Assim, tivemos na REBIO os fluxos das águas predominantemente em direção ao sul. Ao mesmo tempo, no inverno de 2016 a influência das águas da pluma do Rio da Prata e Lagoa dos Patos foi a mais forte dos três anos. Devido aos intensos e persistentes ventos de norte/ nordeste, a intrusão da ACAS (Água Central do Atlântico Sul) no verão de 2016 também foi a mais intensa nos três anos, chegando pelo fundo próximo da Baía das Tijucas. Apenas a continuidade do monitoramento da temperatura in situ nos costões e dos indicadores biológicos a médio prazo poderá indicar possíveis influências dessa variabilidade interanual sobre a fauna e flora da REBIO Arvoredo e entorno.

Lixo nos costões e bancos A quantidade de lixo de pesca e de lixo comum nos costões e bancos foi contabilizada em todos os sítios nos anos de 2015 e 2016. Durante esses dois anos a maior quantidade de lixo foi avistada no sítio continental Estaleiro Oeste, ao todo 54 objetos, seguida da Baía do Farol, entorno imediato da REBIO Arvoredo com um total de 50 objetos. Em todos os sítios da Reserva foram avistados lixo de pesca como linhas, chumbadas, redes, poitas e âncoras (Tabela 5.4). A Figura 5.5 compila toda a informação sobre a quantidade de lixo levantada durante as campanhas de 2015 e 2016.

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Tabela 5.4 Contagem de lixo nos sítios amostrais. Dados obtidos em transecções de 40 m² (20x2m). O protocolo de amostragem não prevê remoção do lixo, assim é possível que alguns dos objetos tenham sido contabilizados nos dois anos de amostragem. Média por Sítios Lixo de Pesca Lixo Comum Total N° de transecções Transecção (40m²) Naufrágio do Lili 2 1 3 6 0,5 Toca da Salema 7 6 13 12 1,08 Ilha Deserta 10 1 11 12 0,92 Ilha Deserta Sul 5 9 14 6 0,33 Saco d’Água 2 2 4 12 1,17 Rancho Norte 10 7 17 12 1,42 Estaleiro Leste 27 12 39 6 6,50 Estaleiro Oeste 25 29 54 6 9,00 Saco do Capim 7 5 12 12 1,00 Baía do Farol 36 14 50 12 4,17 Ilha das Aranhas 1 1 2 10 0,20 Ilha do Xavier 3 1 4 9 0,44

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Figura 5.5 Densidade média de lixo observada sobre costões rochosos, bancos de Madracis decactis e de rodolitos. A quantidade de lixo foi levantada por contagem em áreas de 40m², segundo o protocolo Reef Check.

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Taxonomia e biodiversidade de algas marinhas

Amostragem qualitativa A análise qualitativa dos últimos três anos revelou uma flora composta por 105 (Anexo I – Espécies de algas) espécies sendo Codium intertextum, Cladophora vagabunda e Bryopsis pennata as mais frequentes dentre as algas verdes, enquanto as Amphiroa anastomosans, Asparagopsis taxiformis e Hypnea spinella entre as vermelhas e Canistrocarpus cervicornis, Padina gymnospora e Sargassum vulgare entre as pardas. Dictyota humifusa, Laurencia furcata, Dasya baillouviana destacam-se por serem adições à flora do Sul do Brasil resultado das amostragens de 2014 e 2015. Dentre as espécies menos frequentes destaca-se Ulva lactuca encontrada apenas na coleta de 2016 dentro da REBIO Arvoredo no sítio Toca da Salema. De maneira geral algas filamentosas constituindo a matriz epilitica estiveram representadas dominantemente por algas vermelhas e verdes. Sonderophycus capensis foi muito importante em áreas mais profundas. O Codium spp. esteve presente especialmente nos costões rochosos, onde em áreas mais rasas foram muito abundantes (Figura 5.6).

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b. c. a.

d. e. f.

g. h. i.

Figura 5.6 Macroalgas frequente e algumas vezes dominantes sobre os substratos submersos na REBIO do Arvoredo e Entorno (onde: a. algas filamentos vermelhas (Ceramiaceae) e verdes (Bryopsis pennata) filamentosas; b. alga vermelha Sonderophycus capensis dominando áreas mais profundas e muitas vezes com pouca luz; c. alga vermelha Asparagopsis taxiformis, frequente e muitas vezes abundante durante o verão especialmente em áreas mais rasas; d. Codium isthmocladum, pouco frente mas eventualmente abundantes nas ilhas ao sul da REBIO; e. e f. Codium intertextum, que pode ser observado isoladamente ou formando extensos bancos; g. Algas de aspecto filamentoso verdes (Chaetomorpha sp e Derbesia marina) e vermelhas (Hypnea spinella e Polysiphonia sp.); h. alga parda Dictyota ciliolata e i. Sargassum vulgare foram especialmente abundantes nas áreas amostrais do entorno ao norte da REBIO).

Em relação aos bancos de rodolitos destaca-se a caracterização da formação presente na Ilha Deserta (Tabela 1.2). Apesar das diferenças em relação à composição da flora acompanhante, as espécies estruturadoras mais abundantes foram as mesmas que as constituintes do banco do Rancho Norte: Mesophyllum erubescens, Lithothamnion heteromorphum e Lithophyllum margaritae (Figura 5.7). Para o banco do Rancho Norte destaca-se a presença de Lithophyllum atlanticum, uma nova espécie para a ciência que tem na Ilha do Arvoredo sua localidade tipo.

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Figura 5.7 Espécies dominantes no banco de rodolitos da Ilha Deserta. (Onde: A = Mesophyllum erubescens, B = Lithothamnion heteromorphum e C = Lithophyllum margaritae.

Considerando o conjunto de três anos de amostragem, o maior número de espécies por sitio amostral esteve de maneira geral no entorno da REBIO Arvoredo. Destacou-se como área mais rica dentro da REBIO Arvoredo o sítio Naufrágio Lili, na Ilha da Galé, com 45 espécies, enquanto que no entorno da REBIO destacaram-se Estaleiro Leste ao norte da unidade com 48 espécies e o Xavier com 54 espécies de macroalgas (Figura 5.8).

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50

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20

Número de espécies Númerode espécies 10

0 NL TS DE DEBR S A RN ESTL ESTO SC FA AR XV Rebio Arvoredo Entorno Sítios amostrados Figura 5.8 Número de espécies resultado da análise da amostragem qualitativa de cada um dos sítios de coleta ao longo de três anos de amostragem (onde: NL: Naufrágio do Lili, TS: Toca da Salema, DE: Ilha Deserta, DEBR; Ilha Deserta – Banco de Rodolitos, SA: Saco d’ Água, RN: Rancho Norte; ESTL: Estaleiro Leste; ESTO: Estaleiro Oeste; SC: Saco do Capim; FA: Baía do Farol; AR: Ilha das Aranhas; XV: Ilha do Xavier).

Amostragem quantitativa A análise dos fotoquadrados nos três anos de amostragem revelou uma comunidade diversa e bastante heterogênea considerando os sítios, ilhas e as particularidades regionais inerentes à REBIO Arvoredo e entorno. Na REBIO Arvoredo se destaca o turf filamentoso, como no Saco do Capim - Ilha

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do Arvoredo, ou Ilha Deserta Sul, ou Toca da Salema, na Ilha das Galés; o turf calcário, como na Ilha Deserta, Rancho Norte na Ilha do Arvoredo e Naufrágio do Lili na Ilha das Galés. No entorno o turf filamentoso também é dominante, como na Baía do Farol, nas Ilhas das Aranhas e Xavier. No Estaleiro destaca-se Sargassum sp. como principal constituinte. Não se pode deixar de dar evidência para as Algas Calcárias não articuladas que figuram entre os grupos mais abundantes de todos os sítios e têm maior abundância na Ilha Deserta. A alga parda Padina gymnospora encontra suas maiores abundâncias igualmente no interior da REBIO, sendo mais abundante na Ilha Deserta Sul. Os zoantídeos foram mais abundantes na face oeste da Ilha do Arvoredo, tanto na porção Reserva (Rancho Norte), quanto entorno (Saco do Capim). Cascalho e areia recobriram o substrato de maneira mais abundante na Ilha das Aranhas, apesar de presente em todos os sítios amostrados (Figura 5.9). Os bancos de rodolitos tiveram sua comunidade associada dominada por turf filamentoso na Ilha do Arvoredo e por turf calcário na Ilha Deserta. Destaca-se na Ilha do Arvoredo cobertura elevada de zooantídios (Protopalythoa sp.). Por outro lado, o banco da Ilha Deserta apresentou menor cobertura da comunidade associada, com maior exposição dos rodolitos, que apresentaram maior cobertura. Além disso, este banco esteve mais diverso considerando os grupos mais abundantes, observando-se turf calcário, Sargassum sp. e zoantídeos entre os grupos mais abundantes. A presença de cascalho e areia recobrindo com maior abundância o banco da Ilha Deserta deve ser destacada (Figura 5.8). Considerando os principais descritores sintéticos, verifica-se que a riqueza observada no entorno em 2015 foi inferior da observa na REBIO Arvoredo. Considerando as variações observadas entre 2015 e 2016, a diferenças observadas na REBIO não foram significativas enquanto que a elevação da riqueza no entorno da unidade foi significativa (Figura 5.11). Considerando a Diversidade de Shannon verificam-se valores significativamente inferiores no entorno da REBIO em 2015. Por outro lado, observa-se que a diversidade reduziu no interior da unidade de 2015 para 2016 (Figura 5.11).

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Figura 5.9 Porcentagem de cobertura relativa média, considerando os anos 2015 e 2016, dos grupos mais abundantes do fitobentos dos costões rochosos na área da REBIO Arvoredo e entorno considerando a análise dos fotoquadrados (onde: cores diferentes representam grupos diferentes conforme legenda apresentada no canto inferior esquerdo da figura; numeros se referem aos sítios de coleta conforme legenda no canto superior esquerdo da figura; n total= 495).

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Figura 5.10 Percentagem de cobertura relativa média, considerando os anos 2015 e 2016, dos grupos mais abundantes do fitobentos associado aos bancos de rodolitos presentes na área da REBIO Arvoredo considerando a análise dos fotoquadrados (onde: cores diferentes representam grupos ou unidade operacionais conforme legenda apresentada no canto inferior esquerdo da figura; números se referem aos sítios de coleta conforme legenda no canto superior direito da figura; n total= 120).

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Figura 5.11 Índices sintéticos calculados a partir da cobertura relativa considerando os sítios de coleta da REBIO Arvoredo e seu entorno, e as amostragens realizadas em 2015 e 2016 (valores médios acompanhados do erro padrão). Para esta análise foi suprimida a amostragem de 2014 uma vez que durante esse período por limitações climáticas e oceanográficas não foram realizadas coletas no entorno norte. A) A Riqueza por unidade amostral. B) Diversidade de Shannon por unidade amostral (amostrador 25x25 cm). Letras diferentes simbolizam diferenças expressas pelo teste a posteriori (n=615).

As amostragens de 2014 revelaram uma estrutura de comunidades no interior da REBIO com substrato recoberto majoritariamente por Palythoa, seguido por turf filamentoso. Dentre as macroalgas destacaram-se ainda as calcárias não articuladas e turf dominado por Algas Calcárias articuladas. No entorno da REBIO Destacam-se adicionalmente a alga verde Codium e cascalho ou areia. Em 2015 no interior da REBIO se destacam, dentre as espécies mais abundantes, o ouriço preto e a alga parda do gênero Sargassum, assim como no entorno da REBIO. Em 2016 destaca-se o aumento da cobertura de paranho (filme de micro-organismos e microalgas) e a redução de abundância de Sargassum sp. no interior da REBIO e o aumento da cobertura dessa espécie nos sítios do Entorno (Figura 5.12). Dentre os principais constituintes da comunidade destacamos a variação da abundância de turf calcário e Sargassum sp. por serem grupos com maior representatividade na amostragem e pelos valores apresentarem homocedasticidade. As variações observadas em ambos os grupos foram significativas e resultado da interação entre os três fatores testados na ANOVA fatorial (Posição, Ano, Profundidade). Verifica-se que o Entorno apresentou a maior abundancia do turf calcário nos 5 metros em 2016. O entorno apresentou a maior abundância de Sargassum, representado pelos sítios ESTL e ESTO, entretanto esta foi observada aos 10 metros em 2016. Portanto, considerando estas profundidades, destaca-se que em ambos os casos essa abundância no Entorno foi significativamente maior que a apresentada na REBIO considerando tanto 2015, quanto 2016. Vale destacar, que aos 5

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metros a abundância de Sargassum sp. dentro da REBIO foi maior que no Entorno em 2016, sendo esta numericamente semelhante à observada no entorno aos 10 metros (Figura 5.12).

Figura 5.12 Variação da cobertura do macrobentos de macroalgas e invertebrados considerando as médias observadas em cada ano de monitoramento na REBIO Arvoredo e em seu Entorno (valores médios acompanhados do erro padrão). Com o objetivo de descrever a variação nos três anos nessa análise foi mantida a amostragem de 2014 (n total=615).

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Figura 5.13 A) Cobertura relativa de turf calcário e B) Sargassum sp. Considerando o período 2015/2016 as duas faixas de profundidade amostradas (5 e 10 metros) envolvendo os doze sítios representando a REBIO Arvoredo e seu entono (valores médios acompanhados do erro padrão). Para esta análise foi suprimida a amostragem de 2014 uma vez que durante esse período por limitações climáticas e oceanográficas não foram realizadas coletas no Estaleiro Leste e Oeste. Letras diferentes simbolizam diferenças expressas pelo teste a posteriori (n=615).

Na busca de fornecer dados mais robustos e detalhados para darmos subsídios mais detalhados à gestão, a integração dos resultados da estrutura da comunidade em uma análise exploratória multivariada (nMDS e PERMANOVA) evidenciou uma comunidade macrofitobêntica pouco homogênea, com similaridade interna das categorias variando de 40 a 63%. Do ponto de vista gráfico as particularidades do entorno Norte ficam evidentes com a similaridade evidenciada entre as áreas do Estaleiro. Por outro lado, o entorno sul e entorno imediato, se mostram mais semelhantes entre si que quando comprados com demais localidades da REBIO e Entorno Norte. Deve-se destacar que apesar de serem singulares em relação as demais áreas os bancos de rodolitos são diferentes entre si. Considerando as comparações estatísticas realizadas a partir da Permanova, destaca-se a similaridade entre as categorias de sítios caracterizadas variou de 33 a 53%. Deve-se destacar o ano de 2015 quando a REBIO do Arvoredo apresentou sua comunidade macrobêntica significativamente diferente do entorno de maneira geral, enquanto que em 2016 estas diferenças não foram observadas. Destaca-se ainda que as diferenças da estrutura da comunidade da REBIO do Arvoredo de um ano para o outro não variou significativamente. Por outro lado, estas diferenças foram significativas considerando o entorno norte (Figura 5.14; Tabela 5.5).

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Figura 5.14: NMDS ilustrando a similaridade entre as amostras entre sítios da REBIO do Arvoredo, do entorno Norte, entorno Imediato e entorno Sul. As amostragens de 2014 foram excluídas desta análise por não terem contemplado o entorno Norte. Dados foram transformados por arco-seno e apresentados segundo a distância euclidiana. Turf_fill = turf filamentoso; casc_areia = cascalho ou areia; Sarg = Sargassum sp.; Padina = Padina sp.; Prot_palyt = Protopalyhota sp. ou Palythoa caribaeorum; Palyt = Palyhota; Turf_calc = Turf calcário; Calc_art = Alga calcária articulada.

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Tabela 5.5 Resultados da PERMANOVA considerando os sítios da REBIO do Arvoredo, do entorno Norte, entorno Imediato e entorno Sul, para cada um dos anos de amostragem. As amostragens de 2014 foram excluídas desta análise por não terem contemplado os sítios do entorno norte (onde: diagonal em negrito= similaridade intracategoria ou interna dos conjuntos de sítios de cada uma das categorias; abaixo da diagonal destacamos as semelhanças entre cada uma das categorias; acima da diagonal os valores de p do teste de Mont Carlo, destacando-se em negrito as diferenças significativas; entre parênteses valor de p da PERMUTAÇÃO). Ano 2015 2016 REBIO Entorno Entorno Entorno REBIO Entorno Entorno Entorno Sítios Arvoredo Norte Imediato Sul Arvoredo Norte Imediato Sul REBIO Arvoredo 52,705 0,0281 0,0491 0,028 0,0984 0,007 0,0341 0,0802 Entorno 2015 Norte 40,654 40,613 0,2722 0,1133 0,1133 0,0001 0,2639 0,1053 Entorno Imediato 50,728 44,173 55,378 0,1053 0,1053 0,0605 0,0795 0,1237 Entorno Sul 53,403 41,864 54,108 63,494 0,0671 0,0705 0,1299 0,458 REBIO Arvoredo 46,537 33,267 44,92 44,897 47,176 0,0575 0,2807 0,1363 Entorno 0,0784 2016 Norte 36,875 37,103 36,78 43,11 30,942 57,085 (0,001) 0,1508 Entorno Imediato 46,818 36,892 46,22 50,219 44,787 36,59 48,82 0,1508 Entorno Sul 47,804 37,208 47,064 53,645 42,919 37,387 48,715 52,593

O monitoramento do fitobentos evidenciou variações significativas espaciais e temporais relacionadas com a composição específica, riqueza, diversidade e abundância de espécies chaves para o funcionamento e resiliência da comunidade macrobêntica e assembleias associadas. As diferenças observadas em todas as estratégias de análise em relação as variações espaciais e temporais, reforçam a necessidade de um programa de monitoramento detalhado e ininterrupto. O método de amostragem utilizando fotoquadrados além de permitir caracterizar variabilidade na escala de sítios permitiu a identificação de padrões relacionados as variáveis ambientais que estão relacionadas com a REBIO do Arvoredo. As diferenças na composição e estrutura podem ser explicadas por interações entre variáveis físico-químicas e biológicas assim como já observado por outros autores para o litoral catarinense assim como outras regiões do infralitoral brasileiro. A ocorrência de espécies ainda não descritas para o litoral catarinense, e já listadas para áreas tropicais do litoral brasileiro, pode ser atribuída à contribuição do aprimoramento do esforço de coleta como já explorado por outros autores, como Ritzman et al. (2006). Entretanto, não se pode ignorar que alterações oceanográficas e o aquecimento já reportado para o litoral brasileiro podem estar induzindo uma expansão da distribuição de espécies até então tropicais para áreas mais ao sul em nosso litoral, como já observado por De Faveri et al. (2010) e Gorman et al. (2016). Este cenário reforça a importância da REBIO do Arvoredo como um refúgio ambiental para representantes da biodiversidade que estão tendo seu nicho tropical deslocado para maiores latitudes. Destaca-se que áreas mais profundas e mais ao sul com suas temperaturas mais baixas representam igualmente refúgio importante para espécies com limites fisiológicos de temperatura reduzidos ou afetados

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negativamente por temperaturas extremas, já observadas em momentos de ondas de calor como observado na região em 2014 (Gouvêa et al. 2017). Esta eventual elevação da dinâmica de processos de assentamento e colonização, ou de redistribuição da flora marinha, pode favorecer o processo de bioinvasão. Nesse sentido ressalta-se a importância de especial atenção para a espécie de alga vermelha, Grateloupia turuturu (Azevedo et al. 2015), que foi recentemente observada pela primeira vez no litoral catarinense. O número total de espécies observado durante o monitoramento destes últimos três anos, foi inferior ao número observado durante o período de realização do plano de Manejo (Horta et al. 2009) ou mesmo durante o trabalho de dissertação de Cabral (2009). Em 2003 foram identificados 116 táxons infra genéricos, enquanto em 2009 encontrados 111 táxons infragenéricos nas áreas amostradas na REBIO. Estas diferenças temporais observadas na composição podem estar relacionadas com particularidades da amostragem realizada em períodos anteriores que dedicaram maior esforço à caracterização da composição de comunidade macroalgal. Não se pode descartar eventuais influências do treinamento de bolsistas de graduação que, ao longo de sua formação, variam a habilidade de discriminar morfotipos particulares aprimorando o processo de diagnose com o tempo. Deve-se, entretanto, ressaltar que o avanço da ocupação da região costeira da área adjacente pode estar alterando a qualidade da água de maneira geral, com a elevação da concentração de substâncias tóxicas como metais, nutriente inorgânico dissolvido, elevando a sedimentação e reduzindo a disponibilidade de luz junto ao fundo (Airoldi 2003; Airoldi & Cinelli 1997; Fabricius et al. 2005). A redução do número de espécies já foi atribuída à poluição costeira relacionada com as regiões urbanas do Brasil (Scherner et al. 2013) e especificamente no estado de Santa Catarina (Martins et al. 2012). As variações observadas nos índices de Diversidade e Riqueza, também podem ser atribuídas ao fato da poluição estar potencialmente impondo limites fisiológicos ao assentamento e desenvolvimento de espécies de macroalgas no interior da REBIO. Além de se buscar testar esta hipótese com desenho amostral e experimental específicos, a precaução recomenda que sejam reforçados os arranjos institucionais para que urgentemente sejam viabilizados os meios para que seja dado solução definitiva para a questão do saneamento básico na Ilha de Santa Catarina assim como dos demais municípios de seu entorno e área de influência, que, considerando a circulação costeira da região, vai do sul da Ilha de Santa Catarina até o município de Itajaí. A estrutura da comunidade como um todo é semelhante à encontrada na província biogeográfica reconhecida como temperada quente (Horta et al. 2001). Quando verificamos a abundância de macroalgas, padrão semelhante foi caracterizado na REBIO em 2003 e 2009 (Horta et al. 2009, Cabral 2009), assim como em outras localidades da referida província, como do litoral catarinense ao litoral do estado do Rio de Janeiro. Nessa região as macroalgas recobrem de 20% a 80%

