MINISTÉRIO PÚBLICO DO PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT

Relatório Técnico de Vistoria Nº 659/ 2013 - NAT / AMBIENTAL

INTERESSADO: PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE UBAJARA

OBJETO DA VISTORIA: SANEAMENTO BÁSICO

MUNICÍPIO: UBAJARA

OFÍCIO Nº: 263/2013/CAOMACE/PGJ/CE

DATA DA VISTORIA: 04/09/2013

DATA DO RELATÓRIO: 16/10/2013

1 – DA SOLICITAÇÃO

Em atendimento à solicitação do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente – CAOMACE, face às deliberações oriundas do encontro de Coordenadores Regionais de Promotorias de Justiça das Bacias Hidrográficas, bem como dos encaminhamentos da Reunião de Coordenadoria Regional das Bacias Poti-Longá, este Núcleo de Apoio Técnico - NAT realizou vistoria técnica no município de UBAJARA, para fins de verificar - com base em dados secundários, entrevistas qualificadas, e inspeção local - o atendimento dos aspectos que abrangem o SANEAMENTO AMBIENTAL municipal: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas.

2 – DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS POTI-LONGÁ

As bacias Poti-Longá situam-se na porção ocidental do Ceará. Limitam-se a leste com as bacias do Acaraú, Banabuiú e Coreaú e ao sul com a sub-bacia do Alto . Esta bacia é parte integrante da bacia do Parnaíba, localizada no estado do Piauí.

O rio Poti, principal rio desta bacia no Estado do Ceará, abrange a parte sul da Bacia. Nasce no Ceará e escoa para o Piauí, possuindo aproximadamente 192,5 km de extensão e tendo como principal afluente o rio Macambira. Já o rio Longá, localiza-se na porção norte da

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT bacia e escoa no sentido leste-oeste. A Bacia drenada pelos dois rios, em conjunto, cobrem uma área de 16.761,78 Km2, o equivalente a 12% do território cearense.

s Percentual da área das bacias Poti-Longá em relação ao Estado do Ceará

Municípios das bacias e principais afluentes

As bacias Poti-Longá drenam 19 (dezenove) municípios: Ararendá, , Crateús, Croatá, , Independência, , , , Quiterianópolis, São Benedito, e parcialmente: Granja (5,78%), (86,00%), Ipu (9,09%), Ipueiras (68,95%), Nova (7,6%), Tamboril (64,76%), Tianguá (43,61%), Ubajara (71,13%) e Viçosa do Ceará (40,58%).

3 – DOS SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO BÁSICO

Em 2007 é publicada a Lei Federal Nº 11.445/071, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico - como o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações de

1Decreto de Regulamentação nº 7.217, de 21 de junho de 2010

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas - e institui a política nacional para o saneamento.

Com a publicação da Lei todas as prefeituras têm obrigação de elaborar seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). O PMSB é um dos instrumentos da Política de Saneamento Básico do município. Essa Política deve ordenar os serviços públicos de saneamento considerando as funções de gestão para a prestação dos serviços, a regulação e fiscalização, o controle social, o sistema de informações, conforme o Decreto 7.217/2010.

Sem o PMSB, a partir de 2014, a Prefeitura não poderá receber recursos federais para projetos de saneamento básico. O documento, após aprovado, torna-se instrumento estratégico de planejamento e de gestão participativa, passando a ser a referência de desenvolvimento de cada município, estabelecidas as diretrizes para o saneamento básico e fixadas as metas de cobertura e atendimento com os serviços de água; coleta e tratamento do esgoto doméstico, limpeza urbana, coleta e destinação adequada do lixo urbano e drenagem e destino adequado das águas de chuva.

A lei 11.445/07 restabelece o papel do poder público local na participação do planejamento do setor, na tentativa de reduzir o distanciamento dos municípios em relação aos problemas de saneamento, delegados em sua maioria às empresas estaduais. Ao mesmo tempo, a Lei oferece alternativas de regionalização ou formação de consórcios públicos.