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do substrato, destacando-se entre os principais competidores, cnidários como Palythoa (Oigman‐ Pszczol et al. 2004). Na REBIO devemos ressaltar o declínio acentuado das populações de Sargassum sp., que se destacavam entre os organismos dominantes de 2003, representando 41% da abundância, e nos últimos anos confirma-se o processo de declínio representando menos de 10% da cobertura dos sítios amostrados, a partir das amostragens de 2008 (Cabral et al. 2009). Este padrão vem sendo identificado no Brasil (Taouil, & Yoneshigue-Valentin 2002), assim como em outras regiões do mundo (Thibau et al. 2005), e atribuído ao avanço da poluição relacionada com a ocupação urbana, que em Santa Catarina cresceu sem contar com o saneamento básico necessário para mitigar os impactos do lançamento de efluentes na região costeira. Considerando as diferenças espaciais observadas destaca-se na análise conjunta dos resultados relativos à ictiofauna a maior abundancia de predadores como a garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) no interior da REBIO. Considerando os efeitos reconhecidos das cascatas tróficas, a maior abundância de predadores reduz a pressão de herbívoros favorecendo o estabelecimento e desenvolvimento de espécies de crescimento mais lento como Sargassum sp., que teve nas áreas rasas da REBIO maiores valores de cobertura quando comparado a áreas do entorno, especialmente das regiões mais ao sul. Quando avaliamos a estrutura da ictiofauna das áreas do entorno ao norte, verificamos uma redução da abundância geral, inclusive de herbívoros, o que igualmente favorece a estruturação da comunidade por organismos como Sargassum sp., entre outras algas k estrategistas. A maior abundância de turf calcário nas áreas rasas do entorno, especialmente dos sítios localizados ao sul do arvoredo, reforça o argumento de maior herbivoria nestas regiões especialmente durante o verão. As algas filamentosas, que constituem parte do tapete em questão, crescem rapidamente e neste caso ficam de certa maneira protegidas por algas calcárias articuladas, que apresentam no carbonato de cálcio presente em sua parede celular defesa contra boa parte dos herbívoros. A presença de herbívoros, especialmente de pequenos crustáceos (mesograzers) é uma das explicações para a estrutura particular dos bancos de rodolitos presentes na REBIO (Scherner et al. 2010) quando comparados a bancos presentes no nordeste do Brasil (Riul et al. 2009; Pascelli et al. 2013). Estes trabalhos evidenciaram que os bancos de rodolitos da REBIO do Arvoredo apresentam uma grande abundância de mesograzers, entre outros herbívoros em potencial, como verificado nos capítulos de invertebrados ou envolvendo fauna desse relatório. Estes consumidores, além de dificultar o processo de assentamento e colonização, predam constantemente a flora local resultando em cobertura relativamente reduzida da flora associada aos bancos em questão. Deve-se reforçar que esta parcela da comunidade, constituinte do fital, deve receber especial atenção em esforços futuros de caracterização da biodiversidade da REBIO Arvoredo.

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Apesar de importantes, os fatores até aqui mencionados, analisados e explorados em detalhe e em conjunto na integração dos resultados, evidenciam que as diferenças observadas na flora estão de alguma forma relacionadas às variações regionais de temperatura e hidrodinâmica. Durante o monitoramento caracteriza-se as áreas ao sul da REBIO como mais frias sendo mais frequentes nestes sítios temperaturas inferiores a 18 graus Celsius. Essas áreas, como especialmente a Ilha das Aranhas se mostraram com maior hidrodinâmica o que em conjunto com a temperatura deve atuar no processo de determinação da estrutura da comunidade. A redução da temperatura está diretamente relacionada com as taxas metabólicas, especialmente de espécies com afinidade tropicais que encontram no sul do Brasil seu limite sul de distribuição. Dessa forma, a explicação de redução de abundância de Sargassum sp. nas áreas mais ao sul deve levar em consideração sua maior susceptibilidade metabólica às baixas temperaturas que reduz sua habilidade competitiva, pois reduz ao seu rendimento quântico, ou potencial de produção primária em regiões de maiores latitudes ou de águas mais frias (Scherner et al. 2012). Quando observamos as abundancias crescentes de Sargassum sp. nas áreas mais costeiras e mais ao norte, incluindo a REBIO e especialmente o entorno, observa-se uma relação positiva com as crescentes temperaturas das áreas mais rasas e costeiras. Assim, deve-se buscar a realização de experimentos que isolem os fatores, físico-químicos e biológicos levantados no processo de monitoramento para que esforços sejam direcionados para o manejo da UC, assim como deste importante constituinte do ambiente bêntico. A presença de menor abundância de herbívoros nas áreas do entorno norte coincidindo com as maiores abundancias de Sargassum, reforça a necessidade de abordagens integradas considerando estes fatores físico/químicos e biológicos. Considerando o papel fundamental do Sargassum sp. na estruturação do dossel submerso, não se pode subestimar eventuais relações de variação na sua abundância com as ditas variáveis físico/químicas e suas interações com a predação ao longo das áreas monitoradas. Assim tanto representantes da ictiofauna quanto invertebrados do macrobentos e do fital devem continuar a ser monitorados ou ter sua análise implementada. Considerando o papel destas Fucales como promotores de diversidade de nicho, elevando a resiliência das comunidades bênticas, deve-se buscar alternativas metodológicas para se restaurar as comunidades anteriormente observadas no interior da REBIO, restaurando-se os bens e serviços por elas representados. Os bancos de rodolitos das Ilhas do Arvoredo e Deserta merecem especial atenção especialmente por apresentarem espécies endêmicas da costa Brasileira (Vieira-Pinto et al. 2016), estrutura diferente das demais formações do tipo descritas para o litoral brasileiro, com uma menor abundância de macroalgas não calcificadas (Riul et al. 2009, Horta et al. 2016). A referida estrutura pode ser explicada por particularidades oceanográficas, como as temperaturas mais baixas e menor transparência da água dos sítios da REBIO, quando comparada a outras localidades especialmente do

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nordeste do Brasil que tiveram sua flora e fauna associada descrita. Apesar de apresentarem estrutura de comunidades associadas diferentes estes resguardam composição específica das espécies estruturadoras semelhantes. Do ponto de vista do manejo devemos destacar a necessidade de atenção para os riscos representados pela acidificação da água do mar, seja está relacionada ao processo de poluição de regiões costeiras ou mesmo às crescentes concentrações de CO2 na atmosfera e sua gradual transferência para os oceanos (Horta et al. 2016). É importante que sejam incorporados no monitoramento da REBIO descritores biogeoquímicos relacionados à química do CO2 (Kerr et al. 2015), para que possamos vislumbrar eventuais necessidades ou especificidades de manejo para estas formações, únicas no litoral brasileiro. Portanto as variações observadas em um mesmo sítio de um ano para outro, assim como as variações espaciais observadas localmente em função das diferentes profundidades ou regionalmente em função das particularidades dos sítios presentes na REBIO Arvoredo e entorno, são resultado da interação entre organismos e destes com as variáveis físico-químicas de cada um dos sítios. As diferenças detectadas espacialmente na REBIO Arvoredo em 2014 considerando a estrutura de comunidade, ou mesmo as diferenças na abundância de táxons específicos (tanto espaciais quanto temporais), reforçam que as macroalgas, tanto populações chaves como a estrutura da assembleia, caracterizadas pelos fotoquadrados, assim como observado por outros autores (ex. Pinedo et al 2005), permitem a interpretação ambiental do papel de variáveis físico-químicas que estão relacionadas ao manejo da unidade de conservação. Portanto, deve-se recomendar a continuidade do monitoramento fotográfico dos sítios em questão para que possamos fornecer aos gestores da unidade subsídios para direcionar esforços para ações como a fiscalização ou mesmo a articulação com o poder público do entorno da UC, que venham a resolver os problemas de lançamento de poluentes na água, como o ocorrido no verão de 2015/2016, quando a CASAN foi responsável por lançamento de esgoto não tratado na praia de Canasvieiras, conforme veiculado pela imprensa em geral. Desta forma, poderemos construir as condições para que possamos elevar a efetividade desta importante unidade em sintonia com esforços internacionais que buscam aperfeiçoar o processo conservação marinha (Halpern & Warner 2003).

Macroinvertrebrados de substrato inconsolidado Foram identificados 9.521 exemplares da macrofauna divididos em 67 espécies ou morfotipos, destes 7.706 indivíduos foram coletados no interior da REBIO e 1.811 em locais do em seu entorno. Os grupos mais abundantes foram os anelídeos (47,3%), crustáceos (44,5%), equinodermos (3,7%) e moluscos (1,2%) que juntos somaram mais de 95% da macrofauna coletada (Tabela 5.6). Os taxa mais

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abundantes em todos os locais foram: Syllidae (11%), Exogoninae (6,7%), Isopoda sp2 (9,8%), Caprellidae spp. (5,1%), Cumacea spp. (4,9%), Paraonidae sp4 (3,9%) e Eunice sp1 (3,5%) (Tabela 5.6).

Tabela 5.6: Lista dos filos da macrofauna identificados na Reserva biológica do arvoredo. Filo Abundância (%) Annelida 4503 47,295 Crustacea 4237 44,502 Echinoderma 384 4,033 Sipunculida 138 1,449 Mollusca 113 1,187 Cephalocordata 61 0,641 Nemertea 57 0,599 Platelminthes 21 0,221 Cnidaria 5 0,053 Chaetognata 2 0,021 Total 9521 100

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Tabela 5.7: Lista de espécies e morfotipos da macrofauna identificados na Reserva biológica do arvoredo. Onde as siglas representam os sítios amostrais (AR- Ilha das Aranhas, DS – Ilha Deserta Sul, ID- Ilha Deserta, ESTL- Estaleiro Leste, FA- Baía do Farol, NL- Naufrágio da Lili, AS- Saco d Água, SC- Saco do Capim, TS- Toca da Salema, XV- Xavier). Entorno REBIO Taxa AR ESTL FA SC XV DS ID NL RN AS TS Total (%) Anellida 47,3% Syllidae spp. 20 82 31 150 44 178 242 92 45 5 172 1061 11,15 Exogoninae spp. 8 145 21 75 48 152 30 146 4 2 12 643 6,76 Paraonidae sp4 3 14 7 15 23 160 12 85 7 41 7 374 3,93 Eunice sp. 1 0 0 0 0 0 0 100 0 144 0 95 339 3,56 Lumbrineriopsis sp1 2 0 1 0 0 1 47 8 3 0 125 187 1,96 Sabellidae sp1 1 20 1 23 7 98 8 5 3 0 0 166 1,74 Armandia sp1 3 24 3 1 2 30 0 20 3 1 73 160 1,68 Nematonereis sp 2 13 5 9 9 22 31 35 11 0 11 148 1,56 Cirrarulidae sp2 7 0 0 10 1 3 88 7 7 0 0 123 1,29 Sabella sp1 0 0 0 0 0 0 14 0 94 0 4 112 1,18 Prionospio sp. 1 0 70 1 3 4 2 0 6 0 0 1 87 0,91 Oligochaeta 5 1 13 0 10 32 7 3 0 1 11 83 0,87 Aonides sp. 1 6 5 1 9 10 12 11 3 1 16 75 0,79 Orbiniidae spp. 12 0 1 0 3 6 2 48 0 0 0 72 0,76 Prionospio sp.2 21 1 0 1 0 2 0 1 0 40 0 66 0,69 Dorvileydae spp 5 43 0 1 9 0 1 0 6 0 1 66 0,69 Amphinomidae sp2 1 3 0 2 6 17 20 6 2 0 2 59 0,62 Cirratulidae sp3 2 4 2 0 0 6 10 18 12 0 4 58 0,61 Terebelidae spp 5 10 2 30 0 1 2 4 2 1 1 58 0,61 Mystides sp 0 0 0 0 0 0 47 0 1 0 3 51 0,54 Capitellidae spp 12 7 8 7 1 7 1 4 0 0 4 51 0,54 Onuphidae spp. 0 19 0 5 1 4 0 1 0 1 0 31 0,33 Cirratulidae sp4 0 0 1 0 0 3 5 8 6 0 6 29 0,3 Paraonidae sp1 1 0 0 0 2 0 20 0 0 4 1 28 0,29 Spionidae sp. 1 1 0 1 0 0 14 0 3 0 8 0 27 0,28 Ovenia fusiformis 4 0 3 0 0 13 2 5 0 0 0 27 0,28 Eunice sp. 2 0 0 0 0 0 1 7 0 1 0 17 26 0,27 Nereididae spp 1 3 0 0 0 4 0 16 0 0 2 26 0,27 Laonice sp. 0 0 1 0 9 9 0 2 0 0 1 22 0,23 Amphinomidae sp1 0 1 0 1 1 5 1 6 7 0 0 22 0,23 Pholoididae spp 3 1 0 1 12 1 0 1 1 0 0 20 0,21 Polynoidae spp 0 1 0 0 1 3 6 0 0 0 6 17 0,18 Paraonidae sp2 1 4 0 0 2 2 0 0 0 6 0 15 0,16 Amphinomidae Sp3 0 0 0 0 0 3 8 0 2 0 1 14 0,15 Serpulidae spp. 0 0 0 0 0 9 3 0 1 0 0 13 0,14 Megalomma sp1 0 0 0 0 0 0 5 0 4 0 4 13 0,14 Lumbrineridae sp1 0 4 0 0 5 1 0 1 1 0 0 12 0,13 Sigalionidae spp 1 0 0 2 2 0 1 1 0 1 2 10 0,11 Cirratulidae sp1 0 0 0 0 0 0 10 0 0 0 0 10 0,11 Spiophanes sp. 1 0 0 0 0 3 0 6 0 0 0 0 9 0,09

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Polydora sp. 0 0 0 1 1 0 2 1 1 0 2 8 0,08 Spionidae sp. 2 0 0 0 0 0 1 0 7 0 0 0 8 0,08 Ampharetidae spp 0 3 0 2 2 0 0 1 0 0 0 8 0,08 Gliceridae spp 2 1 0 1 3 0 0 0 0 0 0 7 0,07 Spionidae sp. 4 0 0 3 1 0 0 0 2 0 0 0 6 0,06 Litocorsa spp 1 0 0 1 3 0 0 1 0 0 0 6 0,06 Poecilochaetidae 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 2 6 0,06 Nephtydae spp 0 1 0 0 0 0 4 0 1 0 0 6 0,06 Sabelidae sp2 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 4 0,04 Sabella sp2 0 0 0 0 0 0 3 0 1 0 0 4 0,04 Thichobranchidae spp 0 0 2 0 0 1 0 1 0 0 0 4 0,04 Bhawania sp1 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 3 0,03 Bhawania sp2 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 3 0,03 Pilargidae spp 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 1 3 0,03 Paraonidae sp3 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 3 0,03 Prionospio sp.3 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0,02 Lumbrineridae sp2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0,02 Cossuridae spp 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0,02 Spiophanes sp.2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0,01 Spionidae sp. 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Hesionidae sp 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Mystides sp2 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,01 Cirratulidae sp5 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,01 Pisionidae sp 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Flabelligeridae spp 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Goniadidae spp 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,01 Crustacea 44,5% Isopoda sp2 0 0 0 0 0 2 384 0 539 0 16 941 9,89 Caprelidae 0 0 0 2 4 10 98 1 27 0 349 491 5,16 Tanaidacea sp1 6 6 0 39 21 54 138 17 60 1 148 490 5,15 Cumacea 1 0 0 22 14 147 248 10 22 3 8 475 4,99 Isopoda sp1 6 34 4 31 35 72 41 24 5 0 8 260 2,73 Ceradocus sp. 1 0 0 2 0 27 81 5 48 0 50 214 2,25 Erichtonius brasiliensis 1 0 0 0 12 8 141 13 12 0 17 204 2,14 Ostracoda 1 46 0 12 3 15 27 3 3 1 58 169 1,78 Dulichiella anisochir 0 0 0 0 0 0 61 0 57 0 51 169 1,78 Tanaidacea sp2 0 0 0 1 4 3 77 0 2 0 48 135 1,42 Lysianassa brasiliensis 0 1 0 3 2 3 42 2 1 0 36 90 0,95 Dulichiella anisochir 0 0 0 10 0 1 20 0 36 0 22 89 0,94 Brachiura sp2 1 1 2 0 0 6 12 3 5 0 53 83 0,87 Crustacea sp1 0 0 0 1 14 12 0 2 0 0 32 61 0,64 Heterophoxus videns 3 0 0 14 5 8 29 0 0 1 1 61 0,64 Podoceridae 0 0 0 0 0 0 27 0 18 0 1 46 0,48 Quadrimaera pieteri 0 0 0 0 0 1 13 0 21 0 1 36 0,38 Lysianassidae 0 0 0 0 0 0 2 0 33 0 0 35 0,37

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Leucothoe sp. 0 0 0 0 1 0 0 0 8 0 15 24 0,25 Excirolana sp 0 0 0 0 0 6 2 0 9 0 3 20 0,21 Paguridae 0 0 3 0 0 2 0 6 0 0 7 18 0,19 Decapoda 2 2 2 3 0 0 0 3 1 0 4 17 0,18 Brachiura sp3 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 12 14 0,15 Stenothoe sp. 0 0 0 0 0 0 11 0 0 1 0 12 0,13 Ampelisca soleata 0 5 0 2 1 3 0 0 0 0 0 11 0,12 Isopoda sp 3 0 0 0 3 1 0 5 0 0 0 1 10 0,11 Picnogonida 0 1 0 0 0 1 1 1 0 0 5 9 0,09 Brachiura sp1 0 0 2 0 0 1 1 4 1 0 0 9 0,09 Stomapoda 0 1 0 0 0 0 2 0 1 0 2 6 0,06 Brachiura sp4 0 1 1 0 0 0 0 1 2 0 1 6 0,06 Gnatidae 0 0 0 0 0 4 0 1 0 0 0 5 0,05 Microphoxus urosseratus 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 5 0,05 Lepidopa sp. 0 0 0 1 0 0 0 4 0 0 0 5 0,05 Idunella titinga 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 4 0,04 Brachiura sp5 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0,03 Ischyraceridae 0 0 0 0 0 2 0 0 1 0 0 3 0,03 Pilummus spimosimus 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 2 0,02 Tiburonella viscana 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 2 0,02 Amphilochus sp. 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 2 0,02 Nanoplax xanthiformis 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,01 Mollusca 1,15% Lithophaga aristata 0 0 0 0 0 0 0 0 20 0 0 20 0,21 Nassarius scissuratus 0 3 0 1 0 0 0 0 0 0 4 8 0,08 Transenpitar americana 0 1 1 0 0 1 0 1 0 0 2 6 0,06 Cerithium atratum 0 0 0 0 0 2 0 1 2 0 0 5 0,05 Chione intapurpurea 0 3 0 0 0 0 0 2 0 0 0 5 0,05 Calliostoma moscatelli 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 5 0,05 Olivella sp.1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 0 4 0,04 Nassarius albus 0 0 1 0 0 3 0 0 0 0 0 4 0,04 Limaria pellucida 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 3 0,03 Codakia costata 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0 0 3 0,03 Olivela sp.2 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 2 0,02 Laevicardium brasilianum 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0,02 Corbula sp. 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0,02 Astraea lastispina 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 2 0,02 Polinices lacteus 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 2 0,02 Bonnea jadisi 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 2 0,02 Diplodonta danieli 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 2 0,02 Trachucardium muricatum 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01 Trachypollia nodulosa 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01 Olivella nivea 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01 Semele purpurascens 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01 Papyridea soleniformis 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01

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Arania fusulus 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,01 Oliva fulgurator 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0,01 Corbula sp.2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Ithycythara lanceolata 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Calliostoma sp.1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Boonea seminuda 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0,01 Diplodonta punctata 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,01 Chione paphia 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Muricopsis neocheana 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Anachis obesa 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Tagelus divisus 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Lioberus castaneus 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Olivella affinis 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 kappenbachi Nodulus sp. 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Leucosyrinse hemimeres 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Chicoreus senegalensis 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Goldia cerina 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,01 Petricola typica 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,01 Cyclostremiscus 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0,01 pentagonus Femimorea fucata 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Orania fusulus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,01 Rissonia bryerea 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,01 Tricolia affinis 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Anachis fenneli 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Odostomia sp.1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Natica sp. 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0,01 Nucula semiornata 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,01 Cnidaria Zoantídeo 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 5 0,05 Chaetognata Chaetognata 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 2 0,02 Sipuncula Sipuncula 1 2 1 0 0 5 15 20 28 0 66 138 1,45 Echinoderma Holoturia 0 0 4 0 0 2 12 15 0 0 1 34 0,36 Platelminthes Turbellaria 1 5 0 0 0 0 1 2 0 0 12 21 0,22 Cephalocordata Branchiostoma sp 2 38 0 12 1 6 1 1 0 0 0 61 0,64 Nemertea Nemertea 1 1 0 3 4 8 5 8 6 0 21 57 0,6 Echinoderma 3,7% Ophiuroidea 0 1 1 0 1 33 130 21 66 0 95 348 3,66

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Echinoidea 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0,01 Asteroidea 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,01 Total 156 649 138 513 355 1267 2408 740 1422 124 1745 9517 100 Total 1811 Total 7706

A análise de proximidade não-paramétrica (MDS) permitiu a visualização de três distintas associações relacionadas ao tipo de fundo (Figura 5.15). As amostras coletadas em fundo arenoso se concentraram na parte inferior esquerda e central do diagrama, as amostras coletadas em fundo granuloso se concentraram ao centro do diagrama e as amostras coletadas em fundo carbonático formaram um grupo coeso no lado superior direito do diagrama. No mesmo diagrama podemos verificar que não houve separação entre as amostras coletadas na REBIO e em seu entorno, exceto pelas amostras coletadas em fundo carbonático, que só foram encontradas no interior da REBIO (Figura 5.15). Além da formação de associações em relação ao tipo de fundo, variações nas similaridades em relação aos locais amostrados (estações) também ficaram evidenciadas ao longo, principalmente, da diagonal do diagrama do MDS e, mais ainda entre Toca da Salema e Rancho Norte.

Figura 5.15: Diagrama de escalonamento das similaridades (MDS). Onde as siglas representam os locais amostrados (AR- Ilha das Aranhas, DS – Ilha Deserta Sul, ID- Ilha Deserta, ESTL- Estaleiro Leste, FA- Baía do Farol, NL- Naufrágio da Lili, SA- Saco d’Água, SC- Saco do Capim, TS- Toca da Salema, XV- Xavier) seguida pelo tipo de fundo.

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O fundo arenoso ficou representado pela associação de Syllidae, Exogoninae, Paraonidae, Isopoda, Sabellidae e Prionospio. O granuloso por Exogoninae, Syllidae, Nematonereis, Armandia, Isopopda e Paraonidae, enquanto o carbonático por Syllidae, Eunice, Isopoda, Tanaidacea, Nematonereis e Lumbrineriopsis (Tabela 5.8). As três associações tiveram os silídeos em comum, grupo de poliquetas muito encontrados em fundos de sedimento mais grosseiro como as areias.

Tabela 5.8: Contribuição para as similaridades médias dentro dos tipos de fundo arenoso, granuloso e carbonático. Grupo Arenoso Grupo Granuloso Grupo Carbonático Similaridade média: 34,86 Similaridade média: 23,72 Similaridade média: 22,9 Taxa N Contrib.% Taxa N Contrib.% Taxa N Contrib.% Syllidae 4,23 18,04 Exogoninae 3,39 21,07 Syllidae spp. 4,06 19,11 spp. Exogoninae 3,63 12,77 Syllidae spp. 2,73 17,63 Eunice sp1 3,34 9,77 Paraonidae 3,22 11,59 Nematonereis sp 1,7 7,98 Isopoda sp1 4,33 4,92 sp4 Isopoda 2,3 7,34 Armandia sp1 1,22 6,87 Tanaidacea sp1 3,02 4,8 sp1 sabellidae 1,87 4,06 Isopoda sp1 1,35 4,77 Nematonereis sp. 1,29 4,18 sp1 Prionospio 1,1 3,44 Paraonidae sp4 0,93 4,7 Lumbrineriopsis 1,95 4,11 sp2

Considerando a estrutura das associações em relação ao fator tipo de fundo foi verificado que a média da riqueza de táxons variou de 19 (fundo granuloso) a 24 espécies (fundo arenoso e carbonático). A maior densidade de indivíduos foi registrada no fundo carbonático, com média de 310 indivíduos, sendo o mais baixo registrado no fundo granuloso com média de 97 indivíduos por amostra. Não foi detectada acentuada variação na equitabilidade, que ficou em torno de 70%, não indicando elevada dominância. Em todos os locais foram registrados bons índices de diversidade, a maior diversidade 2,5 foi registrada no fundo arenoso e a menor 2 no fundo carbonático (Figura 5.16).

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Figura 5.16: Representação dos valores médios e respectivos erros padrões de riqueza de táxons (A), abundância de indivíduos (B), equitabilidade (C) e diversidade de espécies (D), calculados para cada associação de acordo com tipo de sedimento.

Quando comparados os índices ecológicos calculados para a área da REBIO e seu entorno verificou-se que a área da REBIO apresentou as maiores abundâncias (321 indivíduos/amostra) e riqueza de espécies (32 spp.). O índice de equitabilidade ficou em torno de 70%, um pouco abaixo do apresentado para as áreas de entorno, provavelmente em virtude da dominância de algumas espécies de crustáceos, que só foram encontradas no fundo carbonático. A dominância destas espécies também influenciou no índice de diversidade da REBIO (2,51), que ficou um pouco abaixo do apresentado para o entorno (2,67) (Figura 5.17).

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Figura 5.17 Representação dos valores médios e respectivos erros padrões de riqueza de táxons (A), abundância de indivíduos (N), equitabilidade (C) e diversidade de espécies (D), calculados para a área da REBIO e seu entorno.

Considerando as curvas acumuladas de táxons como descritora da diversidade foi possível verificar que o fundo arenoso e carbonático apresentaram riqueza superior em relação ao fundo granuloso. Embora todos tipos de fundo tenham tendido a assíntota nenhum atingiu-a, o que sugere a ocorrência de táxons ocasionais (raros) e/ou que ainda existam táxons a serem amostrados (Figura 5.18). Em relação à REBIO e área de entorno foi verificada maior riqueza na REBIO do que no entorno, e o mesmo em relação à assíntota que foi destacado para os tipos de fundos (Figura 5.19).

Figura 5.18: Curva acumulada de espécies encontradas nos diferentes tipos de sedimento, arenoso, granuloso e carbonático.

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Figura 5.19: Curva acumulada de espécies encontradas na área da REBIO e no seu entorno.

Os padrões espaciais foram destacados ao longo dos itens acima e efetivamente nenhuma espécie exótica foi identificada. Contudo não se pode afirmar a inexistência destas, uma vez que existe um grande tráfego de navios por toda a região. Na área adjacente aos portos de Itajaí e Navegantes já foram coletados espécimes de Streblospio benedict, poliqueta da família Spionidae que ocorre nos oceanos do hemisfério norte, mas já teve registro na região sudeste da costa brasileira, sempre próxima a portos, como em São Paulo e Rio de Janeiro (Amaral et al 2010).

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Macroinvertebrados de substrato consolidado e monitoramento do banco de Madracis decactis

Costões rochosos O tipo de cobertura do substrato não diferencia as transecções da REBIO Arvoredo e do entorno, isto é, a cobertura do substrato nessas regiões é similar (Figura 5.20). Turf, zoantídeos e/ou macroalgas recobrem mais de 50% do substrato em quase todos os sítios. No sítio Ilha Deserta (DE) foi observada a maior porcentagem de rocha nua, isto é, rocha sem cobertura viva ou sedimento inconsolidado. Nas Ilhas das Aranhas e Xavier houve maior cobertura de filtradores, principalmente ascídias e esponjas.

Figura 5.20 Análise de Coordenadas Principais onde os pontos representam as transecções realizadas nos costões rochosos, a ordenação foi gerada a partir dos dados de cobertura do substrato (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

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Figura 5.21 Tipos de cobertura do substrato nos costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

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O levantamento de macroinvertebrados (Anexo II – Espécies de macroinvertebrados de substrato consolidado) permitiu a elaboração da ordenação das transecções segundo a abundância dos macroinvertebrados que separou as transeções da REBIO Arvoredo e do entorno. De acordo com os resultados da análise de coordenadas principais (Figura 5.22) as transecções realizadas na REBIO Arvoredo são caracterizadas principalmente pela presença de ouriços, gorgônias e gastrópodes. As transecções do entorno, por sua vez, pela presença de anêmonas. Os ouriços foram os indicadores mais abundantes. As maiores densidades foram observadas na REBIO Arvoredo (U=612; p=0,3*10-6) em comparação com o entorno (Figura 5.23).

Figura 5.22 Análise de coordenadas principais onde cada ponto corresponde a contagem de macroinvertebrados indicadores nos costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

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Figura 5.23 A abundância de ouriços na REBIO Arvoredo é maior que no entorno da unidade (U=612; p=0,3*10-6). Onde: FA = Baía do Farol e SC = Saco do Capim. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas horizontais a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

Os sítios com os maiores adensamentos de ouriços foram Naufrágio do Lili, Toca da Salema e Ilha Deserta Sul onde as espécies Echinometra luchunter e Arbacia lixula constituíam agregações de 350 indivíduos por 40m² (Figura 5.24), o que corresponde à área da transecção, próximo aos cinco metros de profundidade. A densidade de ouriços é maior na REBIO Arvoredo que no seu entorno e este resultado se repetiu em 2015 e 2016 (Figura 5.23). É sabido que os ouriços são coletados para o consumo humano. Existem relatos de animais coletados no litoral de Santa Catarina, sendo comercializados tanto localmente quanto no mercado de São Paulo e Rio de Janeiro. Um único fornecedor pode encaminhar de 10 a 15 kg por semana (Orenstein 2013a; Orenstein 2013b). Infrações de coleta na área da REBIO Arvoredo estão documentadas em relatórios internos da instituição. Em 1992 mergulhadores foram autuados por retirar 12 sacos de 60kg cada, de ouriços da Ilha do Arvoredo (Filippini 1993). Esse fato pode ser um indicativo de que o status de proteção da REBIO Arvoredo tem se mostrado funcional para a conservação de população de ouriços, apesar de ainda existirem atos de infração.

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Figura 5.24 Abundância média de ouriços nos costões rochosos amostrados pelo Projeto MAArE. Variação expressa por erro padrão, (*) indica ausência de erro padrão pois o número de transecções foi igual a dois. Onde: NL=Naufrágio do Lili, TS = Toca da Salema, DE = Ilha Deserta, DS = Ilha Deserta Sul, AS = Saco d’Água, FA = Baía do Farol, RN = Rancho Norte, ESTO = Estaleiro Oeste, ESTL = Estaleiro Leste, SC = Saco do Capim, AR = Ilha das Aranhas e XV = Ilha do Xavier.

Anêmonas, gastrópodes, gorgônias, estrelas e pepinos do mar também são organismos conspícuos nos costões rochosos. Enquanto as estrelas (U = 0,10; p = 0,75) e os pepinos do mar (U = 0,36; p = 0,54) são tão abundantes na REBIO Arvoredo quanto no entorno, as gorgônias (U = 5,65; p = 0,01) e os gastrópodes (U = 19.85; p = 0.00) são mais abundantes na REBIO Arvoredo que no entorno da UC (Figura 5.25). Os sítios amostrais onde foram contabilizadas as maiores densidades de anêmonas foram Estaleiro Leste e Estaleiro Oeste (Figura 5.26), onde as espécies Actinostella flosculifera e Bunodosoma caissarum são bastante frequentes.

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Figura 5.25 Abundância de macroinvertebrados em costões rochosos. Os asteriscos indicam diferenças significativas entre as abundâncias dos organismos dos costões da REBIO Arvoredo e o entorno da unidade. Onde: Sítios com valores extremos FA = Baía do Farol, NL = Naufrágio do Lili, TS = Toca da Salema, SC = Saco do Capim. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

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Figura 5.26 Densidade média de macroinvertebrados em costões rochosos (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

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De modo geral, o levantamento dos tipos de cobertura nos costões utilizando transecções de ponto e intersecção revelou que esses ambientes são recobertos principalmente por turf, ou matriz de alga epilítica, com exceção dos sítios Naufrágio do Lili, Ilha Deserta e Ilha Deserta Sul. Nesses locais os principais tipos de cobertura dos costões são rocha nua e alga calcária. Esse fato pode estar relacionado às altas abundâncias de ouriços, chegando a 450 ind./40m² (Figura 5.23). A espécie mais comum é Echinometra lucunter, um herbívoro raspador que se alimenta de diversas espécies de algas, como Laurencia microcladia, Gracilaria domingensis, Ulva fasciolata (Lhullier et al. 2009) e Sargassum sp. (Sweat 2012). Em ambientes mais profundos, a cerca de 10m, os costões são parcialmente cobertos por bolsões de areia e cascalho, o que pode ser resultado de padrões dinâmicos de circulação local.

Figura 5.27 A) Costão rochoso recoberto por zoantídeos e turf, matriz de alga epilítica, um ambiente típico da REBIO Arvoredo e entorno. B) Adensamento de ouriços, Echinometra lucunter sobre costão rochoso recoberto principalmente por alga calcária crostosa. Fotos: A) Edson Faria Junior e B) Eduardo Bastos.

Bancos de rodolitos O banco de rodolitos do Rancho Norte tem maior porcentagem de cobertura de rodolitos (55,6%) que o da Ilha Deserta (41,6%), nesse último a porcentagem de substrato inconsolidado (33,3%) foi maior que no banco do Rancho Norte (12%) (Figura 5.28). Além disso, no Rancho Norte a cobertura de zoantídeos associados aos nódulos de rodolitos é maior que no da Ilha Deserta. No Rancho Norte o

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banco é mais esparso e homogêneo enquanto que na Ilha Deserta os rodolitos estão dispostos mais agregadamente deixando manchas de areia exposta.

Figura 5.28 Cobertura do substrato nos bancos de rodolitos e no banco de Madracis decactis (dados referentes às campanhas 2015 e 2016). O banco da llha Deserta tem a paisagem mais heterogênea, marcada por manchas de areia e matacões. Um fina camada de alga calcária encrustante, aqui denominada de alga calcária crostosa, pode ocorrer sobre as rochas esparsas pelo banco. Os rodolitos, por sua vez, permanecem diretamente sobre o fundo de areia formando nódulos.

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**

Figura 5.29 Macroinvertebrados encontrados nos Bancos de Rodolito da REBIO Arvoredo. (*) Indica Diferença significativa (Z = 2,37, p=0,01). DEBR= Banco e Rodolitos da Ilha na Ilha Deserta e RNBR = Banco de Rodolitos no Rancho Norte, Ilha Do Arvoredo. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes às campanhas 2015 e 2016).

Banco de Madracis decactis No banco de Madracis decactis não foi possível detectar colônias roladas via amostragem do substrato através do Protocolo Reef Check, diferentemente dos bancos de rodolitos onde o fundo é composto principalmente por rodolitos (Figura 5.28), o banco de Madracis decactis é composto principalmente por substrato inconsolidado (63,4%). As demais categorias de cobertura de substrato (macroalgas, turf e alga calcária crostosa) foram detectadas sobre rochas que se encontram dispersas sobre o fundo inconsolidado. Dessa forma, foram empregados mais dois métodos de monitoramento no banco de Madracis, o primeiro pela análise de fotoquadrados e o segundo pela contagem de colônias in situ. A contagem de colônias vivas por fotoquadrados foi comparada com a contagem in situ de colônias vivas e mortas sobre transecções fixas. O número de colônias identificadas como vivas por imagens foi de 30 no transecto três (T3 aos 10m), 16 no transecto dois (T2 aos 9m) e oito no transecto um (T1 aos 7m). Em

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contrapartida, a identificação das colônias in situ revelou que no T3 não foi observada nenhuma colônia, e que em T1 e T2 a maior parte das colônias encontradas estavam mortas. Os resultados indicam que não foi possível distinguir entre colônias vivas e mortas pela análise de fotoquadrados, uma vez que a inspeção em campo demonstrou que a maior parte das colônias estavam mortas. Nem sequer foi possível ter uma boa precisão na contagem total de colônias. Assim, a contagem em campo é a melhor forma de monitorar a quantidade de colônias roladas, uma vez que a identificação das mesmas em campo é mais precisa. Provavelmente, devido à pouca transparência da água no local do estudo, fragmentos de rodolitos ou mesmo outros grupos são confundidos na imagem com as colônias de corais, gerando uma superestimativa de sua abundância. O banco de corais na REBIO vem sendo investigado desde 2010, sob a mesma área amostral e sob métodos bastante similares (contagem in situ), e o número de colônias vivas encontradas à época foi de até 432 (Capel 2012). Em 2016 foram encontradas 4 colônias vivas ao longo das mesmas transecções fixadas em 2010, o que mostra a diminuição do banco ao longo do tempo.

Figura 5.30 Contagem de colônias por fotoquadrados e contagem in situ. As variações marcam 75% dos dados, as caixas 25% e as linhas a mediana (dados referentes à campanha 2016).

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Crustáceos Durante o Projeto MAArE, foram realizados 214 transectos, totalizando 8.560 m² amostrados com censo visual em três anos. Foram registradas e identificadas 30 espécies de crustáceos, sendo eles, doze caranguejos (incluindo dois siris), quatro caranguejos anomuros, dois camarões estalos, três camarões recifais, três lagostas e seis ermitões (Anexo III – Espécies de crustáceos). Não foi possível identificar indivíduos de tamburutacas e caranguejos pilumnídeos através do censo visual. Entre as espécies encontradas, seis são novas ocorrências para o Estado de Santa Catarina (Tabela 5.9) (Giraldes & Freire, 2015). Assim, considerando os registros na literatura e as novas ocorrências durante o Projeto MAArE, estão registradas atualmente 38 espécies de caranguejos braquiúros (incluindo dois siris), seis de caranguejo anomura, quatro de lagosta, três de camarões estalo, quatro de camarões recifais, nove de ermitões e cinco de tamburutacas (Stomatopoda) e uma de isopoda no ambiente recifal da REBIO Arvoredo. (Bouzon, 2002; Bouzon e Freire; 2007; Teschima et. al, 2012; Boos et. al, 2012).

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Tabela 5.9: Registro de espécies e densidade (média e erro padrão) das espécies com densidade maior ou igual a um indivíduo / 40m². Novos registros para Santa Catarina com limite anterior de ocorrência. Novas ocorrências Densidade Espécies (limite anterior) (indivíduos/40m²) Brachyura (Caranguejo) Mithraculus forceps 14+-0,8 Damithrax hispidus 1+-0,1 Damithrax tortugae 1+-0,2 Stenorhynchus seticornis 10+-0,7 Macrocoeloma camptocerum < 1/ 40 m2 Platypodiella spectabilis < 1/ 40 m2 Menippe nodifrons 1+-0,1 Hypoconcha parasitica < 1/ 40 m2 Moreiradromia antillensis < 1/ 40 m2 Callapa gallus < 1/ 40 m2 Brachyura (Siri) < 1/ 40 m2 Cronius ruber < 1/ 40 m2 Portunus spinimanus < 1/ 40 m2 Anomura (Caranguejo) < 1/ 40 m2 Pachycheles chubutensis < 1/ 40 m2 Pachycheles monilifer < 1/ 40 m2 Porcellana sayana < 1/ 40 m2 Petrolisthes galathinus < 1/ 40 m2 Caridae (Camarão-recifal) < 1/ 40 m2 Stenopus hispidus São Paulo < 1/ 40 m2 Stenopus spinosus Golfo do México < 1/ 40 m2 Lysmata ankeri Rio de Janeiro 2+-0,4 Caridae (Camarão-estalo) < 1/ 40 m2 Alpheus cf. packardii São Paulo < 1/ 40 m2 Alpheus formosus Paraná < 1/ 40 m2 Palinuridae (Lagosta verde) < 1/ 40 m2 Panulirus laevicauda < 1/ 40 m2 Scyllaridae (Lagosta cavaquinha) Scyllarides deceptor < 1/ 40 m2 Scyllarides brasiliensis < 1/ 40 m2 Paguroidea (Ermitão) < 1/ 40 m2 Pagurus provenzanoi 11+-0,8 Dardanus insignis < 1/ 40 m2 Dardanus venosus São Paulo < 1/ 40 m2 Calcinus tibicen 1+-0,2 Paguristes tortugae 1+-0,1 Petrochirus diogenes < 1/ 40 m2

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Os sítios Toca da Salema, na REBIO Arvoredo, e Ilha das Aranhas, no entorno, tiveram maior densidade de crustáceos e suas comunidades são bastante semelhantes, com riquezas de espécies próximas e diversidades relativamente altas. As espécies escolhidas como indicadores biológicos (Mithraculus forceps, Stenorhynchus seticornis, Lysmata ankeri e Pagurus provenzanoi) estão presentes e abundantes em todos os sítios com amostragem em costão rochoso, sendo de fácil identificação. No entanto, o ermitão Pagurus provenzanoi aparece em maior proporção nos sítios Estaleiro Leste e Oeste, e Ilha do Xavier, todos no entorno da REBIO e situados próximo ou na costa (Figura 5.31). O resultado estatístico significativo corrobora a maior densidade de P. provenzanoi no entorno, sendo um possível indicador de ecossistemas impactados. As outras espécies indicadoras não apresentaram diferença significativa de densidade entre a REBIO e o entorno (Tabela 5.11).

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Figura 5.31: Densidade média (indivíduos/ 40m²) de crustáceos e das quatro espécies indicadoras nos costões dos sítios da REBIO e entorno. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Azul= Lysmata ankeri, Branco= outros.

Em 2010, um estudo sobre a comunidade de caranguejo-aranha e ermitões do litoral norte de Santa Catarina, com amostragens dentro da REBIO e na costa continental, encontrou maior densidade de P. provenzanoi e Paguristes tortugae nos sítios costeiros (Faria -Junior, 2011). Assim como no Projeto MAArE, esse resultado também indica que os ermitões dominam a comunidade de crustáceos, preferencialmente em ambientes sob maior influência antrópica.