Dos quatro eixos do saneamento básico:

(a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

(b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

(c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

(d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

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Município de Ubajara

3.1 - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

A água constitui-se em elemento essencial à vida. O acesso à água de boa qualidade e em quantidade adequada está diretamente ligado à saúde da população, contribuindo para reduzir a ocorrência de diversas doenças.

O serviço de abastecimento de água através de rede geral caracteriza-se pela retirada da água bruta da natureza, adequação de sua qualidade, transporte e fornecimento à população através de rede geral de distribuição. Há de se considerar, ainda, formas alternativas de abastecimento das populações (água proveniente de chafarizes, bicas, minas, poços particulares, carros-pipas, cisternas, etc.).

MUNICÍPIO DE UBAJARA - ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição Órgão gestor: CAGECE - Escritório: Av. Monsenhor Gonçalo Eufrásio, 339 Monte Castelo ETA: A Estação de Tratamento de Água do Açude Jaburu I (ETA-Jaburu I) , localizada em Ubajara, é responsável pelo abastecimento, por adutoras, dos municípios de Tianguá, Ubajara, Viçosa do Ceará, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal e Guaraciaba do Norte. Portanto, o

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT município de Ubajara faz parte do sistema integrado de abastecimento de água do Complexo Jaburu, que abastece vários municípios da . A Cagece também realiza o abastecimento a partir de poços situados nas localidades de Croatá e Faveira Etapas de Tratamento: A infraestrutura da ETA-Jaburu I, bem como as etapas de tratamento da água, mantêm boas condições de manutenção, utilização e operação Licença Ambiental: O Sistema de Abastecimento de Água de Ubajara, está devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente Testes Físico-químicos (Cloro Residual Livre, Turbidez, Cor e pH) e Testes Microbiológicos (Coliformes): Resultados recentes das análises dos parâmetros exigidos por Portaria do Ministério da Saúde para a qualidade da água distribuída no sistema de Ubajara, apontam desconformidades2 Cloro residual: o mês de janeiro/2013 apresentou 3,4% de amostras não conformes Coliformes totais: o mês de maio/2013 apresentou 3,70% de amostras não conformes Turbidez: os meses de janeiro/2013 a junho/2013 apresentaram amostras não conformes, variando de 62,5% a 100%; pH: o mês de fevereiro/2013 apresentou 71,4% de amostras não conformes. Número de ligações e percentual: O sistema de água de Ubajara compõe o Sistema Integrado Jaburu, responsável pelo abastecimento de toda a região da Ibiapaba. Atualmente, ele abastece 78% da população local, contabilizando 17.180 moradores atendidos, por meio de 4.835 ligações. A rede de distribuição tem 42.495 metros de extensão. As demais ligações de água são oferecidas pelo Projeto São José. Manancial de Captação: Açude Jaburu I Informações Complementares: Segundo noticiado recentemente na imprensa local, a Cagece realizará melhorias no sistema adutor de Ubajara. No município serão investidos cerca de R$ 364 mil para a construção de 616 metros de adutora de água tratada.

Figura 01 Figura 02

Figura 01-02 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Ubajara: adução. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE (2013)

2 RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO RF/CSB/0021/2013. ARCE. Disponível em: http://www.arce.ce.gov.br/ Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 5

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Figura 03 Figura 04

Figura 03-04 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Ubajara: elevatórias. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE (2013)

Figura 05 Figura 06

Figura 05-06 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Ubajara: reservatórios. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE (2013) Figura 07 Figura 08

Figura 07-08 – Área técnico-operacional do Sistema de Abastecimento de Água de Ubajara: captação e tratamento na ETA-JABURU I. Fonte: Dados de vistoria NAT e Relatório ARCE (2013) Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 6

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3.2 - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Da água distribuída pelo sistema de abastecimento público e efetivamente utilizada nas atividades humanas, 80%, em média, é transformada em esgoto, o qual deve ser coletado e tratado antes de ser lançado no solo ou em corpos d’água.