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Tabela 5.10: Resultados do teste t da densidade dos indicadores biológicos na REBIO e entorno. Em REBIO e entorno estão indicadas as densidades médias transformadas [log(X+1)] de cada espécie. Teste t Espécie REBIO Entorno t p REBIO-Entorno P. provenzanoi 1,87 2,31 3,15 0,0020* L. ankeri 0,52 0,76 1,84 0,0680 S. seticornis 1,74 1,94 1,35 0,1777 M. forceps 2,33 2,28 -0,38 0,7033

20 Rebio Entorno 15

10

5 Densidade Densidade (indivíduos/40m²)

0 Pagurus Lysmata Stenorhyncus Mithraculus provenzanoi ankeri seticornis forceps

Figura 5.32: Abundância (média e erro padrão) dos crustáceos indicadores na REBIO Arvoredo e entorno.

Os bancos de rodolitos foram analisados separadamente por possuírem características distintas do costão rochoso (Figura 5.33). O banco de rodolitos do Rancho Norte apresentou maior abundância em relação ao banco da Ilha Deserta. Em ambos, o caranguejo Mithraculus forceps foi dominante, sendo encontrado principalmente espécimes juvenis de coloração mais escura dentro dos rodolitos. Possivelmente os bancos servem de berçário para a espécie, que conforme o crescimento, migram para os costões rochosos adjacentes. O banco de rodolitos da Ilha Deserta se mostrou mais diverso, sendo encontradas espécies ornamentais, como Platypodiella spectabilis, e outras de difícil identificação, como caranguejos pilumnídeos e tamburutacas. Algumas espécies raras, com um ou dois registros durante o projeto MAArE, foram encontradas somente nesses ecossistemas, enfatizando ainda mais a importância da preservação dos bancos de algas calcárias para a manutenção da comunidade de crustáceos da REBIO Arvoredo. Em amostragens anteriores, onde houve coleta de nódulos, outras espécies foram dominantes no banco de rodolitos do Rancho Norte, como pilumnídeos e xantídeos. A abundância de crustáceos aos 10m de profundidade variou de aproximadamente 100 a 186 indivíduos/m². O número total de espécies e morfotipos registrados foi 29 (Karam, 2008), enquanto com censo visual foram registradas

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apenas 11 espécies (Figura 5.33). A contribuição de P. provenzanoi manteve-se uniforme ao longo dos anos. Portanto, acredita-se que o censo visual não seja o método mais eficiente para o monitoramento quali-quantitativo dos bancos de rodolitos da REBIO.

Figura 5.33 Abundância média (indivíduos/ 40m²) de crustáceos e das espécies indicadoras presentes nos bancos de rodolitos da Ilha Deserta e Rancho Norte. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Branco= outros.

A variação da abundância de crustáceos na REBIO e entorno foi baixa ao longo dos anos, não tendo diferença significativa entre os anos e REBIO e entorno. No entanto, de acordo com a Figura 5.34, houve um aumento inversamente proporcional entre as áreas, sendo a maior variação na REBIO entre 2015 e 2016 atribuída a um aumento na abundância de crustáceos do banco de rodolitos da Ilha Deserta. Em 2015, o ponto amostrado no banco da Ilha Deserta visualmente possuía menor densidade de rodolitos em relação aos demais anos e consequentemente menos crustáceos (Figura 5.35 e Figura 5.36).

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60 50 Rebio 40 Entorno 30

Abundância Abundância 20 (indivíduos/40m²) 10 0 2014 2015 2016 Figura 5.34: Variação temporal da abundância (média e erro padrão) de crustáceos na REBIO Arvoredo e entorno.

100 2014 80 2015 2016 60

Abundância 40

(indivíduos/40m²) 20

0 NL TS DE DEBR DS SA RN RNBR REBIO Arvoredo Figura 5.35: Abundância (média e erro padrão) de crustáceos nos sítios da REBIO Arvoredo nos anos 2014, 2015 e 2016. NL= Naufrágio Lili, TS= Toca da Salema, DE= Ilha Deserta, DEBR= Banco de Rodolitos da Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, SA= Saco d’Água, RN= Rancho Norte e RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte.

100 2014 80 2015 2016 60

Abundância 40 (indivíduos/40m²)

20

0 ESTL ESTO SC FA AR XV Entorno Figura 5.36: Abundância (média e erro padrão) de crustáceos nos sítios do Entorno da REBIO nos anos 2014, 2015 e 2016. ESTL= Estaleiro Leste, ESTO= Estaleiro Oeste, SC= Saco do Capim, FA= Baía do Farol, AR= Ilha das Aranhas e XV= Ilha do Xavier.

A curva de acumulação de espécies por indivíduos (Figura 5.37) demonstra que os sítios com menor amostragem apresentaram menor riqueza de espécies e não alcançaram um patamar de suficiência amostral como nos demais sítios. No entanto, não existe grande diferença entre as riquezas dos sítios em que a curva estabilizou (Tabela 5.11).

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Figura 5.37: Curva de acumulação de espécies por indivíduos. AR= Ilha das Aranhas, DE= Ilha Deserta, DEBR= Banco de rodolitos da Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, ESTL= Estaleiro Leste, ESTO= Estaleiro Oeste, FA= Baía do Farol, NL= Naufrágio Lili, RN= Rancho Norte, RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte, SA= Saco d’Água, SC= Saco do Capim, TS= Toca da Salema, XV= Ilha do Xavier.

Tabela 5.11: Riqueza, diversidade e equitabilidade dos sítios amostrais. N= Riqueza de espécies; H= diversidade de Shannon; J= equitabilidade de Pielou. AR= Ilha das Aranhas; DE= Ilha Deserta; DEBR= Banco de rodolitos da Ilha Deserta; DS= Ilha Deserta Sul; ESTL= Estaleiro Leste; ESTO= Estaleiro Oeste; FA= Baía do Farol; NL= Naufrágio Lili; RN= Rancho Norte; RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte; SA= Saco d’água; SC= Saco do Capim; TS= Toca da Salema; XV= Ilha do Xavier.

Sítios N H J AR 16 1,814 0,654 DE 17 1,789 0,631 DEBR 13 1,515 0,591 DS 19 1,699 0,577 ESTL 12 1,690 0,680 ESTO 12 1,840 0,740 FA 15 1,593 0,588 NL 16 1,839 0,663 RN 17 1,934 0,683 RNBR 11 0,647 0,270 SA 15 1,836 0,678 SC 14 1,580 0,599 TS 17 1,854 0,655 XV 13 1,525 0,595

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A análise de ordenação (NMDS) (Figura 5.38) indicou diferenças na estrutura das comunidades de crustáceos da REBIO, entorno e bancos de rodolitos, formando-se três agrupamentos bem delimitados. À direita, os bancos de rodolitos formam um grupo distante dos demais sítios, além de serem distantes entre si, devido as espécies raras encontradas somente nesses sítios. À esquerda, encontram-se os sítios com amostragem no costão rochoso. Saco d’Água (SA), Naufrágio do Lili (NL), Rancho Norte (RN), Toca da Salema (TS), Ilha Deserta (DE) e Ilha Deserta Sul (DS) são os sítios pertencentes à REBIO Arvoredo, enquanto os demais sítios estão localizados na região do entorno. As espécies com cor representam os indicadores biológicos. P. provenzanoi (amarelo) está mais próximo do grupo do entorno, enquanto M. forceps (roxo) está entre o grupo dos bancos de rodolitos e o grupo de costão rochoso e L. ankeri e S. seticornis estão entre REBIO e entorno. Portanto, fica evidente que, apesar dos indicadores biológicos estarem abundantemente presentes em todos os sítios, com exceção de RNBR e DEBR, as comunidades dos grupos citados possuem estruturas diferenciadas e bem delimitadas.

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Figura 5.38: Análise de ordenação através da estrutura das comunidades de crustáceos de cada sítio. AR= Ilha das Aranhas; DE= Ilha Deserta; DEBR= Banco de rodolitos da Ilha Deserta; DS= Ilha Deserta Sul; ESTL= Estaleiro Leste; ESTO= Estaleiro Oeste; FA= Baía do Farol; NL= Naufrágio Lili; RN= Rancho Norte; RNBR= Banco de rodolitos do Rancho Norte; SA= Saco d’Água; SC= Saco do Capim; TS= Toca da Salema; XV= Ilha do Xavier. Roxo = Mithraculus forceps, Verde= Stenorhyncus seticornis, Amarelo= Pagurus provenzanoi, Azul= Lysmata ankeri;e onde: Alpheus formosus - Alfo, Apheus - Alph, Calcinus tibicen - Cati, Cronius ruber - Cron, Damithrax hispidus - Dahi, Damithrax tortugae - Dato, Dardanus insignis - Dain, Dardanus venosus - Dave, Hyppoconcha parasitica - Hypa, Lysmata ankeri - Lyan, Macrocoeloma camptocerum - Maca, Menippe nodifrons - Meno, Mithraculus forceps - Mifo, Moreiradromia antillensis - Moan, Pachycheles chubutensis - Pachu, Pachycheles monilifer - Pamo, Paguristes tortugae - Pato, Pagurus provenzanoi - Papr, Panulirus laevicauda - Pala, Petrochirus diogenes - Pedi, Petrolisthes galathinus - Pega, PILUMNIDAE / PANOPEIDAE - Pilu, Platypodiella spectabilis - Platy, PORCELLANIDAE - Porc, Portunus spinimanus - Portu, Scyllarides deceptor - Scde, Stenopus hispidus - Sehi, Stenopus spinosus - Stsp, Stenorhynchus seticornis - Stse, Stomatopodo – Sto.

Com o objetivo de analisar a diferença de abundância dos indicadores biológicos em duas faixas de profundidade, foi realizado o teste estatístico t. Três das espécies analisadas apresentaram diferença significativa em relação a abundância nas diferentes faixas de profundidade (Figura 5.39 e Tabela 5.12). O ermitão P. provenzanoi, possível indicador de ambientes sujeitos a alterações ambientais por ação antrópica, se mostrou mais abundante entre 0 a 5m de profundidade, enquanto o camarão recifal L. ankeri e o caranguejo-aranha S. seticornis foram mais abundantes em maiores

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profundidades. M. forceps se mostrou uma espécie generalista tanto em relação à profundidade quanto a posição em relação à área de proteção, como visto na (Tabela 5.10). No entanto, um estudo anterior apontou diferença significativa entre a abundância de M. forceps em diferentes faixas de profundidade (5-10m e >10m), sendo mais abundante em 5-10m de profundidade, enquanto para S. seticornis não houve diferença na abundância entre as profundidades (Gaeta et al., 2011).

Tabela 5.12: Teste t da abundância dos indicadores biológicos nas duas faixas de profundidade amostradas. Em 0 a 5m e 5m a 10m estão indicadas as abundâncias médias transformadas [log(x+1)] de cada espécie. Teste t Espécies 0 a 5m 5m a 10m t p 0 a 5m - 5m a 15m P. provenzanoi 2,38 1,87 3,903 0,00013* L. ankeri 0,15 1,19 -9,428 3,01e-16* M. forceps 2,36 2,14 1,579 0,1161 S. seticornis 1,22 2,65 12,317 < 2,2e-16*

20 0 - 5 m

15 5 - 15 m

10

5 Abundância(indivíduos/40m²)

0 Pagurus Lysmata Mithraculus Stenorhyncus provenzanoi ankeri forceps seticornis

Figura 5.39: Abundância (média e erro padrão) dos indicadores biológicos nas duas faixas de profundidade amostradas.

Os resultados anteriores demonstram que a estrutura das comunidades de crustáceos entre as duas faixas de profundidade analisadas é diferente entre si. Sendo assim, a Figura 5.40 representa a abundância de cada indicador biológico por sítio e ano na profundidade de 0 a 5m, escolhida com o intuito de enfatizar a presença do ermitão P. provenzanoi, principalmente na Ilha das Aranhas e Ilha do Xavier. Os sítios Estaleiro Leste e Oeste não estão representados, pois a amostragem foi feita somente na interface, com profundidade próxima aos 6m, porém estes sítios também apresentam alta abundância desta espécie.

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Figura 5.40: Abundância (média e erro padrão) dos indicadores biológicos nos sítios da REBIO Arvoredo (acima) e do entorno (abaixo). NL= Naufrágio Lili, TS= Toca da Salema, DE= Ilha Deserta, DS= Ilha Deserta Sul, SA= Saco D’água, RN= Rancho Norte, SC= Saco do Capim, FA= Baía do Farol, AR= Ilha das Aranhas, XV= Ilha do Xavier.

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A Tabela 5.13 representa a dominância (%) das principais espécies em cada microambiente amostrado. Os microambientes Externo, exposto sobre rochas, e Móvel, equivalente ao substrato arenoso, são dominados principalmente por espécies de ermitão, sendo P. provenzanoi o mais dominante, representando 84% dos indivíduos registrados no Externo e 77% no móvel. Em comparação com os outros microambientes, estes apresentaram menos espécies dominantes e com maiores dominâncias, sendo assim, são ambientes com menor diversidade de espécies. Na Interface a espécie dominante foi o caranguejo-aranha S. seticornis com 64%, seguido do camarão-recifal L. ankeri com 15%. Como visto anteriormente na Tabela 5.12, ambas as espécies são mais abundantes em maiores profundidades, coincidindo com o microambiente Interface. No Crevicular, a espécie dominante foi M. forceps com 47% de dominância e S. seticornis com 22%, dentre todos os microambientes este se mostrou o mais diverso e com maior riqueza de espécies.

Tabela 5.13: Dominância das principais espécies em cada microambiente amostrado durante o Projeto MAArE. DOMINÂNCIA NOS MICROAMBIENTES (%) ESPÉCIE EXTERNO MÓVEL INTERFACE CREVICULAR Cronius ruber 2 4 1 Portunus spinimanus 1 <1 Stenorhynchus seticornis 8 4 64 22 Mithraculus forceps 1 5 47 Damithrax hispidus <1 <1 <1 3 Damithrax tortugae <1 2 4 Menippe nodifrons 1 4 Hypoconcha parasitica <1 Platypodiella spectabilis <1 <1 Pagurus provenzanoi 84 77 3 9 Paguristes tortugae 1 <1 2 Calcinus tibicen 4 5 <1 2 Dardanus insignis 1 10 2 <1 Petrochirus diogenes <1 Panulirus laevicauda <1 <1 Lysmata ankeri 15 4 Alpheus formosus <1 <1

O método de ordenação Escalonamento multidimensional não-métrico EMNM (Figura 5.41) confirma a diferença entre a estrutura das comunidades dos diferentes microambientes. Os agrupamentos formados pelo externo e crevicular demonstram baixa variação das comunidades ao longo dos anos de amostragem, enquanto interface e móvel apresentam maiores distâncias entre os anos, sendo ambientes de maior transitoriedade de espécies.

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Figura 5.41: Escalonamento multidimensional não-métrico (EMNM) das comunidades de crustáceos nos microambientes Externo, Crevicular, Interface e Móvel nos três anos de amostragem do Projeto MAArE.

Dentre as espécies alvo de pesca, as lagostas cavaquinha ou sapateira, Scyllarides deceptor e S. brasiliensis, tiveram somente um registro durante atividade exploratória, a primeira na Ilha do Xavier e a segunda na Baía do Farol. A lagosta verde Panulirus laevicauda teve um total de 10 indivíduos registrados nos três anos, enquanto a lagosta vermelha P. meripurpuratus não foi registrada (Figura 5.42).

Figura 5.42: A) Scyllarides deceptor, B) Scyllarides brasiliensis e C) Panulirus laevicauda. Fotos: Thais Macedo.

Durante o Projeto MAArE, foi registrada a ocorrência da espécie exótica de camarão recifal Stenopus spinosus, do Mediterrâneo, sendo o primeiro registro da espécie na costa brasileira. Seis espécies tiveram suas distribuições estendidas a Santa Catarina, Stenopus hispidus, Alpheus formosus, Alpheus cf. packardii, Dardanus venosus e Lysmata ankeri (Figura 5.43), escolhido como indicador biológico.

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Figura 5.43: A) Stenopus spinosus, B) Stenopus hispidus, C) Alpheus formosus, D) Lysmata ankeri, E) Alpheus cf. packardii, F) Dardanus venosus. Fotos: A) Eduardo Bastos, B e F) Thais Macedo, C a E) Bruno W. Giraldes.

A taxonomia de Alpheus cf. packardii continua incerta conforme explicado em Giraldes e Freire (2015): “In Brazil, 33 Alpheus species have been recorded (Soledade & Almeida 2013) and only 6 Alpheus were previously reported in 27°S (Boos et al. 2012); extended now to 8 species. The snapping shrimp Alpheus formosus, reported from this work, is a cryptic species with Alpheus paraformosus Anker, Hurt & Knowlton, 2008 and Alpheus panamensis Kingsley, 1878 (Anker et al. 2008). The one recorded here presents the distinctive colour pattern and morphological features (such as balaeniceps setae on the fingers of the minor chela among others) previously described by Anker et al. (2008). Our report agrees with Soledade & Almeida (2013) who suggested that A. formosus occurs in Brazil. Howeve, more sampling of this species is necessary in Brazil because A. formosus and A. paraformosus present similar colour pattern

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and they also co-occur in the Caribbean, where the recently described A. paraformosus is rarer than A. formosus (Anker et al. 2008). Therefore, the low sampling effort for these species in Brazil may not be revealing the presence of A. paraformosus. Regarding A. cf packardii, most Brazilian records of this species were reported as Alpheus normanni Kingsley, 1878, a species from the eastern-Pacific (Soledade & Almeida 2013). However, the taxonomy of A. normanni and A. packardii remains unsettled due to the presence of cryptic taxa on both sides of the Americas. The true identity of the material from Brazil remains unknown and is still being studied according to Soledade & Almeida (2013). Apart from their taxonomic discussion, the same A. packardii reported by Soledade & Almeida (2013) concerning morphological features and colour pattern was found in this work.”

Biodiversidade de peixes recifais

Riqueza e diversidade de espécies Curvas de acumulação de espécies por sítio amostral (Figura 5.44) mostraram que a Toca da Salema, Saco do Capim, Ilha Deserta e o Saco d’ Água são os sítios mais ricos, acumulando mais de 60 espécies (ver Tabela 5.14, Anexo IV - Espécies de peixes recifais).

Figura 5.44 – Curva de acumulação de espécies por sítio amostral. O sítio Saco do Capim (SC) registrou mais de 20.000 indivíduos de sardinha (Sardinella sp.), que foram retiradas para facilitar a visualização das curvas de menor abundância. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA) Saco d’ Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier.

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Tabela 5.14 – Índices de riqueza e biodiversidade para os sítios amostrais. N0: Riqueza de espécies; H: Shannon entropy; N1 Shannon diversity (número de espécies abundantes); Simpson diversity (número de espécies dominantes); J Pielou equitabilidade; E10: Shannon evenness (Hill's ratio); E20: Simpson evenness (Hill's ratio); A: Abundância total; B: Biomassa total. Os sítios em azul são localizados dentro dos limites da REBIO Arvoredo e os em laranja no entorno da Reserva.

N0 N1 N2 E10 E20 J A B NL 52 13,53 7,49 0,26 0,14 0,66 5186 577,30 TS 68 11,71 6,15 0,17 0,09 0,58 7915 598,59 DE 62 10,87 4,72 0,18 0,08 0,58 5624 318,16 DS 57 7,65 3,63 0,13 0,06 0,5 8280 883,53 SA 62 7,07 3,07 0,11 0,05 0,47 825 325,95 RN 59 8,99 4,63 0,15 0,08 0,54 7261 290,50 ESTL 33 12,86 8,17 0,39 0,25 0,73 502 29,33 ESTO 33 13,63 9,04 0,41 0,27 0,75 648 35,88 SC 68 3,14 1,84 0,05 0,03 0,27 22935 286,34 FA 52 13,69 7,61 0,26 0,15 0,66 3030 328,73 AR 50 21,5 16,68 0,43 0,33 0,78 1199 78,43 XV 52 12,84 7,14 0,25 0,14 0,65 3476 180,83

Biomassa e abundância de peixes recifais Utilizando os dados de censos visuais dos anos de 2014, 2015 e 2016 (campanhas MAArE), foram calculadas as biomassas médias totais posteriormente subdivididas por grupos tróficos (Ferreira et al. 2004) em cada sítio amostral (Figura 5.45). Em geral a biomassa total foi maior em sítios amostrais localizados dentro dos limites da REBIO Arvoredo. Os predadores de invertebrados móveis se destacam na grande maioria dos sítios. Os carnívoros têm uma biomassa média maior na REBIO Arvoredo (Figura 5.45).

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Figura 5.45 – Mapa da área de estudo do projeto MAArE. Os círculos representam proporcionalmente a biomassa média dos principais grupos tróficos em cada sítio amostral (dados referentes às campanhas 2014, 2015 e 2016).

Utilizando os dados de censos visuais dos anos de 2014, 2015 e 2016 (campanhas MAArE), foram calculadas também a biomassa das espécies consideradas como principais alvos de pesca (Floeter et al. 2006) em cada sítio amostral. Dentre as espécies selecionadas estão xaréis, garoupas e badejos. As médias da biomassa das espécies alvo de pesca foram superiores em sítios amostrais localizadas dentro dos limites da REBIO Arvoredo (Figura 5.48).

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Figura 5.46 – Mapa da área de estudo do projeto MAArE. Os círculos representam proporcionalmente a biomassa média das espécies alvo de pesca segundo Floeter (2008) em cada sítio amostral (dados referentes às campanhas 2014, 2015 e 2016). Os círculos azuis representam sítios localizados dentro dos limites da REBIO Arvoredo e os amarelos os sítios localizados no entorno da Reserva.

Em termos de biomassa média por classe de tamanho, podemos observar que para a Garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) as classes de tamanho maiores do que 20 cm são maiores dentro da REBIO Arvoredo quando comparadas com regiões do entorno (Figura 5.47).

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Figura 5.47 – Biomassa média da garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) por classes de tamanho (dados compilados de 2009 a 2016, incluindo as campanhas do MAArE de 2014, 2015 e 2016). As barras verticais azuis representam os valores referentes aos sítios amostrais pertencentes à REBIO Arvoredo (Ilha Galé e Deserta) e as laranjas aos sítios amostrais localizados no entorno da Reserva (Saco do Capim, Baía do Farol e Ilha do Xavier).

Um outro olhar interessante pode ser visto quanto a semelhança entre os sítios estudados com relação à biomassa das principais espécies de peixes recifais. Os sítios dentro da REBIO Arvoredo ficam mais agrupados entre si, o mesmo acontece com regiões do entorno (Figura 5.48). Algumas espécies têm maior afinidade com sítios dentro da REBIO como o xaréu (Caranx sp.), Robalo (Centropomus sp.) e a Enxada (Chaetodipter sp.), enquanto que o marimbau ficou mais associado aos sítios do entorno. De forma semelhante, pode ser observado que quanto à abundancia das principais espécies de peixes recifais há uma semelhança maior entre os sítios da REBIO (Figura 5.49). Porém, nesse caso os sítios do entorno imediato ficam mais dispersos, e dois deles (FA = Baía do Farol e SC = Saco do Capim), ficam mais próximos aos sítios da REBIO do que a outras áreas do entorno. Nos dois casos, os sítios dos “Estaleiros” são os que ficam mais distantes dos demais sítios.

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Figura 5.48 Análise NMDS da semelhança entre os sítios com base na biomassa das principais espécies de peixes recifais. Em azul os sítios dentro da REBIO e em laranja os do entorno. Legendas das espécies de peixes: abu_sax = Abudefduf saxatilis; ani_vir = Anisotremus virginicus; bod_ruf = Bodianus rufus; car_cry = Caranx crysos; dip_arg = Diplodus argenteus; epi_mar = Epinephelus marginatus; hae_aur = Haemulon aurolineatum; hol_ads = Holocentrus adscensionis; kyp_sec = Kyphosus sectatrix; kyp_sp = Kyphosus sp.; pom_par = Pomacanthus paru; pri_are = Priacanthus arenatus; spa_axi = Sparisoma axillare; ste_fus = Stegastes fuscus.

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Figura 5.49 Análise NMDS da semelhança entre os sítios estudados com base na abundância das principais espécies de peixes recifais. Em azul os sítios dentro da REBIO e em laranja os do entorno. Legendas das espécies de peixes: abu_sax = Abudefduf saxatilis; ani_vir = Anisotremus virginicus; chr_lim = Chromis limbata; cor_gla = Coryphopterus glaucofraenum; dec_mac = Decapteus macarellus; dip_arg = Diplodus argenteus; epi_mar = Epinephelus marginatus; hae_aur = Haemulon aurolineatum; har_clu = Harengula clupeola; mal_del = Malacoctenus delalandii; odo_den = Odontoscion dentex; par_mar = Parablennius marmoreus; par_pil = Parablennius pilicornis; pem_sch = Pempheris schomburgkii; pri_are = Priacanthus arenatus; pse_mac = Pseudupeneus maculatus; sar_bra = Sardinella brasiliensis; ste_fus = Stegastes fuscus.

Biomassa e abundância de peixes recifais em uma escala temporal A biomassa e densidade médias comparativa entre os anos de coleta do projeto MAArE (2014 a 2016) mostraram alguns picos principalmente em 2016 quando foram observados grandes cardumes de Sardinha (Sardinella sp.) e predadores associados a esses cardumes, por ex. Seriola sp. (Figura 5.50 e Figura 5.51). A grande abundancia no Saco do Capim reflete esse fenômeno da ocorrência de sardinhas (Tabela 5.14).

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Figura 5.50 – Representação da biomassa (kg/40m²) de peixes recifais nos 12 sítios amostrais. Os círculos à esquerda dos losangos laranja representam os censos visuais realizados no ano de 2014, os círculos à esquerda dos losangos rosa representam os censos visuais realizados no ano de 2015 e os círculos à esquerda dos losangos verdes representam o ano de 2016. Os losangos representam as médias de biomassa e as barras o desvio padrão. Por causa de condições climáticas inapropriadas, o sítio Estaleiro foi amostrado apenas nos anos de 2015 e 2016 e a Ilha das Aranhas apenas nos anos de 2014 e 2016. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA) Saco d’Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier.

Figura 5.51 – Representação da abundância (indivíduos/40m²) de peixes recifais nos 12 sítios amostrais. Os círculos à esquerda dos losangos laranja representam os censos visuais realizados no ano de 2014, os círculos à esquerda dos losangos rosa representam os censos visuais realizados no ano de 2015 e os círculos à esquerda dos losangos verdes representam o ano de 2016. Os losangos representam as médias de biomassa e as barras o desvio padrão. Por causa de condições climáticas inapropriadas, o sítio Estaleiro foi amostrado apenas nos anos de 2015 e 2016 e a Ilha das Aranhas apenas nos anos de 2014 e 2016. NL) Naufrágio do Lili, TS) Toca da Salema, DE) Ilha Deserta, DS) Ilha Deserta Sul, SA) Saco d’ Água, RN) Rancho Norte, ESTL) Estaleiro Lestes, ESTO) Estaleiro Oeste, SC) Saco do Capim, FA) Baía do Farol, AR) Ilha das Aranhas, XV) Ilha do Xavier.

O monitoramento de espécies de peixes recifais durante o período de nove anos tem revelado que as garoupas e os peixes papagaio se mantêm ao longo do tempo com biomassas maiores dentro

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da REBIO Arvoredo do que em sítios no seu entorno, como a Ilha do Xavier, onde não há restrição a pesca (Figura 5.52). Com relação aos grupos tróficos, o cenário é o mesmo a não ser quanto aos onívoros onde não se pode observar um padrão claro ao longo do tempo (Figura 5.53).

Figura 5.52 – Biomassa média de duas espécies alvo de pesca, a Garoupa verdadeira (Epinephelus marginatus) e o Papagaio Cinza (Sparisoma axillare) para os anos de 2008 a 2016. Em negrito os anos relativos às campanhas do MAArE (2014, 2015 e 2016). Os demais dados compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC). As barras verticais azuis representam os valores referentes aos sítios amostrais pertencentes à REBIO Arvoredo (Ilha Galé e Deserta) e as laranjas aos sítios amostrais localizados no entorno da Reserva (Saco do Capim, Baía do Farol e Ilha do Xavier).

A densidade do peixe exótico Donzela dos Açores (Chromis limbata) (Figura 5.54) vem aumentando a cada ano depois da sua descoberta em 2009 (Figura 5.55). Descobrir mais sobre a interação entre as variações naturais e a influência do impacto da pesca é o maior desafio para os próximos anos de monitoramento.

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Figura 5.53 – Representação da biomassa média de peixes recifais de acordo com seus grupos tróficos para os anos de 2008 a 2016, incluindo os anos do MAArE (2014, 2015 e 2016). Os demais dados compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC). MCAR: Macro-carnívoros, HERB: Herbívoros vagueadores, MINV: Comedores de invertebrados móveis, SINV: Comedores de invertebrados sésseis, OMNI: Onívoros, MINVC: Comedores crípticos de invertebrados móveis, THERB: Herbívoros territoriais e PLANK: Planctívoros.

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Figura 5.54 – Peixe exótico Donzela de Açores (Chromis limbata). Foto: João Paulo Krajewski.

Figura 5.55 – Biomassa média para a Donzela dos Açores (Chromis limbata). Espécie exótica originária do Atlântico Oriental registrada pela primeira vez no Brasil aqui em Santa Catarina em 2009, posteriormente já foi registrada para o Rio Grande do Sul e São Paulo. Dados de 2008 a 2013 compõem banco de dados do Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha (UFSC).

Abundância de peixes recifais de acordo com a profundidade Os peixes recifais podem ser encontrados em diferentes tipos de habitats ao longo dos recifes rochosos. A preferência de cada espécie por determinado tipo de habitat é regida pela disponibilidade de alimento, refúgio e parâmetros físicos como profundidade, ação das ondas e turbidez da água. Nos costões rochosos é possível distinguir dois tipos principais de habitats (biótopos): o costão e a interface. O costão do recife é a zona associada ao substrato rochoso que se estende da superfície da água até ao fundo de areia, normalmente amostrado entre 3 e 6 m. A interface, por sua vez, encontra-se na zona de transição entre o costão e o fundo, caracterizado pelo predomínio de sedimentos arenosos e rochas esparsas, normalmente entre 8 e 14 m. Nos recifes de Santa Catarina é possível observar o predomínio de algumas espécies em diferentes tipos de habitats (Figura 5.56). Na interface, por exemplo, é comum encontrarmos

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indivíduos de macaquinho de vidro (Coryphopterus glaucofraenum) que, devido a sua coloração, camuflam-se nos fundos arenosos em meio às rochas. Nos costões, é possível observar com frequência extensos cardumes de cocoroca (Haemulon aurolineatum) e sargentinho (Abudefduf saxatilis).

Figura 5.56 – Distribuição das espécies mais abundantes em duas profundidades diferentes. Dados obtidos a partir de censos visuais durante as campanhas do MAArE.

Novos registros As larvas de peixes podem apresentar características sensoriais e de natação extremamente eficazes que refletem na alta capacidade de dispersão e permitem o aumento do limite de distribuição das espécies em condições favoráveis. Nos últimos anos foram registradas 15 novas ocorrências de espécies ao longo dos recifes rochosos de Santa Catarina (Anderson et al., 2015). Durante as campanhas de verão do projeto MAArE foram registradas duas novas ocorrências: a falsa moreia ornamentada (Quassiremus ascensionis) (Figura 5.57) e o peixe cirurgião africano (Acanthurus monroviae) (Figura 5.58). As larvas dessas espécies percorreram grandes distâncias e ultrapassaram barreiras oceanográficas e biogeográficas para conseguir chegar aos costões rochosos de Santa Catarina.

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A falsa moréia ornamentada foi registrada na Ilha Deserta durante as campanhas de 2014 e 2015. Ela é encontrada no Caribe, na Ilha de Ascensão e aqui no Brasil era registrada apenas para o Norte da Bahia.

Figura 5.57 – Falsa moréia ornamentada (Quassiremus ascensionis), foto no Banco de rodolitos da Ilha Deserta por Instituto Larus.

O cirurgião africano foi avistado pela primeira vez em Santa Catarina na Ilha Deserta durante a campanha de 2015, em mergulho exploratório. Esta espécie possui sua distribuição geográfica natural ao longo da costa da África. Em 2004, esta espécie já havia sido avistada por pesquisadores na costa do estado de São Paulo (Luiz et al. 2004). O registro fotográfico durante o campo do MAArE não obteve resolução adequada para publicação. No entanto, foi possível distinguir a espécie através de suas características morfológicas exclusivas (e.g. ocelo amarelo na nadadeira caudal; Figura 5.58).

Figura 5.58 – Cirurgião africano (Acanthurus monroviae) registrado em São Tomé, África. Foto: Sergio R. Floeter.

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Espécies exóticas O coral-sol já havia sido detectado na Ilha do Arvoredo, no ponto conhecido como Baía do Engenho (27°17'31.51"S; 48°22'02.61"O), no ano de 2012. Iniciativas de outros projetos também registraram a ocorrência de focos de invasão na Baía do Farol (27°17'45.32"S; 48°21'44.03"O) e no Saco do Vidal (27°17'50.88''S; 48°21'34.59''O), todos pontos localizados na face sul da Ilha do Arvoredo, fora dos limites da Reserva Biológica Marinha. Ambos os pontos foram monitorados pelo projeto, e continuamos a observar coral-sol nesses locais. Nas campanhas do projeto MAArE, a espécie foi encontrada pela primeira vez dentro dos limites da REBIO, no ano de 2014, no Rancho Norte (27°16'41.72"S; 48°22'28.99"O), também na Ilha do Arvoredo. Posteriormente, no ano de 2015, foi encontrado mais um grande foco no mesmo Rancho Norte, situado a aproximadamente 50 metros ao norte do primeiro ponto de invasão encontrado no ano anterior. E pela primeira vez, no mesmo ano, a espécie foi detectada em outra ilha da região, a Ilha da Galé, no ponto conhecido como Naufrágio do Lili (27°10’43.22’’S 48°24’24.38’’O), também dentro dos limites da REBIO. Em 2016, obtivemos novos resultados com relação a evolução dos pontos de invasão (Figura 5.59). Primeiramente, não encontramos mais colônias de coral-sol na Ilha da Galé. As duas colônias encontradas em 2015 foram removidas e a espécie não foi mais encontrada nesse sítio amostral. Nos pontos Baía do Farol e Saco do Vidal, mais frequentemente manejados, observamos que ainda existem as manchas de invasão da espécie, mas estas apresentam apenas colônias pequenas e têm se mantido contidas, sem expansão a costões rochosos adjacentes. Por fim, no ponto conhecido como Rancho Norte, detectamos uma expansão de coral-sol do ano 2015 para 2016. Nesse local haviam sido encontrados dois focos de invasão em 2014 e em 2015. Já em 2016 foram encontradas mais de 1.000 colônias espalhadas em mais de 130 metros contínuos de costão rochoso, com colônias solitárias e novos pequenos focos com algumas colônias agregadas, além dos dois pontos descobertos em 2014 e 2015. Muitas colônias nesse sítio estavam em locais inacessíveis para remoção manual em 2014 e em 2015 (como fendas de rochas) e não foram removidas nas ações de manejo. A permanência de colônias grandes não manejadas, potencialmente contribuiu para a rápida expansão da espécie nesse sítio amostral. Ainda, neste local foram observadas pela primeira vez colônias crescendo em substrato com pouca inclinação e com incidência direta de luz solar, além de uma colônia isolada a cerca 250 m do primeiro foco encontrado no local, constituindo mais uma evidência de expansão dessa espécie na localidade Rancho Norte. Por fim, ao observar com atenção para os pontos de invasão, observamos recrutas de coral sol assentando em cima de colônias do zoantídeo nativo Palythoa caribaeorum, e em regiões de contato com o coral nativo Astrangia rathbunii, observamos colônias deste coral mortas potencialmente pela competição com T. coccinea (Figura 5.59).

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Figura 5.59 Evolução temporal dos pontos de invasão do coral-sol Tubastraea coccinea, incluindo dados obtidos em campanhas fora do âmbito do projeto MAArE (anos 2012, 2013 e parte de 2014).

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Figura 5.60 O coral-sol Tubastraea coccinea em contato com o coral nativo Astrangia rathbunii no Rancho Norte, Ilha do Arvoredo. Pode-se observar a morte dos pólipos de A. rathbunii que estão em contato direto com o coral- sol.

Além da presença do coral-sol, foram observadas, ao longo dos três anos, ocorrências pontuais da ascídia invasora Styela plicata (encontrada nos pontos: Estaleiro Leste e Oeste, Naufrágio Lili, Toca da Salema e Ilha das Aranhas), dos briozoários exóticos Schizoporella errata (encontrada em todos os pontos amostrais) e Zoobotryon sp. (encontrada nos pontos Toca da Salema e Saco do Capim), e do poliqueta exótico Branchiomma luctuosum (observado em todos os pontos amostrais). As ações de manejo também revelaram que na área amostral ocorre o bivalve invasor Myoforceps aristatus (observado perfurando coral-sol, após a remoção dos corais) mas por ser uma espécie perfurante ela não foi detectada nas buscas visuais subaquáticas do projeto MAArE. A espécie de ofiuróide exótico, Ophiotela mirabilis, não foi encontrada em nenhum ponto amostral.

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Integração dos resultados biológicos Obtidas as informações dos diferentes grupos biológicos foi possível investigar a caracterização geral dos sítios amostrais. Em um primeiro momento foi gerada uma Análise de Componentes Principais, em caráter exploratório, para ordenação dos sítios amostrais segundo os indicadores biológicos de maior destaque, de acordo com as observações dos resultados apresentados anteriormente (Tabela 4.1). Nesse caso, a frequência de temperaturas inferiores a 18°C compôs a matriz de dados que gerou o ordenamento dos sítios. O primeiro eixo da Análise dos Componentes Principais (PCA) explicou 36% da distribuição dos dados e o segundo eixo explicou 23% (Figura 5.61). As variáveis que tiveram maior influência positiva no eixo 1 foram a biomassa de peixes alvo de pesca (b_pesca) e a maior influência negativa foi a frequência de lixo (lixo e lixo_pesca). Para o eixo 2 a frequência das temperaturas menores que 18˚ C (T.18) foi a variável com maior influência, seguida pela porcentagem de cobertura de turf filamentoso e riqueza de algas. A PCA evidenciou a separação de diferentes grupos considerando indicadores de influência antrópica (lixo de pesca e lixo), representado por locais como ESTO e ESTL, numa praia continental de fácil acesso, que apresenta maior fluxo de embarcações e atividades humanas. A temperatura influenciou a formação de grupos na PCA caracterizando sítios com temperatura mais fria, como as Ilhas das Aranhas (AR) e do Xavier, localidades mais austrais da área de estudo, onde foram registradas as maiores frequências de temperaturas menores que 18˚ C.

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Figura 5.61 Análise de Componentes Principais. O ordenamento dos sítios foi elaborado de acordo com os principais resultados apresentados anteriormente, considerando dados bióticos e abióticos. Os vetores representam a correlação entre a ordenação e a matriz de dados original. Onde: AR- Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier. T.18 – Temperaturas menores que 18° C, Turf - Cobertura de macroalgas tipo turf, dist_cost - Distância da costa, crust_Dh_Mf - Abundância de Damithrax hispidus e Mithraculus forceps, crust_P.prov - Abundância Pagurus_provenzanoi, r_algas - Riqueza de espécies de algas, ab_ourico - Abundância de ouriços, b_pesca - Biomassa de peixes de interesse para a pesca, lixo_pesca - Frequência de registros de pesca, lixo - Frequência de registros de lixo comum.

Em um segundo momento, foram gerados um NMDS e uma análise de agrupamento. Nesse caso, a matriz de dados para gerar a ordenação e o dendrograma foi composta apenas por dados biológicos, levando em consideração os dados de abundância das espécies de peixes, algas, crustáceos e macroinvertebrados. Os dados de temperatura baixas foram plotados secundariamente, como plano de fundo, e não influenciaram essa ordenação tão pouco o dendrograma. Ambas as análises (Figura

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5.62 e Figura 5.63) destacam a formação de três grupos, o grupo dos sítios continentais (ESTL e ESTO), onde houveram as maiores porcentagens de cobertura de Sargassum sp. e a menor frequência de temperaturas baixas; um grupo de sítios situados mais ao sul com temperaturas mais frias (XA e AR); e o grupo de sítios da REBIO e sítios de seu entorno imediato, onde foram registrados os maiores valores de biomassa de peixes de interesse comercial, as maiores densidades de ouriços e as menores densidades do caranguejo ermitão Pagurus provenzanoi. Semelhante ao que foi evidenciado na PCA, o NMDS separou os sítios ESTO e ESTL, representando os sítios continentais. Os sítios dentro dos limites das REBIO, apresentaram, de maneira geral, uma maior similaridade da composição de espécies. Ao contrapor a ordenação com os valores de frequência de temperaturas menores que 18˚ C verifica-se a formação de um grupo de sítios situados ao sul. A segregação de sítios levando em consideração a frequência de temperaturas foi um padrão evidenciado na PCA. Na análise NMDS, que levou em consideração apenas a matriz de espécies, este padrão persistiu, sugerindo que a localização do sítio em relação às temperaturas da água pode ser um fator importante para a composição da comunidade como um todo, embora alguns indicadores respondam mais claramente ao status de proteção, como peixes e ouriços.

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Figura 5.62 Escalonamento multidimensional não-métrico. Ordenamento dos sítios foi plotado de acordo com a abundância das espécies de algas, macroinvertebrados, crustáceos e peixes recifais. As isolinhas representam a frequência (%) de temperaturas abaixo de 18° C obtidas com os data loggers, esses valores não foram utilizados para a ordenação dos sítios. Onde: AR - Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier.

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Figura 5.63 Análise de agrupamento dos sítios de amostragem com a matriz de espécies amostradas (invertebrados bentônicos, crustáceos, peixes e algas). AR- Ilha das Aranhas, DE – Ilha Deserta, DS – Ilha deserta Sul, ESTL – Estaleiro Leste, ESTO – Estaleiro Oeste, FA – Baía do Farol, NL – Naufrágio do Lili, RN – Rancho Norte, SA – Saco d’Água, SC – Saco do Capim, TS – Toca da Salema, XV – Ilha do Xavier.