As características físicas e químicas do esgoto sanitário variam em função dos usos da água e podem apresentar em sua composição, além de grande quantidade de matéria orgânica, microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas. Estes componentes precisam, portanto, ser coletados e tratados adequadamente, de forma que seja evitada a transmissão de doenças ao homem e minimizados os seus impactos sobre o meio ambiente.

O tratamento de esgoto adotado pode ser individual ou coletivo. Nas aglomerações urbanas é recomendável que exista um sistema coletivo de esgotamento, composto de rede de coleta e estação de tratamento para as águas residuárias. As soluções individuais são indicadas para o meio rural ou para áreas de baixa densidade habitacional. Em ambas as situações, a adoção do esgotamento sanitário poderá causar novos danos ao homem e ao meio ambiente, caso não seja planejado e implantado de acordo com as recomendações técnicas pertinentes.

Os projetos de esgotamento sanitário, quando corretamente executados, têm a finalidade de minimizar os efeitos do lançamento do esgoto in natura sobre o ambiente, caracterizando-se, assim, como um impacto positivo, possibilitando a redução dos índices de doenças e de perigo à saúde da população, a melhoria de qualidade das águas e o aumento dos benefícios dessas águas para os diversos usos.

Toda construção permanente urbana com condições de habitabilidade situada em via pública, beneficiada com redes públicas de abastecimento de água e/ou de esgotamento sanitário deverá, obrigatoriamente, conectar-se a rede pública, de acordo com o disposto no art. 45 da Lei Federal no 11.445, de 5 de janeiro de 2007, respeitadas as exigências técnicas do prestador de serviços.

MUNICÍPIO DE UBAJARA - ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente Órgão gestor: Prefeitura Municipal Licença Ambiental: O município possui uma pequena rede coletora, implantada em 1992. A referida infraestrutura cobre cerca de 15% da zona urbana (Bairro Centro) ETE, EEE: O sistema não dispõe de Estação de Tratamento dos esgotos coletados Tipos de Esgotos Recebidos e Tratados: Domésticos Número de Ligações Prediais: não informado

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Monitoramento de Efluentes tratados: Os efluentes brutos não são submetidos a nenhuma forma de tratamento e monitoramento Corpo Receptor: Rio Jaburu (que abastece o Açude Jaburu I) Informações Complementares: Além de comprometer a qualidade ambiental do Rio Jaburu, noticia-se que esgotos não tratados têm atingido ainda, o Parque Nacional de Ubajara

Figura 09-11 – Esgotos correm a céu aberto e desaguam no sistema de drenagem das águas pluviais. Fonte: Dados de vistoria NAT

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Figura 12 Figura 13

Figura 14 Figura 15

Figura 12-15 – Esgoto bruto corre a céu aberto e acaba por desaguar em córregos e riachos do município. Fonte: Dados de vistoria NAT.

3.3 - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No estado do Ceará as desigualdades ficam por demais visíveis quando se analisam os serviços básicos de saneamento, sendo o tratamento dos resíduos sólidos um dos mais importantes, não só pela coleta , mas também, pelo destino dos mesmos.

No interior do Estado, principalmente, o lixo quando coletado não passa por nenhum processo seletivo, à exceção de oito municípios3. Parte desses detritos é depositada a pouca distância de locais com atividades agropecuárias, fora do perímetro urbano, ou próximo a rios,

3 ,Maracanaú,Pacatuba, Horizonte,Sobral, Nova , e Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 9

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT lagoas, poços ou nas proximidades de áreas de proteção ambiental. Em alguns municípios o lixo é queimado, o que também contribui para a degradação dos corpos hídricos e para a poluição ambiental.

Esta grave situação, não ocorre somente no Ceará ou no Nordeste, mas em todo o território nacional, possuindo uma magnitude alarmante. Mais de 80% dos municípios brasileiros vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d’água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores, entre eles crianças, explicitando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A degradação resultante da utilização dos lixões nesses municípios, a escassez de recursos financeiros e a necessidade premente de investimentos no setor, sugere a implantação de infraestrutura e um Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos capaz de atender a demanda, de forma permanente e sustentável.