6 Conclusão

A temperatura parece ser o principal fator abiótico a influenciar a distribuição de organismos ao longo da área estudada. Os resultados da caracterização oceanográfica, Volume 2 desse documento (MAArE, 2017c), demonstram que esse parâmetro é influenciado pela pluma do Rio do Prata, que traz águas superficiais frias e com menos salinidade durante o inverno; e pela intrusão da Água Central do Atlântico Sul que, no verão, confere uma grande variação térmica na coluna d’água. De fato, os dados dos sensores instalados nos costões rochosos demonstram maior variação da temperatura nesse período. Além da influência da temperatura, os resultados indicam que a restrição de uso imposta pela Unidade de Conservação é um fator determinante para alguns indicadores avaliados. No interior da Reserva e em seu entorno imediato foram encontradas as maiores abundâncias de ouriços pretos, as maiores biomassas de espécies de peixe de interesse comercial, incluindo as maiores garoupas, a despeito das diferenças ambientais entre esses sítios da REBIO e de seu entorno imediato (ex. distância da costa, frequência de temperaturas abaixo de 18°C, presença de banco de rodolitos, complexidade do substrato). Esses dados indicam que a REBIO Arvoredo pode influenciar positivamente a biota da região, contribuindo para a manutenção da biodiversidade local.

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7 Recomendações para monitoramento e gestão

A escolha dos métodos e indicadores para a garantir a continuidade do monitoramento não depende apenas das características ambientais e biológicas da REBIO Arvoredo, mas também de fatores gerenciais e logísticos. A disponibilidade de tempo, a capacitação da equipe, o número de integrantes da equipe, a capacidade de armazenamento/processamento de dados e também a disponibilidade de recursos financeiros serão determinantes para a escolha dos métodos e dos indicadores para o emprego do monitoramento contínuo (Creed et al. 2007; Freiwald et al. 2015; Turra e Denadai 2015). Existem abordagens mais detalhadas, como será apresentado a seguir, que permitem o armazenamento e o registro de informações (ex: coleta de sedimento para avaliação de invertebrados e amostragens com fotoquadrados) (MAArE 2017a). Outros métodos são mais ágeis em termos de processamento e aquisição dos dados, mas, em contrapartida, não guardam amostras, que poderiam ser reanalisadas por diferentes perspectivas. A cooperação entre instituições pode vir a facilitar o sucesso da continuidade, aliando o caráter conservacionista da Reserva e os objetivos da Universidade (extensão, pesquisa e formação acadêmica). As sugestões para monitoramento a seguir não devem ser interpretadas como protocolos fixos e imutáveis. Ao contrário, a gestão adaptativa de áreas naturais (tendência atual da gestão de áreas protegidas) pressupõe constante revisão de metodologias de monitoramento e tomada de decisão (Aburto et al., 2012). Portanto, a reavaliação de indicadores e áreas estratégicas a serem monitorados é de suma importância nesse processo, não devendo o gestor seguir um protocolo inflexível, mas sim avaliar e realizar as devidas adaptações quando necessário. É importante salientar que os métodos e procedimentos realizados por este monitoramento foram selecionados para atender às necessidades de monitoramento referentes ao contexto da REBIO Arvoredo. A aplicação dos mesmos métodos de coleta em outras regiões deve ser avaliada cuidadosamente, de acordo com biodiversidade, as características ambientais dos diferentes locais e também com o tipo de informação que se deseja levantar, ou seja, os objetivos do trabalho. Assim, recomenda-se o cuidado de não reproduzir exatamente os mesmos protocolos, mas adaptar e ajustar para as diferentes realidades biofísicas das áreas que se deseja monitorar e aos objetivos de monitoramento. Seguem abaixo considerações sobre os métodos e indicadores utilizados pelo projeto nessa fase piloto, além de considerações a respeito dos métodos empregados pelo Projeto contrapondo abordagens mais e menos detalhadas.

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Monitoramento da cobertura dos costões e bancos por fotoquadrado A realização de fotoquadrados (MAArE 2017a, pág. 24) permite uma documentação da evolução espaço temporal do bentos, e deve ser considerada no esforço de monitoramento por permitir análises posteriores (banco de dados brutos) e/ou consulta a especialistas, sem comprometer a autonomia ou a agilidade da gestão para indicadores consagrados e de fácil identificação. As variações na presença e abundância de Sargassum sp., assim como tapetes de algas filamentosas representam indicadores de elevado potencial para se discutir o processo de gestão da Rebio e de seu entorno. Essa abordagem também permite a busca por espécies exóticas, a fim de se identificar precocemente eventuais processos de invasão. Portanto, apesar de exigir grande conhecimento acadêmico e expertise taxonômico, amostragens detalhadas são importantes mesmo que em menor frequência e devem ser consideradas no processo da gestão. Essas amostragens permitirão reconhecer indicadores importantes e adaptações do monitoramento.

Monitoramento de macroinvertebrados de substrato inconsolidado Deve contemplar a área da REBIO e o entorno, com duas estações no entorno, que cobririam os fundos arenosos e granulosos e nas quatro estações na REBIO, sendo duas no fundo de rodolito e duas em fundo sem rodolito. Cada estação deveria ser amostrada em triplicata, com duas coletas por ano. Recomenda-se a utilização de amostrador semelhante ao utilizado no presente estudo, com mesma área amostral, de forma a que se tenha uma comparação com esse primeiro patamar de referência sobre a biodiversidade da fauna de sedimento inconsolidado na Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e suas adjacências. Da mesma forma que descrito acima para a amostragem da cobertura dos costões, essa amostragem detalhada é dependente de grande expertise taxonômico e tempo. Embora essas características não sejam desejáveis em monitoramentos rápidos e periódicos, recomenda-se fomentar amostragens menos frequentes para acessar informações sobre as variações nas assembleias de substrato inconsolidado, de forma a compreender a dinâmica desse compartimento ambiental no contexto da Unidade de Conservação.

Monitoramento do banco de Madracis decactis A maneira mais confiável e rápida de monitorar o banco é por contagem de colônias in situ e, portanto, sugere-se que o método seja empregado nas transecções fixas já instaladas no local. Não sabemos ao certo o porquê da redução no número de colônias observada (comparação com Capel, 2012). É possível que a presença ilegal de embarcações pesqueiras esteja danificando o banco através de ancoragem. Em estudo anterior foi observada a presença de âncoras, que inclusive danificaram

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mais de uma vez os transectos fixos do monitoramento (Vieira, 2015)1. Portanto, deve-se manter estudos e monitoramento nessa área para a compreensão da dinâmica dessa formação única e ações de fiscalização para evitar impactos de ancoragem sobre o banco.

Monitoramento da carcinofauna Monitorar a presença do camarão recifal Stenopus spinosus, oriundo do Mediterrâneo e estabelecido previamente no Golfo do México para confirmar o estabelecimento da população. Deve- se estar atento a indicações de a espécie ser potencialmente invasora, causando impacto na comunidade nativa da região. A espécie Stenopus hispidus, previamente registrada até São Paulo e registrada em Santa Catarina durante a campanha de verão do MAArE de 2014 também deve ter sua população monitorada, podendo ser um possível indicador de tropicalização da região. A espécie Lysmata ankeri, além de ainda não ser completamente compreendida taxonomicamente, possui potencial para indicador biológico representante dos camarões carídeos. Todas as espécies citadas anteriormente são visadas pela aquariofilia e podem estar sendo introduzidas na região através desta. Devido à relevância dos crustáceos na comunidade recifal, especialmente, na dieta alimentar de garoupas e badejos, sugerimos o monitoramento contínuo de Mithraculus forceps, assim como os demais Mithracídeos. Uma atenção especial deve ser dada ao ermitão P. provenzanoi tanto na REBIO quanto no entorno, levando em consideração seu potencial como indicador de ambientes impactados. As espécies alvo de pesca também devem ser contempladas em futuros monitoramentos, com o objetivo de identificar alterações nas populações das lagostas dentro da REBIO. Tanto as diferentes faixas de profundidade quanto os microambientes analisados durante o projeto MAArE abrigam comunidades distintas de crustáceos, portanto são importantes para o monitoramento da diversidade e riqueza de crustáceos da REBIO.

1 Vieira, V. (Comunicação da Msc. Viviane Vieira à Profa. Dra. Bábara Segal, em 10.2015).

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Monitoramento de peixes recifais O monitoramento de peixes recifais é importante ferramenta para gestão em áreas marinhas protegidas no mundo todo (e.g. PISCO 2008). O monitoramento contínuo durante o período de nove anos pelo Laboratório de Biogeografia e Macroecologia Marinha da UFSC (três deles durante o projeto MAArE) tem revelado as tendências de abundância e biomassa ao longo do tempo e espacialmente, comparando os dados coletados na REBIO Arvoredo e no entorno da Unidade de Conservação (i.e. efetividade do manejo; Floeter et al. 2006, 2007b, Anderson et al. 2014, 2017). No presente relatório os dados apresentados foram tomados através de censos visuais considerando toda a assembleia de peixes (MAArE 2017; Floeter et al. 2007a) o que consideramos o procedimento mais adequado. No entanto, essa abordagem mais completa conhecimentos mais especializados sobre a metodologia e identificação das espécies ou longo tempo de treinamento para identificação e tomada de medidas de comprimento total dentro d’água. Desta forma, sugerimos aqui um procedimento adaptado e mais simplificado para monitorar espécies indicadoras. A seleção desse conjunto de espécies leva em conta critérios como grau de ameaça (listas de fauna ameaçada), interesse para a pesca, abundância (sensibilidade do método a alterações), função ecológica importante para o sistema e espécies exóticas. Espécies abundantes e que não são alvo de pesca devem ser monitoradas como controle, isto é, dentre os diversos fatores que podem influenciar a abundância dos organismos existem aqueles derivados da pressão pesqueira e outros fatores externos, como mudanças climáticas (ex. aumento da temperatura superficial dos oceanos, acidificação, eventos extremos, etc). O monitoramento de espécies controle pode ajudar na distinção de tais influências (locais como a pesca ou globais) sobre a abundância. Essa distinção nos parece muito relevante em termos de atuação da gestão. Segundo a lógica acima apresentada, foram selecionadas 12 espécies indicadoras (Tabela 7.2). Essas espécies foram selecionadas também em função da factibilidade da amostragem, portanto são espécies passíveis de serem contadas em censos visuais subaquáticos por serem conspícuas (não crípticas) e relativamente abundantes. Subcritérios de agrupamento dos indicadores foram utilizados da seguinte forma: espécies de peixes recifais predadores visados pela pesca, das famílias Epinephelidae (incluindo a emblemática e ameaçada Garoupa - verdadeira) e Carangidae; espécies de peixes herbívoros visados pela pesca, da família Labridae (budiões); espécies abundantes pouco ou não visadas pela pesca, que funcionariam como controle para o efeito da pesca em relação a outros efeitos, como mudanças climáticas, gerando maiores informações para questões de manejo; e espécies do gênero Chromis sendo uma delas exótica estabelecida e com população em ascensão e outra nativa, com função ecológica similar, de forma a permitir futuramente uma avaliação do efeito da espécie exótica sobre a nativa.

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Essa abordagem alternativa poderia mostrar resultados em longo prazo com menor necessidade treinamento e padronização entre os amostradores. De qualquer forma, oficinas de treinamento precisam ser realizadas para a aplicação adequada e padronização metodológica para monitoramento em longo prazo. O problema de uma metodologia tão simplificada seria não fornecer informações sobre espécies mais raras ou que sejam novos registros, além do não acompanhamento de novas espécies exóticas. A densidade do peixe exótico Donzela-de-açores (Chromis limbata) vem aumentando a cada ano depois da sua descoberta em 2009 e descobrir mais sobre a interação entre as variações naturais e a influência do impacto da pesca é um grande desafio para os próximos anos de monitoramento (Anderson et al. 2017).

Monitoramento de espécies exóticas Ao longo dos esforços de monitoramento, concluímos que, para encontrar e monitorar espécies exóticas, buscas ativas percorrendo a maior área possível é a forma mais eficiente de trabalho. Essas buscas devem ser realizadas com especial atenção para tocas, cavernas e fendas, bem como estruturas artificiais que fornecem novos substratos para fixação. Além disso, sugerimos que especialmente nos casos de manchas de ocorrência de coral-sol, deve-se utilizar um método pontual para quantificação das colônias. Uma vez que uma mancha é localizada, o número de colônias deve ser quantificado antes de sua remoção. Essa quantificação pode ser feita com contagem do número de colônias, aliada a uma estimativa de seus tamanhos, que poderia ser feita através do uso de foto-quadrados, ou estimativa visual do tamanho médio, máximo e mínimo das colônias. Ainda, referenciar precisamente os locais onde foram observadas invasões é de fundamental importância para que seja possível retornar para realizar iniciativas de manejo e monitoramento. Para isso é necessário obter coordenada com GPS na superfície, tirar fotos de referências visuais no costão, e descrever o melhor possível o fundo, com indicação precisa da profundidade, contorno do fundo e rochas próximas. As observações dos locais de invasão por coral-sol na Ilha do Arvoredo, em situações anteriores e posteriores a iniciativas de manejo, evidenciam que iniciativas de manejo devem ser contínuas, e realizadas o mais rápido possível a partir do momento de detecção. Quando detectamos precocemente pontos de invasão, o custo de manejo é menor, o controle é mais eficiente e a eliminação local pode ser viável, com o passar do tempo diminuem as possibilidades de erradicação e os custos aumentam (Tu, M. 2009). Por fim, com o rápido crescimento das colônias observado in situ, chegamos à conclusão de que faltam alguns conhecimentos básicos sobre a espécie, como taxa de crescimento no ambiente de ocorrência, sendo de alta relevância a execução de projetos que elucidem características da biologia

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de Tubastraea coccinea na REBIO Arvoredo e entorno. Uma alternativa é o monitoramento com quadrados fixos, ou de colônias focais. Nos quadrados fixos também se torna possível um monitoramento da abundância de espécies nativas, e da influência do coral-sol sobre elas, como Astrangia rathbuni, Phyllangia americana e Corynactis sp., uma vez que essas espécies ocorrem nos mesmos habitats do coral-sol e que, por suas características crípticas, geralmente não são amostradas nos métodos tradicionais de amostragem bêntica por transectos ou fotoquadrados. Esse tipo de monitoramento pontual permitiria descobrir a real influência da invasão de coral-sol sobre as espécies nativas de antozoários, na escala do habitat.

Monitoramento de macroinvertebrados e de cobertura do substrato consolidado baseado no protocolo Reef Check O protocolo Reef Check vem sendo incorporado para monitoramento em Unidades de Conservação Marinhas em território nacional desde 2002 (MMA, 2017). Os métodos estipulados pelo protocolo permitem o acompanhamento de espécies (ou grupos) de macroinvertebrados indicadores; da cobertura de substrato, incluindo macroalgas; e de espécies (ou grupos) de peixes. No presente projeto o conjunto de métodos estipulados pelo protocolo foi aplicado em associação com métodos de amostragens mais detalhados. Essa abordagem permitiu embasar a escolha dos melhores indicadores para a região e, assim, realizar as adaptações necessárias para a aplicação do protocolo, de acordo com a realidade da Reserva. O monitoramento do substrato por fotoquadrado (Item 3.2 e MAArE 2017a, pág 24) identificou detalhadamente organismos que recobriam os costões rochosos. O monitoramento da cobertura do substrato por transecções de ponto e intersecção (Item 3.4.1 e MAArE 2017a, pág 41) classificou a cobertura em grandes categorias. A partir da comparação dos gráficos apresentados nas seções 5.2 e 5.4 percebe-se que os dois métodos evidenciam a contribuição das macroalgas (Figura 5.9 e Figura 5.21). Entretanto, o monitoramento por fotoquadrados identificou os organismos até o menor nível taxonômico possível, destacando o papel importante das algas formadoras de dossel, como Sargassum sp. Essas informações permitem apontar os organismos alvos de monitoramento e, consequentemente, realizar as adaptações para a aplicação do Protocolo Reef Check no contexto ambiental da Reserva. Uma comparação mais detalhada, de medianas com os resultados das categorias de algas, mostrou resultado semelhante (Figura 7.1). Para esse esforço os tipos de cobertura de substrato obtidos por fotoquadrado foram classificados de acordo com as categorias gerais utilizadas nos transectos lineares. Apesar da variação ser maior na amostragem por fotoquadrato os valores de

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madiana são similares. As transecções de substrato para amostragem via fotoquadrado (Item 3.2 e MAArE 2017a, pág 24 ) e via ponto e intersercção (Item 3.4.1 e MAArE 2017a, pág 41) foram alocadas nas mesmas faixas de profundidade, sem se sobrepor, assim as áreas supervisionadas não foram exatamente iguais. Portanto, eventuais disparidades nas abundâncias observadas podem ser devidas à real heterogeneidade espacial de distribuição dos organismos. Além disso, a diferença de unidades amostrais e área também deve ser levada em conta nessa comparação, uma vez que a área de observação por fotoquadrado é de 25x25cm (50 pontos por quadrado) e por ponto e intersecção é de 20m lineares (40 pontos por transecto) (MAArE, 2017a). A despeito de tal variação, a mediana das principais categorias de cobertura de substrato foi similar entre as duas metodologias (Figura 7.1).

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Figura 7.1 Categorias mais abundantes de cobertura de substrato nos sítios sugeridos para a continuidade do monitoramento. Os dados foram coletados por fotoquadrados (MAArE 2017a, pág 24) e por transecções em linha (MAArE 2017a, pág 41), para a comparação os tipos de cobertura do substrato identificados por fotoquedrado foram classificados de acordo com as categorias adaptadas do protocolo Reef Check (MAArE, 2017a). Nos gráficos estão representadas as medianas em linhas e os quartis em caixas.

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Os pontos positivos do Protocolo Reef Check estão além da celeridade para aquisição dos dados. O protocolo é tradicionalmente aplicado por uma equipe de voluntários treinados, composta por diferentes atores sociais (gestores, pesquisadores, estudantes e membros da comunidade em geral). O Programa, em âmbito internacional, conta com uma vertente de participação de voluntários, chamada Reef Check Eco Action. Através de treinamentos específicos, mergulhadores credenciados e treinados realizam amostragens, que compõem banco de dados da saúde dos ambientes recifais. Esse tipo de iniciativa se enquadra no conceito de ciência cidadã (Citizen Science em inglês). Esse conceito vem crescendo em importância em ações de preservação ambiental e sensibilização da sociedade para as problemáticas do meio ambiente. Assim, programas desse tipo aliam a tomada de dados em séries temporais com a participação e envolvimento social, em prol da conservação de recursos e áreas naturais. Na REBIO Arvoredo, a participação voluntária de diferentes atores sociais em ações de manejo já ocorre com sucesso em eventos de Clean-Up (REBIO Arvoredo, 2016), além de parcerias pontuais com pesquisadores e alunos universitários voluntários em ações específicas como o manejo do coral-sol. Uma iniciativa semelhante poderia ser adotada para concretização da continuidade do monitoramento de indicadores biológicos na Reserva. A ação conjunta de diferentes atores sociais pode aumentar as chances do êxito dessa iniciativa, além de cumprir com os objetivos do Programa de Educação e Interpretação Ambiental da Unidade, estimulando a participação social e a sensibilização para a temática da conservação.

Sugestão de sítios para monitoramento contínuo Considerando as características ambientais e biológicas dos ambientes investigados sugerimos que a malha amostral para continuidade do monitoramento seja reduzida, passando de 12 para cinco sítios, de acordo com a Tabela 7.1:

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Tabela 7.1 Sugestão de sítios para a continuidade do monitoramento ambiental. Sítio Justificativa Sítio situado na Ilha da Galé, onde ocorrem colônias de Madracis decactis roladas. Dentre as ilhas da Reserva a Ilha da Galé é a mais próxima da costa e, ao mesmo tempo, apresentou alta biomassa de peixes de interesse comercial. Caso a Unidade opte por dar continuidade para o monitoramento das colônias de Madracis decactis Toca da Salema sugere-se que a o acompanhamento seja por contagem de colônias vivas e mortas in situ, e não através do uso de imagens. O monitoramento via protocolo Reef Check pode ser feito apenas nos costões rochosos, uma vez que as colônias roladas de coral encontram-se esparsas sobre o fundo de areia.

Nesse sítio localiza-se um, dentre os dois bancos de rodolitos, da Reserva. A Ilha Deserta é a ilha mais distante da costa e está sujeita a águas mais frias que as demais Ilhas. Nela, foram registrados os maiores valores de biomassa de peixes de interesse Ilha Deserta comercial bem como a maior razão lixo de pesca / lixo comum dentro da Reserva. O monitoramento via protocolo Reef Check pode incluir o costão rochoso e banco de rodolito.

Onde se localiza o maior banco de rodolitos da REBIO Arvoredo. Nos costões rochosos adjacentes ao banco foram registrados focos de invasão por coral – sol. O local é área de arribada, onde foram avistadas poitas e âncoras abandonadas sobre o costão e sobre o banco. O monitoramento deste sítio permite o embasamento para ações de Rancho Norte manejo, tanto do coral – sol quanto ações de limpeza e fiscaliação. O monitoramento via protocolo Reef Check pode incluir o costão rochoso e o banco de rodolito.

Sítio situado no entorno imediato da Reserva com características biológicas e físicas Saco do Capim similares aos sítios no interior da Unidade. O ponto pode ser utilizado como comparativo, principalmente por ser adjacente ao Rancho Norte.

Entorno imediato à Reserva, próximo à base da Marinha na Ilha do Arvoredo. O ponto dever ser mantido principalmente pelo registro do coral - sol. Assim a manutenção desse sítio amostral permite sua inspeção e, caso haja número de mergulhadores Baía do Farol suficientes na equipe, a inspeção pode ser estendida em direção ao Sul da Ilha, passando pela Baía do Farol e pelo Saco do Vidal onde também foram encontradas colônias do coral.

Posicionamento das transecções e ambiente investigados Para o monitoramento dos tipos de substrato e de macroinvertebrados indicadores sugere-se que sejam colocadas três transecções entre os 5-6m de profundidade, e três transecções próximo à interface, sobre o costão a pelo menos um metro de distância da areia/cascalho. Nos sítios em que houver banco de rodolitos as transecções da interface devem ser colocadas sobre os bancos. Caso haja continuidade na amostragem de peixes recifais, o que recomendamos fortemente, assim como a busca ativa por coral – sol, as transecções para execução dos censos de peixes devem ser realizadas nas adjacências da amostragem de macroinvertebrados e de substrato. A medida de rugosidade do fundo deve ser mantida, essa informação caracteriza o ambiente assim como medidas de profundidade. O posicionamento das transecções de acordo com a profundidade é importante dentro dessa abordagem. Nos costões investigados a dinâmica de

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deposição de sedimentos é bastante alta, isso implica na constante alternância entre soterramento e exposição de partes dos costões rochosos, sobretudo próximo à interface. Assim, estipular uma profundidade fixa para o monitoramento em profundidades maiores que oito metros é uma tarefa desafiadora. Por esse motivo recomendamos que ambientes abaixo dessa profundidade devem ser monitorados próximo à interface, mas evitando-se acúmulos de areia que cubram mais que um quarto da região amostrada. Apesar da dificuldade logística que essa iniciativa implica, ao tornar o processo de amostragem mais demorado, manter o monitoramento abaixo dos oito metros é bastante importante, tendo em vista que alguns indicadores biológicos começam a ser mais abundantes com o aumento da profundidade e aproximação da interface, como as vieiras.

Principais indicadores biológicos Existem diferentes abordagens para o estabelecimento de espécies indicadoras (Cáceres & Legendre 2009). No contexto do presente trabalho essas espécies foram selecionadas de acordo os resultados levantados nessa fase inicial do monitoramento e com os critérios elencados pelo Protocolo Reef Check California (Freiwald et al. 2013a; Freiwald et al. 2015), os quais consistem em:

 Espécies de fácil identificação;  Espécies observadas comumente por mergulhadores;  Espécies ameaçadas (por exemplo: espécies protegidas, espécies sobre exploradas ou espécies seriamente comprometidas pela exploração);  Espécies ecologicamente importantes (no caso deste monitoramento inclui espécies invasoras);

Esses critérios foram estabelecidos para associar a rápida caracterização ambiental por uma equipe de amostradores treinada e não necessariamente especialista. Segue abaixo uma lista dos principais indicadores biológicos, além dos peixes já comentados acima. Em alguns casos essas espécies podem ser agrupadas em um único indicador, como os ouriços e as lagostas, por exemplo, desde que as repostas a pressões conhecidas (como a pesca e captura) sejam similares entre as espécies.

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Tabela 7.2 Principais indicadores biológicos para continuidade do monitoramento ambiental que podem ser monitorados via protocolo Reef Chek, tendo o levantamento de peixes associado. Em verde indicadores para cobertura do substrato; em azul macroinvertebrados indicadores; em vermelho principais espécies exóticas, além de Tubastraea coccinea (monitorada através de outro método); em branco, peixes indicadores; em amarelo claro, classes de lixo. INDICADORES PARA ADAPTAÇÃO DO REEF CHEECK Indicador Organismos Justificativa Imagem Abundante, conspícuo, fácil mensuração, fácil identificação, função ecológica chave (produtor primário estruturador de M Sargassum spp. A dossel), espécie alvo de prospecção C biotecnológica com R aplicações na agricultura O e farmacologia. Foto: Letícia Peres A L Abundante, conspícuo, G fácil mensuração, fácil A identificação, função Sonderophycus S ecológica chave (produtor capensis primário, estruturador de dossel e calcificador de aragonita).

Foto: Julia Souza R O Abundante, conspícuo, D fácil mensuração, fácil O identificação, função L Rodolitos ecológica chave (produtor I primário, construtor de T nicho e calcificador O calcita).

S Foto: Letícia Peres Z A N Conspícuos, abundantes, T estruturadores de Í Zoantídeos comunidades, fácil D mensuração e fácil E identificação. O

S Foto: Bruna Gregoletto

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T Matriz de algas epilíticas U que recobre grande parte R Turf filamentoso dos costões. Abundante, F e calcário conspícuo e de fácil identificação em nível categórico.

Foto:Letícia Peres

Abundante, conspícuo, fácil mensuração, fácil C Mithraculus identificação, função A forceps ecológica chave (presa R E importante de A R serranídeos). N M G E T Foto: Bruno W. Giraldes U Õ E Espécie abundante E J principalmente no S O entorno da REBIO, S Pagurus sugerindo associação com provenzanoi ambientes impactados. A espécie tem pequenas dimensões, mas é de fácil identificação. Foto: Edson Faria Jr

L A Espécie alvo da pesca, G sem legislação, de O Scyllarides baixíssima abundância. A S deceptor sua ocorrência é positiva T para a REBIO. A S

Foto: Thais Macedo

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Espécie alvo da pesca, sem legislação, de Scyllarides baixíssima abundância. A brasiliensis sua ocorrência é positiva para a REBIO.

L Foto: Thais Macedo A G O Espécie alvo da pesca, de S Panulirus baixa abundância. A sua T laevicauda ocorrência é positiva para A a REBIO. S

Foto: João Paulo Krajewski

Espécie alvo da pesca, ocorria e era capturada dentro da REBIO, não Panulirus registrada durante o meripurpuratus Projeto MAArE. A sua ocorrência é positiva para a REBIO.

Foto: Marcelo Kammers, 2007, I. Galé

Abundante, conspícuo, fácil mensuração, fácil Echinometra identificação, função lucunter ecológica chave O (herbívoro raspador), U espécie alvo de pesca. R

I Foto: Eduardo Bastos Ç O Abundante, conspícuo, S fácil mensuração, fácil identificação, função Arbacia lixula ecológica chave (herbívoro raspador), espécie alvo de pesca.

Foto: Ana Flora Sarti de Oliveira

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O U Conspícuo, fácil R mensuração, fácil Lytechinus I identificação, função variegatus Ç ecológica chave O (herbívoro raspador).

S Foto: Bruna Gregoletto G O R Conspícuas, fácil G mensuração, fácil Ô Gorgônias identificação, organismos N sensíveis à deposição de I lixo. A

S Foto: Jonathan Lawley

V E Conspícuas, fácil I mensuração, fácil Vieiras R identificação, espécie A alvo de pesca. S

Foto: Ana Flora Sarti de Oliveira Comum em ambientes creviculares, na interface rocha/ sedimento. A Espécie social com Q Lysmata ankeri funções interespecíficas U relevantes (limpeza de A peixes recifais) pouco R conhecidas. Espécie alvo I da aquariofilia. Foto: Bruno W. Giraldes O Registro anterior até São F Paulo, podendo indicar I tropicalização, espécie alvo da aquariofilia. A sua L Stenopus presença em SC pode ser I hispidus um estímulo à captura. A Espécie conspícua, de fácil identificação, pouco

comum. Foto: Bruno W. Giraldes

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Espécie exótica de siri, associada a água de lastro, ampla distribuição Charybdis em SC (Camboriu a hellerii E Palhoça), já registrada na S REBIO. Não foi registrada P durante o projeto MAArE.

É Foto: Paola L. Dall’Occo/ Jasar Cirelli (Oliveira, 2009) C I E Invasora (principalmente S em substratos artificiais), Styela plicata conspícua, fácil

identificação, fácil E mensuração. X

Ó Foto: Ana Flora Sarti de Oliveira T I Essa espécie é do Mar C Mediterrâneo e já está A estabelecida no Golfo do México. Os registros S Stenopus anteriores no Brasil eram spinosus duvidosos, relacionados a descarte de aquariofilia. Espécie exótica, pouco comum. Foto: Bruno W. Giraldes

Visada pela pesca, Epinephelus ameaçada (IUCN2), marginatus emblemática, conspícuo, (Garoupa- associado ao fundo P verdadeira) E rochoso, predador. I Foto: Acervo MAArE X E S Visado pela pesca, Mycteroperca emblemática, conspícuo, acutirostris associado ao fundo (Badejo mira) rochoso, predador.

Foto: Acervo MAArE

2 The IUCN Red Listo f Theratened Species. http://www.iucnredlist.org/details/7859/0 Acessado em 14/06/2017.

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Visado pela pesca, Caranx crysos conspícuo, peixe de (Xaréu, passagem, predador, Xarelete) associado à coluna d’ água.

Foto: Acervo MAArE

Visado pela pesca, conspícuo, peixe de Caranx latus passagem, predador, (Guarajuba) associado à coluna d’ água.

Foto: Acervo MAArE

Visado pela pesca, Pseodocaranx conspícuo, peixe de dentex passagem, predador, P (Garapoá) associado à coluna d’ E água.

I X Foto: Acervo MAArE E S Herbívoro, visado pela Sparisoma pesca, conspícuo, axillare (Budião) associado ao fundo rochoso.

Foto: Acervo MAArE

Herbívoro, visado pela Sparisoma pesca, conspícuo, frondosum associado ao fundo (Budião) rochoso.

Foto: Acervo MAArE

Abudefduf Abundante, não visado saxatilis pela pesca, conspícuo. (Sargentinho)

Foto: Acervo MAArE

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Diplodus Abundante, pouco visado argenteus pela pesca, conspícuo. (Marimbau)

Foto: Acervo MAArE

Haemulon Abundante, pouco visado aurolineatum pela pesca, conspícuo. P (Cocoroca) E I X Foto: Acervo MAArE E S

Chromis limbata (Donzela dos Exótica estabelecida. Açores)

Foto: Acervo MAArE

Chromis Nativo, funcionalmente mutilineata semelhante à espécie (Tesourinha) exótica.

Foto: Acervo MAArE

L Fácil mensuração, I Lixo comum indicativo de pressão X antrópica. O

Foto: Bruna Gregoletto

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L Fácil mensuração, I Lixo de pesca indicativo de pressão X antrópica. O

Foto: Eduardo Bastos, REBIO-RN.

8 Considerações finais

Os resultados desses três anos de Projeto MAArE se revelaram como um bom patamar de referência (baseline) sobre a biodiversidade da REBIO Arvoredo e adjacências. Foram apresentadas listas de espécies de fauna e flora dos costões e substrato inconsolidado adjacente, com várias atualizações a partir dos resultados do Projeto (ver anexos). Houve, portanto, um incremento na quantidade de espécies conhecidas para a região, além de um melhor conhecimento sobre a distribuição das mesmas, conforme evidenciado pelas análises multivariadas e mapas apresentados. A necessidade e sucesso no cumprimento desse objetivo de estabelecer um patamar de referência sobre a biodiversidade se confirmou ao ampliarmos as ocorrências de espécies de peixes e crustáceos, dois grupos de organismos relativamente bem conhecidos. Dentre os peixes foi detectada pela primeira vez a falsa moreia ornamentada Quassiremus ascensionis e o cirurgião africano Acanthurus monroviae. Dentre os crustáceos foram registrados pela primeira vez na região os camarões recifais Stenopus spinosus, Stenopus hispidus, Lysmata ankeri, os camarões de estalo Alpheus cf. packardii, A. formosus e o caranguejo ermitão Dardanus venosus. Esses novos registros adicionam oito espécies à biodiversidade da REBIO Arvoredo e entorno, evidenciando a importância de projetos de larga escala temporal e espacial. Quanto aos métodos e indicadores de monitoramento, foi possível testar e evidenciar a eficácia de várias abordagens utilizadas. O Protocolo Reef Check foi adaptado aos costões da região e se mostrou eficaz para amostragem de invertebrados, substrato e lixo, com as devidas adaptações compiladas e apresentadas aqui. Alguns indicadores relacionados ao substrato, como ouriços e lixo de pesca se mostraram eficazes para avaliação de efetividade de áreas protegidas. Para o monitoramento de peixes foi realizado um protocolo mais refinado (MAArE, 2017a), mas chegou-se à conclusão de que mergulhadores menos especializados podem e devem aplicar o Protocolo Reef Check (mais simplificado) gerando dados importantes para a gestão ao amostrar grupos de espécies chaves ou indicadoras, como serranídeos, grupos de herbívoros, espécies exóticas, dentre outros a serem

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definidos a partir de objetivos claros do monitoramento. Alguns outros indicadores emergiram com grande potencial de indicar ações de manejo. Em relação às algas foram evidenciados dois principais indicadores: Sargassum sp., que vem tendo sua abundância reduzida em vários locais da costa brasileira e os bancos de rodolitos, por estruturarem habitat para outros componentes da biodiversidade. Dentre os crustáceos os indicadores mais importantes foram as espécies associadas à aquariofilia (S. hispidus, S. spinosus e L. ankeri), caranguejos da família Mithracidae, por representarem importante alimento de peixes comercialmente importantes como as garoupas verdadeiras e o caranguejo ermitão Pagurus provenzanoi, que é considerado abundante em áreas degradadas. Quanto aos macroinvertebrados de substrato inconsolidado, percebeu-se que podem ser importantes indicadores pela sua forte associação com o substrato. No entanto, iniciativas de monitoramento devem levar em conta o alto custo e tempo de obtenção desses resultados e seus protocolos devem ser ajustados em função dessa limitação e de respostas a pressões específicas (alteração de habitat, poluição, etc.). O Projeto MAArE identificou novos pontos de ocorrência da espécie exótica invasora Tubastraea coccinea (coral-sol) e acompanhou o aumento da distribuição dessa espécie e o aumento da distribuição e abundância da espécie exótica Chromis limbata. Os resultados de acompanhamento são importantes para descrever o histórico de expansão dessas espécies na região e subsidiar possíveis ações de manejo, que visem minimizar efeitos de espécies exóticas sobre a biodiversidade nativa. No caso do coral-sol, o mapeamento das áreas de ocorrência foi entregue ao ICMBio e imediatamente gerou ações de manejo, com a remoção de colônias. Além dos exemplos acima, de resultados que foram ou podem ser úteis para o processo de gestão da Unidade de Conservação, vale ressaltar que todos os dados brutos estarão em breve disponíveis no Portal de Monitoramento Marinho, desenvolvido e implementado pelo projeto, para consulta e aplicação direta por parte dos gestores e o público em geral. Em suma, a conclusão do projeto gerou produtos importantes para dar continuidade ao monitoramento da Unidade. Contudo, os métodos e os procedimentos para aquisição de dados devem ser constantemente revistos, sendo adaptados de acordo as mudanças do contexto sócio ambiental local. Além disso, a replicação desses procedimentos em outros ambientes deve ser cuidadosamente avaliada de acordo com a biodiversidade, as características ambientais e os objetivos do levantamento de informações para gestão.

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9 Equipe das subáreas

 BAM - Taxonomia e Biodiversidade de Algas Marinhas: Bruna Ramos, Marina Sissini, Eduardo Bastos, Debora Cabral, Leticia Peres, Vitorio Razzera e Prof. Dr. Paulo Horta.  ISI - Invertebrados de Substrato Inconsolidado: Mariana de Oliveira Martins e Prof. Dr. Tito César Marques de Almeida.  ISC - Macroinvertebrados de Substrato Consolidado: Ana Flora Sarti de Oliveira, Dr. Thiago Silveira e Profª. Drº. Bárbara Segal Ramos.  CRT – Crustáceos: Thais Macedo, Prof. Dr. Bruno W. Giraldes e Profª. Drº. Andrea S. Freire.  BPR - Biodiversidade de Peixes Recifais: Thiago Matheus Jantsch Fiuza, Luisa Fontoura e Dr. Anderson A. Batista e Prof. Dr. Sérgio Ricardo Floeter.  BEE - Biodiversidade de Bentos de Substrato Consolidado e Espécies Exóticas: Edson Faria Júnior e Prof. Dr. Alberto Lindner.

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152 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Anexo I – Espécies de algas

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Acanthophora spicifera (M.Vahl) Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica ESTL, SC Farmacologia Børgesen Acrochaetium globosum Rhodophyta Acrochaetiales Acrochaetiaceae Não se aplica AR Não descrito Børgesen Acrochaetium microscopicum Rhodophyta Acrochaetiales Acrochaetiaceae Não se aplica ESTL, XV Não descrito (Nägeli ex Kützing) Nägeli Agardhiella subulata (C.Agardh) Rhodophyta Gigartinales Solieriaceae Não se aplica ESTO, XV Não descrito Kraft & M.J.Wynne Aglaothamnion uruguayense Rhodophyta Ceramiales Callithamniaceae (W.R.Taylor) N.E.Aponte, Não se aplica AR Não descrito D.L.Ballantine & J.N.Norris Amphiroa anastomosans Weber- NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Não se aplica Não descrito van Bosse ESTO, SC, FA, AR, XV Amphiroa beauvoisii Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Não se aplica NL, TS, ESTL, SC, BA Não descrito J.V.Lamouroux Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Amphiroa rigida J.V.Lamouroux Não se aplica NL, SC, AR Não descrito Anotrichium tenue (C.Agardh) Rhodophyta Ceramiales Wrangeliaceae Não se aplica ESTL, ESTO, AR, XV Não descrito Nägeli Rhodophyta Ceramiales Ceramiaceae Antithamnionella sp. Não se aplica NL, RN Não descrito Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Arthrocardia sp. Não se aplica XV Não descrito Asparagopsis taxiformis (Delile) NL, TS, DE, ESTL, ESTO, Rhodophyta Bonnemaisonials Bonnemaisoniaceae Não se aplica Não descrito Trevisan de Saint-Léon SC, BA, AR, XV Asterocladon lobatum Rhodophyta Asterocadales Asterocladaceae D.G.Müller, E.R.Parodi & Não se aplica ESTL, XV Não descrito A.F.Peters Bryopsis plumosa (Hudson) Bryopsidaceae Não se aplica RN, XV Não descrito C.Agardh Chlorophyta Bryopsidales Bryopsidaceae Bryopsis pennata J.V.Lamouroux Não se aplica DE, ESTL, BA, AR, XV Não descrito Bryothamnion seaforthii (Turner) Farmacologia e Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica TS Kützing biotecnologia 153 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Callithamnion corymbosum Rhodophyta Ceramiales Callithamniaceae Não se aplica AR Não descrito (Smith) Lyngbye Rhodophyta Gigartinales Kallymeniaceae Callophyllis sp. Não se aplica NL, SC Não descrito Canistrocarpus cervicornis NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Farmacologia e Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica (Kützing) De Paula & De Clerck ESTO, SC, BA, AR, XV biotecnologia Centroceras clavulatum (C.Agard Tapete de algas ou Rhodophyta Ceramiales Ceramioideae NL, TS, RN, AR, XV Não descrito h) Montagne musgo Ceramium brevizonatum Tapete de algas ou Rhodophyta Ceramiales Ceramiaceae NL, DE, AR Não descrito H.E.Petersen musgo Tapete de algas ou DE, SA, RN, ESTL, SC, BA, Rhodophyta Ceramiales Ceramiaceae Ceramium spp. Não descrito musgo AR, XV Champia minuscula A.B.Joly Rhodophyta Rhodymeniales Champiaceae Não se aplica NL, ESTL, ESTO, Não descrito & Ugadim Chondracanthus acicularis (Roth) Rhodophyta Gigartinales Gigartinaceae Não se aplica ESTL Não descrito Fredericq Chondria curvilineata F.S.Collins Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica AR, XV Não descrito & Hervey Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Chondria sp. Não se aplica TS, ESTL, XV Não descrito Chondria atropurpurea Chlorophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica AR Não descrito Harvey Tapete de algas ou NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Chlorophyta Cladophorales Cladophoraceae Cladophora sp. Não descrito musgo SC, BA, AR, XV Codium intertextum Collins & Tapete de algas ou NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Farmacologia e Chlorophyta Bryopsidales Hervey musgo ESTO, SC, BA, AR, XV biotecnologia Ochrophyta Bryopsidales Codiaceae Codium taylorii P.C.Silva Não se aplica ESTL, AR, XV Não descrito Colpomenia sinuosa (Mertens ex Rhodophyta Ectocarpales Scytosiphonaceae Não se aplica DE, RN, ESTO, SC, AR Não descrito Roth) Derbès & Solier Crouania attenuata (C.Agardh) Rhodophyta Ceramiales Callithamniaceae Não se aplica NL, XV Não descrito J.Agardh Cryptonemia delicatula Joly & Rhodophyta Ceramiales Delesseriaceae Não se aplica XV Não descrito Cordeiro Cryptopleura ramosa (Hudson) Rhodophyta Ceramiales Delesseriaceae Não se aplica TS, AR Não descrito Kylin ex Newton 154 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Dasya baillouviana (S.G.Gmelin) NL, TS, SA, RN, ESTL, SC, Chlorophyta Ceramiales Dasyaceae Não se aplica Não descrito Montagne AR Ochrophyta Bryopsidales Derbesiaceae Derbesia marina (Lyngbye) Solier Não se aplica ESTL, AR, XV Não descrito Dictyopteris delicatula NL, SA, ESTL, ESTO, SC, Farmacologia e Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica J.V.Lamouroux FA, AR, XV biotecnologia Dictyopteris plagiogramma Farmacologia e Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica SC, fA (Montagne) Vickers biotecnologia Farmacologia e Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae Dictyota cervicornis Kützing Não se aplica ESTO, SC biotecnologia Ochrophyta Dictyota humifusa Hörnig, Farmacologia e Chlorophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica ESTL Schnetter et Coppejans biotecnologia Dictyota menstrualis (Hoyt) NL, TS, DE, RN, ESTL, SC, Farmacologia e Rhodophyta Dictyotales Dictyotaceae Schnetter, Hörning & Weber- Não se aplica FA, AR, XV biotecnologia Peukert Tapete de algas ou Rhodophyta Ectocarpales Ectocarpaceae Ectocarpus sp. RN Não descrito musgo Ernodesmis verticillata (Kützing) Rhodophyta Cladophorales Siphonocladaceae Não Se aplica RN Não descrito Børgesen Rhodophyta Erythropeltales Erythrotrichiaceae Erythrocladia pinnata W.R.Taylor Não se aplica NL, SC, RN, Não descrito