O grande desafio é a estruturação da Política de Saneamento Básico, no seu integral conceito, buscando a universalização do acesso com qualidade. O desafio a ser enfrentado para atender às demandas deste programa, é a implantação do aterro sanitário para todos os municípios do Ceará, visando dar destinação adequada aos resíduos sólidos das cidades e da população difusa no meio rural.

A limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos considerados na Lei 11.445/07 são compostos pelas atividades de: coleta, transbordo e transporte dos resíduos; triagem para fins de reuso ou reciclagem; tratamento, incluindo compostagem, e disposição final dos resíduos. Refere-se também ao lixo originário da varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros públicos e outros serviços de limpeza pública urbana, relacionados no art. 3o da Lei.

MUNICÍPIO DE UBAJARA - LIMPEZA URBANA E MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas Destino final: O município dispõe seus resíduos a céu aberto ("lixão"), em terreno não licenciado pelo órgão ambiental competente, sem o devido manejo e controle ambiental da área Tipos de resíduos: Doméstico Tratamento do Lixo Hospitalar: De acordo com a Prefeitura Municipal os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS's) são incinerados Coleta Seletiva: Não realiza coleta seletiva Reciclagem: Não possui galpão de reciclagem

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Informações Complementares: O Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos Sólidos foi elaborado em 2008, mas não implementado.

Figura 16 Figura 17

Figura 18 Figura 19

Figura 20 Figura 21

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Figura 22 Figura 23

Figura 24 Figura 25

Figura 16-25 – Disposição irregular dos resíduos, a céu aberto, sem recobrimento do material, disposição em valas, ou qualquer outra forma de mitigação dos impactos ambientais ali presentes. Os resíduos são indevidamente queimados. Fonte: Dados de vistoria NAT.

3.4 - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

No processo de assentamento dos agrupamentos populacionais, o sistema de drenagem se sobressai como um dos mais sensíveis dos problemas causados pela urbanização, tanto em razão das dificuldades de esgotamento das águas pluviais quanto em razão da interferência com os demais sistemas de infraestrutura, além de que, com retenção da água na qualidade de vida desta população.

O sistema de drenagem de um núcleo habitacional é o mais destacado no processo de expansão urbana, ou seja, o que mais facilmente comprova a sua ineficiência, imediatamente após as precipitações significativas, trazendo transtornos à população quando causa inundações e alagamentos. Além desses problemas gerados, também propicia o aparecimento de doenças como a leptospirose, diarreias, febre tifóide e a proliferação dos mosquitos anofelinos, que Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 12

MINISTÉRIO PÚBLICO DO CEARÁ PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA NÚCLEO DE APOIO TÉCNICO – NAT podem disseminar a malária. E, para isso tudo, essas águas deverão ser drenadas e como medida preventiva adotar-se um sistema de escoamento eficaz que possa sofrer adaptações, para atender a evolução urbanística, que aparece no decorrer do tempo.

Sob o ponto de vista sanitário, a drenagem visa principalmente:  desobstruir os cursos d’água dos igarapés e riachos, para eliminação dos criadouros (formação de lagoas) combatendo, por exemplo, a malária; e  a não propagação de algumas doenças de veiculação hídrica.

A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais a nível de loteamento ou de rede primária urbana, que propicia a ocupação do espaço urbano ou periurbano por uma forma artificial de assentamento, adaptando-se ao sistema de circulação viária. É formada de:  boca de lobo: dispositivos para captação de águas pluviais, localizados nas sarjetas;  sarjetas: elemento de drenagem das vias públicas. A calha formada é a receptora das águas pluviais que incidem sobre as vias públicas e que para elas escoam;  poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudança de direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e limpeza das canalizações;  tubo de ligações: são ligações destinadas a conduzir as águas pluviais captadas nas bocas de lobo para a galeria ou para os poços de visita; e  condutos: obras destinadas à condução das águas superficiais coletadas.

A macrodrenagem é um conjunto de obras que visam melhorar as condições de escoamento de forma a atenuar os problemas de erosões, assoreamento e inundações ao longo dos principais talvegues (fundo do vale). Ela é responsável pelo escoamento final das águas, a qual pode ser formada por canais naturais ou artificiais, galerias de grandes dimensões e estruturas auxiliares. A macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural preexistente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos igarapés, córregos, riachos e rios localizados nos talvegues e valas. As obras de macrodrenagem consistem em:  retificação e/ou ampliação das seções de cursos naturais;  construção de canais artificiais ou galerias de grandes dimensões;  estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamento, travessias (obras de arte) e estações de bombeamento.

MUNICÍPIO DE UBAJARA - DRENAGEM E MANEJO DAS ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS

Conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas

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Disposição final: Infraestrutura de drenagem das águas pluviais presente apenas na área central do município, onde a disposição final se dá no Rio Jaburu Pavimentação / Pontos de Alagamento e/ou Inundações: A sede municipal encontra-se em quase sua totalidade com pavimentação asfáltica. Não há registros oficiais de pontos de alagamento/inundações

Figura 26 Figura 2527

Figura 28 Figura 29

Figura 30 Figura 31

Figura 26-31 – Bocas de lobo, pequenas galerias e condutos compõem a infraestrutura de drenagem do município de Ubajara. Fonte: Dados de vistoria NAT. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 14

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4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da expansão dos serviços de abastecimento de água no centro urbano de Ubajara, a universalização das demais atividades de saneamento básico, seja esgotamento sanitário ou manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana, permanecem em níveis incipientes.

O município de Ubajara ainda utiliza o sistema de fossa séptica como solução individual, bem como o lançamento do esgoto a céu aberto, existindo apenas uma rede coletora de baixa cobertura e total ausência de uma estação de tratamento para o esgoto coletado, sendo este disposto in natura, uma postura ambientalmente incorreta. O manejo dos resíduos também é inadequado, sem qualquer preocupação na mitigação dos impactos ambientais da prática irregular. A ausência do tratamento de esgoto e a disposição irregular dos resíduos sólidos geram passivos ambientais e sociais, notadamente, na contaminação do solo, das águas subterrâneas, comprometendo também a saúde pública através do surgimento de doenças do trato digestivo, dentre outras. O município ainda não elaborou seu Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) abrangendo os serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de manejo de resíduos sólidos, de limpeza urbana e de manejo de águas pluviais4.

Encaminhe-se o presente Relatório Técnico de Vistoria à Promotoria de Justiça da Comarca de Ubajara para os devidos fins.

5 - ANEXOS

01 – PORTAL DA TRANSPARÊNCIA – CONVÊNIOS CELEBRADOS UBAJARA/GOV. 02 – INFORMAÇÕES DO SISTEMA DE ABSTECIMENTO DE ÁGUA DA CAGECE/UBAJARA 03 – IMPRENSA LOCAL 04 – RELATÓRIO CAGECE DE QUALIDADE DA ÁGUA DISTRIBUÍDA 05 – LICENÇA AMBIENTAL DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

4 A Prefeitura Municipal de Ubajara informa que atualmente não possui dotação orçamentária para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Ambiental, apenas em janeiro/14. Núcleo de Apoio Técnico – NAT - Rua: Assunção, nº 1100, Térreo – José Bonifácio - CEP: 60.050-011 Fortaleza – CE - Fone/Fax: 3452.1516 [email protected] 15

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Fortaleza, 16 de outubro de 2013.

Rafaela Sousa Oliveira Maria Aurelice Matos Borges Técnica Ministerial Técnica Ministerial Tecnóloga em Gestão de Turismo Engª Química CRQ-X/CE nº 60.241 Núcleo de Apoio Técnico – NAT Núcleo de Apoio Técnico – NAT

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