Rhodophyta Gelidiales Gelidiellaceae Gelidiella sp Não se aplica TS Não descrito Gelidiopsis variabilis (Greville ex NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Rhodophyta Rhodymeniales Lomentariaceae Não se aplica Não descrito J.Agardh) F.Schmitz ESTO, SC, FA, XV Tapete de algas ou Rhodophyta Gelidiales Gelidiaceae Gelidium crinale (Turner) Gaillon TS, SA, AR Não descrito musgo Aquicultura e Rhodophyta Gelidiales Gelidiaceae Gelidium floridanum W.R.Taylor Não se aplica NL, TS, FA biotecnologia Gelidium pusillum (Stackhouse) Rhodophyta Gelidiales Gelidiaceae Não se aplica FA Não descrito Le Jolis Chondracanthus acicularis (Roth) Rhodophyta Gigartinales Gigartinaceae Não se aplica XV Não descrito Fredericq

Rhodophyta Halymeniales Halymeniaceae Halymenia agardhii De Toni Não se aplica XV Não descrito

155 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Heterosiphonia crispella Rhodophyta Ceramiales Dasyaceae Não se aplica NL, TS, DE, SC, AR, XV Não descrito (C.Agardh) M.J.Wynne Hypnea musciformis (Wulfen) NL, TS, FA, ESTL, ESTO, Biotecnologia e Rhodophyta Gigartinales Cystocloniaceae Não se aplica J.V.Lamouroux AR, XV aquicultura Hypnea spinella (C.Agardh) NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Biotecnologia e Rhodophyta Gigartinales Cystocloniaceae Não se aplica Kützing ESTO, SC, FA, XV aquicultura TS, DE, SA, RN, ESTL, Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Jania capillacea Harvey Não se aplica Não descrito ESTO, SC, FA, AR Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Jania crassa Lamouroux Não se aplica NL, TS, DE, RN, FA Não descrito Jania cubensis Montagne ex Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Não se aplica TS, SA, SC Não descrito Kützing Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Jania ungulata (Yendo) Yendo Não se aplica NL, SC, AR, XV Não descrito Rhodophyta Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Jania adhaerens J.V.Lamouroux Não se aplica NL, TS, SC, FA, AR, XV Não descrito Laurencia catarinensis Cordeiro- Farmacologia e Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica NL, DE, ESTL, XV Marino & Fujii biotecnologia Laurencia furcata Cordeiro- Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae Não se aplica ESTL Não descrito Marino & M.T.Fujii Ochrophyta Corallinales Corallinaceae Lithophyllum punctatum Foslie Não se aplica NL, XV Não descrito Agronomia e Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Lithothamnion sp Cascalho ou sisco RN aquarismo Lithophyllum margaritae (Hariot) Agronomia e Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Cascalho ou sisco RN, DE Heydrich aquarismo Lithophyllum atlanticum T.Vieira- Agronomia e Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Cascalho ou sisco NL, TS, RN, AR Pinto, M.C.Oliveira & P.A.Horta aquarismo Agronomia e Rhodophyta Hapalidiales Hapalidiaceae Lithothamnion crispatum Hauck Cascalho ou sisco RN aquarismo Lobophora variegata NL, ESTL, ESTO, SC, FA, Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae (J.V.Lamouroux) Womersley ex Não se aplica Não descrito AR E.C.Oliveira Mesophyllum erubescens (Foslie) Agronomia e Rhodophyta Hapalidiales Hapalidiaceae Cascalho ou sisco NL, TS, SA, Me.Lemoine aquarismo Rhodophyta Corallinales Corallinaceae Neogoniolithon sp Cascalho ou sisco RN Não descrito 156 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Neosiphonia flaccidissima Tapete de algas ou Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae XV Não descrito (Hollenberg) M.S.Kim & I.K.Lee musgo Neosiphonia gorgoniae Tapete de algas ou Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae (Harvey) S.M.Guimarães & ESTL Não descrito musgo M.T.Fujii Padina gymnospora (Kützing) NL, TS, DE, SA, RN ,ESTL, Rhodophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica Não descrito Sonder ESTO, SC, FA, AR, XV Sonderophycus capensis Tapete de algas ou Rhodophyta Peyssonneliales Peyssonneliaceae SA, SC, AR, XV Não descrito (Montagne) M.J.Wynne musgo Pleonosporium mexicanum Rhodophyta Ceramiales Wrangeliaceae Não se aplica AR, XV Não descrito Dawson Plocamium brasiliense (Greville in TS, ESTL, ESTO, SC, FA, Rhodophyta Plocamiales Plocamiaceae Não se aplica Não descrito St.-Hilaire) Howe et Taylor AR, XV Tapete de algas ou NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Ochrophyta Ceramiales Rhodomelaceae Polysiphonia spp. Não descrito musgo ESTO, AR Porphyra atropurpurea (Olivi) De Alimentação e Ochrophyta Bangiales Bangiaceae Nori SA Toni biorremediação Pterocladiella capillacea Ochrophyta Gelidiales Pterocladiaceae (S.G.Gmelin) Santelices & Não se aplica SA, ESTL, SC, FA, AR, XV Não descrito Hommersand Pterosiphonia parasitica Tapete de algas ou Rhodophyta Ceramiales Rhodomelaceae (Hudson) Falkenberg var. AR Não descrito musgo australis Joly et Cordeiro-Marino Ochrophyta Rhodymeniales Rhodymeniaceae Rhodymenia delicatula Dangeard Não se aplica NL Não descrito Rhodymenia pseudopalmata Rhodophyta Rhodymeniales Rhodymeniaceae Não se aplica SA Não descrito (J.V.Lamouroux) P.C.Silva Rosenvingea sanctae-crucis Rhodophyta Ectocarpales Scytosiphonaceae Não se aplica RN Não descrito Børgesen Rhodophyta Fucales Sargassaceae Sargassum furcatum Kützing Não se aplica DE, RN Biotecnologia NL, TS, DE, SA, RN, ESTL, Rhodophyta Fucales Sargassaceae Sargassum sp. Não se aplica Biotecnologia ESTO, SC, FA, AR, XV Sebdenia flabellata (J.Agardh) Chlorophyta Sebdeniales Sebdeniaceae Não se aplica NL, RN, SC , AR Não descrito P.G.Parkinson 157 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Filo Ordem Família Espécie Nome popular Sítio Usos Spatoglossum schroederi Farmacologia e Ochrophyta Dictyotales Dictyotaceae Não se aplica ESRL (C.Agardh) Kützing biomedicina Rhodophyta Ceramiales Spyridiaceae Spyridia clavata Kützing Não se aplica NL, SA, RN, ESTL, SC, FA Não descrito Spyridia filamentosa (Wulfen) Rhodophyta Ceramiales Spyridiaceae Não se aplica NL, TS, SA, RN, ESTL, XV Não descrito Harvey Spyridia hypnoides (Bory) Papenf Rhodophyta Ceramiales Spyridiaceae Não se aplica TS, ESTL, XV Não descrito uss Tricleocarpa cylindrica (Ellis et Rhodophyta Nemaliales Galaxauraceae Não se aplica RN, SC, FA, XV Não descrito Solander) Huisman et Borowitzka Biorremediação Chlorophyta Ulvales Ulvaceae Ulva lactuca Linnaeus Alface do Mar TS, ESTL, XV e biotecnologia

158 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Anexo II – Espécies de macroinvertebrados de substrato consolidado

Família Espécie Nome popular Sítios Usos Actinostella NL, TS, SA, RN, FA, ESTL, Anêmona flosculifera ESTO, AR Morfotipo 1 Anêmona NL, DS, FA ESTO NL, TS, DE, DS, SA, RN, Actiniidae Anemonia Anêmona SC, FA, ESTL, ESTO, AR, sargassensis XV NL, TS, DE, DS, SA, RN, Bunodosoma Anêmona SC, FA, ESTL, ESTO, AR, caissarum XV Aiptasiidae Aiptasia sp. Anêmona NL, DE, SA, RN, SC, FA Ornamental Isophelliidae Telmatactis sp. Anêmona AR Clypeaster Bolacha do Clypeasteridae TSBM, DEBR, XV subdepressus mar Corallimorphidae Corynactis sp. Coral mole XV NL, TS, DE, DEBR, DS, Coscinasterias Asteriidae Estrela do mar SA, SC, FA, ESTL, ESTO, tenuispina AR, XV NL, TS, TSBM, DE, Echinasteridae Echinaster brasiliensis Estrela do mar DEBR, DS, SA, RNBR, SC, Ornamental FA, ESTO, AR, XV Ophidiasteridae Narcissia trigonaria Estrela do mar DEBR, DS, RNBR NL, TSBM, DE, DEBR, Gorgoniidae Leptogorgia punicea Gorgônia DS, SA, FA, XV Tropiometridae Tropiometra carinata Lírio do mar AS, SC, FA, XV NL, TS, TSBM, DE, DS, Arbaciidae Arbacia lixula Ouriço SA, RN, SC, FA, ESTL, Pesca ESTO, AR, XV NL, TS, DE, DEBR, DS, Paracentratus Parechinidae Ouriço SA, RN, SC, FA, ESTL, gaimardi ESTO, AR, XV NL, TS, TSBM, DE, DS, Ouriço, ouriço Echinometridae Echinometra lucunter SA, RN, SC, FA, ESTL, Pesca preto ESTO, AR, XV Ouriço, ouriço DEBR, DS, SA, FA, ESTL, Toxopneustidae Lytechinus variegatus Pesca verde ESTO, XV NL, TS, TSBM, DE, DS, Holothuriidae Holothuria grisea Penino SA, RN, SC, FA, ESTL, ESTO, AR NL, TS, DE, DS, RNBR, Cidaridae Eucidaris tribuloides Pepino SC, FA, XV DS, SA, RNBR, SC, FA, Pectinidae Nodipecten sp. Vieira Pesca AR

159 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Família Espécie Nome popular Sítios Usos NL, TS, DE, DEBR, DS, Sabellidae SA, RN, FA, ES, TL, ESTO, AR Serpulidae AS, FA NL, TS, TSBM, DE, DEBR, DS, SA, RN, Turbinidae Astraea sp. Ornamental RNBR, SC, FA, ESTL, AR, XV

160 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Anexo III – Espécies de crustáceos Família Espécie Nome popular Sítios Usos Alpheidae Alpheus formosus* camarão- NL, TS, DE, DS, FA estalo Alpheus cf. packardii* camarão- TSBM¹ estalo Diogenidae Calcinus tibicen ermitão NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Dardanus insignis ermitão NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, ESTL, SC, FA, AR, XV Dardanus venosus* ermitão DEBR¹, AR Paguristes tortugae ermitão NL, TS, DS, AS, RN, ESTL, SC, FA, AR Petrochirus diogenes ermitão TS, DS, AS, RN Calappidae Calappa gallus DEBR Dromiidae Hypoconcha parasitica DE, DEBR Moreiradromia antillensis RNBR Epialtidae Macrocoeloma DEBR, ESTO camptocerum Gonodactylidae Não identificados NL, DEBR, DS, RNBR, AR Inachoididae Stenorhynchus seticornis caranguejo- NL, TS, DE, DEBR, aranha DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Lysmatidae Lysmata ankeri* camarão NL, TS, DE, DS, AS, ornamental bailarino RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Menippidae Menippe nodifrons NL, TS, DE, DS, AS, RN, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Mithracidae Damithrax hispidus NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Damithrax tortugae NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Mithraculus forceps NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR,

161 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Paguridae Pagurus provenzanoi NL, TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Palinuridae Panulirus laevicauda lagosta verde NL, DE, DS, RN, FA pesca Pilumnidae Não identificados NL, TS, DE, DEBR, DS, RNBR, XV Porcellanidae Pachycheles chubutensis AR Pachycheles monilifer TS, DS, RN, AR Petrolisthes galathinus TS, RN Porcellana sayana DEBR Portunidae Cronius ruber TS, DE, DEBR, DS, AS, RN, RNBR, ESTL, ESTO, SC, FA, AR, XV Portunus spinimanus ESTL, ESTO, XV Scyllaridae Scyllarides brasiliensis lagosta FA¹ cavaquinha Scyllarides deceptor lagosta XV pesca cavaquinha Stenopodidae Stenopus hispidus* camarão TS¹, DE, DS, FA ornamental palhaço Stenopus spinosus** camarão TS¹, AR, SP¹ ornamental palhaço gold Xanthidae Platypodiella spectabilis caranguejo DEBR, AS, SC ornamental palhaço * Nova ocorrência para Santa Catarina ** Novo registro de espécie exótica ¹ Registro durante atividade exploratória

162 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Anexo IV - Espécies de peixes recifais Família Espécie Nome Pop. Sítios Usos ACANTHURIDAE Acanthurus coeruleus Cirurgião azul NL Ornamental Acanthurus chirurgus Cirurgião SA Ornamental

Acanthurus Cirurgião africano DE monroviae** APOGONIDAE Apogon Apogon de duas SA Ornamental pseudomaculatus manchas BLENNIIDAE Hypleurochilus Macaco de chifre NL; TS; DE; DS; Ornamental fissicornis SA; RN; ESTL; SC; FA; AR; XV Hypsoblennius Macaco pavão AR Ornamental invemar* Ophioblennius Macaco de rabo SA; FA; XV trinitatis vermelho Parablennius Macaco ouro NL; TS; DE; DS; marmoreus SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Parablennius pilicornis Maria da toca NL; TS; DE; DS; SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Scartella cristata Macaco verde NL; RN; ESTL; ESTO; AR; XV BOTHIDAE Bothus ocellatus Linguado arco-íris TS Pesca CARANGIDAE Caranx latus Guarajuba TS; DE; RN Pesca Caranx crysos Carapau verdadeiro NL; TS; DS; SA Pesca Decapterus macarellus Chicharro alamarim FA

Seriola lalandi Olhete comum TS; DS Pesca Seriola rivoliana Olhete bacamarte TS; DS; SA; RN Pesca CENTROPOMIDAE Centropomus Robalo NL Pesca parallelus Centropomus Robalo NL; RN Pesca undecimalis CHAENOPSIDAE Emblemariopsis Macaquinho cabeça- NL; TS; DE; DS; signifer preta SA; RN; ESTO; SC; FA; AR; XV CHAETODONTIDAE Chaetodon striatus Borboleta listrada NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV CLUPEIDAE Harengula clupeola Sardinha cascuda DE; DS Pesca

163 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Sardinella brasiliensis Sardinha TS; DS; SA; RN; Pesca SC; FA EPHIPPIDAE Chaetodipterus faber Enxada TS; DS Pesca EPINEPHELIDAE Epinephelus Garoupa verdadeira NL; TS; DE; DS; Pesca marginatus SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Hyporthodus niveatus Cherne NL; TS; DE; DS; Pesca SA; SC; AR; XV Mycteroperca Badejo mira NL; DE; DS; RN; Pesca acutirostris ESTL; SC; FA; AR FISTULARIIDAE Fistularia tabacaria Trombeta SC GOBIIDAE Coryphopterus Amboré vidro NL; TS; DE; DS; Ornamental glaucofraenum SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Ctenogobius Amoré vírgula TS; SC saepepallens GYMNURIDAE Gymnura altavela Raia borboleta RN HAEMULIDAE Anisotremus virginicus Salema NL; TS; DE; DS; Ornamental; SA; RN; ESTL; Pesca ESTO; SC; FA; AR; XV Anisotremus Sargo de beiço NL; TS; DE; SA; Pesca surinamensis RN; ESTO; XV Haemulon Cocoroca NL; TS; DE; DS; Pesca aurolineatum SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Haemulon parra Cancanhe DE; SC Pesca

Haemulon Cocoroca de boca NL; TS; SA; RN; Pesca steindachneri larga ESTO; SC; AR Orthopristis ruber Cocoroca jurumirim SA; ESTL; SC Pesca HOLOCENTRIDAE Holocentrus Miriquita NL; TS; DE; DS; Pesca adscensionis SA; RN; ESTL; SC; FA; AR; XV KYPHOSIDAE Kyphosus sectatrix Pirajica NL; TS; DE; DS; Pesca SA; RN; SC; FA; AR Kyphosus vaigiensis Pirajica NL; SA; RN; SC; Pesca AR LABRIDAE Bodianus pulchellus Bodião arara DE; DS Ornamental

164 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Bodianus rufus Budião NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; SC; FA; XV Cryptotomus roseus Budião batata DS; RN; SC; AR; XV Halichoeres Budião verde DE Ornamental; brasiliensis Pesca Halichoeres poeyi Budião rei DE; DS; RN; SC; Ornamental FA Nicholsina usta Budião esmeralda SC

Scarus zelindae Papagaio banana NL; TS Pesca Sparisoma amplum Papagaio de recife TS; RN; FA Pesca Sparisoma axillare Papagaio cinza NL; TS; DE; DS; Pesca SA; RN; ESTO; SC; FA; AR; XV Sparisoma frondosum Papagaio sinaleiro NL; TS; DE; DS; Pesca SA; RN; ESTO; SC; FA Sparisoma radians Papagaio verde DE; DS; RN; SC; Pesca dentuço XV Sparisoma tuiupiranga Papagaio vermelho NL; DS; SC Pesca

Thalassoma Budião de Noronha FA Ornamental noranhanum LABRISOMIDAE Labrisomus Maria da toca TS; RN; ESTL; nuchipinnis SC; FA; AR; XV Malacoctenus Maria da toca NL; TS; DE; DS; delalandii SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Paraclinus spectator Macaquinho de vela RN; SC LUTJANIDAE Lutjanus analis Cioba SA; SC Pesca Ocyurus chrysurus Guaiúba FA Pesca MALACANTHIDAE Malacanthus plumieri Pirá TS; DE Pesca MONACANTHIDAE Stephanolepis hispidus Porquinho de pedra ESTO; SC; FA; Pesca AR; XV MUGILIDAE Mugil curema Tainha TS; AR Pesca MULLIDAE Pseudupeneus Peixe trilha NL; TS; DE; DS; Pesca maculatus SA; RN; ESTL; SC; FA; AR; XV MURAENIDAE Gymnothorax moringa Moreia pintada TS; ESTL; AR; XV Gymnothorax vicinus Caramuru DE; DS

NARCINIDAE Narcine brasiliensis Raia treme-treme AR; XV

165 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

OGCOCEPHALIDAE Ogcocephalus Peixe morcego TS Ornamental vespertilio OPHICHTIHDAE Myrichthys ocellatus Falsa moréia pintada DE; XV Ornamental Quassiremus Falsa moréia DE; RN; AR ascensionis** ornamentada PEMPHERIDAE Pempheris Barrigudinho NL; TS; DS; SA; schomburgkii RN; SC; FA POMACANTHIDAE Holacanthus tricolor Paru soldado DE Ornamental Pomacanthus paru Frade NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; SC; FA; AR POMACENTRIDAE Abudefduf saxatilis Sargentinho NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Chromis limbata* Mulata dos Açores NL; TS; DE; DS; SA; RN; SC; FA; AR; XV Chromis multilineata Tesourinha TS; DE; DS; SA; RN; SC; FA; AR; XV Stegastes fuscus Donzelinha comum NL; TS; DE; DS; SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV Stegastes pictus Donzelinha bicolor DS; XV

Stegastes variabilis Dnzelinha amarela TS; DE; DS; RN; Ornamental ESTL; SC; FA; XV PRIACANTHIDAE Priacanthus arenatus Olho de cão SA; SC; AR Pesca SCIAENIDAE Odontoscion dentex Pescada de pedra NL; TS; DS; SA; Pesca RN; ESTO; SC; FA; AR; XV Pareques acuminatus Maria nagô NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; ESTO; SC; FA; XV SCORPAENIDAE Scorpaena sp Peixe escorpião TS SERRANIDAE Diplectrum formosum Aipim SA; AR Pesca

Diplectrum radiale Aipim listrado TS; SA; RN; SC Pesca Dules auriga Mariquita de AR penacho Serranus atrobranchus Mariquita de orelha DS; ESTL; XV negra Serranus baldwini Mariquita pintada DS; XV Ornamental

166 Projeto MAArE Monitoramento Ambiental da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Entorno

Serranus flaviventris Mariquita pirucaia NL; TS; DE; DS; Ornamental SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA SPARIDAE Calamus penna Peixe pena branco TS; DS; AR Pesca Diplodus argenteus Marimbau NL; TS; DE; DS; Pesca SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV SPHYRAENIDAE Sphyraena picudilla Bicudinha SC SYGNATHIDAE Hippocampus reidi Cavalo marinho de ESTO Ornamental focinho longo Micrognathus crinitus Peixe cachimbo NL; TS; RN; ESTO; SC SYNODONTIDAE Synodus synodus Peixe lagarto DE; AR; XV TETRAODONTIDAE Canthigaster Baiacu de recife SA; RN Ornamental figueiredoi mirim Sphoeroides greeleyi Baiacu areia RN; SC Sphoeroides spengleri Baiacu pinima NL; TS; DE; DS; SA; RN; ESTL; ESTO; SC; FA; AR; XV * = Espécies exóticas ** = Registros novos

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